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DOENÇAS BENIGNAS DOS OVÁRIOS ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA ▪ Os ovários são estruturas intraperitoneais, sólidas, de cor branca rósea, que apresentam superfície lisa até a puberdade, tornando-se rugosa à medida que as ovulações acontecem ▪ Menopausa: enrugados ▪ Mulher nulípara: ocupam a fossa ovárica (fossa de Waldeyer) que corresponde a uma fossa peritoneal de formato triangular, limitada pela artéria ilíaca interna, pelo ureter e pela inserção do ligamento largo na parede lateral da cavidade pélvica − Se situa graças à suspensão dos ligamentos suspensor do ovário (ligamento infundíbulo pélvico), ligamento próprio do ovário (útero- ovárico) e ligamento de coadaptação (fixa a extremidade tubária do ovário ao infundíbulo da tuba uterina, assegurando o contato entre eles) ▪ Após o parto: posição se altera em função do estiramento ligamentar produzido pela gravidez − Os ligamentos tornam-se mais longos e frouxos, o que justifica seu posicionamento mais baixo na cavidade pélvica 3 REGIÕES ▪ Córtex: camada externa que contém o epitélio germinal que origina os folículos − Folículos ovarianos em diferentes estágios de desenvolvimento ▪ Medula: camada central constituída por estroma de tecido conjuntivo frouxo com maior número de fibras elásticas, algumas fibras musculares lisas e considerável quantidade de vasos espiralados (principalmente veias) → aspecto cavernoso ▪ Hilo (rete ovarii): região da zona de união do ovário ao mesovário, através da qual se inserem as fibras nervosas e os vasos sanguíneos − Mesovário: folheto duplo de peritônio que envolve os ovários por onde transitam os vasos e nervos ovarianos VASCULARIZAÇÃO ▪ Arterial: − Artérias ovarianas: ramos da aorta abdominal que transitam pelos ligamentos infundíbulo- pélvicos e chegam pelo mesovário nos ovários − Ramos ovarianos da artéria uterina ▪ Venosa: plexo pampiniforme → veias gonadais (ovarianas) → veia cava inferior, à direita, e veia renal, à esquerda ▪ Linfático: partem do mesênquima pelo hilo e acompanham a vascularização arterial para atingir os linfonodos aórticos e pré-aórticos GLÂNDULA ▪ O ovário é uma glândula com funções gametogênicas e endócrinas, que são reguladas através do eixo hipotálamo-hipófise-ovário ▪ Estímulos: se iniciam nos neurônios hipotalâmicos do núcleo arqueado → síntese e secreção pulsátil do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) → regula a síntese e liberação das gonadotrofinas (FSH e LH) → viajam pela circulação sistêmica para se ligarem aos seus receptores específicos nas gônadas femininas → no ovário: − FSH: induz a maturação folicular bem como a síntese de estrogênios e progesterona − LH: estimula a secreção de andrógenos e a luteinização dos folículos pós-ovulatórios ▪ Funcionalmente dividido em dois compartimentos que interagem entre si nas diversas etapas da maturação folicular: − Intersticial: formado por células do estroma e da teca externa − Folicular: contém o oócito, as células da granulosa e as células da teca interna ▪ De acordo com sua organização estrutural, definem-se 5 fases de desenvolvimento folicular: − Folículos Primordiais − Folículos Primários − Folículos Secundários − Folículos Terciários − Folículos de Graff (folículo pré-ovulatório) ▪ Após ovulação: estrutura folicular evolui até a formação do corpo lúteo, considerada a fase final de maturação do folículo FISIOLOGIA BÁSICA ▪ Responsáveis pela gametogênese e produção hormonal cíclica fundamental para manutenção da função reprodutiva ▪ Hormônios ovarianos: importantes funções no aparelho reprodutor feminino, assim como em outros órgãos (coração, cérebro e tecido ósseo) ▪ Liberação de apenas um oócito maduro, formação do corpo lúteo e posterior luteólise (se não houver gravidez) pressupõe o crescimento e regeneração de estruturas intraovarianas: torna os ovários suscetíveis a inúmeras alterações estruturais e funcionais INTRODUÇÃO ▪ As doenças benignas dos ovários incluem uma variedade de entidades ▪ A diversidade histológica dos ovários, compostos por três tecidos de origem embriológica distinta, dificulta a identificação de fatores de risco para as doenças benignas do ovário FATORES DE RISCO ▪ Os principais fatores de risco relacionados à neoplasia de ovário é a história familiar de neoplasia de mama ou ovário, presença de mutações dos genes BRCA1 e/ou BRCA2, bem como a neoplasia de cólon hereditária não polipoide (síndrome de Lynch) ▪ Também são fatores de risco a endometriose (pelo seu estado inflamatório crônico e infertilidade associada), a obesidade, o tabagismo, a nuliparidade, a terapia de reposição hormonal e a idade (com maior risco nos casos de massas ou tumores anexiais encontrados na pré-menarca e pós-menopausa) CLASSIFICAÇÃO ▪ Tumores ovarianos podem corresponder a cistos funcionais (não neoplásicos), cistos proliferativos (neoplásicos), tumores sólidos benignos, tumores funcionantes e tumores limítrofes EPIDEMIOLOGIA ▪ Ocorrência das doenças benignas em mulheres de todas as faixas etárias, com diferenças na etiologia e no manejo terapêutico − Infância e adolescência: predominam os tumores originados das células germinativas − Menacme: as alterações mais frequentes incluem os cistos funcionais do ovário, os endometriomas e os tumores epiteliais do ovário, como o cistoadenoma seroso e o cistoadenoma mucinoso − Pós-menopausa: os tumores benignos são menos comuns e aumenta a incidência de malignidade TUMORES OVARIANOS BENIGNOS NA INFÂNCIA (PRÉ- MENARCA) ▪ Cistos funcionais ▪ Diagnosticados desde o nascimento ▪ São os tumores ovarianos benignos mais comuns na infância, apesar de serem bem mais frequentes em adolescentes entre os 12 e 14 anos ▪ Em tumores sólidos, multilobulados e de dimensões mais amplas: abordagem cirúrgica ▪ Nessa faixa etária, o ovário apresenta maior mobilidade anatômica, propiciando torções e lesão definitiva por isquemia e necrose TUMORES OVARIANOS BENIGNOS NA ADOLESCÊNCIA (PÓS-MENARCA) ▪ Aumento das gonadotrofinas pode gerar cistos ovarianos funcionais ▪ Cistos simples, de pequenas dimensões: podem ser acompanhados clinicamente ▪ Tumores complexos: avaliação cirúrgica deve ser sempre considerada ▪ De um modo geral, devem ser tratados como doenças benignas, pois na maioria das vezes resolvem-se espontaneamente após a menstruação ▪ A opção cirúrgica deve ser considerada apenas após novo USG que mostre persistência da massa ▪ Diagnóstico diferencial: doenças pélvicas de origem infecciosa, como abscesso tubo-ovariano, e a gravidez ectópica TUMORES OVARIANOS BENIGNOS NO PERÍODO REPRODUTIVO (MENACME) ▪ No menacme: maioria das massas ovarianas é benigna (80%) e aproximadamente 2/3 delas ocorrem em mulheres entre 20 e 44 anos ▪ Maioria não produz sintomas ou apresenta sintomas inespecíficos (dor abdominal, sintomas urinários e/ou gastrointestinais) − Em caso de tumores produtores de hormônios (funcionantes), sinais como sangramento genital podem estar presentes TUMORES OVARIANOS BENIGNOS NA GESTAÇÃO ▪ Prevalência de 4,9-6,1% de massas anexiais no ultrassom de primeiro trimestre − Regressão espontânea em 71-89% ▪ Em pacientes submetidas a cirurgia durante a gestação, 95-99% tiveram diagnóstico anatomopatológico benigno ▪ Entre os diagnósticos, estão os cistos ovarianos, sendo cisto folicular o mais comum, causado pela falha de regressão de um cisto funcional, decorrente das alterações hormonais da gravidez TUMORES OVARIANOS BENIGNOS NA PRÉ- MENOPAUSA ▪ Mulheres na pré-menopausa têm grande proporção de lesões benignas, com menor proporção de lesões malignas, de 5-10% ▪ Entre os principais diagnósticos benignos, estão os cistos funcionais ovarianos, endometrioma, teratomas maduros (cisto dermoide), corpo lúteo,leiomioma, torção ovariana, doença inflamatória pélvica, abscesso tubo-ovariano e síndrome dos ovários policísticos TUMORES OVARIANOS BENIGNOS NA PÓS- MENOPAUSA ▪ Incidência de malignidade: aumenta com a idade ▪ Na pós-menopausa: ovários tornam-se mais difíceis de serem visualizados ao USG-TV ou palpados em exame clínico de rotina devido a sua atrofia − Aprox. 3-5% das pacientes nesta fase terão uma massa anexial confirmada por USG − Em se tratando de tumor maligno, 60-70% são diagnosticados nos estádios mais avançados (estádios III e IV) ▪ A frequência de malignidade aumenta de 0,3% em tumores císticos uniloculares para 36% em tumores sólidos multiloculares e para até 39% em tumores sólidos primários ▪ Nas mulheres na pós-menopausa, 8% a 17% podem apresentar massas anexiais, sendo lesões suspeitas em 36% a 59% delas − O teratoma maduro, também denominado cisto dermoide, é o mais prevalente ▪ Prevalência de massas complexas ovarianas: 3,2% − 55% terá resolução espontânea em até 60 dias ▪ Diagnósticos diferenciais: causas benignas como endometriomas, cistos hemorrágicos, teratomas, abscesso tubo-ovariano e linfoceles. Cânceres primários de ovário dos tipos epiteliais, células germinativas e estromais, bem como metastáticos (mama, trato gastrointestinal, útero/colo uterino e tubas), também podem se apresentar como massas ovarianas complexas nessa faixa etária ▪ Massas sólidas ovarianas nessa faixa etária devem ser investigadas. A maioria é composta de tumores benignos como fibromas, leiomiomas, tecomas, fibrotecomas, tumores de Brenner benignos e teratomas PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TUMORES OVARIANOS BENIGNOS CISTOS FUNCIONAIS E OUTROS TUMORES NÃO NEOPLÁSICOS ▪ Cistos foliculares, cistos lúteos, cistos tecaluteínicos, endometriomas, abscessos tubo- ovarianos e ovários policísticos CISTOS FUNCIONAIS CISTO FOLICULAR ▪ É o cisto funcional mais comum ▪ Definição: cisto simples que possui mais que 3 cm − Normalmente, apresenta menos que 8 cm no maior diâmetro ▪ Origem: folículo estimulado pelas gonadotrofinas hipofisárias → não se rompeu durante o ciclo menstrual → cisto folicular ▪ Dependem da estimulação cíclica dos ovários, por isso mais frequentes nas pacientes que menstruam e mais raros em menopausadas ▪ Cistos foliculares isolados podem surgir na infância e a secreção de gonadotrofinas maternas pode ocasionalmente levar ao surgimento de cistos no período fetal ▪ Habitualmente são achados incidentais ▪ Podem romper ou torcer o ovário, causando dor abdominal e sinais peritoneais ▪ Tratamento: normalmente, se resolvem em 4 a 8 semanas com conduta expectante − Para cistos de 8 cm: o período para regressão completa pode ser de até três meses − A taxa de regressão para cistos maiores de 8 cm continua indeterminada, embora se recomende um período de observação antes de se decidir pela cirurgia CISTO DO CORPO LÚTEO OU LUTEÍNICO ▪ Menos comuns que os cistos foliculares ▪ Origem: hemorragia excessiva na cavidade folicular → corpo amarelo se trona cístico − Pode ainda ser causado por: estímulo excessivo do LH → acúmulo anormal de líquido cístico ▪ Evolução natural semelhante à do cisto folicular, apresentando regressão espontânea na maior parte dos casos ▪ Cistos não rotos: podem causar dor (sangramento para a cavidade fechada do cisto) e sintomas semelhantes ao da torção anexial − Sinais e sintomas da torção anexial: náuseas e vômitos, início da dor abdominal muitas vezes coincide com levantamento de peso, exercício ou relação sexual, dor que piora com atividade física e com mudança de posição, pequena elevação da temperatura e leucocitose, presença de grande massa pélvica ao exame físico (sinal mais importante) ▪ Rotura e consequente hemorragia são mais comuns devido à vascularização de sua parede − Sinais de rotura e hemorragia: hipersensibilidade bilateral ao exame pélvico, sendo que o risco de rotura é maior nas pacientes usuárias de anticoagulantes − Rotura é mais comum do lado direito − Geralmente, acontece entre o 20-26º dia do ciclo e pode ocorrer durante o coito − Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com gravidez ectópica devido à dor pélvica que ocorre em ambas as situações − Conduta conservadora: caso de estabilidade hemodinâmica − Abordagem cirúrgica: caso de hemoperitônio importante (a preservação do ovário acometido deve ser incentivada) CISTO TECALUTEÍNICO ▪ Cistos funcional menos comum ▪ Normalmente são bilaterais e incidem na gravidez, especialmente nas gestações molares (1/4 das gestações molares e 10% dos coriocarcinomas) ▪ Podem se associar a gestações múltiplas, gestações molares, coriocarcinoma, diabetes, sensibilização Rh, uso de citrato de clomifeno, indução da ovulação por gonadotrofina da menopausa humana ou por gonadotrofina coriônica humana e uso de análogos do GnRH ▪ São multicísticos ▪ Podem atingir grandes dimensões: até 30 cm ▪ Tendem a regredir espontaneamente TUMORES PROLIFERATIVOS (NEOPLÁSICOS) TUMORES EPITELIAIS ▪ É o tipo mais comum, correspondem a cerca de 90% dos casos ▪ O pico de incidência ocorre entre 20 e 40 anos de idade ▪ São numericamente os mais importantes ▪ O epitélio de revestimento vem do revestimento mesotelial da cavidade celômica ▪ Matriz composta por tecido conjuntivo (sustentação) e o estroma ovariano (potencialmente funcionante, com capacidade de alterar o estado hormonal da paciente) ▪ Entre os tumores epiteliais benignos, estão os cistoadenomas, que podem ser serosos, mucinosos ou endometrioides − Estão presentes em maior frequência em mulheres adultas, mas em crianças e adolescentes são encontrados em 10-28% dos tumores ovarianos Classificação de acordo com os seguintes parâmetros: ▪ Tipo de célula de revestimento: serosos, mucinosos ▪ Padrão de crescimento: císticos, sólidos ▪ Quantidade de estroma ▪ Atipia e invasão: benignos, “boderline” e malignos CISTOADENOMA SEROSO: ▪ Os tumores epiteliais serosos originam-se do epitélio superficial do ovário ▪ Representam 15 a 25% dos tumores benignos ▪ Bilaterais em 7 a 12% dos casos ▪ Faixa etária mais incidente: entre 20 e 50 anos (febrasgo: >60 anos) ▪ Frequentemente multiloculares, raramente com septações grosseiras, podendo apresentar projeções papilares e calcificações e, ao corte, mostram conteúdo claro ou acastanhado. ▪ Possuem consistência firme, base larga e coloração pálida medindo de 15-20cm, raramente atingindo maiores dimensões. ▪ Corpos de Psammoma: áreas de granulações calcificadas → podem estar presentes espalhados pelo tumor e podem ser identificados pelo raio X. ▪ Geralmente assintomáticos (paciente pode referir desconforto pélvico, inchaço abdominal e apresentar ascite) e detectados em exames pélvicos de rotina ou à USG. Conduta terapêutica ▪ Depende da idade e da paridade. ▪ Tratamento definitivo: cirurgia, mas a preservação ovariana deve ser incentivada em pacientes sem definição reprodutiva, tomando o cuidado de retirar o tumor da cavidade sem o rompimento de sua cápsula. ▪ Em caso de suspeita de malignidade: exame histológico por congelação no perioperatório, embora estes tumores não se prestem bem a essa avaliação. ▪ Estudo em parafina para firmar a ausência de invasão estromal: sempre indicado. ▪ Aprox. 20% dos cistoadenomas serosos são malignos e 5-10% dos tumores epiteliais são limítrofes. CISTOADENOMA MUCINOSO: ▪ Representam 15% dos tumores benignos. ▪ Bilaterais em 5 a 7% dos casos. ▪ Geralmente, mais volumosos que os tumores serosos, constituindo os grandes tumores abdominais, chegando até a 50 cm de diâmetro ▪ Faixa etária mais incidente: entre 30 e 40 anos ▪ Geralmente multilobulados, císticos, de conteúdo mucoide e acastanhados ao corte ▪ Complicação: pseudomixomaperitoneal (secreção exacerbada de material mucinoso e gelatinoso, levando à formação de ascite, a qual recidiva com frequência após o tratamento cirúrgico) ▪ Mais comum nos carcinomas mucinosos, podendo também ser secundária à mucocele do apêndice e ao carcinoma bem diferenciado do cólon. Conduta terapêutica ▪ O tratamento é cirúrgico. ▪ A extensão da cirurgia depende da idade da paciente e das pretensões reprodutivas. ▪ Desejo de engravidar: conduta pode ser conservadora, mas, logo que possível, é mais prudente realizar a ooforectomia. ▪ Pacientes pós-menopausa: histerectomia total abdominal e salpingoforectomia bilateral TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS TERATOMA CÍSTICO BENIGNO OU TERATOMA CÍSTICO MADURO OU CISTO DERMOIDE ▪ Representam 10-15% de todos os tumores ovarianos ▪ São normalmente unilaterais ▪ Bilaterais em 10-12% dos casos ▪ Risco de se tornar maligno: raro (1%) e maior na pós-menopausa − A neoplasia maligna mais comum que se desenvolve é o carcinoma de células escamosas ▪ Composto de combinações variadas de elementos ectodérmicos, mesodérmicos e endodérmicos, ou seja, apresentam células bem diferenciadas de todos os três folhetos embrionários ▪ Caracteristicamente, há cistos uniloculares contendo folículos pilosos e um material de consistência sebácea ▪ Também podem ser encontrados cartilagem, osso, dentes, áreas de calcificação e tecido tireoidiano ▪ Faixa etária mais incidente: menacme (idade reprodutiva), com pico maior aos 30 anos (febrasgo: 0-25 anos) − Febrasgo: os teratomas maduros consistem em 55-70% dos tumores de ovário em crianças e podem ser bilaterais em 10% dos casos ▪ Complicação mais frequente: torção do pedículo (3,5% dos casos) − Causa: seu elevado conteúdo de gordura permite que flutue nas cavidades abdominal e pélvica, dando a sensação de mobilidade ao exame físico e de localização anterior ao útero ocasionalmente Conduta terapêutica ▪ O tratamento de escolha é cirúrgico ▪ Pacientes sem definição reprodutiva: conservador (cistectomia ovariana) com preservação do ovário ▪ Pacientes com prole constituída: ooforectomia ▪ Independente da abordagem cirúrgica, cuidado para que não ocorra o extravasamento de seu conteúdo na pelve − Na cirurgia laparoscópica, o ovário é colocado dentro de um saco plástico impermeável e resistente, cuja boca pode ser fechada (endobag). Inicialmente, realiza-se o esvaziamento do conteúdo líquido para reduzir seu volume e depois se fecha o endobag para evitar o extravasamento do conteúdo residual do cisto (cabelos, ossos, dentes) na retirada da peça − Em caso de extravasamento do conteúdo: rigorosa limpeza com repetidas lavagens da cavidade abdominal para evitar peritonite química ▪ Conduta no cisto dermoide torcido: − Se o tecido não sofreu infarto: torção pode ser desfeita e realizada cistectomia − Se houver necrose: ooforectomia TUMORES SÓLIDOS BENIGNOS FIBROMA ▪ Tecomas e fibromas são os tumores estromais benignos mais comumente encontrados na perimenopausa e pós-menopausa, chegando a 1- 4% dos tumores de ovário nessa faixa etária − Em crianças, a incidência é de apenas 1% − Podem estar associados à síndrome de Gorlin e à síndrome de Meigs ▪ São os tumores do cordão sexual mais comuns ▪ Particularmente, derivam das células estromáticas da granulosa, mas não apresentam atividade hormonal ▪ Aspecto firme, espiralado, branco na superfície e raramente apresenta sinais de degeneração ▪ Síndrome de Meigs: associação com ascite (10 a 15%) e hidrotórax (1%) − Fisiopatologia: pressão intratorácica negativa → passagem de líquido através do diafragma por meio de poros − A síndrome se resolve completamente ao se retirar o tumor TUMOR DE BRENNER: ▪ Identificado pela sua histopatologia incomum: ilhotas de células cuboides claras (ninhos de células de Walthard) ▪ São tumores epiteliais benignos, constituídos por epitélio transicional, mas vale salientar que tem seus equivalentes malignos e limítrofes ▪ Raramente ocorre transformação maligna ▪ Pode estar associado à síndrome de Meigs ▪ Pode estar associado a um cistoadenoma mucinoso, assemelhando-se ao quadro de um tumor maligno LUTEOMA DA GRAVIDEZ: ▪ Tumor raro, geralmente sólido, pode ser bilateral e levar ao aumento do ovário em até 12cm ▪ Virilização: associada em 25% dos casos − Início no segundo trimestre da gestação devido à produção de testosterona (alguns autores o chamam de androluteoma) − Também pode ocorrer a masculinização de um feto do sexo feminino ▪ A maioria dos casos regride espontaneamente, mas o aumento persistente do tumor indica cirurgia TUMORES FUNCIONANTES (TUMORES DO ESTROMA GONÁDICO) FEMINILIZANTES TECOMAS ▪ Originam-se do estroma cortical dos ovários ▪ Geralmente unilaterais e raramente malignos ▪ Representam 2% dos tumores ovarianos, com predomínio na pós-menopausa ▪ Durante o período reprodutivo, o tumor é raro ▪ Frequentemente (75% dos casos), produzem estrógenos ▪ Sintomas: correlacionam-se com sua indução estrogênica → sangramento genital e hiperplasia endometrial na pós-menopausa − Na menacme, o seu diagnóstico é mais difícil, pois os efeitos estrogênicos produzidos pelo tumor se confundem com aqueles fisiologicamente encontrados nessa fase ▪ Tratamento: ooforectomia − Pacientes mais idosas: histerectomia com salpingectomia bilateral VIRILIZANTES GONADOBLASTOMAS: ▪ Tumor misto: constituído por elementos germinativos (geralmente representado pelo disgerminoma) e elementos do cordão sexual (elementos das células da granulosa e de Sertoli) ▪ Podem produzir androgênios e estrogênios ▪ Gonadoblastomas são tumores germinativos raros, tipicamente benignos, e frequentemente estão associados à presença de disgenesia gonadal, como a síndrome de Turner e a síndrome de Swyer ▪ Em até 60% dos casos são observados em associação com os tumores de células germinativas malignos, sendo o mais comum o disgerminoma ▪ Diagnóstico: geralmente é feito durante a investigação de atraso de desenvolvimento puberal e amenorreia primária ▪ Tratamento: ooforectomia ▪ Pacientes com disgenesia gonadal e presença de cromossoma Y: alto risco para o desenvolvimento deste tumor − Conduta: gonadectomia STRUMA OVARII ▪ Variante do teratoma cístico maduro ▪ Predomínio de mais de 50% de tecido tireoidiano (20% dos teratomas têm pequenos focos de tecido tireoidiano) ▪ Produção ectópica de hormônios tireoidianos ▪ Sintomas de tireotoxicose: 5% dos casos ▪ Baixo potencial de malignidade TUMORES LIMÍTROFES ▪ Também chamados de baixo potencial maligno ou borderline ▪ Respondem por 10 a 15% dos tumores epiteliais ▪ São um grupo especial de neoplasias cujo comportamento biológico e aspecto histopatológico os coloca entre os tumores benignos e os francamente malignos ▪ Tendem a permanecer limitados aos ovários por longos períodos, com baixo potencial de crescimento e invasão → bom prognóstico ▪ Predominantemente antes da menopausa, em mulheres entre 30 e 50 anos, ou seja, mais precocemente que os tumores invasivos − Idade média fica em torno dos 46 anos ▪ Cerca de 20 a 25% disseminam-se além do ovário ▪ São capazes de se metastatizar, porém não apresentam invasão estromal Critérios de diagnóstico ▪ Hiperplasia epitelial com pseudoestratificação em tufo, cribiforme e micropapilar ▪ Atipia nuclear e aumento da atividade mitótica ▪ Grupos celulares isolados ▪ Ausência de invasão verdadeira do estroma, ou seja, sem destruição tecidual Tratamento ▪ Possibilidade de tratamento conservador, sobretudo nas pacientes com pretensões reprodutivas ▪ Acompanhamento das pacientes é necessário ▪ Tratamento adjuvante: permanece controverso DIAGNÓSTICO ▪ Depende da faixa etária e dos sinais e sintomas ▪ Emboraa avaliação clínica inicial seja fundamental, é inegável a contribuição dos métodos de imagem e dos marcadores tumorais no diagnóstico e tratamento destes tumores ANAMNESE E EXAME FÍSICO ▪ Aprox. 7% das mulheres na pré e pós-menopausa apresentam massas ovarianas que podem ser líquidas, sólidas ou mistas ▪ O risco para câncer de mama em mulheres sem predisposição familiar é maior aos 60 anos e gira em torno de 1,7% − Quando há predisposição familiar, o risco relativo aumenta para 4,5% ▪ O problema clínico no diagnóstico da massa ovariana é excluir a malignidade! − Quando de início súbito, severo ou de rápida progressão, principalmente se associados a sintomas consumptivos: considerar a possibilidade de tumor maligno de ovário ▪ O diagnóstico definitivo dos tumores de ovário é histopatológico Anamnese: ▪ Investigar os fatores de risco para câncer, idade, história reprodutiva e desejo contraceptivo ▪ Sempre interrogar sobre uso de contraceptivos e atraso menstrual para descartar ou confirmar gestação (patologias específicas desse período reprodutivo: corpo lúteo ovariano, gravidez ectópica e aborto tubário) ▪ Diagnóstico diferencial das massas ovarianas: considera-se a mulher, o estado menopausal (pré ou pós-menopausa), os sintomas, o tamanho da massa, os achados ultrassonográficos e os níveis dos marcadores Idade: ▪ Cistos na pré-menopausa são comuns e usualmente benignos, incluindo os cistos funcionais, os endometriomas e os ovários policísticos ▪ O risco de malignidade aumenta com a idade e a maioria das massas malignas é diagnosticada na pós-menopausa Sintomas: ▪ Nenhum ou poucos sintomas vagos e inespecíficos são observados → pode retardar a propedêutica ▪ Sintomas inespecíficos: sangramento genital, aumento do volume abdominal, dor abdominal e pélvica ▪ Apenas 25% das mulheres são diagnosticadas com a doença maligna limitada aos ovários ▪ Outros sintomas: − Metrorragia e dismenorreia podem estar presentes em quadros de leiomiomas − Dispareunia e dismenorreia severa são sugestivas de endometriomas − Febre e dor à mobilização do colo uterino podem indicar abscessos tubo-ovarianos e moléstia inflamatória pélvica Exame Físico: ▪ O diagnóstico ocorre pela detecção de um tumor anexial assintomático durante o exame pélvico rotineiro ▪ O exame deve ser direcionado para a queixa da paciente e pode incluir o exame especular, toque vaginal, toque retal e palpação de linfonodos ▪ Avaliação cardíaca e pulmonar: quando houver queixas relacionadas (dispneia ou dor torácica) ▪ Exame clínico da pelve bimanual = baixa acurácia em assintomáticas e não é adequado para avaliar as dimensões ou outras características ovarianas, principalmente pós-menopausa, obesas ou útero aumentado de volume ▪ Massa pélvica constatada no exame físico = USG ULTRASSONOGRAFIA (USG) ▪ Exame fundamental na avaliação das massas ovarianas e no diagnóstico diferencial com outras afecções ginecológicas e não ginecológicas ▪ Diferencia massa cística de sólida ▪ Identifica padrões ultrassonográficos característicos de cada tumor ▪ Limitações: examinador-dependente e a presença de grande variedade de características ultrassonográficas tanto nos tumores benignos quanto nos malignos ▪ Deve ser realizada, preferencialmente, pela via vaginal, podendo ser complementada pela via abdominal → visualização de ambos os ovários com maior precisão diagnóstica, sobretudo em mulheres menopausadas e também na presença de grandes massas pélvicas ▪ A diferenciação entre os cistos funcionais e cistos neoplásicos na pré-menopausa pode ser dificultada pelas mudanças cíclicas causadas pela ovulação − Risco de malignidade: pré-menopausa <1% e, pós-menopausa pode chegar até 10% Critérios morfológicos ultrassonográficos Critérios da European International Ovarian Tumor Analysis (IOTA): classifica os achados de imagem em provavelmente benignos, provavelmente malignos e indeterminados Características ultrassonográficas suspeitas de malignidade: ▪ Presença de componente sólido, ▪ Cistos multiloculados, ▪ Aumento da espessura da cápsula, ▪ Diâmetro > 8-10 cm apresentam risco elevado de malignidade (Febrasgo diz > 6cm) ▪ Presença de septo grosseiro, ▪ Projeções papilares: principalmente se mais de 4 ou se envolverem mais de 50% da parede interna do cisto ▪ Ascite ▪ Diminuição no fluxo ao Doppler ▪ Bilateralidade à USG aumenta em 3x o risco Dicas Importantes ▪ Geralmente, cistos funcionais são pequenos (5 cm ou menos), uniloculares e com paredes internas lisas, enquanto os cistos neoplásicos são maiores (>5 cm), multiloculares, contêm áreas sólidas e possuem irregularidades na parede interna ▪ Cistos uniloculares de todos os tamanhos geralmente são benignos − Apenas 2% dos uniloculares >10 cm são histologicamente malignos ▪ Cistos malignos têm septos grossos, paredes internas irregulares, margens pouco definidas e podem se associar com ascite (aumenta em 4x a possibilidade de malignidade em mulheres na pré- menopausa e em 8x na pós-menopausa) ▪ Massas multilobulares são mais frequentemente malignas (8%) que as unilobulares (0,3%) tanto em mulheres na pré quanto na pós-menopausa ▪ Tumores com partes sólidas, semissólidas ou mistas são frequentemente malignos − Componentes sólidos internos: achado mais constante nas lesões malignas − Tumores totalmente sólidos são raros e representam apenas 16% de todos os tumores malignos DOPPLERFLUXOMETRIA COLORIDA ▪ O método deve ser avaliado conjuntamente com aspectos clínicos da paciente, aspectos ultrassonográficos do tumor e marcadores tumorais ▪ Na triagem pré-operatória do câncer de ovário, a Dopplerfluxometria colorida aprimora a USG e reduz seu falso-positivo de 3,3% para 0,5% ▪ Útil no diagnóstico diferencial entre lesões benignas e malignas ▪ O princípio de sua aplicação ancora-se no fato de que se observa neoangiogênese nos tumores malignos → proliferação de vasos desprovidos de músculo liso, apresentando, portanto, baixa resistência ao fluxo vascular ▪ A neovascularização tem valor especial quando presente nos septos dos tumores císticos, acertando o diagnóstico em 98% dos casos ▪ As lesões malignas normalmente apresentam baixo índice de pulsatilidade (IP < 1,0) e baixo índice de resistência (IR < 0,40) ▪ Massas inflamatórias e os cistos de corpo lúteo podem mimetizar uma massa suspeita de malignidade, pois podem apresentar índices de baixa resistência à Dopplerfluxometria → alta taxa de falso-positivos quando esse procedimento é usado isoladamente Ressonância Magnética (RM) e Tomografia Computadorizada (TC) ▪ Reduzida contribuição de ambos os exames de imagem no diagnóstico da natureza do tumor anexial, quando comparadas com a USG ▪ USG tem sensibilidade e acuidade mais alta no diagnóstico de tumores ovarianos do que a RM RM: ▪ Alternativa na avaliação das massas anexiais, principalmente em gestantes, adolescentes e mulheres virgens ▪ Avaliação de teratomas císticos benignos com imagens atípicas à USG (semelhança sonográfica com o conteúdo intestinal) ▪ Avaliação de coágulos que mimetizam massas sólidas na USTV e massas sólidas como fibrotecomas e fibromas ovarianos ▪ RM + USTV = aumento da sensibilidade em lesões malignas e da especificidade em lesões benignas EXAMES LABORATORIAIS ▪ BhCG: descartar gestação na menacme e doenças relacionadas a ela ▪ Hemograma completo: pode evidenciar leucocitose, sugerindo doenças infecciosas como moléstia inflamatória pélvica e abscesso tubo- ovariano MARCADORES TUMORAIS ▪ Utilizados em conjunto com o exame pélvico, achados ultrassonográficos e Dopplerfluxometria Antígeno Cancerígeno (CA) 125: ▪ Marcador tumoral mais sensível para os tumores epiteliais,especialmente os serosos ▪ Simples dosagem do CA 125 não é útil na distinção de uma massa pélvica benigna ou maligna → valor preditivo positivo baixo (10%) ▪ Pode estar aumentado (> 35 mUI/ml) em 1% das pessoas sadias, 6% das mulheres com doença benigna, 28% em mulheres com doenças malignas não ginecológicas e 82% das pacientes com câncer ovariano epitelial (porém, nas pacientes em estádios iniciais, seus níveis séricos podem ser normais) ▪ Baixa especificidade justificada especialmente pelos tumores anexiais inflamatórios e endometriomas que elevam seus níveis ▪ Etiologias benignas e malignas podem causar o seu aumento, por exemplo, endometriose, câncer de pulmão, câncer de mama e tuberculose ▪ Pós-menopausa: sensibilidade e especificidade aumentam em relação ao período do menacme Outros marcadores ▪ Tumores epiteliais ovarianos podem secretar CA- 19-9, CA-125 e CEA ▪ Tumores de células de Leydig-Sertoli secretam andrógenos promovendo hirsutismo, clitoromegalia e amenorreia ▪ Tumores de células granulosas podem produzir estradiol, causando amenorreia e puberdade precoce ▪ Tumores de células germinativas podem ter elevação da concentração de BhCG, DHL, alfafetoproteína ▪ Os teratomas císticos benignos normalmente não secretam marcadores tumorais PUNÇÃO ASPIRATIVA E ANÁLISE CITOLÓGICA ▪ Não devem ser usadas para fins diagnósticos ▪ No líquido ovariano, a citologia não apresenta sensibilidade confiável ▪ O derramamento das células durante a punção pode aumentar o estadiamento, no caso de um câncer ovariano ABORDAGEM TERAPÊUTICA ▪ Fatores importantes na definição da conduta: idade da paciente, aspecto ultrassonográfico do tumor e presença de complicações ▪ A escolha da via operatória (abdominal ou videolaparoscópica): baseada na presunção da origem da massa, idade da paciente, etiologia do tumor, manutenção ou não da fertilidade, avaliação criteriosa dos exames complementares e na habilidade do cirurgião ▪ Objetivo inicial da avaliação das massas anexiais: caracterizar e identificar situações de urgência em que a resolução imediata se faz necessária, bem como o potencial de malignidade do tumor anexial (critérios clínicos e exame físico, história familiar, exames laboratoriais e exames de imagem) ▪ A partir dessa caracterização, a conduta terapêutica poderá ser estabelecida e poderá variar de acordo com o período reprodutivo no qual a mulher se encontra ▪ Na suspeita de malignidade ou quando a avaliação inicial é indeterminada: encaminhar ao oncoginecologista para avaliação por especialista e para determinação da conduta terapêutica − O câncer de ovário é extremamente agressivo, com mortalidade em cinco anos de 60% − O estadiamento ao diagnóstico é o fator mais relevante na taxa de sobrevida − O estadiamento cirúrgico adequado, a cirurgia completa, o uso das terapias adjuvantes (quimioterapia e radioterapia): impactam diretamente no sucesso INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ▪ Infância (pré-pubere): aprox. 80% das neoplasias ovarianas são malignas → diagnóstico correto e tratamento adequado são primordiais → referenciadas para especialistas em ginecologia pediátrica ▪ Adolescência: os cistos funcionais e os tumores de células germinativas são os mais encontrados ▪ A presença de características de malignidade, assim como o tamanho do tumor e o quadro clínico da paciente, ditarão as condutas ▪ Cistos funcionais: conduta expectante com acompanhamento → resolução espontânea da maioria dos casos e evita intervenções cirúrgicas desnecessárias ▪ Tumores de células germinativas: cistectomia simples com preservação do ovário − Intervenção cirúrgica imediata: em casos de torção anexial, presença de hemorragia intra- abdominal com instabilidade hemodinâmica e suspeita de gravidez ectópica − Maioria das vezes: videolaparoscopia → os anexos devem ser preservados sempre que possível PRÉ-MENOPAUSA ▪ Fundamental excluir ou confirmar inicialmente a possibilidade de gravidez e, consequentemente, do diagnóstico de gravidez ectópica e a presença de quadro infeccioso, como o abscesso tubo- ovariano CISTOS FUNCIONAIS ▪ Nesta fase, muitos cistos são funcionais e regridem sem tratamento ▪ Massas anexiais com características sugestivas de cistos funcionais: acompanhadas clinicamente, desde que a paciente se apresente assintomática ▪ Costumam se romper espontaneamente, sem maiores repercussões, em período de até três ciclos menstruais, independente do uso de anovulatórios ▪ A crença de que o emprego de ACO poderia suprimir os cistos não foi confirmada − Porém, os ACO, preferencialmente com altas doses de estrogênio, são efetivos na redução de risco de cistos ovarianos subsequentes ▪ Cistos sintomáticos: avaliação imediata − Massas suspeitas de serem funcionais com poucos sintomas: tratamento clínico com analgésicos − Tratamento cirúrgico: indicado na presença de dor intensa, suspeita de torção ou malignidade Evitado pelo risco potencial de desenvolver aderências pélvicas que possam interferir com a fertilidade MASSAS OVARIANAS BENIGNAS ▪ A maioria das massas ovarianas é benigna e a probabilidade de malignidade é baixa, mas deve ser sempre levada em consideração ▪ A abordagem dependerá da presença de sintomas e da suspeita de malignidade ▪ Tratamento cirúrgico: indicado na presença de dor ou lesões suspeitas − A via de escolha deve ser videolaparoscópica em mãos treinadas e experientes → morbidade reduzida e da recuperação rápida − Preconiza-se abordagem cirúrgica conservadora com preservação do ovário acometido, quando possível, principalmente em pacientes com pretensões reprodutivas PÓS-MENOPAUSA ▪ Pacientes com risco mínimo de desenvolver câncer de ovário: conduta expectante com acompanhamento − Cistos uniloculares < 5 cm e níveis normais de CA 125: acompanhamento a cada 6 meses com avaliação do índice morfológico (avaliação do volume tumoral, estrutura da parede e septações) e dosagens de CA 125 − A morfologia tumoral e os níveis de CA 125 se alteram com o passar do tempo: seguimento adequado é imprescindível → caso não seja possível = tratamento cirúrgico ▪ Naquelas com risco intermediário e alto: a exérese cirúrgica deve ser prontamente realizada ▪ Tumores ovarianos complexos ou níveis de CA 125 elevados: cirurgia imediata GESTAÇÃO ▪ Pacientes sintomáticas: cirurgia sempre indicada, independentemente da idade gestacional no momento do diagnóstico ▪ Assintomáticas detectadas na gravidez: roteiro de abordagem conforme IG no momento do diagnóstico
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