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Literatura Brasileira Colonial e Romântica - Ensaio reflexivo

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Ensaio reflexivo 
 
Francielle Santos de Albuquerque1 
 
O poema “Quem sou eu?” de Luiz Gama, apresenta características 
voltada a terceira geração do Romantismo no Brasil, valorizando a sátira social, 
indo contra o lirismo abordado na época em que viveu. A poesia relata as 
mudanças que absorvem a formação da cultura brasileira, expondo como Gama 
enfrentava as humilhações que um negro sofria numa sociedade racista e como 
ele buscava denunciar através do seu poema a base da sociedade, a elite, 
preconceituosa e corrupta. 
 
Luiz Gonzaga Pinto foi um abolicionista, orador, jornalista e escritor 
brasileiro, filho de Luiza Mahin (negra africana livre) e de um fidalgo de origem 
portuguesa. E tem sua trajetória marcada pela luta incansável contra um 
contexto histórico que marginalizava o negro e sua cultura, batalhando pela 
libertação sua libertação e por uma valorização efetiva a respeito da cultura 
negra no Brasil. 
Gama diz em seu poema que independentemente da cor ou raça, estamos 
sujeitos às mesmas privações. Ou seja, o fato de o poeta também ser negro e 
se reconhecer como tal em sua obra, não interfere em seu posicionamento 
crítico. 
No poema não se encontra o termo da época utilizado para ridicularizar 
os negros. Eles foram chamados de bode, já que “Bodarrada” (derivado da 
palavra “bode”) na gíria da época significava mulato, negro. Podemos perceber 
no trecho abaixo, à utilização do substantivo “bode” como adjetivo, 
caracterizando alguns tipos sociais citados por Luiz Gama. 
 
“Se negro sou, ou sou bode, 
pouco importa. 
O que isto pode? 
 
1 Discente do Centro Universitário Jorge Amado, graduanda em Letras com Habilitação em 
Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Ensaio reflexivo confeccionado para a disciplina “Literatura 
Brasileira Colonial e Romântica” – Avaliação 2. 
https://unijorge.instructure.com/files/folder/groups_461/
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https://unijorge.instructure.com/courses/13889
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bodes há de toda casta, 
Pois que a espécie é muito vasta... 
Há cinzentos, há rajados, 
Baios, pampas e malhados, 
Bodes negros, bodes brancos, 
e sejamos todos francos, 
Uns plebeus e outros nobres, 
Bodes ricos, bodes pobres, 
Bodes sábios, importantes, 
E também alguns tratantes...” 
(GAMA, 2000, p. 116). 
 
Ferreira (2013, p.66-68), afirma que Gama “rejeita o sentido negativo de 
“negro”, bem como o do pejorativo “bode”, aplicada aos mulatos de pele escura”. 
De fato, percebemos que Gama rejeita o sentido negativo da palavra “negro” 
(uma vez que a poética de Luiz Gama ressalta a aceitação de sua identidade 
étnica, demonstrando a importância e beleza do ser negro), mas não retira o 
sentido pejorativo do “bode”, pelo contrário, o poeta retoma o “bode” para 
reconfigurar a semântica sem valor da palavra e estende seu sentido pejorativo 
aos brancos (bodes brancos). Nesse sentido, para o poeta o “bode” se torna um 
signo de alcance amplo e sua função no poema é criticar as mazelas de uma 
sociedade “esbranquiçada”. 
 
Outra característica marcante em sua obra é a de aceitar a visão 
preconceituosa do outro e torná-lo vítima do próprio preconceito, demonstrando 
que o âmbito em que ambos ocupam poeta e interlocutor, é semelhante. Gama 
busca a conscientização através dos versos contra o preconceito tanto dos que 
sofrem a ação quanto dos que a praticam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
FERREIRA, Lígia Fonseca. O sonho sublime de um ex-escravo. Revista de 
História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. 2013. Vol. 9 (p. 66 – 68) 2013. 
NASCIMENTO, Rubens. A poesia libertária de Luiz Gama. Disponível em: 
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/literatura/a-poesia-libertaria-luiz-
gama.htm. Acessado em: 04 nov 2020.

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