Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

JENIFER DIAS FRANCELINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DESAFIO DO COOPERATIVISMO FINANCEIRO NA 
BUSCA EM SE ESTABELECER COMO PRINCIPAL 
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DE SEUS ASSOCIADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Telêmaco Borba - PR 
2015 
 
 
JENIFER DIAS FRANCELINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DESAFIO DO COOPERATIVISMO FINANCEIRO NA 
BUSCA EM SE ESTABELECER COMO PRINCIPAL 
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DE SEUS ASSOCIADOS 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso 
de Administração, da Faculdade de Telêmaco Borba, 
como requisito parcial de conclusão de curso. 
 
Orientador: Prof. Rodrigo José Ferreira Lopes 
 
 
 
 
 
 
 
Telêmaco Borba - PR 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francelino, Jenifer Dias. 
FRA 
 
Os desafios do cooperativismo financeiro em se estabelecer como 
principal instituição financeira de seus associados / Jenifer Dias 
Francelino – Telêmaco Borba, PR : [s.n], 2015. 
 50 f. 
 
 Orientador: Rodrigo José Ferreira Lopes. 
Monografia (TCC) – Faculdade de Telêmaco Borba. 
 
 
 1. Cooperativismo financeiro. 2. Gestão cooperativas. 3. 
Associados.I Lopes, Rodrigo José Ferreira. II. Faculdade de 
Telêmaco Borba. 
 
 
 CDD 658 
 
 
 
 
 
 JENIFER DIAS FRANCELINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DESAFIO DO COOPERATIVISMO 
FINANCEIRO NA BUSCA EM SE ESTABELECER 
COMO PRINCIPAL INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DE 
SEUS ASSOCIADOS 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
______________________________________ 
Prof. RODRIGO JOSÉ FERREIRA LOPES 
Faculdade de Telêmaco Borba 
 
______________________________________ 
Prof. RENAN RAMON RAMOS MENDES 
Faculdade de Telêmaco Borba 
 
______________________________________ 
Prof. LORENA SALEM RIBEIRO 
Faculdade de Telêmaco Borba 
 
 
Telêmaco Borba, ____ de___________ de 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O objetivo primordial e necessário de toda a existência deve ser a felicidade, 
mas a felicidade não pode ser obtida individualmente; é inútil esperar-se pela 
felicidade isolada; todos devem compartilhar dela ou então a maioria nunca 
será capaz de gozá-la. ” 
Robert Owen 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a meus pais: Por todo amor dedicado a mim, pela dedicação e esforço 
em garantir minha educação e estudos, coisa que a eles foi negado, em especial o 
meu pai, sem o qual, certamente não estaria onde estou, nem seria quem sou. Sei 
que para esses dois guerreiros essa conquista tem um gosto especial, e não há 
nada que me dê mais satisfação, que saber que trouxe orgulho a eles. Pai (Sr José 
reis), mãe (Dona Idelina), obrigado por ser quem são, por tudo que representam na 
minha vida, e por não desistirem de mim, essa conquista é de vocês. 
Amigos e colegas de curso, vocês tornaram a caminhada mais leve, divertida e até 
prazerosa. Obrigado por estarem comigo, por me apoiarem e escutarem as 
inúmeras reclamações, desabafos e desculpas esfarrapadas. 
Fernanda (preta), obrigado por não me deixar desistir, por ser minha incentivadora, 
acreditar na minha capacidade, e melhor, me fazer acreditar também. Sua amizade 
é um privilégio! 
Aos docentes desta instituição agradeço pelo aprendizado, paciência e 
compreensão que recebi ao longo destes anos. Sei que nós alunos, não somos 
fáceis, muitas vezes somos apenas problemas e reclamações, e ainda assim, vocês 
compartilham suas crenças e valores, nos melhorando como profissionais e como 
pessoas. 
Agradeço meu orientador Rodrigo Lopes, pela atenção com meu trabalho, pela 
paciência com essa orientada que deixa tudo para última hora. Sei das muitas 
responsabilidades assumidas neste ano, e do pouco tempo disponível para as 
correções, e ainda assim foi um ótimo orientador. 
Um agradecimento especial aos meus colegas de trabalho “Família Sicredi”, parte 
fundamental deste trabalho. Gente que coopera cresce! 
 
 
FRANCELINO, Jenifer Dias. O desafio do cooperativismo financeiro na busca 
em se estabelecer como a primeira instituição financeira de seus 
associados.2015. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Faculdade de 
Telêmaco Borba. 
 
 
RESUMO 
 
 
O cooperativismo financeiro está em crescimento no país, apresentado números de 
crescimento superiores as demais instituições financeiras do SFN (Sistema 
Financeiro Nacional). Este sistema que já possui mais de 100 anos de existência no 
Brasil apresenta uma alternativa ao capitalismo financeiro, um freio as taxas 
abusivas, e o principal, a oportunidade de fazer parte da gestão da própria instituição 
financeira. Apesar disso o cooperativismo financeiro representado pelas então 
nominadas, cooperativas de crédito, está longe de representar o principal sistema do 
país, tendo como desafio urgente se estabelecer como principal instituição de seus 
associados. Realizou-se pesquisa bibliográfica e estudo de caso para obtenção de 
dados. O questionário aplicado aos associados da Cooperativa X, no município de 
Ortigueira revelou que a mesma tem tido êxito em fidelizar seus associados. 
 
 
Palavras chave: Cooperativismo Financeiro; Gestão Cooperativa; Associados. 
 
 
FRANCELINO, Jenifer Dias. The challenge of finanancial cooperative in seeking 
to establish itself as the first financial institution of its members.2015. Trabalho 
de Conclusão de Curso (TCC) – Faculdade de Telêmaco Borba. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The financial cooperatives is in growth in the country, presenting numbers higher 
than other SFN (Nacional Financial System) financial institutions. 
This system, which already has more than 100 years of existence in Brazil has an 
alternative to finance capitalism , a curb on abusive fees, and the most important, the 
opportunity to be part of the management 's own financial institution. Nevertheless 
the financial cooperatives represented by the then nominated, credit unions, is far 
from representing the main system of the country, with the urgent challenge to 
establish itself as the main institution of its members. It has been applied 
bibliographic research and case studies to obtain data. The questionnaire applied to 
members of the Cooperative X, in the municipality of Ortigueira revealed that it has 
had success in demonstrating loyalty to its members. 
 
 
Key Words: Financial Cooperatives; Cooperative Management; Associates. 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Símbolo do cooperativismo.........................................................................24 
Figura 2: 50 maiores bancos do sistema finaceiro nacional......................................28 
Figura 3: Circulo virtuoso do cooperativismo ............................................................30 
Figura 4: Tabela diferenças entre bancos e instituições financeiras cooperativas..31 
Figura 5: Sexo dos associados..................................................................................35 
Figura 6: Idade dos associados..................................................................................36 
Figura 7: Conhecimento das diferenças entre a cooperativas e os bancos..............37 
Figura 8: Participação dos associados na gestão da cooperativa.............................38 
Figura 9: Tem conta em outra instituição financeira...................................................39 
Figura 10: Bancos em que os associados possuem conta........................................40 
Figura 11: Motivos para buscarem outras Instituições...............................................41 
Figura 12: Principal instituição financeira...................................................................42 
Figura 13: Vantagens da cooperativa X.....................................................................43 
Figura 14: Associação em outras cooperativas..........................................................44 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 
2METODOLOGIA .................................................................................................... 13 
3 REVISÃO TEÓRICA .............................................................................................. 14 
3.1 GESTÃO EMPRESARIAL ................................................................................... 14 
3.2 GESTÃO NAS COOPERATIVAS ........................................................................ 15 
3.2.1Assembleia Geral ............................................................................................ 17 
3.2.2 Conselho de Administração .......................................................................... 17 
3.2.3Conselho Fiscal ............................................................................................... 18 
3.3 COOPERATIVISMO ............................................................................................ 18 
3.3.1 Ramos do Cooperativismo ............................................................................ 24 
3.4 COOPERATIVISMO FINANCEIRO NO BRASIL ................................................. 26 
3.5 A IMPORTÂNCIA DAS INTITUIÇÕES FINANCEIRAS COOPERATIVAS .......... 29 
3.6 COOPERATIVAS DE CRÉDITOS X BANCOS ................................................... 31 
3.7 OS DESAFIOS DO COOPERATIVISMO FINANCEIRO ..................................... 32 
4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 34 
4.1 MUNICÍPIO DE ORTIGUEIRA ............................................................................ 34 
4.2 COOPERATIVA DE CRÉDITO “X” ...................................................................... 34 
4.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ................................................................ 35 
5 CONSIDERAÇOES FINAIS ................................................................................... 46 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47 
APÊNDICE A ............................................................................................................ 49 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
O cooperativismo financeiro vem ganhando destaque no cenário nacional 
nas últimas décadas, o mesmo, como em todos os segmentos do cooperativismo se 
mostra como uma alternativa verdadeiramente sustentável de crescimento 
econômico e uma grande ferramenta de desenvolvimento para pequenos 
empresários e agricultores. 
Este segmento do cooperativismo completa em 2015, 113 anos de criação 
no Brasil, e passou por muitos autos e baixos ao longo desses anos. Desacreditado 
e quase extinto durante a ditadura militar ganhou um novo fôlego nas últimas 
décadas. Mas, apesar de atualmente ser a instituição financeira que mais cresce no 
país, está longe de ser o principal regime financeiro, assim como em muitos países 
de primeiro mundo onde as cooperativas de crédito possuem a maior parte dos 
depósitos da população. 
Apesar de ser um tema bastante falado nos dias de hoje, existe uma 
desinformação sobre assunto, sobre as vantagens, sobre a sua gestão em si, 
causando assim uma sensação de que as cooperativas financeiras são apenas 
concessoras de crédito. Este trabalho justifica se na crença do cooperativismo como 
a forma mais democrática e justa de desenvolvimento econômico e social, e da 
observação de que mesmo diante de todas as vantagens que uma instituição 
financeira cooperativa oferece o Brasil ainda tem os bancos como principal 
instituição financeira. 
O Presente trabalho tem como objetivo geral: Identificar as dificuldades que 
as cooperativas de crédito encontram no país para se consolidar como principal 
instituição financeira de seus associados. E tem como objetivos específicos: 1) 
Realizar um levantamento bibliográfico a respeito da história e evolução do 
cooperativismo de crédito no país; 2) Apresentar os diferenciais do cooperativismo 
financeiro em relação às instituições financeiras convencionais; e 3) Coletar dados, a 
fim de identificar o perfil do cooperativismo financeiro no município de Ortigueira 
(PR). E embasado nestes objetivos e no tema proposto pretende-se responder a 
12 
 
seguinte questão: Quais os desafios das cooperativas de crédito em se estabelecer 
como principal instituição financeira de seus associados 
 
13 
 
2 METODOLOGIA 
Método de pesquisa utilizado para esse trabalho será o de levantamento 
bibliográfico, este método se utiliza de material já publicado, como revistas, jornais, 
artigos e outros impressos, assim como também do material disponível na internet. 
Esse método é utilizado com o objetivo de dar embasamento teórico para ao 
trabalho. (GIL, 2010). 
Quanto a seus fins, está pesquisa classifica-se como exploratória. De acordo 
com Gil (2010 p 27) “a pesquisa exploratória tem como finalidade proporcionar maior 
familiaridade com o problema, com vista de torná-los mais explícitos ou a construir 
hipóteses”. A presente pesquisa se caracteriza também como uma pesquisa pura, 
também conhecida como básica ou teórica. “Pesquisa pura caracteriza-se pela 
simples obtenção do conhecimento e está voltada para a necessidade intelectual de 
conhecer e compreender os fenômenos, sem a intenção de aplicação imediata”. 
Lehfeld e Barros (2000, p.78). 
Está pesquisa tem caráter quantitativo. Para a coleta de dados primários foi 
utilizado um questionário (Apêndice A) elaborado pela autora, com perguntas 
abertas e fechadas, sendo um questionário semiestruturado, aplicado a um público 
alvo específico, no caso deste trabalho os associados da cooperativa X. O 
questionário foi aplicado com a autorização dos responsáveis da cooperativa em um 
dos dias de maior movimento. Os associados foram escolhidos aleatoriamente e 
lhes garantido a confidencialidade. 50 associados responderam aos questionários. 
 
14 
 
3 REVISÃO TEÓRICA 
O cooperativismo de crédito no Brasil está em franco crescimento e 
apresenta uma alternativa ao sistema capitalista dos bancos que visam lucro a cima 
do desenvolvimento humano. O referencial teórico para a presente pesquisa 
procura conceituar o cooperativismo de crédito, apresentar os valores e princípios 
da causa cooperativista, mostrar sua evolução no país, sua forma de gestão e seus 
diferenciais em relação as instituições financeiras convencionais. 
3.1 GESTÃO EMPRESARIAL 
A gestão empresarial surgiu após a revolução industrial, período de grandes 
mudanças, conquistas marítimas que geraram a abertura de novos mercados e 
aumento na demanda pelos produtos, o que gerou problemas antes inexistentes e a 
necessidade da criação de técnicas administrativas. Assim se deu início a ciência 
da administração. 
Frederick Winslow Taylor foi uns dos precursores da administração 
cientifica os métodos propostos por ele buscavam basicamente o aumento da 
produtividade e a execução de tarefas em menos tempo. 
É senso comum que administração como ciência começou com Frederick 
Winslow Taylor em 1911. Como engenheiro, Taylor fez uso de sua 
experiência na linha de montagem para buscar eficiência nas tarefas, ou 
melhor, otimizar a utilização de recursos aumentando a produção e 
consequentemente o lucro. (ARAUJO, GARCIA, MARTINES, 2011, p.18) 
Gestão são atividades coordenadas para dirigir uma organização. De 
acordo com sua gestão será a política, os objetivos da empresa. A gestão também 
é responsável por coordenar os meios que serão usados para alcançar os objetivos. 
Desta forma, a gestão se torna totalmente relacionada com o fracasso ou o sucesso 
da organização. 
Pinto (2007) utiliza o termo “modelo de gestão” para classificar as práticas 
gerenciais que regem uma organização sendo estes definidos pelos elementos 
básicos que constituem: As tarefas, as estruturas, o ambiente, as pessoas e a 
15 
 
tecnologia. Ainda segundo o autor o modelo de gestão das empresas sofreu ao 
longo dotempo, influência da realidade externa (cenário ambiental) as chamadas 
ondas de transformação, representados por três fatos históricos da evolução da 
sociedade: Revolução Agrícola, Revolução Industrial e revolução da informação. 
Pinto (2007) ressalta a revolução industrial (segunda onda de 
transformação) como o marco para o surgimento do fenômeno empresarial e 
consequentemente dos modelos de gestão. 
3.2 GESTÃO NAS COOPERATIVAS 
Para que uma empresa tenha êxito em sua gestão, é necessário que os 
objetivos da empresa estejam claros para seus colaboradores e que os mesmos 
sejam direcionados ao alcance do objetivo comum. Em uma cooperativa não é 
diferente, porém não existe um dono, todos são donos. E o principal desafio dos 
dirigentes eleitos é conscientizar e educar seu quadro social para que ajam como 
tal. 
Um plano de trabalho eficaz e uma boa administração garantem que o 
empreendimento se torne sólido. As cooperativas precisam ter metas, objetivos, e 
estratégias de trabalho que garantam o crescimento da cooperativa e 
consequentemente de seus cooperados. Para isso diferente das organizações 
convencionais é preciso que todos os donos, que no caso dessa sociedade são 
todos os associados, aprovem as medidas administrativas. 
A gestão da cooperativa de crédito assim como de todas as outras 
cooperativas é baseada no princípio da autogestão. Koslovski (2000), traz em seu 
livro “Autogestão nas cooperativas”, a definição dada a autogestão, na época 
Autocontrole, aplicado ao cooperativismo em 1987 período em que suas regras 
ainda estavam sendo formuladas pela OCB (Organização das Cooperativas 
Brasileiras). 
Entende-se por AUTOCONTROLE: ” conjunto de ações que sistematizem o 
CONTROLE das atividades da cooperativa pelo próprio quadro social. Para 
tanto, utilizar-se-á de órgãos e instrumentos do próprio sistema, propiciando 
o aperfeiçoamento administrativo e controlacional, objetivando a GESTAO 
16 
 
DEMOCRATICA dos atos da sociedade e a transparência de suas 
operações” (KOSLOVSKI, 2000, p 35) 
O Serviço brasileiro de apoio a microempresas (SEBRAE,2013) em uma de 
suas cartilhas “Empreendimentos coletivos” reafirma a natureza autogestionária do 
cooperativismo financeiro: 
A cooperativa de crédito é uma empresa cujos donos são os associados 
(cooperados). Reunidos em assembleia, órgão Máximo de decisão definem 
pelo voto os objetivos e o funcionamento do negócio. As decisões tomadas 
nas assembleias atingem a todos, ainda que ausentes ou discordantes. 
(SEBRAE, 2014, p. 23) 
Ricciardini &Lemos (2000) apresentam as novas margens do 
cooperativismo, sendo que de um lado está o mercado exigindo resultados 
financeiros e do outro o bem-estar dos cooperados representados por suas sobras. 
Está cobrança do mercado sobre as cooperativas é um desafio a sua gestão, visto 
que a mesma não pode perder sua natureza cooperativa, devendo sempre zelar 
pelo comprimento de seus princípios, mas tem que atender as exigências do 
mercado em termos de eficiência. Os autores também citam como principais causas 
do insucesso do cooperativismo de crédito a falha de gestores e ausência da 
participação dos cooperados. 
O cooperado deve ser o principal agente da autogestão, visto que todas as 
decisões são tomadas de forma democrática sendo que uma boa organização de 
seu quadro social facilita a ação dos seus dirigentes. Kosloviski (2004) fala da 
importância dos associados serem organizados em comitês, conselhos, comissões 
e núcleos e alerta sobre a seriedade da escolha dos líderes dessas organizações 
visto que os mesmos serão a voz da opinião de seus liderados. 
A organização dos associados em núcleos e conselhos facilita a 
comunicação entre associados e dirigentes. Assim a região de atuação é dividida 
em núcleos, permitido assim maior participação dos associados na gestão da 
cooperativa. Os núcleos tomam uma decisão a respeito de determinado assunto e 
elegem um representante para assim representá-los nas Assembleias Gerais. Os 
conselheiros por sua vez acompanham mais de perto a administração das 
cooperativas, reportando aos diretores as não conformidades. 
17 
 
Instrumentos importantes e obrigatórios da gestão cooperativista são as 
chamadas assembleias gerais, conselhos administrativos e conselhos fiscais. 
3.2.1Assembleia Geral 
É o órgão Máximo de decisão em uma cooperativa, nelas são tratados de 
assuntos de interesse coletivo. Acontecem pelo menos uma vez ao ano, devendo 
ser anunciadas com antecedência de pelo menos dez dias, por meio do edital de 
convocação onde estarão especificados os assuntos a serem tratados. Podem ser 
assembleia geral ordinária ou extraordinária. 
As Assembleias Gerais ordinárias acontecem nos quatro primeiros meses 
do ano, e deliberam sobre prestação de contas, sobras e eleições de cargos da 
cooperativa. 
As Assembleias Gerais extraordinárias podem acontecer a qualquer 
momento, havendo necessidade de decidir sobre assuntos urgentes que alterem o 
funcionamento da cooperativa. 
Segundo Meinen (2014) a efetividade desse órgão depende da participação 
dos associados. Um encontro para discutir e aprovar assuntos de importância para 
a sobrevivência e prosperidade da cooperativa, precisa da efetiva participação e 
interesse do seu quadro social. 
3.2.2 Conselho de Administração 
A esse cargo é conferida a direção estratégica, os eleitos para esses cargos 
são responsáveis por examinar e aprovar os planos de trabalho e respectivos 
orçamentos, acompanhando mensalmente a sua execução, deve servir de elo entre 
os associados e os dirigentes executivos. 
Os componentes desse conselho devem fazer parte do quadro social da 
cooperativa. Sendo importante para uma boa representação dos associados, a 
eleição de um conselheiro por unidade da cooperativa, assim como, a preparação 
dos eleitos para cargo de tal representatividade. 
18 
 
3.2.3Conselho Fiscal 
O conselho fiscal, em essência, deve assegurar-se de que administração 
esteja cumprindo seu papel, nos limites da lei e de acordo com os padrões éticos 
(Meinen, 2014, p 327). 
Os membros desse conselho têm papel fundamental na ordem e efetivo 
cumprimento dos normativos impostos a essa sociedade, sendo dado a estes, 
autoridade para fiscalizar e exigir da administração correções de irregularidades 
identificadas pelo próprio colegiado, bem como de origem de auditorias internas e 
externas. 
3.3 COOPERATIVISMO 
A ideia principal do cooperativismo, é que um trabalho alcança melhor 
resultado e em menor tempo, quando é feito em grupo. 
De acordo com a Aliança Cooperativa internacional (ACI) – entidade 
máxima do movimento cooperativismo global, apud Meinen (2014, p. 27) 
Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas, unidas 
voluntariamente, para atender as suas necessidades e aspirações 
econômicas, sociais e culturais comuns através de uma empresa coletiva e 
democraticamente controlada. (Congresso Centenário da ACI. Manchester- 
Inglaterra, setembro de 1995) 
Ou como define a organização Internacional do trabalho (OIT) apud Meinen 
(2014, p. 27) 
Cooperativa é uma associação de pessoas que se uniram voluntariamente 
para realizar um objetivo comum, através da formação de uma organização 
administrada e controlada democraticamente, realizando contribuições 
equitativas para o capital necessário e aceitando assumir de forma 
igualitária os riscos e os benefícios do empreendimento no qual os sócios 
participam igualitariamente. 
Já Segundo a OCB-GO (Organização das Cooperativas Brasileiras do 
estado de Goiás): 
19 
 
Cooperativismo é um sistema fundamentado na reunião de pessoas, não 
de capital. Visa às necessidades do grupo, acima do lucro. Busca 
prosperidade conjunta e não individual. Essas diferenças fazem do 
cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com 
equilíbrio e justiça entre os participantes. Associado aos valores universais, 
o cooperativismo se desenvolve independentementede território, língua, 
gênero, raça, credo ou nacionalidade. (OCB-GO 2013), 
O cooperativismo é uma associação humanitária onde a sustentabilidade 
está atrelada a sua essência. As cooperativas visam a ascensão social dos 
cooperados e a melhoria social econômica e ambiental na região onde está 
inserida. 
Meinen (2014) classifica o cooperativismo como a maior organização não 
governamental do planeta cujo objetivo é a construção de uma vida melhor para 
mais de um Bilhão de pessoas ao redor do mundo. 
São muitos os autores que decorrem sobre o cooperativismo, Ricciardi e 
Lemos (2000) classificam o cooperativismo como uma forte alternativa ao 
capitalismo, e comentam o assunto: 
A cooperativa não um sonho nem uma proposta mágica é uma empresa, 
com a outra qualquer, em que pessoas se reúnem para produzir bens ou 
serviços como o propósito de receber a retribuição monetária pelo seu 
trabalho, tanto como reposição dos gastos quanto como remuneração pelo 
que realizam, concorrendo ainda, ao rateio das “sobras” (o lucro na 
linguagem das outras empresas). (RICCIARDI & LEMOS, 2000, p 58) 
Para melhor entender o funcionamento de uma cooperativa é importante 
citar alguns conceitos que permeiam esse tipo de organização. São eles: 
 Ato cooperativo: nome dado as transações feitas entre cooperativa e 
associado; 
 Quotas parte: é uma quantia que cada associado deposita no momento 
em que ingressa na cooperativa; 
 Capital social: é a soma das quotas partes, essas contribuições permitem 
a continuidade do negócio; 
 Sobras: cooperativas não almejam lucro, portanto no fim do exercício de 
acordo com os resultados obtidos e depois de separado o valor referente a 
20 
 
reservas, a projetos sociais como exige o estatuto, os associados 
receberam as sobras de acordo com suas movimentações na cooperativa; 
 Estatuto social: é a lei máxima de cada cooperativa. Nele está descrito as 
regras próprias de cada sociedade. 
A doutrina cooperativista é norteada por princípios e valores. Meinen (2014) 
faz menção aos seus valores de forma a elencar os mais importantes e recorrentes 
visto que não há valores definidos de forma absoluta. 
 Solidariedade: que se refere a responsabilidade que todos têm com 
todos, a ajuda mútua o que dá sentido à razão de ser cooperativo; 
 Liberdade: ninguém é obrigado a se associar, estando a assim livre para 
desligar-se da cooperativa no momento em que convir. Sendo que 
enquanto associado suas ações são livres desde que respeite os limites 
dos demais; 
 Democracia: o associado tem direito de participar das decisões da 
cooperativa em que se associa através do voto e o dever de aceitar a 
decisão da maioria; 
 Equidade: igualdade de direito entre todos sem distinção de classe 
econômica, social; 
 Igualdade: todos terão os mesmos direitos e obrigações 
independentemente de seu sexo, cor, religião, ideologia política ou 
qualquer outra característica; 
 Responsabilidade: pela viabilidade do empreendimento, respeito as 
regras do convívio coletivo; 
 Transparência: livre acesso a informações sobre a vida da cooperativa: 
suas regras, sua gestão, seus números; 
 Responsabilidade socioambiental: o empreendimento cooperativo tem 
caráter comunitário, tendo assim dever de zelar pela melhoria de vida da 
população e a preservação do meio ambiente das comunidades onde 
estão inseridas. 
21 
 
O cooperativismo tem 7 princípios universais com origens no estatuto de 
Rochdale (1844) em Manchester, princípios estes que devem seguir de orientação 
para cooperativas de todos os seguimentos em qualquer parte do mundo, pois 
representam a razão de ser do cooperativismo. 
No Portal do Cooperativismo Financeiros princípios são citados, conforme 
sua atualização mais recente feita em 1995 pela Aliança Cooperativa Internacional 
ACI, sendo eles: 
1) ADESÃO LIVRE E VOLUNTÁRIA: Qualquer pessoa pode ingressar numa 
cooperativa, desde que o faça de forma livre e espontânea, atenda aos 
requisitos previstos no estatuto da entidade e adira aos princípios da doutrina 
cooperativista, é o que dispõe o art. 29 da Lei 5.764/71. Jamais um indivíduo 
pode ser obrigado a associar-se à cooperativa como meio de obter vantagens 
ou de assegurar direitos que a lei garante a todos independentemente de 
estarem ou não organizados em cooperativas. Por outro lado, ninguém pode 
ser impedido de ingressar numa cooperativa em virtude da não aceitação por 
parte dos associados, como ocorre, por exemplo, nas sociedades limitadas; 
2) GESTÃO DEMOCRÁTICA: A cooperativa deve ser administrada por todos os 
cooperados através de representantes eleitos para conduzi-la, mas 
sobretudo, através da Assembleia Geral, órgão máximo da organização 
cooperativa, a quem cabe as decisões mais importantes da entidade, que são 
tomadas segundo o princípio da gestão democrática, isto é, cada cooperado 
tem direito a um voto independentemente da sua participação financeira 
(quota parte) na entidade. O direito a voto é decorrente do simples ingresso 
na sociedade, sendo igual para todos; 
3) PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA: Todos os associados participam na 
constituição financeira da cooperativa através da integralização e subscrição 
de suas quotas partes, bem como usufruem dos resultados obtidos ao final de 
cada exercício, seja através da distribuição das sobras entre os cooperados, 
seja em razão dos investimentos feitos com tais sobras em prol da empresa 
como um todo. Na distribuição das sobras não tem relevância o valor da 
quota integralizada pelo cooperado, mas a sua participação nas atividades da 
22 
 
sociedade. Não há relação de proporcionalidade entre o capital investido e a 
distribuição anual das sobras; esta proporção é referente às operações que o 
associado realiza com a cooperativa; 
4) AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA: A cooperativa não pode vincular-se de 
forma subordinada a nenhuma entidade ou pessoa estranha ao seu quadro 
de cooperados. Pode firmar convênios, acordos e outros mecanismos para 
ampliar suas atividades ou melhorar as condições dos serviços prestados aos 
seus cooperados. Entretanto, estes recursos não podem resultar em 
desrespeito à autonomia e ao controle democrático da entidade pelos sócios; 
5) EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO: Faz-se necessário que aqueles 
que ingressam numa entidade cooperativa tenham clareza com relação à 
doutrina cooperativista, bem como quanto ao funcionamento da entidade da 
qual passam a fazer parte; 
6) INTERCOOPERAÇÃO: Este princípio foi adotado a partir de 1966, pela 
Aliança Cooperativa Internacional, no Congresso de Viena. Preconiza que a 
união e a cooperação sejam realizadas não apenas entre os membros de 
uma cooperativa, mas também pelas cooperativas entre si, através de 
estruturas locais, regionais, nacionais e até internacionais; 
7) INTERESSE PELA COMUNIDADE: O principal objetivo de uma cooperativa é 
a melhoria das condições de vida daqueles que nela ingressam. Não se 
admite uma cooperativa voltada exclusivamente para o mercado, visando a 
obtenção de lucros, aviltando os direitos dos cooperados. A história do 
cooperativismo demonstra que a preocupação com a comunidade foi a fonte 
de onde brotou toda a construção doutrinária desta forma de sociedade. A 
comunidade constitui, ao mesmo tempo, o objetivo e o objeto de toda 
verdadeira cooperativa. 
 
As cooperativas são empreendimentos regionais, cujos membros 
(cooperados) são compostos pela comunidade local, tendo por objetivo a 
prosperidade de seus associados e consequentemente da região onde está 
instalada. 
23 
 
Alguns autores consideram o comprometimento com o 5° principio aqui 
citado “educação formação e informação” de suma importância para a sobrevivência 
do cooperativismo. Lemos& Ricciardi afirma que é indispensável levar informação 
aos associados, visto que, ninguém é motivado a participar do que não conhece. 
Meinen (2014) considera o 5° princípio fundamental para a prosperidadedas 
cooperativas visto que a falta de compreensão dos membros da sociedade 
cooperativa leva a falta de comprometimento com a causa cooperativista, além de 
dificultar a disseminação na comunidade ao que se refere as vantagens e 
diferenciais cooperativistas. 
Lago (2008) cita a falta de doutrina e educação cooperativa, como a causa 
de problemas como: a falta de capitalização, endividamento, não participação, falta 
de identidade, integração e solidarismo, sem o cuidado devido com a educação, o 
cooperativismo não terá êxito permanente e sua continuidade estará em constante 
ameaça. 
Vale citar também o princípio da Inter cooperação como ponto crucial na 
disseminação e crescimento do cooperativismo, visto que este prevê que as 
cooperativas de vários segmentos, ou até mesmo ditas concorrentes trabalhem em 
conjunto, em espírito e cooperação em prol de uma mesma causa. 
Fato este que muitas vezes não ocorre: “Talvez aí, no entanto, esteja uma 
das mais graves e recorrentes quebras de princípio no universo cooperativo. E, pior: 
as razões da não Inter cooperação nesse nível nem sempre têm cunho impessoal. ” 
Meinen (2014, p.39). 
O cooperativismo possui como identificação (figura 1) o símbolo do 
movimento cooperativista, o qual indica união do movimento, a imortalidade de seus 
princípios, a fecundidade de seus ideais, a vitalidade de seus adeptos. 
Representado pelos pinheiros que se projetam para o alto, sempre buscando 
crescimento. (Portal corporativo do Paraná, 2014) 
24 
 
 
Figura 01. Símbolo do cooperativismo 
FONTE: Portal cooperativo do Paraná (2012) 
 
3.3.1 Ramos do Cooperativismo 
As cooperativas podem ser de diversos segmentos e natureza, unindo 
assim interesses comuns dos seus integrantes. O SEBRAE prevê os seguintes 
ramos: 
 Cooperativas agropecuárias: Produtores rurais agropastoris e de pesca 
trabalham de forma coletiva na realização de várias etapas da cadeia 
produtiva: armazenamento industrialização até a venda no mercado da 
produção (SEBRAE, 2014). Segundo SEBRAE até metade do séc. XX a 
maioria das cooperativas estavam ligadas a agricultura; 
 Cooperativas de consumo: Tem objetivo de diminuir custos para seus 
cooperados na compra de produtos por meio da compra coletiva. Comprando 
os produtos em maior número consegue preços melhores; 
 Cooperativas educacionais: Surgiu da união de pais e alunos para enfrentar 
a falta de estrutura do ensino público, em uma época de crise nas escolas 
brasileiras. São interessantes, pois os pais participam da gestão da escola 
desde a proposta pedagógica até seus custos. Essas cooperativas podem 
oferecer todos os níveis de ensino. (SEBRAE, 2014); 
25 
 
 Cooperativas especiais: Foram criadas para atender pessoas com 
deficiência física, sensorial, psíquicas mental, egressos de hospitais, prisões 
entre outros que cuja condição é entendida e atestada por documentação 
proveniente de órgão público de alguma maneira com alguma desvantagem 
no convívio social. Estas cooperativas procuram por meio de especialização, 
educação, treinamentos aumentar a independência e a produtividade dos 
atendidos; 
 Cooperativas de habitação: Dedicadas a construção, manutenção e 
administração de conjuntos habitacionais para seu quadro social. Os 
cooperantes contribuem com uma parcela mensal muito abaixo do preço de 
mercado. Estas cooperativas utilizam de créditos oficiais para aquisição de 
terrenos e a construção dos imóveis; 
 Cooperativas de infraestrutura: Tem objetivo de atender seus associados 
com serviços de infraestrutura como energia, telecomunicação e serviços, em 
sua maioria são formados por cooperativas de eletrificação rural; 
 Cooperativas de mineração: Viabilizam o negócio de produtos minerais; 
 Cooperativas de produção: Este ramo que antes pertencia ao agropecuário 
é um dos mais expressivos no cooperativismo é dedicado a produção de bens 
e mercadorias; 
 Cooperativas de saúde: Fazem parte do quadro social desse segmento, 
médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos e de mais profissionais ligados 
com a saúde humana. Essas cooperativas têm como preocupação 
valorização do profissional da saúde, e melhoria na qualidade do atendimento 
aos pacientes. É importante ressaltar que as cooperativas de saúde surgiram 
no Brasil e hoje se espelharam pelo mundo; 
 Cooperativas de trabalho: Tanto podem produzir bens como serviços. Seus 
cooperados não visam lucro individual, visto que os resultados do esforço 
comuns são divididos entre todos. Um exemplo desse segmento são as 
cooperativas de artesanato; 
26 
 
 Cooperativas de crédito: São instituições financeiras autorizadas e 
fiscalizadas pelo banco central, podendo assim realizar todos os tipos de 
operações dessa modalidade. Diferem dos bancos pois não visam lucro e 
suas transações são denominadas ato cooperativo. Os donos são os próprios 
associados, cabendo a estes decidir pelo direcionamento do negócio; 
 Cooperativas de turismo: Cooperativas que prestam ou atendem direta e 
prioritariamente o seu quadro social, com serviços de turismo, lazer, 
entretenimento, esportes, artísticos, eventos e de hotelaria; 
 Cooperativas de transporte: Cooperativas de transporte de carga e 
passageiros. Atuam em várias modalidades tais como transporte individual, 
de carga e escolar. 
3.4 COOPERATIVISMO FINANCEIRO NO BRASIL 
Muitos defendem as primeiras reduções jesuíticas como o primeiro vinculo 
histórico com o cooperativismo, mas foi em 1844 na Inglaterra que surgiu a primeira 
sociedade cooperativa reconhecida como tal, onde 28 tecelões fundaram “a 
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale” (BOESCHE, 2014) 
Em 1902 o padre Theodor Amstad deu início ao cooperativismo financeiro 
no Brasil, em nova Petrópolis (RS), atual Sicredi pioneira (RS), sendo assim, no ano 
de 2015, se comemora 113 anos da fundação da primeira cooperativa de crédito no 
Brasil. 
Pinho (2004) considera como fonte de origem do cooperativismo financeiro 
no Brasil, as Caixas Rurais Raiffeisen sendo este modelo o primeiro introduzido com 
sucesso no Brasil. Exemplo disso a cooperativa pioneira (RS) do padre Amstad, que 
até hoje está em pleno funcionamento. Ainda como referência importante do 
cooperativismo de crédito o autor cita os bancos populares Luzzatti, e as 
cooperativas de economia e crédito mútuo (1950). 
O cooperativismo financeiro sofreu grande retrocesso durante a ditadura 
militar, período em que sofreu grande hostilidade por parte do governo, obrigando 
muitas cooperativas tidas como estabilizadas a fecharem as portas. Com o Golpe 
27 
 
militar de março de 1964, a grande pressão dos banqueiros sobre o novo regime 
autoritário, o governo começou a exterminar as cooperativas de crédito. 
(PALHARES, 2004, p. 53). 
Na constituição de 1988 foi estabelecido que o governo não poderia mais 
intervir na organização das cooperativas. Até então, todas as cooperativas eram 
tuteladas e fiscalizadas rigidamente. Porém essa mudança não abrangeu as 
cooperativas de crédito que continuaram sob tutela do Banco Central. (PALHARES, 
2004) 
Um marco importante para as cooperativas financeiras citado por Palhares 
(2004) foi a aprovação pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) da resolução n° 
1914, que permitiu que as cooperativas de crédito mútuo não se restringissem ao 
vínculo empregatício dos sócios, podendo assim organizar-se por categoria 
profissional. Em 2002 a resolução de 3.058 permitiu que as cooperativas fossem 
constituídas sem exigência de segmentação por ramo de atividade, e finalmente em 
2003 veio a conquista da livre admissão (Resolução CMN 3.106). Antes só era 
possível fundar uma cooperativa em grandes cidades, onde era possível reunir 
grande número de empresários do mesmo ramo de atividade. Essas novas regras 
permitiram um maior alcance do movimento, fazendo assim que as cooperativas 
ganhassem força nas pequenas cidades. 
Hoje o sistema cooperativo tem uma representaçãosignificativa no SNF 
(Sistema Financeiro Nacional). A figura (02) abaixo considera apenas instituições 
financeiras de varejo (que possuem agências de atendimento ao cliente) e bancos 
cooperativos: 
28 
 
 
Figura 02 : 50 maiores bancos do sistema financeiro nacional posição junho/2015 
Fonte: Portal do cooperativismo financeiro (2015) 
 
 
É importante destacar que as instituições financeiras cooperativa não 
abocariam do mercado o montante expressivo das grandes corporações e 
instituições públicas, ao contrário os números acima teriam condições de ser bem 
maiores. 
De acordo com dados retirados do Portal do cooperativismo financeiro, em 
2014existiam no Brasil cerca de 1.100 Cooperativas de Crédito, as mais fortes, 
Sicoob, Sicredi, Unicredi, e Cecred, Confesol, estão organizadas em sistemas de 
crédito, como estratégia para fazer frente às grandes instituições financeiras 
existentes no país. Sicoob, Sicredi, Unicredi, e Cecred, Confesol. 
Ainda segundo dados do Portal do cooperativismo financeiro, em 2014 
enquanto os bancos tiveram um crescimento de 11%, o cooperativismo financeiro 
apresentou um crescimento de 23% no volume de ativos. Almejando para 2015 uma 
expansão de 22%. 
Meinen (2014) baseado nos artigos 5°, XVII, XX e XXI (Direitos e garantias 
fundamentais); 21, XXV (Competência da união); 146, III, “c” (Sistema tributário 
29 
 
nacional) 174, 2° (Princípios gerais da atividade econômica) 187, IV (Política 
agrícola); 192 (Sistema financeiro nacional) e 199 (singularidade social-saúde) e 
outros artigos da nossa constituição que demonstram total harmonia com a doutrina 
cooperativista, afirma que “o Brasil é uma nação cooperativista”. 
3.5 A IMPORTÂNCIA DAS INTITUIÇÕES FINANCEIRAS COOPERATIVAS 
As cooperativas são uma importante ferramenta de geração de renda em 
regiões desfavorecidas, sendo a principal instituição financeira em pequenas 
cidades, onde os bancos não viram vantagens em se estabelecer. 
É próprio do cooperativismo de crédito contribuir para o desenvolvimento 
da economia local, ao promover a intermediação entre a poupança e as 
demandas por serviços financeiros de uma mesma região--diferentemente 
dos bancos de varejo, o que empresta ao cooperativismo de crédito 
importante papel na correção de desigualdades regionais de uma maneira 
que não depende da interferência direta do poder público. (PALHARES e 
PINHO 2004 p.216) 
Meinen (2014) considera que as instituições financeiras cooperativas 
contribuem indiretamente como mediadoras dos preços praticados pelas instituições 
convencionais, obrigando as mesmas, praticarem preços menores, e condições de 
créditos e investimentos mais atrativas, em uma tentativa de não perder seus 
maiores clientes para o sistema cooperativo. 
A cooperativa de crédito tem interesse no desenvolvimento local, e sua 
gestão é direcionada para que de fato isso aconteça. Os resultados gerados são 
reinvestidos nas próprias comunidades; a preferência na contratação de seus 
colaboradores é por moradores da região, as cooperativas incentivam o comercio 
local suprindo suas necessidades sempre que possível, com produtos da região 
(materiais de construção, mercados, bifes, etc.) 
Meinen representa o círculo virtuoso do cooperativismo financeiro na figura 
(03). 
30 
 
 
 
Figura 03: Círculo virtuoso do cooperativismo 
Fonte: Meinen (2014, p. 53) 
 
 
A figura 3 representa como os recursos das cooperativas são realocados na 
sua área de atuação. Nos bancos os recursos são dos donos do capital, sendo 
utilizados de maneira a gerar cada vez mais riqueza para poucos, ou seja, quanto 
mais recursos um banco administrar, mais rentabilidade os donos terão. Em uma 
cooperativa essa distribuição de renda também acontece, com a diferença de que 
todos são donos, e que cada um vai receber proporcionalmente aos serviços que 
utiliza. 
Por isso- pela adequabilidade e suficiência – é que se identifica uma 
agregação de renda na “contramão”. Não a perspectiva do lucro (que aliás é 
afastado por definição legal). Quem ganha nessa equação não é quem 
detém o capital (visão da empresa), mais quem se vale das soluções 
concebidas em formato mutualista (Meinem, 2014, p 55). 
 
 
31 
 
3.6 COOPERATIVAS DE CRÉDITOS X BANCOS 
São muitas as diferenças entre a cooperativa de crédito e uma instituição 
financeira convencional. Conhecendo estas diferenças e entendo as vantagens e 
importância do cooperativismo financeiro para a sociedade fica difícil não optar por 
utilizar os serviços da cooperativa ou ao menos ser um apoiador da causa. 
No quadro (01) pode-se observar os aspectos mais relevantes que 
diferenciam uma instituição da outra: 
Quadro 01: Diferenças entre bancos e instituições financeiras cooperativas. 
 
BANCOS INSTITUIÇOES FINANCEIRAS COOPERATIVAS 
São sociedade de capital. São sociedade de pessoas. 
O poder é exercido na proporção do 
número de ações. 
As decisões têm peso igual para todos uma pessoa 
um voto. 
As deliberações são concentradas As decisões são partilhadas entre muitos. 
O administrador é um terceiro 
(homem de mercado). 
Os administradores-líderes são do meio 
(associados). 
O usuário de operações é mero 
cliente. 
O usuário é o próprio dono (cooperado) 
O usuário não exerce qualquer 
influência na definição dos produtos 
e na sua precificação. 
Toda a política operacional é decidida pelos próprios 
usuários/donos (associados). 
Podem tratar distintamente cada 
usuário. 
Não podem distinguir: o que vale para um, vale para 
todos (art. 37 da lei 5764/71) 
Prefere o público de maior renda e 
maiores corporações. 
Não discriminam, servindo a todos os públicos 
Priorizam os grandes centros 
(embora não tenham limitações 
geográficas 
Não restringem, tendo forte atuação nas 
comunidades mais remotas 
Têm propósitos mercantilistas A atividade mercantil não é cogitada (art. 79, 
parágrafo único da Lei n°5.764/71) 
A remuneração das operações não O preço das operações e dos serviços tem como 
referência os custos e como parâmetro as 
32 
 
tem parâmetro/limite necessidades de reinvestimentos 
Atendem em massa, priorizando, 
ademais, o autosserviço 
O relacionamento é personalizado/ individual, com o 
apoio da informática 
Não têm vínculo com a comunidade e 
o público alvo 
Estão comprometidas com as comunidades e os 
usuários 
Avançam pela competição Desenvolvem-se pela cooperação 
Visam o lucro por excelência O lucro está fora de seu objeto, seja pela sua 
natureza, seja por determinação legal (art. 3 da lei n° 
5.764/71) 
O resultado é de poucos donos (nada 
é dividido com o cliente) 
O excedente (sobras) é distribuído entre todos os 
usuários na proporção das operações individuais 
reduzindo ao máximo o preço final pago pelos 
cooperados e aumentando a remuneração de seus 
investimentos. 
No plano societário, são reguladas 
pela lei das sociedades anônimas 
São reguladas pela lei cooperativista e por 
legislação própria (especialmente pela lei 
complementar 130/2009) 
Fonte: Adaptada de Meinen (2014 p. 49) 
 
 
3.7 OS DESAFIOS DO COOPERATIVISMO FINANCEIRO 
Ricciardi & Lemos (2000) afirma que o associado deve se comprometer 
social e economicamente com a cooperativa, ele deve se interessar pelo que é seu, 
acompanhar o andamento de seus negócios realizar suas operações, acompanhar e 
fazer parte das decisões para que a cooperativa tenha êxito e não acabe na mão de 
uns poucos. 
Meinen (2014) considera um dos grandes desafios desse segmento do 
cooperativismo a fidelização de seus associados, estes geralmente veem a 
cooperativa apenas como uma instituição de concessão de crédito e não adotam a 
postura de donos do negócio, e não se considerando como tal, deixam o seu 
negócio de lado, muitas vezes buscando na concorrência produtos que sua 
33 
 
instituição financeira oferece, como um dono de mercado que faz suas compras no 
mercado ao lado. 
Ainda segundo Meinen (2014) ascooperativas financeiras existentes não 
aproveitam totalmente seu potencial associativo, exemplo disso é que a 
representatividade de mulheres e jovens no quadro social das cooperativas é 
inexpressiva. Até mesmo pessoas de seu quadro social usam um ou dois dos 
produtos oferecidos pela cooperativa, as vezes por não conhecer o grande portfólio 
oferecido pela sua instituição. 
34 
 
4 ESTUDO DE CASO 
4.1 MUNICÍPIO DE ORTIGUEIRA 
Fundada em 1961, Ortigueira está localizada na região dos Campos Gerais 
paranaense e possui segundo dados do último senso do IBGE realizado em 2010, 
uma população de 23.380 habitantes, dos quais 59% residem na área rural. 
(Prefeitura Municipal de Ortigueira,2015) 
Com a economia voltada à agricultura, pecuária e apicultura, detém o maior 
rebanho bovino do Estado, é um dos maiores produtores de mel do Paraná, e até 
julho de 2013 carregava o amargo título de menor ID-H (Índice de desenvolvimento 
humano) do Estado com o índice de 0,602 (IDH-M, 2000), e apesar de não obter, 
mas os piores números, no último IDH-M, divulgado em julho de 2013, seu ID-H 
diminuiu, passando para o índice de 0,600 (Souza,2013). 
O município apresenta um cenário favorável ao cooperativismo, abrigando 
três cooperativas de segmentos distintos: Cooperativa agropecuária, Cooperativa de 
produção, e cooperativa de crédito, sendo que no último mês foi anunciada a 
chegada de uma segunda cooperativa do segmento financeiro, segmento esse tema 
da presente pesquisa. 
4.2 COOPERATIVA DE CRÉDITO “X” 
A Cooperativa “X”, está em funcionamento no município de Ortigueira desde 
2002, um ano antes da resolução do CMN 3.106/03, que permitiu a livre admissão 
de associados às cooperativas de crédito. Na época de sua implantação a 
cooperativa “X” era a segunda opção em instituição financeira no município, 
segundo informação coletada com o gerente da mesma, e desde então veem 
ganhando força junto à comunidade. 
A cooperativa de crédito analisada desenvolve um projeto juntamente com 
escola da região, com o objetivo de promover práticas de educação com foco nos 
princípios da cooperação e da cidadania. Os alunos têm um método de ensino 
35 
 
diferenciado e já desenvolveram vários projetos sociais, junto à comunidade carente 
do município, com o incentivo da Cooperativa “X”. 
A Cooperativa X busca estar sempre junto à comunidade, contribuindo 
sempre com os eventos organizados pelas igrejas, Rotary e relacionados. Possui 
uma estrutura diferenciada em relação às outras instituições financeiras do município 
(água, cafezinho, banheiros acessíveis, grande número de assentos), oferecendo 
visivelmente mais conforto aos associados e demais usuários da estrutura. 
4.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 
A figura 5 representa o sexo dos associados. De acordo com a pesquisa 
realizada, dos 50 associados que responderam o questionário 62% são homens e 
38% são mulheres. Estes dados demonstram um nicho a ser explorado pela 
cooperativa X, e um dos desafios já apresentados anteriormente, a necessidade de 
se investir em campanhas para atrair o público feminino para o cooperativismo 
financeiro. 
 
 
Figura 05- Sexo dos associados 
Fonte: Autora (2015) 
 
 
62%
38%
Homens
Mulheres
36 
 
A Figura 6 representa a idade dos associados. Segundo os dados os 
associados com mais de 40 anos representam 48% dos entrevistados e somados 
aos 32 % de associados com idade entre 30 e 39 anos, nota-se que o quadro de 
associados é formado por poucos jovens, 20% de seu quadro social. A cooperativa 
X já está desenvolvendo trabalhos para reverter esse quadro, atualmente oferece 
uma conta com taxas especiais para pessoas com até 25 anos, a fim de renovar seu 
quadro associativo e cativar o público jovem. 
 
 
Figura 6- Idade dos associados 
Fonte- Autora (2015) 
 
 
20%
32%
48%
15 á 29 anos
30 á 39 anos
Acima de 40 anos
37 
 
Os associados foram questionados se conheciam as diferenças entre a 
cooperativa de crédito e as instituições financeiras convencionais: O poder de 
decisão do associado, as sobras, a maior preocupação com a comunidade, 
sociedade de pessoas e não de capital, entre outras. Um dos princípios do 
cooperativismo preza pela informação do associado, e formação para o 
cooperativismo, sendo essencial para a prosperidade do empreendimento 
cooperativo o cumprimento do mesmo. A figura 7 demonstra que 70% dos 
associados afirmam conhecer as diferenças, enquanto 30% dizem desconhecer. 
 
 
Figura 7- Conhecimento das diferenças entre cooperativas e bancos 
Fonte: autora (2015) 
 
70%
30%
SIM
NÃO
38 
 
A figura 8 representa a frequência com que os associados participaram de 
uma assembleia geral (Órgão Máximo de decisão em uma cooperativa). Assim, 
38% dos associados participaram de 1 a 3 vezes, 36% dos associados afirmam 
nunca terem participado e 28% participaram mais de 3 vezes. As participações em 
assembleias representam o quanto o associado se envolve com a cooperativa, se 
ele participa das decisões, se ele está interessado em saber como vai os números. 
Essa informação é importante para o presente trabalho, visto que a efetiva 
participação dos associados na gestão das cooperativas de crédito é um dos 
principais desafios para o segmento, os dados abaixo refletem a pouca participação 
do quadro social. O ideal seria que o associado participasse de todas as reuniões, 
como um dono faria com sua empresa. 
 
 
Figura 8 – Participação dos associados na gestão da cooperativa 
Fonte: Autora (2015) 
 
38%
26%
36%
1 a 3 vezes
mais de 3 vezes
nunca participou
39 
 
A figura 9 representa quantos associados da cooperativa que possuem 
conta em outras instituições. Assim, verifica-se que 70% mantêm conta corrente em 
instituições bancárias, sendo assim a pesquisa revela que 30% dos associados têm 
a cooperativa como única opção em instituição financeira. O ideal seria que a 
maioria mantivesse conta apenas com a Cooperativa X, visto que estes associados 
matem conta em outras instituições, por vezes, ou sempre, também utilizaram 
produtos e serviços da concorrência. 
 
 
Figura 9 – tem conta em outra instituição financeira 
Fonte- autora (2015) 
 
70%
30%
SIM
NÃO
40 
 
Afigura 10 demonstra as demais opções financeiras dos associados. É 
importante destacar que, alguns associados possuem contas em mais de um banco, 
portanto a porcentagem é referente à frequência que as instituições foram citadas no 
questionário, em relação aos 70% dos associados que possuem conta corrente em 
outros lugares. Portanto: 47% dos associados mantêm conta corrente no Banco do 
Brasil, 17% no Itaú, 7% Bradesco e 3% em outras instituições. Os dados 
apresentados refletem a realidade do país, como já mostrado anteriormente, o B. do 
Brasil, ocupa o 1° lugar no ranking das instituições financeiras. 
 
 
Figura 10- Bancos em que os associados possuem contas 
Fonte: autora (2015) 
 
47%
17%
7%
3%
B. do Brasil
Itaú
Bradesco
Outros
41 
 
Afigura 11 refere-se aos motivos que levaram os associados a abrir contas 
nas instituições bancárias citadas anteriormente. Este é um fator importante, pois 
nos permite identificar se a Cooperativa X deixa a desejar em relação aos bancos. A 
pesquisa revela que 46% dos associados apenas buscavam outra opção bancária, 
43% já possuíam conta em outra instituição e decidiram manter, 9% citaram outros 
motivos (dificuldade em achar agências em outras cidades, empresa do qual é 
funcionário tem convênio em outra instituição), apenas 2% dos associados 
acreditam que a cooperativa não atende a todos os serviços de uma instituição 
financeira convencional. 
 
Figura 11- Motivos para buscar outras instituições 
Fonte: Autora (2015) 
 
43%
46%
2%
9%
Já tinham conta antes de
abrir na cooperativa
queria ter outra opção
bancaria
acredita que a cooperativa
não atende a todos os
serviços de uma
instituição convencional.
outros
42 
 
A figura12 representa a principal instituição financeira dos associados, ou 
seja, se ele realiza a maioria de suas transações na Cooperativa X. A Pesquisa 
demonstrou que a maioria dos associados, 76% tem a cooperativa como principal 
fonte de soluções financeiras, sendo que os associados que optam aos bancos para 
maior parte de suas movimentações, representam 24%. Esses dados são 
interessantes, pois demonstram a eficiência da cooperativa X na fidelização de seus 
associados, e que ela vem alcançando bons resultados diante do desafio que, “se 
estabelecer como principal instituição financeira de seus associados” representa 
para o cooperativismo financeiro. 
 
 
 
Figura 12- Principal instituição financeira 
Fonte: autora (2015) 
 
76%
24%
cooperativa X
Bancos
43 
 
A figura 13 representa a principal motivação dos associados da cooperativa 
X para fazer parte do quadro social, o que torna ela especial. Esse gráfico é 
fundamental para essa pesquisa, pois destaca os pontos fortes do cooperativismo 
financeiro, em especial na agência de Ortigueira-Pr. Segundo os dados obtidos 74% 
dos entrevistados acreditam que o atendimento diferenciado é a principal fonte de 
motivação para realizarem suas operações com a Cooperativa X. 
 
 
 
Figura 13- Vantagens da Cooperativa de crédito X 
Fonte: Autora (2015) 
 
74%
4%
14%
8%
O atendimento
As taxas
Ser dono da própria
instituição finaceira
outros
44 
 
A figura 14 representa a importância do cooperativismo na vida do 
associado da cooperativa de crédito X, levando em consideração a presença de 
outras cooperativas no município. De acordo com a pesquisa 15% dos associados 
são cooperados de outras cooperativas, não necessariamente do ramo financeiro. 
 
 
 
 
Gráfico 14–Associação em outras cooperativas 
Fonte: Autora (2015) 
 
Com base na pesquisa feita na cooperativa X, localizada no município de 
Ortigueira-PR, através de um questionário respondido por associados, foi possível 
identificar o perfil das pessoas que possuem conta na cooperativa pesquisada, 
assim como o envolvimento dos associados com o cooperativismo financeiro. 
De acordo com os resultados da pesquisa observado nos gráficos a 
cooperativa tem poucos associados do sexo feminino e seu quadro social é 
constituído em sua maioria por pessoas com mais de 30 anos. Essa informação 
demonstra um potencial a ser explorado pela cooperativa X na região, e também 
uma necessidade de trazer pessoas jovens para sua base, visto que a tendência é 
ter um quadro social cada vez mais velho. 
30%
70%
SIM
NÃO
45 
 
A pesquisa nos mostra que o associado tem o hábito de participar da 
gestão da cooperativa, mais ainda a muito a que se trabalhar, na divulgação dos 
diferenciais do cooperativismo financeiro e da importância da participação de todos 
na gestão da cooperativa, visto que alguns associados nunca participaram de uma 
Assembleia Geral, e pior, não tem conhecimento das diferenças entre cooperativas 
financeiras e instituições bancárias. 
Quanto à importância da cooperativa para seus associados, apesar da 
pesquisa demonstrar a tendência dos associados em ter uma segunda opção, ela 
se destaca como principal instituição financeira de uma maioria bastante 
representativa do seu quadro social. Um ponto importante revelado pela pesquisa é 
que os associados não se sentem “Donos” da cooperativa X, vendo no atendimento 
diferenciado (mais pessoal), o maior motivo para fazer parte do negócio, isso de 
acordo com a pesquisa bibliográfica realizada nesse trabalho, representa uma 
fraqueza, pois é essencial para prosperidade do cooperativismo financeiro que seus 
associados vejam, e cuidem da sua cooperativa, como donos que são. 
 
46 
 
5 CONSIDERAÇOES FINAIS 
As cooperativas financeiras no país são vistas como instituições fortes, e a 
cada ano apresentam números mais expressivos, alcançando no último ano um 
crescimento superior às demais instituições financeiras. Muitos desses resultados é 
devido a seus princípios, que valorizam acima de tudo o desenvolvimento humano, 
e a natureza sustentável das cooperativas, que visa a melhoria de vida nas regiões 
onde se instalam. 
O cooperativismo financeiro se comparado as instituições bancárias, ainda 
tem pouco tempo de estrada no país, e analisando o tempo que se manteve 
estagnado por medidas governamentais, alcançou números impressionantes nas 
últimas décadas, demonstrando potencial de se tornar o principal sistema financeiro 
no Brasil. 
O presente trabalho de conclusão de curso teve por objetivo identificar os 
desafios do segmento financeiro do cooperativismo em se estabelecer como 
principal instituição financeira de seus associados. 
A pesquisa bibliográfica realizada evidenciou a gestão embasada nos 
princípios cooperativos, a efetiva participação do quadro social nas decisões sobre 
direcionamento dado ao empreendimento, e a educação cooperativa como pontos 
cruciais na solidez do cooperativismo financeiro. 
O estudo de caso realizado na Cooperativa X (Município de Ortigueira-Pr) 
reafirmou o levantamento teórico feito sobre o tema. O cooperativismo tem muito a 
crescer, renovar suas bases, buscar o público feminino, e atrair os jovens. 
A presente pesquisa também identificou a carência de informação até 
mesmo por parte do quadro social dessas cooperativas de crédito, sendo assim, 
obter o comprometimento dos associados com a causa do cooperativismo 
financeiro, uma educação voltada ao cooperativismo, aumentar a fidelização dos 
associados na busca de soluções financeiras, e uma maior participação dos 
membros na gestão das cooperativas, se mostram como necessidades urgentes, e 
um desafio para as cooperativas de crédito. 
47 
 
REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, Luiz César; GARCIA, Adriana Amadeu; MARTINES, Simone. Gestão de 
processos: Melhores resultados e excelência empresarial. São Paulo: Atlas, 2011. 
BOESCHE, Leonardo. O nascimento do cooperativismo. Disponível em: 
http://cooperativismodecredito.coop.br/historia-do-cooperativismo/acesso em 
12/08/2015. 
CARVALHO, Cláudia. Os desafios de nascer, caminhar e crescer: Sicredi 30 
anos. Mandaguari: Claudia comunicações e eventos, 2015. 
GEDIEL, José Antônio. Os caminhos do cooperativismo. Curitiba: UFPR, 2001. 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: atlas, 
2010. 
KOSLOVSKI, João Paulo. Auto-gestão nas cooperativas: Liberdade com 
responsabilidade. 3. ed. Curitiba: SECOOP-PR, 2004. 
LAGOS, Adriano. 2008.Educação cooperativa: experiência do programa do Sicredi 
“União faz a vida”. Artigo, -Universidade federal do Rio Grande do Sul Centro de 
estudos e pesquisas em agronegócio. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina Andrade. Metodologia científica. São 
Paulo: Atlas,2000. 
LEHFELD, N. A. S.; BARROS, A. J. S. Fundamentos de Metodologia Científica: 
Um guia para a iniciação científica. 2 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 
2000. 
MEINEN, Ênio; PORT, Márcio. Cooperativismo financeiro: percurso histórico, 
perspectivas e desafios. Brasília: Confebras, 2010. 
OCB-GO/SESCOOP-GO. O que é cooperativismo. Disponível em 
http://www.goiascooperativo.coop.br/ Acesso em 20/09/2015. 
PINHO, Diva Benevides; PALHARES, Manual Affonso. O cooperativismo de 
crédito no Brasil: do século XX ao século XXI. Santo André: Confebras, 2004. 
PINTO, Éder Paschoal. Gestão Empresarial: Casos e conceitos de evolução 
organizacional. São Paulo: Saraiva, 2007. 
http://cooperativismodecredito.coop.br/historia-do-cooperativismo/
48 
 
PORTAL COOPERATIVO DO PARANÁ. Disponível em 
www.paranacooperativo.coop.br/ Acesso em 16/10/2015 
PORTAL DO COOPERATIVISMO FINANCEIRO. Sistema Ocepar: símbolos do 
cooperativismo. Disponível em: www.cooperativismodecredito.coop.br/ Acesso em: 
20/09/2015 
PREFEITURA MUNICIPAL DE ORTIGUEIRA. Governo municipal: Dados Gerais. 
Disponível em http://ortigueira.pr.gov.br/pg/governomunicipal/dadosgerais acesso 
em 10/10/2015. 
RICCIARDI,Luiz; LEMOS, Roberto Jenkins. Cooperativa: a empresa do século XXI 
São Paulo: Ltr, 2000. 
SEBRAE. Cooperativa de crédito: Serie empreendimentos coletivos. Disponível 
em: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/ Acesso em: 27/08/2015 
SOUZA, Fernanda. 2015. Estratégia de comercialização. Uma análise de 
oportunidade de mercado para a COORAMEL, Ortigueira-Pr. Trabalho de conclusão 
de curso de Pós-Graduação, Universidade Estadual de Londrina. 
 
http://www.paranacooperativo.coop.br/
http://ortigueira.pr.gov.br/pg/governomunicipal/dadosgerais%20acesso%20em%2010/10/2015
http://ortigueira.pr.gov.br/pg/governomunicipal/dadosgerais%20acesso%20em%2010/10/2015
49 
 
APÊNDICE A 
Questionário 
Sexo ( ) M ( ) F 
IDADE ( ) 15 à 29 ANOS ( ) 30 á 39 ANOS ( ) ACIMA DE 40 ANOS 
 
1. Você conhece a diferença entre uma instituição financeira cooperativa e 
uma instituição financeira convencional (Bancos)? 
( ) SIM ( ) NÃO 
 
2. Quantas vezes participou de uma Assembleia Geral? 
( )1 a 3 vezes ( ) Mais de 3 vezes ( ) Nunca participou 
 
3. Você tem conta em outra instituição financeira além da cooperativa? 
( )SIM ( ) NÃO 
 
4 .Qual instituição? 
( ) B. do Brasil ( ) Itaú ( ) Bradesco ( ) outra 
 
5. Por qual motivo buscou outra instituição financeira? 
a. Já tinha a conta antes de abrir na cooperativa 
b. Queria ter outra opção bancária 
c. Acredita que a cooperativa não atende a todos os serviços de um banco 
tradicional 
d. Outros motivos. Descreva 
_________________________________________________ 
 
 
50 
 
6. Em sua opinião, qual a principal vantagem em ser associado da 
Cooperativa? 
a. O atendimento 
b. As taxas 
c. Ser dono da instituição 
d. Outros. Descreva____________________________________________ 
 
7. Você é associado de alguma outra cooperativa, não necessariamente de 
crédito? 
( ) SIM ( ) NÃO

Mais conteúdos dessa disciplina