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Prévia do material em texto

Gestão de empreendimentos 
sustentáveis
MARIANA DE CASTRO MOREIRA
PATRÍCIA NASSIF
1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Mariana de Castro Moreira
Patrícia Nassif
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................................. 6
Capítulo 1
Introdução à Gestão Ambiental Pública ............................................................................................................... 7
Capítulo 2
Política, Compromisso e Conflito...........................................................................................................................16
Capítulo 3
Responsabilidade Social e Marketing Social: Aspectos Gerais ....................................................................25
Capítulo 4
Terceiro Setor: Fundamentos, Tipos de Organização e Voluntariado .......................................................39
Capítulo 5
Empreendedorismo Social e Desenvolvimento Sustentável .....................................................................57
Capítulo 6
Plano de Negócios para Organizações do Terceiro Setor .............................................................................79
Referências ..........................................................................................................................................................................94
Apêndices e Anexos .........................................................................................................................................................97
4
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e 
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros 
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, 
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
5
ORGANIzAçãO DO LIVRO DIDáTICO
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
Quando deparamos com a discussão sobre sustentabilidade e responsabilidade social, é bastante 
frequente encontrarmos abordagens que priorizam a atuação privada. No entanto, frente à 
complexidade dos cenários contemporâneos, é imprescindível que a Gestão Pública se aproxime 
e se aproprie adequadamente desse debate. 
É nessa perspectiva que esta disciplina propõe-se a contribuir com a formação do futuro gestor 
público: fornecendo ferramentas teóricas, conceituais e metodológicas para que sua atuação 
leve, efetivamente, em consideração, as dimensões sociais e ambientais nos processos de gestão 
pública.
Para isso, nos aproximaremos dos debates sobre a Gestão Ambiental Pública. Desse modo, este 
Livro Didático está baseado no art. 225 da Constituição Federal, que dispõe que a garantia ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado é compromisso de todos: Poder Público e coletividade. 
Torna-se, assim, pertinente a problematização sobre as noções de gestão, de meio ambiente e de 
público, inserindo o compromisso e a politização da questão socioambiental como caminhos 
para uma práxis transformadora ao romper com o viés puramente tecnicista.
Objetivos
 » Situar a Gestão Ambiental Pública em sua complexidade, de forma sistêmica e 
interdisciplinar.
 » Correlacionar e debater as possibilidades de interface entre a Gestão Ambiental Pública 
e Privada.
 » Apresentar as diretrizes e estratégias trazidas pelas chamadas Agenda Verde e Marrom, 
discutindo a gestão ambiental na estrutura estatal.
 » Debater a noção de conflito ambiental, problematizando os mecanismos de controle 
social, gestão participativa e educação ambiental.
 » Oferecer uma fundamentação teórica e metodológica das várias correntes 
socioambientais.
 » Instrumentalizar a construção de projetos de intervenção nas diferentes áreas sociais a 
partir de atividades contextualizadas e transformadoras da realidade socioeconômica 
brasileira.
 » Analisar as estratégias de gestão e oportunidades de divulgação de causa e captação de 
recursos para entidades sociais e ambientais de representatividade nacional.
7
Apresentação
Neste capítulo, pretendemos introduzir o estudo da Gestão de Empreendimentos Sociais 
Sustentáveis, estimulando o debate sobre as possíveis articulações entre o Estado, a sociedade 
e o meio ambiente. 
Para isso, em primeiro lugar, procuraremos aprofundar a discussão sobre a Gestão Ambiental 
Pública, refletindo sobre as noções de meio ambiente, de público e de gestão. 
Em seguida, buscaremos situar algumas atribuições específicas e responsabilidades do Poder 
Público nesse contexto.
Objetivos
 » Ampliar e aprofundar a reflexão e entendimento sobre a problemática ambiental, a 
partir da imbricada relação entre meio natural e meio social, em uma perspectiva 
interdisciplinar.
 » Refletir sobre o significado do “público” para a problemática ambiental, inserindo-a 
como direito difuso.
 » Reforçar a importância da Gestão Ambiental Pública. 
1
CAPÍTULO
INTRODUçãO À GESTãO 
AMBIENTAL PÚBLICA
8
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
Quem Vai Cuidar da Questão Ambiental? 
 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações (BRASIL, Constituição da República Federativa, 1988, art. 225). 
O art. 225 de nossa Constituição já é bastante conhecido junto aos fóruns, organizações e pessoas 
que trabalham com a questão ambiental. O capítulo VI é dedicado ao “Meio Ambiente” e determina 
sete incumbências para que o Poder Público efetive a garantia a esse direito, quais sejam:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidadesdedicadas à pesquisa e manipulação de material genético
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa 
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de 
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos 
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem 
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam 
os animais a crueldade (BRASIL, Constituição da República Federativa, 1988, 
art. 225).
Figura 1. Constituição da República Federativa do Brasil 1988
Fonte: <http://www.cee.fiocruz.br/?q=node/63>. 
http://www.cee.fiocruz.br/?q=node/63
9
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Provocação
Costumamos falar bastante em cidadania, nos dias de hoje, não é mesmo? No entanto, muitas vezes vale lembrar que ser 
cidadão não significa somente votar a cada dois anos... Precisamos aprender a ser cidadãos em nosso cotidiano. Precisamos 
aprender a participar. Ainda lidamos com uma noção de democracia representativa, na qual o povo é representado por 
um grupo eleito. Ocorre que a mesma Constituição Federal de 1988 determina mecanismos de participação popular e 
controle social para que possamos consolidar a noção de democracia participativa. Aqui está evocada a efetiva participação 
da sociedade na formulação e fiscalização de políticas públicas, a partir do reconhecimento dos princípios de liberdade, 
igualdade, justiça social, dentre outros. Assim, é fundamental que o gestor conheça, exerça e incentive junto a seus pares o 
direito de participar! 
Um primeiro passo pode ser conhecer a nossa Constituição... Você já leu? 
Acesse:
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/
ConstituicaoTextoAtualizado_EC92.pdf. 
Bem, nunca é demais enfatizar que ao mesmo tempo em que temos direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, temos, também, o dever de protegê-lo e preservá-lo. Cada segmento 
– Poder Público, iniciativa privada e sociedade civil – deve exercer seu papel nessa empreitada. 
Figura 2. Cuidar do meio ambiente
Fonte: <https://pixabay.com/pt/banner-cabe%C3%A7alho-plano-de-fundo-902583/>. 
De forma geral, quando falamos em gestão ambiental, é comum pensarmos em ações e 
procedimentos da iniciativa privada. No entanto, com este Livro Didático, queremos ampliar esse 
entendimento, reforçando que a questão ambiental diz respeito a todos nós, de forma sistêmica, 
mas traz, também, especificidades de atuação que cabem exclusivamente ao Poder Público. 
Toda essa discussão inicial parece simples, mas, na verdade, aponta para desdobramentos 
complexos que incluem as próprias noções do que é meio ambiente, público, assim como para 
o papel do Estado e a relação entre setores públicos, privados e a sociedade civil.
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/ConstituicaoTextoAtualizado_EC92.pdf
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/ConstituicaoTextoAtualizado_EC92.pdf
https://pixabay.com/pt/banner-cabe%C3%A7alho-plano-de-fundo-902583/
10
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
Saiba mais
Entenda melhor quem é quem...
Alguns teóricos defendem um modelo de organização da sociedade que poderia ser dividida em três grandes setores, quais 
sejam:
O primeiro setor, no qual se situa o Estado como instância de regulação e de universalização de políticas públicas Þ recursos 
públicos para fins públicos;
O segundo setor, caracterizado pela iniciativa privada como geradora de riquezas Þ recursos privados para fins privados, e
O terceiro setor, caracterizado pela sociedade civil organizada Þ recursos privados para fins públicos.
“Os três setores”: quadro sintético
SETOR CARACTERIZAÇÃO RECURSOS FINS
1º Setor Estado Públicos Públicos
2º Setor Empresas Privados Privados
3º Setor Sociedade Civil Organizada Privados e Públicos Públicos
Fonte: baseado em Rubem César Fernandes (1996).
Problematizando a Questão Ambiental...
Você deve se recordar dos conteúdos estudados em outros Livros, mas acreditamos que nunca 
é demais insistir no entendimento da questão ambiental na e a partir da imbricada relação 
entre sociedade e natureza. Ou seja, aqui tomamos a problemática ambiental como um processo 
histórico de construção resultante da relação entre o “meio social” e o “meio natural”. É preciso 
reconhecer que não há um modo de vida único. As formas como as diferentes sociedades se 
organizam e o modo pelo qual se relacionam com a natureza são múltiplos. Diferentes grupos 
apropriam-se e utilizam-se dos recursos naturais de formas distintas. É nessa relação que deve 
ser entendida a questão ambiental.
Ao reconhecermos a complexidade dessa abordagem 
sobre o meio ambiente, necessariamente abraçaremos a 
multirreferencialidade na e a partir da inter-relação entre 
os vários fatores que compõem a vida em sociedade: o 
econômico, o político, o psíquico, o social, o cultural, o 
afetivo, o biológico, etc.
Saiba mais
Entenda melhor!
A perspectiva proposta pela 
multirreferencialidade possibilita a visão 
de múltiplos olhares e pontos de vista, 
geralmente distintos, sobre um mesmo 
fenômeno. 
11
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Em consequência, também reconheceremos a necessidade de um olhar multi, inter ou 
transdisciplinar que ultrapasse o enfoque disciplinar único. 
Em comum, essas abordagens colocam-se a partir de certa crítica sobre a fragmentação do 
conhecimento científico. A noção de multidisciplinaridade reconhece a possibilidade de diferentes 
olhares sobre a mesma situação sem que, necessariamente, haja troca entre eles. 
Um desastre ambiental, por exemplo, poderá ser analisado sociologicamente por um sociólogo; 
ecologicamente, por um ecólogo ou biólogo; psicologicamente por um psicólogo. Na perspectiva 
multidisciplinar, cada um trará sua contribuição para compreender aquele acontecimento. Trata-
se tão simplesmente da justaposição de diferentes disciplinas.
Um trabalho interdisciplinar, por sua vez, procura identificar possíveis pontos de intersecção 
entre diferentes campos do saber. Aqui, duas ou mais disciplinas “conversam” ou “interagem” 
entre si, a partir do que trazem em comum na análise de uma situação. Poderíamos, então, lançar 
um olhar biopsicossocial para o mesmo exemplo do desastre ambiental.
A perspectiva transdisciplinar vai além e de certa forma se contrapõe às duas anteriores, ao 
propor uma radical superação de toda e qualquer cisão disciplinar. Não se parte das separações 
ou dos pontos de vista específicos de cada área para analisar um fenômeno. Ao contrário, o 
movimento é de um olhar sistêmico, global e complexo. 
Figura 3: Multi, inter e transdisciplinaridade.
Multidisciplinaridade
Interdisciplinaridade
Transdisciplinaridade
Fonte: do próprio autor.
Problematizando a Noção de Público...
Ao procurarmos definir o que é público, é bastante provável que lancemos mão de uma 
contraposição: público é tudo aquilo que não é privado... Um olhar em perspectiva histórica 
nos auxilia nesse sentido, mostrando-nos que na Grécia Antiga a noção de público remetia aos 
espaços ocupados pelos cidadãos. Era ali, na polis, que se exercia o poder junto à coletividade. 
12
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
O exercíciopolítico era público por excelência. Como sabemos, essas noções ganham diferentes 
configurações em tempos e espaços distintos. 
A Professora Ligia Baptista (2011) lembra-nos que
Aristóteles é o filósofo que define e distingue a esfera privada e a esfera pública. 
Se a esfera privada é a esfera da economia doméstica, a esfera pública, é definida 
pelo filósofo como o âmbito da política, da cidadania e da promoção do bem 
comum, a coisa pública. Pode-se dizer que os conceitos modernos de Estado e 
República derivam do equivalente latino civitas e do grego polis, que pode ser 
traduzido por cidade-estado, ou seja, o âmbito do poder público. 
Uma análise específica da sociedade brasileira mostra-nos dada constituição a partir de uma 
suposta oposição entre o público e o privado. A obra de Roberto Da Matta (2000, 2001) é um 
importante referencial para compreendermos que quando falamos em espaços públicos e 
privados, somos lançados bem além de uma mera localização geográfica. Ao contrário, essas 
noções implicam, sobretudo, um mundo de relações: como nos relacionamos com os outros e 
com as cidades.
Em nossa sociedade, o chamado “mundo da casa” (espaço privado) está associado a um lugar 
protegido e harmonioso, em que, pretensamente, temos nossa individualidade protegida e 
garantida. Por outro lado, o “mundo da rua” (espaço público) é o cenário da disputa e do conflito 
no qual devemos nos submeter ao que vale para todos, ao que é universal.
Haveria, no entanto, no Brasil, a tendência a privatizar o que é público, tratando o “mundo da 
rua” como se fosse a “minha casa”. No lugar das leis universais, a particularização de direitos e 
deveres. E mais: contraditoriamente, o espaço público é entendido e tratado como o “espaço de 
ninguém”, em que tudo é possível. 
Historicamente, e de forma geral, o que percebemos é o sentimento de não pertencimento do 
povo brasileiro ao que é público. A escola pública é de graça, ninguém paga, é de todos e não é 
de ninguém... O telefone público na praça pública, onde ficam aqueles brinquedos públicos que 
não são de ninguém... tudo pode ser destruído, apedrejado, pichado porque não é de ninguém.
O entendimento da questão ambiental como direito difuso talvez nos auxilie a ampliar a própria 
noção do que é público, contribuindo, ainda, para que tenhamos uma compreensão mais clara 
sobre essa discussão.
Saiba mais
Para saber mais sobre direitos difusos, visite o portal do Ministério da Justiça: 
<http://portal.mj.gov.br/cfdd/data/Pages/MJ038B8D53ITEMID14E4BE4972B647A4BD0ACD82E8C978C0PTBRIE.htm> 
http://portal.mj.gov.br/cfdd/data/Pages/MJ038B8D53ITEMID14E4BE4972B647A4BD0ACD82E8C978C0PTBRIE.htm
13
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Os direitos difusos ultrapassam a esfera privada ou individual, sendo difícil predeterminar, com 
exatidão, quem são as partes interessadas em sua garantia. Um vazamento de determinada 
substância poluente, por exemplo, em uma região, diz respeito a toda a sociedade, que, direta 
ou indiretamente, sofre o impacto desse acidente. 
Um bem cultural como uma igreja ou um casarão de relevância histórica, da mesma forma, 
diz respeito a toda a sociedade e não um ou outro proprietário. Sua demolição ou depredação 
impacta a nossa história. 
Assim, ao entendermos a noção de direito difuso, compreenderemos que o direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado diz respeito a toda a sociedade e não a determinados 
grupos de pessoas. Por isso, ele é chamado de transindividual.
Problematizando a Noção de Gestão...
Assim, revisitamos a noção de meio ambiente e de público. Vamos, agora, a fim de afinar nosso 
entendimento, problematizar a noção de gestão?
Gerir determinada organização, programa ou processo é distinto de administrar. Vai além da mera 
aplicação de ferramentas ou técnicas, sendo imprescindível uma visão ampla sobre determinada 
área de atuação. 
A ideia de gestão ambiental inclui processos de planejamento, direção, controle, acompanhamento, 
avaliação e alocação de recursos de forma a evitar ou minimizar os impactos negativos ao meio 
ambiente, revertê-los ou eliminá-los.
Produtos, processos e serviços aí relacionados são pensados e geridos tendo a questão ambiental 
e seu equilíbrio ecológico como critério inegociável. Na definição do local onde será implantado 
determinado empreendimento, na escolha e compra da matéria-prima, na utilização dos recursos 
naturais ou na destinação dos resíduos perceberemos que há escolhas e desdobramentos a serem 
pensados e encaminhados de forma sustentável.
A noção de gestão aponta, assim, para as inúmeras possibilidades de diálogos e negociações que 
devem ser conduzidas no manejo responsável do meio ambiente.
14
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
Juntando as Partes...
Conforme indicamos anteriormente, é preciso, contudo, entender que a Gestão Ambiental 
Pública encerra uma especificidade pelas próprias atribuições e responsabilidades do Poder 
Público. Cabe a ele a garantia de aplicação e execução da legislação vigente na área por meio da 
definição de padrões e critérios ambientais para todos. 
Não se trata de algo simples, pela própria complexidade aí circunscrita. Vejamos que
Gestão ambiental pública, aqui entendida como processo de mediação de 
interesses e conflitos (potenciais ou explícitos) entre atores sociais que agem 
sobre os meios físico-natural e construído, objetivando garantir o direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme determina a Constituição 
Federal. Este processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo 
como os diferentes atores sociais, através de suas práticas, alteram a qualidade 
do meio ambiente e também, os custos e benefícios decorrentes da ação destes 
agentes (Price Waterhouse-Geotécnica, 1992). No Brasil, o Poder Público, como 
principal mediador deste processo, é detentor de poderes estabelecidos na 
legislação que lhe permitem promover desde o ordenamento e controle do uso 
dos recursos ambientais, inclusive articulando instrumentos de comando e 
controle com instrumentos econômicos, até a reparação e mesmo a prisão de 
indivíduos responsabilizados pela prática de danos ambientais. Neste sentido, 
o Poder Público estabelece padrões de qualidade ambiental, avalia impactos 
ambientais, licencia e revisa atividades efetiva e potencialmente poluidoras, 
disciplina a ocupação do território e o uso de recursos naturais, cria e gerencia 
áreas protegidas, obriga a recuperação do dano ambiental pelo agente causador, 
e promove o monitoramento, a fiscalização, a pesquisa, a educação ambiental e 
outras ações necessárias ao cumprimento da sua função mediadora.
(QUINTAS, s/d.)
Por enquanto, neste capítulo, nos contentaremos com essa discussão parcial a respeito da 
complexidade dessa perspectiva. Mais à frente, buscaremos aprofundar a reflexão sobre o papel 
do Estado como mediador de conflitos na gestão ambiental.
15
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Sintetizando
 » Neste capítulo, iniciamos o estudo da Gestão de Empreendimentos Sociais Sustentáveis estimulando o debate sobre as 
possíveis articulações entre o Estado, a sociedade e o meio ambiente;
 » Para isso, em primeiro lugar, procuramos aprofundar a discussão sobre a Gestão Ambiental Pública, refletindo sobre as 
noções de meio ambiente, de público e de gestão; 
 » Em seguida, buscamos situar algumas atribuições específicas e responsabilidades do Poder Público nesse contexto. O 
direito ao meio Ambiente ecologicamente equilibrado é dever de todos, mas ao Poder Público competem determinadas 
atribuições específicas;
 » Discutimos que a questão ambiental só se torna possível a partir da relação entre meio natural e meio social e, por esse 
motivo, é preciso contextualizá-la no tempo e espaço;
 » Reforçamos a perspectiva interdisciplinar como meio de abordar a complexidade da problemática ambiental;
 » Discutimos sobre a noção de público e privado, inserindo o meio ambiente como direito difuso;
 »Reunindo todas essas reflexões, consolidamos – introdutoriamente – a importância da noção de Gestão Ambiental Pública.
16
Apresentação
Este capítulo apresenta a importância de politizarmos a reflexão sobre as questões socioambientais, 
distanciando-nos de tendências extremistas que esvaziam um trabalho crítico e reflexivo, tais 
como: o puro tecnicismo ou o apelo ético-moral. Apresenta, assim, algumas perspectivas da 
Ecologia Política e da Educação Ambiental Emancipatória no processo de Gestão Ambiental. 
Situa, para isso, a noção de conflito ambiental como inerente ao campo de atuação do gestor.
Objetivos
 » Problematizar a noção de meio ambiente na e a partir da relação entre meio natural e 
social, de forma complexa.
 » Compreender a importância da discussão política no campo socioambiental.
 » Compreender a noção de conflito ambiental.
 » Articular as noções de Gestão Ambiental e Educação Ambiental no processo de gestão 
ambiental emancipatória.
2
CAPÍTULO
POLÍTICA, COMPROMISSO 
E CONFLITO
17
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
Politizar a Questão Ambiental
Em nosso primeiro capítulo, buscamos situar uma forma particular de abordar a Gestão Ambiental 
Pública, desnaturalizando alguns entendimentos acríticos e situando-a como resultante de um 
processo de construção histórica. 
É preciso entender que a legislação ambiental e a vigente proposição do direito ao meio ambiente 
equilibrado como dever de todos é fruto de um longo trajeto de lutas, conflitos, avanços e 
retrocessos vividos pelos movimentos sociais em nosso país.
Assim, nos afastamos de uma suposta visão “neutra” de Estado, de direito e de meio ambiente, 
reconhecendo, também, o marco legal ambiental e as atribuições do Poder Público em sua 
constituição histórica. 
Historicizar a questão ambiental implica, assim, assumir uma postura política, impondo a 
explicitação de escolhas e a reflexão sobre conflitos. É com essa noção que gostaríamos de iniciar 
nosso segundo capítulo: contextualizando sócio-historicamente e inserindo o conflito como 
inerente à problemática ambiental.
Antes de esclarecer a que estamos nos referindo ao falar em conflito, é importante lançarmos 
novamente nosso olhar para a constituição desse campo multifacetado, inserindo-o no campo 
político. Para isso, valemo-nos de Loureiro (2009) para nos acompanhar nessa argumentação...
Com o autor, refletiremos que a necessidade de se politizar a discussão ambiental aponta para 
a possibilidade de escaparmos de radicalismos extremistas que vão do puro tecnicismo à égide 
economicista ou, ainda, às limitações de um suposto apelo ético-moral-filosófico. 
Sem pretender, neste capítulo, tecer uma perspectiva histórica sobre o movimento ambientalista, 
é preciso lembrar a heterogeneidade desse campo, marcado por uma significativa diversidade de 
concepções, visões de mundo e abordagens teórico-clássicas nem sempre tão claras ou explícitas 
quanto necessário para um debate aprofundado.
 
Sugestão de estudo
Para aprofundar a reflexão sobre essa discussão, sugerimos as seguintes leituras iniciais:
Sobre o assunto, ver LOUREIRO, C. F. B., BARBOSA, G. L., ZBOROWSKI, M. B. Os vários “ecologismos dos pobres” e as 
relações de dominação no campo ambiental. In: LOUREIRO, C. F. B., LAYRARGUES, P. P., CASTRO, R. S. de (orgs.). Repensar a 
educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009.
Por um lado, certas correntes conservacionistas dão primazia ao discurso técnico-científico 
esvaziando qualquer diálogo político. Aqui, noções de impacto ambiental, por exemplo, são 
reduzidas ao manejo e controle de externalidades e condicionantes. Os argumentos técnicos são 
18
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
evocados para legitimar a lógica da produção e do mercado. Em consequência, os profissionais 
aí envolvidos – sejam gestores e/ou educadores ambientais – inserem-se como experts ou 
especialistas que detêm o poder e a autoridade de ver, traduzir e falar em nome da natureza. 
Nessa imagem, os fatos estão dados, naturalizados e sem nenhuma historicidade, à espera da visão 
dos técnicos e cientistas. Esses são detentores de saberes que os separam dos outros humanos 
e legitimam sua atuação-apropriação. 
Ascelrad e Mello (2002, p. 296-297), utilizando-se da Teoria da Sociedade de Risco, de Ulrich 
Beck, apontam:
A reflexividade política da sociedade de risco teria substituído o sujeito 
revolucionário na medida em que os cidadãos percebem que os guardiães da 
ordem legalizam as ameaça (...) A eficácia dessa reflexividade repousaria na 
crença na soberania dos sentidos – os olhos tornam-se instituições de pesquisa, 
e os ouvidos, autoridades de saúde, afirma Beck. Para ele, portanto, na Sociedade 
de Risco, a plena politização da tecnologia faria dos cientistas e técnicos sujeitos 
diretos do poder. Para ele, o poder da tecnologia ultrapassaria o poder das decisões 
políticas, pelo comando da prática. A tecnologia seria a política do fato realizado, 
e o monopólio da tecnologia se tornaria o monopólio da mudança social (BECK, 
1992, p. 109) (...) Vemos aqui um certo número de assertivas resultantes de uma 
reificação das técnicas: a destruição material é vista como “revolução”, e o poder 
destrutivo material, como força revolucionária (Beck, 1995:8). No entanto, as 
conseqüências ampliadas da capacidade destrutiva das técnicas não as tornam 
necessariamente políticas em si. Político seria o uso do poder tecnológico para 
impor os rumos e projetos à sociedade, pois há uma relação de subordinação do 
poder técnico sobre as coisas ao poder político sobre a sociedade.
Em outro extremo, e tão ou mais frequente quanto essa primeira posição tecnicista supracitada, 
encontramos um discurso ambientalista eivado de apelos a valores ditos universais que busca 
ou mesmo promete um mundo “harmônico e sem conflitos”, em que os problemas sociais e 
ambientais serão resolvidos. Aqui, toda e qualquer iniciativa é válida somente por sua intenção, 
independente de suas bases ou estrutura.
Práticas que igualmente correm o risco de trazer soluções descontextualizadas e esvaziadas, sem 
nenhuma visão crítica ou problematizadora do trabalho socioambiental, situando nas esferas 
individuais (e pontuais) – por consenso – as causas e soluções dos problemas ambientais.
Loureiro (2009a, p. 47), referindo-se especificamente às iniciativas de Educação Ambiental, por 
exemplo, sinaliza a tendência a se retomar:
Aspectos conservadores da educação há muito levantados e questionados por 
pesquisadores desta área, estabelecendo as dicotomias: supremacia do saber 
científico sobre o popular; solução técnica descolada das relações de poder e 
19
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
da política; e “caminho para a salvação planetária” associado exclusivamente ao 
plano da ética e da consciência como se estas estivessem fora da organização 
social e da dinâmica que define mutuamente as dimensões que formam o todo 
em que vivem
Em outro ponto de sua obra (LOUREIRO; BARBOSA; ZBOROWSKI, 2009b), o autor retoma 
as proposições de Allier em seu Ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens 
de valoração (2007) ajudando-nos a compreender que embora nem sempre essas posições 
estejam didaticamente situadas de modo distinto, é possível identificar bases comuns para cada 
racionalidade ou modo de se pensar-agir no campo ambiental. 
Nessa obra, Allier (2007) aponta três correntes ambientalistas principais: o conservacionismo 
ou culto ao silvestre que exaltaria a proteção da vida e da natureza acima de todas as coisas, 
excluindo o humano em todas as suas dimensões; o evangelho da ecoeficiência focado na 
questão econômica e tecnológica como estratégias-meio de dominação utilitarista da natureza 
e finalmente o ecologismo dos pobres ou movimento de justiça ambiental que ressalta as 
desigualdades e injustiças sociais características do modo de produção capitalista, situando as 
condições materiais de sobrevivência na raiz dos conflitos ambientais..
Em suma, na base da Ecologia Política encontraremos as contribuições da Economia Política – 
que nos ajuda a compreender como uma sociedade se organiza a partir de suas bases materiais 
– e da Economia Ecológica – que inclui a dimensão ecológica nessa discussão, ressaltando os 
antagonismos entre os ciclos e dinâmicas da própria natureza e da sociedade.
Desse modo, a Ecologia Política traz como pauta a premência de se aprofundar a discussão 
ambiental de forma crítica e reflexiva, inserindo-a em um contexto mais amplo que considere 
as bases da organização societária para se compreender, por exemplo, os conflitos de interesses 
públicos e privados pelo acesso aos recursos naturais. Traz, assim, o questionamento sobre que 
sociedade queremos construir e, ao mesmo tempo, a possibilidade de compreendermos como 
somos determinados na e pela materialidade sociopolítico-econômica. 
O Materialismo Histórico é trazido aqui por sua atualidade ajudando-nos tanto a compreender o 
contexto no qual atuamos como também por sua potencialidade como instrumento político. 
A expressão materialismo histórico aparece em 1889, utilizada por Engels para dizer que a 
concepção materialista da história se baseia na ideia de que a produção constitui a base da 
ordem social e que, portanto, a política não deve ser procurada nas cabeças dos homens, mas 
nas transformações dos modos de produção. Marx também expõe esse ponto de vista quando diz 
que as relações jurídicas e as formas de governo não podem ser compreendidas por si mesmas 
nem pela evolução de pensamento humano, pois estão enraizadas nas condições materiais da 
vida (DICIONÁRIO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, 1987, p. 728).
20
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
A esta altura, é possível que você esteja se perguntando se não estaríamos nos afastando demais 
de nosso foco de formação em Gestão Pública. Acreditamos que não e apostamos que uma 
formação sólida, na área, hoje, implica bem mais que o ensino-aprendizagem de um conjunto 
de técnicas e procedimentos de gestão. 
As ditas “ferramentas de trabalho” estão aí disponíveis... o diferencial está nas escolhas que 
fazemos, na forma como as utilizamos. Nesse sentido, é fundamental refletirmos sobre o atual 
contexto da contemporaneidade, explicitando nossas visões de mundo, os parceiros e pares com 
os quais dialogaremos, nossas opções de negociação e intervenção. Pense nisso!
Reconhecer o conflito na/da problemática ambiental
Nesse âmbito, vale retomarmos o ponto inicial de nosso nosso primeiro capítulo: 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações.
(BRASIL, Constituição da República Federativa, 1988, art. 225). 
Se a garantia ao meio ambiente equilibrado é direito e dever de todos, torna-se necessário 
refletirmos sobre quem somos nessa coletividade. É pertinente ainda insistir que só podemos 
falar em meio ambiente na relação entre meio natural e social. E sabemos que as formas de 
acesso, uso e relacionamento do homem/mulher com os recursos naturais transformam-se no 
tempo-espaço, variando de cultura para cultura, região para região, classe para classe...
Ao admitirmos essas múltiplas relações, enfatizamos a heterogeneidade desse coletivo que 
supostamente deve garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado. O acesso e uso da 
água não tem o mesmo significado para uma população ribeirinha, um empresário em uma 
grande metrópole e uma indústria alimentícia, por exemplo.
Vejamos as colocações de Quintas (2009, p. 13-14) nesse sentido:
esta coletividade não é homogênea; ao contrário, sua principal característica é a 
heterogeneidade. Nela convivem interesses, necessidades, valores e projetos de 
futuro, diversificados e contraditórios, classes sociais, etnias, religiões e outras 
diferenciações. No caso do Brasil, o poder de decidir e intervir para transformar o 
ambiente, seja ele físico, natural ou construído, e os benefícios e custos decorrentes 
estão distribuídos social e geograficamente na sociedade de modo assimétrico. Por 
serem detentores de poder econômico ou de poderes outorgados pela sociedade, 
determinados atores sociais possuem, por meio de suas ações, capacidade 
variada de influenciar direta ou indiretamente a transformação (de modo positivo 
ou negativo) da qualidade do meio ambiente. É o caso do setor empresarial 
21
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
(poder do capital); dos legislativos (poder de legislar); do Judiciário (poder de 
condenar e absolver); do Ministério Público (o poder de investigar e acusar); dos 
órgãos ambientais (poder de definir padrões de qualidade ambiental, embargar, 
licenciar, multar); dos jornalistas (poder de influenciar na formação da opinião 
pública); das agências estatais de desenvolvimento (poder de financiamento, de 
criação de infraestrutura) e de outros atores sociais, cujos atos podem ter grande 
repercussão na qualidade ambiental e, consequentemente, na qualidade de vida 
das populações. Entretanto, estes atores, ao tomarem suas decisões, nem sempre 
levam em conta os interesses e necessidades dos diferentes grupos sociais, direta 
ou indiretamente afetados. As decisões tomadas podem representar benefícios 
para uns e prejuízos para outros. Um determinado empreendimento pode 
representar lucro para empresários, emprego para trabalhadores, conforto pessoal 
para moradores de certas áreas, votos para políticos, aumento de arrecadação 
para governos, oportunidade de emprego para um segmento da população e, 
ao mesmo tempo, implicar prejuízo para outros empresários, desemprego para 
outros trabalhadores, perda de propriedade, empobrecimento dos habitantes 
da região, ameaça à biodiversidade, erosão, poluição atmosférica e hídrica, 
violência, prostituição, doenças, desagregação social e outros problemas que 
caracterizam a degradação ambiental. Assim, na vida prática, o processo de 
apropriação e uso dos recursos ambientais não acontece de forma tranquila. 
Há interesses, necessidades, racionalidades, poder, custos e benefícios em jogo 
e, consequentemente, conflitos (potenciais e explícitos) entre atores sociais que 
atuam de alguma forma sobre estes recursos, visando seu uso, controle e/ou 
sua defesa. Processo que em última instância determina a qualidade ambiental 
e a distribuição espacial, temporal e social de custos e benefícios. Todavia, um 
mesmo dano ou risco ambiental decorrente de alguma ação sobre o meio que, a 
partir de determinada racionalidade, é tido como inaceitável por um ator social, 
pode ser considerado desprezível ou inexistente por outro, se avaliado sob o 
ponto de outra racionalidade.
Ao reconhecermos essas múltiplas racionalidades que coexistem, compreendemos o que 
afirmamos acima: o conflito é inerente à problemática ambiental. Muitas vezes, torna-se difícil 
trabalharmos com essa dimensão do conflito, uma vez que fomos educados socioculturalmente, 
para acreditarmos em uma pretensa visão de sociedade harmônica e homogênea, pautada pela 
possibilidade do consenso. Nessa, somos treinados a eliminar e anular – não reconhecendo ou 
desconhecendo – o conflito.
Uma atuação crítica e reflexiva em Gestão Ambiental implica, ao contrário, o reconhecimento 
de que o acesso e utilização dos recursos naturais são assimétricos e, por assim ser, devem ser 
problematizados. Dessa forma, o gestor público deve incluir em seu trabalho a identificação das 
contradições, possíveis posicionamentos distintos, divergentes ou convergentes, formas de ação 
e atuação adotadas por cada um para defender e garantir os próprios interesses.
22
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
A noção de conflito ambiental distingue-se, nessa abordagem, da tradicional definição de 
problema ambiental. Nesse, existem situações de risco ou dano socioambiental, mas os atores 
sociais aí envolvidos não explicitam reaçãofrente ao mesmo. O conflito instaura-se no confronto 
de interesses entre as partes afetadas (ASCERALD e MELLO, 2002). “Portanto, podemos dizer que 
todos os conflitos ambientais envolvem um problema ambiental ou a disputa em torno da defesa 
e/ou controle de determinada potencialidade ambiental, mas nem todo problema ambiental 
envolve um conflito.” (QUINTAS, 2006, p. 73).
Essa perspectiva desdobra-se, também, para 
a assunção de que não há neutralidade na 
intervenção do gestor público: estamos 
sempre comprometidos, de forma explícita 
ou não, fazendo escolhas, definindo 
prioridades, alocando ou manejando 
recursos, contabilizando custos e benefícios 
das ações socioambientais que gerimos.
Um trabalho de Educação Continuada desses 
gestores encontra-se com uma “proposta 
de Educação Ambiental emancipatória 
e comprometida com o exercício da 
cidadania” (QUINTAS, 2006). 
Finalizamos assim, com alguns importantes 
apontamentos de Quintas (2006, p. 16 e 
segs.) nesta perspectiva:
1. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é:
 › direito de todos;
 › bem de uso comum;
 › essencial à sadia qualidade de vida.
2. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para 
presentes e futuras gerações é dever:
 › do Poder Público;
 › da coletividade.
3. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado antes de 
ser um dever é um compromisso ético com as presentes e futuras gerações.
Sugestão de estudo
Quintas é um autor central para a discussão sobre a Gestão 
Ambiental Pública. Ele foi Coordenador-Geral de Educação 
Ambiental do Ibama. Como fruto de seu trabalho e de sua 
equipe, há inúmeros títulos disponíveis sobre o assunto 
voltados à capacitação e atualização profissional nessa área. 
Pesquise! Leia!
Estas são apenas algumas sugestões:
IBAMA. Como o Ibama exerce a educação ambiental. 
Coordenação-Geral de Educação Ambiental. Brasília. Edições 
Ibama, 2002. Disponível em: 
http://www.ibama.gov.br/educacaoambiental/divs/como_
exerce.pdf. 
QUINTAS, J. S. (org.) Introdução à gestão ambiental pública. 
Brasília: Ibama, 2006.
QUINTAS, J. S. (org.). Pensando e praticando a educação 
ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília: Ibama, 2000.
http://www.ibama.gov.br/educacaoambiental/divs/como_exerce.pdf
http://www.ibama.gov.br/educacaoambiental/divs/como_exerce.pdf
23
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
4. No caso do Brasil, o compromisso ético de preservar e defender o meio 
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações 
implica:
 › construir um estilo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente 
seguro, num contexto de dependência econômica e exclusão social;
 › praticar uma Gestão Ambiental democrática, fundada no princípio de que 
todas as espécies têm direito a viver no planeta, enfrentando os desafios 
de um contexto de privilégios para poucos e obrigações para muitos.
5. A gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos entre 
atores sociais que disputam acesso e uso dos recursos ambientais.
6. A gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura 
diante de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na 
sociedade e no país, com os custos, e quem ficará com os benefícios advindos 
da ação antrópica sobre o meio, seja ele físico-natural ou construído.
7. Ao praticar a gestão ambiental, o Estado distribui custos e benefícios de modo 
assimétrico na sociedade. (no tempo e no espaço)
8. A sociedade não é o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e dos 
confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, 
das relações sociais, dos valores etc.).
9. Apesar de sermos todos seres humanos, quando se trata de transformar, decidir 
ou influenciar sobre a transformação do meio ambiente, há na sociedade uns 
que podem mais do que outros.
10. O modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação 
de sua existência, não é meramente uma questão cognitiva, mas é mediado por 
interesses econômicos, políticos, posição ideológica e ocorre em determinado 
contexto social, político, espacial e temporal.
11. A Educação no Processo de Gestão Ambiental deve proporcionar condições para 
produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, e o desenvolvimento 
de atitudes visando à participação individual e coletiva:
 › na gestão do uso dos recursos ambientais;
 › na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos meios 
físico, natural e sociocultural.
12. Os sujeitos da ação educativa devem ser, prioritariamente, segmentos sociais 
que são afetados e onerados, de forma direta, pelo ato de gestão ambiental e 
dispõem de menos condições para intervirem no processo decisório.
24
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
13. O processo educativo deve ser estruturado no sentido de:
 › superar a visão fragmentada da realidade através da construção e 
reconstrução do conhecimento sobre ela, num processo de ação e reflexão, 
de modo dialógico com os sujeitos envolvidos;
 › respeitar a pluralidade e diversidade cultural, fortalecer a ação coletiva 
e organizada, articular os aportes de diferentes saberes e fazeres e 
proporcionar a compreensão da problemática ambiental em toda a sua 
complexidade;
 › possibilitar a ação em conjunto com a sociedade civil organizada e 
sobretudo com os movimentos sociais, numa visão de educação ambiental 
como processo instituinte de novas relações dos seres humanos entre si 
deles com a natureza;
 › proporcionar condições para o diálogo com as áreas disciplinares e com 
os diferentes atores sociais envolvidos com a gestão ambiental. 
Sintetizando
Vimos até agora:
 » A importância de politizarmos a reflexão sobre as questões socioambientais.
 » A existência de duas tendências na atuação do gestor ambiental: o puro tecnicismo e o apelo ético-moral.
 » A diferença entre as noções de conflito e problema ambiental.
 » A atuação do gestor ambiental não é neutra, estando sempre comprometida e implicando escolhas.
 » A importância de articularmos a Gestão Ambiental à Educação Ambiental Emancipatória.
25
Apresentação
Neste capítulo, vamos avançar um pouco mais no estudo sobre a Gestão de Empreendimentos 
Sociais Sustentáveis.
Para isso, discutiremos como a questão da responsabilidade social tornou-se o ponto de partida 
para o estabelecimento do compromisso das organizações com o ambiente em que se inserem, 
atualmente. 
Espera-se que essa disciplina não seja apenas uma matéria a ser “estudada”, mas uma disciplina 
transformadora. Ou seja, que você possa desenvolver sua postura cidadã, sendo crítico(a) em 
relação à sua responsabilidade pessoal e profissional, diante da sociedade e do ambiente em 
que vive.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de:
 » Compreender o panorama histórico da Responsabilidade Social das Empresas (RSE) 
no Brasil. 
 » Distinguir a diferença entre marketing comercial, marketing social e responsabilidade 
social.
 » Fazer uma reflexão crítica sobre a importância do papel da RSE para a sociedade.
 » Refletir sobre o impacto das ações socialmente responsáveis das empresas no mercado, 
no meio ambiente, na comunidade e relacionar com a gestão da organização.
 » Relacionar os impactos e ações na gestão socialmente responsável com o governo e a 
sociedade.
3
CAPÍTULO
RESPONSABILIDADE SOCIAL E 
MARKETING SOCIAL: 
ASPECTOS GERAIS
26
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Como Está a Responsabilidade Social Hoje?
A responsabilidade social é um tema atual e, nos últimos anos, vem sendo consolidada a crença de 
que as organizações devem assumir um papel mais amplo perante a sociedade, que não somente 
o de maximização de lucro. O crescente aumento da complexidade dos negócios, o avanço de 
novas tecnologias e o incremento da produtividade levaram a um aumento significativo da 
competitividade entre as organizações e, dessa maneira, elastendem a investir mais em processos 
de gestão de forma a obter diferenciais competitivos. Para as empresas, a responsabilidade 
social pode ser vista como uma estratégia a mais para manter ou aumentar sua rentabilidade e 
potencializar o seu desenvolvimento. Isso é explicado ao se constatar maior conscientização do 
consumidor, o qual procura por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente 
e a comunidade.
As organizações que se preocupam em criar valor à sociedade tendem a criar seu espaço no 
mercado naturalmente e não condiz com as empresas buscarem o lucro a qualquer custo. É 
preciso respeitar conceitos como sustentabilidade global e ter preocupação com valores universais.
Desse modo, a responsabilidade social tem se apresentado como um tema, cada vez mais 
importante, no comportamento das organizações e exercido impactos nos objetivos e nas 
estratégias das empresas.
O que Pretendem as Empresas com a 
Responsabilidade Social?
Para Cimbalista (2001), a responsabilidade social é uma iniciativa das empresas que realizam 
atividades para atender às comunidades em suas diversas formas, como:
 » Conselhos comunitários.
 » Organizações não governamentais.
 » Associações comunitárias, entre outras. 
Em que áreas atuam essas instituições?
Essas associações atuam em áreas de assistência social, alimentação, saúde, educação, cultura, 
meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Atendem a determinada população com ações 
estruturadas, por meio do planejamento e monitoramento de recursos, seja pela própria empresa, 
por fundações e institutos de origem empresarial, ou por indivíduos especialmente contratados 
para a atividade.
Mas, afinal, o que vem a ser responsabilidade social?
27
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
Vamos recordar...
O conceito de responsabilidade social pode ser entendido como: 
Responsabilidade Social é um comportamento que as empresas adotam 
voluntariamente e para além das prescrições legais, porque consideram ser 
esse o seu interesse a longo prazo.
(Comissão das Comunidades Europeias, 2001)
Responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente 
dos empresários de adotar um comprometimento ético e contribuir para o 
desenvolvimento econômico, simultaneamente, à qualidade de vida de seus 
empregados e de seus familiares, da comunidade local e da sociedade como 
um todo.
(ASHLEY, 2005)
Por que responsabilizar socialmente a empresa?
 » A empresa consome recursos naturais, renováveis ou não, direta ou indiretamente, que 
são patrimônio gratuito da humanidade.
 » A empresa utiliza capitais financeiros e tecnológicos que, no fim da cadeia, pertencem 
a pessoas físicas.
 » Utiliza capacidade de trabalho da sociedade.
 » Subsiste em função da organização do Estado que a sociedade lhe viabiliza como parte 
das condições de sobrevivência.
 » Ao usufruir, em benefício próprio, desses recursos, a empresa contrai uma dívida social 
para com a sociedade e para com a humanidade.
Provocação
Você concorda com esses argumentos da “responsabilização social” das empresas? Falta algum argumento importante? 
28
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Vamos Entender como Surgiu a Responsabilidade Social no 
Brasil
Origem da responsabilidade social
O que aconteceu na década de 1970?
De acordo com Cunha (s/d), no Brasil, o reconhecimento da função social das empresas culminou 
com a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE) na década de 1970 
aliado ao enfraquecimento do Estado do Bem-Estar Social (em inglês: Welfare State), também 
conhecido como Estado-providência, é um tipo de organização política e econômica que coloca 
o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. 
Nessa orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e 
econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de 
acordo com o país em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos 
e proteção à população. O modelo de Estado do Bem-estar que emergiu na segunda metade do 
século XX, na Europa Ocidental, se estendeu para outras regiões e países e chegou ao auge na 
década de 1960. No transcurso dos anos 1970, porém, esse modelo de Estado entrou em crise.
E o Brasil?
O Brasil nunca chegou a estruturar um Estado de Bem-estar semelhante aos dos países de 
primeiro mundo. Não obstante, o grau de intervenção estatal na economia nacional teve início 
na Era Vargas (1930-1945) e chegou ao auge durante o período da ditadura militar (1964-1985). 
Paradoxalmente, os mais beneficiados com os gastos públicos em infraestrutura (nas áreas de 
telecomunicações, energia elétrica, autoestradas) e construção de grandes empresas públicas 
foram, justamente, os empresários brasileiros e estrangeiros. 
Na década de 1970, porém, setores mais influentes da classe empresarial começaram a dirigir 
críticas ao intervencionismo estatal. Na época, a palavra mais usada pelos empresários paulistas 
em sua campanha contra o intervencionismo estatal na economia era “desestatização”. Quando 
ocorreu a transição para a democracia, os partidos políticos de esquerda e os movimentos 
populares acreditavam que tinha chegado o momento e o Estado brasileiro saldar a imensa 
dívida social diante das profundas desigualdades sociais e pobreza extrema reinantes no País. 
Não obstante, todos esses anseios foram frustrados.
Os governos democráticos que se sucederam a partir de 1985 adotaram inúmeras políticas, 
chamadas de neoliberais, cujos desdobramentos mais evidentes foram as privatizações de 
inúmeras empresas estatais.
29
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
E no final da década de 1980 e anos posteriores?
Sobretudo a partir dos anos 80, as empresas passaram a se preocupar mais com os problemas que 
envolviam a sociedade e o meio ambiente, nos quais estariam inseridos se responsabilizando por 
áreas em que o Estado não consegue suprir, eficientemente, as necessidades dessa população, 
rompendo um paradigma de que as empresas só visavam aos lucros.
No entanto, a concepção do conceito de responsabilidade social teve um espaço maior no final 
da década de 1980, consolidando-se nos últimos anos, de 1990 a 2003. 
Entre os fatores relevantes, destacam-se: 
 » A reorganização do capital, que transformou o cenário econômico, tendo como pilar 
a competitividade mundial, regional e local, exigindo um perfil para a indústria e para 
os trabalhadores.
 » A campanha contra a fome, de Herbert de Souza (Betinho).
 » O fortalecimento dos movimentos sociais.
 » As profundas transformações do mundo contemporâneo provocaram incertezas e 
instabilidade como fatores ameaçadores à sobrevivência das organizações empresariais, 
ao mesmo tempo em que fortaleceu a valorização do conhecimento e do progresso.
 » A insuficiência do papel do Estado implicou graves críticas às políticas públicas, marcadas 
pelo assistencialismo, pelas insuficiências dos recursos, pela privatização dos serviços 
sociais.
 » O crescimento da violência urbana gerou a necessidade coletiva de se repensar e criar 
novas iniciativas de Responsabilidade Social (CUNHA, s/d.).
Nesse cenário...
Surgem as entidades empresariais, como: 
 » Grupo de Institutos.
 » Fundações e empresas (Gife).
 » Institutos Ethos de empresas e Responsabilidade Social (Ethos).
 » Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE). 
 » Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). 
 » Gazeta Mercantil, além de outras, tendo como foco um novo pensar e agir no âmbito 
empresarial, dando uma conotação cidadã na arte dos negócios. 
30
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Nessa perspectiva...
Os investimentos sociais privados ganham forma no Brasil, cujo olhar se 
centraliza na alocação voluntária de recursos privados, para buscar retorno 
alternativode inclusão social e influenciar nas políticas públicas, organização, 
universidades. Nesse contexto, o Grupo de Institutos e Fundações Empresárias 
(Gife) é considerado protagonista. 
(CUNHA, s/d).. 
A responsabilidade social não representa apenas investimento social privado, aquele realizado 
por meio de projetos sociais na comunidade, mas uma nova postura da organização frente aos 
stakeholders, ou seja, aos seus diversos públicos, interno e externo, incluindo empregados, 
fornecedores, acionistas, clientes e consumidores, meio ambiente, comunidade e, até, concorrentes. 
E as vantagens das organizações serem socialmente responsáveis?
Melo Neto (2001) mostra quais são as vantagens de as empresas serem socialmente responsáveis, 
tais como:
 » prestígio;
 » credibilidade;
 » comprometimento dos empregados para com a organização; 
 » ganho de imagem institucional;
 » aumento da produção;
 » aumento das vendas; 
 » incentivos fiscais. 
A Importância do Papel da Responsabilidade Social
A enorme carência e desigualdades sociais existentes no Brasil conduzem as ações de 
responsabilidade social a terem relevância ainda maior, reforçando a importância dos papéis 
das instituições no processo de desenvolvimento do país (CIMBALISTA, 2001) 
A responsabilidade social é entendida como um relacionamento ético das empresas e como esta 
está inserida na sociedade. É importante que ambas tenham uma relação de interdependência. 
Essa relação gera ações concretas trazendo benefícios à sociedade e criam ou recriam as condições 
necessárias para o desenvolvimento crescente da cidadania (BENEDICTO, 2002).
31
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
Ao adotar estratégias voltadas à gestão da responsabilidade social, as empresas assumem uma 
função de relevante interesse social, pois não se trata apenas de doar dinheiro a determinada 
população, mas, sim, de mobilizar a empresa e a comunidade em prol de uma causa. É importante 
que esta tenha uma convivência com as comunidades próximas a sua localidade, pois é nela 
que, muitas vezes, encontram seus empregados, clientes e fornecedores. Esse exercício da 
responsabilidade social não só contribui para o bem-estar da sociedade, mas, também, para 
o crescimento da própria organização. Com essa prática, tanto a empresa quanto a sociedade 
obtêm benefícios, ou seja, todos ganham mais credibilidade e evidência e a população pode 
usufruir dessas atividades, contribuindo para a cidadania da sociedade.
Apesar de o Estado ser o principal responsável no que diz respeito às questões sociais, ele não 
possui condições para elaborar e/ou implementar sozinho essas políticas. Devido a essas limitações 
das ações do Estado, somente com uma mobilização da sociedade será possível reunir recursos 
suficientes para enfrentar esses problemas. Sendo indispensável a busca de parcerias fora do 
Estado, mais especificamente, nas empresas privadas e no terceiro setor – próximo capítulo 
(STEFANO; NEVES; BUENO, 2003).
O próprio Estado, ao se deparar com sua incapacidade de atender à enorme demanda de serviços 
sociais, iniciou um processo no sentido de elaboração de políticas sociais que pudessem atuar 
em parceria com organizações não governamentais. Dessa forma, os recursos necessários para a 
ação social efetiva foram repassados para que essas organizações com sua agilidade garantissem 
maior eficácia às soluções emergentes. 
Como se trata de um investimento, tanto as pessoas físicas como as jurídicas, que financiam 
projetos de cunho social, têm o intuito de aferir os resultados alcançados pela sociedade e pela 
própria organização. Iniciativas como essas também contribuem para que as organizações 
tenham maior visibilidade no mercado. Desse modo, pode-se definir, por meio desse contexto, a 
responsabilidade social como um papel das instituições com os agentes sociais no desenvolvimento 
do ser humano e da comunidade na qual estão inseridos (STEFANO, NEVES; BUENO, 2003).
Ao se falar em responsabilidade social, não há como escapar à dúvida:
Responsabilidade Social é uma forma de filantropia?
Portanto, faz-se importante não confundir a responsabilidade social como uma forma de 
filantropia; pelo contrário, seu conceito refere-se a uma sustentabilidade, em longo prazo, numa 
lógica de desempenho e lucro. Passa-se a contemplar a preocupação com os efeitos sociais e 
ambientais de suas atividades, com o objetivo de contribuir com a qualidade de vida da população. 
Dessa forma, a responsabilidade social contribui para o compromisso de questões que vão além 
das suas obrigações trabalhistas previstas em leis, mas, principalmente, para a adoção de valores, 
condutas e procedimentos éticos, ambientais e sociais. Por meio dessas ações, as organizações 
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CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
também aumentam seus lucros, pois o consumidor prefere cada vez mais instituições que se 
integram à sociedade (STEFANO; NEVES; BUENO, 2003).
A responsabilidade social é um conjunto de conceitos e ações que contribui para fazer um mundo 
melhor com a participação de todos e isso inclui toda e qualquer atitude que tomemos para que 
esse fim seja alcançado.
Conforme Stefano, Neves e Bueno (2003), o certificado de 
padrão de qualidade e adequação ambiental dá-se com a 
International Organization for Standardization (ISO), que é 
uma organização não governamental fundada em 1947, em 
Genebra, e hoje presente em cerca de 157 países. A sua função 
é a de promover a normatização de produtos e serviços, para 
que a qualidade destes seja permanentemente melhorada. A 
norma que atende, especificamente, à responsabilidade social é 
a SA 8000. Essa foi feita se baseando nas normas da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos da 
Criança da ONU. A norma segue o modelo das Normas ISO 
9000 e 14000, o que facilita a sua implantação por empresas 
que já conhecem esse sistema, normalmente as maiores e 
melhores empresas do mundo. Por meio da implantação da 
SA 8000, a empresa demonstra que está preocupada com a 
responsabilidade social em relação a seus empregados e ao 
ambiente externo. 
A Norma Internacional SA8000, sobre “Responsabilidade Social”, valoriza os seguintes “requisitos 
de Responsabilidade Social”:
 » Trabalho Infantil.
 » Trabalho Forçado.
 » Saúde e Segurança.
 » Liberdade de Associação e Direito à Negociação Coletiva.
 » Discriminação.
 » Práticas Disciplinares.
 » Horário de Trabalho.
 » Remuneração.
 » Sistemas de Gestão.
Para refletir
Quantas vezes nos contradizemos, 
julgamos o outro, nossos políticos, 
as autoridades pelo que fazem e pelo 
que não fazem e nos esquecemos de 
olhar no espelho, de agir no dia a dia? 
Esquecemos que quando apontamos 
o dedo para o outro, há mais três nos 
apontando. Reclamamos de Lava-Jato, 
mensalões, sanguessugas, de malas e 
cuecas, mas esquecemos de perguntar: 
O que estamos fazendo de efetivo para 
compor uma sociedade melhor?
Qual a norma e regulamentos da 
responsabilidade social das empresas?
Você conhece a norma que 
regulamenta a responsabilidade social 
e os seus requisitos? 
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
A busca de certificação social também tem contribuído como diferencial competitivo para as 
empresas. A Fundação Abrinq vem certificando algumas empresas que não trabalham com mão 
de obra infantil, incluindo seus fornecedores.
Dados da pesquisa Ethos/Valor mostram que 53% dos entrevistados boicotaram os produtos 
de uma empresa que utiliza mão de obra infantil. Um exemplo é o que ocorreu com a empresa 
americana Nike, acusada de empregar mão de obra infantil em suas fábricas no território asiático, 
tendo que realizar um grande planejamento estratégico para que essa imagem negativa fosse 
eliminada do mercado.
Paralelamente à certificação do cumprimento da Norma 
Internacional SA800 (ou outra equivalente, de naturezasimilar), 
muitas organizações produtivas adiantaram-se na publicação 
do Balanço Social da Empresa, como já é obrigatório em 
muitos outros países, e tende a ser em nosso país.
O que vem a ser Balanço Social?
O Balanço Social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa, 
reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações 
sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e 
à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar 
o exercício da responsabilidade social corporativa. (Ibase)
Para refletir
A empresa para a qual você trabalha ou recentemente trabalhou publica seu Balanço Social anualmente?
Do “Balanço Social” fazem parte os seguintes “Indicadores Sociais Internos”:
 » Alimentação.
 » Previdência privada.
 » Saúde.
 » Segurança e Medicina no Trabalho.
 » Educação.
 » Cultura.
Para refletir
A empresa para a qual você trabalha 
ou recentemente trabalhou já foi 
certificada para a norma internacional 
de “Responsabilidade Social” (SA8000)?
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CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
 » Capacitação e desenvolvimento profissional.
 » Creches ou auxílio-creche.
 » Participação nos lucros ou resultados.
São considerados Indicadores Sociais Externos:
 » Educação.
 » Cultura.
 » Saúde e Saneamento.
 » Esporte.
 » Combate à Fome e Segurança Alimentar.
Fazem parte do Balanço Social da Empresa, os seguintes Indicadores Ambientais:
 » Investimentos relacionados com a produção/operação da empresa.
 » Investimentos em programas e/ou projetos externos.
 » Quanto ao estabelecimento de “metas anuais” para minimizar resíduos, o consumo 
geral na produção/operação e aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, 
a empresa: 
( ) não possui metas; ( ) cumpre de 0% a 50%; 
( ) cumpre de 51% a 75%; ( ) cumpre de 76% a 100%.
O “modelo do Ibase” inclui no Balanço Social da Empresa os seguintes Indicadores do Corpo 
Funcional:
 » Número de empregados(as) ao final do período.
 » Número de admissões durante o período.
 » Número de empregados(as) terceirizados(as).
 » Número de estagiários(as).
 » Número de empregados(as) acima de 45 anos.
 » Número de mulheres que trabalham na empresa.
 » % de cargos de chefia ocupados por mulheres.
 » Número de negros(as) que trabalham na empresa.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
 » % de cargos de chefia ocupados por negros(as).
 » Número de portadores(as) de deficiência ou necessidades especiais.
Por último, fazem parte do Balanço Social da Empresa as seguintes Informações relevantes 
quanto ao exercício da Cidadania Empresarial:
 » Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa.
 » Número total de acidentes de trabalho.
 » Os projetos sociais ambientais desenvolvidos pela empresa foram definidos por: 
( )Direção; ( )Direção e Gerências; 
( )Todos(as) os(as) Empregados(as).
Para refletir
Qual a diferença entre Marketing Comercial e Marketing Social?
Será que o conceito de Marketing social se parece com o de Marketing? 
Para entender o Marketing Social
Primeiro, vamos definir o que seja Marketing:
Segundo Kotler (2000),
O marketing é um processo social e gerencial por meio do qual os indivíduos e 
os grupos obtêm aquilo de que precisam e também o que desejam, em razão da 
criação e da troca de produtos/serviços de valor com outra pessoa.
Para McCathy (2000), 
O marketing é a ação de antever as necessidades do cliente, direcionando os 
esforços da organização ao atendimento de tais necessidades, por meio da oferta 
de produtos e serviços.
Conceito de marketing social
Segundo Kotler e Zaltman (1971),
o design, implementação e controle de programas que buscam aumentar a 
aceitabilidade das ideias sociais e que envolve considerações acerca do design 
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CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
do produto, estabelecimento de preço, comunicação, distribuição e pesquisa 
de marketing.
Andreasen (2002) afirma, 
Nos termos mais simples, o marketing social é a aplicação das tecnologias de 
marketing desenvolvidas no setor comercial à solução de problemas sociais, 
onde o resultado almejado é a mudança de comportamento.
Segundo Kotler (2000), 
É uma tecnologia de administração de mudança social associada ao projeto de 
implementação e controle de programas destinados a aumentar a disposição das 
pessoas para a aceitação de uma ideia, um comportamento e/ou prática social.
Enfim, o marketing social se distingue do marketing comercial por beneficiar em primeira 
instância o indivíduo ou a sociedade. O objetivo do marketing social é modificar atitudes ou 
comportamento atendendo a interesses do mercado ou sociedade, que se dá pela concretização 
de ideias e serviços.
E afinal, qual é a diferença entre marketing social e responsabilidade social?
O marketing social tem como objetivo a mudança de comportamento da sociedade para com 
o bem social, utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas de marketing.
A responsabilidade social, como vimos anteriormente, é a preocupação que as empresas, pessoas 
e governo têm pelo social.
Alguns tipos de marketing social:
 » Marketing da filantropia.
 » Marketing das campanhas sociais.
Saiba mais
No Brasil, as 500 maiores empresas gastam anualmente US$ 2,8 bilhões em segurança e US$ 18 milhões/mês em filantropia. 
Nos EUA, o exercício da filantropia corporativa por doações é o segmento que mais cresce, empresas norte-americanas doam 
US$ 150 bilhões a mais de 600 mil instituições sem fins lucrativos.
Um exemplo de filantropia foi a doação de US$ 200 milhões pela Microsoft abastecendo bibliotecas públicas americanas com 
softwares educacionais.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
Marketing da filantropia
Conceito surgido nos EUA, com a doação de milionários americanos de parte de suas fortunas, 
para ações sociais do governo e sociedade civil.
Em 1982, Jerry Welch, executivo da American Express, criou o conceito de marketing de causa 
(cause-related marketing). 
A doação de parte das despesas dos clientes do cartão Amex para entidades sem fins lucrativos, 
na região de São Francisco (Califórnia), aumentou o uso do cartão em 28%. 
No período de 1989 a 1992, as despesas com o marketing para causas sociais cresceram de US$ 
100 milhões para US$ 250 milhões.
Características do marketing da filantropia
 » Promover a imagem do empresário como benfeitor, destacando sua sensibilidade a 
problemas sociais. 
 » Reforça e divulga a imagem benfeitora da empresa e o espírito de filantropia.
 » Buscam no governo, na comunidade, nos clientes e nos funcionários o respeito e 
preferência por seus produtos.
 » Não estão direcionadas para o marketing da empresa.
 » Atenuam o estereótipo social de empresa que obtém lucro final. 
Marketing das campanhas sociais 
Somente em 1997, as empresas americanas investiram cerca de meio bilhão de dólares, apenas 
pelo direito de patrocínio de campanhas como a da AIDS e unidades do Corpo de Bombeiros. 
Movimento surgido no Brasil na década de 1980, com o Movimento Nacional em Defesa das 
Crianças Desaparecidas e Campanha pela Cidadania e contra a Miséria e a Fome de Betinho.
A novela Explode Coração, da TV Globo, iniciou uma grande campanha social abordando o 
desaparecimento de crianças, apresentando fotos de desaparecidos, sensibilizando os empresários 
que abraçaram a questão. 
Mais exemplos:
 » Campanhas para explicar o trabalho de órgãos governamentais voltados à saúde pública.
 » Campanhas para chamar a atenção aos problemas sociais como pobreza, intolerância, 
ou a poluição.
 » Campanhas para atrair doadores de sangue ou doação de órgãos, entre outros.
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CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Características:
 » Forte apelo emocional. 
 » Movimento sério, com adesão de empresas, governo e sociedade civil com rapidez.» Apoio da mídia, especialmente.
 » Significativo retorno publicitário aos participantes. 
 » Valoriza o produto agregando valor social À embalagem. 
 » Aumenta a visibilidade do produto nas prateleiras.
 » Forte indutor ao endomarketing, mobilizando funcionários.
Registre o que tem observado sobre esse tema, como também suas dúvidas e ideias e apresente 
a sua tutora.
Agora é hora de exercitar o que aprendeu. Prepare-se!
Sintetizando
Vimos até agora:
 » Que a responsabilidade social se apresenta como um tema cada vez mais importante no comportamento das 
organizações, exercendo impactos nos objetivos, estratégias e no próprio significado da empresa.
 » A importância da responsabilidade social e dos benefícios que ela pode trazer para a corporação, quando aplicada 
corretamente.
 » Uma reflexão acerca do conceito e da importância da responsabilidade social Empresarial e desses em relação ao Estado e 
à sociedade civil.
 » Que o conceito de filantropia é diferente do de responsabilidade social.
 » A diferença entre marketing comercial, marketing social e responsabilidade social.
 » O conceito de balanço social e as normas que regulamentam a empresa socialmente responsável.
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Apresentação
A terminologia terceiro setor é relativamente nova, surgiu no Brasil no final dos anos 1980 e é 
utilizada para definir um setor que se situa entre o público e o privado. Este capítulo fornecerá 
uma visão global sobre o terceiro setor, estabelecendo um diálogo sobre: o que é o terceiro setor? 
O terceiro setor no Brasil e suas tendências. Sua origem, causas do crescimento e importância. A 
relação de parceria entre Estado, Mercado e Terceiro Setor. Os tipos de organização e, por fim, 
o trabalho voluntário.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de:
 » Compreender o desenvolvimento do terceiro setor e o seu relacionamento com os setores 
governamental e empresarial.
 » Assimilar o conceito, a origem, a importância do terceiro setor.
 » Saber diferenciar os tipos de organizações em termos conceituais, de objetivos, formas 
de atuação e jurídicos, bem como o papel de cada uma.
 » Conhecer o que é um trabalho voluntário, a lei que o regulamenta e o termo de adesão.
4
CAPÍTULO
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, 
TIPOS DE ORGANIzAçãO E 
VOLUNTARIADO
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CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
Definindo Terceiro Setor
A expressão foi traduzida do inglês third sector, dada a sua origem norte-americana, a exemplo de 
outra expressão comumente por eles utilizada – non profit organizations, que significa organizações 
sem fins lucrativos. A influência da expressão serviu para balizar no Brasil o enquadramento 
de uma atividade não desenvolvida pelo Estado (primeiro setor) e tampouco pela iniciativa 
privada ora representante do mercado (segundo setor), mas, sim, por uma sociedade organizada 
(entidades sem fins lucrativos) que substituiu as ações singulares, para a prática conjunta e 
desinteressada do bem, que formam o terceiro setor. 
O setor público é o governo, representando o uso de bens públicos para fins públicos. O segundo 
setor refere-se ao mercado e é ocupado pelas empresas privadas com fins lucrativos.
O terceiro é formado por organizações privadas, sem fins lucrativos, desempenhando ações de 
caráter público.
Geralmente, o termo terceiro setor é utilizado 
para identificar que o espaço dessas organizações 
na vida econômica não se confunde nem com 
o Estado nem com o mercado; trata-se de um 
setor que se identifica com uma terceira forma de 
redistribuição de riqueza, diferente da do Estado 
e da do mercado.
Fernandes (1994) considera o terceiro setor como uma das possibilidades lógicas do universo 
de quatro combinações possíveis da conjunção público e privado:
Quadro 1. O terceiro setor.
AGENTES FINS SETOR
Privados PARA Privados IGUAL A: Mercado
Públicos Públicos Estado
Privados Públicos Terceiro Setor
Públicos Privados (corrupção)
Fonte: Fernandes, 1994.
Para fixação do conceito:
Segundo Melo Neto (1999),
A expressão Terceiro Setor nasceu da ideia de que a atividade humana é dividida 
em três setores: um primeiro setor (Estado), em que agentes públicos executam 
ações de caráter público; um segundo setor (mercado), no qual agentes privados 
Saiba mais
Você sabia que no Brasil o terceiro setor possui 
aproximadamente 12 milhões de pessoas, entre 
gestores, voluntários, doadores e beneficiados de 
entidades beneficentes, além dos 45 milhões de jovens 
que veem como sua missão ajudar o terceiro setor.
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TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
agem visando a fins particulares; e um terceiro setor relacionado às atividades 
que são simultaneamente não governamentais e não lucrativas.
Quadro 2. Definidores do Terceiro Setor.
ELEMENTOS DEFINIDORES DESCRIÇÃO
Foco Bem-estar público 
Interesse comum.
Questões centrais Pobreza, desigualdade e exclusão social.
Entidades participantes Empresas privadas, Estado, ONGs e sociedade civil.
Nível de atuação Comunitário e de base.
Tipos de ações Ações de caráter público e privado, associativas e voluntárias. 
Fonte: Melo Neto, 1994.
Mais...
é o conjunto de iniciativas privadas, de caráter público, sem fins lucrativos como 
associações e fundações, dentre outras, marcadamente solidárias e destinadas 
ao interesse público. 
(MCKINSEY & COMPANY, 2001).
Uma tentativa de definição para o conjunto do terceiro setor é apresentada por Coelho (2000), 
sendo a mais amplamente utilizada e aceita, é denominada estrutural/operacional. Segundo 
essa definição, as organizações que fazem parte desse setor apresentam as cinco seguintes 
características:
 » Estruturadas: possuem certo nível de formalização de regras e procedimentos, ou algum 
grau de organização permanente. São, portanto, excluídas as organizações sociais que 
não apresentem uma estrutura interna formal;
 » Privadas: essas organizações não têm nenhuma relação institucional com governos, 
embora possam dele receber recursos;
 » Não distribuidoras de lucros: nenhum lucro gerado pode ser distribuído entre seus 
proprietários ou dirigentes. Portanto, o que distingue essas organizações não é o fato 
de não possuírem “fins lucrativos”, e, sim, o destino que é dado a estes, quando existem. 
Eles devem ser dirigidos à realização da missão da instituição;
 » Autônomas: possuem os meios para controlar sua própria gestão, não sendo controladas 
por entidades externas;
 » Voluntárias: envolvem um grau significativo de participação voluntária (trabalho não 
remunerado). A participação de voluntários pode variar entre organizações e de acordo 
com a natureza da atividade por ela desenvolvida.
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CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
No que diz respeito ao terceiro setor, é importante considerar também que seu crescimento 
provém da iniciativa e da responsabilidade social de grupos sociais organizados, e da iniciativa 
privada em parcerias a essas instituições sociais. 
E quais são as causas do crescimento do terceiro setor?
Principais Causas do Crescimento do Terceiro Setor
 » Crescimento das necessidades socioeconômicas.
 » Crise do setor público.
 » Fracasso das políticas públicas tradicionais.
 » Crescimento dos serviços voluntários.
 » Degradação ambiental que ameaça a saúde humana.
 » Crescente onda de violência que ameaça a segurança das populações.
 » Incremento das organizações religiosas.
 » Maior disponibilidade de recursos a serem aplicados em ações sociais.
 » Maior adesão das classes alta e média a iniciativas sociais.
 » Maior apoio da mídia.
 » Maior participação das empresas que buscam a cidadania empresarial.
Entendendo algumas causas:
A primeira – o crescimento das necessidades socioeconômicas – é decorrente do crescimento 
populacional e das mazelas do capitalismo de mercado, que têm gerado má distribuição de 
renda, desemprego, fome, violência, sobretudo nos países periféricos.

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