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T H A I S S A N T O S FUNDAMENTOS DE FISIOTERAPIA E ÉTICA PROFISSIONAL UNIDADE 3: REGULAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA » TÓPICO 1: REGULAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA » TÓPICO 2: CÓDIGO DE ÉTICA » TÓPICO 3: DEONTOLOGIA PROFISSIONAL » TÓPICO 4: ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL » TÓPICO 5: BIOÉTICA UNIDADE 3 TÓPICO 1 • Neste tópico falaremos sobre dois órgãos fundamentais para a organização da profissão de Fisioterapia que são os responsáveis por fiscalizar o exercício da profissão definida no Decreto-Lei nº 938, de 13 de outubro de 1969. • São eles: o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional — COFFITO — e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional — CREFITO. Ambos originados pela Lei nº 6.316 de 17 de setembro de 1975. • O COFFITO possui como objetivos principais relacionados às profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional: • Normatização. • Controle ético. • Controle científico. • Controle social. » REGULAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA UNIDADE 3 TÓPICO 1 De forma resumida, o COFFITO possui como competências: • Cumprimento de atos normativos relativos à Lei nº 6.316/1975. • Supervisão e fiscalização do exercício profissional da Fisioterapia e Terapia Ocupacional a nível de território nacional. • Função de Tribunal Superior de Ética nas demandas profissionais da Fisioterapia e Terapia Ocupacional. • Defesa dos interesses corporativos das profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. • Fomento à boa formação técnica e humanista das profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. » REGULAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA UNIDADE 3 TÓPICO 1 • Todas as ações desenvolvidas pelo COFFITO visam diretamente a valorização da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional, tanto pela sociedade quanto pelos seus pares da área de saúde. • Indiretamente, a partir do trabalho do COFFITO, a população pode receber uma prestação de serviços resolutivos e de excelência, interferindo positivamente na sua qualidade de vida. » REGULAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA UNIDADE 3 TÓPICO 1 • Os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITOS), possuem a mesma origem de criação que o COFFITO, ou seja, a Lei nº 6.316, de 17 de setembro de 1975 (GAVA, 2004). As competências dos Conselhos Regionais de acordo com a Lei nº 6.316/1975 são, de forma resumida: • Expedição da carteira de identidade profissional. • Fiscalização do exercício profissional das áreas de sua jurisdição. • Fiscalizar o cumprimento da Lei nº 6.316/1975 nas áreas de sua jurisdição; • Função de Tribunal Regional de Ética. • Estímulo à valorização das profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. • Conforme já visto neste livro, atualmente, existem dezoito CREFITOS, cobrindo e atuando em todas as regiões do país. » REGULAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA UNIDADE 3 TÓPICO 2 • O código de ética tem como objetivos principais: • nortear o exercício profissional da Fisioterapia no que diz respeito ao rigor ético, • assegurar os direitos dos profissionais, • nortear as ações fiscalizadoras e as ações punitivas. • Os códigos de ética profissionais, de maneira geral, representam um conjunto de normas que visam orientar aos seus respectivos profissionais e estudantes sobre questões de cunho obrigatório. • A construção de uma identidade profissional respeitosa tem lugar na valorização das profissões, pois, desta forma, os profissionais serão capazes de assumir um papel de relevância e de transformação na vida da sociedade. » CÓDIGO DE ÉTICA UNIDADE 3 TÓPICO 3 » DEONTOLOGIA PROFISSIONAL A palavra “deontologia” é originada das palavras gregas deón e déontos que significam dever e logos, e, que de forma resumida, significa estudo. • A deontologia surgiu da necessidade de controle das atividades profissionais, estabelecendo deveres e responsabilidades que devem ser exercidas pela classe profissional, determinada pela reflexão da ética profissional que impõe obrigações aos seus profissionais. • O caráter da deontologia é voltado para a valorização profissional, não devendo ser enxergada como arbitrária, mas representa a expressão máxima de um conjunto de valores pré- definidos pelas profissões. • A deontologia constitui uma fatia considerável do código de ética atual da Fisioterapia, tendo uma representação de aproximadamente 46% de seu texto. UNIDADE 3 Moral (do latim “mores”, costume): entende-se a moral positiva, isto é, o conjunto de normas e valores morais de fato aceitos por uma comunidade para regular as relações entre seus membros. É um conjunto de regras de convivência social (auto-obrigação + universalidade + incondicionalidade). • Ética (do Grego “ethos”, modo de ser, comportamento): entende-se o conjunto de valores e de normas racionalmente aceitos por comunidades com diferentes morais positivas, que lhes permitem uma convivência harmoniosa e pacífica, e que até pode ser cooperativa. É uma reflexão filosófica, puramente racional, sobre a moral » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Funções da Bioética • Função analítica da bioética: Teórica e crítica. Pode ser considerada a condição necessária de um ato ético. • Função normativa: Propriamente prática. Nem sempre é efetiva no sentido de oferecer soluções concretas para um conflito, pois as normas podem ser respeitadas ou não, e porque existem situações concretas de conflito (conhecidas como dilemas morais) que não podem ser resolvidas com os meios tradicionais da racionalidade normativa. • Nível protetor: Não é propriamente uma 3ª função e sim um nível básico. Surge devido às dificuldades de articulação entre as funções analítica e normativa » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Discurso bioético, propostos por Silva (2009) Modelo doutrinal Enfatiza verdades indiscutíveis, pois é um discurso de regras que provêm de autoridade superior, não passíveis de qualquer discussão ou deliberação. ᵒ Suas bases conceituais provêm da cultura judaico- cristã (Dogmas de Verdade). ᵒ É um modelo claramente unidirecional, assimétrico e heterônomo. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Discurso bioético, propostos por Silva (2009) Modelo liberal Provém do liberalismo, em que as pessoas são consideradas sujeitos morais, livres, autônomos e iguais. ᵒ O conceito de razão se concentra no sujeito isolado. ᵒ O Estado deve estar presente somente para proteger os interesses dos cidadãos. ᵒ O discurso liberal considera que não cabe debater valores, porque eles são sempre relativos. ᵒ Se limita a expor as diferentes posturas morais, mas sem valorizá-las » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Discurso bioético, propostos por Silva (2009) Modelo deliberativo (ou da comunidade de argumentação) Considera as verdades científicas sempre provisórias e a ciência um universo em permanente construção. ᵒ A Ciência jamais deve ser um território imóvel, e sim de desafio e audácia. ᵒ Se desloca do individual para o universal. ᵒ Procura aproximar pessoas com convicções, crenças e valores distintos. ᵒ Privilegia a relação comunicativa entre as partes envolvidas no processo de diálogo. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Discurso bioético, propostos por Silva (2009) Modelo hipercrítico • Vem do desconstrutivismo, ou seja, pratica uma filosofia mais crítica. • Considera ser muito controversa à ideia de que se construa uma sociedade conformada por acordos harmônicos entre os homens. • Coloca tudo em dúvida, inclusive os fundamentos racionalistas e humanistas. • Argumenta que somente a partir de posturas hipercríticas e de pequenas revoltas do pensar cotidiano podem ser alcançadas as mudanças necessárias para a sociedade. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Evolução Histórica • Primeiro estágio – Período Educacional ou Protobioética (1960- 1972): Predomina a linguagem dos valores humanos (objetiva infundir valores humanos na educação dos pesquisadores).Religião e a teologia têm papeis predominantes. • Segundo estágio – Bioética Filosófica (1972-1985): A Ética assume papel dominante na medida em que surgem dilemas complexos. Há um rápido desenvolvimento da pesquisa biológica. A linguagem utilizada é da Ética Filosófica. • Terceiro estágio – Bioética Global (1985 até o presente). A gama de problemas se amplia e obriga os bioeticistas a considerarem disciplinas para além de suas especialidades (direito, religião, antropologia, economia, política etc.). A Bioética, como ideia global, ganha força e caracteriza-se mais como um movimento do que como uma disciplina » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Bioética principialista A Bioética Principialista baseia-se num conjunto de princípios que não são excludentes entre si, e visam ao delineamento de um convívio humano que obedeça a um mínimo de regulamentações e atinja um máximo de preservação das crenças e dos valores individuais (DINIZ; GUILHEM, 2005). Três escândalos mobilizaram a opinião pública norte-americana: • 1932-1970 (Caso Tuskegee) – 400 negros com sífilis foram recrutados para participarem de uma pesquisa de história natural da doença e foram deixados sem tratamento. • 1963 – Injetaram células cancerosas em 22 idosos doentes, sem consentimento. • 1950-1970 – Injetaram o vírus da hepatite em crianças com deficiência mental. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Bioética principialista • Reação a estes escândalos: surge o Relatório Belmont, produzido pela Comissão Nacional para a Proteção de Sujeitos Humanos na Pesquisa Biomédica, criada em 1974 pelo Congresso dos EUA. • Surge então a Bioética Principialista anglo-saxônica (EUA): caracterizada pela justificação moral com base em princípios éticos e difundida internacionalmente. • Segundo Diniz e Guilem (2005), a Bioética principialista postula 3 princípios éticos: autonomia, beneficência e justiça, conhecidos como a Trindade Bioética. • Em 1979, Beauchamp e Childress (2013) na obra Princípios de Ética Biomédica, incorporam também o princípio da não- maleficência. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Princípios da Bioética Autonomia O princípio da autonomia é aquele que trata sobre o respeito ao indivíduo. Diz respeito à capacidade de considerar opções, fazer escolhas e agir sem nenhuma influência indesejada. Valoriza a liberdade do indivíduo, levando-se em consideração suas decisões, desde que: 1. seja capaz para tal; 2. essas decisões não ocasionem danos a terceiros “Pessoa autônoma é o indivíduo capaz de deliberar conscientemente após ter sido informado das consequências” » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Princípios da Bioética Beneficência Este princípio vem do latim bonum facere, que significa “fazer o bem”, no sentido de maximizar os benefícios e minimizar os possíveis riscos. Promover ações para prevenir e remover o mal (doença e/ou incapacidade) e ações para fazer o bem (busca da saúde física e mental). 1. A necessidade de se definir o que é o bem do paciente. 2. A relação existente entre este princípio com a autonomia. 3. As novas dimensões de justiça na área da saúde. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Princípios da Bioética Justiça O princípio da Justiça é aquele que prima pelas condutas virtuosas e garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio humanitária. Preocupa-se com o acesso igualitário de todas as pessoas aos serviços sanitários e com a distribuição equitativa de recursos econômicos limitados e escassos na área dos cuidados de saúde e quais critérios que se devem utilizar para solucionar, de maneira justa, estas questões. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Princípios da Bioética Não-maleficência O juramento hipocrático primum non nocere (antes de tudo, não causar danos). Orienta o indivíduo a não causar danos intencionais e encerra uma obrigação de não fazer. Garante que danos previsíveis sejam evitados, diferentemente das regras derivadas da beneficência, que nem sempre precisam ser obedecidas e não constituem, se não cumpridas, motivo de castigo. » ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL UNIDADE 3 Redbioética • Sua fundação foi durante o 6º Congresso Mundial de Bioética, que ocorreu em Brasília, no ano de 2002. • É composta por pesquisadores e intelectuais da Bioética das regiões latino-americanas e Caribe. • A Redbioética estabeleceu, como uma das principais metas, o aprofundamento e a adaptação conceitual da disciplina às raízes culturais de seus diferentes povos e países. • Segundo a Redbioética, o discurso da Bioética deve se submeter a critérios de racionalidade, razoabilidade, prudência e coerência. » BIOÉTICA UNIDADE 3 Redbioética » A Bioética passa a expandir seu campo de estudo e ação, que são: • O tema dos direitos humanos e da cidadania. • A questão da priorização na alocação de recursos sanitários escassos. • A preservação da biodiversidade. • A finitude dos recursos naturais do planeta. • O equilíbrio do ecossistema. • Os alimentos transgênicos. • O racismo e outras formas de discriminação » BIOÉTICA UNIDADE 3 Redbioética Como um dos traços característicos da América Latina é a desigualdade, toda ética terá de se inspirar em dois postulados sobre os quais não se pode transigir: a busca da justiça e o exercício da proteção. • Objetivos da Redbioética Criar um novo instrumento de intercâmbio interdisciplinar para as questões da Bioética na América Latina e no Caribe, comprometido com a realidade socioeconômica e cultural e com as necessidades fundamentais dos países e povos da região » BIOÉTICA
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