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||154IRBRDIPLOMATA2015_001_01N861482|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA FASE – PRIMEIRA ETAPA
LÍNGUA PORTUGUESA
Texto para as questões 1 e 2
A distinção entre espetáculo (manifestação legítima1
da cultura) e simulacro (entretenimento da indústria cultural)
tornou-se corrente entre os analistas que se ancoram nos
valores modernistas para a compreensão da pós-modernidade.4
Segundo eles, no campo da produção simbólica e da produção
propriamente cultural, a pós-modernidade estaria se
manifestando e se definindo pela proliferação abusiva e7
avassaladora de imagens eletrônicas, de simulacros, e mais e
mais estaria privilegiando-os. A distinção entre espetáculo e
simulacro é correta e deve ser acatada, pois ajuda a melhor10
compreender o universo simbólico e cultural dos nossos dias.
Como quer Fredric Jameson em Pós-modernidade e
sociedade de consumo, o campo da experiência do homem13
atual se circunscreve às paredes da caverna de Platão: o sujeito
pós-moderno já não fita diretamente, com seus próprios olhos,
o mundo real à procura do referente, da coisa em si, mas é16
forçado a buscar as suas imagens mentais do mundo nas
paredes do seu confinamento. Para ele, permanece a concepção
triádica que temos do signo (significante, significado e19
referente). No entanto, em lugar de se privilegiar o referente,
como acontece nas teorias clássicas e modernistas do realismo,
afirma-se a onipresença da imagem, isto é, da cadeia22
significante. A realidade (se não for abusivo o uso desse
conceito neste contexto) se dá a ver mais e mais em
representações de representações, como querem ainda os25
teóricos da pós-modernidade.
A distinção entre espetáculo e simulacro é correta; no
entanto, em mãos de teóricos modernos, traz em si uma28
estratégia de avaliação negativa da pós-modernidade, muitas
vezes pouco discreta. Ela visa privilegiar o reino da
experiência viva, in corpore, e desclassificar a experiência pela31
imagem, in absentia. Visa também classificar o espetáculo
(que se dá em museus, salas de teatro, de concerto etc.) como
forma autêntica de cultura e desclassificar o simulacro (que se34
dá sobretudo pelo cinema ou vídeo e pela televisão) como
arremedo bastardo produzido pela indústria cultural. O
primeiro leva à reflexão e o outro serve para matar o tempo.37
Visa ainda e finalmente a qualificar os meios de comunicação
de massa como os principais responsáveis pelo aviltamento da
vida pública. Para os idealizadores da distinção e defensores40
do espetáculo está em jogo preservar a todo custo, numa
sociedade que se quer democrática, a possibilidade de uma
opinião pública, e esta só pode se dar plena em uma crítica43
avassaladora dos meios de comunicação de massa, que
divulgam à exaustão imagens e mais imagens simulacros —
para o consumo indigesto das massas.46
Nos países avançados, o jogo entre espetáculo e
simulacro, se não tem como vencedor o espetáculo, termina
certamente pelo empate. Bibliotecas, museus, salas de teatro,49
de concerto, competem — e mais importante: convivem —,
com as salas de cinema, as locadoras de vídeo e a televisão.
Existe público pagante para o espetáculo caríssimo da52
encenação de uma grande ópera em Berlim, Paris ou Nova
Iorque, e existe um grande público não privilegiado
(economicamente, geograficamente, culturalmente etc.) para a55
retransmissão pela TV desse espetáculo ou de outros. Certos
“espetáculos” já nem existem como tal, já surgem como
simulacros, isto é, produzidos só para a transmissão eletrônica.58
No Brasil, a disputa entre espetáculo e simulacro,59
entre modernidade cultural e sociedade de massa, já tem a sua
história. Começa e passa pela discussão em torno do consumo
extremamente restrito do produto literário — o livro — pelo62
mercado brasileiro. Antonio Candido, em ensaio de 1973,
publicado em plena ditadura militar e em época de
alfabetização pelo Mobral, discutia a relação entre literatura e65
subdesenvolvimento e chamava a atenção para o fato de que,
nos países latino-americanos, criava-se uma “condição
negativa prévia” para a fruição de obras literárias — essa68
condição era o número restrito de alfabetizados. O escritor
moderno, da periferia subdesenvolvida, estava fadado a ser
“um produtor para minorias”, já que as grandes massas71
estavam “mergulhadas numa etapa folclórica de comunicação
oral”. Entre parênteses, lembre-se de que, para os pensadores
do iluminismo, o acesso à obra de arte e a subsequente fruição74
dela significavam um estágio superior no processo de
emancipação do indivíduo.
Silviano Santiago. Intensidades discursivas. In: O cosmopolitismo do pobre.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004, p. 125-7 (com adaptações).
QUESTÃO 1
Com relação às ideias desenvolvidas no texto anterior, julgue
(C ou E) os itens subsequentes.
1 Infere-se do texto que uma das características marcantes da
pós-modernidade é a valorização do referente, no contexto das
representações do real.
2 Ao comentar a distinção entre espetáculo e simulacro, o autor
demonstra, com base em analistas do tema, como a
pós-modernidade se manifesta de modo evidente por meio de
uma cultura de espetáculo a ser usufruída pela sociedade.
3 O Brasil, segundo o autor do texto, é um dos países que poderá
resolver a oposição entre espetáculo e simulacro, uma vez que
“já tem a sua história” (R. 60 e 61).
4 O autor do texto comenta que teóricos modernos da
pós-modernidade valorizam a noção de simulacro. Esses
mesmos teóricos passam a dirigir críticas à noção de
espetáculo (que ocorre, por exemplo, em museus).
QUESTÃO 2
Com relação aos sentidos e ao emprego de palavras e expressões no
texto de Silviano Santiago, julgue (C ou E) os itens seguintes.
1 Dados os sentidos do texto e o sentido de oni-, a expressão
“a onipresença da imagem” (R.22) deve ser interpretada, no
texto, como a presença da imagem em todos os lugares e
dimensões.
2 As expressões latinas “in corpore” (R.31) e “in absentia” (R.32)
são utilizadas, no texto, com sentido antitético.
3 A expressão “concepção triádica” (R. 18 e 19),
extratextualmente, poderia também ser utilizada para
representar a Santíssima Trindade, doutrina acolhida pela
maioria das igrejas cristãs.
4 O verbo circunscrever foi empregado no primeiro período
do segundo parágrafo com o sentido de originar, ser a causa
de, derivar.
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_01N861482|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
QUESTÃO 3
Em setembro de 1916, Fernando Pessoa pensava que o
n.º 3 da revista Orpheu ainda poderia vir à luz. E, de fato, chega a
entrar no prelo, imprimindo-se apenas algumas folhas. No sumário,
como se depreende da carta a Cortes Rodrigues de 4 desse mês,
deveriam figurar poemas ingleses do profeta do “supra-Camões” e
“colaboração variada” do seu “velho e infeliz amigo Álvaro de
Campos”. Vale a pena reparar nos adjetivos deploradores que o
poeta junta, nessa data, ao nome do seu heterônimo dileto.
Parece-me ser-nos lícito pensar que nesta altura já Álvaro de
Campos dá indícios de “velhice” e “infelicidade”, ou seja, que
Álvaro de Campos começa a despir a pele que lhe vestiram e, pelo
menos como poeta, a tomar consciência de que a mistificação
“sensacionisto-futurista” lhe não assenta bem. Daí que ao Fernando
Pessoa não de todo desenganado dos “ismos” e ao mesmo Álvaro
de Campos doutrinário, o Álvaro de Campos poeta se lhes
entremostre “velho” e “infeliz”.
Seja como for, o certo é que em setembro de 1916, Pessoa,
que se tem por “reconstruído” nessa altura, parece decidido a “fazer
uma grande alteração na (sua) vida” como confidencia ao amigo
micaelense: “vou tirar o acento circunflexo do meu apelido”.
Realmente, “Pessôa” aparecera sempre, até então, ortografado com
acento circunflexo. Grande alteração na vida: “Pessoa” iria passar
a ser ortografado sem esse inútil apêndice! Sempre à beira do
paradoxo e da boutade, Fernando Pessoa não perde a ocasião de ir
além de si mesmo — de se mistificar a si próprio. Era então o
momento de tomar tão grave medida. Com efeito, tendo apenas
publicado como seu verdadeiro nome, a esta data, além das
Impressões do Crepúsculo, uns versos mais, o fato de ir publicar
agora na Orpheu dois poemas ingleses — “muito indecentes, e,
portanto, impublicáveis em Inglaterra” — levava-o a achar melhor
“desadaptar-se” de uma partícula que lhe prejudicava a projeção
cosmopolita do nome.
Como a Orpheu 3 não chega, porém, a vir à luz,
Fernando Pessoa sem circunflexo tem de esperar pela
publicação da revista Centauro, lançada em fins de 1916
(Outubro–Novembro–Dezembro), para aparecer, de fato, como
autor dos Passos da Cruz.
Pormenor chistoso, boutade do incansável mistificador
Fernando Pessoa, esta “desadaptação” ao circunflexo corresponde,
todavia, a qualquer coisa mais importante do que parece. O poeta
de Gládio atinge por esta altura a sua maioridade poética.
João Gaspar Simões. Vida e obra de Fernando Pessoa. Lisboa:
Livraria Bertrand, 1981, 5.ª edição, p. 393-4 (com adaptações).
A respeito das ideias desenvolvidas no texto acima, julgue (C ou E)
os itens subsecutivos.
1 No texto, o autor informa que o abandono do acento
circunflexo no sobrenome representou, para o poeta
português, uma revolução estética considerável, que faria
do autor de Passos da Cruz um escritor muito mais
vanguardista do que antes.
2 Fernando Pessoa escreveu poemas que não poderiam jamais
ser traduzidos para a língua inglesa, uma vez que na Inglaterra
aqueles mesmos poemas seriam considerados muito
indecentes.
3 Do texto, cujo autor afirma que Fernando Pessoa não
conseguiu ver impressos os seus poemas no número 3 da
revista Orpheu, mesmo porque aquela edição acabou não
sendo publicada, não se pode inferir o motivo da não
publicação da revista.
4 Segundo o autor do texto, durante todo o tempo em que
utilizou o acento circunflexo no sobrenome, o poeta português
estava sendo paradoxal e querendo provocar humor por conta
daquele erro de acentuação.
QUESTÃO 4
Num carro, a caminho do Alto da Boa Vista, sigo1
com alguns jovens — alguns extremamente jovens — que se
embriagam e rompem ampolas de Kelene, em cujo rótulo leio
anestesiante. Sim, é fértil em recursos essa mocidade, mas do4
que precisamente procura ela se anestesiar? Nenhum deles
sofre de algum mal profundo — e, no entanto, esse mal pior de
não sofrer de mal nenhum... — e são hábeis e versados nessas7
coisas de éter e entorpecentes, pronunciando esse nome —
Kelene — com familiaridade, nome sem dúvida mais que usual
nos hospitais, mas que ouço pela primeira vez e onde julgo10
distinguir inquietas ressonâncias, sombrias previsões, o não sei
que tom amputado e doloroso, que reflete salas de hospitais,
asilos de alienados e antros escuros de vícios, todos os lugares13
enfim onde a alma impaciente pode passear sem arroubos
finais seus gritos destruidores. Kelene, mesmo inocente, tem,
no frio do seu jato efêmero e cristalino, toda uma melodia16
secreta de delírios fúnebres, alvorecer em êxtase e
desabrochamento de deliquescências reprimidas. E o que me
espanta é que esses jovens moderados, de atitudes e costumes19
mais que burgueses, a isto se atirem com gritos de prazer e
estremecimentos animais: como que da sombra alguma coisa
mais primitiva e mais antiga do que o próprio homem acorda22
em suas faces necrosadas o gosto do imundo.
Lúcio Cardoso. Diário completo. Rio de
Janeiro: INL, 1970, p. 194-5 (com adaptações).
Com base nas ideias desenvolvidas no texto acima, julgue (C ou E)
os itens que se seguem.
1 Ao mencionar que o produto Kelene provoca “toda uma
melodia secreta de delírios fúnebres” (R. 16 e 17) e “alvorecer
em êxtase” (R.17), o narrador salienta sensações paradoxais
relacionadas à morte e à vida, respectivamente.
2 O narrador informa que o produto Kelene raramente é utilizado
em tratamento psiquiátrico.
3 O texto evoca o estranhamento do narrador em relação
a jovens que não teriam qualquer razão perceptível para
usar Kelene, bem como ao fato de que nenhum dos jovens
ofereceu-lhe o anestesiante.
4 No texto, não há qualquer evidência de que o narrador,
possivelmente mais idoso que as demais pessoas que o
acompanham, seja usuário do produto descrito.
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_01N861482|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
QUESTÃO 5
Celso Cunha tinha, na minha geração literária, a1
posição que, na geração anterior à nossa, coube a Souza da
Silveira. Ou seja: a do mestre que, conhecendo profundamente
a língua portuguesa, nas suas minúcias e no seu conjunto,4
associou a esse saber admirável a sensibilidade de quem
nascera para apreciá-la na condição de obra de arte.
Antes do mestre das Lições de Português, tivéramos7
aqui as sucessivas gerações dos professores que se
consideravam exímios na colocação dos pronomes, na guerra
sistemática aos galicismos, na sujeição aos modelos clássicos,10
e, com isto, impunham mais o terror gramatical que o saber
verdadeiro.
Houve quem passasse a escrever registo, em vez13
de registro, e preguntar, em vez de perguntar, porque assim
se escrevia em Portugal. Já ao tempo de José de Alencar,
um publicista ríspido, José Feliciano de Castilho, viera de16
Lisboa para o Rio de Janeiro, com a missão de ensinar-nos a
escrever como se escrevia em Portugal. Daí a reação do
romancista cearense no prefácio de seus Sonhos d’Ouro, em19
1872: “Censurem, piquem, ou calem-se, como lhes aprouver.
Não alcançarão jamais que eu escreva, neste meu Brasil, coisa
que pareça vinda em conserva lá da outra banda, como a fruta22
que nos mandam em lata.”
Josué Montello. Mestre Celso Cunha. In: Cilene da Cunha
Pereira, Paulo Roberto Dias Pereira (Orgs.). Miscelânea de estudos
linguísticos, filológicos e literários in memoriam Celso Cunha.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995, p. 57-8 (com adaptações).
Com relação a aspectos gramaticais do texto acima, julgue (C ou E)
os próximos itens.
1 Na oração ‘como lhes aprouver’ (R.20), foi empregada uma
forma flexionada do verbo aprazer, cujo radical é o mesmo
que o do adjetivo aprazível, de uso corrente na atualidade.
2 Em razão do arranjo sintático na expressão “na geração
anterior à nossa” (R.2), torna-se obrigatório o emprego do sinal
indicativo de crase, apesar de esta preceder um pronome
possessivo.
3 O emprego da expressão explicativa “Ou seja” (R.3) no início
de período revela que, em 1995, ano de publicação do texto, já
estava em curso essa variante sintática — substituição da
vírgula que deveria isolar essa expressão por ponto final —, a
qual só recentemente foi abonada nas gramáticas normativas,
desde que, no período assim construído, esteja explícita a
oração principal.
4 Os elementos semântico-sintáticos do fragmento de texto
apresentado são insuficientes para se depreender a referência
da expressão “mestre das Lições de Português” (R.7).
Texto para as questões 6 e 7
Nestes quatrocentos anos de colonização literária,1
recebemos a influência de muitos países. Sempre tentamos
reproduzir, com todas as minudências, a língua, as ideias, a
vida de outras terras. Não sei donde vem esse medo que temos4
de sermos nós mesmos. Queremos que nos tomem por outros. 
(...)
Na literatura de ficção é que a falta de caráter dos7
brasileiros se revelou escandalosamente. Em geral, os nossos
escritores mostraram uma admirável ignorância das coisas que
estavam perto deles. Tivemos caboclos brutos semelhantes aos10
heróis cristãos e bem-falantes em excesso. Os patriotas do
século passado, em vez de estudar os índios, estudaram tupi
nos livros e leram Walter Scott. Tivemos damas das camélias13
em segunda mão. Tivemos paisagens inúteis em linguagem
campanuda, pores do sol difíceis, queimadas enormes, secas
cheias de adjetivos. José Veríssimo construiu um candeeiro em16
não sei quantas páginas.
Muito pouco — rios, poentes cor de sangue,
incêndios, candeeiros.19
Os ficcionistas indígenas engancharam-se
regularmente na pintura dos caracteres. Não mostraram os
personagens por dentro: apresentaram o exterior deles, os22
olhos, os cabelos, os sapatos, o número de botões. Insistiramem pormenores desnecessários, e as figuras ficaram paradas.
Os diálogos antigos eram uma lástima. Em certos25
romances, os indivíduos emudeciam, em outros, falavam
bonito demais, empregavam linguagem de discurso. Dois
estrangeiros, perdidos nas brenhas, discutiam política,28
sociologia, trapalhadas com pedantismo horrível, que se
estiravam por muitas dezenas de folhas. Via-se perfeitamente
que o autor nunca tinha ouvido nada semelhante ao palavrório31
dos seus homens.
Felizmente, vamo-nos afastando dessa absurda
contrafação de literaturas estranhas. Os romancistas atuais34
compreenderam que, para a execução de obra razoável, não
bastam retalhos de coisas velhas e novas importadas da França,
da Inglaterra e da Rússia.37
(...)
O que é certo é que o romance do Nordeste existe e
vai para diante. As livrarias estão cheias de nomes novos. Não40
é razoável pensarmos que toda essa gente escreva porque um
dia o Sr. José Américo publicou um livro que foi notado com
espanto no Rio:43
— Um romance do Nordeste! Que coisa
extraordinária!
Graciliano Ramos. In: Thiago Mio Salla (Org.). Garranchos/Graciliano
Ramos. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 138-9 (com adaptações).
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_01N861482|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
QUESTÃO 6
Com base nas ideias desenvolvidas no texto anterior, julgue
(C ou E) os itens seguintes.
1 Graciliano Ramos, ao mencionar fatos que revelam a influência
da visão eurocêntrica na literatura de ficção produzida no
Brasil, aponta a “falta de caráter dos brasileiros” (R. 7 e 8),
expressão em que, dados os sentidos do texto, o vocábulo
“caráter” deve ser interpretado na acepção de falta de
qualidade peculiar.
2 A frase “Tivemos damas das camélias em segunda mão”
(R. 13 e 14) expressa, em linguagem figurada, o que Graciliano
denomina “contrafação de literaturas estranhas” (R.34) e, como
indica o emprego da expressão “em segunda mão”, o
desapreço do autor à produção literária que revelava tal
influência.
3 A sentença “José Veríssimo construiu um candeeiro em não sei
quantas páginas” (R. 16 e 17) é metáfora que expressa a crítica
de Graciliano à descrição pormenorizada utilizada por José
Veríssimo, em detrimento da construção de personagens
verossímeis e de obras em cujo enredo ações e diálogos fossem
adequados às figuras nelas retratadas.
4 Depreende-se do texto que, segundo o autor, a colonização
cultural no Brasil ultrapassou o período da colonização
política, fato evidenciado na dificuldade de afirmação da
identidade literária brasileira.
QUESTÃO 7
Julgue (C ou E) os próximos itens, relativos a aspectos gramaticais
do texto de Graciliano Ramos.
1 A expressão “toda essa gente” (R.41) retoma o complemento do
adjetivo “cheias” no segmento de sentido conotativo “cheias de
nomes novos” (R.40).
2 O termo “de outras terras” (R.4) especifica os três núcleos do
complemento do verbo “reproduzir” (R.3) — “língua”, “ideias”
e “vida”.
3 Dada a posição que ocupa na oração, o termo adverbial “Na
literatura de ficção” (R.7) deveria estar isolado por vírgula, se
atendido o rigor gramatical.
4 Os termos “escandalosamente” (R.8) e “bonito” (R.27) exercem,
nas orações a que pertencem, a mesma função sintática.
QUESTÃO 8
Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras. 1
Sou formado em desencontros. 
A sensatez me absurda.
Os delírios verbais me terapeutam.4
Posso dar alegria ao esgoto (palavra aceita tudo).
(E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso
porque não encontrava um título para os seus poemas.7
Um título que harmonizasse os seus conflitos. Até que
apareceu Flores do mal. A beleza e a dor. Essa antítese o 
acalmou.)10
As antíteses congraçam.
Manoel de Barros. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 49.
Julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos ao poema de Manoel
de Barros.
1 No trecho “E sei de Baudelaire que passou muitos meses
tenso” (v.6), a omissão da vírgula necessária para isolar a
oração adjetiva explicativa introduzida pelo pronome “que” é
desvio da norma gramatical circunscrito à denominada
licença poética. 
2 O último verso do poema — “As antíteses congraçam” —
resume o que a própria composição dos demais versos
demonstra.
3 As palavras “inconexo” (v.1) e “absurda” (v.3) foram formadas
pelo mesmo processo de derivação, que resulta em mudança de
categoria gramatical de um vocábulo, sem que haja alteração
morfológica.
4 O uso da função fática da linguagem na oração “palavra aceita
tudo” (v.5) ressalta o didatismo que permeia o poema.
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_01N861482|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
QUESTÃO 9
O subúrbio de S. Geraldo, no ano de 192..., já1
misturava ao cheiro de estrebaria algum progresso. Quanto
mais fábricas se abriam nos arredores, mais o subúrbio se
erguia em vida própria, sem que os habitantes pudessem dizer4
que transformação os atingia. Os movimentos já se haviam
congestionado e não se poderia atravessar uma rua sem
desviar-se de uma carroça que os cavalos vagarosos puxavam,7
enquanto um automóvel impaciente buzinava atrás lançando
fumaça. Mesmo os crepúsculos eram agora enfumaçados e
sanguinolentos. De manhã, entre os caminhões que pediam10
passagem para a nova usina, transportando madeira e ferro, as
cestas de peixe se espalhavam pela calçada, vindas, através da
noite, de centros maiores. Dos sobrados desciam mulheres13
despenteadas com panelas, os peixes eram pesados quase na
mão, enquanto os vendedores em mangas de camisa gritavam
os preços. E quando, sobre o alegre movimento da manhã,16
soprava o vento fresco e perturbador, dir-se-ia que a população
inteira se preparava para um embarque.
Clarice Lispector. A cidade sitiada. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 15-6.
Com referência às ideias e às estruturas do texto acima,
julgue (C ou E) os itens que se seguem.
1 Os segmentos “um automóvel impaciente buzinava” (R.8) e
“entre os caminhões que pediam passagem” (R. 10 e 11)
expressam a mesma figura de linguagem.
2 No primeiro período do texto, Clarice Lispector, em linguagem
figurada, refere-se ao contexto híbrido do subúrbio de
S. Geraldo na década de 20 do século passado, resultante
da chegada do progresso.
3 A relação estabelecida entre as duas primeiras orações do
segundo período do texto expressa a proporcionalidade da
mudança em curso no subúrbio de S. Geraldo.
4 Sem prejuízo para o sentido da oração “que transformação os
atingia” (R.5), a autora poderia ter optado pelo emprego do
artigo a logo após o termo “que”, empregado como conjunção
integrante.
Texto para as questões de 10 a 12
Distingo, no português histórico, dois períodos1
principais: o português antigo, que se escreveu até os primeiros
anos do século XVI, e o português moderno. Robustecida e
enriquecida de expressões novas, a linguagem usada nas4
crônicas desse segundo período, que relatam os
descobrimentos em África e Ásia e os feitos das armas
lusitanas no Oriente, culmina no apuro e no gosto do português7
moderno d’Os Lusíadas (1572). É o século da Renascença
literária, e tudo quanto ao depois se escreve é a continuação da
linguagem desse período. E como não ficou estacionário o10
português moderno, denominou-se quinhentista, seiscentista,
setecentista a linguagem própria a cada era. Reservo a
denominação de português hodierno para as mudanças13
características do falar atual criadas ou fixadas recentemente,
ou recebidas do século XIX, ou que por ventura remontam ao
século XVIII. 16
Limites entre os diversos períodos não podem ser
traçados com rigor. Ignoram-se a data ou o momento exato do
aparecimento de qualquer alteração linguística. Neste ponto,19
nunca será a linguagem escrita, dada a sua tendência
conservadora, espelho fiel do que se passa na linguagem
falada. Surge a inovação, formulada acaso por um ou poucos22
indivíduos; se tem a dita de agradar, não tarda a generalizar-se
o seu uso no falar do povo. A gente culta e de fina casta
repele-a, a princípio, mas, com o tempo, sucumbeao contágio.25
Imita o vulgo, se não escrevendo com meditação, em todo o
caso no trato familiar e falando espontaneamente. Decorrem
muitos anos, até que por fim a linguagem literária, não vendo28
razão para enjeitar o que todo o mundo diz, se decide a aceitar
a mudança também. Tal é, a meu ver, a explicação não
somente de fatos isolados, mas ainda do aparecimento de todo31
o português moderno. 
Não é de crer que poucos anos depois de 1500, quase
que bruscamente e sem influxo de idioma estranho, cessassem34
em Portugal inveterados hábitos de falar e se trocasse o
português antigo em português moderno. Nem podemos
atribuir a escritores, por muito engenho artístico que tivessem,37
aptidões e autoridade para reformarem, a seu sabor, o idioma
pátrio e sua gramática. Consistiria a sua obra antes em elevar
à categoria de linguagem literária o falar comum,40
principalmente o das pessoas educadas, tornando-o mais
elegante e desterrando locuções que lhe dessem aspecto menos
nobre. Mas os escritores antigos evitavam afastar-se da prática43
recebida de seus avós e, posto que muitas concessões tivessem
de fazer ao uso para serem entendidos, propendiam mais a
utilizar-se de recursos artificiais que dessem ao estilo certo ar46
de gravidade e acima do vulgar.
O século XVI, descerradas as cortinas que encobriam
o espetáculo de novos mundos, e dada a facilidade de pôr a49
leitura das obras literárias ao alcance de todos, graças ao
desenvolvimento da imprensa, devia fazer cessar a superstição
do passado, mostrar o caminho do futuro e ditar a necessidade52
de se exprimirem os escritores em linguagem que todos
entendessem. Resolveram-se a fazê-lo. Serviram-se da
linguagem viva de fato, como o demonstram os diálogos das55
comédias de então, que reproduzem o falar tradicional da gente
do povo. Trariam estes diálogos os característicos gramaticais
do português antigo, se fosse este ainda o idioma corrente.58
M. Said Ali. Prólogo da Lexeologia do português histórico, 1.ª ed. 1921.
In: Gramática histórica da língua portuguesa. 8.ª ed. rev. e atual. por
Mário Eduardo Viaro. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília, DF:
Editora Universidade de Brasília, 2001, p. 17-8 (com adaptações).
 
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QUESTÃO 10
Acerca das ideias do texto de M. Said Ali, julgue (C ou E) os itens
que se seguem.
1 Infere-se do desenvolvimento das ideias no segundo parágrafo
do texto que pessoas instruídas inicialmente rejeitam uma
inovação na língua; entretanto, passado algum tempo,
incorporam-na à escrita, de forma refletida, assim como à
linguagem empregada nos relacionamentos íntimos e no
cotidiano.
2 Segundo o autor, os escritores portugueses, tendo adotado,
após 1500, o falar comum da gente instruída em suas obras
literárias, refinando-o, atingiram seu intento de transformar a
língua oral e reformar o português antigo.
3 Depreende-se do texto que, nas crônicas escritas em português
moderno, a linguagem, fortalecida e renovada, atingiu seu mais
alto grau de aperfeiçoamento e estilo.
4 As noções de tempo “hodierno” (R.13), “atual” (R.14) e
“recentemente” (R.14) têm como referência o século XX.
QUESTÃO 11
Julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito de elementos
coesivos e do vocabulário do texto de M. Said Ali.
1 Na linha 17, a expressão “os diversos períodos” refere-se não
só à oposição entre português antigo e moderno, mas também
aos períodos que compõem o português moderno, como o
seiscentista, o setecentista e até o do português hodierno. 
2 O vocábulo “inveterados” (R.35) foi empregado como
sinônimo de obsoletos, podendo ser substituído por essa
palavra sem prejuízo para o sentido e para a correção
gramatical do texto.
3 As formas verbais “sucumbe” (R.25) e “desterrando” (R.42), que
poderiam ser corretamente substituídas, respectivamente, por
não resiste e livrando-se de, foram assim empregadas no
texto: a primeira, em sentido denotativo, e a segunda, em
sentido conotativo.
4 Em textos contemporâneos, a expressão “por ventura” (R.15)
tem como variante o vocábulo porventura, cujo sentido
equivale a talvez.
QUESTÃO 12
Cada um dos itens subsequentes apresenta uma proposta de
reescrita de trecho do texto de M. Said Ali, que deve ser julgada
certa se estiver devidamente pontuada e gramaticalmente correta e
mantiver as informações do texto, ou errada, em caso contrário.
1 “Decorrem muitos anos, até que por fim a linguagem literária,
não vendo razão para enjeitar o que todo o mundo diz, se
decide a aceitar a mudança também.” (R. 27 a 30): Passa-se
muito tempo, até que a linguagem literária, finalmente, por não
encontrar motivo para repelir aquilo que todas as pessoas
falam, resolve anuir à alteração também.
2 “Mas os escritores antigos evitavam afastar-se da prática
recebida de seus avós e, posto que muitas concessões
tivessem de fazer ao uso para serem entendidos, propendiam
mais a utilizar-se de recursos artificiais que dessem ao estilo
certo ar de gravidade e acima do vulgar.” (R. 43 a 47): Porém
os escritores antigos furtavam-se a distanciar-se do uso
adquirido de seus avós e, uma vez que diversas transigências
se tivesse de fazer à prática a fim de serem compreendidos,
inclinavam-se mais a empregar meios factícios que
imprimissem ao seu modo de escrever alguma mostra de
sobriedade e superior ao popular.
3 “Neste ponto, nunca será a linguagem escrita, dada a sua
tendência conservadora, espelho fiel do que se passa na
linguagem falada.” (R. 19 a 22): A linguagem escrita nesse
aspecto jamais será cópia exata àquilo que ocorre na linguagem
oral, por sua propensão tradicionalista.
4 “Surge a inovação, formulada acaso por um ou poucos
indivíduos; se tem a dita de agradar, não tarda a generalizar-se
o seu uso no falar do povo.” (R. 22 a 24): A novidade aparece,
criada, talvez, por uma ou algumas pessoas; se elas tem a sorte
de satisfazer o povo, não demora a propagar-se a utilização
na fala.
 
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Texto para as questões 13 e 14
No modesto apartamento em que mora na rua Conde1
de Bonfim, Graciliano Ramos mostrou-me alguns originais dos
seus trabalhos. Via de regra, escreve em papel sem pautas, de
um só golpe, ao calor da composição. A forma definitiva vem4
depois. Emenda muito. E até mesmo quando passa a limpo,
com sua letra explicativa de escrevente de cartório, corta muita
coisa, tudo o que depois vai achando ruim. Às vezes risca7
linhas inteiras. As palavras morrem sob o traço forte de tinta de
uma igualdade assombrosa, como feito à régua.
Graciliano guarda os originais dos livros já10
publicados. Assim pude verificar um curioso detalhe da feitura
de Vidas Secas. Os capítulos, datados, indicaram-me a
ausência de seguimento na elaboração da narrativa. “Baleia”,13
o nono capítulo, foi o primeiro a ser escrito, em 4 de maio de
1937. Um mês e pouco depois, precisamente no dia 18 de
junho, escreveu o quarto capítulo, “Sinha Vitória”. E assim16
todo o livro, que não obedeceu a nenhum plano antecipado. 
— Escrevi a história de um cachorro de meu avô —
conta o romancista, cigarro Selma com ponta de cortiça entre19
os dedos queimados de fumo. — Os episódios foram-se
amontoando. O livro foi crescendo. E assim arrumei Vidas
Secas, que pensei em chamar “O mundo coberto de penas”,22
título de um dos capítulos do livro.
A vida de Graciliano Ramos está sempre presente na
sua obra, no que ela tem de mais humano e doloroso. 25
— Caetés é uma história de Palmeira dos Índios. São
Bernardo se passa em Viçosa. Angústia tem um pouco do
Rio, um pouco de Maceió e muito de mim mesmo. Vidas28
Secas são cenas da vida de Buíque [Pernambuco].
Todos esses romances exigiram do autor um longo e
penoso trabalho de composição.31
— Não sou como José Américo — disse —, que
primeiro escreve na cabeça e depois transporta o livro para o
papel. A obra de criação, para mim, é quase sempre imprevista.34E espontânea. Refaço tudo, depois. Escrever dá muito trabalho.
A gente muitas vezes não sabe o que vai fazer. Sai tudo diverso
do que se imaginou.37
Francisco de Assis Barbosa. Graciliano Ramos, aos cinquenta
anos. Reportagem biográfica. In: jornal Diretrizes, Rio de Janeiro:
Fundação Biblioteca Nacional RJ, 1942. Apud: Ieda Lebensztayn
e Thiago Mio Salla (Orgs.). Conversas – Graciliano Ramos. 3.ª ed.
R i o d e J a n e i r o : R e c o r d , 2 0 1 4 , p . 1 1 9 - 2 0 .
QUESTÃO 13
A respeito da linguagem e do vocabulário empregados no texto
anterior, julgue (C ou E) os itens seguintes.
1 No terceiro parágrafo, o repórter abandona a narrativa e, sem
intervir, reproduz, em discurso direto, o relato de Graciliano
Ramos acerca da produção de Vidas Secas.
2 Embora contenha trechos de fala, o texto está isento de
coloquialismo.
3 No primeiro parágrafo, o emprego, em sentido figurado, do
substantivo “calor” (R.4) e da forma verbal “morrem” (R.8)
contribuiu para a expressividade da linguagem dos segmentos
em que esses vocábulos se inserem.
4 Depreende-se que a qualidade de “explicativa” (R.6), atribuída
à letra de Graciliano Ramos pelo autor do texto, foi empregada
com o sentido de clara, legível, inteligível.
QUESTÃO 14
Julgue (C ou E) os próximos itens, a propósito das ideias e de
aspectos morfossintáticos do texto de Francisco de Assis Barbosa. 
1 Depreende-se do texto que poucas vezes Graciliano Ramos
escreveu de chofre, mas quando o fez, reescreveu tudo depois,
ao passar a limpo, e é por isso que, para ele, escrever era muito
trabalhoso.
2 As informações e a correção gramatical do texto seriam
preservadas, caso a conjunção aditiva “E” (R. 5 e 16) fosse
grafada em minúscula; o ponto final que a antecede fosse
substituído por vírgula; e, apenas na ocorrência da linha 5, essa
conjunção fosse seguida de vírgula.
3 A supressão da vírgula empregada logo após “livro” (R.17)
atenderia às normas gramaticais, porém violaria a coerência do
texto.
4 O trecho “A vida de Graciliano Ramos está sempre presente na
sua obra, no que ela tem de mais humano e doloroso.”
(R. 24 e 25) poderia ser reescrito, sem prejuízo das informações
originais do texto e de sua correção gramatical, da seguinte
forma: Está sempre presente na obra de Graciliano Ramos
aquilo que, na sua vida, é mais humano e doloroso.
 
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POLÍTICA INTERNACIONAL
QUESTÃO 15
Acerca da política externa norte-americana e das relações entre
EUA e Brasil, julgue (C ou E) os seguintes itens.
1 Nos últimos dois anos, os EUA deixaram de ser o principal
parceiro comercial do Brasil — posto ocupado pela China —,
tornando sua relação comercial com o Brasil deficitária,
embora mantenham o padrão de concentrar suas compras
em matérias-primas e suas vendas em produtos industrializados
e serviços.
2 EUA e Brasil estabeleceram estratégia de cooperação
educacional por meio de um plano de ação negociado em nível
ministerial, no qual se evitou envolver o setor privado,
especialmente no programa Ciência sem Fronteiras, uma vez
que a pesquisa de ponta concentra-se em universidades
públicas nos EUA.
3 Devido ao apoio explícito dos EUA ao seu pleito por um
assento permanente no Conselho de Segurança da ONU,
o Brasil vem reconhecendo publicamente os avanços do país
norte-americano em suas negociações diretas com a Federação
Russa em favor do desarmamento nuclear.
4 Os temas prioritários nas relações bilaterais entre EUA
e Brasil incluem a cooperação visando reduzir as
desigualdades de gênero e eliminar progressivamente a
violência contra a mulher e o tráfico de mulheres, cuja
implementação consta em documento específico.
QUESTÃO 16
A propósito das relações entre a União Europeia e o Brasil, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
1 Brasil e União Europeia continuam a cooperar em áreas
de comércio, investimento e negócios, inclusive via
negociação de acordo preferencial UE-MERCOSUL, uma vez
que compartilham a frustração de ver adiada a conclusão da
Rodada Doha.
2 As exportações brasileiras de maquinarias, equipamentos de
transportes e químicos comparam-se às de minérios e
combustíveis, respondendo por cerca de um quarto das
exportações brasileiras para a região, sendo, ainda, inferior às
exportações de produtos agrícolas. 
3 Representantes de alto nível da Comissão Europeia e dos
ministérios brasileiros do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, da Previdência Social e do Trabalho e Emprego
reúnem-se periodicamente para promover a cooperação sobre
políticas sociais em temas como mudanças demográficas,
direitos de trabalhadores migrantes e regimes especiais para
trabalhadores rurais, entre outros.
4 No marco de sua parceria estratégica, Brasil e União Europeia
estabeleceram um plano de ação conjunto que enfatiza, com
respeito à paz e à segurança, ações como a promoção dos
direitos humanos e da democracia, a defesa da justiça
internacional e o fortalecimento do sistema multilateral.
QUESTÃO 17
No que se refere à União Sul-Americana de Nações (UNASUL),
julgue (C ou E) os itens subsecutivos.
1 A UNASUL visa aprofundar a cooperação regional; evita,
pois, objetivos de integração regional, para não criar
resistências políticas. Os esforços em prol da cooperação se
empreendem no seio de seus doze conselhos, entre os quais se
destacam o de educação e o de criação de medidas de
confiança mútua.
2 O Conselho de Defesa da UNASUL fixa a diretriz de reger-se
pelos princípios estabelecidos nas cartas da ONU e da OEA,
bem como pelos mandatos e decisões do Conselho de Chefas
e Chefes de Estados e de Governo da UNASUL, respeitando,
entre outros princípios, a soberania e a integridade dos
Estados.
3 Entre os objetivos da UNASUL, figura o de promover a
democracia, inclusive pela mediação de crises internacionais
ou internas dos países membros, como ocorreu nos casos da
tentativa separatista do Pando, na Bolívia, da sublevação da
Polícia Nacional do Equador e da crise entre Colômbia e
Venezuela.
4 Como principal foro de condução do processo de integração da
infraestrutura física sul-americana, a IIRSA implementa os
consensos políticos a que chegam os ministros de pastas de
infraestrutura dos países-membros da UNASUL, restando ao
COSIPLAN a tarefa de levantar os recursos para realizar os
investimentos.
QUESTÃO 18
Julgue (C ou E) os itens subsequentes, relativos à política externa
inglesa e suas relações com o Brasil.
1 O Reino Unido busca fazer do Brasil via de acesso aos
mercados sul-americanos, razão pela qual tenta convencer os
parceiros europeus a usarem o tratado de livre comércio
existente entre Brasil e Reino Unido como base de negociação
do acordo de livre comércio UE-MERCOSUL.
2 A comunidade brasileira no Reino Unido é de cerca de 130 mil
cidadãos. Essa dimensão das relações bilaterais vem ganhando
relevância nos últimos anos, o que levou o governo brasileiro
a instalar, há poucos anos, um Conselho de Cidadãos
Brasileiros no Reino Unido.
3 O governo do Reino Unido considera desafios para a
realização de negócios no Brasil a complexidade do sistema
fiscal; a alta carga tributária; a importância das relações
pessoais; os altos níveis de corrupção e as longas viagens e
variações culturais entre cidades e estados do Brasil.
4 Como consequência dos diálogos estratégicos de alto nível
empreendidos pelos chefes de governo, o intercâmbio
comercial entre o Brasil e o Reino Unido mais que triplicou
nos últimos dez anos, alçando o Brasil ao grupo dos dez
principais parceiros comerciais do Reino Unido.
 
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QUESTÃO 19
Com relação às políticas externas da Rússia e da Alemanha e suas
respectivas relações com o Brasil, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1 Amplamente superavitária em seu comércio com o Brasil, a
Alemanha concentra suas exportações em produtos
manufaturados e importa, sobretudo, produtos básicos, como
café, minérios e farelo de soja.
2 AAlemanha celebrou com o Brasil o Acordo sobre Parceria e
Cooperação em Matéria de Segurança Pública, visando apoiar
o Brasil na modernização de sua Polícia Federal, em troca das
experiências brasileiras na organização de grandes eventos
esportivos.
3 A Federação Russa vem utilizando o BRICS como instrumento
para fomentar o seu comércio bilateral com os demais países
do agrupamento, o que levou ao crescimento sustentado de seu
saldo comercial com o Brasil, que hoje figura entre os doze
maiores parceiros comerciais russos.
4 Brasil e Rússia convergem sobre temas da agenda
internacional, como a reforma das estruturas de governança
global, inclusive do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, mas divergem a respeito das ações destinadas a criar
o Arranjo Contingencial de Reservas do BRICS.
QUESTÃO 20
Julgue (C ou E) os seguintes itens, que se referem às políticas
externas brasileira e argentina e às relações entre os dois países. 
1 A Argentina concentra suas exportações ao Brasil, seu
principal parceiro comercial, em produtos básicos e suas
importações, em serviços e produtos químicos.
2 Os princípios que Brasil e Argentina compartilham na
condução de suas respectivas políticas externas incluem a
promoção da independência nacional e da integração regional
na América Latina, o respeito aos direitos humanos e o
fortalecimento do multilateralismo e do direito internacional.
3 Em sua busca por crescente autonomia, o Brasil privilegiou a
articulação multilateral no trato com países desenvolvidos e a
construção de relações bilaterais estratégicas, como é a da
Argentina, país com o qual assinou o Tratado de Itaipu nos
anos 70 do século passado.
4 A gradual construção de uma parceria estratégica entre Brasil
e Argentina transformou a visão que cada país tinha do outro:
de adversário a sócio na promoção de um espaço regional de
paz e cooperação. Esse projeto de integração envolveu a
cooperação em setores-chave, como o nuclear. 
QUESTÃO 21
Com relação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), julgue (C ou E) os seguintes itens. 
1 A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
tem sido, tradicionalmente, o principal agente brasileiro de
cooperação em segurança alimentar e nutricional no âmbito
da CPLP. 
2 A criação do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, em
1989, precedeu a própria constituição da CPLP.
3 Os Estados-membros da CPLP são Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe e Timor Leste.
4 A CPLP tem prestado apoio ao processo de reconciliação
nacional em Guiné Bissau em coordenação com o
secretário-geral das Nações Unidas, que possui um
representante especial para Guiné Bissau.
QUESTÃO 22
Os BRICS, bem como outras economias de mercado
emergentes e países em desenvolvimento, continuam a enfrentar
restrições de financiamento significativas para lidar com lacunas
de infraestrutura e necessidades de desenvolvimento sustentável.
Tendo isso presente, temos satisfação em anunciar a assinatura
do Acordo Constitutivo do Novo Banco de Desenvolvimento,
com o propósito de mobilizar recursos para projetos de
infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos BRICS e em
outras economias emergentes e em desenvolvimento. Manifestamos
apreço pelo trabalho realizado por nossos ministros das finanças.
Com fundamento em princípios bancários sólidos, o banco
fortalecerá a cooperação entre nossos países e complementará
os esforços de instituições financeiras multilaterais e regionais
para o desenvolvimento global, contribuindo, assim, para nossos
compromissos coletivos na consecução da meta de crescimento
forte, sustentável e equilibrado.
Declaração de Fortaleza. VI Reunião de Cúpula dos BRICS (15 de julho de 2014).
No que se refere à Cúpula dos BRICS realizada em Fortaleza,
julgue (C ou E) os seguintes itens, tendo como referência o texto
acima.
1 Acordou-se na VI Cúpula que o primeiro presidente do Novo
Banco de Desenvolvimento seria da Rússia; o primeiro
presidente de seu Conselho de Governadores, da Índia; e o
primeiro presidente de seu Conselho de Administração, do
Brasil. 
2 Foi acertado em Fortaleza que o Novo Banco de
Desenvolvimento seria sediado em Xangai.
3 Juntamente com o Acordo Constitutivo do Novo Banco de
Desenvolvimento, foi assinado em Fortaleza o Tratado para o
Estabelecimento do Arranjo Contingente de Reservas dos
BRICS, com recursos iniciais da ordem de US$ 100 bilhões.
4 Definiu-se na Cúpula de Fortaleza que o Novo Banco de
Desenvolvimento teria capital inicial autorizado de
US$ 100 bilhões, com um capital inicial subscrito de US$ 50
bilhões, dividido igualmente entre seus membros fundadores.
 
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QUESTÃO 23
Em relação ao fenômeno da mudança climática e a seu tratamento
no marco das Conferências das Partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima, julgue (C ou E) os itens
subsequentes.
1 A XVIII Conferência das Partes prorrogou o Protocolo de
Quioto até 2030, embora sem o apoio de Japão, Rússia,
Canadá e Nova Zelândia, além dos EUA, que nunca ratificaram
o protocolo.
2 A XX Conferência das Partes requereu a apresentação por
todos os Estados-membros, até março de 2015, de metas de
cortes de emissões, com o compromisso de apresentar planos
e ações para conter o aquecimento após 2030.
3 Dados da NASA e da agência norte-americana NOAA
(Administração Atmosférica e Oceânica Nacional) indicam
que, na primeira década deste século, houve relativa
estabilidade na temperatura média mundial, tendo as emissões
de gases de efeito estufa continuado a aumentar, estimulando
as negociações internacionais sobre o assunto.
4 A III Conferência das Partes adotou, em 1997, o Protocolo de
Quioto, que estabelecia o compromisso dos países
desenvolvidos listados em seu Anexo I em reduzir, até 2012,
5,2% das suas emissões de gases de efeito estufa, em relação
aos níveis de 1990.
QUESTÃO 24
À luz dos termos do Memorando de Entendimento relativo ao
Contencioso do Algodão celebrado entre os governos do Brasil e
dos EUA em outubro de 2014, em Washington, julgue (C ou E) os
itens subsecutivos.
1 Além de limitar em dezoito meses o prazo máximo de
empréstimos no tocante ao subsídio GSM-102 e estipular uma
compensação anual no valor de 300 milhões de dólares, o
referido memorando prevê que os recursos transferidos ao
Instituto Brasileiro do Algodão podem ser destinados a
projetos de cooperação com a África Subsaariana, o Haiti e os
países-membros do MERCOSUL.
2 O tempo de tramitação da disputa entre o Brasil e os EUA na
OMC foi de dois anos e seis meses, desde a formalização do
pedido de consultas sobre o assunto, em setembro de 2002, até
a circulação, em março de 2005, do relatório sobre o recurso
impetrado pelo governo norte-americano.
3 O referido memorando foi o segundo instrumento do gênero
formalizado entre os dois governos sobre o tema, tendo o
primeiro Memorando de Entendimento sido formalizado em
2010, com previsão de pagamento de indenização
compensatória de 147 milhões de dólares para um fundo que
depois viria a constituir o Instituto Brasileiro do Algodão.
4 O memorando em tela foi celebrado alguns meses após a
adoção, pelo Congresso norte-americano, de nova legislação
agrícola, que não mais previa subsídios ao setor de algodão. 
QUESTÃO 25
É difícil aquilatar a importância relativa do conflito árabe
com o Estado de Israel e, dentro dele, a questão Palestina na crise
atual do Oriente Médio. Boa parte dos processos internos e
inclusive dos conflitos externos no mundo muçulmano
independe da existência desse conflito. Por outro lado, seu papel
no discurso de legitimação — tanto interno como externo —
dos diferentes governos, grupos políticos e correntes ideológicas,
como a Irmandade Muçulmana, a Al-Qaeda e o ISIS, não pode
ser ignorado.
Bernardo Sorj. Decifrando a crise no Oriente Médio. In: Revista Política
Externa. São Paulo: KPM Editora, vol. 23, mar./2015 (com adaptações).
Tendoo texto acima como referência inicial, julgue (C ou E) os
seguintes itens, relativos à situação política no Oriente Médio e no
mundo islâmico em geral.
1 A Irmandade Muçulmana contou com apoio irrestrito das
autoridades sauditas nas últimas décadas, apesar de sua
oposição à intervenção norte-americana no Kuwait e, depois,
no Iraque. Entretanto, os sauditas apoiaram a deposição de sua
liderança no Egito quando ela sinalizou sua disposição em
dialogar com o Irã e, em 2015, o governo saudita declarou a
Irmandade Muçulmana uma organização terrorista.
2 A Guerra Civil na Síria é particularmente complexa: tanto a
Arábia Saudita como a Turquia e a Irmandade Muçulmana
(inclusive o Hamas) opõem-se ao governo de Bashar al-Assad,
mas cada um deles apoia grupos diferentes de rebeldes,
enquanto o governo de Damasco é apoiado pelo Irã, pela
Rússia e pelo Hizbollah, que, por sua vez, é um aliado do
Hamas no conflito com Israel.
3 Entre as dificuldades identificadas pelos analistas para a
modernização do mundo islâmico estão a persistência dos
laços de família ampliada e da lealdade aos clãs, que limitam
a afirmação individual; a reação patriarcal frente a um mundo
ocidental que aprofunda a liberação feminina; e os problemas
de pobreza e de baixo nível de escolaridade, que facilitam a
entrada de organizações paraestatais que proveem serviços
sociais.
4 A Irmandade Muçulmana, que foi organizada na Arábia
Saudita em 1928 como reação à influência ocidental, defende,
entre outras ideias, a implantação da Charia (lei corânica) e a
unificação do mundo muçulmano, a ser imposta pela
propaganda e pela força. 
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_01N861482|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
QUESTÃO 26
Sabendo que a Constituição Federal de 1988 determina a
prevalência dos direitos humanos como um dos princípios que
devem reger as relações internacionais do Brasil, além de abrir a
possibilidade de que direitos reconhecidos em tratados
internacionais se somem aos direitos e garantias fundamentais já
consagrados no texto constitucional, julgue (C ou E) os seguintes
itens.
1 O Brasil conta com juiz na Corte Interamericana de Direitos
Humanos e integra a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, tendo Brasília sediado sessão extraordinária da
Corte Interamericana em novembro de 2013.
2 Criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, o
Conselho de Direitos Humanos realiza, entre outras iniciativas,
a Revisão Periódica Universal, mecanismo que permite a
avaliação da situação dos direitos humanos em todos os
Estados-membros das Nações Unidas.
3 Na Revisão Periódica Universal realizada em 2012, o Brasil
recebeu cento e setenta recomendações nas mais diferentes
áreas, como desenvolvimento e inclusão social; promoção da
igualdade; educação; segurança alimentar; moradia adequada;
memória e verdade; segurança, justiça e sistema prisional; e
povos indígenas.
4 Em 2013, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou por
consenso a resolução A/RES/68/167, intitulada O direito à
privacidade na era digital, originalmente proposta por Brasil,
Alemanha e EUA.
GEOGRAFIA
QUESTÃO 27
Em dois casos recentes, centenas de imigrantes ilegais morreram em
naufrágios no mar Mediterrâneo. No primeiro deles, em 21 de abril,
ocorreram cerca de oitocentas mortes. Segundo dados do Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, o que se verifica
na atualidade é uma grave crise humanitária no mar Mediterrâneo,
principal rota de entrada de refugiados e imigrantes ilegais no
continente europeu. A respeito dessa crise, julgue (C ou E) os itens
a seguir.
1 A maior parte dos migrantes que cruzam o Mediterrâneo
são originários de países africanos e do Oriente Médio,
regiões onde conflitos armados, miséria e perseguições
estimulam a migração, tendo grande número de sírios
passado a utilizar essa rota com a eclosão e o agravamento da
guerra civil na Síria.
2 No começo do século XXI, a rota mais popular entre
imigrantes ilegais situava-se entre o oeste africano e a Espanha,
e incluía territórios espanhóis no norte da África, como Ceuta
e Melilla, e as Ilhas Canárias. Porém, com a crise em diversos
países do norte da África, como Líbia, Tunísia e Egito, houve
mudança de rota, em razão da desarticulação política e dos
sistemas de controle marítimo e de fronteiras desses países.
3 A União Europeia não criminaliza a entrada de imigrantes
ilegais no território de seus países-membros, o que incentiva
pessoas oriundas da África, do Oriente Médio e da Europa
Oriental a buscarem empregos e melhores condições de vida na
Europa Ocidental.
4 Em 2015, intensificou-se ainda mais a saída de imigrantes a
partir do Marrocos, que se tornou ponto de partida de muitas
viagens, já que traficantes de pessoas aproveitam-se do caos
político no país, onde milícias rivais estão em conflito.
QUESTÃO 28
Em 2008, os EUA vivenciaram o fenômeno conhecido como
estouro da bolha imobiliária, que atingiu duramente a economia do
país, a maior do planeta, e gerou ondas de impacto em escala
global. Dois anos mais tarde, a crise atingiu a União Europeia, que
se acreditava ser o mais sólido bloco econômico do mundo. No que
se refere a esse assunto e a aspectos históricos a ele pertinentes,
julgue (C ou E) os próximos itens.
1 A taxa de desemprego é um dos índices utilizados para se
medir a gravidade da crise: os países mais industrializados e
com nível tecnológico mais elevado, como Alemanha, França
e Inglaterra, sofreram menos os efeitos da crise sobre as taxas
de emprego, diferentemente de Itália e Portugal, por exemplo.
2 A crise europeia expressa-se pela enorme dívida pública,
ocasionada por gastos excessivos, com despesas maiores do
que as receitas e sem o devido lastro de reservas, em países
como Grécia, Itália, Irlanda, Portugal e Espanha.
3 O Tratado de Roma (1992), que instituiu a Comunidade
Europeia, estabeleceu para os países-membros que a relação
entre dívida pública e PIB não poderia ultrapassar o limite de
30%. 
4 Em 2010, a relação dívida/PIB da Alemanha, da França e da
Inglaterra estava bastante alta e acima do máximo estipulado
pela União Europeia; entretanto, dado o fato de que esses
países possuem economias altamente industrializadas,
capacidade de investimento e grandes reservas internacionais
controladas por seus bancos centrais, eventuais déficits em
suas contas externas foram cobertos e ataques especulativos ao
euro e à libra esterlina foram evitados.
QUESTÃO 29
O Brasil, terceira maior potência mundial agropecuária, enfrenta
desafios logísticos, de infraestrutura e legais para continuar a
crescer nesse setor, competindo internacionalmente. No que se
refere a esse assunto e aos múltiplos aspectos a ele relacionados,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
1 Os investimentos em infraestrutura no território brasileiro,
incluindo energia elétrica e transportes, mediante
privatizações, concessões de serviços públicos a empresas
privadas e parcerias público-privadas, estão se tornando,
gradativamente, um problema para o governo federal em razão
do desinteresse de grandes empresas nesse tipo de negócio.
2 As grandes distâncias entre as áreas produtoras de alimentos e
os centros de industrialização, consumo, produção e portos,
além de envolverem implicações de ordem local (ambiental,
econômica, social, política), repercutem na escala nacional de
uso do território brasileiro, dada a existência de fluxos de
grande volume e baixo valor agregado entre regiões
desprovidas de condições logísticas capazes de fazer frente às
quantidades produzidas em larga escala.
3 O atual modelo de uso do território brasileiro é marcado por
uma regulação híbrida, cabendo tanto à iniciativa privada
quanto ao poder público as ações de planejamento e execução
de obras para escoamento da produção, por exemplo.
4 Denominam-se demandas corporativas os investimentos
públicos que, na visão política nacional, são destinados a
superar as deficiências em transporte, conferir competitividade
e promover o crescimento sustentável do país, a partir doinvestimento estatal no setor de logística, considerado área
estratégica de segurança nacional.
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_01N861482|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
QUESTÃO 30
O século XX terminou, sobretudo, sob o signo da
mundialização do capital e sob o fim do socialismo nos países do
Leste Europeu. Os países do terceiro mundo com dívidas externas
elevadas submeteram-se de forma pacífica às políticas impostas
pelo FMI. O Brasil assistiu, no início da década de 90, dois planos
de controle financeiro e inflacionário, primeiro o Plano Collor e o
confisco temporário do dinheiro depositado nos bancos. Em 1992,
o país assistiu a Eco-92 e a pressão política sobre seu governo em
decorrência do crescimento do desmatamento da Amazônia. Em
seguida, com a saída de Fernando Collor de Mello e sua
substituição por Itamar Franco, vieram o Plano Real, a eleição de
Fernando Henrique Cardoso e a prevalência das políticas
patrocinadas pelo FMI. Em resposta direta à expansão das culturas
de exportação, particularmente da soja, os movimentos sociais
exerceram forte pressão social pela Reforma Agrária.
A. U. Oliveira. A Amazônia e a nova geografia da produção da soja.
In: Terra Livre, n.º 26, p. 13-44, 2006 (com adaptações).
Considerando o texto acima como referência inicial, julgue
(C ou E) os itens seguintes.
1 Foram criados, nas últimas décadas, mecanismos de
transferência de recursos do fundo público para o agronegócio
brasileiro, de modo a viabilizar a cultura da soja para o
mercado mundial.
2 Entre o ideário econômico do moderno agronegócio e os
movimentos sociais pela reforma agrária, o primeiro
destacou-se em meados da década de 90 do século XX, com o
apoio da mídia e do governo brasileiros.
3 Grande parte do desmatamento na Amazônia é consequência
direta de atividades predatórias desenvolvidas por grileiros de
terras pública e(ou) devolutas, madeireiros e pecuaristas.
4 O aumento mundial da produção de soja, na última década,
decorre das possibilidades reais de expansão de sua área
cultivada em nível global, frente à diminuição dessas áreas em
países da América do Sul, como Brasil, Argentina e Paraguai.
QUESTÃO 31
A segregação residencial é um dos mais expressivos
processos espaciais que geram a fragmentação do espaço urbano.
As áreas sociais são a sua manifestação espacial, a forma resultante
do processo. Forma e processo levam a ver a cidade como um
“mosaico social”. A partir da segregação das áreas sociais,
originam-se inúmeras atividades econômicas espacialmente
diferenciadas, como centros comerciais e áreas industriais. O
inverso também é verdadeiro: a partir da concentração de indústrias
na cidade, podem se formar bairros operários. A segregação
residencial e as áreas sociais, por outro lado, estão na base de
muitos movimentos sociais com foco no espaço.
R. L. Corrêa. Segregação residencial: classes sociais e espaço urbano. In: A cidade
contemporânea. São Paulo: Contexto, 2013, p. 40-60 (com adaptações).
Com relação ao tema tratado no fragmento de texto acima,
julgue (C ou E) os itens que se seguem.
1 A segregação residencial tanto nas grandes quanto nas
médias e pequenas cidades pode ser considerada como
autossegregação, segregação imposta e segregação induzida.
2 A segregação residencial é um processo espacial que se
manifesta por meio de áreas sociais relativamente homogêneas
internamente e heterogêneas em relação umas às outras.
3 A segregação residencial resulta na minimização dos
movimentos sociais, por afastar a população pobre das áreas
centrais urbanas, e na maximização das representações das
diferentes áreas sociais.
4 Na cidade conurbada, as áreas de consumo de bens e serviços
não são as mesmas para todos, e o tempo de deslocamento até
elas é razão de diferenciação, o que facilita a elaboração de
uma representação de centralidade urbana que seja a base de
construção de identidades e de memória urbana.
 
E E E E C C C E E E C E C E E C C C E C
X C C C C C E C E C E E C C C E E E E C
C E C C C E E E E E C C E C C E E E E C
E X C C E C C E E X X E C E E E E C E C
C C E C E C C C E E E C E E X E E C C E
C E C E C C E E C C E C E C C E C C C E
C C E E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Questão 15
Questão 16 Questão 17 Questão 18 Questão 19 Questão 20
Questão 21 Questão 22 Questão 23 Questão 24 Questão 25
Questão 26 Questão 27 Questão 28 Questão 29 Questão 30
Questão 31
GABARITOS OFICIAIS DEFINITIVOS
0
 Obs.: ( X ) questão anulada.
154IRBRDIPLOMATA2015_001_01
 MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
 SECRETARIA-GERAL DAS RELAÇÕES EXTERIORES
 INSTITUTO RIO BRANCO
CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DE DIPLOMATA
Aplicação: 2/8/2015
Carreira de Diplomata
0
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5
Questão 6 Questão 7 Questão 8 Questão 9 Questão 10
Questão 11 Questão 12 Questão 13 Questão 14
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_05N845697|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA FASE – SEGUNDA ETAPA
LÍNGUA INGLESA
Text for questions from 32 to 34
Most of the recent scholarly works on the evolution1
of diplomacy highlight the added complexity in which “states
and other international actors communicate, negotiate and
otherwise interact” in the 21st century. Diplomacy has to take4
into account “the crazy-quilt nature of modern
interdependence”. Decision-making on the international stage
involves what has been depicted as “two level games” or7
“double-edged diplomacy”. With accentuated forms of
globalization the scope of diplomacy as the “engine room” of
International Relations has moved beyond the traditional core10
concerns to encompass a myriad set of issue areas. And the
boundaries of participation in diplomacy — and the very
definition of diplomats — have broadened as well, albeit in a13
still contested fashion. In a variety of ways, therefore, not only
its methods but also its objectives are far more expansive than
ever before.16
Yet, while the theme of complexity radiates through
the pages of this book, changed circumstances and the
stretching of form, scope, and intensity do not only produce19
fragmentation but centralization in terms of purposive acts.
Amid the larger debates about the diversity of principals,
agents, and intermediaries, the space in modern diplomacy for22
leadership by personalities at the apex of power has expanded.
At odds with the counter-image of horizontal breadth with an
open-ended nature, the dynamic of 21st-century diplomacy25
remains highly vertically oriented and individual-centric.
To showcase this phenomenon, however, is no to
suggest ossification. In terms of causation, the dependence on28
leaders is largely a reaction to complexity. With the shift to
multi-party, multi-channel, multi-issue negotiations, with
domestic as well as international interests and values in play,31
leaders are often the only actors who can cut through the
complexity and make the necessary trade-offs to allow
deadlocks to be broken. In terms of communication and other34
modes of representation, bringing in leaders differentiates and
elevates issues from the bureaucratic arena.
In terms of effect, the primacy of leaders reinforces37
elements of both club and network diplomacy. In its most
visible manifestation via summit diplomacy, the image of club
diplomacy explicitly differentiates the status and role of40
insiders and outsiders and thus the hierarchical nature of
diplomacy. Although “large teams of representatives” are
involved in this central form of international practice, it is the43
“organized performances” of leaders that possess the most
salience. At the same time, though, the galvanizing or catalytic
dimension of leader-driven diplomacy provides new avenues46
and legitimation for network diplomacy, with many decisions
of summits being outsourced to actors who did not participate
at the summit but possess the technical knowledge, institutional49
credibility, and resources to enhance results.Andrew F. Cooper. The changing nature of diplomacy. In: Andrew
F. Cooper and Jorge Heine. The Oxford Handbook of Modern
Diplomacy. Oxford: Oxford University Press, 2013. p. 36 (adapted).
QUESTÃO 32
In reference to the text, decide whether the following statements are
right (C) or wrong (E).
1 The hierarchical structure of the diplomatic services in the 21st
century is remarkably different from that prevalent in the
previous centuries.
2 In the first paragraph, the author presents the main ideas he
collected from “Most of the recent scholarly works” (R.1) on
which his argument is built along the text.
3 The text presents an opposition between club diplomacy and
network diplomacy, which are different and irreconcilable
ways of settling international conflicts.
4 Discussions about inclusiveness and diversity in diplomatic
circles have led to the expansion of the power of some
countries.
QUESTÃO 33
In relation to the content and the vocabulary of the text, decide
whether the following statements are right (C) or wrong (E). 
1 From the third paragraph, it is correct to infer that the more
complex the diplomatic scenario, the more necessary the
presence of leaders is.
2 As far as textual unity is concerned, “Yet” provides a transition
from the first to the second paragraphs, and establishes a
contrast between the ideas in each of them.
3 The expressions “two level games” (R.7) and “double-edged
diplomacy” (R.8) refer to a kind of diplomacy characterized by
the presence of two types of actors: political leaders and
technical diplomats.
4 The idea expressed by the fragment “diversity of principals,
agents, and intermediaries” (R. 21 and 22) stands in sharp
contrast to the one introduced by “horizontal breadth with an
open-ended nature” (R. 24 and 25).
QUESTÃO 34
Each of the fragments from the text presented below is followed by
a suggestion of rewriting. Decide whether the suggestion given
maintains the meaning, coherence and grammar correction of the
text (C) or not (E).
1 “At odds with” (R.24): As bizarre as
2 “make the necessary trade-offs to allow deadlocks to be
broken” (R. 33 and 34): strike a compromise as a way out of an
impasse
3 “to encompass a myriad set of issue areas” (R.11): to comprise
a vast range of fields of interest
4 “To showcase this phenomenon, however, is no to suggest
ossification” (R. 27 and 28): Highlighting this fact does not
amount to acknowledging stagnation
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_05N845697|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
Text for questions from 35 to 38
Barbara Dawson, director of the Hugh Lane Gallery1
in Dublin, remembers very clearly the day in 1997 when she
climbed the steep stairs and entered Francis Bacon’s studio at
7 Reece Mews, South Kensington. It had been left the way it4
was when he passed away, on April 28 1992, and it was a
chaos of slashed canvases, paint-splashed walls, cloths,
brushes, champagne boxes, and a large mirror. She stood and7
stared for a long time, in a kind of incredulity, “and actually it
became quite beautiful.” She began to see “paths cut through
it,” and details. “The last unfinished painting was on the easel10
when I went in there, and on the floor underneath the easel was
a short article on George Michael, the singer, about how he
liked to be photographed from one side. It was like looking13
into somebody’s mind”.
7 Reece Mews was tiny, and apart from the studio
consisted of two rooms — a kitchen that contained a bath, and16
a living room that doubled as a bedroom. The studio had one
skylight, and Bacon usually worked there in the mornings. He
tried to paint elsewhere — in South Africa, for example, when19
he was visiting family, but couldn’t. (Too much light, was the
rather surprising objection.) He liked the size and general
frugality, too.22
Dawson recognised that the studio was the making of
Bacon’s art in a more profound sense than just being a
comfortable space to paint in, and determined that it should not25
be dismantled. John Edwards, to whom Bacon had bequeathed
Reece Mews, felt similarly, and after months of painstaking
cataloguing by archaeologists, conservators and photographers,28
the Hugh Lane Gallery took delivery of the studio, in 1998. It
was opened to the public in 2001.
What is visible now, in a climate-controlled corner of31
the gallery, a gracious neo-classical building on Parnell Square
in Dublin, is in fact a kind of faithful “skin” of objects; the
tables and chairs have all been returned to their original places,34
the work surfaces seem as cluttered as they were — but the
deep stuff, the bedrock, has been removed and is kept in
climate-controlled archival areas. In the end, there were 7,50037
items — samples of painting materials, photographs, slashed
canvasses, umpteen handwritten notes, drawings, books,
champagne boxes.40
Bacon was homosexual at a time when it was still
illegal, and while he was open about his sexuality, his notes for
prospective paintings refer to “bed[s] of crime]”, and his43
homosexuality was felt as an affliction, says Dawson. It wasn’t
easy. The sense of guilt is apparent in his work, as well as his
fascination with violence. “His collections of pictures, dead46
bodies, or depictions of violence — he’s not looking at
violence from the classic liberal position”. It was all, concedes
Dawson, accompanied by intellectual rigour, and an insistent49
attempt at objectivity — “he’s trying to detach from himself as
well.” 
Everything was grist, and in his studio even his own52
art fed other art. He returned to his own work obsessively,
repeating and augmenting. And of course, he responded
negatively — and violently — as well as positively; a hundred55
is a lot of slashed canvasses to keep around you when you’re
working, especially when they are so deliberately slashed. In
a way, all this might serve as a metaphor for the importance of58
our understanding of his studio as a whole.
Aida Edemarian. Francis Bacon: box of tricks.
Internet: <www.theguardian.com> (adapted).
QUESTÃO 35
Decide whether the statements below are right (C) or wrong (E)
according to the ideas and facts mentioned in the text. 
1 The two driving forces behind the Hugh Lane Gallery project
were Dawson and Edwards. 
2 Bacon left part of his properties to Edwards.
3 The author of the text claims that the fact that George Michael
liked having his profile photographed revealed a lot about his
personality.
4 Bacon believed that his inability to work in South Africa was
due to the visits of his relatives.
QUESTÃO 36
According to the text and in reference to Bacon’s studio, decide
whether the statements below are right (C) or wrong (E).
1 Bacon’s original studio was transplanted and reassembled in
the Irish capital city.
2 The studio at 7 Reece Mews will soon provide an invaluable
and lasting wealth of information and enjoyment for experts on
Bacon’s art.
3 The interior of Bacon’s studio is in sharp contrast to Hugh
Lane Gallery’s front façade.
4 Bacon’s studio was rather small but its living room was twice
the size of the bedroom.
QUESTÃO 37
According to the information given in the text about Bacon’s
personal life, his relationship with art, and his work, decide whether
the statements below are right (C) or wrong (E).
1 Heinous crimes provided the seeds for Bacon’s major works.
2 Bacon makes a deliberate effort not to allow his personal life
to take central stage in his art.
3 Bacon objected to the manner in which artists from the
classical period approached violence as a subject matter.
4 The fact that Bacon ripped a considerable number of paintings
is consistent with his personality but plays a minor role in
understanding his art.
QUESTÃO 38
About the vocabulary the author uses in his text, decide whether the
statements below are right (C) or wrong (E). 
1 “umpteen” (R.39) could be correctly replaced by torn.
2 “cluttered” (R.35) is synonymous with scratched.
3 “prospective paintings” (R.43) can be understood as paintings
about which Bacon was still thinkingor planning.
4 “took delivery” (R.29) means received something that has
already been paid for.
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_05N845697|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
Text for questions from 39 to 42
He — for there could be no doubt of his sex, though1
the fashion of the time did something to disguise it — was in
the act of slicing at the head of an enemy which swung from
the rafters. It was the colour of an old football, and more or4
less the shape of one, save for the sunken cheeks and a strand
or two of coarse, dry hair, like the hair on a coconut. Orlando’s
father, or perhaps his grandfather, had struck it from the7
shoulders of a vast Pagan who had started up under the moon
in the barbarian fields of Africa; and now it swung, gently,
perpetually, in the breeze which never ceased blowing through10
the attic rooms of the gigantic house of the lord who had slain
him.
Orlando’s fathers had ridden in fields of asphodel,13
and stony fields, and fields watered by strange rivers, and they
had struck many heads of many colours off many shoulders,
and brought them back to hang from the rafters. So too would16
Orlando, he vowed. But since he was sixteen only, and too
young to ride with them in Africa or France, he would steal
away from his mother and the peacocks in the garden and go to19
his attic room and there lunge and plunge and slice the air with
his blade. (…) His fathers had been noble since they had been
at all. They came out of the northern mists wearing coronets on22
their heads. Were not the bars of darkness in the room, and the
yellow pools which chequered the floor, made by the sun
falling through the stained glass of a vast coat of arms in the25
window? Orlando stood now in the midst of the yellow body
of a heraldic leopard. When he put his hand on the window-sill
to push the window open, it was instantly coloured red, blue,28
and yellow like a butterfly’s wing. Thus, those who like
symbols, and have a turn for the deciphering of them, might
observe that though the shapely legs, the handsome body, and31
the well-set shoulders were all of them decorated with various
tints of heraldic light, Orlando’s face, as he threw the window
open, was lit solely by the sun itself. A more candid, sullen34
face it would be impossible to find. Happy the mother who
bears, happier still the biographer who records the life of such
a one! Never need she vex herself, nor he invokes the help of37
novelist or poet. From deed to deed, from glory to glory, from
office to office he must go, his scribe following after, till they
reach whatever seat it may be that is the height of their desire.40
Orlando, to look at, was cut out precisely for some such career.
The red of the cheeks was covered with peach down; the down
on the lips was only a little thicker than the down on the43
cheeks. The lips themselves were short and slightly drawn back
over teeth of an exquisite and almond whiteness. Nothing
disturbed the arrowy nose in its short, tense flight; the hair was46
dark, the ears small, and fitted closely to the head. But, alas,
that these catalogues of youthful beauty cannot end without
mentioning forehead and eyes. Alas, that people are seldom49
born devoid of all three; for directly we glance at Orlando
standing by the window, we must admit that he had eyes like
drenched violets, so large that the water seemed to have52
brimmed in them and widened them; and a brow like the
swelling of a marble dome pressed between the two blank
medallions which were his temples. Directly we glance at eyes55
and forehead, thus do we rhapsodize. Directly we glance at
eyes and forehead, we have to admit a thousand disagreeables
which it is the aim of every good biographer to ignore.58
Virginia Woolf. Orlando – A biography, 1928 (adapted).
QUESTÃO 39
According to the text, decide whether the following statements are
right (C) or wrong (E).
1 Lunging, plunging and slicing the air with a blade were
activities with which Orlando engaged as some sort of
rehearsal for the roles he believed he would eventually play.
2 Orlando acquired, from an early age on, a disconcerting habit
of cross-dressing.
3 One could find some live animals up in the attic of Orlando’s
house.
4 Orlando cut a striking figure.
QUESTÃO 40
In relation to Orlando’s family, decide whether the following
statements are right (C) or wrong (E).
1 Orlando’s family have enjoyed their title from time
immemorial.
2 Orlando’s mother was a victim of his, because he would make
off with her money while she was busy in the garden.
3 Orlando’s father or his grandfather traversed vast expanses of
land beheading people of different races along the way.
4 His mother, when pregnant, foresaw a life of success for
Orlando, a life which would make her happy. 
QUESTÃO 41
As far as Orlando’s physical features are concerned, decide whether
the following statements are right (C) or wrong (E).
1 His eyes and brow were his most striking facial features.
2 Orlando’s lips and cheeks had a sweet fragrance reminiscent of
fresh fruit.
3 There was some fine, silky, soft hair both on his lips and
cheeks.
4 His teeth were not perfectly aligned and had the colour of nuts.
QUESTÃO 42
In reference to the content of the text, its vocabulary and
syntactic structure, decide whether the following statements are
right (C) or wrong (E).
1 The use of the words “dome” (R.54) and “temples” (R.55) has
the effect of creating a faint aura of saintliness and
religiousness about Orlando.
2 By being informed that Orlando had a “sullen face”
(R. 34 and 35), the reader learns that Orlando was a serious
and grave young man.
3 In lines 4, 7 and 9, although with different syntactic functions,
the word it refers to the same thing: “the head of an enemy
which swung from the rafters” (R. 3 and 4).
4 The repetition of single words and of phrases results in a
tiresome text, one in which the author tries to tell a story but is
stuck in descriptive language. 
 
||154IRBRDIPLOMATA2015_001_05N845697|| Cespe | Cebraspe – IRBr Diplomata – Aplicação: 2015
Text for questions 43 and 44
When Memory Banda’s younger sister was forced to1
marry at just 11 years old, Memory became determined to
ensure that no more girls had to experience her sister’s fate.
Since then, this remarkable young woman from rural Malawi4
has helped to persuade her government to raise the minimum
age of marriage across her country, and is blazing a trail for
girls that we all should follow.7
Memory’s sister became pregnant during a traditional
sexual “cleansing ceremony”, a rite of passage in some parts of
Malawi that is supposed to prepare pubescent girls for10
womanhood and marriage. She was forced to marry the father
of her unplanned child, a man in his early 30s, and was
burdened with all the responsibilities of adulthood. Now 16,13
she is raising three children alone; she has been unable to
return to school.
The incident inspired Memory to push for a better16
future for girls. She became involved with a local grassroots
group, Girls Empowerment Network, joining other young
women and civil-society groups across Malawi to urge village19
authorities and parliamentary ministers to put an end to child
marriages. Last month, Memory’s efforts — along with those
of thousands of others — paid off, when Malawi’s government22
enacted a new law that sets the minimum age for marriage
at 18.
Memory’s achievement is an important one. Every25
year, some 15 million girls are married before the age of 18,
and their plight is all too often ignored. A girl forced into
marriage typically faces pressure to bear children before she is28
physically or emotionally ready to do so. And the result can be
deadly. Girls who give birth before they turn 15 are five times
more likely to die in pregnancy or childbirth than women in31
their 20s.
The consequences of child marriage are lifelong.
Child brides typically drop out of school, losing the chance to34
acquire the skills and knowledge needed to lift themselves and
their families out

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