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Problema 3 Marcela Vianna XLVI 1 DERRAME PLEURALDERRAME PLEURALDERRAME PLEURAL Þ Definição Em situações de desequilíbrio das forças homeostáticas re- guladoras da dinâmica do líquido pleural, há um acúmulo anormal deste na cavidade pleural, originando o derrame pleural. Þ Epidemiologia Estima-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas desenvolvam derrame pleural anualmente nos EUA. A principal causa é IC, contando com 500.000 casos por ano, aguida pela pneu- monia com~300.000 casos e pelo derrame pleural neoplási- co, que conta com 200.000 casos. Nos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, a tuber- culose é uma das principais causas, devendo sempre ser suspeitada, uma vez que o derrame pleural é sua anifesta- ção extrapulmonar mais comum. Estima-se que entre 20-40% dos pacientes internados por pneumonia apresentam derrame pleural associado. Nos pa- cientes com mais de 50 anos, as causas neoplásicas supe- ram os derrames parapneumônicos. Cirrose, embolia pul- monar, doença viral e cirurgia de revascularização miocárdi- ca também são causas comuns de derrame. Þ Morfologia A pleura é formada por duas membranas serosas (células mesoteliais + tecido conjuntivo): - Pleura visceral: interna, em contato com o parênquima pulmonar - Pleura parietal: externa, em contato com a caixa torácica. É dividida em cervical, costal, diafragmática e mediastinal. A espessura normal da pleura varia entre 2-4mm, sendo seu aspecto liso e uniforme ao longo de toda a superfície, exceto na região apical, onde é mais espessa e irregular. Em condições normais, a pleura parietal não é vista no RX e a pleura visceral pode ser identificada nas porções que inva- ginam dentro do parênquima pulmonar. - Líquido pleural: entre essas membranas existe o espaço pleural, que em condições fisiológicas é preenchido por uma pequena quantidade de líquido pleural (0,2mL/Kg), que promove a lubrificação das membranas e permite seu deslizamento durante a respiração. Þ Fisiopatologia O líquido pleural é formado a partir dos capilares sanguí- neos da pleura parietal, com elevada pressão hidrostática (circulação sistêmica). Ele é reabsorvido por 2 mecanismos: um não seletivo, pelos vasos linfáticos da própria pleura pa- rietal; e outro seletivo para água e pequenas moléculas, pe- los capilares sanguíneos da pleura visceral, com baixa pres- são hidrostática (circulação pulmonar). O mecanismo de reabsorção obedece as leis de Starling PF: pressão de filtração k: constante - grau de permeabilidade dos capilares sanguí- neos da superfície pleural PHSC: pressão hisdrostática no sangue dos capilares sanguí- neos da superfície pleural PHLP: pressão hidrostática no líquido pleural POSC: pressão oncótica no sangue capilar POLP: pressão oncótica no líquido pleural Os valores médios normais da PF para a pleura parietal são ~9cmH2O, e para pleura visceral ~-10cmH2O. Portanto, o folheto parietal “empurra” o líquido para dentro do espa- ço pleural, enquanto o visceral “puxa”. Tabela 1 - mecanismos de derrame pleural Þ Classificação e etiologia Os derrames pleurais são classificados em transudatos ou exsudatos com base na análise bioquímica do líquido obti- do pela toracocentese - Critérios de Light. Problema 3 Marcela Vianna XLVI 2 LDH: desidrogenase láctica. Se altera na proporção em que ocorre lesão celular • Transudato: coleções não inflamatórias de líquido seroso (transparente, com cor de palha, níveis baixos de LDH). ocorre quando há um desequilíbrio das pressões hidrostá- tica ou oncótica, ou uma pequena alteração no estado de permeabilidade. A taxa proteica é <2,5g% e os marcadores inflamatórios e células estão normais. - Insuficiência cardíaca congestiva: é estatisticamente a principal causa de derrame pleural. Ocorre devido ao au- mento da pressão hidrostática da pleura visceral. Geralmen- te está acompanhado por congestão e edema pulmonares. - Hipoproteínaemia: ocorre devido a diminuição da produ- ção de proteínas pelo fígado (principalmente albumina) ou aumento da excreção renal de proteínas (síndrome nefróti- ca). Isso provoca diminuição da pressão osmótica - Hidrotórax hepático: passagem direta de líquido peritone- al para o espaço pleural. Causado por cirrose e ascite. Em geral ocorre do lado direito e é volumoso, causando disp- neia grave. Outras causas: atelectasia, desnutrição, neoplasia, hipoti- reoidismo, diálise peritoneal, urinotórax, cateteres centrais e mixedema • Exsudato: ocorre quando o estado de permeabilidade da membrana pleurocapilar está aumentado, por isso os ele- mentos do sangue conseguem passar com facilidade para o espaço pleural. Dessa forma, o líquido tem maior quantida- de de proteínas (>=3g%), marcadores inflamatórios bioquí- micos e células. Podem ser infecciosos (tuberculose e pneumonia), não infecciosos (neoplasias metastáticas (car- cinomas e linfomas), embolia pulmonar e colagenoses) ou causados por complicações cirurgicas (empiema, hemot- órax e quilotórax). - Derrame parapneumônico (DPP): passociado a pneumo- nias bacterianas, abcesso pulmonar ou bronquiectasia. a) DPP não complicado: líquido claro; pH >=7,2; DHL <1000UI/L e glicose >40mg/dL; sem bactérias no gram e cultura negativa b) DPP complicado: líquido claro ou turvo; pH<7,2; DHL>1000UI/L e glicose <40mg/dL c) Empiema: líquido purulento independente dos achados laboratoriais. Bactérias aeróbias causam febre aguda, dor torácica, expec- toração e leucocitose, já bactérias anaeróbias causam ema- grecimento, leucocitose acentuada, anemia leve e pode ha- ver história de fator predisponente a aspiração. - Derrame secundário a neoplasias malignas: segundo tipo mais comum de derrame exsudativo. Os tumores mais co- muns, responsáveis por 75% dos casos, são - carcinomas de pulmão, mama e linfoma. O dignostico é feito pela citologia do líquido pleural - Mesotelioma: tumores primários que se originam das cé- lulas mesoteliais que revestem as cavidades pleurais. O di- agnóstico é feito por biopsia ou toracoscopia - Derrame secundário a embolia pulmonar: o liquido é quase sempre um exsudato. A queixa mais comum é disp- neia. O diagnóstico é feito por TC helicoidal ou arteriografia pulmonar. - Derrame secundário a tuberculose: causados por uma re- ação de hipersensibilidade à proteína do BK no espaço pleu- ral. pH entre 7,3 e 7,4; glicose em níveis ligeiramente meno- res que os séricos; ADA >40UI/L; linfocitose; pesquise de BAAR 10-25% de positividade; cultura para BK 10-35% de positividade para o líquido e 39-65% para o fragmento pleu- ral - Derrame secundário a infecções virais: responsável por derrames sem etiologia determinada. Regride espontanea- mente, sem sequelas persistentes. - Empiema (exsudato purulento): geralmente resulta da se- meadura bacteriana ou micótica do espaço pleural. Geral- mente esses organismos são provenientes de uma infecção intrapulmonar, mas, ocasionalmente, ocorre por dissemina- ção linfática ou hematogênica a partir de uma fonte mais distante. Raramente, infecções abaixo do diafragma (abces- so subfrênico ou hepático), podem estender-se por conti- nuidade através do diafragma para os espaços pleurais, mais frequentemente do lado direito. O empiema é caracterizado por pus loculado, verde-amare- lado e cremoso, composto por massas de neutrófilos mes- clados com outros leucócitos. Embora um empiema possa se acumular em grandes volumes (até 500 a 1.000 mL), em geral o volume é pequeno, e o pus permanece localizado. O empiema pode se resolver, mas o exsudato geralmente se organiza em aderências fibrosas densas, firmes, que fre- quentemente obliteram o espaço pleural ou envolvem os pulmões; em qualquer um desses casos, a expansibilidade pulmonar pode ser seriamente afetada. - Hemotórax: escape de sangue para a cavidade pleural. Quase invariavelmente é uma complicação fatal de uma ruptura de aneurisma aórtico ou trauma vascular ou pode ocorrer no pós-operatório. Se hematócrito do líquido pleu- ral for maior que a matede do valor determinado no sangue periférico é considerado hemotórax. - Quilotórax: acúmulo de líquido leitoso, geralmente de origem linfática. O quilo é branco-leitoso pois contém gor- duras emulsificadas. Na maioria das vezes, é causado por trauma ou obstrução do ducto torácico, o que causa secun- dariamente ruptura dos ductos linfáticos principais. Essa disfunção geralmente é causada por malignidades que ob- struem os ductos linfáticos maiores. Geralmente, esses cân- ceres se originam dentro da cavidade torácica e invadem os linfáticos localmente, mas ocasionalmente cânceres mais distantes metastatizam através dos linfáticos e crescem dentro do linfático direito ou do ducto torácico, produzindo obstruções. O líquido acresenta niveis de triglicérides >110 Problema 3 Marcela Vianna XLVI 3 mg/dL. - Outras causas: - ruptura do esôfago ou doença pancreática: nível de amilase alto - Abcesso intra-abdominal: predomínio de células polimorfonucleadas, sem anormalidades no parên quima pulmonar - Asbestose (exposição a asbesto): diagnóstico de exclusão - Tumores ovarianos benignos - Fármacos: líquido eosinofílico. Ex: nitrofurantoí- na, amiodarona, dasatinib, procarbazina, metiser- gida, dantrolene, alcaloides de ergot, bromocripti- na, metotrexate, clozapina. - Após cirurgia by-pass arterial coronariano. Nas primeiras semanas é localizado a esquerda, sangui- nolento, com grande quantidade de eosinófilos e responde a toracocentese terapêutica. Após esse período, a cor fica amarelo clara e o predomínio é de linfócitos, tende a ocorrer recidiva. - Cirurgias abdominais, radioterapia, transplante de fígado, pulmão ou coração. Þ Manifestações clínicas • Anamnese: derrames pleurais pequenos costumam ser assintomáticos. Nos pacientes que referem sintomas, as queixas mais frequentes são: dispneia, tosse, dor torácica do tipo pleurítica ou respiratório dependente (piora na ins- piração profunda). Esse tipo de dor denota a existência de inflamação pleural (pleurite), e costuma desaparecer quan- do o acúmulo de líquido afasta as pleuras parietal e visce- ral, anulando seu atrito. Derrames muito volumosos podem causar trepopneia - dispneia em decúbito lateral com o lado que contém o der- rame voltado para cima. O decúbito lateral com o lado oposto alivia a dispneia. Sintomas sistêmicos como astenia, anorexia, emagreci- mento e febre dependem de respostas inflamatórias e imu- nológicas ao agente etiológico ou ao mecanismo etiopato- gênico A sintomatologia tende a ser mais intensa em portadores de doenças cardiopulmonares. • Exame físico: derrames pleurais pequenos não possuem expressão semiológica, mas derrames volumosos costu- mam produzir a síndrome de derrame pleural: - macicez à percussão, - redução ou abolição do MV acima da área do derrame, - deraparecimento do FTV. Se houver atelectasia compressiva do parênquima pulmo- nar subjacente haverá respiração bonquica e egofonia. Um derrame que ocupa todo o hemitórax costuma produzir abaulamento dos espaços intercostais e desvio contralate- ral da traqueia. Nas pleurites iniciais (ainda sem derrame significativo), po- de-se perceber o atrito pleural. Þ Exames de imagem • RX de tórax - PA (posteroanterior): Velamento do seio costofrênico es- querdo - derrames >175-200mL. - Perfil: velamento do seio costofrênico posterior - derra- mes entre 75-100mL. - Parábola de Damoiseau: derrames muito volumosos - Incidência de Lawrell: decúbito lateral com raios horizon- tais, colocando o lado do derrame para baixo. Na ausência de aderências pleurais, o líquido corre livremente por ação da força gravitacional. Essa incidência é útil para tirar dúvi- das quando à existência ou não do derrame, pois é possível detectar derrames a partir de 5mL. Problema 3 Marcela Vianna XLVI 4 - Decúbito dorsal: se o derreme for livre ele escorre ao lon- go do parênquima posterior do hemitórax, formando uma opacificação discreta e difusa, que não apaga a trama pul- monar. Pode ser confundida com consolidação ou atelecta- sia do parênquima. - Derrame pleural loculado: o líquido está retido num espa- ço criado por aderências pleurais patológicas. - Derrame subpulmonar: derrame entre o pulmão e o dia- fragma. É de dificil diagnóstico nas incidências radiográficas habituais, utilizar a incidência de Lawrell. Os sinais que po- dem ajudar são: elevação e lateralização do contorno supe- rior da cúpula diafragmática O derrame bilateral é mais comumente associado a trans- udato, tuberculose de disseminação hemática, neoplasia metastática e colagenose. Lesões pulmonares em lobos superiores (micronódulos, nódulos, estrias, consolidações acinolobulares) farorecem tuberculose. O derrame volumoso ocupando todo ou quase todo o he- mitórax em geral é neoplásico (carcinomas pulmonar e de mama, linfoma e tumor de ovário). Massa intrapulmonar, adenomegalias mediastinais e lesões osteolíticas favorecem neoplasia. O derrame septado costuma ser infeccioso. • TC Método mais sensível para avaliar o derrame pleural, capaz de detectar volumes tão pequenos quanto 10mL. Tem indi- cação no diagnóstico diferencial da doença base, pois per- mite uma análise detalhada de todas as estruturas toráci- cas. - Pleural slit sing: presença de derrame pleural loculado na região paravertebral direita. As pleuras parietal e visceral estão espessadas e se impregnam pelo contraste. Paciente com empiema pleural. • USG: útil para avaliação em tempo real/dinâmica. Auxilia em procedimentos invasivos (toracocentese) • RM: útil na diferenciação do acometimento pleural por le- sões malignas, auxiliando no estadiamento Problema 3 Marcela Vianna XLVI 5 Þ Diagnóstico A primeira etapa é a detecção do derrame, que é feita a partir dos dados clínicos, particularmente do exame físico e do exame radiológico. A seguir, deve-se determinar sua causa ou mecanismo - dados clínicos, radiológicos, exames bioquímicos de sangue, exames do líquido pleural e exames de fragmentos de pleura parietal. Dados que auxiliam na elaboração do diagnóstico diferenci- al dos derrames: idade, modo de início (agudo ou incidio- so), presença de dor ventilatório-dependente, febre, conta- to com tuberculose, história de tumor maligno atual ou pre- gresso, rápida recorrência após drenagem, cirurgia abdomi- nal ou torácica recente, radioterapia, lesãoo do miocárdio (infarto ou cirurgia recente), doença abdominal (cirrose, pancreatite, abcesso subfrêncio ou hepático). • Toracocentese diagnóstica É o exame mais importante para estabelecer a etiologia do derrame. Não é necessário realizar a toracocentese quando: - ICC: derrame bilateral e simétrico (quadro típico). Em 75% dos casos o derrame se resolve dentro de 48h com uso de diuréticos. É realizada toracocentese em casos de ICC quan- do o derrame é assimétrico e/ou há febre e/ou dor pleuríti- ca. - hipoproteinemia - concomitância de tuberculose no parênquima pulmonar. Quando há indícios de que a causa é infecciosa (vigência de tuberculose pulmonar comprovada ou de pneumonia), a toracocentese poderá ser necessária, pelo menos para ex- cluir ou confirmar a presença de empiema. Feita a coleta, o primeiro passo na análise do líquido pleural é a avaliação de sua aparência, o que, em muitos casos, permite um diagnóstico imediato. As análises a serem feitas com o líquido pleural são: bioquí- micas (diferenciação entre exsudato e transudato - critérios de Light), citológicas (contagem de células e hematócrito), microbiológicas (cultura, Gram e BAAR) e pH Após a diferenciação entre exsudato e transudato, a investi- gação deve ser conduzida considerando as doenças incluí- das nesses dois grupos. - Exsudatos: assume-se que existe uma doença na pleura. É necessário realizar dosagem de proteína total, LDH, pH, gli- cose, celularidade (contagem de células mesoteliais, hemá- cias, leucócitos), bacterioscopia (coloração Gram), culturas (bactérias comuns, fungos, BK) e citologia oncótica (pesqui- sa de células neoplásicas). Na suspeita de quilotórax (quando o líquido tem aspecto leitoso) deve-se pedir a pesquisa de quilomicrons e dosa- gem nos níveis de triglicérides do líquido pleural. Se TG >100-110mg/dL = quilotórax. Aspecto purulento e/ou presença de germes e/ou pH baixo: empiema Aspecto hemorrágico: acidente de punção, trauma ou neo- plasia maligna; não costuma ocorrer na tuberculose Taxa de proteínas muito elevada: tuberculose ou outro ex- sudato com intensa resposta inflamatória Citológico diferencial com linfocitose e ausência de células mesoteliais; Pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) positiva ou anatomopatológico demonstrando gra- nuloma;Taxa de adenosina deaminase (ADA) >40 UI/L: tu- berculose Citopatológico com presença de células malignas: derrame neoplásico Células LE presentes e/ou FAN com título elevado: lúpus eri- tematoso sistêmico Derrame quiliforme com triglicerídeos elevados e/ou pre- sença de quilomicra: quilotórax pH <7,2 em paciente com derrame pleural parapneumôni- co: pode significar empiema. Achado de eosinofilia (>10%) no líquido pleural: pode ser secundário a presença de sangue na cavidade, como por hemorragia pós-punção, ou a existência de anormalidades imunoalérgicas sistêmicas. Tabela 2 • Punção-biópsia pleural (agulha de Cope) No exame anatomopatológico, dois achados definem o di- agnóstico: - neoplasia maligna (carcinoma metastático ou linfoma); - granuloma, sem/com necrose, caseosa ou não. A presença de granuloma na pleura costuma ser suficiente para confir- mar o diagnóstico de tuberculose, uma vez que as outras causas de doença granulomatosa raramente se acompa- nham de derrame pleural. Sempre que a patologia identifica lesão granulomatosa, é realizada a pesquisa de BAAR e de fungos no material (e, no paciente HIV-positico, mesmo sem granuloma). • Pleuroscopia Indicada quando se julga que não haverá vantagem na exe- cução de uma nova punção-biopsia, ou quando se planeja realizar imediatamente a pleurodese. • Toracotomia exploratória - quando os procedimentos habituais (punção, biopsia, pleuroscopia) não foram efetivos e a principal suspeita for neoplásica Problema 3 Marcela Vianna XLVI 6 - probabilidade de mesotelioma pleural - necessidade de descorticação/pleurectomia - necessidade de ressecção pulmonar - acidentes durante a pleuroscopia - hemorragia pós-traumática grave Þ Tratamento • Derrame neoplásico: o derrame neoplásico significa dis- seminação sistêmica do tumor e, portanto, indica que a do- ença não pode ser curada por cirurgia. Quando a neoplasia primária for responsiva a quimioterapia (carcinoma de ma- ma e linfoma), esta deve ser indicada imediatamente. No caso dos carcinomas, em geral o principal objetivo é contro- lar o acúmulo de líquido e seu manejo dependerá dos sinto- mas e extensão do derrame: - drenagem para alívio temporário - colocação de cateter de demora para drenagem contínua, durante curto período - pleurodese por agente esclerosante • Derrame tuberculoso: todos os pacientes devem receber o esquema de tuberculostáticos convencional RHZM duran- te 6 meses. Recomenda-se evitar repouso e, se possível, re- alizar fisioterapia para mobilização torácica. A corticotera- pia sistêmica é indicada para pacientes com grande com- prometimento clínico. Não há vantagem em se fazer drena- gem pleural, exceto quando há empiema. • Derrame pós-lesão miocárdica (cirurgia ou isquemia): a maioria dos casos se resolve com medidas simples - toraco- centese terapêutica, diuréticos, anti-inflamatórios não este- roides e corticoides. • Derrame parapneumônico e empiema: a morbidade e mortalidade dos pacientes com pneumonia e derrame pleu- ral são superiores às dos casos com apenas pneumonia. 4 categorias segundo ACCP 1. Volume pequeno, com menos de 10mm de espessura da radiogradia em decúbito, TC ou eco: bom prognóstico 2. Volume geralmente pequeno a moderado, com mais de 100mm de espessura até metade do hemitórax; exame bac- teriológico do líquido pleural negativo e pH>7,2 ou glicose >60mg/dL: bom prognóstico 3. Pelo menos um dos seguintes achados: pode ocorrer des- fecho ruim - volume superior à metade do hemitórax, loculado ou com espessamento pleural - exame de Gram ou cultura do líquido pleural com resulta- do positivo - pH <7,2 ou glicose <60mh/dL 4. Derrame purulento: desfecho ruim Recomenda-se drenagem torácica, incialmente fechada pa- ra as categorias 3 e 4. Não havendo resolução em poucos dias, faz-se drenagem aberta (pleurostomia). • Indicações para drenagem: hemotórax, empiema, derra- me parapneumônico complicado, pneumotórax Problema 3 Marcela Vianna XLVI 7 REFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIAS ROBBINS. Bases patológicas das doenças. 9ª ed Luiz Carlos Corrêa Silva. Pneumologia, principios e prática SPPT - Doenças pleurais, v. 14 Jornal brasileiro de pneumologia. Derrame pleural parapneumônico e empiema. 2006 Medicina de emergência: abordagem prática. 14ª ed Medcurso Tabela 2 Problema 3 Marcela Vianna XLVI 8
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