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Anamnese Na identificação do paciente, informações úteis podem ser obtidas. Assim acontece em relação à idade, bastando lembrar as faixas etárias em que, com mais frequência, ocorrem os vários tipos de doença reumática: a febre reumática, dos 5 aos 15 anos; a doença reumatoide, dos 20 aos 40 anos; o lúpus eritematoso sistêmico, entre 20 e 40 anos; a gota, após a quinta década. Quanto ao sexo, sabe-se que o lúpus eritematoso disseminado, a doença reumatoide, a esclerose sistêmica progressiva, os nódulos de Heberden e a osteoporose são mais frequentes no sexo feminino, enquanto a espondilite anquilosante, a gota e a poliarterite nodosa predominam no sexo masculino. Não se deve esquecer, contudo, que algumas doenças reumáticas não apresentam prefe- rência quanto ao sexo, como é o caso da moléstia reumática, das artroses em geral e da lombociatalgia. Conhecer a ocupação do paciente pode ser útil no raciocínio diagnóstico; assim, não é rara, nas lavadeiras, a síndrome do túnel do carpo; nos digitadores, a tendinite do ombro; nos tenistas, a epicondilite; nas pessoas que se mantêm, por longos períodos, sentadas ou trabalham em má postura, a lombalgia. Na história da doença atual (HDA), a duração da queixa articular tem significado clínico: menos de 1 mês na febre reumática, podendo durar anos na doença reumatoide; o modo de início (insidioso na doença reumatoide, abrupto na gota e na bursite); a presença de sinais e sintomas inflamatórios (dor, calor, rubor e edema), nos processos reumáticos em atividade; crepitação ou estalidos nos processos degenerativos; e apenas artralgias na maioria das colagenoses. Fundamentalmente, na história da doença atual, deve-se explorar mais minuciosamente o sintoma dor, que pode ser aguda (gota, bursite), surda (artrose), localizada (doença reumatoide) e com irradiação para o trajeto do nervo comprometido (cervicobraquialgia ou lombociatalgia). Além da dor, indagar sobre a presença ou não de rigidez pós- repouso, acompanhante habitual dos reumatismos de natureza inflamatória e degenerativa; nos primeiros, persiste durante horas, enquanto, nos degenerativos (artroses), cede rapidamente. A ocorrência de manifestações sistêmicas (febre, anorexia, perda de peso, fraqueza) também precisa ser esclarecida ao se obter a história do paciente, bem como os tratamentos realizados, a evolução, o comprometimento extra-articular, os an- tecedentes pessoais e familiares, dos quais são obtidas informações de grande utilidade na elaboração do diagnóstico. Exame Físico A coluna divide-se em segmentos cervical, torácico, lombar e sacral. O segmento cervical tem curvatura lordótica e realiza movimentos de flexão, extensão, rotação direita, rotação esquerda, inclinação lateral direita e inclinação lateral esquerda. A coluna torácica tem curvatura cifótica e sua movimentação é muito restrita e, por isto, é pouco útil do ponto de vista semiológico. A coluna lombar tem curvatura lordótica e é o segmento mais móvel da coluna, responsável pela maior parte da mobilidade do tronco, realizando flexão, extensão, rotação esquerda e direita e lateralidade esquerda e direita. A abordagem da coluna deve ser feita em três planos: frontal (anterior e posterior) e sagital. Na frontal, seja anterior ou posterior, deve- se observar a simetria das cinturas escapular e pélvica, o ângulo toracolombar, o alinhamento dos membros inferiores, a orientação das patelas e, finalmente, o posicionamento dos pés. O desnivelamento das escápulas pode sugerir desvios de lateralidade (escoliose); o desnivelamento da cintura pélvica sugere uma discrepância no comprimento dos membros inferiores; as patelas, quando têm orientação interna, sugerem alteração na anteroversão do colo femoral; os pés devem ser observados quanto ao alinhamento dos calcâneos (visão frontal posterior) e quanto à presença ou não dos arcos plantares. No plano sagital, ou de perfil, deve-se observar o grau das lordoses lombar e cervical, assim como a cifose torácica. Além de observar as curvas, verifica-se também o posicionamento da pelve em relação à linha de gravidade, se há retroprojeção ou anteroprojeção da pelve. Nesse plano também deve ser observado, nos membros inferiores, a presença ou não do genu recurvatum, importante nos desvios posturais. Deve-se observar o triângulo de Tales, quando apresenta alguma alteração, sua angulação muda e torna a coluna assimétrica. O Exame físico é feito como um todo de preferencia em pé e de acordo com o biótipo de cada paciente. Inspeção: verifique a postura do paciente ao entrar na sala, inclusive a posição do pescoço e do tronco. Avalie se a posição da cabeça do paciente está ereta, a coordenação e a uniformidade da movimentação do pescoço, e a facilidade de deambulação. Cubra o paciente com um lençol, ou faça-o vestir um roupão, de modo a expor todo o dorso para a inspeção completa. Se possível, o paciente deve ficar de pé, na posição mais natural possível – com os pés unidos e os braços ao lado do corpo. A cabeça deve estar na linha média, no mesmo plano do sacro, enquanto ficam nivelados os ombros e a pelve. Inspecione o paciente por um dos lados e por trás. Avalie as curvaturas da coluna vertebral. Inspecione o paciente de costas para você e procure identificar os seguintes marcos: o Processos espinhosos, em geral mais proeminentes em C VII e T I e mais evidentes à flexão para diante; o Músculos paravertebrais de cada lado da linha média; o Cristas ilíacas; o Espinhas ilíacas posterossuperio- res, marcadas geralmente por depressões (“covinhas”) na pele. Na inspeção estática observar se existe algum tipo de assimetria muscular, desvios, tumorações, alterações no tegumento e outras alterações que indique alguma a presença alguma má formação associada. Já na inspeção dinâmica observar os movimentos de amplitude, e peça que o paciente faça alguns movimentos para analise de cada um deles. Amplitude de movimento do pescoço: avalie a flexão, a extensão, a rotação e a inclinação lateral. Amplitude de movimento da coluna vertebral: avalie a flexão, a extensão, a rotação e a inclinação lateral. Palpação: Na região cervical deve haver a palpação das partes moles do trígono anterior, palpando em toda sua extensão o músculo esternocleidomastoide, quando palpado algum linfonodo ao redor do músculo, é significativo de infecções respiratórias do trato superior. Palpa-se a glândula tireoide, e a fossa supra-clavicular em busca de cistos, irregularidades ou tumorações, além de palpar o pulso carotídeo em ambos os lados. Com o paciente sentado ou de pé, palpe os processos espinhosos de cada uma das vértebras com o polegar. No pescoço, palpe os processos articulares das articulações localizadas entre as vértebras cervicais 1 a 2 cm lateralmente aos processos espinhosos de C II a C VII (essas articulações podem não ser palpáveis), a procura de dor, crepitações ou desalinhamento. Na região lombar, palpe vértebras fora de alinhamento, para ver se um processo espinhoso apresenta proeminência (ou retração) incomum em relação ao processo acima dele. Identifique se ocorre dor à palpação. Palpe a articulação sacroilíaca, identificada frequentemente por uma concavidade sobre a espinha ilíaca posterossuperior. A coluna vertebral pode ser percutida com a superfície ulnar do punho, não com muita força, para pesquisar se existe hipersensibilidade. Inspecione e palpe os músculos paravertebrais, pesquisando espasmo e hipersensibilidade. Com o paciente mantendo o quadril flexio- nado e deitado sobre o lado oposto, palpe o nervo isquiático. O nervo ciático situa-se entre o trocânter maior e a tuberosidade isquiática,conforme avança através da incisura isquiática. Algumas alterações podem ser observadas durante a inspeção e palpação do paciente do paciente. Alterações da coluna cervical 1. Torcicolo espasmódico, geralmente encontrado em pacientes adulto-jovens, o pescoço fica lateralizado porque a região da musculatura cervical encontra-se antálgica, o que leva a essa posição lateralizada do pescoço. 2. Assimetria na fossa clavicular, causado por aumento de linfonodo, sugerindo neoplasias. 3. Torcicolo congênito: uma contratura do músculo lateral do pescoço, que, em geral, se manifesta no período neonatal ou em lactentes jovens. 4. Sinal de Rust: Sinal indicativo de lesão destrutiva ou maligna das vértebras cervicais. Alterações da coluna toracó-lombar 1. Desvios patológicos da coluna: 2. Cifoescoliose: desvio duplo posterior e lateral da coluna vertebral. 3. Posição do esquiador: 4. Doença de Sprengel: escapula hipoplásica e elevada em relação a contralat com rotação medial do seu pólo inferior. 5. Síndrome de Tietze: é a inflamação de uma ou mais cartilagens costais, principalmente a esternocostal. Exame neurológico das raízes cervicais: Intuito de conhecer qual raiz foi atingido e está causando a dor. Nível neurológico de C5: Testa a força dos flexores do cotovelo (pede-se ao paciente que abduza o braço, 60 e 90 graus e mantenha essa posição, enquanto o examinador exerce uma pressão para baixo sobre o cotovelo), a sensibilidade na região lateral do braço e percute o tendão bicipital para avaliação do reflexo. Nível neurológico de C6: Testa a força dos extensores do punho (pede-se ao paciente que estande o punho e flexione o cotovelo a 90° enquanto o braço é mantido bem ao lado. O examinador estabiliza o antebraço com uma das mãos e exerce uma pressão para baixo com a outra mão), a sensibilidade no 1° quirodáctilo e percute o estiloide do rádio para avaliar o reflexo braquioradial. Nível neurológico de C7: Testa a força dos extensores dos dedos, os flexores do punhosensibilidade do 3° Quirodáctilo e percute o tendão tricipital para avaliação do reflexo tricipital. Nível neurológico de C8: Testa a força do flexor profundo o 3° dedo e a sensibilidade do 5° quirodáctilo e não há reflexos. Nível neurológico de T1: Testa a força dos abdutores dos dedos, a sensibilidade na face medial do cotovelo. Exame neurológico das raízes lombares: Permite a identificação do nível da lesão neurológica. Nível Neurológico L2-L4: testa a força dos músculos adutores, sensibilidade na parte lateral da coxa anterior, e reflexo dos adutores. Reflexo dos adutores: Nível neurológico L4: testa a força do músculo tibial anterior, a sensibilidade na porção medial da perna, e o reflexo é patelar. Reflexo Patelar: Nível Neurológico L5: testa a força do músculo extensor longo do hálux, a sensibilidade na porção lateral da perna e no dorso do pé, não possui reflexo. Nível neurológico de S1: testa a força dos músculos fibulares laterais, longo e curto, a sensibilidade na porção lateral do pé e o reflexo é o aquileu. Reflexo Aquileu: Manobras/testes especiais da coluna cervical: Teste de distração: o terapeuta se posiciona por trás do paciente e com uma das mãos na região do queixo e outra na região do occipto. O terapeuta realiza uma tração sustentada por no mínimo 5 segundos e questiona o paciente se ele sente alívio dos sintomas manifestados durante o teste da compressão. Teste de compressão: compressão progressiva da cabeça pode ocasionar um aumento da dor cervical, devido ao estreitamento foraminal. Manobra de Spurling: dor irradiada ou parestesia com a extensão da cabeça e rotação leve da mesma (reprodução da dor radicular). Teste específico, porém pouco sensível. Sinal de Lhermitte: sensação de choque descendente com parestesias em mãos e/ou pernas durante a flexão cervical forçada, sugestivo de mielopatia. Manobra de Vasalva: Peça ao paciente para reproduzir uma ação de forçar uma evacuação ou tossir. Essa ação poderá desencadear uma reação dolorosa. Teste de Deglutição: Pede-se ao paciente que faça a ação de deglutir. Dor ao deglutir pode ser indicio de patologias na coluna cervical. Teste da arteria vertebral: O terapeuta deverá se posicionar junto à maca, segurando a cabeça do paciente em extensão e inclinando-a e rodando-a para um dos lados por no mínimo 30 segundos. Nesse momento, o terapeuta deverá questionar ao paciente quanto ao aparecimento de vertigem, visão “embaralhada”, nistagmo ou sensação de vômito ou enjôo, o que será indicativo de diminuição da patência das artérias vertebrais que atravessam os forames vertebrais na região da cervical e ascendem até a cabeça. Teste de Adson: palpação do pulso radial com o cotovelo estendido faz-se a abdução, extensão e rotação externa do membro superior, após realiza-se inspiração profunda com rotação ipsilateral do pescoço. A diminuição/ausência do pulso caracteriza um teste positivo, sugestivo de síndrome do desfiladeiro torácico. Exame neurológico da coluna toraco- lombar: Teste de Adams: flexão da coluna ou curvar a coluna para frente. Teste de Schober: A manobra consiste em observar a variação da distância entre dois pontos marcados na coluna lombar entre a posição neutra e a flexão anterior máxima do tronco. Marca- se um ponto sobre a linha mediana da coluna vertebral no nível das espinhas ilíacas posterossuperiores. Dez centímetros acima e cinco abaixo do primeiro ponto marcam-se mais dois pontos. Se a variação da distância entre o ponto proximal e o distal for inferior a 6 centímetros, o teste é considerado positivo, o que indica limitação da amplitude da flexão anterior da coluna lombossacra. Teste de Lasegue: A manobra consiste na elevação passiva da perna estendida. O paciente pode referir dor no membro inferior, no quadril ou na coluna lombossacra. A dor irradiada para o membro inferior que aparece pode significar irritação radicular lombar. Na radiculopatia de L5 ou S1 este teste reproduz a dor no membro inferior com graus variados de elevação do membro. Teste de Nachlas: com o paciente em decúbito ventral, aproxime o calcanhar da nádega do mesmo lado. Teste de Patrick Fabere: com o paciente em decúbito dorsal, coloca-se o pé do lado acometido sobre o joelho oposto. A articulação coxo-femoral estará fletida, abduzida e rodada externamente. O examinador, com uma das mãos, estabiliza o quadril e com a outra aplica força sobre o joelho. O aumento ou reprodução da dor lombar é sugestivo de acometimento da articulação sacroilíaca. Teste de Hoover: Solicita-se a elevação do membro inferior a ser testado enquanto o examinador apoia os membros pelos calcanhares. Normalmente o avaliado realiza força para baixo com o membro oposto ao que está elevando.