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Universidade Nove de Julho Maria Lívia Metabolismo da Frutose e Galactose Introdução: • A glicose é metabolizada pela via glicolitica, pela qual dá origem ao piruvato. É o principal monossacarídeo da dieta; • A frutose e a galactose necessitam ser incorporados à via glicolítica, então, são convertidos a intermediários do metabolismo da glicose e seus destinos são paralelos aos da glicose Síndrome metabólica - Frute: • Metabolismo da frutose: ‣ A frutose é um carboidrato lipogênico (promove a síntese de gordura) - mais do que a glicose; ‣ Uma dieta rica em frutose está associada ao aumento da incidência de doenças hepáticas gordurosas (esteatose hepática = acúmulo de gordura no fígado), resistência à insulina e síndrome metabólica; ‣ Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica. • Explicação para os efeitos danosos de uma dieta rica em frutose: ‣ 1º: A frutose é metabolizada principalmente pelo fígado - diferente da glicose que é pelo fígado e demais tecidos; - A frutose pode ser metabolizada por duas enzimas: • Frutoquinase - exclusivamente hepática (apenas fígado), alta afinidade pela frutose - Km = 0,5 mM; • Hexoquinase - exclusivamente extra-hepática (existe em todos os tecidos, exceto o fígado), baixa afinidade pela frutose - Km = 3 mM; - Portanto, quando o organismo recebe uma grande quantidade de frutose, é apenas o fígado que vai ser responsável pelo metabolismo; - A frutose NÃO libera insulina como a glicose, portanto, a ingestão de frutose não estimula a captura de carboidratos no músculo e tecido adiposo; ‣ 2º: No fígado a frutose entra na via glicolítica sem qualquer tipo de controle alostérico ou hormonal: - Isso acontece pois no fígado a frutose entra na via glicolítica como hidroxiacetona fosfato e gliceraldeído - 3 - fosfato após os pontos de controle da via glicolítica (PFK-1 e glicoquinase ou hexoquinase) ; - A frutoquinase fosforila frutose no fígado, formando frutose - 1 - fosfato; - A frutose - 1 - fosfato é clivada pela Aldolase B, produzindo diidroxiacetona-fosfato (DHAP) e gliceraldeído. - O gliceraldeído é fosforilado pela Triose-quinase, formando gliceraldeído - 3 - fosfato; • A ingestão de frutose sobrecarrega o fígado e aumenta a produção de lipídeos. • Toda essa gordura sintetizada no fígado a partir da frutose vai promover a doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose hepática), a resistência à insulina, a dislipidemia e a síndrome metabólica. Universidade Nove de Julho Maria Lívia - DHAP e gliceraldeído - 3 - fosfato são intermediários da via glicolítica e podem entrar diretamente na glicólise ou na gliconeogênese. ‣ 3º: A frutose estimula a síntese das enzimas que sintetizam lipídeos; - SREBP-1 (Sterol Regulatory Element Binding Protein - 1): fator de transcrição das enzimas lipogênicas; ‣ Nos tecidos extra hepáticos há pontos de controle da frutose na via glicolitica - os pontos são a transformação de ATP em ADP na reação: - Frutose + ATP —> frutose - 6 - fosfato + ADP + H+. Universidade Nove de Julho Maria Lívia Sínte de Sorbitol: • A enzima aldose-redutase é responsável por converter a glicose em sorbitol (Km alto). Essa enzima é encontrada em determinados tecidos como vesículas seminais, ovários, retina, cristalino; • O sorbitol, por sua vez, pode ser convertido em frutose em presença da enzima sorbitol desidrogenase; • Hiperglicemia e sorbitol: ‣ Como a insulina não é necessário para o transporte de glicose nas células de tecidos como retina, cristalino, rins e nervos periféricos (GLUTs com baixa afinidade pela glicose; não dependentes de insulina), grandes quantidade de glicose podem entrar para o meio intracelular em situação de hiperglicemia. Diante da alta concentração de glicose intracelular, a aldose-redutase pode catalisar uma quantidade elevada de sorbitol; ‣ Em deficiência ou ausência de sorbitol-desidrogenase, o sorbitol se acumula (já que não consegue sair pelo GLUT que a glicose entrou), modificando a pressão osmótica dentro da célula; ‣ Algumas alterações patológicas relacionadas ao diabetes podem ser atribuídas, parcialmente, ao estresse osmótico referido acima. - Ex: glaucoma, catarata, neuropatia periférica. E Inat do Metabolismo da Frute: • Doenças genéticas/hereditárias; • São mutações em enzimas do metabolismo da frutose; • Intolerância hereditária à frutose: ‣ Falta da enzima aldolase; ‣ Doença muito grave em que a frutose é um veneno para seu portador, pode causar uma falência hepática por acúmulo de frutose - 1 - fosfato e depleção de ATP; ‣ A depleção de ATP acontece pois todo o fosfato da célula fica retido na frutose - 1 - fosfato, causando a interrupção de diversos processos celulares por falta de ATP; ‣ Não possui cura, o tratamento é administrar uma dieta sem frutose. Nas vesículas seminais, essas 2 reações responsáveis por converter glicose em frutose beneficia os espermatozóides, que possuem a frutose como principal fonte energética Universidade Nove de Julho Maria Lívia • Frutossuria essencial: ‣ A falta da enzima frutoquinase; ‣ É uma doença assintomática, pois na falta da enzima frutoquinase, a frutose pode ser lentamente metabolizada pela hexoquinase extra hepática; Metabolismo da Galacte: • Mecanismos da galactose: ‣ A galactoquinase fosforila a galactose, formando galactose - 1 - fosfato; ‣ A galactose - 1 - fosfato não pode entrar diretamente na via glicolítica e não pode ser convertida diretamente a glicose - 1 - fosfato. Portanto, ela é primeiramente convertida a UDP-galactose; - Isso ocorre em uma reação de troca com outro nucleotídeo açúcar, a UDP-glicose; - Nessa troca, a UDP-glicose reage com a galactose - 1 - fosfato, produzindo UDP-galactose e glicose - 1 - fosfato; - Essa reação de troca é catalisada pela enzima galactose - 1 - fosfato - uridiltransferase (GALT); ‣ A glicose - 1 - fosfato produzida pode ser convertida a glicose - 6 - fosfato, a qual é um intermediário da via glicolítica. Essa reação é catalisada pela enzima fosfoglicomutase; ‣ A UDP-galactose pode agora ser convertida a UDP-glicose pela enzima UDP-glicose-epimerase; ‣ O efeito líquido desse ciclo é a conversão de Galactose - 1 - fosfato a Glicose - 1 - fosfato. Não há produção ou consumo líquido de UDP-glicose ou UDP-galactose. Universidade Nove de Julho Maria Lívia E Inat do Metabolismo da Galacte: • Doenças genéticas/hereditárias; • São mutações em enzimas do metabolismo da galactose; • Galactosemia tipo i: ‣ Deficiência de GALK; ‣ Uma dieta rica em galactose vai resultar no acúmulo de galactose (causando galactosúria) e a conversão de galactose em galactitol; - Isso causa acúmulo no cristalino causando edema celular (aumento da pressão osmótica) que danifica o cristalino resultando em catarata bilateral. • Galactosemia clássica: ‣ Tipo 2 - falta de GALT; ‣ Tipo 3 - falta de GALE; ‣ Em ambas existe o acúmulo de galactose - 1 - fosfato que diminui os níveis de fosfato inorgânico e inibe a fosfoglicomutase; ‣ Essa inibição impede a síntese de UDP-glicose e consequentemente falta ácido glicurônico para conjugar e excretar bilirrubina, causando icterícia ‣ Adicionalmente existe o acúmulo de galactose que se converte em galatitol, se acumula no cristalino e causa catarata.
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