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ENDOCARDITE INFECCIOSA REPOSIÇÃO APG: S5P2 “É COUVE-FLOR” INTRODUÇÃO A endocardite é o processo infeccioso geralmente bacteriano, mas que também pode ser causada por fungos. É caracterizada pela formação de vegetações em endocárdio ou estruturas de natureza proteica intracardíacas. É uma doença comum, que cursa com amplo espectro clínico e alta taxa de mortalidade (em torno de 25%), dependendo do agente etiológico. Afeta mais comumente o sexo masculino, podendo acometer estruturas cardíacas normais, sem lesão prévia. FATORES DE RISCO Valvopatias (doença reumática, alterações degenerativas, prolapso mitral com insuficiência valvar e espessamento significativo do folheto). Prótese valvar. Shunts ou condutos sistêmico-pulmonares. Passado de endocardite. Cardiopatia congênita cianótica. Uso de drogas intravenosas. Uso de dispositivos implantados(marcapasso, cardiodesfibrilador, cateter venoso central). Imunossupressão, diabetes mellitus. ETIOLOGIA CLASSIFICAÇÃO Tipo de valva acometida: Pode ser nativa ou protética, que ainda é sub- dividida em precoce de até 1 ano ou tardia após 1 ano da colocação da prótese Evolução da doença: A endocardite infecciosa pode ser aguda, quando tem menos de 6 semanas. Geralmente é causada por organismos altamente virulentos que produzem lesões necróticas, ulcerativas e destrutivas. São lesões difíceis de cura e normalmente precisam de cirurgia. Quando possui mais que 6 semanas, é chamada de subaguda, podendo persistir por um curso de meses e a cura frequentemente é obtida com antibióticos. Aquisição da infecção: A EI por ser adquirida na comunidade, comunidade relacionada a procedimentos hospitalares ou nosocomial. Semelhante à pneumonia nosocomial, para possuir a EI ser encaixada nessa classificação é necessário que os sintomas tenham aparecido após pelo menos 48h após admissão hospitalar. PATOGENIA Presença de lesão valvar ou endotelial Formação de vegetação trombótica não bacteriana no local da lesão. Se houver bacteremia transitória, há colonização e aderência de bactérias circulantes na vegetação trombótica, com consequente multiplicação e formação da vegetação bacteriana (séptica). Essa lesão característica da doença leva à destruição valvar, invasão local com formação de abscessos, aneurisma e embolias sépticas sistêmicas. A bacteremia persistente predispõe à formação de imunocomplexos e vasculite sistêmica, resultando em fenômenos imunológicos e vasculares. COMPLICAÇÕES Embolia: Vegetações menores de 15 mm, sobretudo causadas por S. aureus e acometendo a valva mitral, são as associadas a maior risco de embolização. Nas embolias sépticas de endocardites de câmaras esquerdas: cérebro e baço são os sítios mais afetados. Já endocardite de câmaras direitas e associada a dispositivos invasivos: pulmão é o sítio mais comum Abcesso: Ocorre em 10% a 40% dos casos, acometendo valvas ou próteses aórticas e estando comumente associado ao S. aureus. Pela proximidade com o nó atrioventricular, pode haver evolução para bloqueio atrioventricular. Insuficiência cardíaca: A insuficiência cardíaca está associada à destruição valvar ou protética, sendo considerada uma emergência cirúrgica. Agravamento de lesão valvar prévia QUADRO CLÍNICO Podem também estar presentes fenômenos vasculares e imunológicos: nódulos de Osler, manchas de Roth e lesões de Janeway (sinais bastante sugestivos de EI), glomerulonefrite, petéquias em conjuntiva, mucosa oral e extremidades, hemorragia subungueal. DIAGNÓSTICO Critérios de Duke: Dois critérios maiores, ou um maior e três menores, ou cinco menores. TRATAMENTO É baseada na antibioticoterapia, que deve começar o quanto antes, de forma empírica de acordo com a suspeita do microrganismo assim que for colhido as hemoculturas. Os antibióticos devem ser administrados via intravenosa, com agentes bactericidas e utilizando combinações sinérgicas. Após resultado do antibiograma do germe isolado em cultura, a antibioticoterapia deve ser ajustada para a sensibilidade do patógeno. A duração do tratamento vai variar de acordo com o tipo de valva, com duração de 4 semanas se valva nativa e de 6 a 8 semanas se prótese valvar TRATAMENTO CIRÚRGICO É indicado em diversas condições e é cogitado em EIgraves, prolongas ou com lesões irre-versíveis impactantes Bacteremia persistente: hemoculturas positivas após sete dias de antibioticoterapia. Insuficiência cardíaca por regurgitação valvar aguda grave. Infecção não controlada localmente, presença de complicações. Vegetações > 20 mm em valva tricúspide. Agentes muito destrutivos ou pouco responsivos ao tratamento (como fungos, S. aureus). REFERÊNCIAS BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo, patologia. In: Bogliolo, patologia. 2006. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. In: Semiologia médica. 2009. Robbins & Cotran. Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 9a edição, Elsevier, 2017. Tarasoutchi F; Montera MW; Grinberg M; Barbosa MR; Piñero DJ; Sánchez CRM et al. Diretriz Brasileira De Valvopatias – Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2011/I Diretriz Interamericana de Valvopatias – SIAC, 2011. Arqbrascardiol, 2011. Habbib G. Guidelines For The Management Of Infective Endocarditis: The Task Force For The Manage- ment Of Infective Endocarditis Of The European Society Of Cardiology. European Heart Journal, 2015 Sexton, Daniel et al. Epidemiology, risk factors and microbiology of infective endocarditis. Uptodate, 2013.
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