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Tutorial 08 – Módulo VIII Arritmias Ventriculares DEFINIÇÃO: arritmias que se originam a partir de focos ventriculares do miocárdio ou de células especializadas de Purkinji capazes de gerar potenciais de ação autônomos que levam a contração. A característica marcante é o traçado no ECG, que faz com que o QRS fique amplo com duração > 0,12s. EXTRASSÍSTOLES VENTRICULARES: ou contrações ventriculares prematuras CVP. São vistas com QRS de morfologia anormal, o qual vem antes do tempo previsto, sem ser precedido por uma onda P, e atuando como mecanismo de gatilho pra uma taquiarritmia. Uma característica marcante é a existência de uma pausa pós-extrassistólica do tipo compensatória, onda o intervalo entre o batimento sinusal que precede e o que sucede a extrassístole é igual ao intervalo de dois ciclos de batimento sinusal. Existem 5 padrões: Bigeminismo – ocorre quando tem uma extrassístole pra cada batimento sinusal. Trigeminismo – ocorre quando tem uma extrassístole pra cada dois batimentos sinusais. Extrassístoles pareadas – duas extrassístoles seguidas entre os batimentos sinusais. Extrassístole polimórfica – duas ou mais extrassístoles possuem morfologias diferentes vistas em uma mesma derivação. Extrassístole R-sobre-T – o intervalo entre o batimento sinusal anterior e a extrassístole é muito curto, fazendo com que a extrassístole fique no final da onda T precedente. TAQUICARDIA VENTRICULAR - TV Ocorre quando se tem três ou mais batimentos consecutivos em frequência acima de 100 bpm, podendo ser sustentada (duração > 30s) ou não. No ECG aparece com QRS alargado e morfologia aberrante. Local de Origem da taquicardia com base na morfologia: »TAQUICARIDA VENTRICULAR MONOMÓRFICA SUSTENTADA: no ECG se tem FC > 100bpm, QRS alargado com morfologia anormal, morfologia do QRS que se repete a cada derivação e RR regular. Para ser sustentada precisa durar > 30s ou causar instabilidade, independente do tempo de duração. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial, tentando diferenciar TV de TSV com aberrância pelos critérios de Brugada. Resumo dos critérios = pode ser na ausência de RS, ou RS > 100ms, dissociação AV, ou pelos critérios morfológicos. Mecanismo Eletrofisiológico – geralmente a taquicardia ventricular ocorre por um circuito de reentrada que se desenvolve no miocárdio ventricular por conta de um distúrbio eletrofisiológico que ocorre ocasionando uma área de condução lenta (miocárdio isquêmico ou “doente”) e uma dispersão ou heterogeneidade dos períodos refratários, que com um gatilho (extrassístole ventricular) gera a taquiarritmia. Porém a TVMS pode também surgir a partir de um foco superautomático, entretanto isso raramento acontece, que vem de uma atividade deflagrada por pós-potenciais tardios. Etiologia – a causa mais comum da TVMS é a doença coronariana, que geralmente ocasiona um IAM de grande tamanho, alterando a eletrofisiologia do ventrículo. Pode ocorrer também nas cardiomiopatias dilatadas ou hipertrofias ventriculares. TVMS Pós-Infarto: quando detectada após 48 horas de um infarto, seu mecanismo provavelmente vem da formação de uma área de fibrose miocárdica, de zonas de necrose entremeadas com o miocárdio viável. Assim, o circuito de reentrada ocorre em volta da área de fibrose, utilizando o tecido miocárdio viável como condutor. Além disso, a função sistólico ventricular fica muito debilitada, com FE < 40%. O tempo médio de incidência pós-infarto é de 3 anos, mas pode ocorrer até 10 anos depois. Entretanto, caso ocorra nos 3 primeiros meses, o prognóstico é geralmente de arritmias mais instável e associadas a 40-50% de mortalidade nos próximos 2 anos, geralmente por morte cardíaca súbita. TVMS na Fase Aguda do IAM – é o tempo das primeiras 48 horas do infarto, tendo incidência de apenas 3% com FC > 170, o que ocasiona instabilidade hemodinâmica. Para ocorrer precisa de uma grande área isquêmica, o que torna propenso a reentrada no miocárdio ventricular. Funciona como marcador de “mortalidade intra- hospitalar”, por precipitar a extensão do infarto, porem não aumenta a mortalidade tarde pós- hospitalar. TVMS nas Cardiomiopatias e Valvopatias – essas taquiarritmias ventriculares são encontradas com frequência nas patologias com sobrecarga ventricular, como valvopatia aórtica, mitral ou pulmonar. TVMS Ramo a Ramo – tipo incomum de pctes com cardiomiopatia dilatada, porém totalmente curável, em que os ramos E e D podem sofrer alentecimento da condução (predispõe reentrada), onde o estimulo sobe pelo esquerdo, atinge o feixe de His e desce pelo ramo direito fechando o circuito ou vice-versa. TVMS Idiopática Benigna – acontece mais em adultos jovens sem cardiopatia estrutural, manifestado na forma de palpitações, pré-sincope ou sincope: TV do Trato de saída do VD – caracterizada por QRS de padrão BRE-símile e um eixo desviado pra direita. TV fascicular – característica de padrão BRD- símile e eixo desviado pra esquerda. Sinais e Sintomas: dependem da frequência da taquicardia e da função ventricular e coronária prévia. Assim, quanto maior a FC e pior a função miocárdica e coronária, mais grave serão as consequências clinicas, tendo repercussão hemodinâmica. TVMS com FC > 170 bpm se manifesta com instabilidade, síncope, pré-sincope, hipotensão sintomática, agina de peito ou dispneia por congestão pulmonar. Numa mesma FC, a TV traz consequências hemodinâmicas piores que a TSV, pois ocorre perda da associação AV, onde os ventrículos não contam mais com a contração atrial para se encherem. Além disso, caso a TVMS seja muito rápida, pode ocorrer fibrilação ventricular, onde ocorre morte súbita. Tratamento: ocorre por meio da reversão cardíaca para o ritmo sinusal, junto da prevenção de novos episódios, visando impedir morte cardíaca súbita. Terapia Aguda – feita nos pctes com instabilidade, realizada por cardioversão elétrica sincronizada iniciada com 100J e algum antiarrítmico (miodarona, procainamida, solatol ou lidocaína). Caso a TVMS não seja instável, a cardioversão elétrica não é necessária, podendo ser feita reversão da taquiarrtimica de forma farmacológica com antiarrítmicos. Exceção é a taquicardia ventricular idiopática benigna. Na TV do trato de saída do VD é usado verapamil e BB. Já na TV fascicular, usa-se verapamil sozinho. Terapia Crônica – feita após reversão da taquicardia pro ritmo sinusal, que visa impedir novos episódios, evitando morte súbita. É divido em 4 tipos, dependendo do paciente. - Portadores de cardiopatia estrutural, com instabilidade ou FE < 40% (maior risco de morte súbita): se faz a instalação de um cardiodesfibrilador implantação via percutânea no VD. E para evitar choques desnecessários, usa-se junto antiarrítmicos do grupo III (amiodarona e sotalol). - Portadores de cardiopatia estrutural, sem instabilidade e FE > 40%: tratados com antiarrítmicos normais (amiodarona e sotalol). - TVMS Ramo a Ramo: é refrataria a terapia antiarrítmica, porem facilmente curada por radiofrequência do ramo direito. - TVMS Idiopática Benigna: tentar profilaxia com BB ou verapamil, porem a cura é feita por meio da ablação por radiofrequência do foco primário. Estudo Eletrofisiológico (EEF) – exame útil na TVMS quando há duvidas em relação á repercussão hemodinâmica e ao tipo de taquicardia. Realizado com introdução de três cateteres pela veia femoral, cujas extremidades são colocadas no AD, no feixe de His e no ventrículo direito. Assim, da pra provocar artificialmente uma taquicardia ventricular. Pode avaliar resposta terapêutica aos antiarrítmicos, e a droga é considerada eficaz quando, após seu uso, uma TVMS instável não pode mais ser introduzida. »TAQUICARDIAVENTRICULAR POLIMÓRFICA SUSTENTADA: identificada com FC geralmente > 200 bpm, QRS alargado > 120ms e com morfologia anormal, e morfologia do QRS variando significamente em cada derivação. Pode ser classificada de acordo com o intervalo QT antes do surgimento da taquicardia, ou seja, durante o ritmo sinusal: TV Polimórfica com intervalo QT normal – taquicardia com um QT normal, mesmo que possua morfologia semelhante a uma “torção de pontas”, e por ser assim, possui mecanismo e etiologia diferentes. Quase sempre decorre de uma isquemia miocárdica aguda grave, ocorrendo reentrada. A isquemia causa alteração na repolarização dos miocitos, encurtando o seu período refratário e predispondo o surgimento de focos de reentrada funcional, que pode facilmente se tornar uma fibrilação. Vista em 2% dos pctes que estão em fase aguda do IAM. Tratamento da TV polimórfica isquêmica: reversão imediata para ritmo sinusal por desfibrilação elétrica não sincronizada caso não tenha pulso. Depois deve- se evitar a recidiva utilizando amiodarona. É obrigatório realização de uma coronariografia junto com investigação de espasmo coronariano, pois a maioria dos pctes possui placas instáveis. TV Polimórfica com intervalo QT longo (“torsades des pointes”) – para definir um QT longo é necessário que o intervalo QT seja corrigido pela FC, utilizando a fórmula de Bazett, tendo que estar acima de 0,45s (maior que 11 quadradinhos). O mecanismo eletrofisiológico é subdividido em mecanismos que aumentam o QT e em mecanismos que causam a TV polimórfica torsades des pointes. O intervalo QT do ECG representa o período refratário dos miócitos ventriculares, desde a despolarização até o momento de recuperação da excitabilidade. Sendo assim, o aumento do intervalo QT representa um aumento do tempo em que os miócitos estão despolarizados, com canais de potássio inibidos (fechados) ou canais de sódio ou cálcio abertos por um tempo maior. Essa alteração de tempo de despolarização pode ocorrer por Síndrome do QT longo congênita ou Síndrome do QT longo adquirida (uso de medicamentos antiarrítmicos). A amiodarona raramente causa isso, pois te propriedades protetoras. Esse aumento do QT predispõe a ocorrência de TV de Torsades des Pointes, pois quando os miocitos ventriculares ficam despolarizados por mais tempo, ocorre o surgimento de “pequenos picos transitórios de despolarização”, que são chamados de pós- potenciais precoces sódio-dependentes, que podem produzir potencial de ação que se propaga pelo ventrículo (extrassístole). Diagnóstico: só é possível quando é feito o cálculo do QTc durante ritmo sinusal, independente da morfologia sugestiva. Em casos de ondas T modificadas (largas, amplas, negativas ou bifásicas), história de uso de drogas que alterem o QT, presença de surdez e histórico familiar positivo para QT longo, são sugestivos para síndrome de QT longo. Tratamento: em pctes com instabilidade, tratar urgentemente com desfribilação elétrica não sincronizada com 200J iniciais. Após reversão, realizar reposição de sulfato de magnésio, mesmo na ausência de hipomagnesemia. Pode ser usado também antiarritmos do grupo IB (lidocaína ou fenitoína), os quais reduzem o intervalo QT. Na síndrome congênita, deve-se incluir o uso de BB pra reduzir os efeitos adrenérgicos sobre os miocitos. TAQUIARRITMIA VENTRICULAR BIDIRECIONAL: critérios no ECG incluem FC entre 100-130 bpm, QRS alargado > 120ms e aberrante, dois QRS aberrantes diferentes que se alternam entre si tendo eixos opostos (um positivo e um negativo), com RR regular. É uma forma rara estando associada a intoxicação digitálica e comum nos pctes hipocalemicos. O mecanismo depende de pós-potenciais tardios cálcio-dependentes, que geram atividade deflagrada sustentada, causando taquiarritmia automática. Tratamento consiste em suspender digitálico, junto da reposição de K e administração de antiarrítmico do grupo IB (lidocaína ou fenitoína). TAQUIARRITMIA VENTRICULAR NÃO SUSTENTADA: definida pela presença dos critérios de taquicardia ventricular (monomórfica ou polimórfica) que dura menos de 30s e não cursam com instabilidade hemodinâmica, sendo subdividida em dois tipos conforme o ECG. Taquiarritmia Ventricular Não Sustentada Sem cardiopatia Estrutural: presente em 4% dos pctes que realizam teste de Holter. A ocorrência de TVNS não aumenta a incidência de eventos cv ou morte futura, então, em pctes que não possuem historia de cardiopatia e possuem o TVNS no ECG-Holter, deve-se investigar cardiopatia estrutural através do eco e testes pra doença isquêmica. Se negativo, nada deve ser feito se for assintomática. Em casos sintomáticos, usar BB, e em casos refratários, usar amiodarona ou terapia ablativa. Taquiarritmia Ventricular Não Sustentada com Cardiopatia Estrutural: enquadram-se as entidades como coronariopatias, cardiomiopatia dilatada ou hipertrófica, e valvopatia. Caso seja encontrado uma TVNS em pctes com uma dessas patologias, deve-se tratar com urgência, pois isso aumenta o risco de eventos cv e morte futura. Geralmente essa taquicardia ocorre nas primeiras 48h do IAM, sendo associada diretamente ao evento isquêmico agudo, não alterando o prognóstico tardio desse paciente. Porém, se a TVNS ocorrer após 48h, ocorre um aumento considerável de morte cardíaca súbita, principalmente se a fração de ejeção for menor que 40%. Já na cardiomiopatia dilatada e valvopatias, a TVNS é um marcador de mau prognóstico do paciente, porém não é um fator de risco independente para morte cardíaca súbita. Avaliação e Tratamento: pctes com menos de 40% de FE devem ser estratificados com ECG de alta resolução. Caso positivo (presença de potencial tardio), deve ser feito um estudo eletrofisiológico para tentar induzir uma TV sustentada com extrassístole (3 sucessivos). Caso seja possível, deve ser implantando um cardiodesfibrilador implantável associado com antiarrítmicos do grupo III (amiodarona e sotalol). Nos demais pctes, usar terapia antiarrítmica com BB, que reduz risco de morte súbita. Caso sintomático, recomenda-se uso de outros antiarrítmicos (menos os do grupo IC e a morizicina). »TAQUIARRITMIA DE BIGEMINISMO E TRIGEMINISMO VENTRICULAR: são consideradas extrassístoles complexas, sendo que o bigeminismo é definido como presença de uma extrassístole a cada batimento sinusal, e o trigeminismo é a presença de uma extrassístole ventricular a cada dois batimentos sinusais. Essas ESV ocorrem em pctes com cardiopatia estrutural, sendo fator de risco independente pra morte cardíaca súbita. O tratamento usa BB que possuem capacidade de reduzir o numero de ESV, em especial em pctes pós IAM. Outros antiarrítmicos so devem ser usados se as ESV forem sintomáticas, e usa-se nesse caso a amiodarona. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E FV A PCR é a maior emergência existente, causando falência circulatória e respiratória do pcte, e pode levar a óbito em poucos minutos. Em definição, é a ausência de atividade mecânica cardíaca efetiva, confirmada por ausência de pulso junto com a falha mecânica ventilatória. EPIDEMIOLOGIA: atinge cerca de 50-100 a cada 100 mil habitantes. ETIOLOGIA: em ambiente fora do hospital a causa mais comum é síndrome coronariana aguda, que gera arritmias graves de origem ventricular que cursam com fibrilação ventricular. Já dentro do hospital, a PCR é geralmente uma evolução de algum quadro metabólico e grave, como uma sepse. RITMO DE PARADA – FIBRILAÇÃO VENTRICULAR: existem outros ritmos, mas o mais importante é a fibrilação ventricular, que por incrível que pareça, não é sinônimo de morte súbita, mas apresenta um grande risco. Pode ter varias origens, como isquemia miocárdica que leva a distúrbiosde ritmo e contração, ou um distúrbio de condução por doença de chagas, por exemplo. A fibrilação resulta de múltiplos focos de reentrada que possuem tempos diferentes, resultando em contrações sem ordem e sem efetividade, sendo representada no ECG por um traçado completamente anárquico, sem padrão nenhum. A primeira causa de óbito em um infarto agudo do miocárdio é a fibrilação ventricular, que ocorre por conta da área isquêmica formada. Bloqueio Atrioventricular »BLOQUEIOS AV “BENIGNOS”: pode ser causada por vagotonia e drogas inotrópicas negativas. A lentidão da condução AV por estas drogas é chamada de dromotropismo negativo, ou seja, drogas cronotrópicas negativas (agem no NSA) também costumam ser dromotrópicas negativas. A junção AV tem dois componentes: o NAV propriamente dito e o feixe de His. Como regra geral, os bloqueios benignos ocorrem no NAV propriamente dito, enquanto os bloqueios malignos se dão no feixe de His ou nos ramos D ou E. O NAV recebe ampla inervação vagal, mas o feixe de His não. Por isso, os bloqueios proximais ou Supra- Hissianos são de bom prognostico e respondem bem a atropina (droga vagolítica), enquanto os bloqueios distais ou infra/intra-hissianos são de mau prognostico e não respondem á atropina, podendo ate piorar. ECG consegue sugerir se o bloqueio é supra, infra ou intra-hissiano: QRS = se for estreito com mesmo padrão do QRS sinusal, o bloqueio só pode ser supra- hissiano ou intra-hissiano, pois a ativação ventricular é pelo sistema His-Purkinje. Se o QRS for alargado e aberrante (padrão bloqueio de ramo), o bloqueio deve ser infra- hissiano. Grau e tipo do bloqueio = os benignos são BAV de 1-2 grau, podendo ser vistos durante o sono (vagotonia) e nas crises vagotônicas (sincope vasovagal). Concluindo, eles geralmente são supra-hissianos. Bloqueio AV de 1º: é o alentecimento da condução AV. O intervalo PR fica aumentado aqui > 200ms (ou 0,2s), que são 5 mm. Pode ser supra, intra ou infra-hissiano. Se QRS estreito (85% dos casos) é supra-Hissiano. Geralmente não provoca sintomas, a não ser que PR esteja extremamente longo, a ponto de a onda P ficar mais proxima do QRS precedente do que o seu próprio QRS. Bloqueio de 2º Grau Mobitz I: encontramos no ECG algumas onda P sem QRS (onda P bloqueada). Na ausência do ritmo sinusal, o intervalo RR costuma se manter por todo traçado. Pode ser 2:1, 3:2, 4:3, 5:4 e etc. Porém, não pode ser 3:1 (BAV avançado). É fundamental saber qual o tipo de BAV de 2º: Nesse tipo, o intervalo PR vai aumentando progressivamente até chegar á onda P bloqueada (fenômeno de Wenckebach), e isso causa um RR progressivamente menor até o bloqueio. A medida do espaço entre a onda R antes da P bloqueada e a onda R após a onda P bloqueada é menor que o dobro da intervalo RR precedente. Quase sempre supra-hissiano, e quando sintomático e transitório, deve ser tratado com atropina. Só está indicado MP se a bradiarritmia for retraria ou se o EEF ou ergometria provar que o bloqueio é intra ou infra- hissiano. Uma condição associada aos BAV de 1º-2º é a fase aguda do IAM de parede inferior. São decorrentes da vagotonia das primeiras 6 horas (reflexo de Bezold- Jarisch) e/ou da isquemia do nódulo AV. Pode evoluir pra BAVT mesmo sendo benigno, costumando ser transitório e piora o prognostico. »BLOQUEIOS AV “MALIGNOS”: são todos os bloqueios AV intra ou infra-hissianos, geralmente causados por doença fibrodegenerativa senil, IAM ou patologias infiltrativas, infecciosas ou parasitárias. Geralmente sintomáticos com sincope, pré-sincope, cansaço, dispneia) irreversíveis e com risco de morte cardíaca súbita. Não respondem a atropina, pois não há inervação vagal no feixe de His e nos ramos, e eventualmente podem até piorar. Tem QRS alargado e aberrante, indicando infra- hissiana, ou seja, bloqueia está nos ramos, assim a ativação ventricular se faz com padrão de bloqueio de ramo. Os de localização intra-hissiano tem QRS estreito. BAV de 2º Grau Mobitz II: sem o fenômeno de Wenckebach, ou seja, sem aumento progressivo de PR antes da onda P bloqueada. O bloqueio é do tipo “tudo ou nada”. Tem com frequência o QRS alargado, indicando localização infra-Hissiana. Quando estreito, indica intra. Pode-se confundir com BAV Mobitz I. BAV de 2º grau 2:1 (benigno ou maligno): a cada duas ondas P temos um QRS e não tem como saber se tem ou não o fenômeno de Wenckebach. Um BAV 2:1 com QRS estreito, associado à BAV de 1o grau (aumento do PR) é, normalmente, supra- Hissiano (“benigno”), não necessitando de marca- passo. Como a condução atrioventricular (medida pelo PR) é determinada principalmente pela porção proximal do nódulo AV, um importante bloqueio na região supra-Hissiana costuma alargar o PR. Um BAV 2:1 com QRS alargado, sem BAV 1o grau associado é, geralmente, infra-Hissiano (“maligno”), necessitando de marca-passo, pois pode se converter num BAV mais avançado. Os bloqueios supra-Hissianos, como são vagotônicos, são corrigidos prontamente durante o exercício e após infusão de atropina. BAV Avançado: definido pela presença de mais de uma onda P bloqueada seguida. É observado reações 3:1 e 4:1 e etc. Sempre é intra ou infra-hissiano, indicando mau prognostico. BAV Total (3º grau): condução AV totalmente perdida. O ritmo sinusal continua comandado pelo nódulo sinusal (ondas P) enquanto ventrículos passam a ser comandados por um ritmo de escape distal ao bloqueio. Pode ser supra-Hissiano (proximal), intra ou infra- Hissiano (distal). Nos bloqueios proximais, o ritmo de escape tem QRS estreito e uma frequência maior, geralmente acima de 40 bpm. Nos bloqueios distais (de pior prognóstico), o QRS é alargado (tipo bloqueio de ramo) e a frequência costuma ser abaixo de 40 bpm. ETIOLOGIAS: Doença de Lenégre: causa mais comum dos bloqueios intra ou infra, sendo fibrodegenerativa da junção AV e dos ramos. A maioria dos pctes é > 65 anos. IAM: segunda causa mais importante, sendo da parede inferior, associado tanto a bradiarritmias por vagotonia quanto por isquemia e/ou necrose. Doenças do Endocárdio e Miocardio: patologias infiltrativas, inflamatórias, infecciosas ou parasitarias (chagas). BAVT Congênito: pode ser idiopático ou relacionado ao lúpus neonatal. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E PROGNÓSTICO: costumam ser sintomáticos e se apresentam com pre- sincope, sincope e sinais de IC. O EF tem pulso venoso com ondas A em canhao. Podem estar ligados á morte cardíaca súbita, ocorrendo assistolia ou por fibrilação ventricular. TRATAMENTO: indica implante de MP.
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