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Doenca de Parkinson EPIDEMIOLOGIA Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum; Acomete 2-3% > 65 anos; Surgem após os 50 anos, sendo considerada precoce (antes dos 40 anos) e juvenil (antes dos 20 – raríssimos); Mais comum no sexo masculino; Caráter predominantemente motor e progressiva, podendo ocorrer distúrbios cognitivos, psiquiátricos e autonômicos, hiposmia, fadiga e dor (podem até preceder a alteração motora). ETIOPATOGENIA ETIOLOGIA: interação de fatores genéticos, ambientais e o próprio envelhecimento, sendo as formas genéticas da doenças as que possuem apresentação mais precoce. EXPRESSÃO MOTORA DA DP: decorre de uma deficiência na transmissão dopaminérgica na via nigroestriatal decorrente do processo degenerativo acometendo os neurônios mesencefálicos nigrais. (DECORREM PRINCIPALMENTE DA PERDA PROGRESSIVA DA PARTE COMPACTA DA SUBSTANCIA NEGRA) Deposito anormal de alfassinucleínca (proteína de ação pré-sináptica) se acumula principalmente na subtancia negra e lócus ceruleus, levando a disfunção de organelas e sistemas celulares que acarretam na morte neuronal. MANIFESTAÇÕES PRÉ-MOTORAS DA DP: decorrem do acometimento do bulbo e da ponte no tronco cerebral, além do sistema olfatório. Processo degenerativo parece ter uma progressão caudocranial: o Tronco cerebral baixo (fase pré-motora); o Mesencéfalo (fase motora); o Estruturas corticais (fase avançada). QUADRO CLÍNICO MANIFESTAÇÕES MOTORAS A principal manifestação é a síndrome parkinsoniana, decorrente do comprometimento da via dopaminérgica nigroestriatal. SÍNDROME PARKINSONIANA: bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural: BRADICINESIA Lentidão e redução da amplitude de movimentos voluntários e automáticos. Incapacidade de sustentar movimentos reptitivos, fatigabilidade anormal e dificuldade de realizar atos motores simultâneos. Apresentações: Hipomimia; Sialorreia (perda da comissura labial – acumulo de saliva na boca); Disfagia; Disartrofonia hipocinética; Comprometimento da destreza dos mov. necessários para vestir-se e cuidados com a higiene. Micrografia (diminui tamanho da letra); MARCHA: reduz amplitude dos passos e/ou paciente arrasta os pés e a perda do mov. Dos MMSS caracterizando a marcha em bloco. Pode ocorrer festinação (aceleração involuntária da marcha com inclinação para frente), bloqueio da marcha (freezing – perda abrupta da capac. de iniciar ou sustentar a marcha), cinesia paradoxal (melhora abrupta do desempenho motor na marcha princ. em situação de forte emoção). OBS: BLOQUEIO DA MARCHA E CINESIA PARADOXAL podem estar relacionadas a oscilações da atividade noradrenérgica e/ou colinérgica. RIGIDEZ É uma anormalidade motora, sendo uma hipertonia denominada PLÁSTICA. A resistência a movimentação do membro afetado pode ser contínua ou intermitente (RODA DENTEADA). Acometimento preferencial da MUSCULATURA FLEXORA, o que determina alterações típicas da postura, com anteroflexão do tronco e semiflexão dos membros (postura simiesca). Reflexo local de postura (flexão do pé e o pé fica flexionado por algum tempo). TREMOR É um tremor de repouso, exacerbado durante a marcha, no esforço mental ou em situações de tensão emocional. Desaparece com o sono e com a movimentação voluntaria do segmento afetado. FISIOPATO: participação da disfunção da via dopaminérgica nigroestriatal, tem tambbém envolvimento o circuito cerebelo-tálamo-cortical. INSTABILIDADE POSTURAL Decorre da perda de reflexos de readaptação postural, evidenciado em mudanças bruscas de direção. OCORRE NAS FASES MAIS TARDIAS!!! FISIOPATO: envolvimento dos núcleos da base e núcleo pedunculopontino (colinérgico) na transição pontomesencefálica. OUTRAS Blefaroespasmo; Convergência ocular; Olhar vertical para cima. MANIFESTAÇÕES NÃO MOTORAS São agrupadas em: neuropsiquiátricas, autonômicas, distúrbios do sono e outras. NEUROPSIQUIÁTRICAS Depressão (mais comum FR: mulher, maior incapacidade motora, disf. Cognitivas, sonolência) ; tristeza, pessimismo, alterações somáticas (perda de apetite, alteração de peso, fadiga e distúrbios do sono), perda de autoestima e ansiedade. Declínio cognitivo (inicio é mais dist. visuoespaciais evoluindo para um quadro demencial). Ansiedade e apatia também pode ocorrer. AUTONÔMICAS Mais relevantes: gastrointestinais (obstipação intestinal, disfagia, gastroparesia), hipotensão postural, disfunção vesical, seborreia, disf. erétil e alt. da termorregulação. Hiposmia (presente em 80-90% dos pacientes com DP), fadiga e dor. DIST.DO SONO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE PARKINSON É feito através de dados clíncios + exames complementares, tendo como maior objetivo descartar condições que podem ser confundidas. OBS: Ainda não é possível o diagnóstico na fase pré- motora ou prodrômica. Entretanto o Movement Disorders Society propôs critérios para estafase baseados em: o Fatores de risco para DP; o Presença de manif. Não motoras; o Biomarcadores (cintilografia cerebral (estudar via dopaminérgica) e sonografia transcraniana). DIAGNÓSTICO Envolve 3 passos: PASSO 1 – CARACTERIZAR A SD. PARKINSONIANA Quatro componentes básicos: bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural. Se pelo menos 2 desses (conforme o MDS) estiverem presentes, exceto a inst. Postural, podemos caracterizar a síndrome. TE: tremor cineticopostural simétrico, nos MMSS, podendo acometer segmento cefálico e voz, melhora sob efeito de bebidas alcoólicas. Responde a tto com BB e primidona. Geralmente na DP a síndrome parkinsoniana acomete de INCIO um hemicorpo, estendo para o outro lado do corpo após meses ou anos. O acometimento bilateral desde o inicio afasta o diagnóstico de DP. Pesquisar as manifestações não motoras que podem auxiliar no diagnóstico da DP. PASSO 2 – IDENTIFICAR CAUSA DA SD. PARKINSONIANA Diferenciar se a SD. PARKINSONIANA está derivando de: Causas especificas (parkinsonismo secundário): formas atípicas de parkinsonismo degenrativo (atrofia de multiplos sistemas, paralisia supranuclear progressiva, degeneração corticobasal, demência com corpos de Lewy); Causa primária de parkinsonismo: Doença de Parkinson. PASSO 3 – CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE DP COM BASE NA RESPOSTA TERAPÊUTICA E EVOLUÇÃO Boa resposta a drogas de ação dopaminérgica -> levodopa. Confirma DP o aparecimento a longo prazo das discinesias (movimentos musculares involuntários e descontrolados) induzidas por levodopa. EXAMES COMPLEMENTARES NO DIAGNÓSTICO DA DP Exames de imagem estruturais como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada do encéfalo são utilizadas como auxílio para a exclusão dos diagnósticos diferenciais. Outro exame complementar : ultrassonografia transcraniana, um médodo não invasivo, de custo mais baixo que as cintilografias. A ultrassonografia transcraniana permite avaliar a ecogenicidade do tecido cerebral, através do osso temporal, em que pese, em alguns pacientes, a espessura excessiva da janela óssea não permitir a obtenção de imagens adequadas. A substância negra é identificada no plano mesencefálico como uma estrutura com o formato de uma borboleta de baixa ecogenicidade envolta pelas cisternas da base que são hiperecogênicas. Mais de 90% dos portadores da DP apresentam hiperecogenicidade da substância negra, mas este tipo de alteração pode também estar presente em cerca de 10% de grupos-controle. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Propostos pela United Kingdom Parkinson’s Disease Society Brain Brank (Gibb e Lees) é o mais utilizado nas ultimas décadas. Mais recente, o Movement Disorders Society propôs novos critérios baseados nos recentes avanços nosconhecimentos sobre a DP: TRATAMENTO O levodopa é o principal tratamento da DP!!! A LEVODOPA atua diretamente sobre a deficiência dopaminérgica, sendo a droga mais eficaz no controle dos SINTOMAS MOTORES. Problemas a longo prazo: redução do tempo de efeito (wearing-off) e movimento involuntários (discinesias). É uma droga considerada PRÓ-DROGA: se converte em dopamina (pq a pro-droga consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica). Meia vida: 90 minutos; OBS: dopa descaboxilase e catecol-orto- metildopa. MANEJO DA FASE INICIAL 2-4 doses de 50-100mg de levodopa OUTRAS DROGAS: Temos como drogas com ação no sistema dopaminérgico, além da levodopa, os agonistas dopaminérgicos (rotigotina e pramipexol), os inibidores da MAO (selegilina e rasagilina) e os inibidores da COMT (entacapona e tolcapona). As drogas com ação fora do sistema dopaminérgico são os anticolinérgicos (biperideno e triexifenidila) e os antiglutamatérgicos (amantadina). Os anticolinérgicos, a selegilina e a amantadina são as drogas com menor capacidade para reverter a sintomatologia parkinsoniana, mas que podem ter um papel útil no tratamento. ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO Levamos em consideração a idade do paciente e – portanto sua expectativa de vida –, o grau de incapacitação funcional, se o paciente ainda mantém atividade de trabalho. Podemos considerar, em ordem decrescente de eficácia para controle das manifestações motoras a levodopa, seguida dos agonistas dopaminérgicos, e depois os demais antiparkinsonianos. PACIENTE (70-75 ANOS) se tem poucos sintomas ou se não incomoda tanto -> rasagilina ou agonista dopaminérgico. o Se há incapacitação -> levodopa mesmo no inicio. PACIENTE : 75 ou se tem comprometiment cognitivo -> levodopa desde o início. Isto se deve à melhor tolerabilidade da levodopa em relação a todos os outros antiparkinsonianos e pelo fato de a expectativa de vida ser menor. Pacientes que necessitam mais do que 300 ou 400 mg ao dia de levodopa terão maior benefício se, ao invés de incrementar a dose, adicionar agonista dopaminérgico ao esquema. MANEJO DA FASE AVANÇADA A estratégia varia de acordo com o tipo de complicação. No encurtamento do efeito (wearing-off) ou com discinesias tendemos numa primeira etapa a fracionar o número de tomadas da levodopa – passamos, por exemplo de 1 comprimido três vezes ao dia para meio comprimido seis vezes ao dia. E numa segunda etapa adicionamos rasagilina 1 mg ao dia ou agonista dopaminérgico ao tratamento (pramipexol ou rotigotina). Outra opção terapêutica para controle das flutuações motoras, especialmente o wearing-off, adicionamos a entacapona 200 mg 1 comprimido a cada tomada de levodopa. Paciente com discinesia podemos associar amantadina (200-300mg ao dia). Se refratária e intensa adicionar clozapina em dose baixa (12,5 -50mg). ORIENTAÇÃO A TOMADA: Recomendamos para que os pacientes tomem os comprimidos da levodopa longe das refeições especialmente das refeições de alto conteúdo proteico. Os aminoácidos competem com a levodopa pelos receptores celulares do intestino e da barreira hematoencefálica. TRATAMENTO DOS SINTOMAS NÃO MOTORES DEPRESSÃO: qualquer ATDT ou ISRS-45. Sertralina, escitalopram e venlafaxia; DEMÊNCIA: anticolinesterásicos (rivastigmina, donepezila e galantamina) CONSTIPAÇÃO: orientação dietética e laxantes não irritantes. HIPOTENSÃO POSTURAL: aumento de hidroeletroliticos e uso de meia elástica. Podemos prescrever fludrocortisona de 0,1-0,2 mg ao dia em duas tomadas. TRATAMENTO CIRÚRGICO O tratamento cirúrgico pode ser feito com cirurgias ablativas (talamotomia (tremor unilateral), palidotomia (discinesia) e subtalamotomia) ou com estimulação cerebral profunda (deep brain stimulation – DBS). Indicado em casos em que ocorrem complicações motoras de longo prazo. FISIOTERAPIA E FONOTERAPIA São uteis associadas a terapia medicamentosa.
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