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Transplante de órgãos

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Étic� e� Transplante� d� Órgã�
⠂Desde a Antiguidade, o interesse do homem pelo
seu corpo e pelo dos outros pode ser comprovado
através de escritos filosóficos, teológicos, médicos
e de enfermagem.
⠄“os povos primitivos juntavam-se, banhavam-se e
bebiam o sangue de jovens e bravos guerreiros para
se beneficiarem de suas qualidades” -
JUNQUEIRA.
Transfusão sanguínea:
⠂Morimbundo Papa Inocêncio VIII – três jovens
saudáveis compartilharam sangue para salvar a vida
– sem sucesso.
⠂Em 1666, Richard Lower estudava as
possibilidades de se passar o sangue de um animal
para outro.
⠂Em 1667,relato sobre uma transfusão de sangue
de animal para homem, com ocorrência de reação
hemolítica.
⠂Em 1818 - primeira transfusão sanguínea de um
homem para outro foi realizada por Blundell, em
Londres.
Transplante em seres humanos:
⠂Datam de 300 a.C., como por exemplo, um
documento chinês registrando que “um médico
chinês abriu o estômago de dois homens, explorou o
coração e, após remover e trocar seus órgãos,
administrou-lhes uma droga maravilhosa que os
recuperou”.
⠂Médicos Cosme e Damião: amputaram a perna de
um homem com problemas vasculares, enquanto
este dormia em uma capela destinada a estes
santos, sendo que a perna reimplantada havia sido
retirada de um cadáver enterrado naquele dia.
Após o procedimento, o homem conseguiu
deambular (andar) normalmente.
- O transplante de órgãos vascularizados quando
foram desenvolvidas técnicas de anastomose
vascular:
⠂O primeiro transplante renal foi descrito por
Emerich Ullmann, em março de 1902: Transplantou
rins em cães.
⠂Em 1906, Jaboulay tentou realizar dois
xenotransplantes renais, de um porco e de uma
cabra, para pacientes com insuficiência renal
crônica.
⠂Em 1909, Unger tentou transplantar rim de
macaco em um homem.
⠂1880 – começaram a testar o transplante de
córnea.
⠂1936 – transplante renal sem sucesso.
↳ 1954, primeiro com sucesso.
⠂1967 – transplante cardíaco. No mundo.
↳ No Brasil - década de 60.
↳ O número de transplantes era pequeno, pois
também estavam no desenvolvimento de
imunossupressores: são medicações que faz com
que o corpo não rejeite o órgão novo.
Aspectos legais:
⠂A primeira lei brasileira a regular o tema dos
transplantes de órgãos foi a de n.4280/63, sendo
revogada pela 2ªlei de n.5.479/68:
“A disposição gratuita de uma ou várias partes do
corpo, post-mortem, para fins terapêuticos, é
permitida na forma desta lei”. Já o art. 10 dispõe:
“É permitido à pessoa maior e capaz dispor de
órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins
humanitários e terapêuticos”.
⠂A lei mais recente sobre transplantes é a de
n.8489/92, regulamentada pelo decreto n.879/93,
que procurou corrigir as distorções dos artigos 1º e
10 da lei n.4.280/63. O artigo 12 ficou assim
explicitado:
“É permitida à pessoa maior e capaz dispor
gratuitamente de órgãos, tecidos ou partes do
próprio corpo vivo para fins humanitários e
terapêuticos”.
Resistências legais e os problemas ético-morais
“A questão do mercado humano é muito antiga e na
era dos transplantes ela foi apenas aprimorada,
avançando de questões mais amplas como a
escravidão, a prostituição ou a exploração física do
trabalho, para aspectos mais sutis, delicados e
específicos de compra, venda ou aluguel de órgãos
e estruturas separadas do corpo das pessoas”
(GARRAFA,1993,p.115).
⠂Candidato: restrições impostas pelo órgão
deficiente.
⠂Problemática do doador: família, dúvidas.
⠂Mutilação
“A decisão do doador não poderá sofrer influência
que lhe vicie o consentimento,sendo-lhe facultado
revogar o consentimento dado, até a extração dos
órgãos, tecidos ou partes do seu corpo, sem
necessidade de justificar ou explicar suas razões”.
Aspectos éticos:
⠂Respeito ao corpo do morto: característica de
todas as crenças religiosas e de códigos morais.
⠂O corpo representa memória da vida do indivíduo.
⠂Existem dois valores a serem preservados: a vida,
devendo o doador ser escrupulosamente
respeitado; e a dignidade do cadáver, pois este não
é um objeto e este continua tendo a qualidade
humana da pessoa à qual pertenceu.
Aspectos éticos – ato de responsabilidade:
Doador relacionado:
⠂Em junho de 2000: a obtenção de enxertos de
doadores vivos é eticamente válida, desde que
obedecendo determinadas particularidades
técnicas.
⠂A retribuição financeira direta a um doador vivo é
ilegal.
⠂Órgãos e tecidos devem ser doados sem proveito
comercial.
Doador não relacionado, também chamado de
bom-samaritano:
⠂Mesmo consenso definiu: esse tipo de doação
merece um estudo caso a caso, e que os enxertos
assim obtidos devem ser destinados, em cada
centro, conforme o critério adotado, para a lista de
espera.
⠂Se direcionado a um receptor específico deve
obedecer a um ritual jurídico que garanta a
ausência de retribuição material.
Doador vivo, induzido por contribuição caridosa:
⠂2002, mesmo comitê: considerou ser ético o
pagamento dos custos funerários à família do
doador cadáver ou o pagamento de uma
contribuição caridosa como demonstração de
gratidão da sociedade pela autorização concedida.
⠂Essa posição foi considerada por muitos como
sendo uma concessão cosmética, para camuflar
uma comercialização velada, que poderia se
transformar numa rampa suave em direção à
comercialização pura e simples.
Doação remunerada – comercialização de órgãos:
⠂Recompensa financeira direta a doadores vivos é
prática ilegal em muitos países, como o Brasil, os
EUA e a Índia.
⠂Compromete os valores éticos e morais básicos
da sociedade, comprometendo o compromisso
deontológico que garante a todos os seres
humanos um valor acima de qualquer preço.
Prazos
⠂Rim -o prazo é de até 6 horas após a morte.
⠂Coração e pulmão -prazo máximo de 2 horas
após a morte.
⠂Córneas -a equipe deverá ser notificada até 2
horas após a doação, devendo o transplante
ocorrer no prazo máximo de 6 horas
Definição de morte encefálica:
Resolução 1480–CFM/97:
⠂Parada total e irreversível das funções
encefálicas de causa conhecida e constatada de
modo indiscutível, caracterizada por coma
aperceptivo, com ausência de resposta motora
supra-espinhal e apnéia.
↳ Necessário realizar 02 exames clínicos e 01
exame complementar.
Exames
- Ausência de Resposta à Dor
↳ Ausência de resposta aos estímulos dolorosos no
côndilo da ATM, na região supra-orbitária ou no
leito ungueal.
↳ Glasgow 3.
► Glasgow - escala de classificação de resposta
neurológica.
⠂Reflexo óculo-motor
↳ Pupilas médias ou midriáticas e fixas.
↳ Ausência de contração pupilar.
- Mesencéfalo: II - aferente, III - eferente.
Reflexo córneo- palpebral
↳ Ausência do reflexo de piscar ao estímulo da
córnea.
↳ Instrumento delicado/Soro fisiológico.
- Ponte: V - aferente, VII - eferente.
Reflexo óculo-cefálico
↳ Ausência de movimentos oculares.
↳ Movimentação rápida da cabeça no sentido
horizontal e vertical.
- Mesencéfalo e ponte: VIII - aferente, III/IV/VI -
eferente.
Reflexo óculo-vestibular
↳ Ausência de movimentos oculares.
↳ Infusão de líquido gelado.
- Mesencéfalo e ponte: VIII - aferente, III/VI -
eferente.
Complemento do teste anterior
- 50mL de soro fisiológico gelado em cada lado;
- cabeça elevada a 30°;
- 1 minuto de observação e 5 minutos de intervalo.
↳ Ausência de movimentos oculares.
- otoscopia: certificar-se que não há obstrução
CAE.
Reflexo da tosse
↳ Ausência de tosse ou movimentos torácicos à
respiração traqueal.
↳ Ausência de náuseas ou vômitos ao estímulo da
faringe posterior.
- Bulbo: IX - aferente, X - eferente.
Teste de apnéia
↳ FiO2 100% por 10 minutos.
↳ Gasometria arterial.
↳ Sonda traqueal (O2 6l/min)
↳ Gasometria arterial.
Reatividade infra-espinhal-medular
↳ Movimentos rítmicos dos músculos da face.
↳ Flexão dos dedos.
↳ Adução dos ombros, acompanhada de flexão dos
cotovelos e pronação dos punhos.
↳ Flexão dos joelhos.
↳ Sinal de Babinski..
↳ Reflexo Lázaro.
Exames complementares:
- Eletroencefalograma.
- Angiografia cerebral.- Doppler transcraniano.

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