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Sarampo: Epidemiologia, Quadro Clínico e Prevenção

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Sarampo:
Epidemiologia: O sarampo era uma doença endêmica mundial com incidência quase que universal na infância até a infância até a introdução da vacina. Recentemente no Brasil vivemos uma epidemia de sarampo, principalmente no Amazonas e em Roraima, e isso se deve a dois fatores: fluxo migratório da Venezuela que vive um surto de sarampo desde 2017 causada pelo genótipo D8, e também por conta da nossa baixa cobertura vacinal, principalmente da 2° dose da vacina contra o sarampo, que é a tetraviral, aplicada com 15 meses de vida.
O governo tomou algumas medidas de contenção da epidemia, principalmente sob a forma de campanhas de vacinação, e essas medidas têm sido efetivas.
Agente Etiológico: vírus da família Paramixovírus, do gênero Morbillivirus, cujos humanos são os únicos hospedeiros. O vírus circula principalmente entre o verão e a primavera. 
Transmissão: ocorre por gotículas e o vírus do sarampo pode permanecer viável, suspenso no ar por até 1 hora depois que o transmissor deixe o ambiente. A transmissão pode ocorrer de 3 dias antes do exantema até 4 a 6 dias após o aparecimento do exantema. Trata-se de um vírus de elevada virulência, levando a doença em cerca de 90% dos casos suscetíveis. 
Quadro Clínico: Período de Incubação de 8-12 dias
Pródromo: coriza e tosse, conjuntivite, febre, fotofobia intensa.
A febre vai aumentando em intensidade até atingir o seu pico no 1° dia do exantema, e depois ela se resolve em torno de 24h depois.
· Características do exantema do Sarampo:
· Maculopapular
· Morbiliforme (as lesões coalescem)
· Inicia-se na região retroauricular e se dissemina de cima para baixo ao longo do corpo (disseminação crânio-caudal) 
· Fáscies “Sarampenta” (como se fosse de gripado, por conta dos sintomas de vias aéreas superiores que o sarampo ocasiona.)
· O exantema dura em torno de 7 dias e desaparece deixando uma descamação fina
· Achado Patognomônico do Sarampo: manchas de Koplik. São manchas branco-azuladas de cerca de 1mm de diâmetro e estão presentes na face interna da bochecha, lá na região dos dentes molares.Elas surgem de 1 a 4 dias antes do início do exantema e desaparecem depois de 2 a 3 dias.
Diagnóstico de Sarampo: Clínico-epidemiológico (ao ver um quadro clínico sugestivo, se encontrei as manchas de Koplik, está fechado o diagnóstico). Se for de Amazonas, Roraima ou se vier da Venezuela, a chance de ser Sarampo também é imensa.
Mas também podemos utilizar a SOROLOGIA, detectar IgM que começa a aparecer 1 a 2 dias depois do início do exantema e continua detectável por até 1 mês, ou posso identificar o aumento dos títulos do IgG (colho igG agora numa fase aguda, depois colho após 2 a 4 semanas, na fase de convalescência, se houver um aumento desses títulos, faço o diagnóstico de sarampo).
Outros achados laboratoriais do sarampo:
· Leucopenia 
· Linfopenia
· Em geral as provas inflamatórias são normais, a não ser que haja uma coinfecção bacteriana. 
O sarampo é uma doença de notificação compulsória! (Mesmo apenas a suspeita clínica!)
Tratamento: é de suporte, com antitérmicos, hidratação e atenção nutricional (tomar muito cuidado, já que os pacientes desnutridos estão sob o risco de uma doença mais grave). 
Obs: quando os pacientes têm deficiência de vitamina A, ao ter sarampo, terão uma doença bem mais grave, por isso é indicada a reposição de vitamina A em regiões e nas faixas etárias de carência dessa vitamina.
Complicações do Sarampo:
· Ocorrem principalmente em imunodeprimidos, desnutridos e naqueles pacientes com deficiência de vitamina A.
· A principal causa de morte no sarampo é a pneumonia (seja causada pelo próprio vírus do sarampo ou por pneumonia bacteriana sobreposta).
· Encefalite Aguda
· PEES – Panencefalite Esclerosante Subaguda (complicação grave e bem tardia do sarampo). Ela é causada pela persistência do vírus alterado do sarampo no SNC. E depois de 7 a 10 anos dessa infecção ele reativa, leva a uma nova virulência e origina um processo neurodegenerativo rápido que acaba levando a morte em um a dois anos.
Profilaxia do Sarampo: vacinação: Primeira dose aos 12 meses, na tríplice viral (SCR – sarampo, caxumba e rubéola). Segunda dose aos 15 meses de vida, na vacina tetraviral.
Profilaxia Pós Exposição: Se a criança (ou adulto) for saudável e não era vacinada, ao existir a exposição, esse indivíduo deve ser vacinado em até 72h do contato.
Entretanto, caso o exposto seja um lactente abaixo de seis meses de vida, uma gestante ou um imunocomprometido, devo utilizar a Imunoglobulina em até 6 dias do contato. (Já que a vacina é de vírus atenuado, então evitamos indicá-la para gestantes ou imunodeprimidos).

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