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Aula 2 Civil V

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DIREITO CIVIL V
Semana 2: Formas especiais de casamento.
CASO CONCRETO – SEMANA 1
QUESTÃO SUBJETIVA 1 - (Magistratura de São Paulo - 2007 - 2ª Fase) Direito Civil - Dissertação. Princípios basilares do Código Civil brasileiro (Lei nº 10.406, de 10.01.2002)
Inovações no Direito de Família em relação ao Código Civil De 1916.
QUESTÃO SUBJETIVA 2 - Carlos e Juliana, após 7 anos de namoro, tomaram a importante decisão de firmar um noivado para, então, começar os preparativos do matrimônio, que perduraram 12 meses, entre organização da moradia do casal e festa de casamento. Tudo estava pronto! A casa mobiliada, a festa inteiramente paga, padrinhos preparados, convites distribuídos e os noivos aguardavam o grande dia quando Juliana foi surpreendida por uma decisão de Carlos: Não quero mais casar! Após momentos desesperados de dúvida e sofrimento, Juliana descobriu que Carlos mantinha um relacionamento paralelo há 2 anos com uma moça que residia na mesma cidade. Por se tratar de uma cidade pequena, em que praticamente todos os habitantes se conhecem, Juliana ficou muito envergonhada e tinha a certeza de que a história da traição e abandono de Carlos rapidamente se espalharia. E assim, de fato, ocorreu, tendo Juliana de desmarcar a festa, informar aos padrinhos e convidados do cancelamento, além de se submeter aos constantes questionamentos e comentários a respeito do que acontecera.
Diante desta situação, que orientações você daria a Juliana, na qualidade de advogado(a) dela?
I. Casamento por procuração
O CC apresenta diversos atos jurídicos que prescindem de pessoalidade, não admitindo representação (testamento, adoção etc.), o casamento, por sua vez, não exige este requisito.
Este casamento é realizado por meio de um mandato e a procuração é o instrumento delimitador dos poderes do procurador ou mandatário (art. 1.542 CC).
Ocorre principalmente nos casos em que um dos nubentes esteja fora do país (imigração, militares, diplomatas, pessoas com bolsas de estudo no exterior...).
O casamento pode ser celebrado mediante procuração por instrumento público, com poderes especiais (art. 1.542 CC).
A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias da sua celebração (art. 1.542, §3º). 
Se o casamento for celebrado no 91.º dia, deve ser considerado inexistente ou nulo.
O retrato ou revogação pode ocorrer até o momento da celebração, que deve ser por instrumento público (art. 1.542, §4º).
Art. 1.542 §1º: “A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos” (ler com a súmula 37 STJ).
O casamento realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, é anulável (art. 1.550, V).
Posição doutrinária: o casamento pode ser celebrado por procurações outorgadas por ambos os cônjuges, se ambos não puderem comparecer. 
II. Casamento Nuncupativo
Também chamado de em viva voz, in extremis vitae momentis, ou in articulo mortis. Ocorre sem presença de autoridade para casar.
Art. 1.540. “Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.”
Qualquer dos nubentes (ou os dois), detentor de saúde mental, que esteja para morre, pode fazer valer sua vontade de casar-se.
Para evitar fraudes o art. 1.541 determina que, realizado o casamento, as testemunhas devem comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, declarando: 
que foram convocadas por parte do enfermo; 
que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; 
que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
Essa modalidade de casamento permite que até mesmo a presença da autoridade celebrante seja suprimida, onde os próprios contraentes conduzem o ato de matrimônio manifestando seu desejo perante seis testemunhas, que com eles não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, em segundo grau.
Essas testemunhas devem comparecer dentro em dez dias perante a autoridade judicial mais próxima, pedindo que lhes sejam tomadas declarações dos três itens acima por termo.
O juízo, com oitiva do Ministério Público, verificará se os contraentes poderiam ter-se habilitado regularmente, ouvirá os interessados que o requereram dentro em 15 dias, para após acolher ou rejeitar a pretensão. 
Transitada em julgado, o juízo mandará transcrevê-la no livro de registro de casamentos. Esse assento retroagirá, quanto aos efeitos do casamento à data da celebração.
Se o enfermo melhorar e puder ratificar o ato em presença do magistrado e do oficial do registro, comparecerá no prazo de dez dias, não havendo necessidade de comparecimento das testemunhas.
Se nem as testemunhas nem os nubentes comparecerem perante a autoridade nesse prazo, o casamento não se ratifica, tendo-se por inexistente.
Civil e processual civil – Apelação cível – Casamento nuncupativo – Sentença homologatória de termo de celebração de casamento em iminente risco de vida, bem como de adjudicação dos bens inventariados. Ausência de comprovação de vício quanto a manifestação da vontade inequívoca do moribundo em convolar núpcias.
Testemunhos que comprovam o nível de consciência do de cujus. Observância de todas as formalidades legais com base nos artigos 1.540 e 1.541 do Código Civil de 2002. Verba honorária aplicada de forma escorreita. Recurso conhecido e desprovido. Manutenção da sentença (TJRN – AC 2010.015840-5, 31-3-2011, Rel. Des. Amaury Moura Sobrinho).
III. Casamento em caso de moléstia grave
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Diferença entre casamento nuncupativo e em caso de moléstia grave:
Nuncupativo: o nubente encontra-se no leito de morte, não tendo havido tempo para nada, nem solicitar a presença da autoridade celebrante ou seu substituto.
Moléstia grave: a habilitação para o casamento foi feita, mas, por conta de grave doença, tornou-se impossível o comparecimento à solenidade matrimonial, assim a autoridade vai até o hospital ou sua casa para celebrar o casamento. Não exige as formalidades que o nuncupativo impõe, sendo um procedimento muito mais célere e simples.
O casamento será realizado na casa do nubente ou em outro local onde a pessoa se encontre (geralmente hospitais).
Na falta ou impedimento da autoridade competente, poderão realizar o ato seus substitutos legais, e o oficial do registro civil poderá ser substituído por nomeado ad hoc, pelo celebrante. 
Tratando-se de oficial ad hoc (temporário), este lavrará termo avulso, que será levado a registro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Não registrado o casamento no prazo, não haverá casamento, o ato será tido como inexistente.
IV. Casamento celebrado fora do País, perante autoridade diplomática brasileira
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
Existe posicionamento jurisprudenciale doutrinário que reconhece a validade do casamento mesmo quando ultrapassados os 180 dias previstos em lei.
O casamento celebrado no exterior prova-se de acordo com a lei do local da celebração. Se realizado perante autoridade consular, a prova é feita pela certidão do assento no registro do consulado.
O casamento de brasileiros celebrado no exterior, segundo a lei do país respectivo, serão considerados autênticos, nos termos da lei local, legalizadas as certidões pelos cônsules.
O retorno de um ou de ambos os cônjuges ao território nacional e o prazo de 180 dias se aplica somente nos casos de retorno definitivo e não de simples viagem turística ou para visita a parentes.
V. Casamento celebrado fora do País, perante autoridade estrangeira
Art. 7º LINDB A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 
 
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
Consagra a regra lex domicilii, pela qual devem ser aplicadas, no que concerne ao começo e fim da personalidade, as normas do país em que for domiciliada a pessoa.

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