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Critica ao Evolucionismo Cultural

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TEMA :
Críticas ao Evolucionismo Cultural
Em primeiro momento, devemos contextualizar o que é o Evolucionismo Cultural e em que os autores evolucionistas acreditavam, Morgan por exemplo determinou que as condições básicas analisadas em cada estágio da humanidade, são por um lado, as invenções e descobertas e, por outro lado, o surgimento das primeiras instituições. Dessa forma, constatam-se alguns fatos que marcavam a gradual formação e desenvolvimento de certas paixões, ideias e aspirações, comuns aos humanos em cada estágio: A subsistência; O governo; A linguagem; A família; A religião; A arquitetura; A Propriedade. Cada um desses fatos e seu desenvolvimento caracterizarão a formação do período de uma nação e a distinguirão de outros períodos. De um modo geral, Morgan designou as três principais raças da humanidade a Selvageria, a Barbárie e a Civilização. É assim que Morgan entende o significado da evolução humana. Em cada uma dessas etapas, a invenção passou por um processo de adaptação gradual. É compreensível que os civilizados tenham armas mais avançadas, necessitem de equipamentos técnicos mais avançados e de sistemas mais completos, que são os padrões de referência para as pessoas julgarem na era anterior a esse status. Mas os índios ou os povos indígenas são incultos? Eles não seguem as regras, eles também falam um idioma? Essa crítica pode ser feita porque a chamada civilização tornou-se seu próprio juiz, o que nos leva ao que conhecemos na história como etnocentrismo, ou seja, tomar a nação como centro e julgar os outros em seus próprios termos. Para o Evolucionismo toda a humanidade se explicaria com a ocorrência de elementos semelhantes em diversos lugares do mundo. A comparação desses elementos era chamada de método comparativo e permitia esclarecer esse caminho único da humanidade, mas também o tempo que cada sociedade vive. Já para Boas, antes de assumir que fenômenos semelhantes podem ser atribuídos à mesma causa, o que não foi provado de forma alguma, é necessário perguntar se eles não se desenvolverão independentemente para cada situação, ou se não, de uma pessoa para outra. Ao contrário dos métodos dedutivos dos evolucionistas, Boas defendeu a indução empírica e evitou fenômenos vinculados a "restrições teóricas". Ao contrário do método de comparação, o novo "método histórico" exige que a comparação seja limitada a uma área limitada claramente definida. Portanto, o pré-requisito para estabelecer generalizações teóricas e explorar leis universais é estudar culturas individuais e regiões culturais designadas. Ele criticou o determinismo geográfico e apontou que o meio ambiente tem influência limitada na cultura humana, a enorme diversidade cultural existente entre as pessoas que vivem nas mesmas condições geográficas fortaleceu seu argumento. Boas teceu críticas à teoria da evolução de Lewis Henry Morgan e Edward Burnett Taylor. Ele enfatizou que o conceito de cultura é um fator explicativo para a diversidade humana. Percepção da relatividade das formas culturais da vida humana. O conceito de cultura de Boas é baseado no relativismo metodológico, baseado no reconhecimento de que cada um vê o mundo da perspectiva da cultura em que cresceu - “Estamos amarrados aos grilhões da tradição”. Os antropólogos devem sempre relativizar suas ideias, o que resulta do status acidental da civilização ocidental e de seus valores. 
 
 As ideias não existem de forma idêntica por toda parte: elas variam. Tem-se acumulado material suficiente para mostrar que as causas dessas variações são tanto externas, isto é, baseadas no ambiente (…), quanto internas, isto é, fundadas sobre condições psicológicas. A influência dos fatores externos e internos corporifica um grupo de leis que governa o desenvolvimento da cultura. (BOAS, 2009, p. 27)
Para Boas, “quando se compara fenômenos culturais similares de várias partes do mundo, a fim de descobrir a história uniforme de seu desenvolvimento, a pesquisa antropológica supõe que o mesmo fenômeno etnológico tenha-se desenvolvido em todos os lugares da mesma maneira.” (BOAS, 2009, p .30).
 O autor criticou este método de comparação e disse: “Até o exame mais superficial mostra que os mesmos fenômenos podem se desenvolver por uma multiplicidade de caminhos.” (BOAS, 2009, p. 30).
A crítica do autor é baseada na organização do totem social, na arte primitiva e no uso de máscaras como exemplos de características comuns de diferentes nações, mas não se originam dos mesmos fatores. Para Boas, o mesmo fenômeno étnico pode se desenvolver a partir de fontes diferentes. Descobrir o processo de desenvolvimento de certas etapas culturais é um dos principais objetivos da pesquisa antropológica no conceito de Boas. O autor termina evidenciando que o método comparativo somente atingirá seus objetivos quando basear suas investigações nos resultados históricos de pesquisas dedicadas a esclarecer as complexas relações de cada cultura individual. Boas afirma que o método de pesquisa não terá resultados significativos enquanto não renunciar ao propósito de construir uma história sistemática uniforme da evolução da cultura e enquanto não começar a fazer as comparações sobre bases mais amplas e sólidas, que ele se aventurou a esboçar.
REFERÊNCIAS: 
· BOAS, Franz. As limitações do método comparativo da antropologia. In: Antropologia cultural. Trad. Celso Castro – 5. Ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2009.
· CASTRO, Celso (org.). Evolucionismo Cultural: textos de Morgan, Taylor e Frazer. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. 59 p. Tradução: Maria Lucia de Oliveira.

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