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Satisfação no ambiente organizacional Léa Aparecida Barnabé Introdução Diante da importância da relação estabelecida entre homem e trabalho, a Psicologia pro- cura desenvolver pesquisas constantes a fim de melhorar a satisfação nesta releção. Nesta aula, conheceremos o conceito de satisfação e identificaremos o seu processo de avaliação no ambiente organizacional. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a satisfação no trabalho e sua importância para o ser humano; • identificar fatores intrínsecos e extrínsecos que influenciam a satisfação no trabalho. Bons estudos! 1 O conceito de satisfação do trabalho Conceituar satisfação é algo muito complexo, uma vez que a concepção do termo é subjetiva a cada indivíduo, isto é, fundamenta-se na sua interpretação individual. Além disso, a satisfação também pode variar na duração e de acordo com os estímulos recebidos. No contexto do ambiente organizacional, a satisfação é, na visão de Robbins (2007, p. 66), “a atitude que o indivíduo demonstra em relação a realização de seu trabalho”. Para o autor, um sujeito satisfeito com o seu trabalho automaticamente resultará atitudes positivas, e do contrário, ou seja, quando insatisfeito, apresentará atitudes negativas. A satisfação no trabalho é entendida como uma variável de atitudes que demonstra o sentimento das pessoas em relação a sua função (satisfação ou insatisfação), é, então, o estado emocional demonstrado pelo indivíduo face as suas tarefas. Este estado emocional pode ser resultante das representações internas (pensamentos, percepções), fisiológicas (reações orgânicas) e comportamentais (atitudes). Além disso, ele pode influenciar alguns aspectos da organização, como rotatividade, absenteísmo, relacionamento interpessoal, produtividade entre outros (ROBBINS, 2007). Figura 1 – Estado emocional Fonte: one photo/Shutterstock.com SAIBA MAIS! Para saber mais sobre a satisfação no ambiente organizacional, leia o artigo “Satisfação no trabalho: uma breve revisão. Acesse: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572005000200007>. A seguir, conheceremos o processo de avaliação da satisfação no trabalho. Acompanhe! 2 O processo de avaliação da satisfação no trabalho Entende-se que o trabalho é uma maneira do indivíduo estabelecer contatos, trocar conheci- mentos e experiências, demonstrar suas potencialidades, habilidades e competências, atendendo, assim, suas necessidades biológicas, fisiológicas e psíquicas, chegando na satisfação, tanto pro- fissional quanto pessoal. Assim, nas organizações, cabe ao gestor identificar, entender e trabalhar as questões relacio- nadas a busca da satisfação dos indivíduos. Segundo Chiavenato (2010), a avaliação da satisfação depende dos retornos ofertados pela empresa, isto é, dos fatores que influenciam os colaborado- res na busca da satisfação e consequentemente do bom desempenho no trabalho, como estilos de liderança, políticas organizacionais (salários e promoções) etc., elementos que fazem parte do clima organizacional. FIQUE ATENTO! No contexto organizacional, desempenho humano ou performance é o rendimento no trabalho. O clima organizacional é, então, o espaço de trabalho gerador da satisfação e das necessida- des dos indivíduos. Este espaço pode ser saudável ou doentio, negativo ou positivo, satisfatório ou insatisfatório. Contudo, para realizar o diagnóstico do clima organizacional, é importante que toda a organização esteja envolvida neste processo avaliativo (CHIAVENATO, 2010). Assim, avaliar o clima organizacional, de acordo com Chiavenato (2010), é bastante impor- tante, pois ele é um grande influenciador da motivação, do desempenho humano e principalmente da satisfação que o indivíduo apresenta e vivencia em relação ao trabalho. Portanto, por meio desta avaliação, busca-se criar uma sinergia entre indivíduo e organização, definindo-se, assim, a satisfação e o bem-estar do indivíduo no trabalho. SAIBA MAIS! Aprofunde seu conhecimento sobre a relação entre a satisfação e o clima organizacional. Acesse: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0006-59432012000200003>. Figura 2 – Satisfação no trabalho Fonte: ASDF_MEDIA/Shutterstock.com Agora, que já compreendemos que o clima organizacional tem grande influência na avaliação da satisfação do indivíduo no trabalho, conheceremos os fatores intrínsecos e extrínsecos que geram a satisfação. 3 Fatores intrínsecos e extrínsecos que geram satisfação Todo indivíduo deseja que suas necessidades sejam alcançadas para, assim, tornar-se um ser satisfeito. Para compreender esta relação, é importante entender que fatores intrínsecos (aqueles que provém de dentro do indivíduo) e extrínsecos (externos) influenciam na satisfação do sujeito. No contexto organizacional, segundo Long (2007), os fatores intrínsecos advêm de dentro do indivíduo e se relacionam com a percepção de realização, reconhecimento e progresso do tra- balhador. Já os fatores extrínsecos, originam-se no próprio trabalho e incluem aspectos como salários e condições de trabalho (LONG, 2007). Para assimilar as influências destes fatores na satisfação, Frederick Herzberg, no final da década de 1960, desenvolveu a Teoria dos Dois Fatores. Neste estudo, por meio de uma pesquisa em uma indústria, ele buscou identificar quais fatores seriam responsáveis pela satisfação e insa- tisfação dos empregados no trabalho. Para isso, Herzberg dividiu a teoria em dois pontos essen- ciais para que o indivíduo atinja ou não a satisfação (CHIAVENATO, 2005). Acompanhe! • Fatores motivacionais: são aqueles que agradam o indivíduo, ou seja, produzem satis- fação. Tratam-se de fatores intrínsecos, como atividades relacionadas diretamente com o cargo exercido, a liberdade de decidir, usar das habilidades pessoais, definir metas e objetivos e se autoavaliar. • Fatores higiênicos (insatisfatórios): são os fatores que desagradam o indivíduo. Refe- rem-se aos fatores extrínsecos (ou ambientais), pois estão relacionados às condições físicas do ambiente, como salário, benefício, políticas da organização, clima organiza- cional, oportunidades etc. EXEMPLO Um trabalhador que ocupa um cargo em uma empresa que não oferta benefícios e está com o salário inadequado com o mercado, não será interessado e consequen- temente não estará satisfeito. FIQUE ATENTO! Os fatores higiênicos podem desmotivar o indivíduo, mas quando estão suficien- tes não agem como um fator motivador, uma vez que se entende como obrigação da organização. Assim, verificou-se que a satisfação está relacionada com o exercício do trabalho, enquanto que a insatisfação é desencadeada puramente pelos estímulos ambientais. Por isso, percebeu-se a necessidade de mensurar a satisfação com o intuito de proporcionar ações direcionadas. 4 Mensuração da satisfação com o trabalho A organização deve observar e desenvolver uma avaliação do grau de satisfação de cada um de seus colaboradores. Para isso, é necessário verificar o quanto os indivíduos estão satisfeitos com os benefícios ofertados pela empresa, como salários e promoções, relacionamentos inter- pessoais e em relação às tarefas desempenhadas. Robbins (2007) cita duas abordagens utilizadas para a mensuração da satisfação no traba- lho, por meio de questionários, conforme quadro a seguir. Quadro 1 – Avaliação da satisfação no trabalho Classificação única global Perguntas em que as respostas variam de extramente satis- feito a extremamente insatisfeito. Nesta avaliação, utiliza-se questionamentos diretos. Por exemplo: quanto você está satisfeito com seu trabalho? Soma de pontuação ou somatória das facetas do trabalho Trata-se de uma avaliação mais sofisticada, pois procura identi- ficar questões-chave referente ao trabalho,além de procurar saber do funcionário o que ele acha de cada questão. Fonte: adaptado de ROBBIS, 2007. Estas abordagens são classificadas em escalas padronizadas, e, ao final, somam-se os pon- tos que atribuem o resultado da satisfação no trabalho. Depois disso, em função deste resultado, ações podem ser direcionadas pela área de recursos humanos. FIQUE ATENTO! A mensuração é o ato de medir valores a fim de se fazer um levantamento. Além disso, existem diversos instrumentos para mensurar a satisfação. Entre eles estão: o Questionário de Satisfação Minesota (QSM), que mede a satisfação com as condições de trabalho, chances de progresso, liberdade de colocar em prática as próprias ideias, reconhecimento pela realização de um bom serviço e senso de realização, entre outros aspectos da experiência de tra- balho de uma pessoa; e o Índice Descritivo de Cargo ( IDC), que aborda aspectos com o trabalho em si, supervisão e colegas. No Índice Descritivo de Cargo ( IDC), cinco facetas da satisfação são medidas: • trabalho – responsabilidade e crescimento; • qualidade da supervisão – apoio técnico e social; • relacionamento com os colegas – harmonia e respeito; • oportunidades de promoção –futuro crescimento; • pagamento – adequação e equidade salarial. Há, ainda, um instrumento mais simples e de fácil aplicação e tabulação, que pode dar resul- tados satisfatórios em relação a satisfação. Aziri (2011), apresentou a escala de faces, a qual orienta o respondente marcar a face que expressa como ele se sente em relação ao trabalho, conforme figura a seguir. Figura 3 – Escala de faces Fonte: AZIRI, 2011, p. 84. Imagem: MicroOne//Shutterstock.com EXEMPLO Um funcionário que recebe elogios da chefia imediata, salário em dia, além de atuar em um ambiente amistoso, possivelmente, a mensuração de sua satisfação atingi- rá um índice elevado. Entenda que mensurar a satisfação no trabalho é importante para o conhecimento do con- texto organizacional, da relação estabelecida entre o indivíduos e o trabalho e, principalmente, da satisfação pessoal e profissional. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer qual é o significado de satisfação no trabalho; • compreender a relevância da satisfação no ambiente corporativo; • ver as principais influências da satisfação no trabalho; • entender como se avalia a satisfação no trabalho. Referências AZIRI, Brikend. Job Satisfaction: a literature review. Management Research And Practice. v. 3, Issue 4. Dez, 2011. Disponível em: <http://mrp.ase.ro/no34/f7.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2016. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. _____________________. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. LONG, L Kristi. Empowering: levando funcionários a assumir responsabilidade e riscos associados com suas decisões. São Paulo: Editora Parma, 2007. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. SCHERMERHORN Jr., John R.; HUNT, James G.; OSBORN, Richard N. Fundamentos do comporta- mento organizacional. Porto Alegre: Artmed, 1999.
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