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Tutorial 09 – Módulo IX Adenocarcinoma Gástrico É um dos tumores malignos mais comuns, e em alguns países é o mais frequente e principal causa de morte oncológica, pois pctes procuram assistência tarde demais (sintomas na fase inicial são inexistentes ou mínimos). No Brasil, é a terceira causa de câncer nos homens e a quinta nas mulheres. O tipo histológico do câncer mais comum é o adenocarcinoma gástrico, apenas 3% são linfomas (linfoma de Hodgkin), e os sarcomas são ainda mais raros 1% (leimiossarcoma). EPIDEMIOLOGIA E HISTOPATOLOGIA: é muito comum no Japão, Costa Rica, Chile e Russia, sendo raro nos EUA e Austrlia. Os fatores ambientais influenciam muito, inclusive os fatores precoces da vida do individuo. O câncer está se torando mais proximal, a incidência no piloro e antro vem diminuindo, e na cardia aumentando. Principalmente ocorre em homens brancos, bem associado ao tabagismo e alcoolismo. Classificação de Laurem: diferencia o adenocarcinoma gástrico em dois tipos. Subgrupo intestinal = tumor diferenciado, com formação de estruturas glandulares. Mais comum no Brasil e em países com alta incidência, predomina em homens 55-60 anos. Manifesta lesões expansivas, polipoides e ulceradas, mais no estomago distal. Disseminação hematogênica. Subgrupo Difuso = indiferenciado, sem formações glandulares. Mostra células em anel de sinete, as quais tem acumulo de muco no citoplasma e desloca o núcleo pra periferia. É um tumor infiltrativo, que manifesta ulceras infiltradas ou linite plástica (infiltração difusa do órgão). tem mais no estomago proximal, prognostico pior, mais probabilidade de metástase precoce. Incide ambos o sexos, idade media é mais precoce entre 40-48 anos. Disseminação por contiguidade (transmural) e pela via linfogenica. Possui relação com o tipo sanguíneo A e existem relatos de casos familiares, ou seja, 1-3% dos casos tem transmissão autossômica dominante, relacionada a mutação CDH1 no gene da E- caderina. FATORES DE RISCO: o tipo de dieta, gastrite atrofia pelo H. Pylori e anemia perniciosa (gastrite atrófica autoimune). Pctes que passaram por gastrectomia tem 3x mais risco de desenvolver câncer. A maioria dos fatores predispõe ao subtipo intestinal de câncer. ASPECTO MACROSCOPICO: Câncer gástrico invasivo: classificação por EDA com biopsia. Bormann I = carcinoma polipoide, que é uma lesão bem demarcada com áreas normais em volta. Sobrevida em 5 anos de 40%. Bormann II = carcinoma ulcerado, que tem margens bem demarcadas e sem infiltralçao, porem indistinguível de uma ulcera benigna. Sobrevida de 35%. Bormann III = carcinoma ulcerado e infiltrante, com margens rasas e pouco definidas, infiltração da submucosa/muscular/serosa, e é a apresentação mais comum. Sobrevida de 20%. Bormann IV = carcinoma infiltrativo difuso, difícil de definir, estende por todas as camadas e direções, extensão maior do que o imaginado. Quando tem infiltração de todo o estomago é chamada de linite plástica. Bormann V = câncer gástrico, que não se encaixa em nenhuma outra definição. Câncer gástrico precoce: possui tumores restritos a mucosa e submucosa, independe de linfonodos regionais acometidos. Nos países ocidentais, o câncer só é diagnosticado nessa fase em 10-20% dos casos, e a chance de cura passa de 85%. Tipo I = polipoide. Tipo IIa = elevado em < 5 mm. Tipo IIb = superficial sem elevação. Tipo IIc = depressão < 1,5 cm. Tipo III = ulcerado. O tratamento cirúrgico é padrão-ouro, mas alguns pctes podem ser curados com ressecção endoscópica. MANIFESTAÇOES CLINICAS: no inicio, geralmente é assintomático ou apresenta sintomas dispépticos inespecíficos. Os mais comuns são perda ponderal, dor epigástrica, náusea, anorexia, disfagia, melena, saciedade precoce e dor semelhante a ulcera péptica. A dor geralmente é constante, sem irradiação e não alivia com alimentação (antissecretores podem dar alivio temporário). Vomitos recorrentes sugerem obstrução antro- pilorica pelo câncer. Disfagia ocorre quando há invasão da cardia ou esôfago distal, chamado de pseudoacalasia. Pode enviar metástase pro fígado, pulmão e peritônio, e esses sintomas podem ser tosse, icterícia, dor no QSD e ascite. Exame físico na doença avançada: massa abdominal palpável, linfonodo supraclavicular esquerdo palpaval (linfonodo de Virchow), linfonodo periumbilical palpável (linfonodo irmã Maria José), metástase peritoneal pelo toque retal (prateleira de Blumer), massa ovariana palpável (tumor de krukenberg), hepatomegalia, ascite, icterícia e caquexia. Podem ocorrer síndromes paraneoplásicas, precedendo a detecção do tumor, como síndrome de trouseau, sinal de Leser-trealat e etc. DIAGNOSTICO: a endoscopia digestiva alta junto com biópsia tem precisão quase que máxima. Indicada em todo pcte com dispepsia > 45 anos ou sinais de alarme, como perda ponderal, anemia, sangramento, disfagia, vômitos, massa abdominal, gastrectomia previa e historia familiar de câncer. Nesse exame é obtido a classificação de Bormann, que implica prognostico, mas a linite plástica necessita de uma exame baritado. Localização mais comum de câncer gástrico é na transição do corpo com antro na pequena curvatura, e ulceras em locais atípicos sugestionam malignidade. Exame Baritado SEED = seriografia esôfago- duodeno capaz de distinguir lesões benignas e malignas e sugerir diagnostico histológico. Os sinais que verificam malignidade são: lesão em massa com ou sem obstrução ou ulceração, ulcera com pregas irregulares ou com fundo irregular, pregas alargadas e massa polipoide, irregularidade da mucosa com perda da Distensibilidade. A linite plástica manifesta um aspecto de “garrafa de couro”. Serve como triagem, e caso tenha achados suspeitos, deve-se fazer endoscopia com biopsia. ESTADIAMENTO: processo pra determinar a localização e extensão do câncer no corpo de uma pessoa. O câncer gástrico utiliza o sistema TNM (tumor, linfonodo e metástase). O componente “N” (linfonodos acometidos) so pode ser definido após uma cirúrgica, e deve-se ressecar no mínimo 15 linfonodos. Outros fatores que determinam prognostico, como sobrevida em 5 anos, são localização do tumor, identificação de subtipos pela classificação de Lauren e classificação endoscopia de Bormann. TC de tórax/abdome/pelve = a acurácia no estadiamento é 40-50%. Tem sensibilidade limitada para os estágios T e N e para metástases peritoneais, mas é um excelente para avaliar metástase para órgãos e linfonodos à distância. TC no tórax é muito boa pra ver metástase no pulmão, e a de pelve é útil no sexo feminino, vendo metástase nos órgãos reprodutores. US Endoscopica = melhor método pra ver extensão locorregional desse câncer, visualiza a invesao tumoral na parede gástrica (T) e os linfonodos regionais (N). Videolaparoscopia = feito de rotina nos pctes em que não é possível revelar nada nos outros exames, ou seja, é pra certificar de fato que não existem metástases. TRATAMENTO: Cirurgia Curativa = única probabilidade de cura, e em 20-50% dos pctes com doença avançada, é impossível. Deve ser tentada na ausência de metástases á distancia, devendo ressecar toda a extensão neoplásica (mesmo em estagio T4). Devido à tendência do câncer gástrico em se disseminar de forma intramural, o tumor deve ser ressecado com ampla margem de segurança, de no mínimo 5 cm a 6 cm. Tumores de terço distal podem ser tratados com gastrectomia subtotal e reconstrução a Billroth II, quando margem de segurança é obtida, a sobrevida em 5 anos é a mesma que a da gastrectomia total Tumores de terço médio (corpo gástrico) a mais de 5 a 6 cm da junção esofagogástrica, também podem serabordados dessa forma. Outra possibilidade de reconstrução é a gastrectomia subtotal em Y de Roux Neoplasias do fundo gástrico e terço médio a menos de 5 a 6 cm da junção esofagogástrica devem ser tratadas com gastrectomia total com reconstrução esofagojejunostomia término- lateral em Y de Roux Os tumores de cárdia são abordados com esofagectomia distal e gastrectomia total. A reconstrução do trânsito alimentar também se dá através de esofagojejunostomia término lateral em Y de Roux. Todos os tumores necessitam de linfadenectomia profilática regional e os níveis de ressecção são determinados pela localização do tumor Terapia Adjuvante: radioquimioterapia após a cirúrgica em pctes com estadiamento mostrando acometimento linfonodal e de órgãos adjacentes. Pode usar o trastuzumab, que é um anticorpo monoclonal direcionado contra o produto do gene HER-2. Terapia Paliativa = fornecer alivio sintomático com a menor morbidade possível. Quimioterapia paliativa tem mostrado benefícios. Gastrectomia paliativa deve ser oferecida a pctes com risco cirúrgico baixo. Dilatadores pneumáticos e stents são reservados para pctes com disfagia (tumor de cardia). Radioterapia é reservada pra controle de sangramento, dor ou obstrução. Câncer Gástrico Precoce No Brasil e nos EUA, o percentual de pctes com câncer que se apresenta neste estádio é 15%. A terapia é a gastrectomia com linfadenectomia a D2/D1, com sobrevida em 5 anos de 85%. A ressecção endoscópica curativa do câncer gástrico precoce é permitida quando a neoplasia apresentar todos os seguintes achados: Tumor limitado à mucosa ou tumor não ulcerado, Ausência de invasão linfovascular e Tumor com menos de 2 cm de diâmetro. PROGNOSTICO: depende do estadiamento TNM, complementado pela cirúrgica, e a medica oscilando em 15-30%. Estágio IA: 80-95% Estágio IB: 60-85% Estágio II: 35-55% Estádio IIIA: 20-35% Estádio IIIB: 8-10% Estádio IV: 7% ESCALA DE FEZES DE BRISTOL: dividida em 7 tipos de fezes, de acordo com a velocidade do transito intestinal. As fezes normais são sólidas, moldadas em forma de salsicha, úmidas, têm coloração acastanhada, não causam dor para sair e não apresentam nenhuma outra alteração, como muco, pus ou sangue A ocorrência de muco em pcte assintomático, saudável e com as fezes aparentemente normais não costuma ser sinal de nenhum problema relevante. Pode ser resquício do muco presente na parede dos intestinos, cuja função é lubrificá- la. Tipos 1 e 2: transito intestinal lento, pouca fibra na alimentação e tendência a constipação intestinal. Tipos 3, 4 e 5: consideradas normais, sendo o tipo 4 a forma mais saudável e desejável. O tipo 5, se não tiverem bordas bem definidas e boiarem, podem indicar transito intestinal acelerado, com evacuação rica em gases, carboidratos e gordura, sendo tipo de diarreia. Tipos 6 e 7: indicam um transito intestinal acelerado, com menos tempo pra absorção de agua e nutrientes, sendo consideradas diarreias. Coloração: Fezes verdes = quando algo impede que a bile se torne marrom, como por exemplo na diarreia (transito intestinal muito rápido não da tempo pra bile virar marrom). Fezes negras = pode ser por sangramento alto ou consumo de suplemento de ferro ou outros medicamentos. Fezes amarelas ou com gordura = deficiência na absorção de gorduras digeridas ou redução na concentração biliar (pancreatite, doença celíaca, giardíase). Fezes brancas ou claras = ausência de bilirrubina, cirrose e hepatite. Fezes vermelhas = sinal de sangramento digestivo, presença de sangue envolto é provocada por lesões no reto. Outras alterações: Fezes em fita = síndrome do intestino irritável, e pode ser sinal de câncer de colon (principalmente se junto com sangramento). Alimentos não digeridos = é problema caso acompanhado de diarreia persistente, perda de peso ou outras alterações.
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