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REFERENCIAL CURRICULAR 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL

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REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
 
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REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERENCIAL 
CURRICULAR PARA O 
1º SEGMENTO DO 
ENSINO FUNDAMENTAL 
REDE MUNICIPAL DE ENSINO 
CABO FRIO – RJ 
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REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 
 
Prefeitura Municipal de Cabo Frio 
Secretaria Municipal de Educação 
Departamento de Gestão Pedagógica – DEGEPE 
Serviço de Supervisão do 1º Segmento do Ensino Fundamental 
 
 
Prefeito 
Alair Francisco Correa 
 
 
Vice-Prefeito 
Silas Rodrigues Bento 
 
 
Secretária Municipal de Educação 
Juciara Noronha Dimas 
 
 
Diretor do Departamento de Gestão Pedagógica 
Roberto Jorge da Silva 
 
 
Divisão de Supervisão Escolar 
Vanderluce Santos Machado Faria 
 
 
Serviço de 1º Segmento do Ensino Fundamental 
Janaina Coelho da Costa Estrella Scherer 
 
 
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REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 
REFERENCIAL CURRICULAR PARA O 1º SEGMENTO DO ENSINO 
FUNDAMENTAL 
 
EQUIPE TÉCNICA 
 
Regina Célia de Jesus das Dores Santos 
Pedagogia - Coordenação e Redação 
 
Vânia de Almeida Duarte - Maria Carolina Viana Vieira 
Língua Portuguesa 
 
Marta Sportitsch 
Artes 
 
Fábio de Souza e Silva 
Educação Física 
 
Elizabethe Gomes Pinheiro 
Matemática 
 
Marcela de Souza Motta 
Ciências 
 
Markelly da Silva Caldas 
História 
 
Cyntia Viana dos Santos Almenara da Silva 
Geografia 
 
Maria Carolina Viana Vieira - Vinicius Fernandes Batista 
Carlos Augusto Cerqueira Xavier 
Revisão e edição 
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REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 
COMISSÃO DE DISCUSSÃO E ELABORAÇÃO DO REFERENCIAL 
CURRICULAR – CDERC 
 
 
Alexandra Regina de Souza Andrade 
Supervisão Escolar 
 
Carla de Souza Fernandes 
Supervisão Escolar 
 
Caroline dos S. Florentino de Barros 
Orientação Educacional 
 
Cheila Adriana Silva Mariano 
Professor 1º Segmento 
 
Cremilda das G. Pena Carneiro 
Serviço de Orientação Educacional 1º segmento 
 
Deise Trindade de Magalhães 
Inspeção Escolar 
 
Isamar Silveira Cartacho 
Supervisão Escolar 
 
Janaina Coelho da Costa Estrella Scherer 
Supervisão Escolar/Orientação Educacional 
 
Jaqueline de Andrade Pereira 
Inspeção Escolar/Direção Escolar 
 
Jaqueline Mota Barcelos 
Inspeção Escolar 
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Karina Dopazo 
Professor 1º Segmento 
 
Luciana de Andrade Guimarães 
Supervisão Escolar/Coordenação Municipal do PNAIC 
 
Maria Carolina Viana Vieira 
Professor 2º Segmento 
 
Maria Marli Magalhães Batista 
Professor 1º Segmento 
 
Marcilene Maria da Conceição Santos 
Inspeção Escolar 
 
Marta Dias Mello 
Supervisão Escolar 
 
Mirian Araujo Guimarães 
Supervisão Escolar 
 
Regina Aparecida Pereira Júlio 
Direção Escolar 
 
Regina Célia de Jesus das Dores Santos 
Serviço de Supervisão Escolar / SEME – Coordenação Geral 
 
Rita de Fátima de Souza Miranda 
Professor 1º Segmento 
 
Rita de Cassia Oliveira 
Supervisão Escolar 
 
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Silea Barbosa da Cruz Coutinho 
Supervisão Escolar 
 
Simone de Souza Ceppas 
Professor 1º Segmento 
 
Sonia Maria de Souza 
Professor 1º Segmento 
 
Vânia de Almeida Duarte 
Supervisão Escolar 
 
Vera Lucia Farias da Silva 
Professor 1º Segmento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GRUPOS DE DISCUSSÃO DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 
Supervisores Escolares/Componente Curricular 
 
Língua Portuguesa 
Janete Garcia de Freitas 
Lidiane Rodrigues Araujo 
Marcia Angélica C. Oliveira 
Maria Carolina Quintanilha de Souza 
Rosana Araujo 
Silvia Teresinha Mendes 
Vania de Almeida Duarte 
 
Leitura e Artes 
Fabiana Fernandes Aslan Lessa 
GeanePatricia Santos de Lima 
Gyrlaine Buarque Wanderley 
Maria Cristina de O. Chagas 
Martha Aparecida Rosa B. Carvalho 
Milena Peixoto M. Santos 
 
Educação Física 
Alexandra Regina de Souza Andrade 
Dijiane Alves C. Ribeiro Silva 
Joy Machado Romão 
Simone de Souza Mendonça 
Wânia Joaquim de Oliveira Duarte 
 
Matemática 
Cyntia Cristina de Brito Teixeira 
Elida Quintanilha de Souza 
Erika Lessa dos Santos 
Isamar Silveira Cartacho 
Ivana Pereira da Costa 
Vânia de Mello Rodrigues 
 
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Ciências da Natureza 
Ana Tavares Lima 
Jeconias Correa Leandro 
Luciana Avelino Cassiano 
Marcela Souza Motta de Mello 
Rosana Cavalcante Tanure 
Vanessa de Aguiar Menezes 
 
História 
Fernanda Louise de M. Oliveira 
Francine Elizabeth G. dos Santos 
Maria Edwirges Peixoto 
Raphaela Macedo dos Santos 
Siléa Barbosa 
Vanessa Soares de Oliveira Gama 
 
Geografia 
Ana Maria Nogueira C. de Araujo 
Danielle Martins Costa 
Jupiracira da Cruz 
Mirian Araújo Guimarães 
Rita de Cassia Oliveira C. de Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças 
 
Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade de aprender que 
é, em vocês, natural. 
Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos: 
que possibilitasse seu crescimento físico e sadio. Normal. 
Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a natureza, o 
ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo. Deus. 
Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela 
experimentação. 
E que dessas coisas lhes ensinasse não só o conhecer, como 
também a aceitar, a amar e preservar. 
Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a nossa 
história, a nossa terra de uma maneira viva e atraente. 
Eu queria uma escola que lhes ensinasse a usarem bem a nossa 
língua, a pensarem e a se expressarem com clareza. 
Eu queria uma escola que lhes ensinassem a pensar, a raciocinar, 
a procurar soluções. 
Eu queria uma escola que, desde cedo, usasse materiais concretos 
para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos 
matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedrinhas... só 
porcariinhas! Fazendo vocês aprenderem brincando...(...) 
Eu também queria uma escola que ensinasse a conviver, a 
cooperar, a respeitar, a esperar, a saber viverem em comunidade, em 
união. 
Que vocês aprendessem a transformar e criar. 
Que lhes dessem múltiplos meios de vocês expressarem cada 
sentimento, cada drama, cada emoção (...). 
 
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 
 
 
 
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PALAVRA DA SECRETÁRIA 
 
O momento histórico educacional do Brasil é desafiador. As transformações 
sociais, econômicas e políticas que vivenciamos requerem instituições e redes de 
ensino capazes de construir uma identidade educacional em meio a tantas 
mudanças; requerem práticas educativas que possibilitem a formação de cidadãos 
autônomos e competentes, para agir eficazmente nesta nova sociedade. 
Educar, formar cidadãos, encontrar o caminho para oferecer uma educação 
para todos e de qualidade não é tarefa simples, pois implica em mudanças 
estruturais, conceituais e ideológicas, que não se constituem no isolamento das 
teorias e ideias pré-concebidas academicamente, mas no estudo sistemático dos 
avanços em pesquisas educacionais, no conhecimento das demandas sociais 
atuais, na reflexão sobre o próprio fazer educativo e, no respeito e valorização dos 
saberes já incorporados pelos profissionais que fazem a educação no município. 
Construir uma identidade educacional em nível municipal envolve 
conscientização, coerência e coragem. Estamos cientes de que o sucesso do que 
propomos depende de toda a comunidade escolar, mas também dos gestores 
municipais, técnicos e especialistas que atuam na Rede Municipal de Ensino. 
Nossa expectativa é que este Referencial Curricular logre êxito em seu 
objetivo principal que é nortear as ações (e que sejam cada vez mais autônomas) de 
cada unidade escolar; redimensionando os Projetos Político Pedagógicos; 
redirecionando o olhar e contribuindo, de fato, para um novo tempo na educação 
municipal. 
É com imensa satisfação que lhes apresentamos o Referencial Curricular 
para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, fruto de intenso trabalho técnico de 
nossos profissionais educadores e do Departamento de Gestão Pedagógica da 
Secretaria Municipal de Educação (SEME) de Cabo Frio. 
Juciara Noronha Dimas 
Secretária Municipal de Educação 
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SUMÁRIO 
 
1. APRESENTAÇÃO .................................................................................... 21 
2. BREVE HISTÓRICO .................................................................................. 23 
3. FUNDAMENTO BÁSICO E PRINCÍPIO NORTEADOR ........................... 31 
 
3.1. O Direito à Educação Pública de Qualidade é o Fundamento 
Básico .................................................................................... 31 
 3.1.1. Os Dirigentes Municipais ........................................... 33 
 3.1.2. Os gestores das escolas ........................................... 34 
 3.1.3. Os Professores .......................................................... 35 
 3.1.4. A Equipe Técnico-pedagógica .................................. 35 
 3.1.5. Os Funcionários Administrativos e de Apoio ............. 36 
 3.2. A Ética é o Princípio Norteador .............................................. 37 
4. CURRÍCULO POR COMPETÊNCIAS ....................................................... 39 
 4.1. Currículo e formação humana ................................................ 39 
 4.2. Por que um Currículo por Competências? ............................. 40 
5. METODOLOGIA ........................................................................................ 43 
6. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ATUAL ........................................................ 47 
 6.1. Diversidade Cultural ............................................................... 48 
 6.1.1. Arte ............................................................................ 48 
 6.1.2. Educação Física ........................................................ 48 
 6.1.3. Ensino Religioso ........................................................ 48 
 6.1.4. História e Cultura Afrobrasileira e Indígena............... 49 
 
6.1.5. Temas Transversais: ética, saúde, orientação sexual 
e pluralidade cultural ................................................. 49 
 6.1.6. Educação Ambiental ................................................. 49 
 6.2. Educação Inclusiva ................................................................ 50 
 6.3. Educação do Campo .............................................................. 51 
 6.4. Educação em Tempo Integral ................................................ 52 
 
6.4.1. Campo Temático: Convivência, Identidade, 
Autonomia, Cooperação, Responsabilidade, Hábitos 
Higiênicos e Alimentares ........................................... 53 
 6.4.2. Componentes não disciplinares ................................ 54 
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REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 
 6.4.3. Atividades Diversificadas .......................................... 54 
 
6.4.3.1. Acompanhamento Pedagógico: 
Orientação de Estudos, Leitura e Campos 
de Conhecimento ....................................... 55 
 6.4.3.2. Tecnologia Educacional ............................. 55 
 6.4.3.3. Comunicação Social .................................. 56 
 6.4.3.4. Esporte e Lazer .......................................... 56 
 6.4.3.5. Sustentabilidade ......................................... 56 
 6.5. Alfabetização .......................................................................... 56 
 6.5.1. Alfabetização na perspectiva do Letramento ............ 58 
 6.5.2. Direitos de Aprendizagem para a Alfabetização ....... 60 
 6.5.3. Metodologia na Alfabetização ................................... 63 
 6.5.4. Objetivos para cada ano de escolaridade ................. 63 
 
6.5.4.1. 1º ANO DE ESCOLARIDADE: 
Apropriação do Sistema de Escrita 
Alfabética ................................................... 64 
 6.5.4.2. 
2º ANO DE ESCOLARIDADE: 
Consolidação da Leitura e da Escrita ........ 64 
 6.5.4.3. 
3º ANO DE ESCOLARIDADE: Domínio 
Autônomo da Leitura e da Escrita .............. 64 
 6.6. Perfil do Professor .................................................................. 65 
7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO .................................. 67 
 7.1. Organização do Tempo Escolar ............................................. 67 
 7.2. Planejamento ......................................................................... 68 
 7.2.1. Planejamento Anual .................................................. 68 
 7.2.2. Planejamento Trimestral ........................................... 69 
 7.2.3. Planejamento Semanal ............................................. 69 
 7.2.4. Planejamento Diário .................................................. 70 
 7.3. A Organização da Sala de Aula ............................................. 71 
8. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ......................................................... 73 
 8.1. Proposta Avaliativa da Rede Municipal .................................. 74 
9. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ............................................................... 79 
 9.1. Regime Escolar ...................................................................... 79 
 9.2. Organização Curricular .......................................................... 79 
 9.2.1. Áreas de Conhecimento ............................................ 79 
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 9.2.2. Eixos Norteadores..................................................... 80 
 9.2.3. 
Competências e Habilidades por Componente 
Curricular para cada ano de escolaridade ................ 
80 
 9.3. Organograma ......................................................................... 82 
10. ÁREAS DO CONHECIMENTO - Eixos Norteadores, Orientações 
 Didáticas, Competências e Habilidades .............................................. 83 
 10.1. Área de Linguagens ............................................................... 87 
 10.1.1. Objetivos da Área de Linguagens ........................... 88 
 10.1.2. Componentes Curriculares da Área de Linguagens 88 
 10.1.2.1. Língua Portuguesa ................................. 91 
 10.1.2.2. Leitura e Artes ........................................ 117 
 10.1.2.3. Educação Física .................................... 135 
 10.2. Área de Matemática ............................................................... 147 
 10.2.1. Objetivo da Área de Matemática ............................. 147 
 10.2.2. Componente Curricular da Área de Matemática ..... 147 
 10.2.2.1. Matemática ............................................ 147 
 10.3. Área de Ciências da Natureza ............................................... 167 
 10.3.1. Objetivo da Área de Ciências da Natureza ............. 167 
 10.3.2. 
Componente Curricular da Área de Ciências da 
Natureza .................................................................. 167 
 10.3.2.1. Ciências ................................................. 168 
 10.4. Área de Ciências Humanas ................................................... 183 
 10.4.1. Objetivo da Área de Ciências Humanas ................. 183 
 10.4.2. 
Componentes Curriculares da Área de Ciências 
Humanas ................................................................. 183 
 10.4.2.1. História ................................................... 187 
 10.4.2.2. Geografia ............................................... 205 
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 217 
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 219 
 
 
 
 
 
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1. APRESENTAÇÃO 
 
O presente trabalho é uma experiência marcante na Rede Municipal de 
Ensino de Cabo Frio. Fruto do esforço de profissionais da Educação, que almejaram 
aperfeiçoar e atribuir qualidade à Educação Municipal, o Referencial Curricular para 
o 1º Segmento do Ensino Fundamental, respeitando o caminhar da Educação no 
município, compreendendo os percalços, avanços e desafios, respeitando as 
orientações e determinações das instâncias superiores, visa nortear e alinhar a 
prática pedagógica da Rede Municipal de Ensino, aproximando-a das orientações 
contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais e, sobretudo, da experiência social e 
histórica da humanidade expressa em conhecimentos, habilidades e atitudes que 
propiciam a formação integral do aluno. 
Este documento apresenta uma proposta metodológica clara e fornece 
subsídios adicionais para o adequado planejamento da prática pedagógica, 
apresentando objetivos e orientações didáticas para o ensino de cada componente 
curricular, seus eixos estruturantes, com as respectivas competências e habilidades 
que o estudante precisa consolidar a cada ano de escolaridade. Além disso, orienta 
os professores e técnicos em geral quanto aos principais desafios da Educação 
atual, como por exemplo, a alfabetização, a educação em tempo integral e a 
educação inclusiva. 
A produção deste material reafirma o respeito às ações anteriores e a 
consciência de que este referencial é resultado de uma construção histórica de todo 
o colegiado municipal. Tal conscientização se evidencia na composição da comissão 
organizada para elaboração do mesmo, formada por professores regentes, 
pedagogos que exercem funções técnicas e gestores das unidades escolares. Cada 
representante desses grupos contribuiu com sua vivência, o que conferiu 
credibilidade e contextualizou todas as discussões na realidade do município. 
Trata-se de uma ação educacional pautada nas orientações legais e nos 
temas educacionais relevantes para garantir o direito à educação de qualidade. Não 
ousamos oferecer soluções prontas e fechadas, nem delimitar ou engessar o 
planejamento de nossos educadores, mas proporcionar elementos úteis para que se 
possa elaborar, em cada caso, as soluções mais adequadas, em função das 
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circunstâncias específicas de cada comunidade escolar. Tampouco pensar que seja 
suficiente disponibilizar um Referencial Curricular, é necessário cuidar para que este 
se torne um instrumento de reestruturação da Educação Municipal, garantindo sua 
implementação e operacionalização. 
Nós, profissionais da Educação, membros da comissão elaboradora do 
documento, por almejarmos uma educação de qualidade para o município de Cabo 
Frio, após um longo período de pesquisas, estudos e discussões, apresentamos à 
comunidade escolar o Referencial Curricular para o 1º Segmento do Ensino 
Fundamental e desejamos que os ideais deste se concretizem na Educação da 
nossa cidade. 
Regina Célia de Jesus das Dores Santos 
Coordenadora da CDERC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. BREVE HISTÓRICO 
 
A Educação no Brasil vem passando por uma série de transformações nos 
últimos anos, no intuito de garantir a todos os brasileiros o direito constitucional à 
educação. 
A LDB 9394/96, em seu Artigo 3º, elenca os princípios para o ensino no país, 
dentre os quais destacamos: 
 
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o 
pensamento, a arte e o saber; 
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; 
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
IX – garantia de padrão de qualidade; 
X – valorização da experiência extraescolar; 
XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. 
XII – consideração com a diversidade étnico-racial. 
(BRASIL, 1996) 
 
De acordo com tais princípios, entendemos que garantido o acesso à escola, 
há que se assegurar também o direito a uma educação de qualidade, que propicie o 
pleno desenvolvimento do educando. Esse é, sem dúvida, o maior desafio dos 
sistemas e instituições de ensino da atualidade. O acesso de todas as crianças 
trouxe uma diversidade de questões que agregam um grau de complexidade ainda 
maior às ações da escola, questões sociais das mais diversas, agravadas pelas 
múltiplas realidades e especificidades de um território amplo como o brasileiro. 
Buscando um alinhamento a nível nacional, a Constituição Federal de 1988, 
em seu Artigo 210, determina que o estado deveria então fixar “conteúdos mínimos 
para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum e o 
respeito aos valores nacionais e regionais”; reafirmando o inciso IV da LDB 9394/96, 
em seu artigo 9º,que atribui à União “estabelecer, em colaboração com os Estados, 
o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação 
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus 
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum”. 
Iniciativas do MEC, a partir de 1997, com a definição dos ParâmetrosCurriculares Nacionais (PCN), começaram a delinear tais conteúdos mínimos para o 
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Ensino Fundamental. Os PCN tinham como principal objetivo garantir a unidade 
curricular no território nacional, ao estabelecer, com base em estudos e pesquisas 
educacionais, os conteúdos mínimos para cada série. 
A partir do estabelecimento de Parâmetros Curriculares Nacionais, o 
município de Cabo Frio, assim como os demais municípios e Estados brasileiros 
procederam aos ajustes em suas propostas curriculares, respeitando, no entanto, 
sua realidade histórica, política, ambiental e social. 
Em 2006, a Lei federal 11.274, em seu Artigo 32,altera a lei 9394/96, 
ampliando o atendimento do Ensino Fundamental para nove (9) anos, 
estabelecendo o ingresso da criança de seis (6) anos de idade no Ensino 
Fundamental. Isso implicou na incorporação das antigas Classes de Alfabetização 
ao Ensino Fundamental. Com a lei, seguiram também orientações para tal 
ampliação, como tempo de adequação e os ajustes necessários nos regimentos das 
Redes de Ensino. 
O município de Cabo Frio já havia feito essa incorporação anteriormente 
quando as Classes de Alfabetização adotaram a denominação de 1ª série, nível 1, 
ficando a antiga 1ª série denominada de 1ª série, nível 2, introduzindo já a ideia, não 
muito bem compreendida, de progressão da aprendizagem. As demais séries 
mantiveram a denominação original. 
Antes dessa adequação municipal, com a criação das turmas de 1ª série, 
níveis 1 e 2, os estudantes das Classes de Alfabetização que não apresentavam 
progresso eram retidos, gerando uma grande distorção idade-série na rede, além de 
alunos/turmas com defasagem de conteúdos. Buscando resolver essa problemática, 
o município implementou, nos anos de 2002 e 2003, um programa de aceleração, 
com classes denominadas Acelera 1, para crianças de 1ª e 2ª séries e Acelera 2, 
para 3ª e 4ª séries. Alguns bons resultados foram constatados, porém para os 
estudantes com problemas e defasagem na aprendizagem, esse programa surtiu 
pouco efeito. 
Tornava-se urgente reestruturar a alfabetização no município, a fim de 
garantir que os alunos saíssem dessas turmas com os conhecimentos mínimos 
necessários para prosseguir em suas aprendizagens. 
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A proposta de 1ª série, níveis 1 e 2, tinha como princípio a progressão de 
aprendizagens. Dessa forma, não havia retenção na primeira série nível 1, salvo por 
frequência inferior a 75%, o que praticamente zerou os índices de reprovação nesta 
etapa. Na 1ª série, nível 2, haveria a continuidade do processo, ampliando assim o 
tempo para o aluno se alfabetizar. Ao final dos dois primeiros anos, constatou-se um 
enorme índice de retenção na 1ª série, nível 2, evidenciando que o problema 
persistia. Não bastava mudar a estrutura ou a nomenclatura, tornava-se necessário 
e urgente rever a proposta pedagógica para o 1º Segmento do Ensino Fundamental. 
No intuito de orientar, facilitar e direcionar a prática pedagógica, o 
Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Cabo Frio, 
elaborou nos anos de 2007 a 2012, uma série de Cadernos Pedagógicos, 
específicos para cada série e para diferentes componentes curriculares, incluindo os 
Temas Transversais, como: Educação Ambiental e História e Cultura Afro-Brasileira 
e Indígena. A História e Geografia de Cabo Frio, a Educação Inclusiva e as Salas de 
Leitura também foram contempladas com cadernos pedagógicos específicos. 
Dentre as iniciativas municipais, destaca-se a elaboração do REDEALFA, 
Referencial de Alfabetização do Município de Cabo Frio, em 2006, que visava 
nortear a prática pedagógica dos professores alfabetizadores. 
A meta principal do REDEALFA era “o redirecionamento do processo ensino-
aprendizagem nas primeiras séries (níveis 1 e 2), fornecendo apoio à prática 
pedagógica, servindo como suporte para auxiliar os docentes na Avaliação, no 
planejamento e no uso da metodologia adequada.” 
Esse Referencial de Alfabetização, além de orientações metodológicas, 
cuidou ainda de promover ações para formação continuada, avaliação institucional, 
critérios para seleção e permanência de professores nos anos iniciais, 
acompanhamento da prática pedagógica, elaboração de cadernos pedagógicos 
específicos para alfabetização (1º ano), com sugestões de atividades educativas 
bem sucedidas, propostas pelos próprios professores da rede, além de estabelecer 
uma gratificação para os professores que atuassem nas turmas de 1º ano. 
Nos anos de 2010 a 2012, foi criada uma Coordenação de Alfabetização, 
liderada pela professora Maria de Fátima Silva, que tinha como objetivo principal o 
acompanhamento das ações previstas no REDEALFA. O planejamento e execução 
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da formação continuada, das avaliações externas e o acompanhamento da prática 
pedagógica. 
Dentre as atribuições desta coordenação, estavam o planejamento e oferta de 
formação continuada, que era um dos critérios para a permanência do professor nas 
turmas de alfabetização. Essa formação continuada foi realizada de acordo com as 
orientações do programa Pro-Letramento, do Governo Federal. O acompanhamento 
da prática pedagógica, que consistia em visitas às salas de aula de 1º ano, para 
verificação e esclarecimentos quanto à aplicação das sugestões e orientações 
transmitidas na formação continuada, dava o retorno à coordenação sobre os 
ajustes ainda necessários na formação e na prática pedagógica. A avaliação 
institucional, realizada trimestralmente, também auxiliava a equipe quanto às 
orientações e ajustes necessários. Muitos professores alfabetizadores do município 
foram orientados pela Coordenação de Alfabetização. 
A implantação do REDEALFA tornou-se um marco político educacional no 
município. Algumas ações dele decorrentes se perpetuam ainda hoje, como a 
gratificação para os professores de 1º ano e a formação continuada que foi oferecida 
pelo município até 2013, quando foi substituída pela formação do Pacto Nacional 
pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), em decorrência do pacto firmado com o 
Governo Federal. 
As atividades dessa coordenação, bem como suas avaliações, evidenciaram 
a necessidade de reestruturação da proposta curricular para o 1º Segmento do 
Ensino Fundamental, o que se concretizou em 2012. A Rede Municipal reestruturou 
a Proposta Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, considerando as 
Diretrizes Curriculares Nacionais, em vigor desde 2008, conforme o Parecer 
CNE/CEB, nº 4/98, que dispôs sobre o estabelecimento de Diretrizes Curriculares 
Nacionais: “Ao definir as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Câmara de Educação 
Básica do CNE inicia o processo de articulação com Estados e Municípios, através 
de suas próprias propostas curriculares, definindo ainda um paradigma curricular 
para o Ensino Fundamental, que integra a Base Nacional Comum, complementada 
por uma Parte Diversificada (LDB, art. 26), a ser concretizada na proposta 
pedagógica de cada unidade escolar do País”, e a Resolução CNE/CEB nº2/98 
instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, que 
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deveriam ser, a partir de então, observadas na organização curricular das unidades 
escolares integrantes dos diversos sistemas de ensino. 
Tais Diretrizes Curriculares Nacionais também propuseram o estabelecimento 
de uma Base Nacional Comum, com competências mínimas por componente 
curricular para cada segmento do ensino, a serem contempladas pelas unidades 
escolaresem todo o território nacional. Esta Base Nacional Comum deve ser 
definida pelo Ministério da Educação, mas encontra-se ainda em fase de discussão. 
Em 2009, a pedido do então Ministro da Educação, Fernando Haddad, 
iniciaram-se os trabalhos para revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais. As 
diretrizes revisadas foram homologadas em 2010 e fundamentam o Referencial 
Curricular do Município de Cabo Frio. 
Em 2012, com o lançamento do PNAIC, o MEC suscitou a discussão sobre 
Ciclos de Aprendizagem e introduziu o conceito de Direitos de Aprendizagem, 
mudando a lógica da organização curricular, antes pautada nos conteúdos para uma 
organização curricular por competências. Essa mudança estrutural e conceitual 
desencadeou a elaboração dos Elementos Conceituais e Metodológicos para 
definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de 
Alfabetização – primeira iniciativa do MEC para o estabelecimento da Base Comum 
Nacional. O documento apresenta uma organização curricular por Áreas de 
Conhecimento, com Direitos de Aprendizagem específicos para cada componente 
curricular. 
Dentre as ações do PNAIC, destaca-se ainda a Avaliação Nacional da 
Alfabetização (ANA), que pressupõe uma organização curricular alinhada em todo o 
território nacional, tornando ainda mais necessário o estabelecimento de uma Base 
Nacional Comum, pautada em competências passíveis de serem desenvolvidas em 
quaisquer redes e/ou unidades de ensino do país. 
Diante desse cenário, emerge a necessidade urgente de elaboração de um 
Referencial Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, que atenda as 
atuais Diretrizes Curriculares Nacionais, adequando-se as orientações do MEC, sem 
negligenciar as peculiaridades e especificidades do município de Cabo Frio. 
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Visto isso, a Rede Municipal de Ensino, no uso de sua autonomia, iniciou em 
2014 os preparativos para elaboração do Referencial Curricular para o 1º Segmento 
do Ensino Fundamental do município. 
O ponto de partida para a elaboração do Referencial Curricular foi o Fórum 
Municipal de Alfabetização, realizado em agosto de 2014, onde foram abordados e 
discutidos os Ciclos de Aprendizagem, o Processo de Aprendizagem e a Avaliação 
Escolar. Nele também foram selecionados Supervisores Escolares, Inspetores 
Escolares e Orientadores Educacionais para compor uma comissão que teria como 
meta discutir e elaborar o referido documento. 
O segundo passo foi uma reunião com representantes da Direção das 
Unidades Escolares e dos Professores que atuam no 1º segmento do Ensino 
Fundamental, para abordagem das questões acima relacionadas e também seleção 
de representantes desses grupos para participação na comissão. A reunião 
aconteceu em setembro de 2014. 
O passo seguinte foi o convite à coordenação municipal do PNAIC, Pacto 
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, para participação ativa na comissão, 
com o objetivo de alinhar as discussões com as novas orientações do MEC para os 
Ciclos de Alfabetização, além de contribuir com informações importantes com 
relação à formação continuada e o desenvolvimento da Alfabetização no município. 
Concluída a composição da comissão, iniciaram-se as reuniões em 
Novembro/2014. A comissão contou inicialmente com 22 componentes. Foram 
realizadas 17 reuniões da Comissão de Discussão e Elaboração do Referencial 
Curricular, entre os meses de Novembro/2014 e Outubro/2015. Nessas reuniões, a 
comissão se dedicou a estudar a legislação educacional nacional e municipal 
vigentes, analisar os documentos orientadores do MEC, para organização curricular, 
analisar a Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino, avaliar a aprendizagem 
na rede municipal, discutir todas as temáticas que envolvem a construção de um 
referencial curricular, definir a estrutura do documento e produzir o texto final, 
procedendo a análises e revisões em todas as etapas de sua elaboração. 
Uma ação de destaque da comissão foi a organização de reuniões com os 
Supervisores Escolares em exercício na Rede, para análise e definição do capítulo 
“Organização Curricular”. De acordo as experiências de campo, esses profissionais 
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analisaram as Orientações Didáticas para o ensino de cada componente curricular, 
propostas pela comissão, bem como as respectivas competências e habilidades, 
definindo-as e delimitando onde cada uma deve ser Introduzida, Aprofundada e 
Consolidada. Com a experiência dos Supervisores Escolares, foi possível também 
elencar os conteúdos mínimos necessários ao desenvolvimento de cada 
competência e/ou habilidade, de acordo com a proposta deste documento e as 
especificidades de cada área de ensino, aproximando mais este referencial da 
realidade e das expectativas dos agentes da educação municipal, cuidado 
importante nesta etapa de transição da proposta curricular vigente para o novo 
Referencial Curricular. 
Neste capítulo, em particular, da Organização Curricular, contamos ainda com 
a análise técnica de professores da rede municipal graduados em cada disciplina, 
que agregaram saberes e orientações específicas a cada componente curricular, 
garantindo assim a qualidade e coerência das orientações. 
Além disso, o olhar da Orientação Educacional para as questões sociais que 
adentram a escola, por meio de seus representantes na CDERC, aproximou as 
reflexões e discussões da realidade sociocultural presente nas escolas da rede 
municipal. 
A participação dos representantes da Inspeção Escolar também foi essencial 
aos trabalhos da CDERC, pois garantiram a fundamentação legal do documento, 
evitando possíveis equívocos e desvios na interpretação das leis em geral. 
A participação efetiva dos professores regentes do 1º segmento do Ensino 
Fundamental na comissão merece destaque especial, tornando-se o ponto alto 
deste trabalho. O interesse demonstrado durante as discussões e a dedicação com 
que abraçaram a causa são evidências claras de que os educadores do município 
de Cabo Frio almejam mudanças e buscam uma educação de qualidade. 
 
 
 
 
 
 
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3. FUNDAMENTO BÁSICO E PRINCÍPIO NORTEADOR 
 
“Mas não são os avanços do conhecimento científico por si mesmos que 
produzem as mudanças no ensino. As transformações educacionais 
realmente significativas — que acontecem raramente — têm suas fontes, 
em primeiro lugar, na mudança das finalidades da educação, isto é, 
acontecem quando a escola precisa responder a novas exigências da 
sociedade. E, em segundo lugar, na transformação do perfil social e cultural 
do alunado: a significativa ampliação da presença, na escola, dos filhos do 
analfabetismo — que hoje têm a garantia de acesso, mas não de sucesso 
— deflagrou uma forte demanda por um ensino mais eficaz.” 
(BRASIL, 1997) 
 
3.1. O Direito à Educação Pública de Qualidade é o Fundamento Básico 
 
Tendo ciência da demanda de questões que adentram a escola, a Rede 
Municipal de Ensino de Cabo Frio busca, em todas as suas ações ao longo do 
tempo, a qualidade na educação que é oferecida aos seus munícipes. 
 
A leitura dos fundamentos básicos das Diretrizes 
Curriculares Nacionais mobilizou na Comissão de 
Discussão e Elaboração do Referencial Curricular - CEDRC 
- reflexões quanto ao termo Direito à Educação. Buscamos 
compreendê-lo mais amplamente e dialogar sobre qual seria 
o fundamento básico do Referencial Curricular do nosso 
município.Enfatizamos a importância de garantir o direito a 
uma educação de qualidade adequada à realidade e as 
necessidades dos indivíduos. Também refletimos sobre 
como as questões sociais estão permeando este 
fundamento, especialmente os ideais de igualdade, 
amplamente reforçados. Além disto, o fundamento que 
destaca a educação com qualidade social ampliou a 
discussão, despertando-nos para a necessidade de 
encontrarmos o equilíbrio entre direito à educação e 
qualidade social, a fim de que além do acesso e 
permanência, seja garantida a aprendizagem significativa 
visando à formação de cidadãos autônomos. 
(ATA nº 5, março de 2015, da CDERF) 
 
Entendemos que os alunos matriculados na Rede Municipal de Ensino de 
Cabo Frio independente do contexto social; sejam moradores da periferia do 
município, sejam da zona rural, sejam do 2º distrito, sejam da área central da cidade 
devem ter garantido o direito ao desenvolvimento das competências básicas que os 
tornem capazes de agir e interagir com autonomia e em igualdade de condições, em 
qualquer contexto social no Brasil ou fora dele. 
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Seguindo essa ideologia, a nova proposta de organização curricular precisa 
assegurar o “entendimento do currículo como experiências escolares que se 
desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, 
articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos 
historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos 
educandos” (BRASIL, 2010). 
Partindo desse fundamento, elencamos as competências mínimas 
necessárias em cada componente curricular que possam propiciar a todos os alunos 
o direito a essa educação com qualidade social, que vai além de garantir o acesso, 
além de suprir necessidades básicas, como a alimentação, bem presente na 
qualidade da merenda escolar oferecida, ou de oferecer condições mínimas de 
higiene e saúde, mas e, sobretudo, que propicie seu desenvolvimento integral, para 
que se constituam cidadãos plenos, capazes de agir com autonomia na sociedade, 
transformando-a e contribuindo para seu desenvolvimento. 
As orientações contidas neste referencial são destinadas a que cada escola, 
no uso de sua autonomia, elabore Projetos Políticos Pedagógicos, onde as 
competências mínimas nele elencadas sejam contempladas com responsabilidade e 
qualidade, e que a parte diversificada contemple as especificidades de cada 
comunidade escolar. Para tanto, cada escola precisa conhecer seu alunado e 
considerar a diversidade econômica, étnica e social da comunidade na qual está 
inserida e planejar ações e estratégias visando sempre o desenvolvimento integral 
de seus alunos. Os objetivos da escola precisam ser ampliados, considerando as 
fases e ritmos de desenvolvimento de cada criança, evidenciadas hoje no que o 
MEC denomina de “múltiplas infâncias e adolescências”. O maior desafio da escola 
atual é lidar com o novo alunado, com todas as suas especificidades e garantir o 
direito a aprendizagem significativa e de qualidade. É imprescindível a mudança do 
olhar sobre o processo de aprendizagem e de apropriação da cultura pelos alunos, 
considerando as múltiplas realidades inseridas na escola a partir da universalização 
do ensino. 
E, por serem múltiplas as realidades é que se torna indispensável que cada 
escola elabore o seu Projeto Político Pedagógico (PPP). Somente o PPP garantirá o 
atendimento às necessidades específicas de cada comunidade escolar. 
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De acordo com VEIGA: 
 
O projeto político pedagógico exige profunda reflexão sobre 
as finalidades da escola, assim como a explicitação de seu 
papel social e a clara definição de caminhos, formas 
operacionais e ações a serem empreendidas por todos os 
envolvidos com o processo educativo. Seu processo de 
construção aglutina crenças, convicções, conhecimentos da 
comunidade escolar, do contexto social e científico, 
constituindo-se em compromisso político e pedagógico 
coletivo. Ele precisa ser concebido com base nas diferenças 
existentes entre seus autores, sejam eles professores, 
equipe técnico-administrativa, pais, alunos e representantes 
da comunidade local. É, portanto, fruto de reflexão e 
investigação. 
O papel da escola, implica, portanto, o enfrentamento de 
demanda global e especificidades locais. O ensino, por sua 
vez, não se realiza só através de conteúdos socialmente 
acumulados, mas, principalmente, por meio das relações 
que estabelece nos diferentes aspectos e dimensões da 
vida. Educadores e educandos serão preparados para 
conceber a educação como um processo permanente de 
aprendizagem e reconstrução do conhecimento que propicie 
o aprender a conhecer, a fazer, a ser e a conviver. 
(VEIGA, 1998) 
 
A elaboração deste referencial, portanto, é apenas um passo na direção da 
tão almejada educação de qualidade, pois esta não se faz com papéis, documentos 
ou leis, mas com a ação efetiva de cada componente da educação municipal, nas 
diversas esferas de atuação. 
 
3.1.1. Os Dirigentes Municipais 
 
Os dirigentes municipais precisam prover os meios adequados para 
atendimento à população em idade escolar, oferecendo vagas de acordo com o 
crescimento populacional, o que implica em construção de escolas para abertura de 
novas turmas, evitando a superlotação das já existentes, o que interfere diretamente 
na qualidade da educação oferecida a nível municipal. 
Também é necessário garantir o funcionamento, com qualidade, de cada 
unidade escolar, o que envolve a estrutura física, os recursos materiais e humanos, 
a remuneração justa de todos os profissionais da educação, assim como condições 
de trabalho adequadas ao exercício de cada função. 
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Outra atribuição dos dirigentes municipais, muito importante na atualidade, é 
garantir condições mínimas de segurança para a comunidade escolar. A localização 
de escolas em áreas de confronto ou dentro de comunidades com histórico de 
violência, afeta a rotina das mesmas, com interrupções e suspensão de aulas 
presenciais, com acontecimentos que interferem nas condições de aprendizagem 
dos alunos, nas condições de trabalho dos funcionários, em geral, e na integridade 
física e emocional de todos. 
 
3.1.2. Os gestores das escolas 
 
A equipe gestora das unidades escolares precisa gerenciar os recursos 
materiais e humanos tendo como foco o aluno. Este precisa ser, de fato, a razão de 
existir das escolas, dos professores, dos funcionários em geral. Todas as ações 
devem priorizar o aluno e suas necessidades de aprendizagem (estamos nos 
referindo a todos os alunos e a cada um em sua especificidade). 
É fundamental garantir o tempo escolar, definido por lei, que é direito do 
aluno. Cada hora-aula precisa ser efetivamente respeitada, com atividades 
produtivas que tenham como fim a aprendizagem de todos, não devendo ser 
subtraídos desse tempo momentos para refeições e/ou outras atividades sem fins 
educativos. 
Na organização dos quadros de horários para as turmas, é preciso prever os 
tempos de coordenação e planejamento coletivo dos professores de uma mesma 
turma – o desenvolvimento integral do aluno depende do trabalho interdisciplinar e 
articulado de seus professores. 
Qualquer projeto ou plano de ação e, sobretudo, o Projeto Político 
Pedagógico precisa ter como objetivo principal a aprendizagem do aluno, pois 
somente esta garante educação de qualidade e mudanças significativas na 
sociedade. 
Outra atribuição importante dos gestores é cuidar do clima organizacional da 
escola. O currículo oculto de cada ambiente se evidencia no seu clima 
organizacional. Nele estão implícitasas regras, de fato, praticadas. O que “não é 
dito” grita nas ações e reações dos gestores, professores, funcionários 
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administrativos e de apoio em geral e, consequentemente, nas ações e reações dos 
alunos. 
 
3.1.3. Os Professores 
 
Os professores precisam buscar aperfeiçoamento profissional contínuo para 
atender a demanda de alunos com necessidades educacionais, sociais, culturais e 
inclusivas diversas. A diversidade presente nas salas de aula é um grande desafio a 
ação dos professores, mas não deve se tornar obstáculo ou justificativa para o 
fracasso escolar. 
A habilitação exigida para o exercício de uma profissão não é sinônimo de 
qualificação e competência; esta só se adquire quando o exercício da função está 
atrelado ao conhecimento aprofundado e específico da profissão. 
A carga horária semanal dos professores destina um período para formação 
continuada e planejamento, que devem ser efetivamente aproveitados com estudos 
e pesquisas que confiram qualidade à prática pedagógica. Para ESTRELLA, 2015, 
“Os docentes têm que formar-se como pesquisadores de sua própria prática, para 
identificar e regular os recursos implícitos e explícitos que compõem suas 
competências e qualidades humanas profissionais.”. 
Dentre as competências e qualidades humanas profissionais, inerentes ao 
professor, é necessário destacar o comprometimento profissional. Mesmo em face 
de situações adversas, o professor precisa estar comprometido com a aprendizagem 
dos seus alunos, o que implica no cuidado com o planejamento das aulas, com os 
registros avaliativos dos alunos, com seu crescimento profissional, com o 
cumprimento das regras da instituição e, um cuidado especial com a frequência, 
para cumprir sua carga horária de trabalho, já contemplada pela redução legal e 
garantir as horas-aula as quais o aluno tem direito. 
 
3.1.4. A Equipe Técnico-pedagógica 
 
Assim como os Gestores, os Inspetores Escolares, os Supervisores Escolares 
e os Orientadores Educacionais também precisam buscar aperfeiçoamento 
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profissional para oferecer o suporte ao professor e às unidades escolares, em suas 
áreas específicas de ação. 
As reuniões de serviço, coordenadas pelo Departamento Pedagógico da 
Secretaria Municipal de Educação, visam o alinhamento do trabalho técnico-
pedagógico no município, abordando temáticas inerentes à ação de cada técnico. 
Contudo, além destas, é essencial que se cultive o hábito de realizar reuniões de 
equipe dentro das unidades escolares, cujo objetivo é propiciar uma gestão 
colaborativa, essencial à qualidade do ensino. 
Todas as ações, projetos e/ou problemáticas enfrentados pela comunidade 
escolar devem ser discutidos pela equipe técnica, para que as decisões tomadas 
contemplem adequadamente aspectos pedagógicos, sociais, administrativos e 
legais. 
 
3.1.5. Os Funcionários Administrativos e de Apoio 
 
Os funcionários administrativos e de apoio das unidades escolares precisam 
compreender-se parte de um processo educativo, ter sensibilidade no trato com os 
alunos e cuidado em suas ações, pois refletirão positiva ou negativamente no clima 
organizacional da escola; cabendo a gestão orientá-los e sensibilizá-los quanto às 
atitudes adequadas ao ambiente escolar. 
Enfim, a qualidade da educação no município se dará mediante conhecimento 
e comprometimento de todos (e de cada um) no exercício de sua função. Educação 
de qualidade depende de conhecimento, desejo e ação. 
 
(...) enquanto não se provoque uma mudança, uma 
transformação na cultura escolar, somente se produzirão 
mudanças superficiais no currículo, nos papéis ou nas 
tarefas burocráticas. As mudanças profundas, autênticas e 
sustentáveis dependem tanto ou mais das crenças e modos 
de aprender, como dos comportamentos das pessoas e 
profissionais. 
(COCHRAN-SMITH,2009) 
 
 
 
 
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3.2. A Ética é o Princípio Norteador 
 
O fundamento básico ora descrito pressupõe um princípio norteador que prime 
pela qualidade nas relações humanas, por isso, este referencial, em consonância 
com as Diretrizes Curriculares Nacionais, elenca como princípio norteador a ética, 
por entendermos que esta deve permear todas as relações e nortear a conduta de 
todos os agentes da educação pública, independente de cargos e/ou funções. 
Sujeitos éticos conseguem exercer a cidadania com coerência; perceber a 
diversidade presente na sociedade, respeitar o outro em suas peculiaridades; incluir, 
conviver. 
Para RANGEL e FREIRE, 2009, tendo como objetivo principal o 
desenvolvimento de cidadãos autônomos, as instituições educativas têm um papel 
muito importante no que se refere ao desenvolvimento ético do educando, dos 
educadores e da comunidade escolar como um todo, por isso é necessário que haja 
coerência entre os valores proclamados e os efetivamente praticados, para que se 
tornem parâmetros, de fato, para as relações estabelecidas dentro e fora da escola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. CURRÍCULO POR COMPETÊNCIAS 
 
A instituição escolar,(...), foi constituída na história da humanidade como o 
espaço de socialização do conhecimento formal historicamente construído. 
O processo de educação formal possibilita novas formas de pensamento e 
de comportamento: por meio das artes e das ciências o ser humano 
transforma sua vida e de seus descendentes. A escola é um espaço de 
ampliação da experiência humana, devendo, para tanto, não se limitar às 
experiências cotidianas da criança e trazendo, necessariamente, 
conhecimentos novos, metodologias e as áreas de conhecimento 
contemporâneas. O currículo se torna, assim, um instrumento de formação 
humana. 
(LIMA, 2005) 
 
4.1. Currículo e formação humana1 
 
Para refletir sobre currículo e desenvolvimento humano, é necessário recorrer 
a algumas áreas de conhecimento além da psicologia. Os conhecimentos oferecidos 
pelas neurociências, antropologia, linguística e pelas artes são imprescindíveis para 
responder aos desafios de uma escola que promova a formação humana de todos 
os educandos e que também amplie a experiência humana de seus educadores. 
A psicologia foi a área de conhecimento de maior influência na educação 
durante grande parte do século XX. Uma ideia bastante difundida nas últimas 
décadas é a da criança que constrói seu próprio conhecimento. 
A criança desempenha, sim, um papel importante em seus processos de 
aprendizagem, mas não os realiza sozinha: antropologicamente, estes processos se 
dão por meio da ação dos adultos. E um dos componentes deste papel do adulto 
está na definição do conceito de currículo e de elaboração de seus componentes. 
Subjacente à elaboração do currículo, está a concepção de ser humano e o papel 
que se pretende que a escola tenha em seu processo de desenvolvimento. Não há, 
portanto, currículo ingênuo: ele sempre implica em uma opção e esta opção poderá 
ou não ser favorável ao processo de humanização. 
Um currículo para a formação humana precisa ser situado historicamente, 
uma vez que os instrumentos culturais que são utilizados na mediação do 
desenvolvimento e na dinâmica das funções psicológicas superiores se modificam 
com o avanço tecnológico e científico. Esta perspectiva do tempo é importante:1
LIMA, Elvira Souza. Currículo, cultura e conhecimento. São Paulo, Editora Sobradinho107, 2005. 
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novas áreas do conhecimento vão se formando, por desdobramento de áreas 
tradicionais do currículo (por exemplo, a ecologia a partir da biologia), ou são criadas 
como resultado de novas práticas culturais, internet e web, ou ainda pela 
complexidade crescente do conhecimento e da tecnologia. 
Um currículo para a formação humana introduz sempre novos conhecimentos, 
não se limita aos conhecimentos relacionados às vivências do aluno, às realidades 
regionais, ou com base no assim chamado conhecimento do cotidiano. É importante 
alertar para a diferença entre um currículo que parte do cotidiano e aí se esgota e 
um currículo que engloba em si mesmo, não apenas a aplicabilidade do 
conhecimento à realidade cotidiana vivida por cada grupo social, mas entende que 
conhecimento formal traz outras dimensões ao desenvolvimento humano, além do 
“uso prático”. Há, portanto, uma diferença entre partir ou utilizar metodologicamente 
a experiência cultural do aluno como caminho para ampliação da experiência 
humana na escola e definir como currículo a experiência cultural do aluno. 
Um currículo para a formação humana é aquele orientado para a inclusão de 
todos ao acesso dos bens culturais e ao conhecimento. Está, assim, a serviço da 
diversidade. 
Entendemos diversidade na concepção de que ela é a norma da espécie 
humana: seres humanos são diversos em suas experiências culturais, são únicos 
em suas personalidades e são diversos em suas formas de perceber o mundo. 
Seres humanos apresentam, também, diversidade biológica. Algumas delas 
provocam impedimentos de natureza distinta no processo de desenvolvimento das 
pessoas, as comumente chamadas de “portadoras de necessidades especiais”. 
Como a diversidade é hoje recebida na escola, há a demanda, óbvia, por um 
currículo que atenda a todo tipo de diversidade. 
 
4.2. Por que um Currículo por Competências? 
 
O reconhecimento e aceitação de que o conhecimento é uma construção 
coletiva e que a aprendizagem mobiliza afetos, emoções e relações com 
seus pares, além das cognições e habilidades intelectuais, permite-nos 
propormos o desafio de construir competências e habilidades. Isso significa 
aprender a aprender, a pensar, a relacionar o conhecimento com dados da 
experiência cotidiana, a dar significado ao aprendido e a captar o significado 
do mundo, a fazer a ponte entre teoria e prática, a fundamentar a crítica, a 
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argumentar com base em fatos, a lidar com o sentimento que a 
aprendizagem desperta. 
(FERREIRA, 2001) 
 
A Rede Municipal de Ensino preocupa-se com essa nova forma de 
transposição didática: tornar os conhecimentos formais em sua totalidade, sem 
valoração discriminatória, compreensíveis e assimiláveis aos alunos, considerando 
os contextos e a relevância de cada um para o desenvolvimento das competências 
essenciais ao 1º Segmento do Ensino Fundamental. 
Estruturar um currículo por competências significa inverter a lógica 
conteudista, que prima pela transmissão fria de conhecimentos; significa relacionar e 
inter-relacionar conhecimentos; promover o desenvolvimento de habilidades; 
propiciar autonomia. 
Segundo Perrenoud, 1999, p. 7, “Competência é a faculdade de mobilizar um 
conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc). Para 
solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (...). Se aceitarmos que 
competência é uma capacidade de agir eficazmente num determinado tipo de 
situação, apoiada em conhecimentos, mas sem se limitar a eles, é preciso que 
alunos e professores se conscientizem das suas capacidades individuais que melhor 
podem servir o processo cíclico de Aprendizagem-Ensino-Aprendizagem”. 
Uma educação que vise à formação integral dos indivíduos precisa encontrar 
caminhos para o desenvolvimento de competências. As competências envolvem 
conhecimentos, mas não se limitam a eles, articulam áreas de conhecimento 
diferentes, suscitam habilidades e norteiam ações. 
Um currículo por competências é orientado para a integração disciplinar, 
através de processos pedagógicos interdisciplinares ou transdisciplinares, 
mobilizados em estudos temáticos, em resolução de problemas ou em trabalho por 
projetos. 
De acordo com MACEDO, 2009, 
 
Defender no currículo da educação básica o 
desenvolvimento de competências e habilidades significa 
ampliar sua função tradicional – relacionada 
especificamente ao âmbito profissional, considerando-as 
também na perspectiva dos alunos, incluindo por isto 
mesmo conhecimentos e valores que envolvem a vida 
pessoal e social como um todo. E isto se faz através das 
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disciplinas escolares, dos conteúdos, métodos e recursos 
necessários ao ensino das matérias que compõem a grade 
curricular. Trata-se, então, de criar situações de 
aprendizagem organizadas para desenvolver competências 
e habilidades no contexto das disciplinas. (...) Assim, o 
aluno, pouco a pouco, vai se tornando uma pessoa 
habilidosa, que faz bem feito, que tem destreza mental ou 
física, que valoriza, porque aprendeu a fazer bem, a 
compreender bem, a viver e conviver bem. 
 
Um currículo por competências permite a coexistência de competências 
gerais e de competências específicas. As competências gerais estão diretamente 
relacionadas à formação do aluno enquanto agente de seu próprio conhecimento e, 
consequentemente, enquanto cidadão, envolvendo atitudes, estratégias e técnicas 
que são necessárias ao aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver 
e aprender a ser. As competências específicas estão relacionadas aos conceitos 
e/ou conteúdos inerentes a cada componente curricular. 
Sendo assim, para todos os componentes curriculares de cada área do 
conhecimento, foram definidas, neste referencial, as competências e/ou habilidades 
a serem desenvolvidos do 1º ao 5º anos de escolaridade, delimitando-se o ano 
específico em que devem ser introduzidas, aprofundadas e consolidadas, 
respeitando as fases de desenvolvimento infantil e considerando a importância da 
continuidade, do aprofundamento e da progressão da aprendizagem. 
Neste sentido, concluímos que um currículo por competências pode propiciar 
uma formação mais abrangente e mais significativa. No entanto, para garantir o 
desenvolvimento das competências com progressão e aprofundamentos adequados 
às faixas etárias e estágios de desenvolvimento fisiológico e cognitivo dos 
estudantes, é necessário que haja articulação do 1º segmento do Ensino 
Fundamental com o segmento que o precede, a Educação Infantil e com o segmento 
que o sucede, o 2º Segmento do Ensino Fundamental. Tal articulação redundará em 
ações que propiciem o desenvolvimento integral dos estudantes, objetivo primordial 
da Educação. 
 
 
 
 
 
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5. METODOLOGIA 
 
A melhor metodologia é aquela que facilita a aprendizagem do educando. 
Considerando a diversidade presente nas escolas brasileiras (múltiplos 
sujeitos com rotas de aprendizagem específicas), precisamos considerar a 
necessidade da coexistência de múltiplas metodologias. 
Importante destacar que numa proposta de currículo inclusivo, preconiza-se 
considerar cada educando e suas reais necessidades de aprendizagem, bem como 
suas potencialidades. Se compreendermos que, por serem múltiplos os sujeitos, 
cada um possui um caminho próprio de aprendizagem para o qual são 
determinantes suas aptidões naturais e as experiênciasvividas, perceberemos que 
precisamos pensar na metodologia adequada a cada um para alcançar a todos. 
Quando se elabora um currículo por competências, centrado no aluno, é 
necessário clareza com relação à linha metodológica que, comprovadamente, por 
pesquisas educacionais, melhor garanta as situações de aprendizagem que 
favoreçam o desenvolvimento de todos de acordo com os objetivos previstos. 
Sendo assim, este referencial prima por um trabalho pedagógico centrado no 
aluno e nas relações que estabelece com seu meio social, o que pressupõe 
desenvolver o processo ensino aprendizagem numa perspectiva sociointeracionista. 
 
No sociointeracionismo, o professor tem o papel de 
mediador entre o saber socialmente sistematizado e o saber 
do próprio aluno. Deve-se partir do conhecimento que o 
aluno já possui, de seus gostos e sua cultura, e ajudá-lo a ir 
até a cultura elaborada. Ou seja, partindo dos diferentes 
sentidos que os alunos atribuem ao tema tratado, o 
professor propicia-lhes uma maior oportunidade para que 
cheguem a compreendê-lo de fato. Isso se dá porque o 
novo conhecimento provoca uma reestruturação dos 
esquemas mentais anteriores, alternando qualitativamente a 
estrutura cognitiva do aluno. 
(REDEALFA – 2006) 
 
Da concepção sociointeracionista, derivam métodos e estratégias que 
favorecem o desenvolvimento de competências, dentre eles podemos relacionar a 
Aprendizagem Baseada em Problemas, a Aprendizagem por Projetos e a 
Aprendizagem Colaborativa, cujas etapas de desenvolvimento se ajustam a todas as 
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Áreas do Conhecimento e a todos os Componentes Curriculares, por 
fundamentarem-se em três princípios básicos: 
- As interações com o outro e com o meio ambiente, favorecem o 
entendimento da realidade; 
- O conflito cognitivo estimula a aprendizagem; 
- O conhecimento se desenvolve mediante o reconhecimento e 
aceitação dos processos sociais e da avaliação das diferentes hipóteses 
levantadas para um mesmo problema. 
 
O ponto de partida para o trabalho pedagógico, na perspectiva 
sociointeracionista, é o levantamento de conhecimentos prévios que além de 
respeitar, aceitar e integrar o indivíduo, também valoriza o seu saber, seu estágio de 
desenvolvimento e seu contexto social. Esta etapa inicial insere o indivíduo no 
processo ensino aprendizagem, fazendo-o perceber-se agente de seu próprio 
conhecimento. 
Para WEISZ, 2000, “Se o professor não sabe nada sobre o que o aluno pensa 
a respeito do conteúdo que quer que ele aprenda, o ensino que oferece não tem 
‘com o que dialogar’. Restará a ele atuar como numa brincadeira de cabra-cega, 
tateando e fazendo a sua parte, na esperança de que o outro faça a dele: aprenda.” 
Esse pensamento é ratificado no trecho a seguir, das Diretrizes Curriculares do 
Ensino Fundamental, anos iniciais: 
 
O professor deve recorrer a esses conhecimentos e, sempre 
que for necessário, aprofundar e ampliar conceitos. O 
sentido dessa ação não é o de negar ou substituir aquilo 
que o aluno traz do mundo social, mas de oferecer-lhe a 
oportunidade de conhecer novas maneiras, mais 
generalizantes e universais de ver o mundo. (...) Importa 
detectar o conhecimento já construído pelos alunos. Cabe 
ao professor determinar o que é preciso ensinar, prevendo 
estratégias e recursos a serem utilizados. Esse cuidado é 
necessário para garantir uma aprendizagem significativa 
para todos. 
(BRASIL, 2013) 
As respostas dos alunos, bem como o que precisa ser ensinado, devem ser 
problematizados. É a etapa da problematização e levantamento de hipóteses. 
PERRENOUD (1999) define problematizar como “propor tarefas complexas e 
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desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, 
completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa, cooperativa (...). Ensinar, hoje, 
deveria consistir em conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem (...)”. 
A mediação didática – intervenção intencional do professor ao problematizar, 
favorece o levantamento de hipóteses pelo aluno e, confrontadas e testadas, 
resultarão em aprendizagem significativa. 
Durante todo o processo, professores e alunos estarão sistematizando 
conhecimentos, a partir das atividades realizadas, é a etapa da Sistematização. A 
cada novo conhecimento é imprescindível que sejam realizadas atividades de 
sistematização, sejam parciais, durante o processo de investigação, sejam gerais ao 
final das investigações sobre o tema. O conhecimento construído coletivamente 
deverá servir de base para sínteses que podem ser registradas por meio de 
relatórios, anotações, esquemas, preenchimento de fichas, etc. Isso possibilita que 
alunos e professores percebam o quanto e como todos avançaram em relação ao 
conhecimento. 
Os registros são fundamentais para dar ao professor condições de analisar o 
progresso dos alunos na compreensão dos conceitos. A análise dos registros ajuda 
ao professor compreender como as crianças aprendem, como elaboram suas 
estratégias, qual seu ritmo de aprendizagem, e, principalmente, como está 
acontecendo a base estruturante do pensamento dos alunos. 
 
A problematização permite que o aluno levante hipóteses 
sobre a questão apresentada, mas não basta formulá-las e 
explicitá-las por meio do debate. É necessário habituar o 
aluno a registrar e confrontar essas hipóteses com o 
conhecimento científico, sistematizado e por isso universal. 
(BRASIL, 2013) 
 
Cabe ao professor averiguar os resultados obtidos, durante todo o processo. 
É a avaliação continuada, que favorece o replanejamento, o repensar das 
estratégias metodológicas e os ajustes necessários durante o processo ensino 
aprendizagem. A avaliação formativa continuada evidencia os avanços e os 
sucessos dos alunos, como também as dificuldades por eles demonstradas. 
 
 
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6. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ATUAL 
 
Um olhar criterioso para a realidade das escolas municipais evidencia a 
diversidade existente entre e dentro destas e os desafios que precisam ser 
enfrentados para que todos aprendam. Elaborar um referencial curricular que atenda 
a diversidade implica em reconstruir a cultura escolar e redescobrir o sentido da 
escola. 
Para CANEN, 2001, 
 
O espaço que vem se abrindo, em diversas sociedades, 
para as discussões vinculadas à diversidade 
cultural/linguística/identitária é, em última instância, resposta 
aos diferentes movimentos sociais que representam vozes 
em busca de direitos e legitimidade, bem como o 
reconhecimento, por parte dos governos, da necessidade de 
conter os inúmeros conflitos provenientes dessas questões. 
Assim, temos observado, recentemente, políticas públicas 
que implementam diretrizes legais e parâmetros curriculares 
que incorporam a diversidade cultural e/ou linguística e que 
trazem, para o interior da escola, questões antes envoltas 
por uma névoa de silêncio ou dissimulação. No Brasil, o 
campo da educação vem abarcando essas questões de 
forma progressiva, e somente a partir da última década é 
que expressa, com maior definição, as preocupações 
multiculturais. (...) Tenho definido multiculturalismo como um 
conjunto de princípios e práticas voltados à valorização da 
diversidade cultural e ao desafio de preconceitos e 
estereótipos a ela relacionados. Trata-se, pois, de superar a 
mera constatação da diversidade cultural e oferecer 
respostas a ela em políticas e estratégias educacionais 
concretas.Conforme indicado por autores como McLaren 
(2000), o projeto multicultural tem, em Paulo Freire, seus 
fundamentos e inspiração. De fato, para além das classes 
sociais, tem-se passado, nos últimos anos, a levar em conta 
os impactos da diversidade de raças, culturas, linguagens, 
histórias de vida, visões de mundo, religiões e outros 
aspectos na formação das identidades dos sujeitos. 
 
 
Mudanças na sociedade forçaram mudanças na legislação educacional. Nesse 
sentido, a LDB 9394/96 estabelece que "os currículos do ensino fundamental devem 
abranger, obrigatoriamente, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o 
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política" (BRASIL, 
1996). E que além destes, conforme regulamentação posterior: 
 
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6.1. Diversidade Cultural 
 
 Contemplar a Diversidade Cultural implica conhecer e explorar as diferentes 
manifestações culturais da comunidade de origem e ampliar tal conhecimento, 
socializando a cultura historicamente construída pela humanidade. Alguns 
Componentes Curriculares, como a Arte e a Educação Física tornaram-se 
obrigatórios desde o 1º Segmento do Ensino Fundamental; outros figuram como 
Temas Transversais por propiciarem conhecimento e desenvolvimento humano e 
social e, por isso devem estar “sempre presentes”, permeando todas as áreas de 
conhecimento. 
 
6.1.1. Arte 
 
O ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório, de forma a 
promover o desenvolvimento cultural dos estudantes. Na Rede Municipal de Ensino 
de Cabo Frio, a Arte será desenvolvida no componente curricular Leitura e Artes. 
 
6.1.2. Educação Física 
 
A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, deve ajustar-se 
às faixas etárias e às condições da população escolar. 
 
6.1.3. Ensino Religioso 
 
O Ensino Religioso constitui componente curricular obrigatório como “parte 
integrante da formação básica do cidadão”, assumindo o caráter de inter-
religiosidade, responsável por apresentar o Transcendente nas diferentes culturas e 
tradições religiosas, considerando a diversidade existente no Brasil, sendo 
terminantemente proibida qualquer forma de proselitismo a favor desta ou daquela 
crença. 
 
 
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6.1.4. História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena 
 
O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes 
culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes 
indígena, africana e europeia. A Lei n° 11.645/08 determina a inclusão da história e 
cultura afro-brasileira e indígena nos currículos de História, Arte e Língua 
Portuguesa. 
 
6.1.5. Temas Transversais: Ética, Saúde, Orientação Sexual e Pluralidade Cultural 
 
A ética, a saúde, orientação sexual e pluralidade cultural, são temas Transversais 
que devem ser abordados em todas as áreas de conhecimento. 
 
6.1.6. Educação Ambiental 
 
A Lei Federal nº 9795/99 estabelece, no seu artigo 10, que “a educação 
ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, 
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do 
processo educativo, em caráter formal e não formal” (BRASIL, 2008). Especificando 
no § 1º, que, no ensino formal, “a educação ambiental será desenvolvida como uma 
prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e 
modalidades do ensino”, sendo que a mesma “não deve ser implantada como 
disciplina específica no currículo de ensino”. 
 
Além de preocupar-se com os componentes curriculares e temas transversais, o 
Ministério da Educação se preocupa também com as minorias, instituindo leis, como 
a Lei nº 13.146/2015, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto 
da Pessoa com Deficiência), a Lei nº 12.960, que instituiu as Escolas do Campo e o 
II Plano Nacional de Educação (PNE), 2014, traz um avanço para a Educação 
Integral. O PNE II prevê na meta de número 6, a oferta de educação em tempo 
integral para no mínimo 50% das escolas públicas e o atendimento de, ao menos, 
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25% dos estudantes de educação básica do Brasil. Tal meta deve ser alcançada, 
cabendo às redes de ensino do país, ajustarem-se. 
 
6.2. Educação Inclusiva 
 
A Educação Inclusiva se constitui um grande desafio para as redes de ensino 
e escolas uma vez que não se trata apenas de garantir o acesso de todas as 
crianças à educação, mas, de assegurar a aprendizagem a despeito de suas 
diferenças e/ou necessidades educacionais especiais. Garantir o direito à 
aprendizagem a todas as crianças é garantir a aprendizagem em meio à 
diversidade. 
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 205 apresenta “a educação 
como um direito de todos” e, no artigo 206, inciso I, estabelece “a igualdade de 
condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o 
ensino. Dessa forma, necessitamos de um currículo inclusivo, capaz de promover 
uma educação que tenha como um dos pilares fundamentais o princípio da 
aceitação e o respeito às diferenças. 
 
Assim, no lugar da ideia de dificuldade ou problema de 
aprendizagem, (...) propomos e defendemos a ideia de que 
cada um de nós possui diferentes possibilidades de 
tessitura de conhecimentos e, nesse sentido, temos 
garantido, como condição humana, o direito de aprender. 
(...) O direito de aprender é, portanto, intrínseco ao direito à 
dignidade humana, à liberdade, à inserção social, ao acesso 
aos bens sociais, artísticos e culturais, significando direito à 
saúde em todas as suas implicações, ao lazer, ao esporte, 
ao respeito, à integração familiar e comunitária. Pensar um 
currículo multicultural é compreender e colocar em prática 
um currículo que valorize os alunos em suas 
especificidades, contemplando as diferenças de ordem 
cultural, linguística, étnica, de gênero, bem como de alunos 
que fazem parte da Educação Especial; ampliando o acesso 
ao conhecimento, a participação de todos os alunos, e 
considerando os seus direitos de aprendizagem. 
(BRASIL, 2015) 
 
Considerando que cada ser humano é único; único em sua forma de perceber 
e se relacionar com o meio; único nos processos mentais de construção de 
conhecimento; que cada ser humano possui aptidões e limitações; o fundamento 
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básico deste referencial, que é garantir o direito a aprendizagem significativa para 
todos, adquire um enfoque muito mais amplo. 
Garantir uma educação inclusiva é assegurar que todos sejam contemplados em 
suas peculiaridades; que todos os fatores que interferem na aprendizagem destes 
sejam considerados e todas as suas necessidades de aprendizagem mediadas com 
competência. É importante ter clareza da função social da escola por excelência, 
que é formar cidadãos aptos, autônomos, com competência para viver em sociedade 
de forma transformadora. 
 
6.3. Educação do Campo 
 
A Educação do Campo é uma concepção político-pedagógica que tem como 
objetivo principal a valorização histórica e cultural da população que reside, trabalha 
e produz no campo, geralmente formada por camponeses e quilombolas. A 
orientação legal desta concepção está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional 9394/1996, que reconhece e delibera sobre a oferta de educação básica 
para a população rural. O Artigo 28, da referida lei, orienta os sistemas de ensino a 
promoverem as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida 
rural em cada região, especialmente: 
 
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas

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