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As leis das nações Peter Brown 31-03

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História Medieval Oriental
A religião cristã: do império de Constantino ao de Teodósio –
migrações germânicas, eslavas e dos povos da estepe
Texto 5A: As leis das nações – Peter Brown
Texto 5B: O Cristianismo e o império – Peter Brown 
As leis das nações
• “Qualquer que seja o local onde se encontram, as leis locais nunca os poderão obrigar a esquecer as
leis do messias” – Bardaisan
• Tratado sobre o determinismo e o livre arbítrio
• O tratado tinha um nome bastante apropriado: Livro das leis das nações
• Qualquer livro sobre o papel do cristianismo na formação da Europa ocidental entre 200 e 800
deve começar por uma visão tão vasta quanto a de Bardaisan
• O que se estuda nesse livro é apenas a emergência de um cristianismo, dos muitos que se
difundiram pelo imenso arco delineado no tratado de Bardaisan
• O capítulo em si utiliza-se desse termo para caracterizar as mudanças na civilização romana, e na
civilização “bárbara” quando se dá o endurecimento das fronteiras
• O principal objetivo do livro de Peter Brown é caracterizar o cristianismo na Europa ocidental diferente
das muitas outras variantes contemporâneas.
As leis das nações
• Os governantes do mundo civilizado vigiavam com ansiedade o mundo nómada que se estendia para
o norte
• No entanto, por muito aterrorizadores que os impérios nómadas das estepes pudessem ser,
constituíam apenas um fenômeno intermitente
• Passar da condução de rebanhos espalhados por um vasto território à condução de seres
humanos, através da conquista e da invasão e sob a direção de um único chefe, era uma
experiência anormal para os nómadas e, geralmente, de curta duração
• Mesmo um poderoso senhor da guerra como Átila (434 – 453) acabava por descobrir que as
suas possibilidades de aterrorizar os habitantes das terras civilizadas estavam sujeitas a um
“corte” automático; à medida que se afastavam das estepes nativas, os nómadas passavam a
ter menos acesso aos pastos que lhes permitiam dispor desse excesso de cavalos de que a
sua superioridade militar dependia
• Por isso, as confederações nómadas dos Hunos, no século V, e dos Álvaros nos séculos VII e
VIII, tenderam a debandar ao fim de apenas algumas décadas de forte ameaça militar
• Os nómadas mantiveram-se como uma espécie de nevoeiro no horizonte oriental da
Europa; a longo prazo não trouxeram o fim do mundo, como muitos temiam, mas uma
indicação dos espaços imensos que existiam para além dele
As leis das nações
• A ideologia do mundo civilizado sugeria um abismo entre as populações do interior do império Romano 
e os Bárbaros existentes para além de suas fronteiras
• A vida destes era retratada como não tendo qualquer relação com as pessoas civilizadas, como se
fosse igual à vida dos nómadas das estepes e dos desertos. Mas essas populações não eram de
fato nómadas
• O noroeste europeu não apresentava esse forte contraste ambiental entre o deserto e os terrenos 
de cultivo que levava as populações sedentárias do Norte da África e do Médio Oriente a sentirem-
se tão diferentes dos seus vizinhos “bárbaros” 
• Pelo contrário, as paisagem romanas e não-romanas fundiam-se suavemente umas nas outras, 
formando uma única zona temperada
As leis das nações
• Segundo um médico de Constantinopla que escreveu no século V, os Alemães comiam grandes
quantidades de carne. Teriam, por isso, mais sangue nas veias e, obviamente, menos medo de perder; não
admirava, portanto, que fossem guerreiros tão admiráveis
• Quando os Visigodos da Moldávia e os habitantes da Ucrânia se viram sujeitos às incursões dos Hunos, em
374, a sua primeira reação foi pedir autorização de entrada no Império Romano
• Aquilo que tem sido grosseiramente designado por “invasão barbara” foi, de fato, uma migração
controlada de camponeses amedrontados, que apenas procuravam juntar-se a outros seus iguais que
viviam a sul da fronteira
• A conhecida história do Império Romano do ocidente foi acompanhada de uma história alternativa: a lenta
criação de um “novo” mundo bárbaro
• No século V, este novo mundo viria a dominar essas zonas fronteiriças que tinham sido concebidas, de
acordo com a ideologia romana, para marcas os limites exteriores do mundo civilizado
• Nos séculos II e III, o estacionamento de grandes exércitos romanos nas fronteiras e a fundação de
cidades por detrás deles trouxe riqueza e necessidades de alimentação e trabalho que revolucionaram
os campos da Gália, da Britânia e das províncias do Danúbio
• Para satisfazer as novas exigências foi necessário desenvolver toda uma nova sociedade “romanizada”
As leis das nações
• A unidade básica da sociedade bárbara era a família e a terra, fechadas numa fazendo individual
• No lado romano da fronteira, pelo contrário, as novas cidades concentravam um número de pessoas até
então inigualável
• A fronteira romana, definida em parte para separar o mundo romano das terras esquálidas do norte, acabou
por formar o eixo para onde os mundos romano e bárbaro convergiam involuntariamente
• Acabou por construir uma área de atração para onde tendia a vida económica e cultural das terras que
se encontravam para além da fronteira
• Esse mundo bárbaro muda lentamente devido a ação gravítica exercida pela enorme massa do Império
Romano
• Aquilo que se tem chamado de “invasões bárbaras” não foi o esmagamento das fronteiras que guardavam a
civilização romana por primitivos vindo de um outro mundo
• Pelo contrário, o que ocorreu na época foi um aumento progressivo da importância das regiões onde os
romanos e não-romanos estavam habituados a tratar-se como iguais, para formarem um terreno
intermediário de compromissos em termos culturais e sociais
• Essa evolução não se verificou, porém, sem sofrimento e derramamento de sangue
Cristianismo e Império
• No século II houve significativas transformações no cenário romano
• No mundo oriental, a dinastia sassânida (que governou a Pérsia entre 224 e 651) formou um
império poderoso. Na região do império romano, após a crise do século III (235-284), houve uma
recuperação que engendrou profundas mudanças.
• No período de crise, ocorreram falências, fragmentação política, grandes derrotas militares. Mas a ação
de Diocleciano entre 284 e 305 trouxe a superação. A sua política garantiu maior controle sobre as
regiões por causa do sistema de co-imperadores, chamado de “Tetrarquia”
• Dessa forma, o imperador e os seus agentes passaram ter as funções que, durante muito tempo, eram
delegadas às elites locais.
• Os poderes locais perderam os privilégios; apenas a corte imperial passou a ser fonte de privilégios
honoríficos, as cidades que se desenvolveram, a partir de então, foram aquelas transformadas em
centros administrativos
• O exemplo mais visível desse novo tipo de cidade foi o de Constantinopla, criada em 327, pelo
imperador Constantino.
• Tratava-se da “nova Roma” oriental. Assim, foram criadas em cada região uma metrópoles, ou
seja, uma cidade cuja função era a de centralizar a administração, levando as demais cidades a
uma condição menor.
Cristianismo e Império
• Outro indício de alterações no império romano diz respeito à função da religião
• As sociedades, mesmo aquelas que estão a passar por tensões, mantêm-se conformadas se pelo
menos um aspecto da vida social permanecer inalterado. Os habitantes do império sentiam que
poderiam manter a contemplação aos seus deuses. O conhecimento sobre o sagrado era
perpetuado por meio de ritos e gestos do passado.
• Assim, a religio – a forma mais adequada de venerar cada deus servia de suporte social e de coesão de
famílias ou mesmo de comunidades inteiras
• Nesse sistema, a religio que os deuses recebiam estava relacionada à imagem que os próprios homens
tinham de si mesmos.
• Por exemplo, os filósofos místicos buscavam os deuses mais elevados e pela ação deles almejavam
unir-se ao Uno – a fonte plena e intoxicante e ainda metafisicamente necessária a qualquer indivíduo.
No entanto, apesar de privilegiar um determinadotipo de divindade, isso não implicava na negação dos
outros deuses
Cristianismo e Império
• Em 325, em Niceia, cidade de Iznik da atual Turquia, Constantino promoveu um concílio com todos os
bispos cristãos do seu império
• A sua ação ofereceu uma situação única para a Igreja cristã, pois pode ver-se a si mesma e, pela
primeira vez, teve a elaboração de uma lei universal. A
• A escolha desse imperador pelo Deus cristão não poderia ter sido prevista em 300 do mesmo
modo que não se poderiam prever os seus êxitos como imperador
• Segundo Peter Brown, para compreender o significado da medida adotada por Constantino, torna-se
fundamental entender a situação da Igreja cristã anterior ao ano de 312. Nessa data, a Igreja cristã
não era mais uma religião nova no império
• Em 303, houve a última perseguição oficial a instituição, trata-se das leis imperiais de Diocleciano,
conhecidas pelos cristãos como “Grande Perseguição”
• As medidas foram aplicadas durante 11 anos em partes da Ásia Menor, da Síria e do Egito.
• Essa perseguição assinalou a maturidade da Igreja cristã
• Desde o seu surgimento até as perseguições do início do século IV, a própria Igreja havia passado
por modificações. Em 303, já contava com uma hierarquia bem definida, aliás, desde as
perseguições de 250 e de 257, o império havia perseguido os bispos, padres e os diáconos da
Igreja
Cristianismo e Império
• Peter Brown criticou os autores que reproduziram imagens equivocadas sobre a Igreja, que conheceu a paz
com Constantino, em 312
• Primeiramente, seria impossível determinar o número de cristãos no império
• Segundo a estimativa apresentada, representavam certa de 10% da população cuja maioria estava na
região da Síria e da Ásia Menor e nas mais importantes cidades do Mediterrâneo
• No obstante, o mito, desenvolvido posteriormente, segundo o qual os cristãos eram uma minoria
constantemente perseguida que foram levados à clandestinidade por causa da repressão, não condiz
com a realidade histórica
• Também não há qualquer base para o outro mito de que o cristianismo representasse uma religião dos
menos favorecidos
• Pesquisas recentes demonstraram a existência de uma pequena nobreza estabelecida na Ásia Menor
• Além disso, havia cidades em que os cristãos eram reconhecidos como membros de uma instituição e o
concílio de Elvira, em 300, na Andaluzia, tomou decisões sobre os seus membros que, devido às suas
funções no império, eram obrigados a participar do culto imperial e presenciar os sacrifícios feitos
• Na verdade, tais exemplos foram dados para demonstrar como, dificilmente, seja possível aceitar que
os cristãos do período de Constantino fossem completamente desprovidos de bens, de escravos e não
estivessem, de forma alguma, vinculados ao poder
• A instituição da qual faziam parte açambarcava uma variedade muito grande de tipos sociais
Cristianismo e Império
• Por essa razão, o autor propôs compreendê-la (a religião cristã) como o império em miniatura porque
os grandes e poderosos encontravam-se com os menos favorecidos como iguais. Afinal, estavam
sujeitos a uma mesma lei universal e veneravam o mesmo Deus
• Isso não quer dizer que as diferenças sociais desaparecessem, não, pelo contrário, nos momentos
de reunião, havia lugares para todos. Porém, a condição de cristãos os igualava e isso explica o
fato de que todos estavam preocupados com dois temas-chave: a salvação e o pecado
• Por não negarem os deuses pagãos, mas lhes atribuir poderes maléficos, uma das práticas comuns
entre os cristãos à época era a do exorcismo
• Tal atitude tornava visível o poder do verdadeiro Deus, pois os possuídos, quando exorcizados,
berravam os nomes dos deuses pagãos em um espetáculo que despertava a atenção de todos
• Outra forma de tornar visível o poder do verdadeiro Deus era o martírio. Afinal, no mundo romano, as
execuções eram um espetáculo público e violento
• Era a oportunidade para o cristão dar o seu testemunho de fé e, apesar das violências sofridas,
não se curvar aos deuses pagãos
• A morte para o cristão tinha um significado especial, pois representava o único triunfo desejado.
Na verdade, simbolizava a entrada na glória de Deus e, por isso, em última instância, o triunfo
sobre o pecado capaz de levar à vitória contra a morte
Cristianismo e Império
• No mundo antigo já havia indícios de uma linguagem filosófica relativa ao pecado e à conversão. Os
cristãos desenvolveram a tese segundo a qual a filosofia era a arte da transformação pessoal
• Sustentaram que a sua religião era uma filosofia dada por Deus, aberta a todos
• No sistema filosófico dessa religião o pecado era visto como um problema comum a todos. Nesse
sentido, diferenciava-se dos outros sistemas presentes no império, pois esses sustentavam o
melhoramento da pessoa de forma individual
• Como o pecado pertencia a todos, o cristianismo desenvolveu a noção de penitência, aliás, era a
própria comunidade quem decidia o tipo de penitência a ser realizada pelo pecador
• Na maior parte das regiões, a chefia da luta contra o pecado foi incumbida ao bispo, que era visto
como juiz e árbitro dos pecadores. Essa era a função do bispo que deveria ser auxiliado pelo seu
clero
• A preocupação com a salvação e a arbitragem do bispo criou uma situação nova para as religiões do
período
• Para a absolvição do pecado havia a necessidade do arrependimento, desenvolveu-se subjacente
a essa concepção a noção de caridade, ou seja, uma espécie de reparação concreta e visível
• Isso serviu com um instrumento de controle sobre a riqueza através de um novo tipo de justificação
ideológico
Cristianismo e Império
• Esse sistema de transferência de riqueza foi importante porque fez com que a Igreja, como instituição,
não precisasse da generosidade de doadores ricos
• Os cristãos, através da noção de esmola, engendraram um significado importante à doação de
recursos, como o pecado era ordinário, tal tipo de ação também deveria ser. Por essa razão, a
Igreja do final do século III era coesa e altamente solvente
• Em 251, a Igreja cristã de Roma sustentava, com base nas dádivas dos fiéis, 154 membros do
clero (dos quais 52 eram exorcistas) e cuidava de 1500 viúvas, órfãos e desamparados
• O clero constituía um corpo tão vasto, e consciente de si mesmo, quanto os conselhos
urbanos, de qualquer pequena cidade
• Foi deste ponto de vista crucial que a Igreja cristã ganhou uma proeminência
desproporcionada em relação ao número pequeno de cristãos na totalidade do Império
• A sociedade politeísta era constituída por um imenso número de pequenas células; apesar
de apoiada nos costumes ancestrais, era tão delicada e quebradiça como uma colmeia
• A Igreja cristã, pelo contrário, juntava atividades que se tinham mantido separadas no
antigo sistema de religio, criando uma constelação maciça, compacta, de compromissos

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