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Como atuam os fármacos na doença ulcerosa péptica? Existem 4 mecanismos possíveis, sendo eles: • Redutores da secreção ácida: inibidores da bomba de prótons, antagonistas do receptor de histamina (H2), anti-colinérgicos (como os anti-muscarínicos) • Neutralização do ácido: antiácidos • Defesa da mucosa: agentes de revestimento • Modificação de fatores de risco Antagonistas dos receptores H2 Para a produção da histamina pelas ECL a partir da histidina é necessário a enzima histidina descarboxilase, essa enzima tem um ponto importante que. A gastrina tem um efeito de estimular a secreção de histamina pelas ECL por meio de uma regulação pra cima da histidina descarboxilase aumentando a produção da histamina, além disso a H. pylori também um efeito de ‘up regulation’ da histidina descarboxilase. Alguns fármacos que são antagonistas dos receptores H2 são: Cimetidina, Ranitidina, Nizatidina e Famotidina. Os fármacos dessa classe ao inibir a ação da histamina não há translocação e incorporação das tubulovesículas contendo a hidrogênio potássio ATPase da membrana luminal. Os fármacos fazem um bloqueio competitivo e irreversível do receptor de histamina. Esses fármacos apresentam uma boa absorção VO no intestino delgado, são fármacos que tem uma eliminação um tanto hepática como renal, o que é importante para fazer ajuste de dose em pacientes que tenha insuficiência renal ou insuficiência hepática. A Cimetidina é capaz de inibir isoformas do citocromo P450 (CYP450), que são enzimas importantes para o metabolismo de muitos fármacos, a inibição ou ativação dessas enzimas é fonte de muitas interações medicamentosas. Logo, a ação da Cimetidina permite uma variedade de interações medicamentosas possíveis com outros fármacos, por reduzir a eliminação de outros fármacos e consequentemente ela pode promover níveis tóxicos desses fármacos com os quais ela interage, o que é importante se tratando de fármacos que tenham uma janela terapêutica estreita. Esses fármacos são seletivos para receptores H2 e normalmente são bem toleráveis. A Cimetidina possui poucos efeitos colaterais e pode apresentar efeitos anti- androgênicos podendo ter como efeito galactorreia e ginecomastia. Cimetidina: fármacos como a Varfarina e o Propanolol que tem uma janela terapêutica mais estreita pode acarretar alguns problema. Sua administração IV deve ocorrer em casos de emergências devido o risco de hipotensão, foi observado aumento da prolactina após a administração IV. Ranitidina: tem uma menor interação que a Cimetidina com as enzimas do CYP450, logo o risco de interação medicamentosa é menor. Famotidina: baixa ligação com proteínas plasmáticas, apresenta poucos efeitos colaterais. Nizatidina: não interfere no metabolismo hepático de outros fármacos, sua biodisponibilidade não é afetada pelos alimentos. Pode causar cefaleia, astenia, diarreia... (ler o quadro abaixo). Inibidores da Bomba de Prótons (IBP) Eles são importantes por inibir a via final da secreção ácida na célula parietal que é a hidrogênio potássio ATPase e eles inibem a enzima de maneira irreversível inativando a bomba, talvez por esse motivo os IBPs sejam superiores com relação a eficácia no sentido em que eles têm um maior efeito redutor da secreção ácida e consequentemente um maior efeito na cicatrização das ulceras pépticas. Os fármacos da classe são: omeprazol, Esomeprazol, Lansoprazol, Rabeprazol, Pantoprazol. Os inibidores da bomba de prótons são pró-fármacos, isso significa que eles precisam ser ativados, essa ativação precisa acontecer em meio ácido, então eles precisam ser administrados com revestimento entérico para que eles só sejam absorvidos no intestino delgado para evitar uma ativação prematura desses fármacos quando estiverem passando pelo ambiente ácido do estômago, porque eles precisam do ambiente ácido e se tornarem ativos e então inativar a hidrogênio potássio ATPase. Esses fármacos promovem a inativação irreversível da bomba de modo que a célula parietal precisa sintetizar novas bombas de prótons, o que pode levar até cerca de 18 horas para se tornarem ativas, por isso afirma— se que esses fármacos apresentam uma supressão ácida prolongada, é o que explica o efeito prolongado que os fármacos apresentam mesmo com as meia- vidas curtas que eles possuem. Justamente por precisar ser ativado no meio ácido do canalículo é que esses fármacos precisam encontrar as bombas ativas para que a supressão aconteça. Os fármacos da classe apresentam semelhança na biodisponibilidade e absorção, geralmente são bem tolerados com efeitos adversos e clinicamente são utilizados para o tratamento de doença ulcerosa péptica, gástrica e duodenal, bem com de doença do refluxo gastroesofágico, onde eles são eficazes em termos de cicatrização. Em termos de metabolismo esses fármacos são metabolizados pelas proteínas da CYP450 particularmente pelas formas CYP3A4 e CYP2C19, existe um polimorfismo genético importante que afeta a capacidade de metabolismo desses fármacos em determinados pacientes. Os IBPs têm um papel importante na prevenção de úlceras hemorrágicas porque com a supressão ácida prolongada ele auxiliam na manutenção da integridade do coágulo, sendo importante com um papel preventivo das ulcera hemorrágicas recorrentes. Ativação do omeprazol: ele é ativado com formulação contendo revestimento entérico para evitar uma prematura para quando ele passar pelo estômago, então no intestino delgado ele vai ser absorvido, vai atravessar livremente a membrana celular na forma do pró- fármaco e a membrana do canalículo. No ambiente ácido do canalículo o omeprazol vai sofrer formando um composto chamado de sulfenamida ativa (reação de protonação). A sulfenamida ativa estabelece ligações de sulfeto covalente com a hidrogênio potássio ATPase, o que explica a supressão ácida prolongada e a irreversibilidade da ação. O omeprazol é administrado na forma de grânulos gastrorresistentes e na forma de uma mistura racêmica, então ele é formado por seus enantiômeros R e S, não existe esteriosseletividade no mecanismo de ação então, os dois tem capacidade de inibição do hidrogênio potássio ATPase. O enantiômeros R possui uma menor estabilidade metabólica do que o S, a estéreo seletividade se dá mais relacionada ao metabolismo e não a farmacodinâmica. O omeprazol se liga em torno de 95% as proteínas plasmáticas. O Esomeprazol é o enantiômero S do omeprazol, o Esomeprazol possui uma esteriosseletividade o que permite uma maior seletividade metabólica. Esse fármaco também pode inibir a H/K ATPase. Quando se avaliou a cicatrização na esofagite ulcerosa associada a DRGE comparou-se o omeprazol com o Esomeprazol sendo observado que quando foram administrados na mesma dosagem de 20mg a eficácia foi equivalente, enquanto que quando o Esomeprazol foi administrado em uma dosagem de 40mg ele apresentou uma eficácia superior ao omeprazol de 20mg. O Lansoprazol também é administrado como uma mistura racêmica de modo que os dois enantiômeros são capazes de inibir a hidrogênio potássio ATPase de modo que não existe esteriosseletividade no mecanismo de ação. O Lansoprazol tem uma boa disponibilidade absoluta quando administrado em jejum a cima de 80%, já quando é administrado com alimentos a sua biodisponibilidade reduz em 30-50%. Ele se liga altamente as proteínas plasmáticas (97%), tem uma meia vida de duas horas e o efeito inibitório dele costuma ser prolongado (>24 horas). O Dexlansoprazol é o enantiômero R do Lansoprazol, ele tem como vantagem um clearance sistêmico menor, o que leva a uma meia-vida maior e uma maior exposição sistêmica após sua administração. Ele tem uma forma farmacêutica com tecnologia de liberação retardadaem 2 tempos, o que permite um tempo de supressão da secreção ácida maior do que o Lansoprazol Com relação a essa classe de fármacos nota-se que ela é metabolizada pelas proteínas CYP450, o que tem de importante nesse sentido é o polimorfismo, principalmente da CYP2C19 de tal forma que o omeprazol é o fármaco da classe mais afetada por esse polimorfismo das isoenzimas CYP2C19. Existe uma certa variação na supressão da secreção ácida gástrica com o uso dos inibidores da bomba de prótons, essa variação pode ser desde pacientes que tem uma maior supressão ácida à pacientes que tem uma menor supressão ácida decorrente dos polimorfismos genéticos. Como pode ser visto no gráfico pacientes que apresentam 2 polimorfismos são chamados de metabolizadores fracos do fármaco (linha mais clara) porque esse polimorfismo acarreta em uma menor atividade enzimática, ou seja, a capacidade de metabolismo dos fármacos é menor, por consequência há concentrações mais elevadas do fármaco nesses pacientes. Os pacientes que apresentam uma única cópia do polimorfismo são considerados metabolizadores intermediários (linha tracejada), eles têm uma concentração mais baixa do fármaco, mas ainda sim é mais alta do que os indivíduos que não apresentam polimorfismo que são os considerados metabolizadores extensos, ou seja, são aqueles com maior capacidade de metabolismo. Entre as diferenças dos antagonistas H2 e os IBPs nota- se alguns fatores que devem ser levados em consideração como os antagonistas dos receptores H2 serem utilizados a mais tempo o que evidencia uma maior descrição da relação eficácia segurança, entretanto os IBPs apresentam maior eficácia na supressão ácida e cicatrização ulcerosa péptica. No estudo abaixo é feita uma comparação entre antagonistas H2 e IBPs no alivio de sintomas relacionados ao refluxo gastroesofágico e a conclusão é que os inibidores da bomba de prótons apresentam maior eficácia no alivio dos sintomas e isso ocorre com poucas alterações de reações adversas comparando as duas classes de fármacos.
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