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Diabetes Mellitus em Cães

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Diabetes Mellitus em Cães 
 
É uma síndrome que abrange uma série de doenças de etiologia diferente e clinicamente 
heterogêneas, que se caracterizam pela hiperglicemia, decorrente da falta de insulina ou de 
sua incapacidade em exercer adequadamente seus efeitos metabólicos. 
Fisiopatologia: 
A insulina se liga a um receptor no esquema chave e fechadura, este receptor de insulina, está 
diretamente ligado a um transportador de glicose. Quando ocorre a ligação, por meio de um 
transporte ativo, a glicose é jogada dentro da célula. 
Caso não tenha insulina, não terá como passar a glicose para dentro da célula, ocorrendo um 
acumulo de glicose na corrente sanguínea, causando uma hiperglicemia. 
A hiperglicemia limita a reabsorção renal, levando a uma glicosúria e diurese osmótica, em que 
ocorre perda de glicose e emagrecimento, além de uma poliúria (consequentemente uma 
polidipsia) e uma desidratação. 
 Etiologia: 
Pode ser por predisposição genética. 
Insulinite imune-mediada. 
Pancreatite (crônica ou aguda). 
Uma exposição prolongada a fatores de resistência à insulina, como obesidade, progestágenos, 
infecções, diestro, corticoides. 
As femeas não castradas tem mais predisposição a diabetes, pois os hormônios presentes no 
cio podem favorecer a diabetes. 
Sinais clínicos: 
 Poliuria, polifagia, polidipsia, PP 
 Emagrecimento 
 Pode levar a catarata, por desidratação do cristalino. 
Diagnóstico: 
Hiperglicemia e glicosúria (urina). 
Tipos de diabetes mellitus: 
 Insulino-dependente: em todos os cães. Uma vez diabético (tem que ter hiperglicemia 
na urina e na corrente sanguínea), vai ter que tomar insulina. Apenas 50% dos 
pacientes felinos. 
 Não insulino-dependente: afeta 30% dos pacientes felinos. 
 DM transitória: muito rara em cães. Afeta apenas 20% dos pacientes felinos 
(utilizando corticoides). Se o cão utiliza corticoides e ocorre o bloqueio dos receptores, 
será insulino dependente o resto da vida. 
Tratamento: 
O tratamento é com insulina, podendo ela ser de duração média ou longa, com potência maior 
ou menor. 
O tempo de ação maior, que é regular, que tem menor potência. Enquanto a glargina tem 
menor tempo de ação, porem com tempo de ação mais curto. E um meio termo é a NPH. 
 Insulinoterapia inicial: feito depois de fazer uma glicosúria. 
NPH: começa com uma dose entre 0,5 até 1,0 U/Kg, duas vezes ao dia. 
Regular: começa com uma dose entre 0,5 até 0,7 U/Kg, duas vezes ao dia. 
O ajuste na insulinoterapia é de 1 a 2 unidades a cada 4 ou 5 dias, baseado nos testes de 
hiperglicemia, sendo ela mais frequente nos primeiros dias. 
É importante coordenar os efeitos da insulina com a alimentação, sendo necessário alimentar 
o animal junto com a insulina, para não levar a uma hipoglicemia, e após 4 horas (tempo de 
esvaziamento gástrico), mais um pouco de alimento. 
A dieta influencia muito no controle da glicemia, para o manejo dietético inicial é necessário 
levar em consideração o escore corporal do animal (obeso, normal ou magro; se ele é 
diabético e está magro, é porque ta perdendo muita glicose na urina), se é um animal jovem, 
adulto ou idoso, quais as atividades diárias do animal (se é um animal muito ativo, é bom dar 
uma segurada no começo, porque perde muita glicose e dificulta a estabilização), os hábitos 
alimentares e se existe alguma doença pré-existente (o hipoadrenocorticismo e 
hipertiroidismo são mais difíceis de controlar, assim como o cushing; cadelas não castradas, 
recomendar castração o quanto antes). Levar em consideração também a composição do 
alimento, a quantidade das fibras, qual o conteúdo calórico, o esquema de refeições, é bom 
apresentar rações voltadas para cães diabéticos e ir testando as marcas, até achar uma que o 
animal goste. 
As fibras alimentares vão retardar o esvaziamento gástrico, retardam a absorção intestinal da 
glicose, acelera o transito intestinal e tem menor hiperglicemia pós-brandial, por isso as dietas 
ricas em fibras, apresentam complicações como ter pouca palatabilidade, aumenta a 
frequência de defecação, tem dismotilidade intestinal, favorece a hipoglicemia (o ajusto de 
dose da glicemia associado), não tem tanta perda de peso, porém tem um custo elevado – é o 
melhor. 
Aporte calórico: peso normal. As necessidades calóricas de cães diabéticos bem controlados 
são as mesmas de um cão normal, então a dieta de manutenção é REM = 2 x (30 x Peso em KG 
+ 70) kcla/dia 
O nível de manutenção é baseado no peso corpóreo ideal. 
Para acelerar o ganho de peso, deve usar alimentos de densidade calórica elevada, que é 
baseado em gorduras e proteína (quando atingir o peso ideal, interromper o uso) e manter 
uma monitoração, que conforme vai ganhando peso, vai ajustando a dose da insulina. 
Para animais obesos, com uma necessidade de restrição calórica, é necessário calcular a 
energia para cães da mesma raça ou porte com um peso normal, a perda de peso é gradual 
com o passar dos meses e com isso é necessário manter a monitoração da dose de insulina, 
que vai diminuindo de acordo com a diminuição do peso. 
Tratar as doenças que levam a resistência à insulina, como diestro e neoplasias mamárias 
(castração resolve isso), infecções, obesidade, hiperadreno ou hipotireoidismo, IC ou IR. 
A progesterona aumenta a resistência insulínica, de maneira indireta e de maneira direta. 
Diretamente ela vai diminuir o número de transportadores de glicose. Indiretamente vai 
induzir a hipersecreção de GH em glândula mamária, o GH vai diminuir o número de 
receptores de insulina nas células e também diminui o número de transportadores de glicose 
nos tecidos. 
Todas as cadelas diabéticas devem ser castradas antes do seu próximo cio, porque o GH vai 
alterar o número de transportadores de glicose, assim como todas as neoplasias mamárias 
(benignas e malignas) devem ser removidas, pois tem maior aumento de GH. 
Monitoração a longo prazo: 
Avaliar os sintomas (poliúria, polidipsia, polifagia, peso), como está a ingestão de água do 
animal, glicosúria e glicemia domiciliar. 
Frutosamina no cão: 
O valor normal de uma furtosamina no cão é entre 225 a 365 μmol/L, para o controle, se 
estiver elevado, o tutor não está controlando. 
Bom controle glicêmico: 
O tratamento é baseado em algoritmos individuais, com base em um equilíbrio entre as 
atividades físicas, dieta, tipo e dose de insulina. Para manter o bom controle precisa de uma 
monitoração frequente do controle glicêmico, com base em PU/PD/PF/GP, além da glicemia e 
proteínas glicadas.

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