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VIAS BILIARES EXTRA-HEPÁTICAS Conjunto de ductos que conectam o fígado ao duodeno. VB principais: o Ductos hepáticos direito e esquerdo; o Ducto hepático comum; o Ducto dolédoco. VB acessórias: o Ducto cístico (vesícula biliar). FISIOLOGIA BILE o Secreção exócrina do fígado; o Atua na digestão e absorção de gorduras; o Composta por água, ácidos biliares, bilirrubina e colesterol; o Secreção alcalina; o Produzida continuamente (600ml/dia); o Armazenada na vesícula biliar; o O fluxo depende de: secreção hepática, contração da vesícula e resistência do esfíncter de Oddi. Drenagem: Hepatócitos → canalículos biliares → pequenos ductos biliares interlobares → grandes ductos biliares coletores → ductos hepáticos direito e esquerdo → ducto hepático comum → ducto cístico → vesícula biliar → ducto colédoco → duodeno. VESÍCULA BILIAR Órgão oco, em formato de pêra, que se situa na face visceral do fígado e possui capacidade de 50ml. o Colo; o Infundíbulo (bolsa de Hartmann); o Corpo; o Fundo; o Concentração (em até 10x): transporte de NaCl para o tecido conjuntivo. Hormônios duodenais: o Secretina: Aumenta a bile hepática. o Colecistocinina: Contração da vesícula e relaxamento do esfíncter de Oddi. Ácidos biliares: Propriedade antifílica. Ácidos biliares da bile: Emulsificam os lipídios no sistema digestório e atuam na recirculação êntero- hepática. HISTOLOGIA DUCTOS HEPÁTICOS, CÍSTICO E COLÉDOCO Mucosa: o Epitélio simples colunar; o Lâmina própria delgada. Músculo liso discreto: Mais espesso próximo ao duodeno (esfíncter de Oddi). VESÍCULA BILIAR Mucosa: o Mucosa pregueada (vesícula vazia); o Epitélio simples colunar com microvilos; o Lâmina própria. Músculo liso e serosa ou adventícia. PATOLOGIAS – BENIGNAS COLELITÍASE o 95% das doenças do trato biliar; o 10-20% da população adulta; o 80% assintomática; o Dor no quadrante superior direito após refeições. Complicações: Empiema, perfuração, fístulas, colangite, colestase obstrutiva ou pancreatite. Cálculos de colesterol: - 10% de colesterol puro: o Amarelo-claros; o Radiolucentes (não aparecem em Raio-X); o Diagnóstico: Ecografia. Vias biliares Gabrieli Flesch ATM 25/2 - 90% misto (colesterol, cálcio, fosfato e bilirrubina): o Múltiplos cálculos; o Arredondados ou facetados; o Superfície dura e finamente granular. Colesterol: Componente da bile, hidrofóbico e solubilizado na bile através dos ácidos biliares (anfifílicos. Patogênese: Quando as concentrações de colesterol excedem a capacidade de solubilização, ele precipita: o Aumento da concentração de colesterol na bile (mais comum) – estrogênio, obesidade etc.; o Diminuição dos ácidos biliares – doença de Crohn e ressecção do íleo terminal. 4 condições simultâneas para formação dos cálculos: 1. Bile supersaturada (litogênica); 2. Hipomotilidade da vesícula biliar; 3. Aglomeração de cristais de colesterol; 4. Hipersecreção de muco na vesícula biliar. FR: o Doença dos “4F”: Female, fat, fertile e forties; o Contraceptivos orais; o Gestação; o Estase da vesícula (jejum prolongado, NPT); o Hiperlipidemia; o Fatores hereditários; o Doença de Crohn. Cálculos pigmentares: Patogênese: Aumento de bilirrubina na bile. FR: o Doenças hemolíticas (anemia falciforme etc.); o Infecção biliar (E.coli, Ascaris lumbricoides etc.); o Doenças gastrointestinais (doença de Crohn e ressecção ileal). Morfologia – pigmentar preto: o Bilirrubinato de cálcio; o Radiopacos – aparecem brancos no Raio-X; o Surgem em hemólise crônica, cirrose hepática e doença de Crohn. Pigmentar marrom: o Bilirrubinato de cálcio + colesterol; o Surgem em estenose das vias biliares e bile da vesícula infectada. O que pode acontecer com os cálculos: o Permanecer na vesícula, podendo provocar dano ao epitélio – colecistite; o Migrar para os ductos – coledocolitíase; o Impactar na Ampola de Vater – pancreatite; Outras complicações: Perfuração, empiema, colangite, fístulas, colestase obstrutiva, Sd. Mirizzi e neoplasias do trato biliar. COLECISTITE Inflamação da vesícula biliar – quase sempre associada com cálculos. Pode ser aguda ou crônica. Aguda: Com cálculo (90%) e sem cálculo. Clínica: o Dor em hipocôndrio direito >6h; o Febre, sudorese, náusea e vômitos; o 10% com icterícia ligeira (por edema, cálculos no colédoco adjacente ou Sd. De Mirizzi); o Sinal de Murphy positivo. Diagnóstico: Ecografia. Morfologia: o Vesícula biliar aumentada e tensa; o Coloração violácea (hemorrafia subserosa); o Presença ou ausência de cálculos macroscópicos; o Serosa com fibrina ou exsudato supurativo; o Parede espessada, edematosa e hiperêmica; o Presença de neutrófilos; o Achados de colecistite crônica concomitante (em muitos casos); o Órgão necrótico (em casos severos) – colecistite gangrenosa. Calculosa (90%): Secundária à obstrução do ducto cístico por cálculo. OBS.: Nem toda obstrução de cístico por cálculo resulta de colecistite. Acalculosa: Patogênese incerta – pode estar relacionada a jejum prolongado, inflamação sistêmica e hipoperfusão tecidual (isquemia da artéria cística). FR.: Pacientes internados graves em jejum prolongado. Enfisematosa (1%): Pode ocorrer em diabéticos e idosos. Agentes: Clostridium welchii, C. perfringes ou E. coli. Diagnóstico: Rx (gás na parede da vesícula). Síndrome de Mirizzi: Obstrução do ducto hepático comum por compressão de cálculo grande em infundíbulo (bolsa de Hartmann) ou ducto cístico – icterícia obstrutiva, rara. Colecistite crônica: Inflamação crônica da vesícula biliar – 90% dos casos associada a cálculos. OBS.: Obstrucao do fluxo da vesícula não é requisito. Clínica: Dor, náusea, vomito, intolerância a alimentos gordurosos etc. Morfologia: Alterações variáveis, podendo ser mínimas: o Fibrose da parede; o Infiltrado linfocitário; o Seios de Rokitansky-Aschoff – prolongamento do epitélio penetrando entre os feixes de fibras musculares. Complicações: o Perfurações; o Abscessos; o Fístulas – principalmente no duodeno; o Íleo biliar – obstrução do delgado por um cálculo volumoso (>2,5cm). COLEDOCOLITÍASE Cálculo no colédoco. Primária: Formação de cálculos no próprio colédoco (obstrução, estase e infecção biliar). Secundária (95%): Por cálculo da vesícula biliar. Clínica: Sintomas de colestase. Labs.: FA e Gama-GT. Diagnóstico: CPRE (exame endoscópico). Complicações: o Colangite bacteriana aguda; o Abscesso hepático piogênico; o Pancreatite aguda biliar; o “Cirrose” biliar secundária. COLANGITE AGUDA Obstrução do fluxo biliar + infecção bacteriana das vias biliares. Principal bactéria: E. Coli FR.: o Coledocolitíase (principal); o Tumores malignos; o Estreitamentos benignos (iatrogenia, pancreatite crônica e CEP); o Obstrução por corpo estranho; o Obstrução por parasitas. Clínica: o Tríade de Charcot – febre, icterícia e dor abdominal; o Colangite tóxica aguda, supurativa. o Pêntade de Reynolds – T. Charcote, hipotensão e confusão mental. Diagnóstico: Clínico + exames de imagem. Complicações: Abscesso hepático piogênico. “CIRROSE” BILIAR SECUNDÁRIA Obstrução prolongada da árvore biliar extra-hepática. Causas – adultos: o Cálculos de vesícula (mais comum); o Malignidade da árvore biliar ou da cabeça do pâncreas; o Estenoses pós-cirúrgicas. Crianças: o Atresia biliar; o Cistos do colédoco; o Fibrose cística. Patogênese: Obstrução → inflamação → fibrose → cirrose. Clínica: Sintomas de colestase. Histopatologia: Proliferação de ductos biliares. COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA Inflamação, fibrose progressiva e estenose dos ductos intra e extra-hepáticos. Etiologia: Possivelmente autoimune – associação com RCU. Clínica: Inicialmente assintomática – fadiga, prurido e icterícia.Labs.: FA, anticorpos antimúsculo liso, antinuclear (ANA), fator reumatoide e p-ANCA. Morfologia: Fibrose periductal concêntrica (“casca de cebola”), estenose, colestase e cirrose. TUMORES BENIGNOS o Adenomas; o Pólipos; o Adenomiomatose. MALIGNAS CARCINOMA DE VESÍCULA BILIAR Malignidade mais comum do trato biliar extra- hepático. Epidemiologia: Mais comum em mulheres. FR.: Colelitíase (90% - cálculos >2,5cm), vesícula em porcelana, pólipos, cistos de colédoco etc. Local: Fundo e corpo (poucos sintomas). Clínica: Inespecífica – dor, náusea e vômito. Diagnóstico: Exames de imagem – normalmente é raro no pré-operatório. Tipo histológico: Adenocarcinoma (90%). Padrão de crescimento: Infiltrativo ou exofítico. COLANGIOCARCINOMA o Raro; o Origem no ducto biliar intra e extra-hepático; o Mais comum: peri-hilar, na bifurcação do ducto hepático comum (Tu de Klats); o 80% são extra-hepáticos. Epidemiologia: Homens, 6-7ª década. FR.: CEP, cistos de colédoco, infecção por HCV e Thorotrast (contraste radiológico). Clínica: Icterícia progressiva. Diagnóstico: Exames de imagem. Microscopia: Adenocarcinoma. Diagnóstico diferencial: Adenocarcinoma metastático. ATENÇÃO: Muitas vezes o diagnóstico de Ca de vesícula sai do exame histopatológico de uma colecistectomia por outro motivo. ANOMALIAS CONGÊNITAS VESÍCULA BILIAR o Ausente; o Duplicada; o Bilobada; o Em posição anormal; o Dobra no fundo (barrete frígido); o Divertículos; o Heteritopia; o Complexo de Von Meyenburg; o Micro-vesícula; o Vesícula multisseptada. CISTOS DE COLÉDOCO Dilatação congênita da via biliar – incomum. FR.: Junção pancreatobiliar anormal. Tipos: I. Dilatação do colédoco (90%) dos casos; II. Espécie de divertículo originado do colédoco; III. Coledococele; IV. Dilatação do colédoco e da via intra-hepática; V. Dilatação intra-hepática (doença de Caroli). Clínica: Até os 10 anos de idade – massa palpável no HD, dor abdominal e icterícia. Diagnóstico: Ecografia. Complicações: Cálculo, estenose, pancreatite, cirrose biliar e colangiocarcinoma. Doença de Caroli: o Rara; o Dilatação de ductos intra-hepáticos associada à fibrose do trato portal; o Associada a colangites de repetição; o Fator de risco para colangiocarcinoma. ATRESIA BILIAR Obstrução completa ou parcial da luz da árvore biliar – causa mais comum de colestase na infância. Patogênese: Inflamação e fibrose progressiva dos ductos biliares. Etiologia: Desconhecida. Clínica: Icterícia na 2-3ª semana de vida, acolia, colúria, fígado duro e noduloso. Evolui com cirrose biliar, ascite, hipertensão portal e esplenomegalia. Diagnóstico: Clínica, labs., e imagem. Histopatologia: Proliferação de ductos biliares, colestase e fibrose. OBS.: Indicação mais frequente de transplante hepático pediátrico.
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