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Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 1 →DAC crônica As doenças isquêmicas do coração são a principal causa de morte no mundo. A DAC crônica inclui pacientes com angina estável, com isquemia assintomática e com infarto do miocárdio prévio ou revascularização dos músculos. Angina estável: síndrome clinica caracterizada por dor ou desconforto torácico desencadeado por estresse ou emocional e que decorre do desbalanço ente a oferta e o consumo de miocárdico de oxigênio. “Sinal de Levine”. Fisiopatologia: Geralmente causada por obstrução de uma ou mais artérias coronárias por placas de ateromatose. Ocorre um estresse na parede do endotélio por múltiplos fatores (hipertensão, hiperlipidemia, tabagismo, hemodinâmicos, toxinas, viroses imunes). Essa lesão endotelial perpetuando no endotélio faz com que o endotélio seja mais permeável a células (leucócitos, monócitos), posteriormente tem ativação de macrófagos e recrutamento de células do músculo liso. Com o tempo os macrófagos tentam fagocitar as células que ali estão, levando a fibrose, deposição de células espumosas, que virarão um material necrótico, que é inflamatório. Essa placa normalmente tem uma capa fibrótica (que pode ser mais espessa ou menos espessa), as mais finas têm mais chances de se romper (mais chances de levar a um evento coronariano agudo). As placas de gordura de capsula mais fina – mais risco de rompimento e exposição de conteúdo trombótico/inflamatório – que pode acarretar numa SCA. Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 2 DESBALANÇO ENTRE OFERTA E DEMANDA: Normal: Em repouso: artéria com diâmetro normal; FC cardíaca basal, sem necessidade de aumentar a demanda. Mantém débito e perfusão. Situação de estresse: Aumento da demanda, necessita de manutenção da perfusão – ocorre vasodilatação - autorregulação das coronárias para aumentar o fluxo (a coronária é capaz de aumentar o seu fluxo em até 5x) – reserva de fluxo coronariano. Com placa de ateroma: Em repouso ainda é possível manter oferta adequada a demanda do miocárdio. No entanto, como esse lumen é menor, a artéria já é dilatada ao longo do tempo para tentar manter a perfusão. No exercício físico, não consegue mais fazer vasodilatação, não aumentando o fluxo para atender a demanda do miocárdio, ocorrendo esse desbalanço entre oferta e demanda. Outras patologias não ateroscleróticas podem levar a isquemia miocárdica: APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Variável – desde pacientes com dor torácica, pacientes assintomáticos ou com sintomas atípicos (equivalentes isquêmicos – principalmente diabéticos, idosos, mulheres essa angina nem sempre se apresenta com a clássica dor precordial). A dor anginosa é descrita como desconforto torácico, que pode irradiar para a região epigástrica, cervical, mandíbula ou membros superiores. Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 3 Na caracterização da dor anginosa: três fatores são relevantes: → Características da dor: retroesternal, em aperto ou queimação. → Fatores agravantes: esforço físico ou emoções. → Fatores atenuantes: repouso ou uso de nitratos. →Típica – definitivamente anginosa – é a dor que preenche 3 das características (TIPO A). →Atípica – provavelmente anginosa – é a dor que preenche 2 critérios (TIPO B). →Provavelmente não anginosa – preenche um critério (TIPO C). →Não anginosa – não há nenhum dos critérios (definitivamente não anginosa (TIPO D)). Diagnósticos diferenciais: *Diferença de palpação dos pulsos de diferentes membros – sugestivo de dissecção → Investigação diagnóstica Exames complementares a depender de: Características da dor, idade, sexo, fatores de risco (HAS, DM, tabagismo, hipercolesterolemia, alterações do ECG). Exames laboratoriais: Investigar fatores de risco e comorbidades: avaliar risco do paciente desenvolver desfechos coronarianos. →Lipidograma, glicemia em jejum, creatina (estimativa da filtração glomerular), HB/HT e plaquetas, função tireoidiana. →Dosagem de lipoproteína (a) está indicada em casos selecionados de pacientes com DAC precoce, HF + para DAC precoce e eventos recorrentes apesar do tratamento. Isso porque essa lipoproteína tem maior afinidade pela Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 4 reação inflamatório, penetrando com maior facilidade entre o endotélio e íntima, sendo responsável pela formação da placa. Troponina Ultrassensível e NT-pró-BNP podem ser detectados e associam-se a maior risco de eventos (não diagnosticam a DAC crônica, mas tem relação com eventos em curto prazo). RX de Tórax: Indicado para auxiliar no diagnóstico diferencial com outras patologias. Indicado em pacientes com DAC e sinais e sintomas de IC. Pacientes com sinais ou sintomas de doença pulmonar. ECG: Sem alterações em até 50% dos pacientes com angina típica (ECG não exclui DAC crônica). Achados: Onda Q patológica e perda de potencial – sinais de infarto antigo. Anormalidades da repolarização (achatamento da onda T, inversão de onta T). Sinais de sobrecarga de VE. Alterações específicas: alterações típicas do segmento ST e onda T que acompanham episódios de angina e desaparecem em seguida → alto valor preditivo. Onda Q patológica: pelo menos 40ms de duração e apresentar pelo menos 1/3 de amplitude do QRS, em 2 derivações contíguas: Onda T achatada e inversão de onda T: Onda T achatada. Onda T invertida, apiculada e simétrica. Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 5 PROBABILIDADE DE DAC PRÉ-TESTE ABORDAGEM DIAGNÓSTICA: TESTE NÃO INVASIVO: Exames que geram uma situação metabólica na qual é possível evidenciar a isquemia. Primeira coisa que se altera na isquemia: metabolismo anaeróbico. Diminuindo esse metabolismo, diminui o relaxamento, levando a disfunção diastólica. Se a isquemia vai se prolongando, cursa com disfunção sistólica (se contrai de forma vigorosa para poupar energia) – passa a ser perceptível no ECG e passa a não ter repolarização adequada (infradesnivelamento de ST). ECO ECG, CINTILO Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 6 →Teste ergométrico →Cintilografia miocárdica →Ecocardiograma de estresse →Tomografia de coronárias →Ressonância magnética cardíaca →TESTE ERGOMÉTRICO: Principais indicações: -Paciente com probabilidade pré-teste intermediária; -Suspeita de angina vasoespasástica; -Homens > 40 anos e mulheres > 50 anos e que iniciarão atividade física. -História familiar (HF+) de DAC precoce -Avaliação prognóstica em paciente com DAC conhecida. Contraindicações: -BRE (bloqueio de ramo esquerdo) ou ritmo marcapasso – lembrando que esse paciente com BRE já tem supra de ST, portanto não consegue avaliar alterações do segmento. -Infradesnivelamento de ST >/= 1mm no ECG basal. -Impossibilidade de realizar exercício. Suspensão de medicações: Objetivo: avaliação para diagnóstico da DAC: suspender medicações antianginosas (BB, nitrato) 5 dias antes do exame. Avaliação terapêutica prognóstica: deve manter medicações. FC cardíaca máxima = 220 - idade do paciente. Se atingir 85% da FCmáx = teste ergométrico eficaz (nesse estágio, se paciente tiver DAC, já pode gerar isquemia). Se não atingir pelo menos 85% TE ineficaz. Dor progressiva – critério de interrupção de exame. →CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA: É um método de avaliação indireta de reserva de fluxo coronário. Ao induzir aumento do fluxo coronário (por meio de estresse físico ou farmacológico), lesões obstrutivas graves irão limitar a captação do radiofármaco pelo miocárdio correspondente. Protocolo: Captação de imagens em repouso após infusão do radiofarmaco. Estresse físico oufaramacológico. Infusão do radiofármaco durante o estresse. Captação de imagens 60 a 90 minutos após. *Radiofármaco: Cestamibe – tem afinidade por mitocôndria – entra nas células que estão trabalhando para produzir energia. Naquelas células que não estão conseguindo produzir energia, Cestamibe não entra – gera diferença de imagem. *Estresse farmacológico: Dipiridamol – promove dilatação em artérias sem doença coronariana. Naquelas com doença DAC, não consegue promover a dilatação e aumentar o fluxo. Indicações: pacientes com PPT intermediaria a alta e ECG não interpretável ou que não conseguem fazer exercício; Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 7 Assintomáticos com TE+ ou duvidoso; Avaliação funcional em pacientes com DAC conhecida. Achados de alto risco para isquemia miocárdica: Alteração perfusional em repouso > 10%. FE < 35% durante o estresse. Queda da FE > 10% com o estresse. Aumento da captação pulmonar (se Cetamibe também tem afinidade para pulmão, significa que o pulmão está trabalhando mais, indicando uma IC durante estresse). Múltiplos defeitos perfusionais em territórios de diferentes coronárias. SSS (Summed Stress Score) > 12 Laranja – cestamibe. Em repouso todo miocárdio recebeu Cestamibe. No estresse, há falha de perfusão em parede inferior (cestamibe não conseguiu se fixar, indicando se essa região sofreu isquemia). Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 8 →ECOCARDIOGRAFIA DE ESTRESSE: Objetivo: identificar alterações de contratilidade induzida por isquemia miocárdica. Isquemia induzida por estresse físico ou farmacológico (Dobutamina). Indicações: Avaliação de dor torácica em pacientes que não podem fazer exercício físico. Avaliação de indivíduos com TE+ ou duvidoso. Determinação de viabilidade miocárdica. O teste é considerado positivo quando há hipocinesia ou acinesia em segmentos com contratilidade normal em repouso. Determinação de viabilidade miocárdica: melhora da contratilidade com baixas doses de dobutamina, seguida de piora da hipocinesia com infusão de altas doses. →TOMOGRAFIA DE CORONÁRIAS: Fornece informações anatômicas das coronárias. Fornece o Escore de Cálcio Coronário: correlaciona a carga total de aterosclerose. Indicações: Pacientes com testes prévios duvidosos/inconclusivos. Sintomas persistentes a despeito de testes de isquemia normais ou inconclusivos. Discordância entre a clínica e testes de isquemia. Escore de cálcio: grau de calcificação das coronárias (placas não calcificadas não são contabilizadas). Valor: 0 → baixa probabilidade de DAC e de eventos cardiovasculares no futuro. Valores < 100 ou < 75% do percentil para idade e raça: confirma a presença de DAC, com baixo risco de eventos cardiovasculares futuros. Valores > 100 ou > 75%: confirma a presença de DAC e maior risco de eventos cardiovasculares futuros. Valor > 400 maior probabilidade de isquemia e alto risco de eventos futuros. →RNM: Padrão ouro para avaliação da viabilidade miocárdica e também útil para avaliação de isquemia (acurácia compatível a cintilografia). Não necessita de controle de FC, não utiliza radiação e o gadolíneo não é nefrotóxico (porém uso cauteloso em pacientes com Cl < 30mL/min). Vem sendo cada vez mais empregada. Permite avaliar diversos parâmetros como: análise da função ventricular regional e global, identificação de isquemia miocárdica, caracterizada da necrose ou fibrose resultante do IAM ou da doença crônica e determinação da viabilidade miocárdica. Contraindicações da RNM: Portadores de MP não compatíveis Portadores de CDI não compatíveis Pacientes com clipes cerebrais Pacientes com implantes cocleares Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 9 ESTRATIFICAÇÃO INVASIVA: →CATETERISMO CARDÍACO: Determina a gravidade e localização das lesões → fatores prognósticos (doença triaterial, lesão de TCE (tronco de coronária) e porção proximal de DA têm pior prognóstico). Avalia se a anatomia é favorável e revascularização percutânea ou cirúrgica. Principais indicações para o CATE: Pacientes com anginas CCS > 3 refratária ao tratamento clínico. Achados de alto risco em algum dos testes anteriores. História de morte subida abortada (pós PCR revertida). Presença de arritmias ventriculares significativas. Pacientes com angina e evidência de IC. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: →BETA-BLOQUEADORES: Antianginosos de primeira linha: reduzem a angina causada pelo esforço, melhoram a capacidade de exercício e reduz os episódios anginosos. Agentes seletivos são preferíveis → Atenolol, Bisoprolol, Metoprolol e Nebivolol. Atingir FC entre 50 e 60 bpm. →BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO (BCC): Eficácia semelhante aos betabloqueadores no controle da angina. Os não di-hidropiridínicos (Verapamil e Diltiazem) reduzem a frequência cardíaca (não utilizar em associação aos BB). Já os di-hidropiridínicos (anlodipina, nifedipina, felodipina) são vasodilatadores arteriais e podem ser combinados aos betabloqueadores para diminuição da angina. São bem úteis no tto da angina vasoespástica. →NITRATOS: DE AÇÃO RÁPIDA: Dinitrato e Isossorbida SL para reverter os episódios agudos de angina ou ainda prevenir dor anginosa em atividades específicas. DE AÇÃO LONGA: Dinitrato de Isossorbida VO, Mononitrato de Isossorbida e Propatilnitrato induzem vasodilatação coronariana e venodilatação periférica, porém, a longo prazo, suspeita-se que possam levar a disfunção endotelial e ativar o SRAA (por isso são considerados antianginosos de 3ª linha). →TRIMETAZIDINA: Modulador metabólico que não altera FC e PA. Melhora a eficiência metabólica do miocárdio isquêmico, levando uma melhora no quadro clínico (diminuição da acidose causada pela redução do metabolismo). Principal indicação na angina refratária ao tratamento com antianginosos de primeira e segunda linhas. Contraindicada em pacientes com Parkinson ou Clearance de creatinina <30mL/min. Em Clearance entre 30- 60mL/min, usar metade da dose ao dia. →IVABRADINA: Age no nó sinusal inibindo as correntes IF e leva a redução da FC. Como age no nó sinusal, não é possível utilizá-la na FA. Não utilizar em pacientes que fazem uso de agentes não hidropiridínicos (Verapamil e Diltiazem). Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 10 Medicações que alteram sobrevida →INIBIDORES DA ECA: Efeito benéfico em reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com doença arterial coronariana estável (angina estável). Estudo HOPE: evidência consistentes com Ramipril. Estudo EUROPA: evidências consistentes com Perindopril. Ambos levaram a diminuição dos eventos cardiovasculares maiores. →ESTATINAS: Modificam a história natural da aterosclerose, reduzem inflamação, o tamanho da placa e o risco de ruptura da mesma. Em pacientes de muito alto risco, manter LDL < 50mg/dL – associar exetimiba se não atingir a meta (exetimiba se deposita na borda em escova do intestino e impede absorção de colesterol no intestino). →AAS: Prescrever em todos os pacientes com DAC estável. Na intolerância, usar Clopidogrel. A dupla antiagregação plaquetária não mostrou benefício na DAC estável. Também não existem evicências com Ticarelor e Prasugel nesses pacientes. Associação AAS e ACO: O estudo COMPASS mostrou que em pacientes com doença aterosclerótica, associar Rivaroxabana 2,5mg de 12/12h ao dia + 100mg de AAS levou a redução de eventos cardiovasculares e mortalidade às custas de sangramento maior, porém sem aumento de hemorragia intracraniana ou hemorragia fatal. Cardiologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Ana Paula Lebet 11 *Alopurinol inibe a xantinaoxidase (ultima linha de tto) e reduz EROS que no momento da isquemia. Setratamento ineficaz: SYNTAX SCORE: Avalia dificuldade e a chance de sucesso de ICTP (stent). Essa avaliação é feita através de critérios, como: localização da lesão no vaso, comprimento, calcificação, proximidade com bifurcação, oclusões crônicas. LESÃO DE TCE: Syntax até 32 – ATC e CRVM são similares. Syntax > 32 – CRVM é melhor. MULTIARTERIAL SEM LESÃO DE TRONCO: Syntax até 22 – ATC e CRVM são similares. Syntax > 22 – CRVM é melhor.
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