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Débora Pimenta - Famed XIII VIAS BILIARES COLELITÍASE = CALCULOSE BILIAR = LITÍASE BILIAR = COLECISTOLITÍASE Cálculos no interior da vesícula biliar COLECISTITE Processo inflamatório da vesícula biliar associado a colelitíase COLECISTITE AGUDA ACALCULOSA OU ALITIÁSICA Processo inflamatório sem cálculos COLECISTITE ENFISEMATOSA Infecção da vesícula biliar por agentes produtores de gás SÍNDROME DE MIRIZZI Estreitamento do ducto hepático COLANGITE Inflamação do ducto biliar comum COLANGITE ESCLEROSANTE Inflamação das vias biliares evolui para esclerose COLEDOCOLITÍASE Presença de cálculo no ducto biliar comum ANATOMIA Esfíncter de Oddi = esfíncter do ducto biliar. Ducto biliar + ducto pancreático principal = ampola hepatopancreática. A vesícula biliar é uma “bolsa” muscular distensível com formato de pêra, que está localizada na superfície ventral do fígado. Armazena e concentra a bile. A entrada dos alimentos no intestino provoca contração da vesícula biliar e relaxamento do esfíncter do ducto biliar, de forma que a bile armazenada na vesícula seja levada ao duodeno. Débora Pimenta - Famed XIII COLELITÍASE Colelitíase = calculose biliar = litíase biliar = colecistolitíase Epidemiologia: afeta mais mulheres na idade adulta, aumenta em ambos os sexos com o avançar da idade Etiologia: produção de bile supersaturada com colesterol, diminuição do teor de fosfolipídios ou ácidos biliares, estase biliar, doença hemolítica. Cálculos mais frequentes: colesterol e pigmentares. Fatores de risco: genética, multiparidade, obesidade, cirurgia bariátrica (perda de peso rápida), nutrição parenteral prolongada, distúrbios hemolíticos (anemia falciforme, esferocitose hereditária), parasitos biliares, cirrose (pigmentares), neoplasias na infância, doenças do íleo terminal (ex., Crohn). Manifestações clínicas: assintomática (diagnóstico incidental). Inflamação ou obstrução do ducto cístico ou do colédoco. A. Cólica biliar: dor constante e intensa no quadrante superior direito (QSD) ou no epigástrio, início abrupto, 30 a 90 min após as refeições, pode irradiar para o dorso. B. Náuseas e vômitos. Exame físico: pode ser normal ou com hipersensibilidade à palpação superficial e/ou profunda na região epigástrica ou no ponto cístico (QSD). Exames complementares: A. Laboratoriais: elevação leve ou transitória de bilirrubina acompanham a cólica biliar. B. Imagem: ultrassonografia abdominal e TC abdominal se necessário. Diagnóstico: Dados clínicos + exames laboratoriais + exames de imagem. Diagnóstico diferencial: doença péptica, hepatite, refluxo gastroesofágico, síndrome do intestino irritável, pancreatite. Complicações: colecistite aguda, colangite, coledocolitíase, pancreatite, íleo biliar. Tratamento: assintomático → acompanhamento clínico. Sintomático → orientação nutricional e alívio da cólica biliar. A. Dissolver cálculos: ácido ursodesoxicólico 8 a 10 mg/kg/dia VO 8/8h. Indicado par pacientes com contraindicação à cirurgia. B. Cirúrgico: colecistectomia laparoscópica ou convencional. OBS: a microlitíase biliar é a grande causa de pancreatite biliar, na qual geralmente se faz diagnóstico por colangioressonância. COLECISTITE Definição: processo inflamatório, agudo ou crônico, da vesícula biliar, que na maior parte das vezes, está relacionado com a colelitíase. Etiologia: cálculos biliares, infecção bacteriana, neoplasias, ascaridíase, estenose do ducto biliar. Fatores de risco: colelitíase, pacientes na UTI, parasitoses intestinais, politraumatizados, grandes queimados Formas clínicas: A. Colecistite aguda: dor tipo “pontada”, bem localizada no ponto cístico em decorrência da inflamação aguda da parede da vesícula. Náuseas, vômitos, febre, anorexia, icterícia, vesícula palpável. B. Colecistite crônica: torna-se sintomática no decorrer de 15-20 anos com episódio de agudização, geralmente associada a cálculos biliares, dispepsia após refeições, vesícula retraída e de paredes espessas. C. Empiema da vesícula biliar: sinais de processo inflamatório intenso, febre, anorexia, massa abdominal no hipocôndrio direito, dor menos intensa comparada ao início do quadro. Exame físico: Débora Pimenta - Famed XIII Exames complementares: A. Laboratoriais: leucocitose, aumento de AST, ALT, FA, GGT, amilase sérica discretamente aumentada. B. Imagem: no raio-x vê-se cálculos radiopacos, no US paredes espessas e presença de líquido (edema) dos tecidos vizinhos, presença de ar na parede ou na luz da vesícula (decorrente de isquemia ou gangrena), a TC é útil para detectar e dimensionar complicações (ex., abscesso). Diagnóstico diferencial: doença péptica, síndrome do intestino irritável, pancreatite, pneumonia basal, empiema pleural, pielonefrite, diverticulite, etc. Complicações: gangrena e perfuração da parede da vesícula, abscesso (sub-hepático e subfrênico), peritonite, formação de fístula (biliointestinal ou biliocutânea), empiema da vesícula, obstrução das vias biliares extra-hepáticas (Mirizzi), colangite, pancreatite, íleo paralítico biliar. Tratamento: A. Dieta zero, reposição hidroeletrolítica. B. Antibioticoterapia C. Cirurgia: colecistectomia laparoscópica precoce (< 7 dias) ou laparotômica, colecistectomia percutânea transhepática nos pacientes com risco cirúrgico proibitivo. COLECISTITE AGUDA ACALCULOSA OU ALITIÁSICA Associado a quadros graves, imunodeprimidos, pacientes na UTI, pós-operatório de cirurgia cardíaca e politraumatizados. COLECISTITE ENFISEMATOSA Mais comum em pacientes idosos, sobretudo nos pacientes com diabetes melito. Infecção por microrganismos produtores de gás, geralmente, Clostridium perfringens. COLANGITE Definição: infecção da árvore biliar causada pela obstrução dos ductos biliares, condição que favorece o crescimento de bactérias na bile, provenientes do intestino delgado, via ascendente. Emergência médica. Etiologia: A. Obstrutivas: coledocolitíase, litíase biliar intra-hepática, síndrome de Mirizzi, estenose cicatricial (pós-cirurgia), cistos na via biliar, obstrução de stent biliar, pancreatite, colangite esclerosante primária, Oddite, colangiocarcinoma, neoplasias, parasitas. B. Refluxo bacteriano do intestino delgado: fístula colecistoentérica, coledocoduodenostomia, colédoco ou hepaticojejunostomia; manipulação cirúrgica, endoscópica ou por radiologia intervencionista das vias biliares ou da papila duodenal. Fatores de risco: colelitíase e coledocolitíase, cirurgia prévia sobre as vias biliares, procedimentos diagnósticos invasivos, manipulação cirúrgica das vias biliares, uso de stents e drenos na via biliar. Manifestações clínicas: perda de apetite, queda do estado geral, febre, calafrios, icterícia, dor em hipocôndrio direito, hipotensão, confusão mental. Exames complementares: C. Laboratoriais: leucocitose, FA e GGT >1,5x, hemocultura positiva (gram-negativo e anaeróbios). D. Imagem: na US cálculos biliares e se há sinais de obstrução, colangiorressonância, ecoendoscopia alta, colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (diagnóstica e terapêutica). Diagnóstico: Diretrizes de Tóquio. Dados clínicos + exames laboratoriais + exames de imagem. Diagnóstico diferencial: colecistite aguda, abscesso hepático, hepatite aguda, pancreatite aguda, apendicite aguda, nefrolitíase, doença inflamatória pélvica com peritonite. Complicações: abscesso hepático, cirrose biliar secundária, colangite esclerosante secundária, perfuração da vesícula biliar, pileflebite, sepse. Débora Pimenta - Famed XIII Tratamento: Início imediato de antibiótico. Tratar doença subjacente para desobstruir o trato biliar. Débora Pimenta - Famed XIII SÍNDROME DE MIRIZZI Estreitamento do ducto hepático comum causado por compressão ou inflamação de cálculo impactado no infundíbulo da vesícula biliar ou ducto cístico. COLANGITE ESCLEROSANTE A primária é uma inflamação das vias biliares de causa desconhecida, não ligada a outras alterações biliares de qualquer natureza e que evolui para esclerose dos ductos comprometidos, pode estar associada à doença inflamatória intestinal.A secundária decorre de outras alterações das vias biliares (coledocolitíase, colangite bacteriana recorrente, citomegalovírus). COLEDOCOLITÍASE Definição: presença de cálculo no ducto biliar comum. Manifestações clínicas: velocidade de desenvolvimento da obstrução, extensão, grau de contaminação bacteriana da bile são fatores determinantes dos sinais e sintomas. Obstrução aguda ocasiona cólica biliar, náuseas e vômitos, pode haver icterícia, colúria e acolia fecal. Crônica pode se manifestar inicialmente apenas com prurido ou icterícia. Diagnóstico diferencial: colelitíase, neoplasia maligna das vias biliares ou do pâncreas, estenose benigna das vias biliares, colangite esclerosante primária, disfunção do esfíncter de Oddi. Exames laboratoriais: aumento da FA e GGT, bilirrubina total (direta), pode aumentar transaminases e amilase sérica quando o cálculo passar da via biliar para o duodeno. Exames de imagem: US, colangiorressonância ou ecoendoscopia, CPRE. Complicações: colangite, pancreatite aguda, abscesso hepático, cirrose biliar secundária (obstrução crônica), fístula biliar entérica. Tratamento: Débora Pimenta - Famed XIII COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA Técnica anterógrada (proximal → distal, mais fácil na videolaparoscópica). Técnica retrógrada (distal → proximal, mais fácil na cirurgia aberta). *Pinçar o fundo da vesícula e começar a dissecar pelo pedículo. Vasos mais importantes estão na parede medial, começar sempre pela lateral. 1. Paciente em posição supina, braços perpendiculares ao corpo, contração lateral. 2. Anestesia geral. 3. Incisão periumbilical, pneumoperitônio e acesso inicial. 4. Inserção de um pegador para retrair o fundo da vesícula na direção da cabeça. 5. Incisão semelhante no peritônio sobrejacente ao aspecto posterolateral do triângulo de Calot, com um cautério em forma de gancho, durante a retração supero medial do infundíbulo. 6. Dissecção de todo tecido conjuntivo remanescente do triângulo de Calot por meio de dissecção romba e cautério em forma de gancho, de acordo com a necessidade, para mobilizar totalmente o infundíbulo da vesícula biliar. 7. Dissecção e liberação do ducto cístico. 8. Dissecção e liberação da artéria cística. Débora Pimenta - Famed XIII 9. Dissecção da vesícula biliar para fora da fossa com auxílio de um cautério em forma de gancho. 10. Recuperação da vesícula através da porta umbilical ou subxifóidea, dependendo da preferência do cirurgião. Usa-se bolsa descartável para recuperação de espécimes. TRIÂNGULO DE CALOT Ducto hepático comum central, o ducto cístico lateral e a borda inferior do fígado. Sendo assim, o triângulo vai possuir três limites para a sua identificação: o limite superior é a borda inferior do fígado. O limite medial, por outro lado, é o ducto hepático comum, e o limite inferior é o ducto cístico. O triângulo de Calot é formado em seu interior pela artéria cística, que consiste em um ramo da artéria hepática direita acessória. Além do triângulo de Calot ser formado pela artéria cística, ele também vai abrigar outras estruturas, como por exemplo a artéria hepática direita aberrante (que consiste em um ramo da artéria hepática direita) e os ductos hepáticos aberrantes, também conhecidos como ductos hepáticos acessórios. Referências bibliográficas: 1. CAO, Freddy W. Distúrbios das Funções do Sistema Hepatobiliar e do Pâncreas Exócrino. In: NORRIS, Tommie L.. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. C. 38, p. 1139-1140. 2. SINDORF, Marcia Lyrio et al. Vias biliares. In: PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Clínica Médica na Prática Diária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022. p. 745-751. 3. NGUYEN, Kevin Tri & BIRKMEYER, John D.. Colecistectomia Laparoscópica. In: MINTER, Rebecca M. & DOHERTY, Gerard M.. Current: cirurgia. 1. ed. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda, 2012. p. 99-106. 4. JALEKO. Jean-François Calot e o triângulo de Calot. Disponível em: [https://blog.jaleko.com.br/jean-francois-calot-e-o-triangulo-de-calot/]. Acesso: 8 nov. 2022.
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