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José Guilherme F. de Campos Diogo Palheta Nery Introdução à gestão socioambiental Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza - CRB 8a/6189) Campos, José Guilherme F. de Introdução à gestão socioambiental / José Guilherme F. de Campos, Diogo Palheta Nery. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2021. Bibliografia. e-ISBN 978-65-5536-631-0 (ePub/2021) e-ISBN 978-65-5536-632-7 (PDF/2021) 1. Gestão de empresas : Responsabilidade socioambiental 2. Sustentabilidade 3. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4. Sistema de Gestão Ambiental (SGA) I. Nery, Diogo Palheta II. Título. III. Série. 21-1269t CDD – 658.408 BISAC BUS072000 Índice para catálogo sistemático 1. Gestão de empresas : Desenvolvimento sustentável : Responsabilidade socioambiental 658.408 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . INTRODUÇÃO À GESTÃO SOCIOAMBIENTAL José Guilherme F. de Campos Diogo Palheta Nery M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos de Souza Gerente/Publisher Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Dolores Crisci Manzano (dolores.cmanzano@sp.senac.br) Administrativo grupoedsadministrativo@sp.senac.br Comercial comercial@editorasenacsp.com.br Acompanhamento Pedagógico Monica Rodrigues dos Santos Designer Educacional Caio Kraide Gaeta Revisão Técnica Gabriela Priolli de Oliveira Preparação e Revisão de Texto Camila Lins Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Sidney Foot Gomes Ilustrações Sidney Foot Gomes Imagens Adobe Stock Photos E-pub Ricardo Diana Proibida a reprodução sem autorização expressa. 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Capítulo 1 Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas, 7 1 Questões ambientais: os limites planetários, 8 2 Questões sociais: principais desafios, 16 3 Objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) e a Agenda 2030, 21 Considerações finais, 23 Referências, 23 Capítulo 2 Gestão socioambiental: integrando as organizações à sociedade, 27 1 A evolução das expectativas quanto ao papel das empresas na sociedade, 28 2 Sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e responsabilidade socioambiental, 31 3 Papel da gestão socioambiental na sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, 37 Considerações finais, 42 Referências, 43 Capítulo 3 Estratégia e gestão socioambiental, 45 1 Diferenciação via gestão socioambiental, 46 2 Gestão de stakeholders, 51 3 Índices, relatórios e indicadores de sustentabilidade, 54 4 Planejamento para a sustentabilidade, 56 5 O papel da liderança na criação de uma cultura organizacional sustentável, 57 Considerações finais, 59 Referências, 59 Capítulo 4 Gestão de pessoas e gestão socioambiental, 63 1 Importância do treinamento nas práticas de gestão socioambiental, 64 2 Papel da gestão socioambiental na atração e retenção de talentos, 67 3 Vinculação das recompensas ao desempenho socioambiental, 70 4 Promoção e gestão da diversidade, 73 Considerações finais, 77 Referências, 78 Capítulo 5 Finanças e gestão socioambiental, 81 1 Gestão de riscos socioambientais e finanças, 82 2 Finanças sustentáveis: financiamento e investimento, 89 Considerações finais, 94 Referências, 95 Capítulo 6 Administração da produção e gestão socioambiental, 99 1 Sistema de gestão ambiental (SGA), 100 2 Ecoeficiência, 106 3 Ecoinovação, 109 4 Cadeia de suprimentos verde, 112 Considerações finais, 115 Referências, 116 6 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . Capítulo 7 Marketing e gestão socioambiental, 119 1 A emergência do consumo sustentável, 120 2 Marketing verde e reputação organizacional, 122 3 Selos e certificações socioambientais, 131 Considerações finais, 135 Referências, 136 Capítulo 8 Tendências e novos modelos organizacionais socioambientalmente responsáveis, 139 1 Economia do compartilhamento, servitização, digitalização e plataformas digitais, 140 2 Novos modelos e paradigmas organizacionais, 145 3 Outros conceitos emergentes, 148 Considerações finais, 150 Referências, 151 Sobre os autores, 155 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas Neste capítulo inicial, entenderemos quais as principais questões so- ciais e ambientais contemporâneas. Para tanto, abordaremos estudos e publicações de referência que discutem tais questões de maneira siste- mática, procurando entender a fundo as causas dos problemas e suas potenciais consequências. Embora o cenário atual seja grave, e a necessidade de sua supera- ção, urgente, veremos também, a partir da apresentação dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), como os esforços têm sido dire- cionados para a superação dessas questões. 8 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Questões ambientais: os limites planetários A situação ambiental atual bastante grave é resultado de um pro- cesso histórico pelo qual a humanidade vem passando, principalmente aolongo dos últimos três séculos. Esse processo tem feito com que as condições de vida se tornem cada vez mais desafiadoras e, como consequência, requer que medidas sejam tomadas com urgência para reverter essa tendência. 1.1 A evolução do impacto da humanidade na natureza Durante boa parte da nossa história, a natureza e os recursos natu- rais pareceram inesgotáveis. O grande ponto de virada, quando o ho- mem começou a explorar a natureza em escalas nunca antes vistas, foi a Revolução Industrial, a partir dos séculos XVIII e XIX. O que era feito em escala artesanal/manual passou a ser feito em escalas significa- tivamente maiores. Com a produção industrial em grandes escalas, a formação de mercados de consumo em massa e o crescimento popu- lacional cada vez mais acelerado, a pressão sobre os recursos naturais, a atmosfera e a biosfera passou a ser muito maior. Esse impacto foi re- presentado em um gráfico por pesquisadores que estudam a evolução das emissões dos chamados gases de efeito estufa (GEE), conforme podemos observar a seguir: 9Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Gráfico 1 – Emissões anuais de gás carbônico 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 17 58 17 68 17 78 17 88 17 98 18 08 18 18 18 28 18 38 18 48 18 58 18 68 18 78 18 88 18 98 19 08 19 18 19 28 19 38 19 48 19 58 19 68 19 78 19 88 19 98 20 08 20 18 Fonte: CDIAC (2021). Tamanho tem sido o impacto da humanidade no planeta devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa que o pesquisador e prêmio Nobel de Química Paul Crutzen (CRUTZEN, 2002) argumenta que estamos vivendo uma nova era que traz grandes mudanças ao modo de vida, mudanças que poderiam ser equivalentes às das eras geoló- gicas passadas. O pesquisador denominou essa nova era, ou época, de Antropoceno (do grego antropo, que significa “humano”; e ceno, que signi- fica “era geológica”). Esse impacto da humanidade no ambiente acaba por gerar desdo- bramentos indesejáveis. De um lado, ele agrava problemas já existentes no ambiente. De outro, como consequência esperada, acaba por pre- judicar a própria humanidade, afetando a saúde humana, piorando as condições de vida e o desenvolvimento humano de populações mais vulneráveis. 10 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .Uma teoria polêmica, porém bem fundamentada cientificamente, proposta pelo cientista e ambientalista inglês James Lovelock, chama- da Hipótese de Gaia, alerta que os impactos do homem na natureza po- dem acabar se voltando contra o próprio homem em uma escala catas- trófica. Fazendo alusão principalmente ao aquecimento global, Lovelock (2006) argumenta que a Terra (ou Gaia, que, na mitologia greco-romana, corresponde à deusa da terra e dos seres vivos) é um organismo vivo e que, portanto, age com instinto de sobrevivência, lutando para se man- ter viva. Para isso, inclusive, poderia se “defender” promovendo mudan- ças significativas nas condições do planeta (concentração de gases na atmosfera, vegetação, clima, etc.), com a finalidade de se livrar do que a prejudica. Neste caso, o mais prejudicial seriam os seres humanos, que emitem, por exemplo, altas concentrações de gases geradores do aque- cimento global. Esse “sistema de defesa” da Terra colocaria em risco a própria sobrevivência da humanidade. Não por acaso, Lovelock atribuiu ao seu livro sobre a temática, publicado em 2006, o nome sugestivo de A vingança de Gaia. 1.2 Os limites planetários e a condição de vida na Terra Diversos cientistas, especialistas e ambientalistas apontam, há al- gum tempo, que a humanidade vem explorando em excesso o ambien- te. James Lovelock é um deles. O que não se sabe ou pelo menos não se sabia até duas décadas atrás era até onde a humanidade poderia explorar o ambiente sem que isso fosse uma ameaça à sua própria vida na Terra. Essa dúvida pairava até um cientista sueco, liderando uma grande equipe de cientistas, fazer um esforço para determinar, objetiva e cientificamente, os “limites planetários” (ROCKSTRÖM et al., 2009). Os esforços da pesquisa de Rockström e colaboradores levaram à identificação de nove limites planetários e seus respectivos valores máximos de referência, que a humanidade deve respeitar para manter uma margem de segurança que garanta condições de vida no planeta. 11Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Alguns dos limites já estão sendo ultrapassados pela atividade humana. Outros ainda não. O quadro 1 mostra uma síntese dos limites planetá- rios e de seu estado atual, além de indicadores de mensuração (quando disponíveis segundo o conhecimento científico existente). Quadro 1 – Limites planetários e sua situação atual LIMITE PLANETÁRIO SITUAÇÃO ATUAL E INDICADORES Mudanças climáticas O limite já foi superado: o limite de segurança seria de 350 ppm (partes por milhão), e o nível atual é de 396,5 ppm de concentração de gases de efeito estufa (como o CO2) na atmosfera. Integridade da biosfera O limite já foi mais do que superado: a taxa de extinção de espécies de seres vivos está praticamente dez vezes o limite máximo de segurança. Destruição da camada de ozônio Nível ainda dentro dos limites de segurança: a superfície da camada de ozônio comprometida ainda está dentro dos limites de segurança. Poluição química por substâncias artificiais Limites de segurança ainda não identificados, mas essa questão envolve uma série de substâncias artificiais criadas. Acidificação do oceano Nível ainda dentro dos limites, mas próximo dos limites de segurança: está abaixo do limite da concentração de íons de carbono (valor de 84, não podendo, idealmente, baixar para menos de 80). Consumo de água potável Nível ainda dentro dos limites de segurança: o consumo de água está em 2.600 km3/ano, enquanto o limite está em 4.000 km³/ano. Mudança no uso da terra Limite já superado: o percentual de área florestada global encontra-se em 62%, enquanto o limite inferior deveria ser 75%. Interferências nos fluxos biogeoquímicos do fósforo (P) e do nitrogênio (N) O limite de segurança já foi mais do que superado: sobrecarga de fósforo e nitrogênio; estão praticamente no dobro do limite máximo ideal. Poluição do ar/concentração de aerossóis Limites de segurança ainda não identificados, mas envolve uma série de substâncias artificiais criadas. Limite de segurança já bastante superado Limite de segurança já superado Nível ainda dentro dos limites de segurança Fonte: adaptado de Rockström et al. (2009) e Rockström e Klum (2015). 12 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .Ressaltemos duas observações importantes feitas por Rockström e seus colaboradores sobre a proposição dos limites planetários. Apri- meira é que muitos dos limites se influenciam, podendo levar a resulta- dos imprevisíveis, o que os torna ainda mais críticos. Três deles são es- pecialmente relevantes por afetarem o planeta em escala global e não serem reversíveis: é o caso das mudanças climáticas, da acidificação dos oceanos e da destruição da camada de ozônio. A segunda observa- ção é que, apesar de as estimativas serem globais, os efeitos gerados muitas vezes são sentidos de maneiras diferentes em diferentes regi- ões. Por exemplo, em algumas regiões há abundância de água potável, ao passo que, em outras, falta água potável para consumir. PARA SABER MAIS A proposta dos limites planetários é um esforço sério envolvendo mui- tos pesquisadores, mas os autores reconhecem que é difícil mensurar com extrema precisão o volume que permanece dentro da margem de segurança e ressaltam que a pesquisa está sujeita a alterações confor- me novas evidências científicas surjam. A seguir, explicamos com um pouco mais de detalhe cada limite planetário, suas causas e consequências, com base no próprio tra- balho de Rockström e colaboradores (ROCKSTRÖM et al., 2009; ROCKSTRÖM; KLUM, 2015) e de Singh e Singh (2017): • Mudanças climáticas: representam as alterações em variáveis climáticas (como chuva, temperatura, regime dos ventos, entre outras) devido à mudança nas concentrações de determinados gases de efeito estufa – não somente o gás carbônico, o CO2, mas também outros, como o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). As consequências podem ser diversas, como aumento do nível das águas, aumento da temperatura, desertificação de al- gumas áreas, expansão de doenças transmissíveis por insetos, 13Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. aumento dos eventos climáticos extremos (tempestades, fura- cões, secas, etc.). Grande parte da produção dos estudos, co- nhecimentos e dados acumulados sobre mudanças climáticas ocorre no âmbito do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), esforço internacional que reúne cientistas do mundo todo para estudar as causas e conse- quências dessas alterações. NA PRÁTICA As mudanças climáticas são, com certeza, o tema ambiental mais deba- tido atualmente. Isso se deve a alguns motivos. Primeiro, os efeitos são sentidos em todo o globo, independentemente de as emissões estarem mais concentradas em determinadas regiões. Por isso é que se discute que os esforços para combater as mudanças climáticas via redução das emis- sões têm de ser globais, envolvendo todos os países e seus respectivos go- vernos – o que vem sendo costurado nos acordos internacionais, como o Acordo de Paris, de 2016. É o que chamamos de mitigação das mudanças climáticas. Em segundo lugar, a discussão sobre mudanças climáticas está fortemente presente no âmbito empresarial. Isso fica evidente ao consta- tarmos iniciativas importantes como a criação do mercado de créditos de carbono – previsto inicialmente na convenção Eco-92 e ratificado com o Protocolo de Kyoto, em 1997 – e dos protocolos de mensuração de emis- sões (GHG Protocol). Além disso, as mudanças climáticas causadas pelas emissões dos gases de efeito estufa são provocadas, em menor ou maior grau, direta ou indiretamente, por praticamente todas as indústrias ou se- tores de atividades econômicas. Por último, conforme discutem Barakat e Campos (2019), como o nível de emissões já ultrapassou o limite de 350 ppm e já é possível observar alguns efeitos das mudanças climáticas em diferentes regiões, as empresas, os governos e a população de forma geral já estão tendo de se adaptar aos efeitos dessas transformações. É o que chamamos de adaptação às mudanças climáticas. • Integridade da biosfera: a biosfera envolve todos os organismos vivos que habitam a Terra, incluindo animais, microrganismos, plantas e a sua interação com a água e o ar. Sua destruição direta 14 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .ou indireta (por exemplo, por mudanças na composição da at- mosfera ou por mudanças no clima) leva à perda de sua integri- dade, reduzindo-se quantitativamente o número de organismos e também a diversidade biológica, ao extinguir espécies. • Destruição da camada de ozônio: representa a diminuição de concentração, na atmosfera, de ozônio (O3), gás que forma uma camada que protege os humanos da radiação dos raios ultravio- leta (UV), potencialmente danosos para a saúde. A redução da concentração de ozônio é causada pela presença de certos gases emitidos por indústrias e pelo consumo humano, que geram cer- tos “buracos”, por onde acaba passando tal radiação. Exemplos desses gases são os clorofluorocarbonetos (CFC). • Poluição química por substâncias artificiais: envolve a concentra- ção de substâncias químicas artificiais, ou seja, que não existiam na natureza e foram criadas pelo homem. Incluem substâncias como clorofluorocarbonetos (CFC), materiais radioativos, dentre outras. • Acidificação do oceano: o aumento da concentração de gás car- bônico e o aquecimento da superfície terrestre também levam ao aumento da acidez dos oceanos, afetando grande parte de impor- tantes ecossistemas marinhos, como recifes de corais e algas. Tudo isso leva a importantes consequências: impacto no estoque de peixes, aumento ainda maior na concentração de gás carbôni- co na atmosfera, aumento da temperatura dos oceanos, perda de biodiversidade marinha, dentre outras. • Consumo de água potável: o consumo de água potável envolve duas dimensões. A primeira dimensão é o consumo em si, seja diretamente, para hidratação, uso doméstico e recreação das pessoas; seja indiretamente, via consumo de produtos, alimentos, serviços, entre outros, que também demandam água para serem 15Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. produzidos.1 Uma segunda dimensão que afeta a disponibilidade de água é a poluição da água por diferentes resíduos: efluentes domésticos despejados nas redes de esgoto, efluentes indus- triais (que podem trazer alguns metais pesados, como mercúrio, cromo, zinco e cobre) e efluentes de atividades agrícolas, como fertilizantes e pesticidas (que trazem em sua composição compo- nentes químicos contendo principalmente fósforo e nitrogênio). • Mudança no uso da terra: envolve a redução da cobertura de flo- restas e outros biomas, até então intactos, para o uso em ativida- des humanas, como habitação, agropecuária, entre outras. Tais alterações podem levar ao aumento da concentração de gás car- bônico na atmosfera, à destruição de habitats de organismos e a mudanças na regulação do ciclo de águas regionais. • Interferências nos fluxos biogeoquímicos do fósforo (P) e do ni- trogênio (N): o fósforo e o nitrogênio são elementos químicos, e seus ciclos e fluxos são essenciais à vida na Terra. O aumento da sua concentração por atividades humanas industriais e agrícolas, porém, afeta esses ciclos, gerando consequências graves. Por exemplo, o aumento da concentração de fósforo acomete poten- cialmente os oceanos ao alterar sua composição química, o que pode gerar significativaextinção da vida marinha. Entre as conse- quências do aumento da concentração de nitrogênio, sobretudo devido ao uso de fertilizantes na agricultura, está o aumento da poluição atmosférica (ocorre excesso de nitrogênio, que compõe naturalmente a atmosfera), contribuindo para o aquecimento glo- bal, a degradação do solo, mudanças na composição das plantas e a degradação severa de ecossistemas aquáticos devido à redução da quantidade de oxigênio na água. 1 Chamamos o volume de consumo de água demandado para a produção de bens e serviços de “pegada hídrica”. 16 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Poluição do ar/concentração de aerossóis: resultado de ativida- des domésticas e industriais, refere-se à concentração de partícu- las e substâncias químicas no ar que, em concentração elevada, podem gerar direta ou indiretamente as condições de vida dos seres vivos e plantas e interferir no funcionamento normal dos ecossistemas. Favorece fenômenos como mudanças climáticas, destruição da camada de ozônio e chuva ácida. Exemplos de po- luentes químicos do ar são o monóxido de carbono (CO)(produ- zido pelos carros), o óxido nitroso (N2O), a amônia (NH3) e outras partículas, como poeira fina e metais. PARA PENSAR Você já parou para pensar que a natureza nos presta vários serviços re- levantes? Pense, por exemplo, como a vegetação da Amazônia influen- cia a temperatura e o regime de chuvas no restante do Brasil. Ou reflita como utilizamos os rios, o mar e outras paisagens naturais para nossa recreação, turismo e lazer. O conceito de serviços ecossistêmicos (MIL- LENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005) propõe justamente anali- sar e descrever quais os tipos possíveis de serviços que os diferentes ecossistemas nos fornecem e, em alguns casos, até avaliar quanto ge- ram de valor econômico para determinada região. Outras questões poderiam ser mencionadas, como mobilidade, uso de fontes de energia não renováveis, escassez de recursos naturais, con- sumo excessivo, etc. Não obstante, não as citamos porque todas elas podem ser consideradas, direta ou indiretamente, questões dependentes ou derivadas dos limites planetários. 2 Questões sociais: principais desafios As questões sociais têm uma dinâmica muito diferenciada em com- paração com as questões ambientais. Na maior parte das vezes, elas 17Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. têm efeitos locais, variam muito conforme a região considerada e, prin- cipalmente, conforme o nível de desenvolvimento socioeconômico do país em questão. O que pode ser uma questão socioeconômica impor- tante no sudeste asiático ou na América Latina pode não ter a menor relevância em grande parte dos países da chamada Europa ocidental, onde o nível de desenvolvimento é relativamente elevado. Por outro lado, muitas das questões ambientais, como o aquecimento global, têm um alcance cujas causas e consequências são mundiais. Feita essa importante ressalva, discutiremos a seguir algumas das questões sociais mais relevantes em grande parte dos países. Para isso, tomaremos como referência aquelas que a Organização das Nações Unidas (ONU) elenca como as principais questões sociais contempo- râneas. Algumas das que são mais relevantes para os chamados paí- ses em desenvolvimento, como o Brasil, segundo a ONU (UN, [s. d.]) e a Enciclopédia de questões globais, de Bates e Ciment (2013), são: • Pobreza e desigualdade: a pobreza envolve mais do que apenas falta de renda e recursos econômicos mínimos para a subsistên- cia. Suas outras dimensões incluem fome e desnutrição, restrição de acesso à educação e outros serviços básicos, como sanea- mento e assistência à saúde, discriminação social e exclusão da participação em processos políticos. Quase 10% da população mundial em 2015 vivia abaixo da linha de pobreza, estando, em sua maioria, localizada no sudeste asiático, na África subsaariana e em países com conflitos constantes. A desigualdade de renda, tanto interna quanto entre países, é outro aspecto importante que frequentemente agrava a situação de pobreza. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, segundo mostram sucessivos relatórios da ONG Oxfam. Uma pesquisa de 2017 da entidade (OXFAM BRASIL, 2017) mostrou que 5% detêm a mesma renda que os outros 95% da população brasileira. 18 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Nutrição e segurança alimentar: em 2018, quase 10% da popu- lação mundial enfrentava situação de fome. Isso ocorre sobre- tudo em países de baixo desenvolvimento. Eventos climáticos extremos e variações de preços dos alimentos agravam essa condição. Ao mesmo tempo, a má nutrição leva a outra epide- mia igualmente preocupante: a obesidade e o sobrepeso, estes com maior incidência em países de desenvolvimento mais alto. No Brasil, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) (FAO, 2020), houve expres- siva melhora na questão da fome e desnutrição com o advento de programas de distribuição de renda a partir dos anos 2000. Entre 2017 e 2019, estima-se que pouco menos que 2,5% da po- pulação enfrentava desnutrição, e cerca de 1,5%, uma situação mais agravada de fome. A insegurança alimentar, porém, ain- da é relativamente alta, atingindo cerca de 20% da população. Em termos de sobrepeso e obesidade, os dados mostram um resultado preocupante: em 2016, a parcela da população com sobrepeso chegou a 22%. • Igualdade de gênero: embora equivalham à praticamente me- tade da população global, ainda hoje as mulheres sofrem com a desigualdade de oportunidades, seja em termos de acesso à educação, saúde, emprego e renda, seja em termos de participa- ção e representação política. No Brasil, a situação da desigual- dade de gênero é ainda bastante precária. No ranking do Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 90a posição entre 144 paí- ses. Para citar alguns dados, as mulheres ainda ganham menos – mesmo tendo média de tempo de estudo superior à dos ho- mens –, estão mais sujeitas ao desemprego e possuem baixa representatividade na política nacional. Para agravar o quadro, as situações de violência e assédio ainda afetam pelo menos 20% da população feminina, segundo resume artigo da Fundação Tide Setubal (DESIGUALDADE DE GÊNERO..., 2018). 19Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Saúde: falta de acesso a serviços de cuidado de saúde e medi- camentos e incidência de epidemias levam a uma grande dispa- ridade na expectativa de vida da população em locais em que o nível de desenvolvimento é baixo. Além disso, a falta de medidas preventivas, como acesso à informação, boa alimentação e sa- neamento básico, agrava ainda mais a situação. A saúde públi- ca no Brasil é estruturadaa partir da atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), e cerca de 80% da população brasileira depen- de dele. Alguns problemas enfrentados pelo SUS são a falta de médicos em determinadas regiões (sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e nas periferias urbanas), as longas esperas para mar- car consultas, a falta de leitos e o subfinanciamento da saúde (SOBRINHO, 2018; CARVALHO, 2013). • Direitos humanos e democracia: os direitos humanos são direitos reconhecidos universalmente como inerentes a qualquer pessoa, independentemente da sua situação, do local onde reside, de re- ligião, etnia, gênero ou qualquer outra particularidade. Os direitos humanos incluem direito à vida e à liberdade, direito de estudar e trabalhar, direito de não sofrer qualquer tipo de discriminação, dentre outros. A democracia está muito associada aos direitos humanos, sobretudo no tocante ao direito à liberdade de expres- são e participação política. Muito frequentemente, locais onde a democracia não é plenamente observada enfrentam também situações de transgressão aos direitos humanos. No Brasil, algu- mas das pautas de direitos humanos mais importantes pós-di- tadura militar são a igualdade racial, os direitos das mulheres e minorias sexuais, os direitos da infância e adolescência e o en- frentamento da violência policial (ENGELMANN; MADEIRA, 2015). • Refugiados e migrações em massa: devido a situações diversas, como terrorismo, perseguição política, conflitos violentos e condi- ções de vida precárias, algumas pessoas são obrigadas a migra- rem para outras regiões, sem que possam voltar ao seu local de 20 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . origem. Os refugiados, como são chamados, diferem, portanto, dos migrantes, que optam por mudar voluntariamente de seu local de origem, podendo retornar quando assim desejarem. Em 2018, a ONU estimou a existência de cerca de 70 milhões de refugiados. A situação desses indivíduos afeta também regiões mais ricas, para onde muitas vezes eles se destinam. Em 2018, dados da coordena- ção-geral do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), citados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (SILVA et al., 2020), mostravam que o Brasil recebeu um contingente de pedidos de re- fúgio de pouco mais de 80 mil pessoas. Desse total de refugiados, quase 80% derivam da vizinha Venezuela, que vem enfrentando há alguns anos crises nacionais, e 9% vêm do Haiti, país mais pobre da América e que enfrenta uma situação de convulsão política, so- cial e econômica há várias décadas. • Violência e conflitos armados: algumas regiões passam por con- flitos armados entre grupos que disputam o poder político, eco- nômico ou militar de determinadas regiões. A violência decorren- te do conflito pode ser perpetrada pelo confronto entre governo, milícias armadas e mesmo entre governos de diferentes Estados nacionais quando em disputas territoriais, por exemplo. A situa- ção pode também trazer consequências de longo prazo, como é o caso da existência de minas terrestres como resquício de guerras ou conflitos anteriores pelos quais as regiões ou os paí- ses tenham passado. O Brasil, diferentemente de alguns países, não passa por conflitos armados que ameacem a integridade do território nacional. No entanto, a violência apresenta índices alar- mantes. Em 2018, houve quase 58 mil homicídios no país, e a população carcerária atingiu o número de 800 mil pessoas. Outro problema importante é a atuação de facções criminosas e de milícias, que mantêm o controle de alguns territórios urbanos e operam de forma semelhante a um Estado paralelo. A violência também ressalta a situação de desigualdade socioeconômica, 21Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. geográfica e racial brasileira, já que afeta desproporcionalmente mais a população negra e de regiões menos ricas do país (Norte e Nordeste) (MISSE, 2019; CERQUEIRA; BUENO, 2020). IMPORTANTE Há diversas questões sociais bastante associadas – como consequên- cia ou causa – a questões ambientais. Para citarmos um exemplo, a ONU passou a reconhecer oficialmente uma nova categoria de refugia- dos, os chamados refugiados climáticos, que são pessoas que tiveram de deixar seu local de origem (país ou região geográfica), permanente ou temporariamente, devido a condições ambientais ou climáticas des- favoráveis (MIGRAMUNDO, 2020). 3 Objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) e a Agenda 2030 Dados os desafios sociais e ambientais descritos, a sociedade co- meçou a se mobilizar para tentar compreendê-los e dar passos con- cretos rumo à sua superação. Uma das iniciativas nesse sentido é a proposição dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Os ODS são um conjunto de objetivos propostos no âmbito da ONU com base em uma discussão multilateral e multissetorial envolvendo di- ferentes atores, da qual participaram representantes de governos, empre- sas, entidades da sociedade civil (também conhecidas como organiza- ções sem fins lucrativos) e universidades e institutos de diferentes países. Os ODS foram estabelecidos em 2015, portanto tendo como objetivo que as metas fossem alcançadas em um horizonte de 15 anos, até 2030 – por isso, também são conhecidos como Agenda 2030 (ONU, 2015). 22 Introdução à gestão socioambiental Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .Compõe os ODS um total de 17 objetivos, que se desdobram em 169 metas (ONU, 2015). A figura 1 apresenta os ODS distribuídos por quatro dimensões, a saber: social, ambiental, econômica e institucional. Figura 1 – ODS distribuídos em suas 4 dimensões Dimensão social Dimensão ambiental Dimensão econômica Dimensão institucional Fonte: ONU apud Cal (2017). Discutida durante vários anos, a premissa da proposição dos ODS é que, estabelecendo metas acordadas por um amplo conjunto de ato- res, com um prazo determinado (2030), os esforços para a obtenção de melhorias socioambientais concretas no mundo seriam convergentes e, por isso, os resultados seriam mais facilmente alcançados. Outra pre- missa é a de que, devido à complexidade e ambição das metas – consi- dere, por exemplo, a complexidade de erradicar a pobreza em um hori- zonte de 15 anos –, apenas mediante um esforço coletivo os objetivos poderiam ser alcançados. 23Questões socioambientais urgentes: principais problemáticas M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerações finais Estudamos neste capítulo algumas das principais questões sociais e ambientais contemporâneas e discutimos uma ferramenta que vem sendo empregada no sentido de superá-las. Observamos que, ao mesmo tempo que os limites planetários são desafiados pelas atividades econômicas humanas e pelo modo de vida e consumo contemporâneos, existe uma inegável necessidade de conciliar esses limites com o atendimentodas necessidades básicas humanas de uma vida digna, o que abrange acesso à renda, bens e ser- viços, saneamento, água, alimentos, habitação, dentre outros aspectos. Daí decorre a importância de olhar também para as questões sociais. É justamente da visão que integra as questões ambientais com as ques- tões sociais que resulta a abordagem socioambiental. Uma das propostas para reconhecer a importância dessas com- plexas questões socioambientais, cujas soluções dependem do envol- vimento de muitos atores e, mais do que isso, de medidas efetivas, é refletir em conjunto sobre o futuro que a humanidade quer e se com- prometer a persegui-lo. É a isso que visam os chamados ODS, também conhecidos como Agenda 2030. 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