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REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR PARA O 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL REDE MUNICIPAL DE ENSINO CABO FRIO – RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 2 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 3 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Prefeitura Municipal de Cabo Frio Secretaria Municipal de Educação Departamento de Gestão Pedagógica – DEGEPE Serviço de Supervisão do 1º Segmento do Ensino Fundamental Prefeito Alair Francisco Correa Vice-Prefeito Silas Rodrigues Bento Secretária Municipal de Educação Juciara Noronha Dimas Diretor do Departamento de Gestão Pedagógica Roberto Jorge da Silva Divisão de Supervisão Escolar Vanderluce Santos Machado Faria Serviço de 1º Segmento do Ensino Fundamental Janaina Coelho da Costa Estrella Scherer REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 4 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 5 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR PARA O 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL EQUIPE TÉCNICA Regina Célia de Jesus das Dores Santos Pedagogia - Coordenação e Redação Vânia de Almeida Duarte - Maria Carolina Viana Vieira Língua Portuguesa Marta Sportitsch Artes Fábio de Souza e Silva Educação Física Elizabethe Gomes Pinheiro Matemática Marcela de Souza Motta Ciências Markelly da Silva Caldas História Cyntia Viana dos Santos Almenara da Silva Geografia Maria Carolina Viana Vieira - Vinicius Fernandes Batista Carlos Augusto Cerqueira Xavier Revisão e edição REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 6 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 7 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ COMISSÃO DE DISCUSSÃO E ELABORAÇÃO DO REFERENCIAL CURRICULAR – CDERC Alexandra Regina de Souza Andrade Supervisão Escolar Carla de Souza Fernandes Supervisão Escolar Caroline dos S. Florentino de Barros Orientação Educacional Cheila Adriana Silva Mariano Professor 1º Segmento Cremilda das G. Pena Carneiro Serviço de Orientação Educacional 1º segmento Deise Trindade de Magalhães Inspeção Escolar Isamar Silveira Cartacho Supervisão Escolar Janaina Coelho da Costa Estrella Scherer Supervisão Escolar/Orientação Educacional Jaqueline de Andrade Pereira Inspeção Escolar/Direção Escolar Jaqueline Mota Barcelos Inspeção Escolar REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 8 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Karina Dopazo Professor 1º Segmento Luciana de Andrade Guimarães Supervisão Escolar/Coordenação Municipal do PNAIC Maria Carolina Viana Vieira Professor 2º Segmento Maria Marli Magalhães Batista Professor 1º Segmento Marcilene Maria da Conceição Santos Inspeção Escolar Marta Dias Mello Supervisão Escolar Mirian Araujo Guimarães Supervisão Escolar Regina Aparecida Pereira Júlio Direção Escolar Regina Célia de Jesus das Dores Santos Serviço de Supervisão Escolar / SEME – Coordenação Geral Rita de Fátima de Souza Miranda Professor 1º Segmento Rita de Cassia Oliveira Supervisão Escolar REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 9 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Silea Barbosa da Cruz Coutinho Supervisão Escolar Simone de Souza Ceppas Professor 1º Segmento Sonia Maria de Souza Professor 1º Segmento Vânia de Almeida Duarte Supervisão Escolar Vera Lucia Farias da Silva Professor 1º Segmento REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 10 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 11 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ GRUPOS DE DISCUSSÃO DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR Supervisores Escolares/Componente Curricular Língua Portuguesa Janete Garcia de Freitas Lidiane Rodrigues Araujo Marcia Angélica C. Oliveira Maria Carolina Quintanilha de Souza Rosana Araujo Silvia Teresinha Mendes Vania de Almeida Duarte Leitura e Artes Fabiana Fernandes Aslan Lessa GeanePatricia Santos de Lima Gyrlaine Buarque Wanderley Maria Cristina de O. Chagas Martha Aparecida Rosa B. Carvalho Milena Peixoto M. Santos Educação Física Alexandra Regina de Souza Andrade Dijiane Alves C. Ribeiro Silva Joy Machado Romão Simone de Souza Mendonça Wânia Joaquim de Oliveira Duarte Matemática Cyntia Cristina de Brito Teixeira Elida Quintanilha de Souza Erika Lessa dos Santos Isamar Silveira Cartacho Ivana Pereira da Costa Vânia de Mello Rodrigues REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 12 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Ciências da Natureza Ana Tavares Lima Jeconias Correa Leandro Luciana Avelino Cassiano Marcela Souza Motta de Mello Rosana Cavalcante Tanure Vanessa de Aguiar Menezes História Fernanda Louise de M. Oliveira Francine Elizabeth G. dos Santos Maria Edwirges Peixoto Raphaela Macedo dos Santos Siléa Barbosa Vanessa Soares de Oliveira Gama Geografia Ana Maria Nogueira C. de Araujo Danielle Martins Costa Jupiracira da Cruz Mirian Araújo Guimarães Rita de Cassia Oliveira C. de Lima REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 13 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade de aprender que é, em vocês, natural. Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos: que possibilitasse seu crescimento físico e sadio. Normal. Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a natureza, o ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo. Deus. Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação. E que dessas coisas lhes ensinasse não só o conhecer, como também a aceitar, a amar e preservar. Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a nossa história, a nossa terra de uma maneira viva e atraente. Eu queria uma escola que lhes ensinasse a usarem bem a nossa língua, a pensarem e a se expressarem com clareza. Eu queria uma escola que lhes ensinassem a pensar, a raciocinar, a procurar soluções. Eu queria uma escola que, desde cedo, usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedrinhas... só porcariinhas! Fazendo vocês aprenderem brincando...(...) Eu também queria uma escola que ensinasse a conviver, a cooperar, a respeitar, a esperar, a saber viverem em comunidade, em união. Que vocês aprendessem a transformar e criar. Que lhes dessem múltiplos meios de vocês expressarem cada sentimento, cada drama, cada emoção (...). CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE REFERENCIALCURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 14 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 15 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ PALAVRA DA SECRETÁRIA O momento histórico educacional do Brasil é desafiador. As transformações sociais, econômicas e políticas que vivenciamos requerem instituições e redes de ensino capazes de construir uma identidade educacional em meio a tantas mudanças; requerem práticas educativas que possibilitem a formação de cidadãos autônomos e competentes, para agir eficazmente nesta nova sociedade. Educar, formar cidadãos, encontrar o caminho para oferecer uma educação para todos e de qualidade não é tarefa simples, pois implica em mudanças estruturais, conceituais e ideológicas, que não se constituem no isolamento das teorias e ideias pré-concebidas academicamente, mas no estudo sistemático dos avanços em pesquisas educacionais, no conhecimento das demandas sociais atuais, na reflexão sobre o próprio fazer educativo e, no respeito e valorização dos saberes já incorporados pelos profissionais que fazem a educação no município. Construir uma identidade educacional em nível municipal envolve conscientização, coerência e coragem. Estamos cientes de que o sucesso do que propomos depende de toda a comunidade escolar, mas também dos gestores municipais, técnicos e especialistas que atuam na Rede Municipal de Ensino. Nossa expectativa é que este Referencial Curricular logre êxito em seu objetivo principal que é nortear as ações (e que sejam cada vez mais autônomas) de cada unidade escolar; redimensionando os Projetos Político Pedagógicos; redirecionando o olhar e contribuindo, de fato, para um novo tempo na educação municipal. É com imensa satisfação que lhes apresentamos o Referencial Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, fruto de intenso trabalho técnico de nossos profissionais educadores e do Departamento de Gestão Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (SEME) de Cabo Frio. Juciara Noronha Dimas Secretária Municipal de Educação REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 16 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 17 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO .................................................................................... 21 2. BREVE HISTÓRICO .................................................................................. 23 3. FUNDAMENTO BÁSICO E PRINCÍPIO NORTEADOR ........................... 31 3.1. O Direito à Educação Pública de Qualidade é o Fundamento Básico .................................................................................... 31 3.1.1. Os Dirigentes Municipais ........................................... 33 3.1.2. Os gestores das escolas ........................................... 34 3.1.3. Os Professores .......................................................... 35 3.1.4. A Equipe Técnico-pedagógica .................................. 35 3.1.5. Os Funcionários Administrativos e de Apoio ............. 36 3.2. A Ética é o Princípio Norteador .............................................. 37 4. CURRÍCULO POR COMPETÊNCIAS ....................................................... 39 4.1. Currículo e formação humana ................................................ 39 4.2. Por que um Currículo por Competências? ............................. 40 5. METODOLOGIA ........................................................................................ 43 6. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ATUAL ........................................................ 47 6.1. Diversidade Cultural ............................................................... 48 6.1.1. Arte ............................................................................ 48 6.1.2. Educação Física ........................................................ 48 6.1.3. Ensino Religioso ........................................................ 48 6.1.4. História e Cultura Afrobrasileira e Indígena............... 49 6.1.5. Temas Transversais: ética, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural ................................................. 49 6.1.6. Educação Ambiental ................................................. 49 6.2. Educação Inclusiva ................................................................ 50 6.3. Educação do Campo .............................................................. 51 6.4. Educação em Tempo Integral ................................................ 52 6.4.1. Campo Temático: Convivência, Identidade, Autonomia, Cooperação, Responsabilidade, Hábitos Higiênicos e Alimentares ........................................... 53 6.4.2. Componentes não disciplinares ................................ 54 REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 18 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 6.4.3. Atividades Diversificadas .......................................... 54 6.4.3.1. Acompanhamento Pedagógico: Orientação de Estudos, Leitura e Campos de Conhecimento ....................................... 55 6.4.3.2. Tecnologia Educacional ............................. 55 6.4.3.3. Comunicação Social .................................. 56 6.4.3.4. Esporte e Lazer .......................................... 56 6.4.3.5. Sustentabilidade ......................................... 56 6.5. Alfabetização .......................................................................... 56 6.5.1. Alfabetização na perspectiva do Letramento ............ 58 6.5.2. Direitos de Aprendizagem para a Alfabetização ....... 60 6.5.3. Metodologia na Alfabetização ................................... 63 6.5.4. Objetivos para cada ano de escolaridade ................. 63 6.5.4.1. 1º ANO DE ESCOLARIDADE: Apropriação do Sistema de Escrita Alfabética ................................................... 64 6.5.4.2. 2º ANO DE ESCOLARIDADE: Consolidação da Leitura e da Escrita ........ 64 6.5.4.3. 3º ANO DE ESCOLARIDADE: Domínio Autônomo da Leitura e da Escrita .............. 64 6.6. Perfil do Professor .................................................................. 65 7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO .................................. 67 7.1. Organização do Tempo Escolar ............................................. 67 7.2. Planejamento ......................................................................... 68 7.2.1. Planejamento Anual .................................................. 68 7.2.2. Planejamento Trimestral ........................................... 69 7.2.3. Planejamento Semanal ............................................. 69 7.2.4. Planejamento Diário .................................................. 70 7.3. A Organização da Sala de Aula ............................................. 71 8. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ......................................................... 73 8.1. Proposta Avaliativa da Rede Municipal .................................. 74 9. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ............................................................... 79 9.1. Regime Escolar ...................................................................... 79 9.2. Organização Curricular .......................................................... 79 9.2.1. Áreas de Conhecimento ............................................ 79 REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 19 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 9.2.2. Eixos Norteadores..................................................... 80 9.2.3. Competências e Habilidades por Componente Curricular para cada ano de escolaridade ................ 80 9.3. Organograma ......................................................................... 82 10. ÁREAS DO CONHECIMENTO - Eixos Norteadores, Orientações Didáticas, Competências e Habilidades .............................................. 83 10.1. Área de Linguagens ............................................................... 87 10.1.1. Objetivos da Área de Linguagens ........................... 88 10.1.2. Componentes Curriculares da Área de Linguagens 88 10.1.2.1. Língua Portuguesa ................................. 91 10.1.2.2. Leitura e Artes ........................................ 117 10.1.2.3. Educação Física .................................... 135 10.2. Área de Matemática ............................................................... 147 10.2.1. Objetivo da Área de Matemática ............................. 147 10.2.2. Componente Curricular da Área de Matemática ..... 147 10.2.2.1. Matemática ............................................ 147 10.3. Área de Ciências da Natureza ............................................... 167 10.3.1. Objetivo da Área de Ciências da Natureza ............. 167 10.3.2. Componente Curricular da Área de Ciências da Natureza .................................................................. 167 10.3.2.1. Ciências ................................................. 168 10.4. Área de Ciências Humanas ................................................... 183 10.4.1. Objetivo da Área de Ciências Humanas ................. 183 10.4.2. Componentes Curriculares da Área de Ciências Humanas ................................................................. 183 10.4.2.1. História ................................................... 187 10.4.2.2. Geografia ............................................... 205 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 217 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 219 REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 20 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 21 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 1. APRESENTAÇÃO O presente trabalho é uma experiência marcante na Rede Municipal de Ensino de Cabo Frio. Fruto do esforço de profissionais da Educação, que almejaram aperfeiçoar e atribuir qualidade à Educação Municipal, o Referencial Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, respeitando o caminhar da Educação no município, compreendendo os percalços, avanços e desafios, respeitando as orientações e determinações das instâncias superiores, visa nortear e alinhar a prática pedagógica da Rede Municipal de Ensino, aproximando-a das orientações contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais e, sobretudo, da experiência social e histórica da humanidade expressa em conhecimentos, habilidades e atitudes que propiciam a formação integral do aluno. Este documento apresenta uma proposta metodológica clara e fornece subsídios adicionais para o adequado planejamento da prática pedagógica, apresentando objetivos e orientações didáticas para o ensino de cada componente curricular, seus eixos estruturantes, com as respectivas competências e habilidades que o estudante precisa consolidar a cada ano de escolaridade. Além disso, orienta os professores e técnicos em geral quanto aos principais desafios da Educação atual, como por exemplo, a alfabetização, a educação em tempo integral e a educação inclusiva. A produção deste material reafirma o respeito às ações anteriores e a consciência de que este referencial é resultado de uma construção histórica de todo o colegiado municipal. Tal conscientização se evidencia na composição da comissão organizada para elaboração do mesmo, formada por professores regentes, pedagogos que exercem funções técnicas e gestores das unidades escolares. Cada representante desses grupos contribuiu com sua vivência, o que conferiu credibilidade e contextualizou todas as discussões na realidade do município. Trata-se de uma ação educacional pautada nas orientações legais e nos temas educacionais relevantes para garantir o direito à educação de qualidade. Não ousamos oferecer soluções prontas e fechadas, nem delimitar ou engessar o planejamento de nossos educadores, mas proporcionar elementos úteis para que se possa elaborar, em cada caso, as soluções mais adequadas, em função das REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 22 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ circunstâncias específicas de cada comunidade escolar. Tampouco pensar que seja suficiente disponibilizar um Referencial Curricular, é necessário cuidar para que este se torne um instrumento de reestruturação da Educação Municipal, garantindo sua implementação e operacionalização. Nós, profissionais da Educação, membros da comissão elaboradora do documento, por almejarmos uma educação de qualidade para o município de Cabo Frio, após um longo período de pesquisas, estudos e discussões, apresentamos à comunidade escolar o Referencial Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental e desejamos que os ideais deste se concretizem na Educação da nossa cidade. Regina Célia de Jesus das Dores Santos Coordenadora da CDERC REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 23 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 2. BREVE HISTÓRICO A Educação no Brasil vem passando por uma série de transformações nos últimos anos, no intuito de garantir a todos os brasileiros o direito constitucional à educação. A LDB 9394/96, em seu Artigo 3º, elenca os princípios para o ensino no país, dentre os quais destacamos: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extraescolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII – consideração com a diversidade étnico-racial. (BRASIL, 1996) De acordo com tais princípios, entendemos que garantido o acesso à escola, há que se assegurar também o direito a uma educação de qualidade, que propicie o pleno desenvolvimento do educando. Esse é, sem dúvida, o maior desafio dos sistemas e instituições de ensino da atualidade. O acesso de todas as crianças trouxe uma diversidade de questões que agregam um grau de complexidade ainda maior às ações da escola, questões sociais das mais diversas, agravadas pelas múltiplas realidades e especificidades de um território amplo como o brasileiro. Buscando um alinhamento a nível nacional, a Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 210, determina que o estado deveria então fixar “conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum e o respeito aos valores nacionais e regionais”; reafirmando o inciso IV da LDB 9394/96, em seu artigo 9º,que atribui à União “estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum”. Iniciativas do MEC, a partir de 1997, com a definição dos ParâmetrosCurriculares Nacionais (PCN), começaram a delinear tais conteúdos mínimos para o REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 24 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Ensino Fundamental. Os PCN tinham como principal objetivo garantir a unidade curricular no território nacional, ao estabelecer, com base em estudos e pesquisas educacionais, os conteúdos mínimos para cada série. A partir do estabelecimento de Parâmetros Curriculares Nacionais, o município de Cabo Frio, assim como os demais municípios e Estados brasileiros procederam aos ajustes em suas propostas curriculares, respeitando, no entanto, sua realidade histórica, política, ambiental e social. Em 2006, a Lei federal 11.274, em seu Artigo 32,altera a lei 9394/96, ampliando o atendimento do Ensino Fundamental para nove (9) anos, estabelecendo o ingresso da criança de seis (6) anos de idade no Ensino Fundamental. Isso implicou na incorporação das antigas Classes de Alfabetização ao Ensino Fundamental. Com a lei, seguiram também orientações para tal ampliação, como tempo de adequação e os ajustes necessários nos regimentos das Redes de Ensino. O município de Cabo Frio já havia feito essa incorporação anteriormente quando as Classes de Alfabetização adotaram a denominação de 1ª série, nível 1, ficando a antiga 1ª série denominada de 1ª série, nível 2, introduzindo já a ideia, não muito bem compreendida, de progressão da aprendizagem. As demais séries mantiveram a denominação original. Antes dessa adequação municipal, com a criação das turmas de 1ª série, níveis 1 e 2, os estudantes das Classes de Alfabetização que não apresentavam progresso eram retidos, gerando uma grande distorção idade-série na rede, além de alunos/turmas com defasagem de conteúdos. Buscando resolver essa problemática, o município implementou, nos anos de 2002 e 2003, um programa de aceleração, com classes denominadas Acelera 1, para crianças de 1ª e 2ª séries e Acelera 2, para 3ª e 4ª séries. Alguns bons resultados foram constatados, porém para os estudantes com problemas e defasagem na aprendizagem, esse programa surtiu pouco efeito. Tornava-se urgente reestruturar a alfabetização no município, a fim de garantir que os alunos saíssem dessas turmas com os conhecimentos mínimos necessários para prosseguir em suas aprendizagens. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 25 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ A proposta de 1ª série, níveis 1 e 2, tinha como princípio a progressão de aprendizagens. Dessa forma, não havia retenção na primeira série nível 1, salvo por frequência inferior a 75%, o que praticamente zerou os índices de reprovação nesta etapa. Na 1ª série, nível 2, haveria a continuidade do processo, ampliando assim o tempo para o aluno se alfabetizar. Ao final dos dois primeiros anos, constatou-se um enorme índice de retenção na 1ª série, nível 2, evidenciando que o problema persistia. Não bastava mudar a estrutura ou a nomenclatura, tornava-se necessário e urgente rever a proposta pedagógica para o 1º Segmento do Ensino Fundamental. No intuito de orientar, facilitar e direcionar a prática pedagógica, o Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Cabo Frio, elaborou nos anos de 2007 a 2012, uma série de Cadernos Pedagógicos, específicos para cada série e para diferentes componentes curriculares, incluindo os Temas Transversais, como: Educação Ambiental e História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. A História e Geografia de Cabo Frio, a Educação Inclusiva e as Salas de Leitura também foram contempladas com cadernos pedagógicos específicos. Dentre as iniciativas municipais, destaca-se a elaboração do REDEALFA, Referencial de Alfabetização do Município de Cabo Frio, em 2006, que visava nortear a prática pedagógica dos professores alfabetizadores. A meta principal do REDEALFA era “o redirecionamento do processo ensino- aprendizagem nas primeiras séries (níveis 1 e 2), fornecendo apoio à prática pedagógica, servindo como suporte para auxiliar os docentes na Avaliação, no planejamento e no uso da metodologia adequada.” Esse Referencial de Alfabetização, além de orientações metodológicas, cuidou ainda de promover ações para formação continuada, avaliação institucional, critérios para seleção e permanência de professores nos anos iniciais, acompanhamento da prática pedagógica, elaboração de cadernos pedagógicos específicos para alfabetização (1º ano), com sugestões de atividades educativas bem sucedidas, propostas pelos próprios professores da rede, além de estabelecer uma gratificação para os professores que atuassem nas turmas de 1º ano. Nos anos de 2010 a 2012, foi criada uma Coordenação de Alfabetização, liderada pela professora Maria de Fátima Silva, que tinha como objetivo principal o acompanhamento das ações previstas no REDEALFA. O planejamento e execução REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 26 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ da formação continuada, das avaliações externas e o acompanhamento da prática pedagógica. Dentre as atribuições desta coordenação, estavam o planejamento e oferta de formação continuada, que era um dos critérios para a permanência do professor nas turmas de alfabetização. Essa formação continuada foi realizada de acordo com as orientações do programa Pro-Letramento, do Governo Federal. O acompanhamento da prática pedagógica, que consistia em visitas às salas de aula de 1º ano, para verificação e esclarecimentos quanto à aplicação das sugestões e orientações transmitidas na formação continuada, dava o retorno à coordenação sobre os ajustes ainda necessários na formação e na prática pedagógica. A avaliação institucional, realizada trimestralmente, também auxiliava a equipe quanto às orientações e ajustes necessários. Muitos professores alfabetizadores do município foram orientados pela Coordenação de Alfabetização. A implantação do REDEALFA tornou-se um marco político educacional no município. Algumas ações dele decorrentes se perpetuam ainda hoje, como a gratificação para os professores de 1º ano e a formação continuada que foi oferecida pelo município até 2013, quando foi substituída pela formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), em decorrência do pacto firmado com o Governo Federal. As atividades dessa coordenação, bem como suas avaliações, evidenciaram a necessidade de reestruturação da proposta curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, o que se concretizou em 2012. A Rede Municipal reestruturou a Proposta Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, considerando as Diretrizes Curriculares Nacionais, em vigor desde 2008, conforme o Parecer CNE/CEB, nº 4/98, que dispôs sobre o estabelecimento de Diretrizes Curriculares Nacionais: “Ao definir as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Câmara de Educação Básica do CNE inicia o processo de articulação com Estados e Municípios, através de suas próprias propostas curriculares, definindo ainda um paradigma curricular para o Ensino Fundamental, que integra a Base Nacional Comum, complementada por uma Parte Diversificada (LDB, art. 26), a ser concretizada na proposta pedagógica de cada unidade escolar do País”, e a Resolução CNE/CEB nº2/98 instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, que REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 27 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ deveriam ser, a partir de então, observadas na organização curricular das unidades escolares integrantes dos diversos sistemas de ensino. Tais Diretrizes Curriculares Nacionais também propuseram o estabelecimento de uma Base Nacional Comum, com competências mínimas por componente curricular para cada segmento do ensino, a serem contempladas pelas unidades escolaresem todo o território nacional. Esta Base Nacional Comum deve ser definida pelo Ministério da Educação, mas encontra-se ainda em fase de discussão. Em 2009, a pedido do então Ministro da Educação, Fernando Haddad, iniciaram-se os trabalhos para revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais. As diretrizes revisadas foram homologadas em 2010 e fundamentam o Referencial Curricular do Município de Cabo Frio. Em 2012, com o lançamento do PNAIC, o MEC suscitou a discussão sobre Ciclos de Aprendizagem e introduziu o conceito de Direitos de Aprendizagem, mudando a lógica da organização curricular, antes pautada nos conteúdos para uma organização curricular por competências. Essa mudança estrutural e conceitual desencadeou a elaboração dos Elementos Conceituais e Metodológicos para definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de Alfabetização – primeira iniciativa do MEC para o estabelecimento da Base Comum Nacional. O documento apresenta uma organização curricular por Áreas de Conhecimento, com Direitos de Aprendizagem específicos para cada componente curricular. Dentre as ações do PNAIC, destaca-se ainda a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), que pressupõe uma organização curricular alinhada em todo o território nacional, tornando ainda mais necessário o estabelecimento de uma Base Nacional Comum, pautada em competências passíveis de serem desenvolvidas em quaisquer redes e/ou unidades de ensino do país. Diante desse cenário, emerge a necessidade urgente de elaboração de um Referencial Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental, que atenda as atuais Diretrizes Curriculares Nacionais, adequando-se as orientações do MEC, sem negligenciar as peculiaridades e especificidades do município de Cabo Frio. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 28 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Visto isso, a Rede Municipal de Ensino, no uso de sua autonomia, iniciou em 2014 os preparativos para elaboração do Referencial Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental do município. O ponto de partida para a elaboração do Referencial Curricular foi o Fórum Municipal de Alfabetização, realizado em agosto de 2014, onde foram abordados e discutidos os Ciclos de Aprendizagem, o Processo de Aprendizagem e a Avaliação Escolar. Nele também foram selecionados Supervisores Escolares, Inspetores Escolares e Orientadores Educacionais para compor uma comissão que teria como meta discutir e elaborar o referido documento. O segundo passo foi uma reunião com representantes da Direção das Unidades Escolares e dos Professores que atuam no 1º segmento do Ensino Fundamental, para abordagem das questões acima relacionadas e também seleção de representantes desses grupos para participação na comissão. A reunião aconteceu em setembro de 2014. O passo seguinte foi o convite à coordenação municipal do PNAIC, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, para participação ativa na comissão, com o objetivo de alinhar as discussões com as novas orientações do MEC para os Ciclos de Alfabetização, além de contribuir com informações importantes com relação à formação continuada e o desenvolvimento da Alfabetização no município. Concluída a composição da comissão, iniciaram-se as reuniões em Novembro/2014. A comissão contou inicialmente com 22 componentes. Foram realizadas 17 reuniões da Comissão de Discussão e Elaboração do Referencial Curricular, entre os meses de Novembro/2014 e Outubro/2015. Nessas reuniões, a comissão se dedicou a estudar a legislação educacional nacional e municipal vigentes, analisar os documentos orientadores do MEC, para organização curricular, analisar a Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino, avaliar a aprendizagem na rede municipal, discutir todas as temáticas que envolvem a construção de um referencial curricular, definir a estrutura do documento e produzir o texto final, procedendo a análises e revisões em todas as etapas de sua elaboração. Uma ação de destaque da comissão foi a organização de reuniões com os Supervisores Escolares em exercício na Rede, para análise e definição do capítulo “Organização Curricular”. De acordo as experiências de campo, esses profissionais REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 29 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ analisaram as Orientações Didáticas para o ensino de cada componente curricular, propostas pela comissão, bem como as respectivas competências e habilidades, definindo-as e delimitando onde cada uma deve ser Introduzida, Aprofundada e Consolidada. Com a experiência dos Supervisores Escolares, foi possível também elencar os conteúdos mínimos necessários ao desenvolvimento de cada competência e/ou habilidade, de acordo com a proposta deste documento e as especificidades de cada área de ensino, aproximando mais este referencial da realidade e das expectativas dos agentes da educação municipal, cuidado importante nesta etapa de transição da proposta curricular vigente para o novo Referencial Curricular. Neste capítulo, em particular, da Organização Curricular, contamos ainda com a análise técnica de professores da rede municipal graduados em cada disciplina, que agregaram saberes e orientações específicas a cada componente curricular, garantindo assim a qualidade e coerência das orientações. Além disso, o olhar da Orientação Educacional para as questões sociais que adentram a escola, por meio de seus representantes na CDERC, aproximou as reflexões e discussões da realidade sociocultural presente nas escolas da rede municipal. A participação dos representantes da Inspeção Escolar também foi essencial aos trabalhos da CDERC, pois garantiram a fundamentação legal do documento, evitando possíveis equívocos e desvios na interpretação das leis em geral. A participação efetiva dos professores regentes do 1º segmento do Ensino Fundamental na comissão merece destaque especial, tornando-se o ponto alto deste trabalho. O interesse demonstrado durante as discussões e a dedicação com que abraçaram a causa são evidências claras de que os educadores do município de Cabo Frio almejam mudanças e buscam uma educação de qualidade. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 30 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 31 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 3. FUNDAMENTO BÁSICO E PRINCÍPIO NORTEADOR “Mas não são os avanços do conhecimento científico por si mesmos que produzem as mudanças no ensino. As transformações educacionais realmente significativas — que acontecem raramente — têm suas fontes, em primeiro lugar, na mudança das finalidades da educação, isto é, acontecem quando a escola precisa responder a novas exigências da sociedade. E, em segundo lugar, na transformação do perfil social e cultural do alunado: a significativa ampliação da presença, na escola, dos filhos do analfabetismo — que hoje têm a garantia de acesso, mas não de sucesso — deflagrou uma forte demanda por um ensino mais eficaz.” (BRASIL, 1997) 3.1. O Direito à Educação Pública de Qualidade é o Fundamento Básico Tendo ciência da demanda de questões que adentram a escola, a Rede Municipal de Ensino de Cabo Frio busca, em todas as suas ações ao longo do tempo, a qualidade na educação que é oferecida aos seus munícipes. A leitura dos fundamentos básicos das Diretrizes Curriculares Nacionais mobilizou na Comissão de Discussão e Elaboração do Referencial Curricular - CEDRC - reflexões quanto ao termo Direito à Educação. Buscamos compreendê-lo mais amplamente e dialogar sobre qual seria o fundamento básico do Referencial Curricular do nosso município.Enfatizamos a importância de garantir o direito a uma educação de qualidade adequada à realidade e as necessidades dos indivíduos. Também refletimos sobre como as questões sociais estão permeando este fundamento, especialmente os ideais de igualdade, amplamente reforçados. Além disto, o fundamento que destaca a educação com qualidade social ampliou a discussão, despertando-nos para a necessidade de encontrarmos o equilíbrio entre direito à educação e qualidade social, a fim de que além do acesso e permanência, seja garantida a aprendizagem significativa visando à formação de cidadãos autônomos. (ATA nº 5, março de 2015, da CDERF) Entendemos que os alunos matriculados na Rede Municipal de Ensino de Cabo Frio independente do contexto social; sejam moradores da periferia do município, sejam da zona rural, sejam do 2º distrito, sejam da área central da cidade devem ter garantido o direito ao desenvolvimento das competências básicas que os tornem capazes de agir e interagir com autonomia e em igualdade de condições, em qualquer contexto social no Brasil ou fora dele. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 32 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Seguindo essa ideologia, a nova proposta de organização curricular precisa assegurar o “entendimento do currículo como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos educandos” (BRASIL, 2010). Partindo desse fundamento, elencamos as competências mínimas necessárias em cada componente curricular que possam propiciar a todos os alunos o direito a essa educação com qualidade social, que vai além de garantir o acesso, além de suprir necessidades básicas, como a alimentação, bem presente na qualidade da merenda escolar oferecida, ou de oferecer condições mínimas de higiene e saúde, mas e, sobretudo, que propicie seu desenvolvimento integral, para que se constituam cidadãos plenos, capazes de agir com autonomia na sociedade, transformando-a e contribuindo para seu desenvolvimento. As orientações contidas neste referencial são destinadas a que cada escola, no uso de sua autonomia, elabore Projetos Políticos Pedagógicos, onde as competências mínimas nele elencadas sejam contempladas com responsabilidade e qualidade, e que a parte diversificada contemple as especificidades de cada comunidade escolar. Para tanto, cada escola precisa conhecer seu alunado e considerar a diversidade econômica, étnica e social da comunidade na qual está inserida e planejar ações e estratégias visando sempre o desenvolvimento integral de seus alunos. Os objetivos da escola precisam ser ampliados, considerando as fases e ritmos de desenvolvimento de cada criança, evidenciadas hoje no que o MEC denomina de “múltiplas infâncias e adolescências”. O maior desafio da escola atual é lidar com o novo alunado, com todas as suas especificidades e garantir o direito a aprendizagem significativa e de qualidade. É imprescindível a mudança do olhar sobre o processo de aprendizagem e de apropriação da cultura pelos alunos, considerando as múltiplas realidades inseridas na escola a partir da universalização do ensino. E, por serem múltiplas as realidades é que se torna indispensável que cada escola elabore o seu Projeto Político Pedagógico (PPP). Somente o PPP garantirá o atendimento às necessidades específicas de cada comunidade escolar. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 33 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ De acordo com VEIGA: O projeto político pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalidades da escola, assim como a explicitação de seu papel social e a clara definição de caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos com o processo educativo. Seu processo de construção aglutina crenças, convicções, conhecimentos da comunidade escolar, do contexto social e científico, constituindo-se em compromisso político e pedagógico coletivo. Ele precisa ser concebido com base nas diferenças existentes entre seus autores, sejam eles professores, equipe técnico-administrativa, pais, alunos e representantes da comunidade local. É, portanto, fruto de reflexão e investigação. O papel da escola, implica, portanto, o enfrentamento de demanda global e especificidades locais. O ensino, por sua vez, não se realiza só através de conteúdos socialmente acumulados, mas, principalmente, por meio das relações que estabelece nos diferentes aspectos e dimensões da vida. Educadores e educandos serão preparados para conceber a educação como um processo permanente de aprendizagem e reconstrução do conhecimento que propicie o aprender a conhecer, a fazer, a ser e a conviver. (VEIGA, 1998) A elaboração deste referencial, portanto, é apenas um passo na direção da tão almejada educação de qualidade, pois esta não se faz com papéis, documentos ou leis, mas com a ação efetiva de cada componente da educação municipal, nas diversas esferas de atuação. 3.1.1. Os Dirigentes Municipais Os dirigentes municipais precisam prover os meios adequados para atendimento à população em idade escolar, oferecendo vagas de acordo com o crescimento populacional, o que implica em construção de escolas para abertura de novas turmas, evitando a superlotação das já existentes, o que interfere diretamente na qualidade da educação oferecida a nível municipal. Também é necessário garantir o funcionamento, com qualidade, de cada unidade escolar, o que envolve a estrutura física, os recursos materiais e humanos, a remuneração justa de todos os profissionais da educação, assim como condições de trabalho adequadas ao exercício de cada função. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 34 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Outra atribuição dos dirigentes municipais, muito importante na atualidade, é garantir condições mínimas de segurança para a comunidade escolar. A localização de escolas em áreas de confronto ou dentro de comunidades com histórico de violência, afeta a rotina das mesmas, com interrupções e suspensão de aulas presenciais, com acontecimentos que interferem nas condições de aprendizagem dos alunos, nas condições de trabalho dos funcionários, em geral, e na integridade física e emocional de todos. 3.1.2. Os gestores das escolas A equipe gestora das unidades escolares precisa gerenciar os recursos materiais e humanos tendo como foco o aluno. Este precisa ser, de fato, a razão de existir das escolas, dos professores, dos funcionários em geral. Todas as ações devem priorizar o aluno e suas necessidades de aprendizagem (estamos nos referindo a todos os alunos e a cada um em sua especificidade). É fundamental garantir o tempo escolar, definido por lei, que é direito do aluno. Cada hora-aula precisa ser efetivamente respeitada, com atividades produtivas que tenham como fim a aprendizagem de todos, não devendo ser subtraídos desse tempo momentos para refeições e/ou outras atividades sem fins educativos. Na organização dos quadros de horários para as turmas, é preciso prever os tempos de coordenação e planejamento coletivo dos professores de uma mesma turma – o desenvolvimento integral do aluno depende do trabalho interdisciplinar e articulado de seus professores. Qualquer projeto ou plano de ação e, sobretudo, o Projeto Político Pedagógico precisa ter como objetivo principal a aprendizagem do aluno, pois somente esta garante educação de qualidade e mudanças significativas na sociedade. Outra atribuição importante dos gestores é cuidar do clima organizacional da escola. O currículo oculto de cada ambiente se evidencia no seu clima organizacional. Nele estão implícitasas regras, de fato, praticadas. O que “não é dito” grita nas ações e reações dos gestores, professores, funcionários REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 35 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ administrativos e de apoio em geral e, consequentemente, nas ações e reações dos alunos. 3.1.3. Os Professores Os professores precisam buscar aperfeiçoamento profissional contínuo para atender a demanda de alunos com necessidades educacionais, sociais, culturais e inclusivas diversas. A diversidade presente nas salas de aula é um grande desafio a ação dos professores, mas não deve se tornar obstáculo ou justificativa para o fracasso escolar. A habilitação exigida para o exercício de uma profissão não é sinônimo de qualificação e competência; esta só se adquire quando o exercício da função está atrelado ao conhecimento aprofundado e específico da profissão. A carga horária semanal dos professores destina um período para formação continuada e planejamento, que devem ser efetivamente aproveitados com estudos e pesquisas que confiram qualidade à prática pedagógica. Para ESTRELLA, 2015, “Os docentes têm que formar-se como pesquisadores de sua própria prática, para identificar e regular os recursos implícitos e explícitos que compõem suas competências e qualidades humanas profissionais.”. Dentre as competências e qualidades humanas profissionais, inerentes ao professor, é necessário destacar o comprometimento profissional. Mesmo em face de situações adversas, o professor precisa estar comprometido com a aprendizagem dos seus alunos, o que implica no cuidado com o planejamento das aulas, com os registros avaliativos dos alunos, com seu crescimento profissional, com o cumprimento das regras da instituição e, um cuidado especial com a frequência, para cumprir sua carga horária de trabalho, já contemplada pela redução legal e garantir as horas-aula as quais o aluno tem direito. 3.1.4. A Equipe Técnico-pedagógica Assim como os Gestores, os Inspetores Escolares, os Supervisores Escolares e os Orientadores Educacionais também precisam buscar aperfeiçoamento REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 36 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ profissional para oferecer o suporte ao professor e às unidades escolares, em suas áreas específicas de ação. As reuniões de serviço, coordenadas pelo Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, visam o alinhamento do trabalho técnico- pedagógico no município, abordando temáticas inerentes à ação de cada técnico. Contudo, além destas, é essencial que se cultive o hábito de realizar reuniões de equipe dentro das unidades escolares, cujo objetivo é propiciar uma gestão colaborativa, essencial à qualidade do ensino. Todas as ações, projetos e/ou problemáticas enfrentados pela comunidade escolar devem ser discutidos pela equipe técnica, para que as decisões tomadas contemplem adequadamente aspectos pedagógicos, sociais, administrativos e legais. 3.1.5. Os Funcionários Administrativos e de Apoio Os funcionários administrativos e de apoio das unidades escolares precisam compreender-se parte de um processo educativo, ter sensibilidade no trato com os alunos e cuidado em suas ações, pois refletirão positiva ou negativamente no clima organizacional da escola; cabendo a gestão orientá-los e sensibilizá-los quanto às atitudes adequadas ao ambiente escolar. Enfim, a qualidade da educação no município se dará mediante conhecimento e comprometimento de todos (e de cada um) no exercício de sua função. Educação de qualidade depende de conhecimento, desejo e ação. (...) enquanto não se provoque uma mudança, uma transformação na cultura escolar, somente se produzirão mudanças superficiais no currículo, nos papéis ou nas tarefas burocráticas. As mudanças profundas, autênticas e sustentáveis dependem tanto ou mais das crenças e modos de aprender, como dos comportamentos das pessoas e profissionais. (COCHRAN-SMITH,2009) REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 37 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 3.2. A Ética é o Princípio Norteador O fundamento básico ora descrito pressupõe um princípio norteador que prime pela qualidade nas relações humanas, por isso, este referencial, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, elenca como princípio norteador a ética, por entendermos que esta deve permear todas as relações e nortear a conduta de todos os agentes da educação pública, independente de cargos e/ou funções. Sujeitos éticos conseguem exercer a cidadania com coerência; perceber a diversidade presente na sociedade, respeitar o outro em suas peculiaridades; incluir, conviver. Para RANGEL e FREIRE, 2009, tendo como objetivo principal o desenvolvimento de cidadãos autônomos, as instituições educativas têm um papel muito importante no que se refere ao desenvolvimento ético do educando, dos educadores e da comunidade escolar como um todo, por isso é necessário que haja coerência entre os valores proclamados e os efetivamente praticados, para que se tornem parâmetros, de fato, para as relações estabelecidas dentro e fora da escola. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 38 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 39 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 4. CURRÍCULO POR COMPETÊNCIAS A instituição escolar,(...), foi constituída na história da humanidade como o espaço de socialização do conhecimento formal historicamente construído. O processo de educação formal possibilita novas formas de pensamento e de comportamento: por meio das artes e das ciências o ser humano transforma sua vida e de seus descendentes. A escola é um espaço de ampliação da experiência humana, devendo, para tanto, não se limitar às experiências cotidianas da criança e trazendo, necessariamente, conhecimentos novos, metodologias e as áreas de conhecimento contemporâneas. O currículo se torna, assim, um instrumento de formação humana. (LIMA, 2005) 4.1. Currículo e formação humana1 Para refletir sobre currículo e desenvolvimento humano, é necessário recorrer a algumas áreas de conhecimento além da psicologia. Os conhecimentos oferecidos pelas neurociências, antropologia, linguística e pelas artes são imprescindíveis para responder aos desafios de uma escola que promova a formação humana de todos os educandos e que também amplie a experiência humana de seus educadores. A psicologia foi a área de conhecimento de maior influência na educação durante grande parte do século XX. Uma ideia bastante difundida nas últimas décadas é a da criança que constrói seu próprio conhecimento. A criança desempenha, sim, um papel importante em seus processos de aprendizagem, mas não os realiza sozinha: antropologicamente, estes processos se dão por meio da ação dos adultos. E um dos componentes deste papel do adulto está na definição do conceito de currículo e de elaboração de seus componentes. Subjacente à elaboração do currículo, está a concepção de ser humano e o papel que se pretende que a escola tenha em seu processo de desenvolvimento. Não há, portanto, currículo ingênuo: ele sempre implica em uma opção e esta opção poderá ou não ser favorável ao processo de humanização. Um currículo para a formação humana precisa ser situado historicamente, uma vez que os instrumentos culturais que são utilizados na mediação do desenvolvimento e na dinâmica das funções psicológicas superiores se modificam com o avanço tecnológico e científico. Esta perspectiva do tempo é importante:1 LIMA, Elvira Souza. Currículo, cultura e conhecimento. São Paulo, Editora Sobradinho107, 2005. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 40 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ novas áreas do conhecimento vão se formando, por desdobramento de áreas tradicionais do currículo (por exemplo, a ecologia a partir da biologia), ou são criadas como resultado de novas práticas culturais, internet e web, ou ainda pela complexidade crescente do conhecimento e da tecnologia. Um currículo para a formação humana introduz sempre novos conhecimentos, não se limita aos conhecimentos relacionados às vivências do aluno, às realidades regionais, ou com base no assim chamado conhecimento do cotidiano. É importante alertar para a diferença entre um currículo que parte do cotidiano e aí se esgota e um currículo que engloba em si mesmo, não apenas a aplicabilidade do conhecimento à realidade cotidiana vivida por cada grupo social, mas entende que conhecimento formal traz outras dimensões ao desenvolvimento humano, além do “uso prático”. Há, portanto, uma diferença entre partir ou utilizar metodologicamente a experiência cultural do aluno como caminho para ampliação da experiência humana na escola e definir como currículo a experiência cultural do aluno. Um currículo para a formação humana é aquele orientado para a inclusão de todos ao acesso dos bens culturais e ao conhecimento. Está, assim, a serviço da diversidade. Entendemos diversidade na concepção de que ela é a norma da espécie humana: seres humanos são diversos em suas experiências culturais, são únicos em suas personalidades e são diversos em suas formas de perceber o mundo. Seres humanos apresentam, também, diversidade biológica. Algumas delas provocam impedimentos de natureza distinta no processo de desenvolvimento das pessoas, as comumente chamadas de “portadoras de necessidades especiais”. Como a diversidade é hoje recebida na escola, há a demanda, óbvia, por um currículo que atenda a todo tipo de diversidade. 4.2. Por que um Currículo por Competências? O reconhecimento e aceitação de que o conhecimento é uma construção coletiva e que a aprendizagem mobiliza afetos, emoções e relações com seus pares, além das cognições e habilidades intelectuais, permite-nos propormos o desafio de construir competências e habilidades. Isso significa aprender a aprender, a pensar, a relacionar o conhecimento com dados da experiência cotidiana, a dar significado ao aprendido e a captar o significado do mundo, a fazer a ponte entre teoria e prática, a fundamentar a crítica, a REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 41 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ argumentar com base em fatos, a lidar com o sentimento que a aprendizagem desperta. (FERREIRA, 2001) A Rede Municipal de Ensino preocupa-se com essa nova forma de transposição didática: tornar os conhecimentos formais em sua totalidade, sem valoração discriminatória, compreensíveis e assimiláveis aos alunos, considerando os contextos e a relevância de cada um para o desenvolvimento das competências essenciais ao 1º Segmento do Ensino Fundamental. Estruturar um currículo por competências significa inverter a lógica conteudista, que prima pela transmissão fria de conhecimentos; significa relacionar e inter-relacionar conhecimentos; promover o desenvolvimento de habilidades; propiciar autonomia. Segundo Perrenoud, 1999, p. 7, “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc). Para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (...). Se aceitarmos que competência é uma capacidade de agir eficazmente num determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem se limitar a eles, é preciso que alunos e professores se conscientizem das suas capacidades individuais que melhor podem servir o processo cíclico de Aprendizagem-Ensino-Aprendizagem”. Uma educação que vise à formação integral dos indivíduos precisa encontrar caminhos para o desenvolvimento de competências. As competências envolvem conhecimentos, mas não se limitam a eles, articulam áreas de conhecimento diferentes, suscitam habilidades e norteiam ações. Um currículo por competências é orientado para a integração disciplinar, através de processos pedagógicos interdisciplinares ou transdisciplinares, mobilizados em estudos temáticos, em resolução de problemas ou em trabalho por projetos. De acordo com MACEDO, 2009, Defender no currículo da educação básica o desenvolvimento de competências e habilidades significa ampliar sua função tradicional – relacionada especificamente ao âmbito profissional, considerando-as também na perspectiva dos alunos, incluindo por isto mesmo conhecimentos e valores que envolvem a vida pessoal e social como um todo. E isto se faz através das REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 42 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ disciplinas escolares, dos conteúdos, métodos e recursos necessários ao ensino das matérias que compõem a grade curricular. Trata-se, então, de criar situações de aprendizagem organizadas para desenvolver competências e habilidades no contexto das disciplinas. (...) Assim, o aluno, pouco a pouco, vai se tornando uma pessoa habilidosa, que faz bem feito, que tem destreza mental ou física, que valoriza, porque aprendeu a fazer bem, a compreender bem, a viver e conviver bem. Um currículo por competências permite a coexistência de competências gerais e de competências específicas. As competências gerais estão diretamente relacionadas à formação do aluno enquanto agente de seu próprio conhecimento e, consequentemente, enquanto cidadão, envolvendo atitudes, estratégias e técnicas que são necessárias ao aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. As competências específicas estão relacionadas aos conceitos e/ou conteúdos inerentes a cada componente curricular. Sendo assim, para todos os componentes curriculares de cada área do conhecimento, foram definidas, neste referencial, as competências e/ou habilidades a serem desenvolvidos do 1º ao 5º anos de escolaridade, delimitando-se o ano específico em que devem ser introduzidas, aprofundadas e consolidadas, respeitando as fases de desenvolvimento infantil e considerando a importância da continuidade, do aprofundamento e da progressão da aprendizagem. Neste sentido, concluímos que um currículo por competências pode propiciar uma formação mais abrangente e mais significativa. No entanto, para garantir o desenvolvimento das competências com progressão e aprofundamentos adequados às faixas etárias e estágios de desenvolvimento fisiológico e cognitivo dos estudantes, é necessário que haja articulação do 1º segmento do Ensino Fundamental com o segmento que o precede, a Educação Infantil e com o segmento que o sucede, o 2º Segmento do Ensino Fundamental. Tal articulação redundará em ações que propiciem o desenvolvimento integral dos estudantes, objetivo primordial da Educação. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 43 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 5. METODOLOGIA A melhor metodologia é aquela que facilita a aprendizagem do educando. Considerando a diversidade presente nas escolas brasileiras (múltiplos sujeitos com rotas de aprendizagem específicas), precisamos considerar a necessidade da coexistência de múltiplas metodologias. Importante destacar que numa proposta de currículo inclusivo, preconiza-se considerar cada educando e suas reais necessidades de aprendizagem, bem como suas potencialidades. Se compreendermos que, por serem múltiplos os sujeitos, cada um possui um caminho próprio de aprendizagem para o qual são determinantes suas aptidões naturais e as experiênciasvividas, perceberemos que precisamos pensar na metodologia adequada a cada um para alcançar a todos. Quando se elabora um currículo por competências, centrado no aluno, é necessário clareza com relação à linha metodológica que, comprovadamente, por pesquisas educacionais, melhor garanta as situações de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento de todos de acordo com os objetivos previstos. Sendo assim, este referencial prima por um trabalho pedagógico centrado no aluno e nas relações que estabelece com seu meio social, o que pressupõe desenvolver o processo ensino aprendizagem numa perspectiva sociointeracionista. No sociointeracionismo, o professor tem o papel de mediador entre o saber socialmente sistematizado e o saber do próprio aluno. Deve-se partir do conhecimento que o aluno já possui, de seus gostos e sua cultura, e ajudá-lo a ir até a cultura elaborada. Ou seja, partindo dos diferentes sentidos que os alunos atribuem ao tema tratado, o professor propicia-lhes uma maior oportunidade para que cheguem a compreendê-lo de fato. Isso se dá porque o novo conhecimento provoca uma reestruturação dos esquemas mentais anteriores, alternando qualitativamente a estrutura cognitiva do aluno. (REDEALFA – 2006) Da concepção sociointeracionista, derivam métodos e estratégias que favorecem o desenvolvimento de competências, dentre eles podemos relacionar a Aprendizagem Baseada em Problemas, a Aprendizagem por Projetos e a Aprendizagem Colaborativa, cujas etapas de desenvolvimento se ajustam a todas as REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 44 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ Áreas do Conhecimento e a todos os Componentes Curriculares, por fundamentarem-se em três princípios básicos: - As interações com o outro e com o meio ambiente, favorecem o entendimento da realidade; - O conflito cognitivo estimula a aprendizagem; - O conhecimento se desenvolve mediante o reconhecimento e aceitação dos processos sociais e da avaliação das diferentes hipóteses levantadas para um mesmo problema. O ponto de partida para o trabalho pedagógico, na perspectiva sociointeracionista, é o levantamento de conhecimentos prévios que além de respeitar, aceitar e integrar o indivíduo, também valoriza o seu saber, seu estágio de desenvolvimento e seu contexto social. Esta etapa inicial insere o indivíduo no processo ensino aprendizagem, fazendo-o perceber-se agente de seu próprio conhecimento. Para WEISZ, 2000, “Se o professor não sabe nada sobre o que o aluno pensa a respeito do conteúdo que quer que ele aprenda, o ensino que oferece não tem ‘com o que dialogar’. Restará a ele atuar como numa brincadeira de cabra-cega, tateando e fazendo a sua parte, na esperança de que o outro faça a dele: aprenda.” Esse pensamento é ratificado no trecho a seguir, das Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental, anos iniciais: O professor deve recorrer a esses conhecimentos e, sempre que for necessário, aprofundar e ampliar conceitos. O sentido dessa ação não é o de negar ou substituir aquilo que o aluno traz do mundo social, mas de oferecer-lhe a oportunidade de conhecer novas maneiras, mais generalizantes e universais de ver o mundo. (...) Importa detectar o conhecimento já construído pelos alunos. Cabe ao professor determinar o que é preciso ensinar, prevendo estratégias e recursos a serem utilizados. Esse cuidado é necessário para garantir uma aprendizagem significativa para todos. (BRASIL, 2013) As respostas dos alunos, bem como o que precisa ser ensinado, devem ser problematizados. É a etapa da problematização e levantamento de hipóteses. PERRENOUD (1999) define problematizar como “propor tarefas complexas e REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 45 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa, cooperativa (...). Ensinar, hoje, deveria consistir em conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem (...)”. A mediação didática – intervenção intencional do professor ao problematizar, favorece o levantamento de hipóteses pelo aluno e, confrontadas e testadas, resultarão em aprendizagem significativa. Durante todo o processo, professores e alunos estarão sistematizando conhecimentos, a partir das atividades realizadas, é a etapa da Sistematização. A cada novo conhecimento é imprescindível que sejam realizadas atividades de sistematização, sejam parciais, durante o processo de investigação, sejam gerais ao final das investigações sobre o tema. O conhecimento construído coletivamente deverá servir de base para sínteses que podem ser registradas por meio de relatórios, anotações, esquemas, preenchimento de fichas, etc. Isso possibilita que alunos e professores percebam o quanto e como todos avançaram em relação ao conhecimento. Os registros são fundamentais para dar ao professor condições de analisar o progresso dos alunos na compreensão dos conceitos. A análise dos registros ajuda ao professor compreender como as crianças aprendem, como elaboram suas estratégias, qual seu ritmo de aprendizagem, e, principalmente, como está acontecendo a base estruturante do pensamento dos alunos. A problematização permite que o aluno levante hipóteses sobre a questão apresentada, mas não basta formulá-las e explicitá-las por meio do debate. É necessário habituar o aluno a registrar e confrontar essas hipóteses com o conhecimento científico, sistematizado e por isso universal. (BRASIL, 2013) Cabe ao professor averiguar os resultados obtidos, durante todo o processo. É a avaliação continuada, que favorece o replanejamento, o repensar das estratégias metodológicas e os ajustes necessários durante o processo ensino aprendizagem. A avaliação formativa continuada evidencia os avanços e os sucessos dos alunos, como também as dificuldades por eles demonstradas. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 46 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 47 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 6. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ATUAL Um olhar criterioso para a realidade das escolas municipais evidencia a diversidade existente entre e dentro destas e os desafios que precisam ser enfrentados para que todos aprendam. Elaborar um referencial curricular que atenda a diversidade implica em reconstruir a cultura escolar e redescobrir o sentido da escola. Para CANEN, 2001, O espaço que vem se abrindo, em diversas sociedades, para as discussões vinculadas à diversidade cultural/linguística/identitária é, em última instância, resposta aos diferentes movimentos sociais que representam vozes em busca de direitos e legitimidade, bem como o reconhecimento, por parte dos governos, da necessidade de conter os inúmeros conflitos provenientes dessas questões. Assim, temos observado, recentemente, políticas públicas que implementam diretrizes legais e parâmetros curriculares que incorporam a diversidade cultural e/ou linguística e que trazem, para o interior da escola, questões antes envoltas por uma névoa de silêncio ou dissimulação. No Brasil, o campo da educação vem abarcando essas questões de forma progressiva, e somente a partir da última década é que expressa, com maior definição, as preocupações multiculturais. (...) Tenho definido multiculturalismo como um conjunto de princípios e práticas voltados à valorização da diversidade cultural e ao desafio de preconceitos e estereótipos a ela relacionados. Trata-se, pois, de superar a mera constatação da diversidade cultural e oferecer respostas a ela em políticas e estratégias educacionais concretas.Conforme indicado por autores como McLaren (2000), o projeto multicultural tem, em Paulo Freire, seus fundamentos e inspiração. De fato, para além das classes sociais, tem-se passado, nos últimos anos, a levar em conta os impactos da diversidade de raças, culturas, linguagens, histórias de vida, visões de mundo, religiões e outros aspectos na formação das identidades dos sujeitos. Mudanças na sociedade forçaram mudanças na legislação educacional. Nesse sentido, a LDB 9394/96 estabelece que "os currículos do ensino fundamental devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política" (BRASIL, 1996). E que além destes, conforme regulamentação posterior: REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 48 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 6.1. Diversidade Cultural Contemplar a Diversidade Cultural implica conhecer e explorar as diferentes manifestações culturais da comunidade de origem e ampliar tal conhecimento, socializando a cultura historicamente construída pela humanidade. Alguns Componentes Curriculares, como a Arte e a Educação Física tornaram-se obrigatórios desde o 1º Segmento do Ensino Fundamental; outros figuram como Temas Transversais por propiciarem conhecimento e desenvolvimento humano e social e, por isso devem estar “sempre presentes”, permeando todas as áreas de conhecimento. 6.1.1. Arte O ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos estudantes. Na Rede Municipal de Ensino de Cabo Frio, a Arte será desenvolvida no componente curricular Leitura e Artes. 6.1.2. Educação Física A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, deve ajustar-se às faixas etárias e às condições da população escolar. 6.1.3. Ensino Religioso O Ensino Religioso constitui componente curricular obrigatório como “parte integrante da formação básica do cidadão”, assumindo o caráter de inter- religiosidade, responsável por apresentar o Transcendente nas diferentes culturas e tradições religiosas, considerando a diversidade existente no Brasil, sendo terminantemente proibida qualquer forma de proselitismo a favor desta ou daquela crença. REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 49 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 6.1.4. História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. A Lei n° 11.645/08 determina a inclusão da história e cultura afro-brasileira e indígena nos currículos de História, Arte e Língua Portuguesa. 6.1.5. Temas Transversais: Ética, Saúde, Orientação Sexual e Pluralidade Cultural A ética, a saúde, orientação sexual e pluralidade cultural, são temas Transversais que devem ser abordados em todas as áreas de conhecimento. 6.1.6. Educação Ambiental A Lei Federal nº 9795/99 estabelece, no seu artigo 10, que “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal” (BRASIL, 2008). Especificando no § 1º, que, no ensino formal, “a educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino”, sendo que a mesma “não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino”. Além de preocupar-se com os componentes curriculares e temas transversais, o Ministério da Educação se preocupa também com as minorias, instituindo leis, como a Lei nº 13.146/2015, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), a Lei nº 12.960, que instituiu as Escolas do Campo e o II Plano Nacional de Educação (PNE), 2014, traz um avanço para a Educação Integral. O PNE II prevê na meta de número 6, a oferta de educação em tempo integral para no mínimo 50% das escolas públicas e o atendimento de, ao menos, REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 50 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ 25% dos estudantes de educação básica do Brasil. Tal meta deve ser alcançada, cabendo às redes de ensino do país, ajustarem-se. 6.2. Educação Inclusiva A Educação Inclusiva se constitui um grande desafio para as redes de ensino e escolas uma vez que não se trata apenas de garantir o acesso de todas as crianças à educação, mas, de assegurar a aprendizagem a despeito de suas diferenças e/ou necessidades educacionais especiais. Garantir o direito à aprendizagem a todas as crianças é garantir a aprendizagem em meio à diversidade. A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 205 apresenta “a educação como um direito de todos” e, no artigo 206, inciso I, estabelece “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino. Dessa forma, necessitamos de um currículo inclusivo, capaz de promover uma educação que tenha como um dos pilares fundamentais o princípio da aceitação e o respeito às diferenças. Assim, no lugar da ideia de dificuldade ou problema de aprendizagem, (...) propomos e defendemos a ideia de que cada um de nós possui diferentes possibilidades de tessitura de conhecimentos e, nesse sentido, temos garantido, como condição humana, o direito de aprender. (...) O direito de aprender é, portanto, intrínseco ao direito à dignidade humana, à liberdade, à inserção social, ao acesso aos bens sociais, artísticos e culturais, significando direito à saúde em todas as suas implicações, ao lazer, ao esporte, ao respeito, à integração familiar e comunitária. Pensar um currículo multicultural é compreender e colocar em prática um currículo que valorize os alunos em suas especificidades, contemplando as diferenças de ordem cultural, linguística, étnica, de gênero, bem como de alunos que fazem parte da Educação Especial; ampliando o acesso ao conhecimento, a participação de todos os alunos, e considerando os seus direitos de aprendizagem. (BRASIL, 2015) Considerando que cada ser humano é único; único em sua forma de perceber e se relacionar com o meio; único nos processos mentais de construção de conhecimento; que cada ser humano possui aptidões e limitações; o fundamento REFERENCIAL CURRICULAR – 1º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL 51 REDE MUNICIPAL DE ENSINO – CABO FRIO - RJ básico deste referencial, que é garantir o direito a aprendizagem significativa para todos, adquire um enfoque muito mais amplo. Garantir uma educação inclusiva é assegurar que todos sejam contemplados em suas peculiaridades; que todos os fatores que interferem na aprendizagem destes sejam considerados e todas as suas necessidades de aprendizagem mediadas com competência. É importante ter clareza da função social da escola por excelência, que é formar cidadãos aptos, autônomos, com competência para viver em sociedade de forma transformadora. 6.3. Educação do Campo A Educação do Campo é uma concepção político-pedagógica que tem como objetivo principal a valorização histórica e cultural da população que reside, trabalha e produz no campo, geralmente formada por camponeses e quilombolas. A orientação legal desta concepção está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996, que reconhece e delibera sobre a oferta de educação básica para a população rural. O Artigo 28, da referida lei, orienta os sistemas de ensino a promoverem as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural em cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
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