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Ana Valéria Dantas de Araújo Góis Bloqueadores Neuromusculares Introdução ➵ São utilizados para fornecer um relaxamento muscular adequado ➵ Histórico 1942 – Griffith e Johnson descreveram a d- tubocurarina (dTc) = por conta dessa substância, tem-se um famoso grupos, os Curais, usados muito pelos índios 1952 – Thesleff e Foldes introduzirama a Succinilcolina (inicio de ação rápido) 1967 – Biard e Reid relataram a administração de Pancurônio (produz um relaxamento por tempo mais prolongado) 1980 – Desenvolvimento de agentes de duração intermediária – Vecurônio e Atracúrio 1990 – Agente de ação curta, o Mivacúrio, e de inicio curto, o rocurônio Morfofisiologia da Jnm ➵ Neurônios motores – responsáveis pela contração e relaxamento; possuem mielina para conseguir passar o estímulo ➵ Unidade Motora – conjunto de terminações nervosas e fibras musculares; tem ação na contração muscular ➵ Acetilcolina – fica na placa motora (nas fendas sinápticas) e vão predispor a contração muscular; vai ser metabolizada para sair da placa motora e ai inibir a contração muscular (pela acetilcolinesterase) ➵ Fenda sináptica ➵ Acetilcolinesterase – vai fazer a metabolização da acetilcolina Receptores Nicotínicos de Acetilcolina ➵ Complexo pentamérico ➵ Dois sítios de ligação a Ach – irão se acoplar principalmente a subunidade alfa ➵ Canal iônico – desencadear a função ➵ Receptores imaturos – mais comum em crianças em fase neonatal (não vai formar canal iônico adequado); também chamado de receptor do tipo fetal; Eles possuem uma estrutura diferenciada, tendo uma baixa condutância, impedindo uma condução adequada de íons de sódio e potássio – vão fornecer uma forma de liberação inadequada da acetilcolina Por esse motivo, deve-se aumentar a dosagem dos bloqueadores nas crianças ➵ Receptores pré-juncionais – também possuem uma estrutura diferenciada, estão principalmente na placa motora, mas não tem tanta interação Na prática, a succinilcolina (2 moléculas de acetilcolina acoplada) não consegue se aderir de forma adequada; (esse é o grande diferencial) Ana Valéria Dantas de Araújo Góis A acetilcolina não tem seu sitio de atuação efetivo Presente em pacientes queimados Na prática, temos 3 receptores: adulto, imaturo e pré- juncionais Fisiologia da Junção Neuromuscular ➵ Fasciculação – uma contração devido a atuação do fármaco na unidade motora; comum quando se utiliza Succinilcolina ➵ Músculos extraoculares: possuem + de 1 placa motora fármaco gera mais contração muscular; essa contração maior, leva a uma quantidade maior de fasciculações Ou seja, não utilizar succinilcolina em pacientes com glaucoma ou trauma perfurante do globo ocular – devido a contração proeminente, podendo piorar o problema (nesse caso, optaria por rocurônio) Agonistas ➵ Irão atuar diretamente no local de acoplamento da Acetilcolina ➵ Fármacos – nicotina, succinilcolina (agonista) e carbacol Succinilcolina (é o importante na analgesia) – BNM despolarizante Neostigmina, piridostigmina são agentes de reversão do bloqueio, pela inibição da acetilcolinesterase, aumentando assim a quantidade de moléculas de acetilcolina na fenda sináptica OBS – Melhor utilizar agente de reversão em fármacos não despolarizantes porque os despolarizantes já revertem rapidamente (10min). Ex. ao utilizar uma succinilcolina, usa uma neostigmina, para o efeito durar mais, pois se fosse usada logo a succinilcolina, logo seu efeito iria ser perdido OBS – Na anestesia geral, se prefere os adespolarizantes de duração intermediária. Os de duração longa são mais utilizados em pacientes que estão na UTI (pois precisam ficar em uma ventilação controlada e fornecer um grau de inibição durante a sedação). Os de duração curta não são utilizados pois são mais caros Succinilcolina ➵ Estrutura semelhante com acetilcolina, por isso funciona como agonista – ela vai ficar onde a molécula de acetilcolina ficaria e vai atuar la ➵ Único despolarizante usado clinicamente Ana Valéria Dantas de Araújo Góis ➵ Mecanismo – Estímulo sobre os receptores, despolarizando a fibra muscular de maneira prolongada levando à internalização dos canais de sódio e consequente incapacidade da fibra de se despolarizar novamente (a fibra fica em um grau de relaxamento, não se contraindo novamente) ➵ Características do bloqueio: Fasciculação precedendo o bloqueio Ausência de fadiga – BQM com atividade mais prolongada provoca isso Ausência de potenciação pós-tetânica Potencialização do bloqueio por anticolinesterásicos – neostigmina: gera o efeito diverso que seria o objetivo de reverter Bloqueio Neuromuscular Características do Bloqueio ➵ Equipamento para medir o grau de bloqueio neuromuscular (TOF), é uma sequência de 4 estímulos aplicado no músculo adutor do polegar e aí observa-se a resposta do paciente se está realizando as contrações musulares ou não? ➵ RESPOSTA Sem bloqueio: após o estímulo passar pelo músculo e nervo, volta a atividade anterior – efeito tetânico Bloqueio adespolarizante moderado: um exemplo seria quando utilizado o rocurônio – depois do estímulo, ocorre uma resposta + intensa e depois vai diminuindo. Bloqueio despolarizante moderado: semelhante ao 1, porém a resposta tetânica não é tão acentuada (a intensidade vai ser menor); aqui seria semelhante a succinilcolina Succinilcolina ➵ Rápido início de efeito e duração ultracurta ➵ DE95% é de 0,51 – 0,63mg/Kg Na prática vai usar o dobro dessa medida, ou seja 0,51 x 2 = aprox. 1; uma tentativa de abranger 95% de chances ➵ A adm. de 1mg/kg resulta em supressão completa em +- 60 segundos (ou seja, em 1 min já teremos condições ideias para realizar a intubação) e a recuperação de 90% da força exige 9 a 13 minutos ➵ Metabolismo por hidrólise pela enzima butirilcolinesterase que produz succinilmonocolina e colina. Somente 10% do fármaco administrado chega à junção neuromuscular ➵ Meia-vida de eliminação de 47 segundos ➵ Butirilcolinesterase Enzima produzida no fígado e presente no plasma; portanto poderemos utilizar a succinilcolina sem muitos ajustes porque tem essa enzima no plasma Sua atividade pode ser inferida pela relação do número de moléculas pela unidade de tempo – é por essa característica que teremos certeza a cerca da sua eliminação Ana Valéria Dantas de Araújo Góis Efeitos Colaterais e Contraindicações ➵ Muito comum em crianças devido os receptores imaturos OBS – Pacientes hipovolêmicos e com acidose grave = se não conseguir intubar de início, não administrar muitas vezes, para não induzir a hipercalemia OBS – Único EV que pode desencadear hipertemia maligna; o paciente fica bem rígido Usos Clínicos ➵ Indução em sequência rápida na dose de 1mg/Kg – geralmente tem que diluir para 10 ml. Ex. paciente com 70 kg, vai da 7ml (vai ficar 1 ml para cada 10kg de peso) ➵ Potencializa o bloqueio dos não-despolarizantes e aumenta duração do atracúrio e rocurônio ➵ Efeito prolongado após uso de agentes reversores Bloq. Neurom. Não Despolarizantes ➵ Origem em venenos de setas indígenas (CURARE) extraídas de plantas Chondodendron tomentosum, Strychnos toxifera ➵ Classificados de acordo com a estrutura química e duração de ação ➵ Mecanismo: Antagonismo do receptor de acetilcolina, impedindo a despolarização da fibra muscular Efeito em receptores pré-sinápticos, diminuindo mobilização da acetilcolina, por não conseguir mais se acoplar no receptor Bloqueio de canal aberto – com isso a acetilcolina não vai conseguir se fixar la ➵ Características do bloqueio: Ausência de Fasciculação Fadiga Potenciação pós-tetânica – a medida que o fármacovai atuando, vai diminuindo o efeito na placa motora Antagonismo pela succinilcolina e anticolinesterásicos ➵ Farmacocinética Ana Valéria Dantas de Araújo Góis - A partir de uma única dose, teremos um equilíbrio para os compartimentos periféricos e também uma eliminação; Isso é importante pois, de acordo com a necessidade do paciente, vamos ter diferentes formas de eliminação (hepática, renal ou pelo plasma) - Importante destacar que teremos dois tempo de meia vida; O tempo alfa (que corresponde ao tempo de distribuição do fármaco – tempo que ele atinge o equilíbrio para poder começar a ser metabolizado) e o tempo beta (corresponde ao tempo de eliminação) ➵ Potência OBS – Geralmente, é utilizada a ED95 ➵ Pico de Ação É o tempo que leva da injeção até o bloqueio total Na prática, é o tempo que leva até ter condições adequadas para a IOT OBS – olhar a coluna 4 dos Laryngeal Adductors – tempo até a ação OBS – Observa que a succiniocolina é a mais rápida para ter efeito; em 1 min já conseguimos intubar o paciente OBS – Se dobrar a dosagem, vai se tornando mais rápido o tempo; Ex. Rocuronio na dose normal, leva cerca de 2 min para ter efeito, enquanto que na dose dobrada, leva cerca de 1 min OBS – Lembrar que ai t aso 1 ED, na pratica clínica, dobramos essa dose, então o tempo será mais rápido ➵ Duração Clínica – tempo desde a injeção até a recuperação do estímulo simples em 25% do basal ou até a contagem do TOF ser 2-3; É o momento de reaplicar o BNM Ana Valéria Dantas de Araújo Góis OBS –TOF: aparelho para monitorar o grau de relaxamento Total – é o tempo que leva até a recuperação total da força muscular (TOF>0,9 – significa que mais de 90% dos receptores já não estão ocupados pelo anestésico) OBS – Para não precisar de reversão, é bom que o TOF esteja acima de 90% ➵ Sensibilidades Variáveis OBS – Na maioria dos hospitais, se faz de meio empírico. Então faz a reversão ao final do procedimento, por que não tem como garantir que teve a reversão do BNM, pois nem sempre o aparelho de TOF estará disponível ➵ Doses OBS – Doses para intubação (importante – ação intermediária) ➵ Eliminação dos bloqueadores adespolarizantes OBS – Quando o paciente tem alguma alteração nas vias de eliminação, o menos prejudicial seria os cisatracúrio (não mexe nem no fígado e nem no rim do paciente) ➵ Uso Clínico Bloqueio muscular na indução anestésica para facilitar IOT * Prefere o cisatracúrio por não alterar rim e nem fígado Ventilação controlada – nos pacientes em UTI (além da sedação usual (ex. com midazolam), usa um BNM (ex. cisatracurio)) Cirurgias abdominais e por videolaparoscopia – paciente necessita de um relaxamento adequado; se o TOF tiver disponível, é interessante utiliza-lo ➵ Dose Inicial Tradicionalmente na indução anestésica para IOT – 2x a DE95 Para relaxamento cirúrgico – dose discretamente inferior a DE95 ➵ Dose de Manutenção Aproximadamente 1/10 da dose inicial no caso de bloqueadores de longa ação (Pancurônio) e 1/4 no caso de bloqueadores de média ou curta duração (atracúrio, rocurônio) Doses contínuas em bomba de infusão com agentes de média/curta duração Ana Valéria Dantas de Araújo Góis Intubação em Sequencia Rápida ➵ Droga preferida – Succinilcolina 1mg/Kg ➵ Se contraindicada – Rocurônio 1,2mg/Kg OBS – O ideal é que não devemos combinar dois BNM diferentes (a prioridade é utilizar o mesmo até o final) Técnica de Sensibilização ➵ Aplicada dose de 10-20% do BNM 2-4 minutos antes da dose total para acelerar o início da ação – isso é bom para aqueles pacientes que vai ser ventilado. ➵ Pode causar desconforto, risco de aspiração, dificuldade para deglutir e respirar ➵ Contraindicada em VAD (Via Aérea Difícil) e pacientes com sensibilidade aumentada aos BNM (desencadear reação alérgica) OBS – Essa técnica permite um pico de ação mais rápida do fármaco Efeitos Adversos do BNM ➵ O efeito adverso mais comum é a liberação de histamina ➵ Atracúrio é o que libera + histamina e, consequentemente, desencadear os efeitos alérgicos, como manchas eritematosas na pele e, em casos mais graves, choque anafilático. ➵ Em algumas situações pode levar também a: Liberação de histamina Hipotensão Taquicardia Arritmias Bradicardia Efeitos respiratórios Reações alérgicas OBS – A hipotensão e bradicardia ocorre devido a interação com os receptores muscarínicos no coração OBS – Nas crianças gera + bradicardia devido a imaturidade dos receptores Interações Medicamentosas ➵ Não misturar os BNM porque pode haver potencialização exacerbada – possuem ação sinérgica, então um vai aumentar o efeito do outro ➵ Outros que podem prolongar a ação do BNM Succinilcolina – tem interação com outros fármacos (anestésicos inalatórios) Anestésicos inalatórios Antibióticos Hipotermia Magnésio e cálcio Lítio – pela estrutura semelhante ao sódio Anestésicos Locais Antiepilépticos Ana Valéria Dantas de Araújo Góis Dantrolene – principal fármaco usado para o tratamento de hipertemia maligna (que pode ser causada pela succiniocolina) ➵ Populações Especiais Recém nascidos e lactentes – maior quantidade de receptores imaturos, assim a succinilcolina não irá funcionar de forma adequada. Pré- escolares e escolares – também tem um certo grau de receptores imaturos. Assim, as doses terão que ser aumentadas, geralmente 0,8mg/kg de rocurônio (para adultos seria 0,6) Idosos – utilizar doses menores devido as repercussões que podem ser causadas Obesos – cuidado com o acúmulo no tecido adiposo (3º compartimento); não utiliza o peso total que o paciente apresenta, se não corre o risco de acumular demais. OBS – Paciente com 100kg e 1,60; o cálculo é feito com o PESO IDEAL e com o PESO ATUAL Doença renal avançada – alguns fármacos não devem ser utilizados em pacientes renais; Insuficiência hepática – rocurônio e pancurônio não utilizar. Preferir o atracúrio ou cisatracúrio que tem degradação plasmática Queimados – podem aparecer os receptores pós juncionais daí não utiliza succinilcolina de rotina, por não ter efeito adequado. Utiliza os BNM adespolarizantes
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