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Terapia Nutricional para indivíduos com Doença Renal Crônica Nutr. Bruna De Vico Ribeiro Especialista em Nutrição nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis - HIAE Especialista em Nutrição Aplicada às Doenças Renais – UNIFESP/EPM Mestre em Ciências com ênfase em Nefrologia – UNIFESP/EPM Faculdade de Saúde Pública – USP Curso de Nutrição Funções do Rim ➢Excretória • Produtos finais do metabolismo • Drogas e medicamentos ➢Homeostática • Equilíbrio hidroeletrolítico, ácido básico ➢Endócrina • Renina (hemodinâmica sistêmica e renal) • Eritropoetina (maturação dos eritrócitos) • Calcitriol (metabolismo ósseo) Doença Renal Crônica (DRC) KDOQI, 2002 ➢ Filtração glomerular menor que 60 mL/min/1,73 m²; ou ➢ Filtração glomerular maior que 60 mL/min/1,73m² com alguma evidência de lesão estrutural renal. Em um período ≥ 3 meses: Taxa de Filtração Glomerular (TFG) ➢Medido: • Clearance de creatinina (urina de 24 horas) ➢Estimado: • Cockroft e Gault • MDRD • CKD-EPI Normalidade: 85 a 125 ml/min/1,73 m² (140 – idade) x peso x (0,85 se mulher) 72 x creatinina sérica (mg/dl) (186 x creatinina sérica-1,154 x idade-0,203) x 0,742 (se mulher não negra) x 1,212 (se afro-americano) Cockroft e Gault MDRD simplificada CKD-EPI Aplicativo Creatinina sérica, idade, sexo e etnia Classificação da DRC - Assintomático - - Sintomas leves - Estágios da doença Taxa de filtração glomerular (ml/min) Proteinúria 1 ≥ 90 Presente 2 60 – 89 Presente 3A 45 – 59 Presente ou ausente 3B 30 – 44 Presente ou ausente 4 15 – 29 Presente ou ausente 5 < 15 Presente ou ausente K/DOQI National Collaborating Centre for Chronic Condition SangueSangue Rim Urina Urina Rim Toxinas urêmicas Toxinas urêmicas Saudável Doente Principais manifestações clínicas Inchaço no rosto, pés e mãos Pressão arterial descontrolada Hálito urêmicoNáusea, vômito e falta de apetite Palidez, cansaço e pele amarelada Fragilidade dos ossos Etiologia da DRC ➢ Hipertensão arterial ➢ Diabetes Mellitus ➢ Glomerulopatias ➢ Obstruções • Tumores e cálculos ➢ Rins Policísticos ➢ Outros: • doenças imunológicas • doenças infecciosas • infecção urinária de repetição • uso crônico de antiinflamatórios não- esteróides (AINEs) Principais causas de DRC Sociedade Brasileira de Nefrologia, Censo 2016 34% 30% 9% 4% 12% 11% HAS DM GNC Rins policísticos Outros Indeterminada Prevalência de DRC 5 Estágios 4 3 2 1 Sociedade Brasileira de Nefrologia, Censo 2016 DIÁLISE: 122.825 Fases da DRC 1. Pré-dialítica ou Tratamento Conservador 2. Dialítica: - Hemodiálise - Diálise Peritoneal (CAPD ou DPA) Objetivos da terapia nutricional ✓ Acidose metabólica ✓ Resistência à insulina ✓ Hiperparatiroidismo secundário/Hiperfosfatemia ✓ Hiperpotassemia ✓ Dislipidemia ✓ Doenças cardiovasculares ✓ Hipertensão Reduzir o acúmulo de produtos nitrogenados e eletrólitos Reduzir a sintomatologia urêmica Retardar o ritmo de progressão da doença Auxiliar na prevenção ou no controle de alterações nutricionais Auxiliar no controle de complicações metabólicas e hormonais ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controle da Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controle da Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: Acúmulo de toxinas Uremia Compostos nitrogenados, íons de hidrogênio, fosfatos, íons inorgânicos PROTEÍNA Beale, 1869 Giordano & Maggiore, 1960 Dieta com pouca proteína em DRC avançada: Melhorava a sintomatologia urêmica Lesão estrutura glomerular Proteína X Dano Renal proteína da dieta fluxo sanguíneo glomerular pressão glomerular nº de néfrons funcionantes Perda seletividade glomerular -> proteinúria Proteina e Progressão da DRC Estudo experimental (ratos) - % glomérulos esclerosados Hostetter TH, Kidney Int, 1986 Dieta hipoprotéica Dieta hiperprotéica 0 2 4 6 8 10 12 14 B3 F4 F12 F20 F28 F36 Tempo em meses D e c lí n io d a f il tr a ç ã o g lo m e ru la r (m l/ m in ) 1,3 g/kg/dia (1,13) 0,58 g/kg/dia (0,8) Klahr et al, N Engl J Med, 1994 N=585 (TFG 25-55 ml/min) Proteina e Progressão da DRC Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) P=0,30 Restrição proteica e seus efeitos na DRC (metanálise) Fouque et al, Cochrane Database Syst Rev Apr 2006 31% < risco de entrar em diálise ou morrer ESTUDOS CLÍNICOS ESTUDOS EXPERIMENTAIS ➢ Diferentes etiologias da DRC/Progressão ➢ Duração ➢ Co-morbidades ➢ Perfil genético e fenotípico variado ➢ Ingestão proteica prévia ➢ Variedade da dieta ➢ Variadas fontes proteicas ➢ Diferentes estilos de vida ➢ Adesão Fósforo Ácidos AGS Colesterol Distúrbios ósseos Catabolismo proteico muscular Hiperparatireoidismo secundário Acidose metabólica Dislipidemia Aterosclerose Hiperfiltração glomerular Proteinúria Progressão da lesão renal Proteína dieta – outros benefícios Ko, GJ., et al., Curr Opin Clin Nutr Metab Care., 2017 PROTEÍNA Estágios 1 e 2 0,8 a 1,0 g/kg/dia Estágios 3 a 5 (TFG < 60 mL/min): Entre 50% a 60% de AVB Indivíduos com diabetes: se descompensados, 0,8 g/ kg/ dia K/DOQI, 2000; Fulgoni VL III, 2008 Média da população ocidental: 1,0 a 1,3 g/kg/dia OU~ 25g PTN ~ 5g PTN OU 1 bife médio (85g) Quantidades de proteína em alguns alimentos PROTEÍNA Proteinúria (>3,0 g/24h): 0,6 a 0,8 g/kg/dia + 1,0 g/ g de proteinúria PROTEÍNA TIPO DE PROTEÍNA FAZ DIFERENÇA NA PROGRESSÃO DA DRC? ➢ A substituição da carne vermelha por frango/ptn vegetal (soja) parece reduzir a proteínuria em pacientes com nefropatia diabética nos estágios iniciais. ➢ Diferentes fontes proteicas, desde que restritas, parecem oferecer benefícios similares sobre a progressão da DRC. Soroka N, Nephron, 1998; Anderson JW, AJCN, 1998; Weeler ML, Diabetes Care, 2002; De Mello VD, AJCN, 2006. Gera desnutrição? Risco mínimo desde que os pacientes sejam regularmente acompanhados por nutricionistas com conhecimento, habilidade e prática na área. Kopple JD, Kidney Int. 1997 Dieta muito restrita em proteína com cetoácidos ➢ Para paciente com TFG < 30 mL/min ➢ Prescrição proteica: 0,3 g/kg/dia (origem vegetal) + mistura de cetoácidos Dieta muito restrita em proteína com cetoácidos ➢ Vantagens: • Diminui os produtos nitrogenados tóxicos e sintomas urêmicos; • Melhora sobre o metabolismo mineral e ósseo; • Redução de acidose metabólica. ➢ Principais desafios: • Quantidade de comprimidos 1 a cada 5kg; • Difícil adesão pouca variedade de alimentos; • Alto custo; • Risco de subnutrição se não implementada criteriosamente. Avaliação da adesão ao controle da ingestão proteica Avaliação da adesão ➢Métodos de ingestão alimentar • Recordatório alimentar de 24 horas • Registro alimentar de 3 a 7 dias • Questionário de frequência de ingestão alimentar ➢Excreção de nitrogênio • Equivalente proteico do aparecimento de nitrogênio (PNA) PROTEIN NITROGEN APPEARANCE (PNA) Considerações: • Balanço nitrogenado neutro; • Pode não refletir o hábito – representa ingestão pontual; • Coleta adequada da urina de 24h. PNA (g prot/d) = [(NUU (g)) + (0,031 g N x kg)] x 6,25 NUU (nitrogênio uréico urinário) = Vol.Uri 24 h (L) x (Uréia Uri (g/L) ÷ 2,14) Marroni BJ et al, KI, 1985 PROTEIN NITROGEN APPEARANCE (PNA) Exemplo de cálculo... Peso: 60 kg Ureia Urinária: 520 mg/dL = 5,2 g/L Volume urinário: 1800 mL/24 h NUU (nitrogênio ureico urinário) = Vol.Uri 24 h (L) x (Ureia Uri (g/L) ÷ 2,14) NUU= 1,8 x 5,2 ÷ 2,14) = 4,4 g PNA (g prot/dia) = [(NUU (g)) + (0,031 g N x kg)] x 6,25 PNA = [4,4 + (0,031 x 60)] x 6,25 PNA = [4,4 + 1,86] x 6,25 PNA = 6,26 x 6,25 = 39,1 g/d n PNA (g/kg/d) = PNA (g/d) ÷ P ideal (kg) n PNA = 39,1 ÷ 60 n PNA = 0,65 g/kg/d ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controleda Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controle da Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: ENERGIA Gasto energético Sedentarismo da massa renal Inflamação Comorbidades Igual ao de indivíduos saudáveis K/DOQI, 2000 Masud T, Mitch WE. Handbook of nutrition and the kidney, 2009 Recomendação de energia e macronutrientes Energia total e distribuição de macronutrientes < 60 anos 35 kcal/kg/dia ≥ 60 anos 30 a 35 kcal/kg/dia Carboidratos 50 a 60% Lipídios 25 a 35% Cuidado! ➢Guiar inicialmente o planejamento da orientação dietética • Monitoramento e realização de ajustes ➢Evitar prescrever < 25 kcal/kg/dia • Garantir balanço nitrogenado ENERGIA Estratégias para atingir o VE da dieta aliada à restrição proteica: • Mandioca, batata, inhame, cará, batata-doce, mandioquinha, farinha de mandioca; • Se o paciente não for diabético pode-se utilizar doces de frutas, mel, geleia; • Sugerir a adição de óleo de soja ou óleo de oliva à comida; • Amido de milho (maisena), amido de arroz (ex. Mucilon). ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controle da Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controle da Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: POTÁSSIO Na DRC: • Aumento da secreção tubular de K • Aumento da excreção de K pelas fezes Quando orientar controle de K pela dieta? • Hiperpotassemia (≥ 5,0 mEq/L) • Se a TFG estiver abaixo de 15ml/min MOTIVO: K sérico risco de morte POTÁSSIO Como reduzir? • Orientar controle da ingestão de alimentos ricos • Orientar método de cocção dos legumes que auxilia a remoção de K OUTROS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DE K: • Constipação intestinal • Acidose metabólica • Uso de alguns medicamentos • Deficiência de insulina ➢ Frutas ➢ Verduras ➢ Leguminosas ➢ Oleaginosas ➢ Frutas secas ➢ Cereais integrais ➢ Sal dietético ➢ Molhos/ extrato de tomate ➢ Chocolates ➢ Compotas de frutas POTÁSSIO: alimentos com teor elevado Frutas ricas em potássio ≥ 5,1 mEq/porção Laranja pera Mamão Abacate Uva Goiaba Fruta do conde Banana nanica Banana prata Melão Kiwi Água de coco Maracujá Jaca ✓ Laranja lima ✓ Maçã ✓ Pera ✓ Banana-maçã ✓ Jabuticaba ✓ Acerola ✓ Ameixa ✓ Abacaxi ✓ Caqui ✓ Morango ✓ Pêssego ✓ Melancia ✓ Limão ✓ Manga Frutas pobres em potássio ≤ 5,0 mEq/porção ✓ Alface ✓ Agrião ✓ Almeirão ✓ Cenoura ✓ Escarola ✓ Rabanete ✓ Pepino ✓ Pimentão ✓ Repolho ✓ Tomate Alimentos pobres em potássio ≤ 5,0 mEq/porção Remoção de K com a cocção Redução média de K: ~60% Cuppari et al., 2004 Constipação intestinal e K ➢ Inadequada ingestão de frutas e verduras/legumes baixa ingestão de fibras ➢ Inadequada ingestão hídrica ➢ Sedentarismo ➢ Efeito colateral de medicamentos Tempo de trânsito intestinal FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DE K ➢pH e HCO3¯ reduzidos Acidose metabólica e K ➢ Entrada de H⁺ para o meio intracelular saída de K⁺ para o meio extracelular EQUILÍBRIO DE CARGAS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DE K Medicações e K ➢ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) (ex.: captopril, enalapril) ➢ Bloqueadores do receptor de angiotensina II (ex.: losartan) ➢ Diuréticos poupadores de K (ex.: espironolactona) ➢ Betabloqueadores inespecíficos (ex.: propanolol) FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DE K Insulina Ativação da bomba Na/K- ATPase entrada de K para célula Deficiência de insulina e K K normal ➢ Pacientes com diabetes apresentam hiperpotassemia com maior frequência que pacientes com DRC sem diabetes FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DE K CARAMBOLA ➢ Neurotoxicidade ➢ Soluços, vômitos, astenia, confusão mental, convulsões, coma e óbito (taxa: 20%-40%). CARAMBOXINA Garcia-Cairasco N, 2013; de Oliveira ESM, J Bras Nefrol, 2015. Único alimento PROIBIDO para pacientes com DRC ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controle da Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: ➢ Recomendação de Proteína ➢ Recomendação de Energia ➢ Controle do Potássio Sérico ➢ Controle da Ingestão de Sódio Tópicos a serem abordados: SÓDIO Sódio 2g/d Sal 5g/d Sal ~11g/ d Recomendação Ingestão média Assim, atua nos dois principais alvos de tratamento da DRC: Risco de DCV Ritmo de progressão da doença Diminuição proteinúria Controle ingestão de sódio Melhor controle PA Krikken JA, 2009 Sódio e Progressão DRC He J, J Am Soc Nephrol, 2016 Controle de sódio: intervenção de baixo custo, eficiente e sem risco de efeitos adversos N = 3939 SÓDIO Controlar a ingestão de alimentos com teor elevado de sódio Embutidos em geral, temperos industrializados, macarrão e sopas instantâneas, molho de soja (shoyo), alimentos industrializados prontos para ingestão, salgadinhos de pacote, etc. Incentivar o uso de temperos naturais Alho, gengibre, coentro, limão, pimenta, louro, cebola, hortelã, manjericão, orégano, cheiro verde, colorau, etc. Visualização do conteúdo de sal Outros aspectos da terapia nutricional Pode haver necessidade de orientar... ➢ Controle do fósforo ➢ Controle do perfil lipídico ➢ Controle glicêmico ➢ Suplementação Fases da DRC 1. Pré-dialítica ou Tratamento Conservador 2. Dialítica: - Hemodiálise - Diálise Peritoneal (CAPD ou DPA) Definição de diálise Processo pelo qual se realiza a remoção de solutos urêmicos e o excesso de volume com o objetivo de restabelecer o equilíbrio hídrico e metabólico dos pacientes em DRC ou insuficiência renal aguda (IRA). Distribuição de pacientes conforme a modalidade de diálise Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia 2016 92,1% 2,1% 5,7% 0,1% Hemodiálise CAPD DPA DPI Hemodiálise https://www.youtube.com/watch?v=UR9Qf36dnwI https://www.youtube.com/watch?v=UR9Qf36dnwI Hemodiálise: Acesso vascular Hemodiálise: Capilar ou Filtro Hemodiálise: Dialisato ou “banho de diálise” É a solução de diálise: ✓ Água isenta de contaminantes químicos e partículas em suspensão, ✓ Na, K, Mg, Ca, bicarbonato de sódio, glicose. Difusão: maior responsável pela remoção de solutos Membrana semi-permeável dialisatosangue Princípios da Hemodiálise Ultrafiltração: transporte de água HH22OO HH22OO HH22OOHH22OO HH22OO Pressão hidrostática HH22OO HH22OO HH22OOHH22OO HH22OO Convecção dialisatosangue Princípios da Hemodiálise Diálise Peritoneal É uma modalidade de diálise que utiliza a membrana peritoneal para realizar trocas entre o sangue e a solução de diálise. Diálise peritoneal: manual prático: uso diário e hospitalar. Osvaldo Merege Vieira Neto, Hugo abensur. 2ª ed. São Paulo: Livraria Balieiro, 2016. FONTE: http://www.manualmerck.net/images/p_628.gif 1,5% de glicose 2,5% de glicose 4,25% de glicose Realizada diariamente Princípios da Diálise Peritoneal Membrana semi-permeável (peritôneo) dialisatosangue Difusão HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO HH22OO Osmose 1. Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD) 2. Diálise Peritoneal Automatizada (DPA) Diálise Peritoneal Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD) 1. Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD) 2. Diálise Peritoneal Automatizada (DPA) Diálise Peritoneal Diálise Peritoneal Automatizada (DPA) Diálise Prevalência de desnutrição A prevalência de desnutrição energético-proteica é elevada nos pacientes submetidos à diálise: A desnutrição energético-proteica está altamente relacionada com a mortalidade nesta população. Avesani CM, Kidney Int, 2006 23% a 76% Desnutrição energético-proteica • Uremia; • Anemia; • Redução do paladar; • Dietas muito restritas e pouco palatáveis; • Doenças associadas; •Medicamentos; • Aspectos sociais, emocionais e psicológicos; • Diálise insuficiente ou inadequada. Redução da ingestão alimentar Outras causas • Perda de nutriente no processo dialítico; • Acidose metabólica; • Presença de comorbidades. • Absorção contínua de glicose; • Pressão intraperitoneal; • Sensação de plenitude gástrica e saciedade; • Peritonites: perda proteica e hipercatabolismo. DP Indivíduos com DRC e Obesidade 40 a 60% - CAPD 20 a 30% - HD Unifesp, 2009. Obesidade em indivíduos em diálise ➢Principalmente no primeiro ano de terapia • Redução ou ausência dos sintomas urêmicos ➢Aporte de glicose da bolsa (peritoneal) População geral Hemodiálise Kalantar-Zadeh et al, Am J Clin Nutr 2005 e Kidney International Reports 2017 Obesidade x Mortalidade Obesidade em indivíduos em diálise: protetora? ➢Hipótese: Situações catabólicas • Tecido gorduroso energia • Poupa a massa muscular ➢ Piora na qualidade de vida, ➢ Associação com eventos cardiovasculares, ➢ Contraindicação para o transplante renal (maior risco de complicações cirúrgicas). ➢ Tratamento do indivíduo com obesidade deve ser analisado com cautela. Johansen KL, et al, Am J Clin Nutr, 2006 Sanches FM, et al, Am J Kidney Dis, 2008 Elsayed EF, et al, Am J Kidney Dis, 2008 Kuo JH, et al, J Surg Res, 2012 Obesidade em indivíduos em diálise TERAPIA NUTRICIONAL RECOMENDAÇÃO DE ENERGIA K/DOQI, 2000 Recomendação de energia e macronutrientes < 60 anos 35 kcal/kg/dia ≥ 60 anos 30 a 35 kcal/kg/dia Carboidratos 50 a 60% Gordura total 25 a 35% Gordura Saturada < 7% do VET Gordura poli-insaturada Até 10% do VET Gordura monoinsaturada Até 20% do VET ❖ GER não é diferente da população saudável. Cuppari L, Avesani CM, J Ren Nutr, 2004 Recomendação diária Energia na Diálise Peritoneal Caloria da bolsa em diálise peritoneal ➢Manutenção: descontar ➢Repleção: aporte adicional Análise da ingestão energética ➢Inquéritos alimentares (subestimação) • Apetite; • Variação de peso; • Variação de variáveis e indicadores antropométricos. Aumentar ingestão energética • Acrescentar óleo (soja, oliva, canola ou milho) nas preparações prontas; • Incentivar a ingestão de preparações com alta densidade energética; • Suplementos nutricionais específicos (HDmax®, Novasource Renal®, Dialy Care HP®). RECOMENDAÇÃO DE PROTEÍNA Perda de nutrientes para o dialisato Hemodiálise Diálise peritoneal Proteínas <3 g/sessão 5 a 15 g/sessão Aminoácidos 10 a 12 g/sessão 3 g/sessão Cuppari L et al, Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar, Unifesp 2000 Mitch, W.E.; Klahr, S. Handbook of nutrition and the Kidney, 2005. Peritonite: 50% a 100% 50-70% albumina Recomendação de proteínas K/DOQI. 2000 EBPG Guideline on Nutrition, Nephrol Dial Transplant. 2007 Proteínas (g/kg/dia) PAVB > 50% Manutenção (HD) 1,1 a 1,2 Manutenção (DP) 1,2 a 1,3 Repleção 1,2 a 1,5 Estimativa da ingestão proteica ➢Inquéritos alimentares; ➢Cálculo do equivalente proteico de aparecimento de nitrogênio (PNA). POTÁSSIO Hiperpotassemia ou Hipercalemia ➢Potássio sérico > 5,5 mEq/L • arritmias cardíacas ↓ excreção de potássio SÓDIO LÍQUIDOS ➢ Restrição de sal/sódio • Ajuda no controle da hipertensão • Reduz a sede ➢ Ganho de peso interdialítico (GPID) • Hipertensão, • Insuficiência cardíaca, • Taxa de mortalidade, • Sintomas na máquina (hipotensão, cãibras, náuseas, cefaleias) EBPG Guideline on nutrition, Nephrol Dial Transplant. 2007 Smith K, et al, J Ren Nutr, 2010 Sódio e Líquidos ➢ Sódio/sal • Sódio 2000 a 2300 mg/dia • Sal 5 a 6 g/dia ➢ GPID • 4 a 4,5 % do peso seco ➢ Líquidos • 500 mL + diurese residual de 24 horas Recomendação EBPG Guideline on Nutrition, Nephrol Dial Transplant. 2007 Líquidos ➢Água ➢Gelo ➢Café ➢Chá ➢Leite ➢Refrigerante ➢Melancia/Melão ➢Gelatina ➢Suco ➢Sopa Dicas para diminuir a sede ➢ Evitar sucos e refrigerantes adoçados; ➢ Tomar água bem gelada; ➢ Chupar pequenas pedras de gelo; ➢ Diminuir o tamanho dos copos e xícaras FÓSFORO O que é hiperfosfatemia ? Fósforo sérico > 5,5 mg/dL • Coceiras em todo o corpo • Dores e fraqueza nos ossos • Calcificação: coração, pulmão, vasos sanguíneos infarto e morte O que o aumento do fósforo pode causar? P Causas de Hiperfosfatemia Remodelação óssea Remoção insuficienteVitamina D Vitamina D Quelantes de fósforo Uso inadequado Ingestão acima das recomendações Calcitriol Balanço de fósforo Diálise Geração de fósforo = Remoção de fósforo Absorção intestinal Ingestão P Quelantes de P Remodelação óssea Hou SH, et al. Am J Kidney Disease, 1991. Sedlaacek M, et al. Am J Kidney Dis. 2000. Hemodiálise Diálise Peritoneal ~ 900 mg/sessão ~ 423 mg/dia ~ 385 mg/dia Controle na ingestão de P Balanço de fósforo Diálise Geração de fósforo = Remoção de fósforo Absorção intestinal Ingestão P Quelantes de P Remodelação óssea Alimentos com elevado teor de fósforo Alimento Quantidade (g) Medida caseira Fósforo (mg) Leite 150 1 copo americano 140 Queijo prato 30 2 fatias finas 153 Iogurte natural 120 1 pote pequeno 143 Leite e derivados Absorção ~ 80% Alimentos com elevado teor de fósforo Alimento Quantidade (g) Medida caseira Fósforo (mg) Boi 85 1 bife médio 156 Frango 80 1 filé médio 238 Fígado (boi) 85 1 bife médio 357 Peixe (merluza) 84 1 filé médio 229 Sardinha 34 1 unidade 197 Ovo inteiro 50 1 unidade 92 Carnes e ovos Absorção 73 a 80% Alimentos com elevado teor de fósforo Alimento Quantidade (g) Medida caseira Fósforo (mg) Feijão cozido 154 1 concha média 116 Soja cozida 54 5 colheres de sopa 130 Amendoim 50 1 pacote pequeno 253 Castanha de caju 40 1 punhado 238 Leguminosas e oleaginosas Absorção ~ 38% Fósforo no alimento AditivoNatural Fosfatos orgânicos Sais inorgânicos de fósforo Aditivos à base de fósforo Biodisponibilidade Fósforo proveniente dos aditivos ~ 100% Alimentos Carnes reestruturadas (nuggets®, hambúrgueres) Embutidos (frios, lingüiças e salsichas) Leites UHT Bolos prontos Biscoitos recheados Mistura para preparações Queijos processados Refrigerantes à base de cola Refresco em pó Macarrão instantâneo Sertori G, et al (dados não publicados) Aditivos de P nos produtos brasileiros Sertori G et al , 2013 (dados não publicados) www.fosforo.nut.epm.br ✓ Outras carnes: sardinha, frutos do mar, miúdos (fígado, coração, moela, bucho), linguiça, salsicha e presunto, mortadela, salame, peito de peru ✓ Amendoim e preparações à base de amendoim (paçoca, pé-de-moleque, creme de amendoim), castanha de caju, nozes ou avelã; ✓ Refrigerante à base de cola (Coca-Cola® e Pepsi-Cola®) ✓ Cerveja ✓Alimentos que contêm aditivos à base de fósforo Alimentos ricos em fósforo e que podem ser evitados na ingestão habitual RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS Diretrizes Brasileiras de Prática Clínica para o Distúrbio Mineral e Ósseo na Doença Renal Crônica (2012) Recomendações para pacientes em diálise Proteína Fósforo 1,1 – 1,2 g/kg/dia 800 – 1000 mg/dia Ralação fósforo e proteína Morimoto y, 2014 O QUE FAZER???? ✓ Priorizar alimentos com menor relação P/Proteína ✓Utilizar Quelantes de fósforo mg Fósforo / g Proteína Leite 29 Gema de ovo 29 Queijo 20 Ovo inteiro 14 Peixe 10 Frango 9 Carne Bovina 6 Clara de ovo 1,1 Cuspiti A et al. J Nephrol 16:29, 2003 Relação Fósforo/Proteína Quelantes de fósforo Liga-se ao fósforo do alimento no TGI Composto insolúvel não-absorvível Eliminado pelas fezes Quelantes de fósforo Quelante Poder quelante Vantagens Desvantagens Carbonato de cálcio (40% de cálcio elementar) Baixo Baixo custo Constipação, Hipercalcemia e calcificação metastática Acetato de cálcio (25% de cálcio elementar) Moderado Maior poder quelante com oferta de cálcio menor que o carbonato de cálcio Contipação, náuseas, hipercalcemia e calcificação metastática Cloridrato de sevelamer ModeradoNão contém alumínio ou cálcio Diarreia ou constipação, flatulência, náusea e dispepsia Karp H et al. Ren Nutr Forthcoming. 2011 Prescrição de Quelantes ➢Refeições que contenham alimentos com elevado teor de fósforo; ➢Adequar a quantidade de quelante à quantidade de fósforo da refeição; ➢Ingerir durante a refeição; ➢Lanches que contenham fósforo. Resumo: Tratamento Conservador ➢ Energia: adequar; ➢ Proteína: hipoproteica; ➢ Potássio: orientar controle quando necessário; ➢ Sal: orientar controle da ingestão. ➢Energia: adequar (ver a bolsa na DP); ➢Proteína: hiperproteica; ➢Potássio: orientar controle de forma individualizada; ➢Sal: orientar reduzir ingestão de alimentos ricos; ➢ Líquidos: orientar controle; ➢ Fósforo: orientar controle da ingestão de alimentos ricos em fósforo e uso adequado do quelante. Resumo: Diálise Nós Comemos! “Comida também tem a ver com prazer, comunidade, família e espiritualidade, com nossa relação com o mundo natural e com a expressão de nossa identidade.” Michael Pollan Caso Clínico para discussão... Sr. C.A.S., 52 anos, masculino, casado, escriturário, natural de São Paulo. Refere ser hipertenso há 15 anos. Foi encaminhado pelo nefrologista à equipe de nutrição do Ambulatório de Nefrologia. Paciente relata que descobriu a DRC há 8 meses, ou seja, a DRC já foi diagnosticada e ele vem fazendo acompanhamento médico com o nefrologista. No período desta primeira consulta com o nutricionista o Sr. C. A. S. encontra-se com DRC estadio 4 (Taxa de filtração glomerular estimada pelo CKD-EPI: 19 mL/min/1,73 m2. Dados antropométricos: Peso = 70 kg Estatura = 1,74 m Adequação da CMB = 91,2% Adequação PCT = 94% Circunferência da cintura = 94 cm Exames Laboratoriais Resultado Referências Creatinina sérica 3,5 mg/dL 0,8 a 1,2 mg/dL Ureia sérica 131 mg/dL 10 a 45 mg/dL Potássio sérico 5,8 mEq/L 3,6 a 5,0 mEq/L Albumina sérica 4,1 mg/dL 3,4 a 4,8 g/dL Fósforo sérico 4,0 mg/dL 2,4 a 4,6 mg/dL Taxa Filtração Glomerular estimada: 19 mL/min/1,73 m2 Recordatório de 24 horas Café da manhã 300 mL leite integral 80 mL café com açúcar 1½ unidade pão francês 3 fatias finas de mortadela Almoço 3 colheres grandes de arroz 2 conchas médias de feijão 2 bifes médios 1 pires (chá) salada de chuchu 2 laranjas pêra Lanche da tarde 1 copo (350 mL) de limonada com açúcar 1 pão francês 2 fatias finas de queijo prato 1 banana nanica Jantar 3 colheres grandes de arroz 2 conchas médias de feijão 1 bife médio 1 ovo frito 1 lata (350 mL) guaraná Aconselhamento dietético ou plano alimentar... Obrigada! Bruna De Vico Ribeiro brunadevico@gmail.com São Paulo, 2018
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