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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DO MUNICÍPIO X – XX Processo nº xxx BRAD NORONHA, já devidamente qualificado nos autos do presente feito que lhe move o MINISTÉRIO PÚBLICO, vem, com base no art 598 CPP interpor APELAÇÃO Pelos fatos e fundamentos que passa a expor I – DOS FATOS O apelante, foi condenado pela prática de roubo qualificado em decorrência de emprego de arma de fogo. Durante a fase do inquérito policial, o mesmo foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a referida vítima olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu. Já em sede de instrução criminal, nem vítima, nem testemunhas, afirmaram ter escutado qualquer disparo de arma de fogo, mas foram uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma. Não houve perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram êxito em apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de “pega ladrão!”, viram o réu correndo e foram ao seu encalço. Afirmaram que, durante a perseguição, os passantes apontavam para o réu, bem como este jogou um objeto no córrego que passava próxima ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo utilizada. O réu, ora apelante, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal, BRAD NORONHA foi condenado a dez anos e seis meses de reclusão, por roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado para cumprimento da pena. O magistrado, para fins de condenação e fixação da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o reconhecimento da vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus antecedentes, circunstâncias provadas no curso do processo. A decisão condenatória, contudo, merece ser reformada, senão vejamos. II – DAS PRELIMINARES Preliminarmente, a referida sentença deverá ser anulada, devido o descumprimento do procedimento descrito no artigo 226 CPP, pois, além da vítima não ter realizado a descrição da pessoa a ser reconhecida, o acusado não foi colocado ao lado de outras pessoas, tão pouco próximo a pessoas parecidas. Portanto, com base no artigo 564, IV, deverá ser anulada a sentença que condenou o réu. III – DO DIREITO Analisando os autos, é notório que o apelante deve ser absolvido da condenação que lhe foi apenada. Inicialmente, foi ferido o procedimento de reconhecimento de pessoas elencado no artigo 226 CPP, tendo sido totalmente nulo procedimento ocorrido no caso em tela, por ter sido tendencioso, no sentido de, a vítima ter visto o acusado, ora apelante, através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu e ainda, não ter feito a descrição do mesmo anterior ao reconhecimento. Posteriormente, não foi encontrada arma de fogo com o acusado, nem tampouco, nenhuma vítima ou testemunha viu no momento do suposto crime, ou ouviu, o mesmo portando a arma ou efetuando disparos, portanto, baseando-se a condenação em prova meramente especulativa. Nesse sentido, mesmo que os policiais que prenderam o réu em flagrante tenham dito que viram o mesmo jogando um objeto em um córrego, não restou comprovado que o objeto era uma arma de fogo. Não restou comprovando também, que o suposto crime ocorreu mediante grave ameaça ou violência. Portanto, diante dos fatos narrados, se de fato ocorreu algum fato criminoso, certamente não foi o tipificado no artigo 157 §2º, mas sim, o crime de furto. III – DO PEDIDO Diante o exposto, requer: a)o recebimento do pedido com a consequente reforma da decisão anterior para decretar a absolvição do Apelante, com base no artigo 386, V do Código de Processo Penal, uma vez que não está provada tenha o acusado cometido a infração penal. b)na impossibilidade da decretação da absolvição, que seja declarada nula a decisão condenatória, eis que não observadas as condições impostas para o reconhecimento de pessoas, existindo omissão quanto a formalidade essencial do ato, de acordo com o previsto no artigo 226, I I e artigo 564, IV do Código de Processo Penal; c) no entanto, se não for esse o entendimento, requer seja, no máximo, condenado por crime de furto, com causa de diminuição de pena e consequente modificação do regime de cumprimento de pena. Requer ainda o Autor a fixação de justa indenização com fulcro no artigo 630 do Código de Processo Penal. Nesses termos, Pede deferimento. Data, Advogado OAB - UF
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