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A Troca na Antropologia: Malinowski e Mauss

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TEMA :
O tema da “troca” nos primeiros trabalhos antropológicos
Neste artigo, irei utilizar dois antropólogos que tratam o tema da “troca” por visões diferentes. Falarei sobre Malinowsk, com a questão do Kula e sobre Mauss com a questão sobre a dádiva.
Malinowski contou sua experiência entre os indígenas das Ilhas Trobriand e nos falou sobre Kula, um costume entre tribos, que determina a vida geral da aldeia e seus hábitos. Este trabalho ajuda a romper com os padrões que existiam anteriormente na etnografia e propõe outros métodos de estudo do "outro". Malinowski entende a sociedade como um único organismo, no qual cada instituição social tem sua função. Ele questiona o status ideológico da antropologia, inova os métodos de coleta de dados neste campo e produz novos elementos e novos fatores que são de grande importância para a etnologia. Em "Os Argonautas do Pacífico Ocidental", ele usa todos os seus recursos metodológicos para analisar Kula. Kula pode ser considerado um sistema de troca que transcende o nível econômico e implica em diversos objetivos, inclusive questões simbólicas, envolvendo múltiplas áreas da vida social, não apenas a econômica e não depende da ocorrência de uma única variável. Depois de aprender mais sobre o Kula, Malinowski percebeu que os moradores locais separavam as pequenas expedições das grandes. O menor chama-se Kulawala e o maior chama-se Uvalaku. A grande expedição Kula é competitiva e a proporção é muito maior. A diferença entre o Uvalaku e o Kula comum é que todas as expedições participaram da cerimônia, todas as canoas devem ser novas ou reformadas e pintadas e a característica mais importante é aceitar presentes em vez de dar presentes. Malinowski mostrou uma série de detalhes entre a magia das viagens marítimas, tabus, as crenças e os encantamentos em torno da expedição Kula.
O autor diz: “O kula é uma forma de troca e tem caráter intertribal bastante amplo; é praticado por comunidades localizadas num extenso círculo de ilhas que formam um circuito fechado” (MALINOWSKI, 1977, p 71.).
Seu trabalho ajuda a reduzir o passado e a percepção equivocada de seu tempo de que os moradores não têm leis e se comportam como selvagens. O autor pretende mostrar que Kula é um mecanismo que tem significado para esta cultura, assim como existem muitas outras culturas na cultura ocidental, devemos examinar cuidadosamente nossos grupos, classificações e perspectivas quando mudamos nossos olhos para outras culturas.
Já Mauss, vai tratar sobre a dádiva. Para Mauss a dádiva não é apenas a troca de bens materiais, mas também uma ferramenta para produzir casamento, religião, economia, diplomacia e alianças políticas. Esta é uma troca, geralmente uma troca espiritual, como se o destinatário tivesse recebido algo que ele deu. Segundo Mauss, a dádiva é uma forma de comunicar a ligação entre duas pessoas, seja individual ou coletiva. Porque depois de receber algo, há um sentimento de obrigação de devolver a mesma dádiva de valor igual ou superior. Mauss acredita que o tributo também é uma espécie de dádiva. Essas trocas são voluntárias, mas como os humanos vivem em um ambiente social e aprenderam seus valores desde a infância, eles acabarão involuntariamente sentindo a obrigação de devolver os donativos. Apresentou diferentes exemplos de rituais de troca que existiam na Polinésia, Melanésia e tribos no noroeste dos Estados Unidos. A Polinésia despertará grande interesse para Mauss, especialmente o conceito de mana, que também existe na Melanésia. Esta revisão se concentra principalmente no campo de estudo do trecho. O conceito de mana é particularmente importante, pois para as tribos estudadas, mana é como uma espécie de "mágica" envolvendo objetos. Cada objeto tem um espírito associado a ele, o que lhe confere uma espécie de autoridade, porque mana conecta o doador com o receptor. Pode parecer difícil explicar ou compreender esse conceito nas chamadas sociedades "ocidentais", mas a maneira mais fácil de explicar o poder mágico pode ser associá-lo a certos objetos reverenciados por diferentes religiões. Por exemplo, dentro da Igreja Católica, se um objeto é "abençoado" pelo Papa Regente, ele tem características espirituais, como uma conexão direta com Deus. Se o mesmo objeto for fornecido a alguém, o doador e o receptor serão conectados. Quem recebeu o mesmo objeto detém agora a ligação com Deus, obtendo assim, um sentido de autoridade. Na Melanésia os sistemas de troca são de carácter nobre. Estas trocas são, principalmente de carácter espiritual.
Comparando e destrinchando um pouco as diferenças do métodos de Mauss e Malinowski, podemos perceber que diferentemente de Malinowski que dedica sua vida a pesquisas de campo, em contato direto com os povos estudados em sua etnografia, Mauss vai utilizar-se do objeto de pesquisa de outros autores para direcionar os seus estudos, ou seja, Mauss não pratica trabalho de campo e nem tem convivência com os povos estudados por ele, ainda utiliza, assim como os evolucionista, o método comparativo para entender esses povos que ele sequer teve contato.
REFERÊNCIAS:
· MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do pacífico ocidental: Um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné Melanésia. São Paulo: Abril Cultural, 19 76.
· MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac e Naify, 2003

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