Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cristiene Eli Bez Batti Aguiar Glauciene Alves de Carvalho Lívia Silva Sposito Márcia Cristina Freitas Silva Cássio Emanuel Duarte de Souza Danieli Katia Damasceno e Souza Recrutamento e Seleção de Pessoal Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube R245 Recrutamento e seleção de pessoal / Cristiene Eli Bez Batti Aguiar ... [et al.]. – Uberaba : Universidade de Uberaba, 2019. 180 p. : il. Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7777-921-5 1. Recursos humanos. 2. Pessoal – Recrutamento. 3. Entrevistas (Seleção de pessoal). I. Aguiar, Cristiene Eli Bez Batti. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título. CDD 658.3 © 2019 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Coordenação de Graduação a Distância Sílvia Denise dos Santos Bisinotto Editoração e Arte Produção de Materiais Didáticos-Uniube Editoração Maria Bárbara Soares e Abrão Revisão textual Erlane Silva Nunes Diagramação Andrezza de Cássia Santos Ilustrações Depositphotos. Acervo Uniube. Getty Images. Acervo Uniube. Projeto da capa Agência Experimental Portfólio Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Cristiene Eli Bez Batti Aguiar Especialista em Gestão e Desenvolvimento de Pessoas pelo Centro Universitário do Triângulo (Unitri). Graduada em Psicologia pela Universidade de Uberaba (Uniube). Graduada em Pedagogia, com extensão em supervisão, pela Universidade de Franca (Unifran). Atua como docente na Universidade de Uberaba, no ensino presencial e a distância, como professora responsável e tutora em diversas disciplinas, contribuindo com a produção de capítulos e livros. Possui experiência profissional em Gestão de Pessoas. Glauciene Alves de Carvalho Especialista em Programas e Projetos Sociais pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM). Especialista em Administração do Sistema Único de Assistência Social pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Graduada em Serviço Social na Universidade de Uberaba (Uniube). Assistente Social com experiência na área de Gestão de Programas, Projetos Sociais e Serviço Social. Lívia Silva Sposito Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube). Especialista em Programas e Projetos Sociais pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM). Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Psicóloga com experiência na área organizacional e social. Exerce docência no Ensino Superior, atuando como professora na educação a distância com produção de material e tutoria. Sobre os autores Márcia Cristina Freitas Silva Mestre em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/ Franca). Especialista em Gestão de Projetos Sociais e na área da Violência Doméstica contra Criança e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Serviço Social pela Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS). Professora da Universidade de Uberaba (Uniube) em diversos cursos de graduação. Experiência profissional na gestão de benefícios, recrutamento e seleção, departamento pessoal e Serviço Social. Cássio Emanuel Duarte de Souza MBA em Gestão de Pessoas pela Universidade de Uberaba (Uniube). Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Universidade de Franca (Unifran). Especialista em Direito Previdenciário pela Uni-ANHANGUERA Educacional. Graduado em Direito pela Universidade de Uberaba (Uniube). Atua como docente em diversos cursos. Possui experiência profissional na área de Recursos Humanos/ administração de pessoal, em empresa de grande porte. Danieli Katia Damasceno e Souza Graduada em Secretariado Executivo Bilíngue pela Universidade do Sagrado Coração (USC), de Bauru, curso de Human Resources Management pela J. Sargeant. Reynolds Community College – Richmond, VA, USA. Atuou como professora na disciplina de Gestão de Pessoas, no Curso Técnico em Administração de Recursos Humanos, no Senac São Paulo e no curso de Técnicas de Negociação. Atua com regulamentação e administração de expatriados. Sumário Apresentação ...................................................................................... IX Capítulo 1 A gestão do capital humano .................................................1 1.1 Capital humano: elementos conceituais ..................................................................3 1.2 A importância do capital humano nas organizações ...............................................9 1.3 A gestão no capital humano ...................................................................................12 1.4 Tendências atuais do capital humano na gestão de Recursos Humanos ............16 1.5 Conclusão ..............................................................................................................19 Capítlo 2 O subsistema de provisão de pessoas ................................23 2.1 Considerações iniciais ...........................................................................................24 2.2 Mudanças e transformações .................................................................................25 2.3 Os processos ........................................................................................................29 2.4 Entendendo os processos .....................................................................................30 2.5 As novas tendências ..............................................................................................34 2.6 Conclusão ..............................................................................................................34 Capítulo 3 Planejamento de pessoas ..................................................39 3.1 Planejamento de pessoas ....................................................................................40 3.1.1 Planejamento de Recursos Humanos .........................................................43 3.1.2 A conjuntura do recrutamento ......................................................................45 3.2 Modelos de planejamento de pessoas ..................................................................47 3.3 O papel da cultura organizacional nos processos de recrutamento e seleção de pessoas .............................................................................................................48 3.4 Rotatividade de pessoal ........................................................................................50 3.5 Absenteísmo ..........................................................................................................52 3.6 Conclusão ..............................................................................................................54 Capítulo 4 Recrutamento de pessoas .................................................57 4.1 O recrutamento de pessoas ..................................................................................59 4.2 Fontes de recrutamento .........................................................................................60 4.3 O processo do recrutamento .................................................................................62 4.4 Pesquisa das necessidades do setor de RH.........................................................63 4.5 Meios de recrutamento ..........................................................................................64 4.5.1 Recrutamento interno e externo: definição, vantagens e desvantagens ....64 4.5.2Recrutamento virtual ...................................................................................69 4.6 Métricas para o recrutamento ................................................................................70 4.7 Anúncio da vaga ....................................................................................................71 4.7.1 Tipos de anúncio ..........................................................................................71 4.7.2 Dados do anúncio .......................................................................................72 4.8 Etapas do processo de recrutamento....................................................................73 4.9 Conclusão ..............................................................................................................74 Capítulo 5 Seleção de pessoas ...........................................................77 5.1 Bases para a seleção de pessoas .........................................................................81 5.1.1 Análise do cargo ...........................................................................................82 5.1.2 Aplicação da técnica dos incidentes críticos ................................................82 5.1.3 Análise da requisição do empregado ...........................................................82 5.1.4 Análise do cargo no mercado ......................................................................83 5.1.5 Hipótese de trabalho ....................................................................................83 5.1.6 Competências exigidas ................................................................................83 5.2 Seleção como um processo de comparação e decisão .......................................85 5.3 Técnicas de seleção ..............................................................................................87 5.4 O processo seletivo ...............................................................................................94 5.4.1 Seleção por competências ...........................................................................95 5.4.2 Métricas para a seleção ...............................................................................96 5.4.3 Avaliação e controle dos resultados da seleção ..........................................96 5.4.4 Avaliação dos processos de provisão de Recursos Humanos ...................97 5.5 Conclusão ..............................................................................................................98 Capítulo 6 Entrevista de seleção .......................................................101 6.1 Tipos de entrevista ...............................................................................................105 6.1.1 Entrevista totalmente padronizada ............................................................106 6.1.2 Entrevista padronizada apenas nas perguntas .........................................107 6.1.3 Entrevista diretiva .......................................................................................108 6.1.4 Entrevista não diretiva ................................................................................108 6.1.5 Entrevista comportamental ........................................................................109 6.1.6 Entrevista situacional .................................................................................110 6.1.7 Entrevista de desligamento ........................................................................ 111 6.2 Etapas da entrevista ............................................................................................112 6.3 O que perguntar ao candidato? ..........................................................................114 6.3.1 Atitudes e interesses ..................................................................................115 6.4 Comportamentos do entrevistador ......................................................................118 6.5 Conclusão ............................................................................................................119 Capítulo 7 Seleção por competências ...............................................123 7.1 O que são competências .....................................................................................124 7.2 Competência técnica e competência comportamental .......................................128 7.3 Seleção por competências ..................................................................................134 7.4 Conclusão ............................................................................................................138 UNIUBE VII Capítulo 8 Aspectos legais que envolvem a contratação de pessoas ..143 8.1 Obrigações legais ................................................................................................145 8.2 Informações cadastrais no programa e-Social ....................................................146 8.3 Documentos obrigatórios exigidos na contração de pessoas .............................148 8.3.1 Da proibição de retenção de documentos .................................................154 8.4 A contratação de estrangeiros .............................................................................155 8.5 Informações no CAGED sobre as admissões .....................................................156 8.6 Vale-transporte .....................................................................................................156 8.7 Contrato de experiência .......................................................................................157 8.8 Contratação de trabalhador menor ......................................................................157 8.9 Contratação de jovem aprendiz ...........................................................................158 8.10 Obrigatoriedade na contratação de pessoas com deficiência e reabilitadas .......159 8.10.1 Os tipos de deficiência .............................................................................160 8.11 Conclusão ..........................................................................................................167 Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo conosco! Apresentamos-lhe o livro Recrutamento e Seleção de Pessoal. Ele tem por objetivo fundamentar uma das mais importantes políticas de Recursos Humanos, e que tem, inclusive, contribuído para abrir muitas portas para todo e qualquer profissional dessa área. Neste livro, constituído de oito capítulos, você entrará em contato com um vasto conhecimento acerca do subsistema de provisão representado pela política e prática em recrutamento e seleção de pessoal. Nele, serão abordados conceitos, tipos, técnicas, modelos, características, importância e outros diversos assuntos, relacionados à área, que interferem nesse subsistema, bem como aspectos relacionados à utilização de técnicas a fim de ampliar a visão do aluno em busca de uma atuação estratégica nas organizações. No primeiro capítulo, intitulado “A gestão do capital humano”, são abordados aspectos importantes que envolvem o tema, bem como sua relação com algumas dimensões consideradas fundamentais para que haja uma compreensão sistêmica acerca do capital humano e de todas as circunstâncias que o envolvem. Outro aspecto também tratado no capítulo é o papel das organizações e, consequentemente, da atuação do RH no investimento e desenvolvimento das pessoas atuantes, nas mesmas, buscando ferramentas adequadas em prol da valorização do capital humano e a busca pela educação corporativa como proposta para os enfrentamentos dos novos desafios a que a área vem sendo apresentada. Apresentação X UNIUBE No segundo capítulo, “O subsistema de provisão de pessoas”, destacamos a influência das mudanças e transformações ocorridas no cenário mundial e que interferem, diretamente, na forma como as organizações se comportam na busca por profissionais que atendam às demandas estratégicas e que agreguem valor através de sua atuação.Já no terceiro capítulo, “Planejamento de pessoas”, tratamos o planejamento como um dos pilares para o recrutamento e seleção de pessoas, já que, a partir do momento que se planeja uma ação, ela, certamente, terá maiores chances de ser executada com sucesso. Abordamos, também, a importância do planejamento estratégico, deixando clara a vantagem da utilização da ferramenta adequada, buscando alinhar as necessidades organizacionais às dos colaboradores em busca de alto desempenho e o consequente sucesso organizacional. Fazer uma gestão pautada no planejamento e nas pessoas é, sem dúvida, o diferencial de qualquer organização da atualidade. No quarto capítulo, “Recrutamento de pessoas”, veremos sobre o conceito de recrutamento, tipos e como interfere na seleção de pessoas. Visto como o processo que alimenta a seleção, o recrutamento é o momento em que se busca os profissionais no mercado a fim de provisionar a seleção de candidatos potencialmente qualificados a ocuparem a vaga em aberto. Recrutar é, sem dúvida, um movimento fundamental na busca de talentos. No quinto capítulo “Seleção de pessoas”, destaca-se a visão da seleção como um processo de decisão e escolha do melhor candidato para ocupar a vaga e proporcionar à organização um talento que faça um diferencial diante do mercado. Outro ponto bastante tratado no capítulo é acerca das diversas técnicas que podem ser utilizadas durante a seleção, as quais, cada uma com seu objetivo e importância, devem ser trazidas de acordo com a vaga a ser preenchida, buscando atingir um objetivo específico. UNIUBE XI O sexto capítulo trata da “Entrevista de seleção” e traz importantes informações acerca dessa ferramenta tão amplamente utilizada por todos os profissionais da área em busca de contratações mais assertivas. A entrevista é tratada no capítulo como uma das etapas mais importantes do processo de seleção, pois fornece informações acerca do perfil do candidato e de suas vivências de maneira bastante abrangente e válida. Outro ponto enfatizado é a importância do entrevistador para o sucesso da entrevista, o qual deve basicamente ter clareza do que está procurando, ou seja, conhecer o cargo a ser preenchido, a empresa, o currículo do candidato, ou seja, o perfil esperado do candidato. Já no sétimo capítulo, “Seleção por competências”, tratamos do conceito de competências técnicas e competências comportamentais, os tipos de competências, buscando embasar o método de seleção por competências. Esse método é amplamente utilizado nas organizações da atualidade e irá lhe auxiliar na aquisição de uma visão sistêmica acerca dessa nova ferramenta de seleção, bem como de sua aplicação. No oitavo capítulo, encerramos o livro com os aspectos legais que envolvem a contratação de pessoas. Nele, fornecemos inúmeras informações acerca das obrigações que as empresas devem respeitar em um processo de seleção, com o intuito de evitar processos trabalhistas, fiscalizações do Ministério do Trabalho, multas administrativas e judiciais que, por sua vez, podem ter reflexos negativos significativos na administração de qualquer organização. Esperamos que este livro venha ao encontro de suas expectativas e que possa contribuir para seu crescimento profissional e pessoal. Bons estudos! Márcia Cristina Freitas Silva Glauciene Alves de Carvalho Introdução A gestão do capital humanoCapítulo 1 A intensificação dos processos da globalização, por meio da concorrência acirrada, tem ampliado as exigências para as empresas se manterem no mercado mundial, requerendo, entre outros, resultados de êxito. Neste sentido, as organizações devem investir no capital humano uma vez que a sua prosperidade depende do conhecimento e das habilidades de seus trabalhadores. Assim, o assunto proposto para os estudos, neste capítulo, é a gestão do capital humano, visto que, essa gestão, quando bem realizada, pode agregar valor à empresa, ao implantar melhorias nos processos existentes, inovando ao reconhecer a importância das pessoas para os resultados empresariais. Para a compreensão do tema capital humano, vamos apresentar, brevemente, alguns importantes estudiosos que iniciaram as teorias sobre esse assunto, dentre eles: Adam Smith, Charles Davenant, Alfred Marshall e Karl Marx, entretanto, é válido lembrar que existem outros pensadores respeitáveis que contribuíram para a formação de conhecimento a respeito do capital humano. O capital humano, inserido nas relações de trabalho, implica uma nova abordagem para a gestão de Recursos Humanos, trazendo novos desafios aos gestores e, também, a necessidade de investir 2 UNIUBE Após estudar este capítulo, você estará apto(a) a: • associar os aspectos conceituais do capital humano no âmbito empresarial e na sociedade contemporânea; • analisar, de forma crítica, o papel do gestor com enfoque no capital humano e a sua contribuição para a economia brasileira; • identificar as tendências do capital humano e seus desafios na inovação da gestão contemporânea. na educação do colaborador para a construção de competências inovadoras, capazes de promover bons resultados, para as empresas, no mercado globalizado. Com a finalidade de contribuir para ampliação dos seus conhecimentos acerca das transformações do mundo do trabalho, no contexto dos Recursos Humanos, convidamos você à leitura, deste capítulo. Durante seus estudos, você irá perceber as contribuições do capital humano para o mercado, a economia, o lucro, a produtividade e o desenvolvimento econômico. 1.1 Capital humano: elementos conceituais 1.2 A importância do capital humano nas organizações 1.3 A gestão no capital humano 1.4 Tendências atuais do capital humano na gestão de Recursos Humanos 1.5 Conclusão Objetivos Esquema UNIUBE 3 Capital humano: elementos conceituais1.1 Iniciaremos nossas discussões com a apresentação do conceito de capital humano. Isso se faz necessário ao considerar que é comum, ao escutar o termo capital, relacionar suas representações com o dinheiro, no formato de moeda ou cédula de um país. Entretanto, o capital humano tem uma conotação mais ampla que ultrapassa a esfera mercantil e se associa aos valores atribuídos aos colaboradores da empresa. Nesse sentido, o conceito de capital humano se refere ao: [...] valor econômico do conhecimento, das habilidades e das capacidades da empresa. Embora o valor desses ativos possa não aparecer diretamente no balanço patrimonial de uma empresa, seu impacto no desempenho dela é enorme. O capital humano é intangível (não quantificável), e as empresas não podem gerenciá-lo da mesma maneira que gerenciam cargos, produtos e tecnologias. (BOHLANDER; SNELL, 2009, p. 73). O capital humano é considerado como ativo, isso significa que as pessoas que trabalham, nestes espaços, compõem o patrimônio que é “[...] o conjunto de bens e direitos da organização, possuindo valores econômicos e podendo ser convertido em dinheiro (proporcionando ganho para a empresa).” (SÓ CONTABILIDADE, 2018, p. 1). Esse capital é constituído pelos colaboradores da empresa que adicionam valor aos bens, produtos ou serviços prestados, ao colocarem em prática seus conhecimentos. Esses requisitos são necessários para o desenvolvimento de ações que acrescentem qualidade, inovação e o diferencial para a empresa se manter competitiva no mercado. 4 UNIUBE Veja, a seguir, a Figura 1 que apresenta os componentes do capital humano: Vemos, assim, que a seleção de talentos humanos pode contribuir para o capital humano de uma determinada organização. Além disso, o capital humano pode ser edificado pelos investimentos na qualificação dos colaboradores com o propósito de formar os ativos intangíveis, ou seja, que não são concretos, mas resultam no desenvolvimento da organização, no que diz respeito à projeção do crescimento econômico. Portanto, o capital humano não retrata só as pessoas dotadas de conhecimentos, capacidades, habilidades,atitudes, vivências, posturas, valores e comportamentos – inclui aqueles que ainda poderão ser desenvolvidos – necessários para produzir e reproduzir os bens, produtos e/ou serviços que contribuem para o seu desenvolvimento econômico e financeiro. Cultura organizacional Modo de pensar, sentir, agir, éticas, valores, confiança, espírito de equipe, adaptação, inovação e satisfação. Talentos Personalidades, inteligência, atitudes, habilidades, criatividade, inovação e responsabilidade. Estilo de gestão Tipos de liderança, exercício de poder, delegação, processos decisórios, confiança nas pessoas, entre outros. Arquitetura organizacional Divisão do trabalho, organização, política, práticas administrativas, processos e fluxo de trabalho e inovação tecnológica. Figura 1: Componentes do capital humano. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2006). UNIUBE 5 É importante analisar, brevemente, alguns aspectos históricos que teoricamente aproximaram, de maneira implícita, a ideia de capital humano, no mundo do trabalho, como se reconhece na atualidade. IMPORTANTE! De acordo com alguns teóricos, há muito tempo, ainda que indiretamente, já se tratava do chamado capital humano. Destaca-se que as primeiras análises acerca deste tema ocorreram por meio do economista e mercantilista Charles Davenant (1656-1714) que percebeu a importância da força de trabalho para a economia. Nesta linha há, também, o filósofo e economista Adam Smith (1723-1790): O esforço natural de cada indivíduo no sentido de melhorar sua própria condição, quando sofrido para exercer-se com liberdade e segurança, é um princípio tão poderoso, que ele é capaz, sozinho e sem qualquer ajuda, não somente de levar a sociedade à riqueza e à prosperidade, mas de superar centenas de obstáculos impertinentes com os quais a insensatez das leis humanas muitas vezes obstaculiza seus atos. (SMITH, 1996, p. 49). Smith (1973) esclarece que o indivíduo é responsável pelo seu crescimento – isso ocorre naturalmente – seja no espaço da vida privada, ou profissional, e que este é capaz de produzir a riqueza da sociedade, ou seja, atribuindo o progresso ao âmbito individual. Ainda que indiretamente, nota-se, nessas ideias, um olhar voltado para o capital humano. Figura 2: Adam Smith. Fonte: Adam Smith The Muir portrait. jpg (18??). 6 UNIUBE Historicamente, a política econômica que predominava neste período era o liberalismo, que teve como finalidade central prosperar economicamente por meio da defesa da propriedade privada, do individualismo, na redução do papel do Estado – chamado Estado Mínimo – e, segundo, Adam Smith (1973) da condução da sociedade por uma mão invisível. Neste caso, a administração era realizada com base na lei do mercado que favorecia a classe hegemônica da época. Na política econômica liberal, prevalecia o individualismo, uma vez que o sujeito tinha uma condição herdada pela natureza para a manutenção da sua própria subsistência, sendo o próprio responsável pela sua ascensão. Neste aspecto, Smith (1973) acreditava que, para manter o equilíbrio natural da sociedade, era muito importante que a força de trabalho, o capital e o emprego estivessem na mesma proporção para não prejudicar o crescimento do processo econômico. O mercado era direcionado pela livre concorrência sem a interferência do Estado para regular seu desenvolvimento, por isso a afirmativa de que essa política econômica tinha como marca o individual no lugar do coletivo. Outro importante economista que se destacou quanto ao capital humano, de forma implícita, foi Alfred Marshall (1842-1924). Marshall indicou que as riquezas deveriam ser divididas em bens materiais e imateriais. Figura 3: Alfred Marshall. Fonte: Marshall.gif (1921). UNIUBE 7 Bens imateriais Bens materiais Tratavam-se das habilidades e qualidades que perpassavam pelo capital humano, era algo que não poderia ser mensurado, pois se referia ao conhecimento. Assim, a educação era um aspecto importante para o aperfeiçoamento do colaborador e, principalmente, para o contexto econômico, porque ao adquirir novos conhecimentos o sujeito desenvolveria seu trabalho com maior segurança e confiança. Aqueles reconhecidos por seu valor material atribuído por uma determinada cultura, economia, trabalho, dentre outros. Neste contexto, outro autor que apresentou uma versão para o capital humano foi Karl Marx (1818-1883), ainda que sua visão acerca do tema se diferencie dos autores aqui já citados, como a de Adam Smith, por exemplo. Segundo Marx (1996), no decorrer do processo de produção, tem-se a relação da forma de produzir e de se reproduzir condições materiais para a existência humana e, também, reproduzem-se as ideias e representações que se expressam na sociedade. Figura 4: Karl Marx. Fonte: Karl Marx 001.jpg (1875). 8 UNIUBE Vemos, assim, que para a transformação de uma determinada realidade e alcance de habilidades, pressupõe-se o investimento na educação assinalando, de forma implícita, o capital humano. Segundo esse autor, [...] para modificar a natureza humana geral de tal modo que ela alcance habilidade e destreza em determinado ramo de trabalho, tornando-se força de trabalho desenvolvida e específica, é preciso determinada formação ou educação, que, por sua vez, custa uma soma maior de equivalentes mercantis. (MARX, 1996, p. 289). A citação anterior nos convida à necessária reflexão que, de acordo com Marx, terá a educação como norteadora do trabalhador, ao se perceber a dinâmica das relações sociais de um determinado contexto, para transformar a realidade da exploração da classe trabalhadora que se perpetrou com o sistema capitalista. Ao longo do tempo, devido às transformações sociais, econômicas e políticas, retomou-se o tema capital humano e suas particularidades, discutindo-se esse termo com embasamento científico. O professor de Economia da Educação, Theodore Schultz, apresenta o conceito de capital humano com clareza e objetividade. Ele considera que o investimento na educação do colaborador proporciona o desenvolvimento de novas habilidades e competências que gera confiança no ambiente de trabalho e oportuniza a expansão da empresa, porém “[...] para que a educação resulte em crescimento econômico”, Schultz expressa que “os investimentos devem ser de boa qualidade e corretos.” (SCHULTZ, 1973, p. 43). Capital humano, nesse contexto histórico, refere-se ao investimento na educação das pessoas com o objetivo de favorecer a produção econômica, ou seja, o lucro e o reconhecimento no mercado competitivo. EXPLICANDO MELHOR UNIUBE 9 Para Schultz (1973), o principal fator é o investimento na educação porque o conhecimento é sinônimo de ascensão social e, quanto maior esse conhecimento, maior será a produtividade do trabalhador. O que nos faz pensar que essa qualificação tem um propósito que aparentemente se trata de adquirir conhecimento para obter melhores cargos e salários, ou seja, promoção, ascensão profissional, financeira e social, porém, com o objetivo de melhorar a produtividade da empresa para se destacar, com excelência, no mercado econômico atual. A ideia de Schultz (1973) sobre o capital humano sugere que se os nossos representantes governamentais investissem em educação de qualidade, de forma equitativa, essa poderia ser uma alternativa a ser privilegiada para dirimir as desigualdades sociais. Além disso, considera que o conhecimento permite a formação de novas habilidades e competências, possibilitando a construção de um perfil empreendedor que permite interpretar a lógica do mercado e seus desafios e compreender o mundo globalizado, principalmente quando esse colaborador é o gestor. É válido lembrar que esse gestor deve desenvolver uma liderança consolidada com o capital humano, pois a sua gestão irá influenciar, diretamente, seus liderados. Assim, vemos que, ao se tratar do capital humano, não se podedesconsiderar outro elemento relevante que é a gestão, sendo necessário compreender seu conceito e finalidade e de que forma se desenvolve nas empresas, além da importância de se articular com o capital humano, nos Recursos Humanos. A importância do capital humano nas organizações1.2 Agora que você já compreendeu o que é capital humano, como se constituiu no processo histórico e se apresenta na atualidade, vamos abordar sua importância para as empresas se manterem no mercado. 10 UNIUBE Neste sentido, as empresas devem reconhecer um dos seus maiores bens, as pessoas que dedicam seus conhecimentos através do trabalho na produção de bens e serviços de qualidade, com valor diferencial. Tais mudanças no mundo empresarial, em relação à centralidade de seus investimentos nos colaboradores, expressam profundas transformações no mundo corporativo, que precisa adequar seus processos de trabalho para enfrentar as mudanças tanto no aspecto interno como no externo. As empresas que desenvolvem a gestão do capital humano aditam um diferencial estratégico para se destacar no mercado altamente competitivo. A relevância que as pessoas representam para as empresas expõe a importância atribuída ao capital humano, que promove aquelas organizações que se modificam para acompanhar as mudanças exigidas nos processos globalizados. Ao considerar que existe uma separação entre os bens tangíveis e intangíveis nas organizações, o capital humano é um bem intangível (abstrato, que não pode ser tocado), porém adiciona muito para empresa e, para mensurá-lo, é necessário planejamento, desenvolvimento, acompanhamento e avaliação, por parte da gestão, na busca por melhores resultados mediante os investimentos da empresa. Vemos, portanto, que a gestão de Recursos Humanos passou a ser um setor estratégico da empresa ao atrair, manter, desenvolver e reter colaboradores e, para isso, requer profissional capacitado para identificar essas pessoas essenciais para a elevação de sua performance nos negócios. O gestor, em seu papel, deve promover oportunidades de aprendizagens que possibilitem o desenvolvimento contínuo das competências do trabalhador. Toda essa valiosa estrutura profissional deve ser mensurada e capitalizada, o que pode ser desenvolvido pelas lideranças em consonância com os Recursos Humanos. UNIUBE 11 A gestão do capital humano tem início na identificação das necessidades da empresa e dos profissionais. No entanto, as corporações procuram muito mais do que um profissional eficiente, acreditam que ele deve, pelas suas capacidades, criar algo novo para contribuir com os negócios e, consequentemente, com seu crescimento positivo. Em continuidade, a gestão do capital humano pode ser desenvolvida a partir de quatro ações sistematizadas, conforme Figura 5, a seguir: 1 Conhecer as competências exigidas e o perfil dos colaboradores. • Aprimorar os processos de recrutamento e seleção. • Conhecer os colaboradores. • Desenvolver competências. • Alinhar metas e objetivos. • Contratar e reter talentos. • Promover a ampliação dos conhecimentos. 2 Apostar nos meios digitais, colaborativos e inovadores para capacitar. • Desenvolver a cultura da aprendizagem e da colaboração. • Valorizar as iniciativas de gestão do conhecimento. • Investir em meios práticos que facilitem a construção do conhecimento. • Adotar novas estratégias para otimizar os processos da gestão de informação. 3 Desenvolver, com competência, a gestão de desempenho. • Explorar o uso de sistemas de acompanhamento de desempenho. • Implementar os registros de acompanhamento do desempenho. • Transformar os resultados das avaliações de desempenho em métricas que contribuam para as decisões. • Adequar as ações ao contexto e às necessidades, agregando valores à empresa. 4 Contar com especialista na gestão. • Contar com apoio especializado no desafio da mudança para implantação da gestão do capital humano, ampliando as possibilidades de êxito nos resultados. • Utilizar do uso das tecnologias para engajar os talentos humanos às organizações, além de manter o controle e o resultado das ações. • Atualizar o uso das ferramentas de gestão. Figura 5: Gestão do capital humano em 4 passos. Fonte: Adaptado de Batalha (2016). 12 UNIUBE Percebemos, assim, que a gestão do capital humano passou a desenvolver outras ações além daquelas já desenvolvidas, ocupando um lugar estratégico nessa gestão da empresa. O que inclui, também, mecanismos capazes de extrair a maior qualidade desses conhecimentos, habilidades e atitudes ao buscar expandir o potencial desses ativos para, cada vez mais, contribuírem para o crescimento das pessoas e das organizações. A gestão no capital humano1.3 O capital humano está ligado ao investimento na formação, na qualificação, ou seja, na educação com a perspectiva de gerar resultados no crescimento da empresa investidora. Esse aprimoramento intelectual só será sentido se houver o crescimento da empresa por meio das habilidades e competências desenvolvidas pelos colaboradores mediante a busca por inovações e criatividade nas organizações, no sentido de atingir as metas estabelecidas. Os esforços empreendidos na educação são primordiais para potencializar o desenvolvimento e a economia da corporação. Assim, [...] a educação é um fator primordial e crucial para o crescimento econômico de longo prazo entre as regras e estados, um aumento médio nos anos de escolaridade e nas desigualdades educacionais tende a reduzir o diferencial na distribuição de renda entre os habitantes e regiões, além de servir como fator de crescimento econômico da nação como um todo. (PEREIRA, 2008, p. 52). Essa é a realidade atual que acompanha as transformações no mundo do trabalho, considerando que o capitalismo segue o direcionamento da política neoliberal, por meio da gestão, que tem como objetivo compreender aquele profissional/colaborador que, na inquietude da sua profissão, percebe que sua capacitação poderá contribuir para a promoção no e do ambiente de trabalho e, para além do crescimento profissional, determinará, também, as mudanças no âmbito particular de sua vida. UNIUBE 13 [...] a disseminação de novas ideias e tecnologias é o impulso para o crescimento econômico e, para que haja qualidade, é necessário investimento em educação, para que juntamente com o desenvolvimento tecnológico e a acumulação de capital ocorra o melhor aproveitamento do capital humano e também a melhoria do nível de vida das pessoas. (KELNIAR; LOPES; PONTILI, 2013). As ideias inovadoras criativas, o alto investimento na educação e na tecnologia para acumulação do capital dependem de uma gestão que consiga ter uma visão ampla do associado e/ou colaborador, como parte do sucesso da empresa e empreendedor dessa realidade. O estudo que envolve a gestão e sua relação com o capital humano, a partir desse ponto, passa a exigir a compreensão de seu conceito. Nesse sentido, consultamos o significado da palavra gestão que tem origem do latim gestione que, segundo o dicionário Aurélio, remete ao sentido de administrar, ao gerir, que consiste em realizar ações que conduzem à realização de um negócio ou de um objetivo, gerência e decisão (AURELIO, 1999 apud SERRA, 2005). Pode-se afirmar que um dos principais objetivos da gestão/administração é de gerenciar os serviços e pessoas para a efetivação do crescimento e manutenção da empresa no mercado. Com isso, esse desenvolvimento deverá ocorrer de forma organizada entre as pessoas e os propósitos, considerando a cultura da empresa em questão. Tal realidade faz com que a gestão seja direcionada com competência, ética e planejamento. De acordo com Ferreira (2010, p. 590), a gestão se refere ao “[...] trabalho de preparação para a tomada de decisão, seguindo roteiros e métodos determinados.” A gestão é instrumento de atuação dos profissionais que procuramdesenvolver ações de maneira eficaz, eficiente e efetiva. Chiavenato discute isso com propriedade: “[...] as práticas gerenciais estão mudando, 14 UNIUBE pois as empresas estão investindo mais em pessoas, preparando-as para poder prestar um serviço de melhor qualidade e, como consequências, a satisfação do cliente e a diferença no mercado concorrente.” (CHIAVENATO, 2006, p. 5). Vemos, portanto, que a valorização das pessoas é de fundamental importância para a gestão que deve viabilizar a parceria entre gestor, colaborador e cliente, resultando num diferencial inovador e criativo no mercado e no crescimento econômico da empresa. Por outro lado, sabe-se que, na atualidade, a concorrência força gestores e colaboradores a empenharem-se pela criatividade e por estratégias de sobrevivência, principalmente nesse momento de crises econômicas, que têm deixado a situação incerta inclusive para empresas renomadas que tiveram que fechar as portas, diminuir o número de contratados, dentre outros ajustes. E, ainda, quanto ao conceito de gestão, em particular, associado à competência, tem-se a compreensão: [...] não apenas como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para exercer determinada atividade, mas também como desempenho expresso pela pessoa em determinado contexto, em termos de comportamentos e realizações decorrentes da mobilização e aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho. (CARBONE; BRANDÃO; MOREIRA; LEITE; VILHENA; VERGARA, 2006, p. 37). É importante destacar que este tipo de gestão tem a finalidade de desenvolver novas competências para o crescimento da empresa com foco nos negócios, permitindo reconhecer as habilidades dos profissionais e da empresa. Para tanto, [...] é desenvolvido o sistema de mensuração com o objetivo de conhecer o que o funcionário possui em relação a conhecimentos, habilidades e atitudes que possam ser correlacionados ao plano estratégico UNIUBE 15 definido pela organização. Com os resultados desta mensuração, são oferecidos incentivos educacionais para o desenvolvimento do conhecimento e aptidões de seus funcionários visando atender plenamente aos objetivos e missão da organização [...]. (SILVA, 2010, p.188). A gestão de competência é específica quando se trata de reconhecer, no colaborador, o que ele tem de melhor a oferecer no ambiente do trabalho. Desta forma, cabe ao gestor aproveitar esses conhecimentos e aprimorá- los. Conforme já citado, anteriormente, o planejamento torna-se essencial e seu uso estratégico se faz necessário, o que torna oportuna, neste momento, a inserção da gestão do capital humano ao fornecer subsídios para incentivar o profissional a munir a empresa com o melhor de si. Para conhecer mais sobre planejamento estratégico, visite o site do SEBRAE: http://www.sebrae.com.br. PESQUISANDO NA WEB O contexto que abrange o capital humano também se associa ao termo capital intelectual que tem o mesmo significado de capital humano, sendo, este último, constituído por ideias materializadas por meio da pesquisa como, por exemplo: • a produção de um novo produto que exige criatividade; • a pesquisa e esforço da força de trabalho (habilidade). Aspectos estes que não são materiais ou, até a efetivação do produto, não são tangíveis. Nesse sentido, apresentamos um conceito para o capital intelectual: [...] corresponde ao conjunto de conhecimentos e informações encontrados nas organizações, que agrega valor ao produto e/ou serviço, mediante a aplicação da inteligência e não do capital financeiro ao negócio, o que proporciona vantagem competitiva. (SILVA, 2010, p.190). 16 UNIUBE Portanto, trata-se de um investimento, em longo prazo e, a partir do momento que exige o conhecimento, as habilidades desse capital intelectual se tornam cada vez mais aperfeiçoadas. O que fomenta esse trabalho é a busca incessante pelo novo, a melhoria do desempenho profissional se tornando uma ferramenta fundamental para a organização que se apropria dessa inteligência não mensurável para concorrer no mercado e obter o lucro desejado. 1.4 Tendências atuais do capital humano na gestão de Recursos Humanos Os Recursos Humanos sugiram no século XIX, momento em que se exigiu a organização das questões burocráticas ligadas aos trabalhadores como: pagamentos, registros de comparecimento ou não no trabalho, entre outros. E o perfil dos gestores, nesse período, era bem diferente: aparentavam frieza no ambiente de trabalho, o chefe exercia sua rotina de forma distante do trabalhador. No entanto, foi em 1945, muito tempo depois, que se deu início a alguns estudos tratando a liderança de forma diferente do que de costume. Por volta da década de 1950, aproximadamente, houve mudanças consideráveis como, por exemplo, a nomenclatura gerente de pessoal passou a ser utilizada como gerente de Recursos Humanos e, em 1960, inseriram uma função nova – o gerente de relações industriais – com o objetivo de desarticular os assuntos que fossem pertinentes à área administrativa, da responsável pela parte, até então, de pessoas. Tal mudança de postura deveu-se à percepção de que [...] os patrimônios de conhecimento são a nova riqueza das organizações. Esta parte invisível do balanço patrimonial consiste [...] na competência dos funcionários, na estrutura interna e na estrutura externa. (SVEIBY, 1998, p. 11). UNIUBE 17 Em relação ao significado do conhecimento, [...] é uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos trabalhadores. Nas organizações, ele costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais. (DAVENPORT; PRUSAK, 2003, p. 6). Nesse contexto, foi notória a relevância atribuída ao departamento de Recursos Humanos, o que permitiu um olhar para o trabalhador de forma humanizada e não mecanizada, conforme os primeiros registros do seu surgimento e, ainda que distante, percebe-se que a questão humana, no ambiente de trabalho, ocorreu num processo lento de acompanhamento das transformações sociais, políticas e culturais, da sociedade, que requisitaram cada vez mais, das organizações, condições para se destacarem no mercado competitivo. Amplie seus conhecimentos com uma visita a qualquer das empresas de seu município e observe na prática como se desenvolve a visão do capital humano. Quando este conceito foi inserido na empresa visitada? E quais os motivos para essa inserção do capital humano no mundo empresarial? PARADA OBRIGATÓRIA Após essa visita, você irá perceber que esse foi e ainda é, em alguns casos, um processo de adaptação que as organizações enfrentam e, em cada momento ou período, apresenta-se de forma diferente, o que requer análise, estudo e avaliação para que ela consiga se manter mediante tantas exigências do mercado. Contudo, a tendência atual de inserção do capital humano/capital intelectual, na gestão de Recursos Humanos das empresas, pode apresentar inúmeras vantagens. 18 UNIUBE E quais seriam essas vantagens? Melhora o custo e a qualidade dos produtos e dos serviços existentes; reforça e amplia as atuais competências da entidade pela administração do seu ativo intelectual; melhora e acelera a disseminação do conhecimento por toda a entidade; aplica novos conhecimentos para melhorar os comportamentos internos e estimula a inovação mais rápida e ainda mais lucrativa de novos produtos. (SILVA, 2010, p.192). Na gestão do capital humano, uma das ações que pode ser adotada é o registro de todos os atributos profissionais, as experiências (positivas ou negativas), as soluções adotadas em situações de conflito, decisão e participação. As experiências assim registradas pela gestão desse capital humano podem ser aproveitadaspara se otimizar: • o trabalho; • o tempo; • as ações de interação das equipes; • a alocação de pessoas certas para os lugares certos; • a busca na resolução para conflitos recorrentes. Essas informações, quando alimentadas, acompanhadas e analisadas, no banco de dados, podem contribuir, significativamente, para ampliar e maximizar as capacidades mais valorizadas, de forma estratégica, para a empresa. Percebe-se, então, que atualmente há inúmeras possibilidades de inovação com a gestão do capital humano, que tem frequentado muito as discussões teóricas. No entanto, ainda se nota que a implementação dessas ações requer maior adesão em sua aplicação prática e superação da insegurança que se apresenta como desafio a ser vencido. A insegurança se dá em função de: UNIUBE 19 • definições equivocadas do capital humano; • dúvidas, por parte dos gestores, quanto às novas técnicas; • necessidade de aplicação de altos investimentos na modernização dos processos de gestão. É válido lembrar que, para todos esses fatores, deve-se levar em conta a realidade de cada empresa com sua dinâmica, objetivos e missão próprias que as diferencia. Conclusão1.5 Acompanhar a lógica do mercado muitas vezes exige muitos recursos como investimento para a realização da capacitação desses talentos humanos, possíveis dispêndios com deslocamento de equipes para treinamentos, entre outros. O processo de investimento na educação formativa de qualidade, pode-se afirmar, traduz-se no esforço de empreendedores que vivenciaram várias transformações no mundo do trabalho, enfrentando os desafios e as inúmeras mudanças originadas no mercado. A partir de suas experiências, esses sujeitos deixaram um pouco de suas histórias para contribuir, ainda que de forma indireta, neste processo cotidiano, o que inclui os estudos e pesquisas de especialistas na análise e avaliação das teorias tecidas, nessa área, e sua relevância. Desta forma, esperamos que essa leitura tenha despertado, em você, a curiosidade em aprofundar os conhecimentos sobre a temática discutida acerca da gestão do capital humano. Agora, cabe a você buscar ampliar seu entendimento dos processos de mudanças na sociedade no mundo do trabalho corporativo e, com isso, firmar o compromisso com a sua formação profissional. 20 UNIUBE E para reunir e fixar o que viu neste capítulo, construa a reflexão sugerida: Imagine que você é responsável pela gestão de uma empresa renomada de sua cidade. De que maneira aconteceria a gestão do capital humano na área dos Recursos Humanos? PARADA PARA REFLEXÃO Resumo O capital humano foi sendo construído ao longo da história do desenvolvimento econômico e social, nos vários modos de produção em que se inscreve o capitalismo. Vários estudiosos contribuíram para o desenvolvimento do conceito do capital humano. Aqui foi eleito o concebido por Schultz (1973), de que o investimento na qualificação e educação do colaborador, por parte das organizações, contribui para a formação de habilidades, conhecimentos e competências que resultam na inovação e promoção do desenvolvimento econômico necessário para se manter na concorrência atual dos mercados globalizados. O investimento nos colaboradores agrega, a esses sujeitos, por parte da empresa, a sua valorização, pois passam a representar o capital que constitui os bens ativos intangíveis da organização investidora. Tais considerações expressam o valor agregado às pessoas no meio corporativo ao ser reconhecida sua importância para o desenvolvimento econômico dessa organização e do local em que se inserem. Os Recursos Humanos, ao implantarem a gestão do capital humano, irão adicionar o diferencial inovador nessa construção a partir da implementação da política organizacional de capitais imateriais e materiais, do seu quadro de colaboradores, com ênfase no aspecto humano e intelectual que compõem a riqueza no mundo do trabalho. UNIUBE 21 Referências ADAM SMITH THE MUIR PORTRAIT.JPG. 18??. Altura 694 pixels. Largura: 540 pixels. 121 KB. Formato JPEG. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/ File: Adam_Smith_The_Muir_portrait.jpg?uselang=pt. Acesso em: abr. 2019. BATALHA, F. Gestão do Capital Humanos: 4 passos para melhorar os resultados. 2016. Disponível em: https://impulse.net.br/gestao-do-capital-humano-importancia/. Acesso em: 12 dez. 2018. BOHLANDER, George; SNELL, Scott. Administração de Recursos Humanos. Tradução da 14. ed. norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2009. CARBONE, P.; BRANDÃO, H. P.; MOREIRA; I; LEITE, J. B. D.; VILHENA, R. M. P.; VERGARA, S, C. Gestão por competências e gestão do conhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos Recursos Humanos nas organizações. Rio de Janeiro: FGV, 2006. DAVENPORT, T.H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. FERREIRA, A. B. H. Dicionário da Língua Portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010. KARL MARX 001.JPG. 1875. Altura 599 pixels. Largura: 473 pixels. 1,28 MB. Formato JPEG. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Karl_ Marx_001.jpg? uselang=pt-br. Acesso em: abr. 2019. KELNIAR, V.C.; LOPES, J.L.; PONTILI, R.M. A teoria do capital humano: Revisitando Conceitos. In: ENCONTRO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA, 8., 2013, Campo Mourão. Anais eletrônicos [...]. Campo Mourão: UNESPAR, 2013. Disponível em: http://www.fecilcam.br. Acesso em: 20 de fev.de 2018. MARSHALL.GIF. 1921. Altura 236 pixels. Largura: 236 pixels. 35 KB. Formato GIF. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Marshall.gif. Acesso em: abr. 2019. MARX. K. O Capital: critica da Economia Política. Tradução: Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Nova Cultural, v. 2., 1996. (Coleção Os Economistas). 22 UNIUBE PEREIRA, J. M. Educação x crescimento econômico: um estudo sobre os investimentos governamentais em educação na região norte do Brasil no período 1994 – 2004. 2008. Disponível em: http://www.eumed.net/libros-gratis/2010c/717/ indice.htm. Acesso em: 08 dez. 2018. SCHULTZ, T. W. O capital humano: investimentos em educação e pesquisa. Tradução Marco Aurélio de Moura Matos. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. SERRA, F. Conceito de gestão. Disponível em: https://www.temposdegestao.com/ conceito-de/conceito-de-gestao. Acesso em: ago. 2018. SILVA, R.S. Gestão de pessoas: capital humano e modelos de gestão. Encontro: Revista de Psicologia. v. 13, n. 19, 2010. SMITH, A. A Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda., v. 1, 1996. SMITH, A. A Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda., v. 2, 1996. SO CONTABILIDADE. Ativos. Virtuous Tecnologia da Informação, 2018. Disponível em: http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP_ativo.php. Acesso em: 9 nov. 2018. SVEIBY, K. E., A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Danieli Katia Damasceno e Souza Introdução O subsistema de provisão de pessoasCapítulo 2 Neste capítulo, estudaremos os processos de mudanças e transformações globais dentro das organizações num todo, que influenciam diretamente no subsistema de provisão de pessoas. Seguindo esse contexto, abordaremos o comportamento das organizações e sua forma de administração no decorrer dos anos, pois, com a evolução dos negócios, a visão estratégica volta-se para a valorização do provimento de pessoas no âmbito profissional. Por esse motivo, houve a necessidade de investir em melhorias nesta área para que todos os subsistemas consigam funcionar plenamente e gerar ações que colaborem para o desenvolvimento organizacional, que, segundo Chiavenato (2004), podemos resumir em seis processos básicos: processo de agregar pessoas, processo de aplicarpessoas, processo de recompensar pessoas, processo de desenvolver pessoas, processo de manter pessoas e processo de monitorar pessoas. Cada processo favorece ou prejudica os demais, quando bem ou mal utilizados, pois estão interligados entre si e se influenciam mutuamente. 24 UNIUBE Ao finalizar os estudos propostos neste capítulo, você deverá estar apto(a) a: • comparar a evolução e a transformação das organizações; • identificar o subsistema de provisão de pessoas; • explicar a importância das mudanças e transformações globais no cotidiano organizacional; • avaliar o real papel das pessoas dentro das organizações. 2.1 Considerações iniciais 2.2 Mudanças e transformações 2.3 Os processos 2.4 Entendendo os processos 2.5 As novas tendências 2.6 Conclusão Objetivos Esquema Considerações iniciais2.1 Iniciaremos nossos estudos descrevendo as transformações nas organizações ao longo dos anos, enfatizando que o subsistema de provisão de pessoas nem sempre teve o mesmo significado. Com a Revolução Industrial, o trabalho foi dividido e houve uma espécie de separação das pessoas com o produto, ou seja, elas não estavam familiarizadas com o que estavam criando. Revolução Industrial Foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa, nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. (SÓ HISTÓRIA, 2019). UNIUBE 25 Sugerimos a leitura do livro, a seguir, disponível na Biblioteca Virtual da Pearson. Nele, o autor apresenta dicas e informações importantes sobre o tema Capital humano essencial para o recrutamento e a seleção de pessoal no RH das empresas. CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa. 7. ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2009. Leia os capítulos: 1. O sistema de administração de recursos humanos 2. O subsistema de provisão de recursos humanos 3. Planejamento de recursos humanos A leitura facilita sua compreensão a respeito do conteúdo desenvolvido e contribui para a consolidação de sua aprendizagem. AMPLIANDO O CONHECIMENTO Mudanças e transformações2.2 Até a década de 1930 – Fase contábil A preocupação dos donos das empresas não era o bem-estar das pessoas, mas sim o lucro e a eficiência. O departamento de pessoal existia apenas para manter um controle das faltas, dos atrasos e da folha de pagamento. Existia certo “medo” por parte das pessoas contratadas, já que os donos das empresas não utilizavam a valorização das pessoas como modelo de administração. Exemplo: “eu mando, você obedece” ou “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Com toda a cultura da tirania presente, era uma época focada em resultados para as empresas, sem a preocupação maior com a contratação por capacitação e eficiência. 26 UNIUBE Década de 1940 – Fase legal “Registrou o aparecimento da função de chefe de pessoal, profissional (advogado) cuja preocupação estava centrada no acompanhamento e na manutenção das leis.” (SANTOS, 2009). Getúlio Vargas promulga a CLT, que foi fortemente inspirada na Carta del Lavoro, do governo de Benito Mussolini, na Itália. Neste período, surgem as primeiras juntas trabalhistas e as primeiras reclamações dos operários, momento marcado pelo antagonismo entre as partes – patrões e trabalhadores. Todo o Homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. (BRASIL, 1948). Década de 1950 – Fase tecnicista Constituída por engenheiros devido ao acentuado processo de industrialização, criação das empresas estatais e vinda das multinacionais. Foi a implantação no Brasil do modelo americano de gestão, o que representou para as organizações e para os trabalhadores um grande avanço na qualidade das relações entre capital e trabalho. Década de 1960 Considerada sem fase, pois com o surgimento dos sindicatos e a repressão da ditadura militar, as organizações descobriram o trabalho em equipe e pela primeira vez não pensaram somente em si mesmas, mas principalmente no sindicato patronal e no de funcionários. UNIUBE 27 Década de 1970 – Fase administrativa Constituída por administradores de empresas cuja medida de seus poderes era baseada no tamanho da estrutura organizacional que tinham para administrar. Os organogramas eram imensos e inchados para demonstrar esse poder. Década de 1980 – Fase administrativa e estratégica Ocorre uma mudança de valores na qual a preocupação da empresa com o bem-estar do trabalhador é maior. Os psicólogos assumem o comando de um departamento preocupado em reconhecer os trabalhadores como os verdadeiros Recursos Humanos da organização, chamado então de departamento de Recursos Humanos. Mas, ao mesmo tempo, há um conflito com os interesses dos acionistas, leis e sindicatos gerando uma crise existencial dos colaboradores com a empresa e tornando o departamento um verdadeiro consultório psicológico. Posterior à década de 1990 – Fase estratégica Mudanças marcantes aconteceram na forma de negociação entre empresas e trabalhadores. É a década das fusões, aquisições e terceirizações, na qual nasceu o serviço de Outplacement (relocação em tradução livre) (Figura 1). Com a globalização, as organizações começaram a reconhecer as pessoas como capital humano, na qual elas continuam cumprindo os controles burocráticos, porém sendo valorizadas e motivadas com o intuito de agregar ao capital intelectual da empresa (Figuras 2 e 3). 28 UNIUBE SAIBA MAIS Outplacement É mais do que a relocação de pessoas, é uma transição de carreira elaborada com o propósito de conduzir, com dignidade e respeito, o processo de demissão nas empresas. O serviço de outplacement busca beneficiar tanto os empregados quanto os empregadores. Figura 1: Outplacement. Fonte: Depositphotos. Acervo Uniube. Figura 2: Capital humano. Fonte: Depositphotos. Acervo Uniube. Capital humano É toda a riqueza de uma empresa ou instituição em relação aos seus colaboradores, que favorecem a produção e o valor econômico dessa empresa. É um dos elementos mais importantes no momento de avaliar o rendimento geral da empresa. Figura 3: Capital intelectual. Fonte: Depositphotos. Acervo Uniube. Capital intelectual É o conjunto de conhecimentos e informações que uma empresa possui. O conhecimento, a inteligência e as habilidades formam a força de trabalho da empresa. UNIUBE 29 Até a década de 1930 CONTÁBIL De 1940 a 1950 LEGAL De 1950 a 1960 TECNICISTA Década de 1960 SINDICATO REPRESSÃO De 1970 a 1990 ADMINISTRATIVA De 1990 em diante ESTRATÉGICA Figura 4: Mudanças e transformações. Fonte: Elaborado pela autora. Os processos 2.3 Com as grandes transformações que ocorreram ao longo das décadas de 1970 a 1990, do século XX, houve grandes mudanças que influenciaram diretamente no comportamento das empresas, mudando a forma de gerenciá-las. Os administradores perceberam que os trabalhadores faziam parte do grande potencial competitivo das organizações e, por isso, mudaram a forma de visualizar a gestão de pessoas, elaborando estratégias de RH que valorizavam seus colaboradores no ambiente de trabalho, transformando-os em parceiros para alcançar os objetivos das organizações e não mais os considerando como meros recursos de produção (Quadro 1). 30 UNIUBE Quadro 1: Diferenças entre pessoas como recursos e pessoas como parceiros. Pessoas como recursos Pessoas como parceiros • Ficam isoladas nos seus cargos. • Têm horários rígidos a cumprir. • Têm preocupação com normas e regras. • São fiéis à sua organização. • São subordinados ao chefe. • São dependentes da orientação da chefia. • São meros executores de tarefas. • Alienados à organização. • Se especializam. • Dão ênfase à destreza manual.• São tratados meramente como mão de obra. • Trabalham em equipe. • Têm suas metas negociadas e compartilhadas. • Têm maior preocupação com os resultados. • Procuram a satisfação do cliente. • São vinculadas à missão e à visão da empresa. • Têm interdependência entre os colaboradores. • São participativos e comprometidos. • Dão ênfase à ética e à responsabilidade. • Fornecedores de atividades. • Dão ênfase ao conhecimento. • Atuam com inteligência e talento. Fonte: Chiavenato (2004). Entendendo os processos2.4 Para que as organizações sejam eficientes e tenham ótimos resultados, alcançando seus objetivos financeiros e administrativos, o processo de gestão de pessoas é fundamental para a obtenção da cooperação dos colaboradores. Os seis processos que norteiam a Gestão de Pessoas em uma organização foram descritos por Chiavenato (2004) e são considerados a base de todo o programa organizacional de um bom departamento de RH. Veja-os, a seguir: UNIUBE 31 a) Processo de agregar pessoas Também conhecido como processo de provisão ou suprimento de pessoas, envolve práticas de recrutamento e seleção de pessoal e é o responsável por criar os primeiros vínculos entre as pessoas e a organização. É considerado como toda a atividade de seleção de pessoal estabelecida para encontrar a melhor relação de trabalho com pessoas contratadas capazes de atender às demandas da empresa, contribuindo, assim, para o sucesso da organização. Tendo em vista que o indivíduo que preenche os requisitos legais e burocráticos e que também se encaixa na visão estratégica da organização pode elevar, consideravelmente, os resultados da empresa (CHIAVENATO, 2004). b) Processo de aplicar pessoas É o meio utilizado para estabelecer as atividades que as pessoas realizarão nas organizações, integrando seus novos colaboradores às normas e procedimentos operacionais das empresas, incluindo análise de cargos e descrição de funções, bem como avaliação de desempenho. c) Processo de recompensar pessoas É o meio de incentivar os colaboradores da empresa por exercerem suas atividades profissionais dentro das organizações. No conceito tradicional este item é marcado pelo salário e alguns benefícios em troca dos serviços prestados pelo colaborador e é pago em moeda corrente. Já no conceito moderno de gestão de pessoas o processo de recompensar os colaboradores considera um grupo de ações que visam incentivar e a recompensar melhor o indivíduo. 32 UNIUBE Dentro de indicadores previamente estabelecidos e negociados com os colaboradores, o crescimento e o desenvolvimento dentro e fora da organização são também utilizados como forma de recompensa pelo bom desempenho do indivíduo. d) Processo de desenvolver pessoas A individualidade, a capacidade de se desenvolver e adaptar-se ao ambiente em que se vive, sendo um ser único, é uma das características do ser humano. O que nos diferencia de todos os outros animais é a racionalidade e qualquer pessoa pode se desenvolver ainda mais, não importa qual seja o nível em que se encontre. Sendo assim, esse processo envolve treinamento e desenvolvimento das pessoas, gestão do conhecimento e gestão de competências, aprendizagem corporativa, programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras. e) Processo de manter pessoas É o responsável por criar o melhor ambiente de trabalho possível para manter as pessoas satisfeitas e motivadas, onde o ambiente e as condições psicológicas sejam satisfatórios, motivando o colaborador a permanecer na empresa por longo tempo. Para tanto, é responsabilidade das empresas criar políticas voltadas para manter seus colaboradores motivados, aplicando todos os esforços em agregar, desenvolver e recompensar os indivíduos. As condições do ambiente de trabalho incluem a relação interpessoal entre os colaboradores, a higiene do ambiente, a segurança e a qualidade de vida dos indivíduos, sendo esses os principais pontos para manter o interesse do colaborador em permanecer na empresa. UNIUBE 33 f) Processo de monitorar pessoas É o meio utilizado para acompanhar, orientar e manter os colaboradores dentro dos princípios organizacionais estabelecidos pelas empresas, garantindo que o planejamento seja bem executado e os objetivos sejam alcançados. É importante que as empresas valorizem as pessoas como peças chaves nos seus negócios, tendo a certeza de que todos os esforços em beneficio delas trarão os resultados esperados. Empresas que entendem a importância desse processo de monitorar pessoas estarão à frente de seus concorrentes e terão resultados gratificantes em excelência e qualidade de produtos e serviços, organização, crescimento de seus negócios e satisfação dos colaboradores e investidores. Para que tal processo de gestão aconteça, conforme o planejado, é fundamental que o departamento de RH tenha autonomia e postura estratégica nas ações, desenvolvendo novos conceitos e técnicas para manejar com equipes de colaboradores, contribuindo para o processo organizacional. É função do RH criar políticas e métodos de acompanhamento para cada indivíduo da organização, avaliando periodicamente seus resultados para definir novas ações e correções, quando necessário. O profissional de Recursos Humanos tem que estar preparado para conhecer todos os processos de gestão de pessoas no intuito de diagnosticar corretamente os problemas dentro das organizações em que atua, identificando e tratando de maneira correta e no tempo certo, corrigindo falhas e aprimorando o capital humano no seu ambiente de trabalho. 34 UNIUBE Em resumo, gestão de pessoas pode ser traduzida como olhar de forma adequada para o capital humano do ponto de vista estratégico da organização, aplicando e desenvolvendo os processos e colocando a empresa à frente de seus competidores (CHIAVENATO, 2004). As novas tendências2.5 A maior dificuldade em qualquer tipo de negócio é a relação entre pessoas. Para que essa barreira seja ultrapassada é importante que as empresas invistam recursos em formação e treinamento dos colaboradores. Mais do que conhecimento é necessário que as pessoas adquiram novas habilidades, competências e atitudes para se tornarem verdadeiros líderes empresariais. As novas tendências na gestão de pessoas estão forçando os gestores a “pensar fora da caixa”. Entre tantos modelos os mais focados são: • mudança de descrições de funções; • novos formatos de carreiras; • mobilidade interna de pessoal; • busca por novas habilidades; • redesenho da definição de metas; • recompensas pelo trabalho. O grande desafio para as empresas é o acompanhamento das novas tendências de gestão de pessoas, pois essas tendências focam nas equipes e não somente nas chefias. Conclusão2.6 Neste capítulo estudamos sobre algumas das principais teorias e sobre a importância do subsistema de provisão de pessoas. UNIUBE 35 As organizações que ainda trabalham de forma mais obsoletas acabam não explorando todo o potencial humano já existente na organização, o que não contribui para um futuro promissor tanto para o colaborador como para a empresa. O conhecimento dos subsistemas de provisão de pessoas auxilia o gestor em suas atividades cotidianas baseadas na retenção dos talentos, ou seja, não perdendo mão de obra para a concorrência. O subsistema de provisão ou seleção de pessoas, se usado corretamente, se torna uma ferramenta para aumentar a qualidade do capital humano/ intelectual das organizações. O subsistema de aplicação de pessoas é considerado uma ferramenta importante no conhecimento dos cargos e dos indivíduos das organizações. Ele possibilita fornecer informações que complementam os outros subsistemas e outros departamentos da empresa para tomar as melhores decisões. O subsistema de recompensar pessoas apresenta uma variabilidade enorme. Muitas organizações “ainda utilizam processos fixos e rígidos para remunerar as pessoas, enquanto outros, mais avançados,usam processos mais flexíveis.” (MACEDO, 2015, p. 1). Na abordagem tradicional, a remuneração é baseada em padrões rígidos e fixada no tempo de serviço e não no desempenho do indivíduo. A ênfase é sempre no que a pessoa produziu e nos valores fixos e estáveis a receber (MACEDO, 2015). Na abordagem moderna, a remuneração “obedece a esquemas flexíveis e é baseada em metas e resultados a serem alcançados, com a ênfase no desempenho futuro e em valores variáveis e flexíveis.” (MACEDO, 2015, p. 1). 36 UNIUBE No conceito moderno de gestão de pessoas, não basta apenas remunerar os indivíduos pelo seu tempo dedicado à organização, é necessário incentivá-los, de forma constante, a fazerem o melhor trabalho possível. A remuneração fixa não motiva os funcionários para a superação de metas e o alcance de objetivos, ou mesmo para a melhoria contínua das atividades. O mundo mudou e o que motiva são programas de incentivos e programas de remuneração variável. As pessoas buscam não só o dinheiro, mas o reconhecimento profissional, a aprovação social, o atendimento às expectativas próprias e da coletividade, uma melhor qualidade de vida no trabalho, e assim por diante. O subsistema de manutenção de pessoas busca manter os colaboradores satisfeitos e motivados. O foco é o bom relacionamento entre a organização e seus colaboradores para manter um ótimo ambiente de trabalho. O último item apresentado foi o subsistema de monitorar pessoas. Nele estão contidas informações que auxiliam no controle, supervisão e mensuração das atividades que envolvem pessoas. Ele pode ser considerado uma ferramenta de feedback, com informações sobre comparações entre planejamento e realização de objetivos. Percebe-se, então, que o conhecimento sobre os processos do subsistema de provisão de pessoas pode contribuir para a administração eficaz de organizações pequenas, médias, grandes, públicas, privadas, de produção, de serviços etc., ou seja, qualquer tipo de empreendimento. UNIUBE 37 Resumo Neste capítulo, pudemos aprender que para um futuro promissor – tanto para o colaborador como para a empresa – é necessário que as organizações explorem todo o potencial humano nela existente. Os subsistemas de provisão de pessoas, se usados corretamente, são uma ferramenta eficaz para aumentar a qualidade e a produtividade do capital humano/intelectual das organizações. A importância do conhecimento dos cargos, dos indivíduos e o entendimento sobre o real sentido de “recompensar as pessoas” faz da organização um local engajado, motivado, sem deixar de controlar e supervisionar seus talentos. Além disso, através do feedback obtêm informações sobre comparações entre planejamento e realização de objetivos. Portanto, uma administração eficaz não depende do tamanho ou segmento da organização, e sim do conhecimento sobre os processos do subsistema de provisão de pessoas. Referências BRASIL. UNICEF. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III), de 10 de dezembro de 1948. Disponível em: https://www.unicef.org/ brazil/pt/resources_10133.htm. Acesso em: ago. 2018. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas e o novo papel dos Recursos Humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHIAVENATO, Idalberto. O capital humano das organizações. São Paulo: Elsevier, 2009b. CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa. 7. ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2009a. 38 UNIUBE DEPOSITPHOTOS. Disponível em: https://br.depositphotos.com/. Acesso em: nov. 2018. FLEURY, Maria Tereza Leme. Gestão estratégica do conhecimento. São Paulo: Atlas, 2001. MACEDO, Evilânia. Recompensando pessoas. 2015. Disponível em: http://mundorh. com/blog/tag/recompensar-pessoas/. Acesso em: ago. 2018. MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos: do Operacional ao Estratégico.15. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. SANTOS, Elcio Henrique. Histórico da área de Recursos Humanos. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/291904/. Acesso em: ago. 2018. SÓ HISTÓRIA. Disponível em: https://www.sohistoria.com.br/. Acesso em: mar. 2019. Lívia Silva Sposito Introdução Planejamento de pessoasCapítulo 3 Planejar é um dos pilares de qualquer política da administração dos Recursos Humanos. Estruturar as ações necessárias para que as metas e os objetivos organizacionais sejam alcançados retrata eficiência e eficácia, além de economia de tempo e de recursos financeiros. O segredo das empresas bem-sucedidas no mercado se deve ao fato de praticarem, frequentemente, o planejamento estratégico. A ausência de planejamento pode acarretar problemas à empresa e à organização. Um colaborador que é promovido a determinado cargo e não é treinado para o mesmo pode ser demitido porque não consegue executar as habilidades necessárias a seu cargo. Outros problemas advindos da ausência de planejamento são desperdícios de recursos, contratação de colaboradores com perfis distintos da cultura organizacional, equipes muito enxutas ou superdimensionadas, desmotivação, treinamentos inúteis e fuga de talentos (CHIAVENATO, 2009a). O planejamento é uma ferramenta de extrema importância, pois aponta quais as pessoas necessárias, suas qualificações e o que elas precisam fazer para que a organização atinja seus objetivos. 40 UNIUBE Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você esteja apto(a) a: • apontar a relevância do planejamento nas atividades organizacionais; • identificar o modelo de planejamento de pessoas adequado para a organização; • selecionar as variáveis do planejamento de Recursos Humanos. 3.1 Planejamento de pessoas 3.1.1 Planejamento de Recursos Humanos 3.1.2 A conjuntura do recrutamento 3.2 Modelos de planejamento de pessoas 3.3 O papel da cultura organizacional nos processos de recrutamento e seleção de pessoas 3.4 Rotatividade de pessoal 3.5 Absenteísmo 3.6 Conclusão Objetivos Esquema Planejamento de pessoas 3.1 O planejamento é imprescindível em qualquer momento da nossa vida. Quantas vezes deixamos de fazer tantas coisas que gostamos porque não planejamos o tempo necessário para executarmos determinada atividade ou o recurso financeiro necessário para a conclusão de determinadas ações? Mas, afinal, o que é planejar? UNIUBE 41 “Planejar é definir o futuro, é decidir o caminho que se pretende seguir. É tomar decisões e formular metas e objetivos que se pretende alcançar.” (CHIAVENATO, 2014, p. 186). Assim, o primeiro objetivo do processo de recrutamento é abastecer o processo de seleção da organização. Para que esse objetivo seja alcançado, é necessário realizar análise e descrição de cargos, bem como das competências necessárias para o cargo em aberto. É importante que o recrutador tenha clareza sobre o perfil do candidato, para que possa elaborar o anúncio do recrutamento e escolher candidatos que tenham o perfil para a vaga. Afiando o Machado... Certa vez, um velho lenhador, conhecido por sempre vencer os torneios que participava, foi desafiado por outro lenhador jovem e forte para uma disputa. A competição chamou a atenção de todos os moradores da localidade. Muitos acreditavam que finalmente o velho perderia a condição de campeão dos lenhadores, em função da grande vantagem física do jovem desafiante. No dia marcado, os dois competidores começaram a disputa, na qual o jovem se entregou com grande energia e convicto de que seria o novo campeão. De tempos em tempos olhava para o velho e, às vezes, percebia que ele estava sentado. Pensou que o adversário estava velho demais para a disputa, e continuou cortando lenha com todo vigor. Ao final do prazo estipulado para competição, foram medir a produtividade dos dois lenhadores e pasmem! O velho vencera novamente, por larga margem, aquele jovem e forte lenhador. Intrigado, o moço questionou o velho:
Compartilhar