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atvidade "o caso gabriel fernandez"

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Documentário “O Caso de Gabriel Fernandez”
	A série documental “O Caso de Gabriel Fernandez”, lançado pela plataforma Netflix em 2020, conta a história do menino Gabriel Fernandez, que aos 8 anos de idade foi brutalmente torturado e assassinado pela mãe e seu namorado, em Palmdale, uma cidade localizada no estado norte-americano da California, e que não se restringe em apenas mostrar os abusos sofridos pela criança, mas também contempla a negligência de um sistema que poderia ter evitado a morte do menino. 
Gabriel nasceu dia 20 de fevereiro de 2005, e desde então morava com o tio e seu companheiro, pois sua mãe, Pearl, não o queria, e seu pai, Arnold, estava preso. Mas após um ano e meio, foi morar com os avôs maternos, pois seu avô, Robert, não aceitava que seu neto fosse criado por um casal homoafetivo. Segundo relatos de parentes, Gabriel sempre foi uma criança carinhosa, alegre, que ia bem na escola, mas em 2012 isso mudou, Pearl havia pegado o filho para morar com ela e seu namorado, Isauro, segundo o documentário, ela teria pego os filhos para morar com ela pelo dinheiro que receberia do auxílio. A partir desse momento Gabriel começou a sofrer uma série de abusos, além de ser espancado diariamente, ele era trancado dentro de um armário e obrigado a passar boa parte de seu tempo lá, deixavam o menino passar fome, e quando reclamava, sua mãe e o padrasto obrigavam ele a comer areia suja de gato, além de constantemente apagarem cigarros nele, deixando várias cicatrizes, cometendo tudo isso com a justificativa de que Gabriel era gay.
Gabriel viveu uma série de horrores, sofrendo violência todos os dias, Segundo a Organização Mundial da Saúde, a violência é definida como sendo “usa da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.” (2002, p.5). Existem vários tipos de violências, e Gabriel sofreu mais de uma, como a violência física, violência psicológica e a negligência. Quando era espancado, seja com um taco que o padrasto usava, ou socos que tanto Isauro quanto Pearl davam na criança, deixando lesões por todo o corpo, Gabriel sofria a violência física, ou seja, o uso da força física intencional, por parte de uma pessoa contra a outra, quando Gabriel era constantemente humilhado, xingado e rejeitado, ele sofria violência psicológica, privando-o de afeto, atenção, bem-estar e conforto, quando o deixavam sem cuidados básicos, como comer por exemplo, era negligência, deixando de promover as necessidades básicas para seu desenvolvimento físico, emocional e social. (MACIEL e CRUZ, 2009; GONÇALVES, 2004) Apesar da concepção sobre a família perante o senso comum, em que o núcleo familiar deveria ser um lugar seguro e amoroso, não é sempre assim que acontece, estudos da área mostram que é dentro de casa que há o maior índice de violência contra a criança, “quando a comunidade cientifica reconheceu que certos ferimentos infligidos as corpos das crianças tinha como origem a agressão paterna ou materna, rompeu-se o grande ciclo da civilização que fez da família o centro e o núcleo da proteção à criança.” (GONÇALVES, 2004, p. 279)
Como mostrado no documentário, Gabriel foi uma criança bem resiliente, apesar da sequência de abusos que vivia sofrendo, ele nunca deixou de amar a mãe, isso fica nítido em uma das cenas, quando é mostrado um projeto de Dia das Mães em que Gabriel participou na escola. Gonçalves (2004) ressalta a ideia que de depende de um conjunto de fatores para determinar o impacto que a violência produzirá na vida da criança, entre eles: a própria natureza da violência, características da criança que pré-existem à violência, a natureza da relação entre agressor e vítima, a resposta social à violência sofrida e o apoio que a criança recebe por parte dos outros significativos, ou seja, a reação da criança não depende só da violência em si que sofreu, mas também, e em grande medida, do processo que tem curso após o evento violento. Gabriel sempre amou muito a mãe, conforme relatos no documentário, e além disso, sua personalidade antes da violência era de uma criança amorosa e alegre, o que pode ter interferido para a resiliência dele. 
Denúncias foram feitas, preocupações expostas, e vozes silenciadas, apesar de todos os ferimentos, sinais e denúncias, o sistema não ajudou Gabriel, inclusive, os profissionais envolvidos no caso que negligenciaram a ajuda à Gabriel foram processados, mas o caso veio a ser arquivado posteriormente. Perante a lei, a criança deveria ter sido protegida e provas eram o que não faltavam, porém houve uma grande falha, o que acabou resultando que Gabriel continuasse a sofrer uma série de violências. As possíveis intervenções em situações de atendimento que podemos pontuar, primeiramente seria o acolhimento dessa criança, e a prioridade passaria a ser ela, após isso, deveria ser feita uma denúncia para o órgão responsável. Se levarmos em consideração o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), podemos destacar certas intervenções, como o previsto no art. 98 da Lei 8.069/90, as medidas protetivas podem ser aplicadas caso os direitos das crianças e dos adolescentes forem ameaçados ou violados, seja por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, e também em razão de sua conduta. Gabriel não tinha apenas um dos seus direitos violados, mas vários, por isso seria o caso de aplicar medidas protetivas. Confirmado então que a criança estava em situação de risco, com a devida investigação, diferente da que foi realizado no caso de Gabriel por todos os assistentes sociais e policiais que averiguaram o caso, a autoridade judiciária poderia determinar qualquer uma das medidas previstas no art. 101 da Lei 8.069/90, como por exemplo, a colocação da criança em família substituta, acolhimento institucional ou familiar, etc. (BRASIL, 1990)
Uma outra lei que podemos citar nesse caso é a Lei Menino Bernardo (Lei 13.010/14), que estabelece o direito da criança e do adolescente de serem “educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.” (BRASIL, 2014) Assim como a tia-avô de Gabriel, Elizabeth, conta que talvez Isauro e Pearl tratavam a criança daquele jeito, pois queria arrancar a homossexualidade de Gabriel, batendo nele até ele deixar de ser gay. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990
BRASIL. Lei no 13.010, de 26 de junho de 2014. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 jun. 2014 
Gonçalves, H.S. (2004). Violência contra criança e o adolescente. In: Gonçalves, H.S.; Brandão, E.P. Psicologia Jurídica no Brasil.
Maciel, S.K.; Cruz, R.N. (2009) Violência psicológica contra crianças nas interações familiares: problematização e diagnóstico. In: Rovinski, S.L.R.; Cruz, R.N. Psicologia Jurídica: perspectivas teóricas e processos de intervenção.

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