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Custas, Gratuidade de Justiça e honorários advocatícios A máquina jurisdicional Estatal tem um custo, de acordo com um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça em 2016, o judiciário gerou um gasto de 100 Bilhões de reais, fica claro, deste modo, que a movimentação da máquina judiciária é bastante custosa. Há um famoso estudo empírico realizado na Itália em Florência, que buscou identificar quais são os maiores óbices que impedem o acesso à justiça e um deles foram a existência de custas processuais. Custas – Todo ato processual postulado pela parte, tem de ser antecedido do recolhimento das respectivas custas processuais, exemplo se eu distribuo uma petição inicial, previamente terei de recolher as custas. Tem de se entender que quando se paga as custas para a realização de algum ato, não se está pagando de forma definitiva pelas custas, pois ao final do processo irá se decidir de quem é o ônus de sucumbência, ou seja, quem perde o processo ficará responsável pelas custas processuais e pelos honorários de sucumbência do advogado da parte contrária, sendo devolvidos os valores a parte vencedora da ação, quando solicitados pela parte vencedora à parte contrária. Há uma diferenciação doutrinária acerca da responsabilidade provisória e a responsabilidade definitiva do pagamento de custas no processo, a responsabilidade provisória seria aquela que determina que tem de se recolher as custas antecipadamente para cada ato que o interessado deseje que se pratique, já a responsabilidade definitiva no pagamento de custas é fixada ao final do processo pelo juiz. Essa sistemática se dá em virtude do ressarcimento integral do dano, uma vez que seria injusto obrigar ao vencedor da ação a pagar para ver satisfeita a sua pretensão que era devida por direito. Porém a sistemática da sucumbência não é 100% efetiva pois pode acontecer do vencedor ter sido o responsável pelo ajuizamento da ação, como exemplo pode-se citar a consignação em pagamento, uma vez que o réu ele pode arguir a insuficiência de depósito, deste modo se for reconhecido que o autor depositou a menor do que deveria, e após isso ele complementa o depósito, o processo ele vai ser julgado procedente, por que a obrigação de pagar foi satisfeita, o autor vai sair vencedor em tese, mas quem deu causa a ação de consignação de pagamento neste caso foi o autor por ter pago a menor. Deste modo deve se observar o princípio da causalidade, sendo assim será necessário analisar qual parte deu causa para a instauração do processo, para que se defina quem irá pagar as custas e os honorários de sucumbência. Honorários advocatícios de sucumbência - para realizar a fixação dos honorários o juiz precisa observar o percentual do mínimo 10% e o máximo de 20% sobre o valor da condenação, do proveito econômico ou sobre o valor atualizado da causa, o juiz precisa observar o grau de zelo do advogado, o lugar onde foi prestado o serviço, o grau de complexidade da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo necessário para realização de seu serviço. Há de se lembrar também que nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa. No Brasil não existe um critério uniforme entre os Estados da Federação para fixação das custas judiciais, em uma pesquisa realizada pelo CNJ em 2010, observou-se que Estados da Federação com IDH muito baixos praticavam as custas mais altas. Uma mesma ação judicial em um Estado X para distribuição necessitava do recolhimento de custas no valor de R$ 77 e em outro Estado o valor das custas para ajuizamento da mesma ação girava em torno de R$ 520. Em 2020 o CNJ remeteu ao Congresso Nacional um ante projeto de lei complementar que tinha como objetivo de criar critérios mais planificados de instituições de custas pelos Estados, que ainda não foi votado. Gratuidade de justiça - na gratuidade de justiça não é necessária a realização de pagamento adiantado de custas para a realização do ato, ou seja, o beneficiário da gratuidade de justiça ele não está isento do pagamento das custas judiciais, ele somente tem assegurada a não necessidade de antecipação das custas para prática do ato processual. Nesse caso a responsabilidade provisória pelas custas do processo fica suspensa. Mas se ao final o beneficiário da gratuidade de justiça ele for vencido, ele será condenado a pagar as custas e os honorários de sucumbência, mas, a exigibilidade desse crédito ficará suspensa, até o desaparecimento da situação financeira que ensejou o deferimento da gratuidade, a partir do momento em que a situação financeira mudar, ele será executado pelo que foi condenado, sendo assim a responsabilidade definitiva pelo pagamento das custas processuais não é afastada, a sentença ao final vai condenar ao pagamento das custas e dos honorários, o que se garante nesse caso é a suspensão da exigibilidade de pagamento das custas enquanto permanecer a condição de hipossuficiência financeira. Porém se até 5 anos o beneficiário da gratuidade de justiça não houver mudado seu quadro de hipossuficiência financeira, o dever de pagar será extinguido. A gratuidade de justiça é um instituto muito facilitador do acesso à justiça visto que sem ele muitos interessados poderiam ser afastados do poder jurisdicional.