Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Gestão de empreendimentos 
sustentáveis
MARIANA DE CASTRO MOREIRA
PATRÍCIA NASSIF
1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Mariana de Castro Moreira
Patrícia Nassif
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................................. 6
Capítulo 1
Introdução à Gestão Ambiental Pública ............................................................................................................... 7
Capítulo 2
Política, Compromisso e Conflito...........................................................................................................................16
Capítulo 3
Responsabilidade Social e Marketing Social: Aspectos Gerais ....................................................................25
Capítulo 4
Terceiro Setor: Fundamentos, Tipos de Organização e Voluntariado .......................................................39
Capítulo 5
Empreendedorismo Social e Desenvolvimento Sustentável .....................................................................57
Capítulo 6
Plano de Negócios para Organizações do Terceiro Setor .............................................................................79
Referências ..........................................................................................................................................................................94
Apêndices e Anexos .........................................................................................................................................................97
4
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e 
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros 
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, 
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
5
ORGANIzAçãO DO LIVRO DIDáTICO
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
Quando deparamos com a discussão sobre sustentabilidade e responsabilidade social, é bastante 
frequente encontrarmos abordagens que priorizam a atuação privada. No entanto, frente à 
complexidade dos cenários contemporâneos, é imprescindível que a Gestão Pública se aproxime 
e se aproprie adequadamente desse debate. 
É nessa perspectiva que esta disciplina propõe-se a contribuir com a formação do futuro gestor 
público: fornecendo ferramentas teóricas, conceituais e metodológicas para que sua atuação 
leve, efetivamente, em consideração, as dimensões sociais e ambientais nos processos de gestão 
pública.
Para isso, nos aproximaremos dos debates sobre a Gestão Ambiental Pública. Desse modo, este 
Livro Didático está baseado no art. 225 da Constituição Federal, que dispõe que a garantia ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado é compromisso de todos: Poder Público e coletividade. 
Torna-se, assim, pertinente a problematização sobre as noções de gestão, de meio ambiente e de 
público, inserindo o compromisso e a politização da questão socioambiental como caminhos 
para uma práxis transformadora ao romper com o viés puramente tecnicista.
Objetivos
 » Situar a Gestão Ambiental Pública em sua complexidade, de forma sistêmica e 
interdisciplinar.
 » Correlacionar e debater as possibilidades de interface entre a Gestão Ambiental Pública 
e Privada.
 » Apresentar as diretrizes e estratégias trazidas pelas chamadas Agenda Verde e Marrom, 
discutindo a gestão ambiental na estrutura estatal.
 » Debater a noção de conflito ambiental, problematizando os mecanismos de controle 
social, gestão participativa e educação ambiental.
 » Oferecer uma fundamentação teórica e metodológica das várias correntes 
socioambientais.
 » Instrumentalizar a construção de projetos de intervenção nas diferentes áreas sociais a 
partir de atividades contextualizadas e transformadoras da realidade socioeconômica 
brasileira.
 » Analisar as estratégias de gestão e oportunidades de divulgação de causa e captação de 
recursos para entidades sociais e ambientais de representatividade nacional.
7
Apresentação
Neste capítulo, pretendemos introduzir o estudo da Gestão de Empreendimentos Sociais 
Sustentáveis, estimulando o debate sobre as possíveis articulações entre o Estado, a sociedade 
e o meio ambiente. 
Para isso, em primeiro lugar, procuraremos aprofundar a discussão sobre a Gestão Ambiental 
Pública, refletindo sobre as noções de meio ambiente, de público e de gestão. 
Em seguida, buscaremos situar algumas atribuições específicas e responsabilidades do Poder 
Público nesse contexto.
Objetivos
 » Ampliar e aprofundar a reflexão e entendimento sobre a problemática ambiental, a 
partir da imbricada relação entre meio natural e meio social, em uma perspectiva 
interdisciplinar.
 » Refletir sobre o significado do “público” para a problemática ambiental, inserindo-a 
como direito difuso.
 » Reforçar a importância da Gestão Ambiental Pública. 
1
CAPÍTULO
INTRODUçãO À GESTãO 
AMBIENTAL PÚBLICA
8
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
Quem Vai Cuidar da Questão Ambiental? 
 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações (BRASIL, Constituição da República Federativa, 1988, art. 225). 
O art. 225 de nossa Constituição já é bastante conhecido junto aos fóruns, organizações e pessoas 
que trabalham com a questão ambiental. O capítulo VI é dedicado ao “Meio Ambiente” e determina 
sete incumbências para que o Poder Público efetive a garantia a esse direito, quais sejam:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidadesdedicadas à pesquisa e manipulação de material genético
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa 
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de 
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos 
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem 
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam 
os animais a crueldade (BRASIL, Constituição da República Federativa, 1988, 
art. 225).
Figura 1. Constituição da República Federativa do Brasil 1988
Fonte: <http://www.cee.fiocruz.br/?q=node/63>. 
http://www.cee.fiocruz.br/?q=node/63
9
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Provocação
Costumamos falar bastante em cidadania, nos dias de hoje, não é mesmo? No entanto, muitas vezes vale lembrar que ser 
cidadão não significa somente votar a cada dois anos... Precisamos aprender a ser cidadãos em nosso cotidiano. Precisamos 
aprender a participar. Ainda lidamos com uma noção de democracia representativa, na qual o povo é representado por 
um grupo eleito. Ocorre que a mesma Constituição Federal de 1988 determina mecanismos de participação popular e 
controle social para que possamos consolidar a noção de democracia participativa. Aqui está evocada a efetiva participação 
da sociedade na formulação e fiscalização de políticas públicas, a partir do reconhecimento dos princípios de liberdade, 
igualdade, justiça social, dentre outros. Assim, é fundamental que o gestor conheça, exerça e incentive junto a seus pares o 
direito de participar! 
Um primeiro passo pode ser conhecer a nossa Constituição... Você já leu? 
Acesse:
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/
ConstituicaoTextoAtualizado_EC92.pdf. 
Bem, nunca é demais enfatizar que ao mesmo tempo em que temos direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, temos, também, o dever de protegê-lo e preservá-lo. Cada segmento 
– Poder Público, iniciativa privada e sociedade civil – deve exercer seu papel nessa empreitada. 
Figura 2. Cuidar do meio ambiente
Fonte: <https://pixabay.com/pt/banner-cabe%C3%A7alho-plano-de-fundo-902583/>. 
De forma geral, quando falamos em gestão ambiental, é comum pensarmos em ações e 
procedimentos da iniciativa privada. No entanto, com este Livro Didático, queremos ampliar esse 
entendimento, reforçando que a questão ambiental diz respeito a todos nós, de forma sistêmica, 
mas traz, também, especificidades de atuação que cabem exclusivamente ao Poder Público. 
Toda essa discussão inicial parece simples, mas, na verdade, aponta para desdobramentos 
complexos que incluem as próprias noções do que é meio ambiente, público, assim como para 
o papel do Estado e a relação entre setores públicos, privados e a sociedade civil.
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/ConstituicaoTextoAtualizado_EC92.pdf
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/ConstituicaoTextoAtualizado_EC92.pdf
https://pixabay.com/pt/banner-cabe%C3%A7alho-plano-de-fundo-902583/
10
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
Saiba mais
Entenda melhor quem é quem...
Alguns teóricos defendem um modelo de organização da sociedade que poderia ser dividida em três grandes setores, quais 
sejam:
O primeiro setor, no qual se situa o Estado como instância de regulação e de universalização de políticas públicas Þ recursos 
públicos para fins públicos;
O segundo setor, caracterizado pela iniciativa privada como geradora de riquezas Þ recursos privados para fins privados, e
O terceiro setor, caracterizado pela sociedade civil organizada Þ recursos privados para fins públicos.
“Os três setores”: quadro sintético
SETOR CARACTERIZAÇÃO RECURSOS FINS
1º Setor Estado Públicos Públicos
2º Setor Empresas Privados Privados
3º Setor Sociedade Civil Organizada Privados e Públicos Públicos
Fonte: baseado em Rubem César Fernandes (1996).
Problematizando a Questão Ambiental...
Você deve se recordar dos conteúdos estudados em outros Livros, mas acreditamos que nunca 
é demais insistir no entendimento da questão ambiental na e a partir da imbricada relação 
entre sociedade e natureza. Ou seja, aqui tomamos a problemática ambiental como um processo 
histórico de construção resultante da relação entre o “meio social” e o “meio natural”. É preciso 
reconhecer que não há um modo de vida único. As formas como as diferentes sociedades se 
organizam e o modo pelo qual se relacionam com a natureza são múltiplos. Diferentes grupos 
apropriam-se e utilizam-se dos recursos naturais de formas distintas. É nessa relação que deve 
ser entendida a questão ambiental.
Ao reconhecermos a complexidade dessa abordagem 
sobre o meio ambiente, necessariamente abraçaremos a 
multirreferencialidade na e a partir da inter-relação entre 
os vários fatores que compõem a vida em sociedade: o 
econômico, o político, o psíquico, o social, o cultural, o 
afetivo, o biológico, etc.
Saiba mais
Entenda melhor!
A perspectiva proposta pela 
multirreferencialidade possibilita a visão 
de múltiplos olhares e pontos de vista, 
geralmente distintos, sobre um mesmo 
fenômeno. 
11
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Em consequência, também reconheceremos a necessidade de um olhar multi, inter ou 
transdisciplinar que ultrapasse o enfoque disciplinar único. 
Em comum, essas abordagens colocam-se a partir de certa crítica sobre a fragmentação do 
conhecimento científico. A noção de multidisciplinaridade reconhece a possibilidade de diferentes 
olhares sobre a mesma situação sem que, necessariamente, haja troca entre eles. 
Um desastre ambiental, por exemplo, poderá ser analisado sociologicamente por um sociólogo; 
ecologicamente, por um ecólogo ou biólogo; psicologicamente por um psicólogo. Na perspectiva 
multidisciplinar, cada um trará sua contribuição para compreender aquele acontecimento. Trata-
se tão simplesmente da justaposição de diferentes disciplinas.
Um trabalho interdisciplinar, por sua vez, procura identificar possíveis pontos de intersecção 
entre diferentes campos do saber. Aqui, duas ou mais disciplinas “conversam” ou “interagem” 
entre si, a partir do que trazem em comum na análise de uma situação. Poderíamos, então, lançar 
um olhar biopsicossocial para o mesmo exemplo do desastre ambiental.
A perspectiva transdisciplinar vai além e de certa forma se contrapõe às duas anteriores, ao 
propor uma radical superação de toda e qualquer cisão disciplinar. Não se parte das separações 
ou dos pontos de vista específicos de cada área para analisar um fenômeno. Ao contrário, o 
movimento é de um olhar sistêmico, global e complexo. 
Figura 3: Multi, inter e transdisciplinaridade.
Multidisciplinaridade
Interdisciplinaridade
Transdisciplinaridade
Fonte: do próprio autor.
Problematizando a Noção de Público...
Ao procurarmos definir o que é público, é bastante provável que lancemos mão de uma 
contraposição: público é tudo aquilo que não é privado... Um olhar em perspectiva histórica 
nos auxilia nesse sentido, mostrando-nos que na Grécia Antiga a noção de público remetia aos 
espaços ocupados pelos cidadãos. Era ali, na polis, que se exercia o poder junto à coletividade. 
12
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
O exercíciopolítico era público por excelência. Como sabemos, essas noções ganham diferentes 
configurações em tempos e espaços distintos. 
A Professora Ligia Baptista (2011) lembra-nos que
Aristóteles é o filósofo que define e distingue a esfera privada e a esfera pública. 
Se a esfera privada é a esfera da economia doméstica, a esfera pública, é definida 
pelo filósofo como o âmbito da política, da cidadania e da promoção do bem 
comum, a coisa pública. Pode-se dizer que os conceitos modernos de Estado e 
República derivam do equivalente latino civitas e do grego polis, que pode ser 
traduzido por cidade-estado, ou seja, o âmbito do poder público. 
Uma análise específica da sociedade brasileira mostra-nos dada constituição a partir de uma 
suposta oposição entre o público e o privado. A obra de Roberto Da Matta (2000, 2001) é um 
importante referencial para compreendermos que quando falamos em espaços públicos e 
privados, somos lançados bem além de uma mera localização geográfica. Ao contrário, essas 
noções implicam, sobretudo, um mundo de relações: como nos relacionamos com os outros e 
com as cidades.
Em nossa sociedade, o chamado “mundo da casa” (espaço privado) está associado a um lugar 
protegido e harmonioso, em que, pretensamente, temos nossa individualidade protegida e 
garantida. Por outro lado, o “mundo da rua” (espaço público) é o cenário da disputa e do conflito 
no qual devemos nos submeter ao que vale para todos, ao que é universal.
Haveria, no entanto, no Brasil, a tendência a privatizar o que é público, tratando o “mundo da 
rua” como se fosse a “minha casa”. No lugar das leis universais, a particularização de direitos e 
deveres. E mais: contraditoriamente, o espaço público é entendido e tratado como o “espaço de 
ninguém”, em que tudo é possível. 
Historicamente, e de forma geral, o que percebemos é o sentimento de não pertencimento do 
povo brasileiro ao que é público. A escola pública é de graça, ninguém paga, é de todos e não é 
de ninguém... O telefone público na praça pública, onde ficam aqueles brinquedos públicos que 
não são de ninguém... tudo pode ser destruído, apedrejado, pichado porque não é de ninguém.
O entendimento da questão ambiental como direito difuso talvez nos auxilie a ampliar a própria 
noção do que é público, contribuindo, ainda, para que tenhamos uma compreensão mais clara 
sobre essa discussão.
Saiba mais
Para saber mais sobre direitos difusos, visite o portal do Ministério da Justiça: 
<http://portal.mj.gov.br/cfdd/data/Pages/MJ038B8D53ITEMID14E4BE4972B647A4BD0ACD82E8C978C0PTBRIE.htm> 
http://portal.mj.gov.br/cfdd/data/Pages/MJ038B8D53ITEMID14E4BE4972B647A4BD0ACD82E8C978C0PTBRIE.htm
13
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Os direitos difusos ultrapassam a esfera privada ou individual, sendo difícil predeterminar, com 
exatidão, quem são as partes interessadas em sua garantia. Um vazamento de determinada 
substância poluente, por exemplo, em uma região, diz respeito a toda a sociedade, que, direta 
ou indiretamente, sofre o impacto desse acidente. 
Um bem cultural como uma igreja ou um casarão de relevância histórica, da mesma forma, 
diz respeito a toda a sociedade e não um ou outro proprietário. Sua demolição ou depredação 
impacta a nossa história. 
Assim, ao entendermos a noção de direito difuso, compreenderemos que o direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado diz respeito a toda a sociedade e não a determinados 
grupos de pessoas. Por isso, ele é chamado de transindividual.
Problematizando a Noção de Gestão...
Assim, revisitamos a noção de meio ambiente e de público. Vamos, agora, a fim de afinar nosso 
entendimento, problematizar a noção de gestão?
Gerir determinada organização, programa ou processo é distinto de administrar. Vai além da mera 
aplicação de ferramentas ou técnicas, sendo imprescindível uma visão ampla sobre determinada 
área de atuação. 
A ideia de gestão ambiental inclui processos de planejamento, direção, controle, acompanhamento, 
avaliação e alocação de recursos de forma a evitar ou minimizar os impactos negativos ao meio 
ambiente, revertê-los ou eliminá-los.
Produtos, processos e serviços aí relacionados são pensados e geridos tendo a questão ambiental 
e seu equilíbrio ecológico como critério inegociável. Na definição do local onde será implantado 
determinado empreendimento, na escolha e compra da matéria-prima, na utilização dos recursos 
naturais ou na destinação dos resíduos perceberemos que há escolhas e desdobramentos a serem 
pensados e encaminhados de forma sustentável.
A noção de gestão aponta, assim, para as inúmeras possibilidades de diálogos e negociações que 
devem ser conduzidas no manejo responsável do meio ambiente.
14
CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA
Juntando as Partes...
Conforme indicamos anteriormente, é preciso, contudo, entender que a Gestão Ambiental 
Pública encerra uma especificidade pelas próprias atribuições e responsabilidades do Poder 
Público. Cabe a ele a garantia de aplicação e execução da legislação vigente na área por meio da 
definição de padrões e critérios ambientais para todos. 
Não se trata de algo simples, pela própria complexidade aí circunscrita. Vejamos que
Gestão ambiental pública, aqui entendida como processo de mediação de 
interesses e conflitos (potenciais ou explícitos) entre atores sociais que agem 
sobre os meios físico-natural e construído, objetivando garantir o direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme determina a Constituição 
Federal. Este processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo 
como os diferentes atores sociais, através de suas práticas, alteram a qualidade 
do meio ambiente e também, os custos e benefícios decorrentes da ação destes 
agentes (Price Waterhouse-Geotécnica, 1992). No Brasil, o Poder Público, como 
principal mediador deste processo, é detentor de poderes estabelecidos na 
legislação que lhe permitem promover desde o ordenamento e controle do uso 
dos recursos ambientais, inclusive articulando instrumentos de comando e 
controle com instrumentos econômicos, até a reparação e mesmo a prisão de 
indivíduos responsabilizados pela prática de danos ambientais. Neste sentido, 
o Poder Público estabelece padrões de qualidade ambiental, avalia impactos 
ambientais, licencia e revisa atividades efetiva e potencialmente poluidoras, 
disciplina a ocupação do território e o uso de recursos naturais, cria e gerencia 
áreas protegidas, obriga a recuperação do dano ambiental pelo agente causador, 
e promove o monitoramento, a fiscalização, a pesquisa, a educação ambiental e 
outras ações necessárias ao cumprimento da sua função mediadora.
(QUINTAS, s/d.)
Por enquanto, neste capítulo, nos contentaremos com essa discussão parcial a respeito da 
complexidade dessa perspectiva. Mais à frente, buscaremos aprofundar a reflexão sobre o papel 
do Estado como mediador de conflitos na gestão ambiental.
15
INTRODUçãO À GESTãO AMBIENTAL PÚBLICA • CAPÍTULO 1
Sintetizando
 » Neste capítulo, iniciamos o estudo da Gestão de Empreendimentos Sociais Sustentáveis estimulando o debate sobre as 
possíveis articulações entre o Estado, a sociedade e o meio ambiente;
 » Para isso, em primeiro lugar, procuramos aprofundar a discussão sobre a Gestão Ambiental Pública, refletindo sobre as 
noções de meio ambiente, de público e de gestão; 
 » Em seguida, buscamos situar algumas atribuições específicas e responsabilidades do Poder Público nesse contexto. O 
direito ao meio Ambiente ecologicamente equilibrado é dever de todos, mas ao Poder Público competem determinadas 
atribuições específicas;
 » Discutimos que a questão ambiental só se torna possível a partir da relação entre meio natural e meio social e, por esse 
motivo, é preciso contextualizá-la no tempo e espaço;
 » Reforçamos a perspectiva interdisciplinar como meio de abordar a complexidade da problemática ambiental;
 » Discutimos sobre a noção de público e privado, inserindo o meio ambiente como direito difuso;
 »Reunindo todas essas reflexões, consolidamos – introdutoriamente – a importância da noção de Gestão Ambiental Pública.
16
Apresentação
Este capítulo apresenta a importância de politizarmos a reflexão sobre as questões socioambientais, 
distanciando-nos de tendências extremistas que esvaziam um trabalho crítico e reflexivo, tais 
como: o puro tecnicismo ou o apelo ético-moral. Apresenta, assim, algumas perspectivas da 
Ecologia Política e da Educação Ambiental Emancipatória no processo de Gestão Ambiental. 
Situa, para isso, a noção de conflito ambiental como inerente ao campo de atuação do gestor.
Objetivos
 » Problematizar a noção de meio ambiente na e a partir da relação entre meio natural e 
social, de forma complexa.
 » Compreender a importância da discussão política no campo socioambiental.
 » Compreender a noção de conflito ambiental.
 » Articular as noções de Gestão Ambiental e Educação Ambiental no processo de gestão 
ambiental emancipatória.
2
CAPÍTULO
POLÍTICA, COMPROMISSO 
E CONFLITO
17
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
Politizar a Questão Ambiental
Em nosso primeiro capítulo, buscamos situar uma forma particular de abordar a Gestão Ambiental 
Pública, desnaturalizando alguns entendimentos acríticos e situando-a como resultante de um 
processo de construção histórica. 
É preciso entender que a legislação ambiental e a vigente proposição do direito ao meio ambiente 
equilibrado como dever de todos é fruto de um longo trajeto de lutas, conflitos, avanços e 
retrocessos vividos pelos movimentos sociais em nosso país.
Assim, nos afastamos de uma suposta visão “neutra” de Estado, de direito e de meio ambiente, 
reconhecendo, também, o marco legal ambiental e as atribuições do Poder Público em sua 
constituição histórica. 
Historicizar a questão ambiental implica, assim, assumir uma postura política, impondo a 
explicitação de escolhas e a reflexão sobre conflitos. É com essa noção que gostaríamos de iniciar 
nosso segundo capítulo: contextualizando sócio-historicamente e inserindo o conflito como 
inerente à problemática ambiental.
Antes de esclarecer a que estamos nos referindo ao falar em conflito, é importante lançarmos 
novamente nosso olhar para a constituição desse campo multifacetado, inserindo-o no campo 
político. Para isso, valemo-nos de Loureiro (2009) para nos acompanhar nessa argumentação...
Com o autor, refletiremos que a necessidade de se politizar a discussão ambiental aponta para 
a possibilidade de escaparmos de radicalismos extremistas que vão do puro tecnicismo à égide 
economicista ou, ainda, às limitações de um suposto apelo ético-moral-filosófico. 
Sem pretender, neste capítulo, tecer uma perspectiva histórica sobre o movimento ambientalista, 
é preciso lembrar a heterogeneidade desse campo, marcado por uma significativa diversidade de 
concepções, visões de mundo e abordagens teórico-clássicas nem sempre tão claras ou explícitas 
quanto necessário para um debate aprofundado.
 
Sugestão de estudo
Para aprofundar a reflexão sobre essa discussão, sugerimos as seguintes leituras iniciais:
Sobre o assunto, ver LOUREIRO, C. F. B., BARBOSA, G. L., ZBOROWSKI, M. B. Os vários “ecologismos dos pobres” e as 
relações de dominação no campo ambiental. In: LOUREIRO, C. F. B., LAYRARGUES, P. P., CASTRO, R. S. de (orgs.). Repensar a 
educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009.
Por um lado, certas correntes conservacionistas dão primazia ao discurso técnico-científico 
esvaziando qualquer diálogo político. Aqui, noções de impacto ambiental, por exemplo, são 
reduzidas ao manejo e controle de externalidades e condicionantes. Os argumentos técnicos são 
18
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
evocados para legitimar a lógica da produção e do mercado. Em consequência, os profissionais 
aí envolvidos – sejam gestores e/ou educadores ambientais – inserem-se como experts ou 
especialistas que detêm o poder e a autoridade de ver, traduzir e falar em nome da natureza. 
Nessa imagem, os fatos estão dados, naturalizados e sem nenhuma historicidade, à espera da visão 
dos técnicos e cientistas. Esses são detentores de saberes que os separam dos outros humanos 
e legitimam sua atuação-apropriação. 
Ascelrad e Mello (2002, p. 296-297), utilizando-se da Teoria da Sociedade de Risco, de Ulrich 
Beck, apontam:
A reflexividade política da sociedade de risco teria substituído o sujeito 
revolucionário na medida em que os cidadãos percebem que os guardiães da 
ordem legalizam as ameaça (...) A eficácia dessa reflexividade repousaria na 
crença na soberania dos sentidos – os olhos tornam-se instituições de pesquisa, 
e os ouvidos, autoridades de saúde, afirma Beck. Para ele, portanto, na Sociedade 
de Risco, a plena politização da tecnologia faria dos cientistas e técnicos sujeitos 
diretos do poder. Para ele, o poder da tecnologia ultrapassaria o poder das decisões 
políticas, pelo comando da prática. A tecnologia seria a política do fato realizado, 
e o monopólio da tecnologia se tornaria o monopólio da mudança social (BECK, 
1992, p. 109) (...) Vemos aqui um certo número de assertivas resultantes de uma 
reificação das técnicas: a destruição material é vista como “revolução”, e o poder 
destrutivo material, como força revolucionária (Beck, 1995:8). No entanto, as 
conseqüências ampliadas da capacidade destrutiva das técnicas não as tornam 
necessariamente políticas em si. Político seria o uso do poder tecnológico para 
impor os rumos e projetos à sociedade, pois há uma relação de subordinação do 
poder técnico sobre as coisas ao poder político sobre a sociedade.
Em outro extremo, e tão ou mais frequente quanto essa primeira posição tecnicista supracitada, 
encontramos um discurso ambientalista eivado de apelos a valores ditos universais que busca 
ou mesmo promete um mundo “harmônico e sem conflitos”, em que os problemas sociais e 
ambientais serão resolvidos. Aqui, toda e qualquer iniciativa é válida somente por sua intenção, 
independente de suas bases ou estrutura.
Práticas que igualmente correm o risco de trazer soluções descontextualizadas e esvaziadas, sem 
nenhuma visão crítica ou problematizadora do trabalho socioambiental, situando nas esferas 
individuais (e pontuais) – por consenso – as causas e soluções dos problemas ambientais.
Loureiro (2009a, p. 47), referindo-se especificamente às iniciativas de Educação Ambiental, por 
exemplo, sinaliza a tendência a se retomar:
Aspectos conservadores da educação há muito levantados e questionados por 
pesquisadores desta área, estabelecendo as dicotomias: supremacia do saber 
científico sobre o popular; solução técnica descolada das relações de poder e 
19
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
da política; e “caminho para a salvação planetária” associado exclusivamente ao 
plano da ética e da consciência como se estas estivessem fora da organização 
social e da dinâmica que define mutuamente as dimensões que formam o todo 
em que vivem
Em outro ponto de sua obra (LOUREIRO; BARBOSA; ZBOROWSKI, 2009b), o autor retoma 
as proposições de Allier em seu Ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens 
de valoração (2007) ajudando-nos a compreender que embora nem sempre essas posições 
estejam didaticamente situadas de modo distinto, é possível identificar bases comuns para cada 
racionalidade ou modo de se pensar-agir no campo ambiental. 
Nessa obra, Allier (2007) aponta três correntes ambientalistas principais: o conservacionismo 
ou culto ao silvestre que exaltaria a proteção da vida e da natureza acima de todas as coisas, 
excluindo o humano em todas as suas dimensões; o evangelho da ecoeficiência focado na 
questão econômica e tecnológica como estratégias-meio de dominação utilitarista da natureza 
e finalmente o ecologismo dos pobres ou movimento de justiça ambiental que ressalta as 
desigualdades e injustiças sociais características do modo de produção capitalista, situando as 
condições materiais de sobrevivência na raiz dos conflitos ambientais..
Em suma, na base da Ecologia Política encontraremos as contribuições da Economia Política – 
que nos ajuda a compreender como uma sociedade se organiza a partir de suas bases materiais 
– e da Economia Ecológica – que inclui a dimensão ecológica nessa discussão, ressaltando os 
antagonismos entre os ciclos e dinâmicas da própria natureza e da sociedade.
Desse modo, a Ecologia Política traz como pauta a premência de se aprofundar a discussão 
ambiental de forma crítica e reflexiva, inserindo-a em um contexto mais amplo que considere 
as bases da organização societária para se compreender, por exemplo, os conflitos de interesses 
públicos e privados pelo acesso aos recursos naturais. Traz, assim, o questionamento sobre que 
sociedade queremos construir e, ao mesmo tempo, a possibilidade de compreendermos como 
somos determinados na e pela materialidade sociopolítico-econômica. 
O Materialismo Histórico é trazido aqui por sua atualidade ajudando-nos tanto a compreender o 
contexto no qual atuamos como também por sua potencialidade como instrumento político. 
A expressão materialismo histórico aparece em 1889, utilizada por Engels para dizer que a 
concepção materialista da história se baseia na ideia de que a produção constitui a base da 
ordem social e que, portanto, a política não deve ser procurada nas cabeças dos homens, mas 
nas transformações dos modos de produção. Marx também expõe esse ponto de vista quando diz 
que as relações jurídicas e as formas de governo não podem ser compreendidas por si mesmas 
nem pela evolução de pensamento humano, pois estão enraizadas nas condições materiais da 
vida (DICIONÁRIO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, 1987, p. 728).
20
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
A esta altura, é possível que você esteja se perguntando se não estaríamos nos afastando demais 
de nosso foco de formação em Gestão Pública. Acreditamos que não e apostamos que uma 
formação sólida, na área, hoje, implica bem mais que o ensino-aprendizagem de um conjunto 
de técnicas e procedimentos de gestão. 
As ditas “ferramentas de trabalho” estão aí disponíveis... o diferencial está nas escolhas que 
fazemos, na forma como as utilizamos. Nesse sentido, é fundamental refletirmos sobre o atual 
contexto da contemporaneidade, explicitando nossas visões de mundo, os parceiros e pares com 
os quais dialogaremos, nossas opções de negociação e intervenção. Pense nisso!
Reconhecer o conflito na/da problemática ambiental
Nesse âmbito, vale retomarmos o ponto inicial de nosso nosso primeiro capítulo: 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações.
(BRASIL, Constituição da República Federativa, 1988, art. 225). 
Se a garantia ao meio ambiente equilibrado é direito e dever de todos, torna-se necessário 
refletirmos sobre quem somos nessa coletividade. É pertinente ainda insistir que só podemos 
falar em meio ambiente na relação entre meio natural e social. E sabemos que as formas de 
acesso, uso e relacionamento do homem/mulher com os recursos naturais transformam-se no 
tempo-espaço, variando de cultura para cultura, região para região, classe para classe...
Ao admitirmos essas múltiplas relações, enfatizamos a heterogeneidade desse coletivo que 
supostamente deve garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado. O acesso e uso da 
água não tem o mesmo significado para uma população ribeirinha, um empresário em uma 
grande metrópole e uma indústria alimentícia, por exemplo.
Vejamos as colocações de Quintas (2009, p. 13-14) nesse sentido:
esta coletividade não é homogênea; ao contrário, sua principal característica é a 
heterogeneidade. Nela convivem interesses, necessidades, valores e projetos de 
futuro, diversificados e contraditórios, classes sociais, etnias, religiões e outras 
diferenciações. No caso do Brasil, o poder de decidir e intervir para transformar o 
ambiente, seja ele físico, natural ou construído, e os benefícios e custos decorrentes 
estão distribuídos social e geograficamente na sociedade de modo assimétrico. Por 
serem detentores de poder econômico ou de poderes outorgados pela sociedade, 
determinados atores sociais possuem, por meio de suas ações, capacidade 
variada de influenciar direta ou indiretamente a transformação (de modo positivo 
ou negativo) da qualidade do meio ambiente. É o caso do setor empresarial 
21
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
(poder do capital); dos legislativos (poder de legislar); do Judiciário (poder de 
condenar e absolver); do Ministério Público (o poder de investigar e acusar); dos 
órgãos ambientais (poder de definir padrões de qualidade ambiental, embargar, 
licenciar, multar); dos jornalistas (poder de influenciar na formação da opinião 
pública); das agências estatais de desenvolvimento (poder de financiamento, de 
criação de infraestrutura) e de outros atores sociais, cujos atos podem ter grande 
repercussão na qualidade ambiental e, consequentemente, na qualidade de vida 
das populações. Entretanto, estes atores, ao tomarem suas decisões, nem sempre 
levam em conta os interesses e necessidades dos diferentes grupos sociais, direta 
ou indiretamente afetados. As decisões tomadas podem representar benefícios 
para uns e prejuízos para outros. Um determinado empreendimento pode 
representar lucro para empresários, emprego para trabalhadores, conforto pessoal 
para moradores de certas áreas, votos para políticos, aumento de arrecadação 
para governos, oportunidade de emprego para um segmento da população e, 
ao mesmo tempo, implicar prejuízo para outros empresários, desemprego para 
outros trabalhadores, perda de propriedade, empobrecimento dos habitantes 
da região, ameaça à biodiversidade, erosão, poluição atmosférica e hídrica, 
violência, prostituição, doenças, desagregação social e outros problemas que 
caracterizam a degradação ambiental. Assim, na vida prática, o processo de 
apropriação e uso dos recursos ambientais não acontece de forma tranquila. 
Há interesses, necessidades, racionalidades, poder, custos e benefícios em jogo 
e, consequentemente, conflitos (potenciais e explícitos) entre atores sociais que 
atuam de alguma forma sobre estes recursos, visando seu uso, controle e/ou 
sua defesa. Processo que em última instância determina a qualidade ambiental 
e a distribuição espacial, temporal e social de custos e benefícios. Todavia, um 
mesmo dano ou risco ambiental decorrente de alguma ação sobre o meio que, a 
partir de determinada racionalidade, é tido como inaceitável por um ator social, 
pode ser considerado desprezível ou inexistente por outro, se avaliado sob o 
ponto de outra racionalidade.
Ao reconhecermos essas múltiplas racionalidades que coexistem, compreendemos o que 
afirmamos acima: o conflito é inerente à problemática ambiental. Muitas vezes, torna-se difícil 
trabalharmos com essa dimensão do conflito, uma vez que fomos educados socioculturalmente, 
para acreditarmos em uma pretensa visão de sociedade harmônica e homogênea, pautada pela 
possibilidade do consenso. Nessa, somos treinados a eliminar e anular – não reconhecendo ou 
desconhecendo – o conflito.
Uma atuação crítica e reflexiva em Gestão Ambiental implica, ao contrário, o reconhecimento 
de que o acesso e utilização dos recursos naturais são assimétricos e, por assim ser, devem ser 
problematizados. Dessa forma, o gestor público deve incluir em seu trabalho a identificação das 
contradições, possíveis posicionamentos distintos, divergentes ou convergentes, formas de ação 
e atuação adotadas por cada um para defender e garantir os próprios interesses.
22
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
A noção de conflito ambiental distingue-se, nessa abordagem, da tradicional definição de 
problema ambiental. Nesse, existem situações de risco ou dano socioambiental, mas os atores 
sociais aí envolvidos não explicitam reaçãofrente ao mesmo. O conflito instaura-se no confronto 
de interesses entre as partes afetadas (ASCERALD e MELLO, 2002). “Portanto, podemos dizer que 
todos os conflitos ambientais envolvem um problema ambiental ou a disputa em torno da defesa 
e/ou controle de determinada potencialidade ambiental, mas nem todo problema ambiental 
envolve um conflito.” (QUINTAS, 2006, p. 73).
Essa perspectiva desdobra-se, também, para 
a assunção de que não há neutralidade na 
intervenção do gestor público: estamos 
sempre comprometidos, de forma explícita 
ou não, fazendo escolhas, definindo 
prioridades, alocando ou manejando 
recursos, contabilizando custos e benefícios 
das ações socioambientais que gerimos.
Um trabalho de Educação Continuada desses 
gestores encontra-se com uma “proposta 
de Educação Ambiental emancipatória 
e comprometida com o exercício da 
cidadania” (QUINTAS, 2006). 
Finalizamos assim, com alguns importantes 
apontamentos de Quintas (2006, p. 16 e 
segs.) nesta perspectiva:
1. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é:
 › direito de todos;
 › bem de uso comum;
 › essencial à sadia qualidade de vida.
2. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para 
presentes e futuras gerações é dever:
 › do Poder Público;
 › da coletividade.
3. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado antes de 
ser um dever é um compromisso ético com as presentes e futuras gerações.
Sugestão de estudo
Quintas é um autor central para a discussão sobre a Gestão 
Ambiental Pública. Ele foi Coordenador-Geral de Educação 
Ambiental do Ibama. Como fruto de seu trabalho e de sua 
equipe, há inúmeros títulos disponíveis sobre o assunto 
voltados à capacitação e atualização profissional nessa área. 
Pesquise! Leia!
Estas são apenas algumas sugestões:
IBAMA. Como o Ibama exerce a educação ambiental. 
Coordenação-Geral de Educação Ambiental. Brasília. Edições 
Ibama, 2002. Disponível em: 
http://www.ibama.gov.br/educacaoambiental/divs/como_
exerce.pdf. 
QUINTAS, J. S. (org.) Introdução à gestão ambiental pública. 
Brasília: Ibama, 2006.
QUINTAS, J. S. (org.). Pensando e praticando a educação 
ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília: Ibama, 2000.
http://www.ibama.gov.br/educacaoambiental/divs/como_exerce.pdf
http://www.ibama.gov.br/educacaoambiental/divs/como_exerce.pdf
23
POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO • CAPÍTULO 2
4. No caso do Brasil, o compromisso ético de preservar e defender o meio 
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações 
implica:
 › construir um estilo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente 
seguro, num contexto de dependência econômica e exclusão social;
 › praticar uma Gestão Ambiental democrática, fundada no princípio de que 
todas as espécies têm direito a viver no planeta, enfrentando os desafios 
de um contexto de privilégios para poucos e obrigações para muitos.
5. A gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos entre 
atores sociais que disputam acesso e uso dos recursos ambientais.
6. A gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura 
diante de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na 
sociedade e no país, com os custos, e quem ficará com os benefícios advindos 
da ação antrópica sobre o meio, seja ele físico-natural ou construído.
7. Ao praticar a gestão ambiental, o Estado distribui custos e benefícios de modo 
assimétrico na sociedade. (no tempo e no espaço)
8. A sociedade não é o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e dos 
confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, 
das relações sociais, dos valores etc.).
9. Apesar de sermos todos seres humanos, quando se trata de transformar, decidir 
ou influenciar sobre a transformação do meio ambiente, há na sociedade uns 
que podem mais do que outros.
10. O modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação 
de sua existência, não é meramente uma questão cognitiva, mas é mediado por 
interesses econômicos, políticos, posição ideológica e ocorre em determinado 
contexto social, político, espacial e temporal.
11. A Educação no Processo de Gestão Ambiental deve proporcionar condições para 
produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, e o desenvolvimento 
de atitudes visando à participação individual e coletiva:
 › na gestão do uso dos recursos ambientais;
 › na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos meios 
físico, natural e sociocultural.
12. Os sujeitos da ação educativa devem ser, prioritariamente, segmentos sociais 
que são afetados e onerados, de forma direta, pelo ato de gestão ambiental e 
dispõem de menos condições para intervirem no processo decisório.
24
CAPÍTULO 2 • POLÍTICA, COMPROMISSO E CONFLITO
13. O processo educativo deve ser estruturado no sentido de:
 › superar a visão fragmentada da realidade através da construção e 
reconstrução do conhecimento sobre ela, num processo de ação e reflexão, 
de modo dialógico com os sujeitos envolvidos;
 › respeitar a pluralidade e diversidade cultural, fortalecer a ação coletiva 
e organizada, articular os aportes de diferentes saberes e fazeres e 
proporcionar a compreensão da problemática ambiental em toda a sua 
complexidade;
 › possibilitar a ação em conjunto com a sociedade civil organizada e 
sobretudo com os movimentos sociais, numa visão de educação ambiental 
como processo instituinte de novas relações dos seres humanos entre si 
deles com a natureza;
 › proporcionar condições para o diálogo com as áreas disciplinares e com 
os diferentes atores sociais envolvidos com a gestão ambiental. 
Sintetizando
Vimos até agora:
 » A importância de politizarmos a reflexão sobre as questões socioambientais.
 » A existência de duas tendências na atuação do gestor ambiental: o puro tecnicismo e o apelo ético-moral.
 » A diferença entre as noções de conflito e problema ambiental.
 » A atuação do gestor ambiental não é neutra, estando sempre comprometida e implicando escolhas.
 » A importância de articularmos a Gestão Ambiental à Educação Ambiental Emancipatória.
25
Apresentação
Neste capítulo, vamos avançar um pouco mais no estudo sobre a Gestão de Empreendimentos 
Sociais Sustentáveis.
Para isso, discutiremos como a questão da responsabilidade social tornou-se o ponto de partida 
para o estabelecimento do compromisso das organizações com o ambiente em que se inserem, 
atualmente. 
Espera-se que essa disciplina não seja apenas uma matéria a ser “estudada”, mas uma disciplina 
transformadora. Ou seja, que você possa desenvolver sua postura cidadã, sendo crítico(a) em 
relação à sua responsabilidade pessoal e profissional, diante da sociedade e do ambiente em 
que vive.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de:
 » Compreender o panorama histórico da Responsabilidade Social das Empresas (RSE) 
no Brasil. 
 » Distinguir a diferença entre marketing comercial, marketing social e responsabilidade 
social.
 » Fazer uma reflexão crítica sobre a importância do papel da RSE para a sociedade.
 » Refletir sobre o impacto das ações socialmente responsáveis das empresas no mercado, 
no meio ambiente, na comunidade e relacionar com a gestão da organização.
 » Relacionar os impactos e ações na gestão socialmente responsável com o governo e a 
sociedade.
3
CAPÍTULO
RESPONSABILIDADE SOCIAL E 
MARKETING SOCIAL: 
ASPECTOS GERAIS
26
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Como Está a Responsabilidade Social Hoje?
A responsabilidade social é um tema atual e, nos últimos anos, vem sendo consolidada a crença de 
que as organizações devem assumir um papel mais amplo perante a sociedade, que não somente 
o de maximização de lucro. O crescente aumento da complexidade dos negócios, o avanço de 
novas tecnologias e o incremento da produtividade levaram a um aumento significativo da 
competitividade entre as organizações e, dessa maneira, elastendem a investir mais em processos 
de gestão de forma a obter diferenciais competitivos. Para as empresas, a responsabilidade 
social pode ser vista como uma estratégia a mais para manter ou aumentar sua rentabilidade e 
potencializar o seu desenvolvimento. Isso é explicado ao se constatar maior conscientização do 
consumidor, o qual procura por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente 
e a comunidade.
As organizações que se preocupam em criar valor à sociedade tendem a criar seu espaço no 
mercado naturalmente e não condiz com as empresas buscarem o lucro a qualquer custo. É 
preciso respeitar conceitos como sustentabilidade global e ter preocupação com valores universais.
Desse modo, a responsabilidade social tem se apresentado como um tema, cada vez mais 
importante, no comportamento das organizações e exercido impactos nos objetivos e nas 
estratégias das empresas.
O que Pretendem as Empresas com a 
Responsabilidade Social?
Para Cimbalista (2001), a responsabilidade social é uma iniciativa das empresas que realizam 
atividades para atender às comunidades em suas diversas formas, como:
 » Conselhos comunitários.
 » Organizações não governamentais.
 » Associações comunitárias, entre outras. 
Em que áreas atuam essas instituições?
Essas associações atuam em áreas de assistência social, alimentação, saúde, educação, cultura, 
meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Atendem a determinada população com ações 
estruturadas, por meio do planejamento e monitoramento de recursos, seja pela própria empresa, 
por fundações e institutos de origem empresarial, ou por indivíduos especialmente contratados 
para a atividade.
Mas, afinal, o que vem a ser responsabilidade social?
27
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
Vamos recordar...
O conceito de responsabilidade social pode ser entendido como: 
Responsabilidade Social é um comportamento que as empresas adotam 
voluntariamente e para além das prescrições legais, porque consideram ser 
esse o seu interesse a longo prazo.
(Comissão das Comunidades Europeias, 2001)
Responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente 
dos empresários de adotar um comprometimento ético e contribuir para o 
desenvolvimento econômico, simultaneamente, à qualidade de vida de seus 
empregados e de seus familiares, da comunidade local e da sociedade como 
um todo.
(ASHLEY, 2005)
Por que responsabilizar socialmente a empresa?
 » A empresa consome recursos naturais, renováveis ou não, direta ou indiretamente, que 
são patrimônio gratuito da humanidade.
 » A empresa utiliza capitais financeiros e tecnológicos que, no fim da cadeia, pertencem 
a pessoas físicas.
 » Utiliza capacidade de trabalho da sociedade.
 » Subsiste em função da organização do Estado que a sociedade lhe viabiliza como parte 
das condições de sobrevivência.
 » Ao usufruir, em benefício próprio, desses recursos, a empresa contrai uma dívida social 
para com a sociedade e para com a humanidade.
Provocação
Você concorda com esses argumentos da “responsabilização social” das empresas? Falta algum argumento importante? 
28
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Vamos Entender como Surgiu a Responsabilidade Social no 
Brasil
Origem da responsabilidade social
O que aconteceu na década de 1970?
De acordo com Cunha (s/d), no Brasil, o reconhecimento da função social das empresas culminou 
com a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE) na década de 1970 
aliado ao enfraquecimento do Estado do Bem-Estar Social (em inglês: Welfare State), também 
conhecido como Estado-providência, é um tipo de organização política e econômica que coloca 
o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. 
Nessa orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e 
econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de 
acordo com o país em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos 
e proteção à população. O modelo de Estado do Bem-estar que emergiu na segunda metade do 
século XX, na Europa Ocidental, se estendeu para outras regiões e países e chegou ao auge na 
década de 1960. No transcurso dos anos 1970, porém, esse modelo de Estado entrou em crise.
E o Brasil?
O Brasil nunca chegou a estruturar um Estado de Bem-estar semelhante aos dos países de 
primeiro mundo. Não obstante, o grau de intervenção estatal na economia nacional teve início 
na Era Vargas (1930-1945) e chegou ao auge durante o período da ditadura militar (1964-1985). 
Paradoxalmente, os mais beneficiados com os gastos públicos em infraestrutura (nas áreas de 
telecomunicações, energia elétrica, autoestradas) e construção de grandes empresas públicas 
foram, justamente, os empresários brasileiros e estrangeiros. 
Na década de 1970, porém, setores mais influentes da classe empresarial começaram a dirigir 
críticas ao intervencionismo estatal. Na época, a palavra mais usada pelos empresários paulistas 
em sua campanha contra o intervencionismo estatal na economia era “desestatização”. Quando 
ocorreu a transição para a democracia, os partidos políticos de esquerda e os movimentos 
populares acreditavam que tinha chegado o momento e o Estado brasileiro saldar a imensa 
dívida social diante das profundas desigualdades sociais e pobreza extrema reinantes no País. 
Não obstante, todos esses anseios foram frustrados.
Os governos democráticos que se sucederam a partir de 1985 adotaram inúmeras políticas, 
chamadas de neoliberais, cujos desdobramentos mais evidentes foram as privatizações de 
inúmeras empresas estatais.
29
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
E no final da década de 1980 e anos posteriores?
Sobretudo a partir dos anos 80, as empresas passaram a se preocupar mais com os problemas que 
envolviam a sociedade e o meio ambiente, nos quais estariam inseridos se responsabilizando por 
áreas em que o Estado não consegue suprir, eficientemente, as necessidades dessa população, 
rompendo um paradigma de que as empresas só visavam aos lucros.
No entanto, a concepção do conceito de responsabilidade social teve um espaço maior no final 
da década de 1980, consolidando-se nos últimos anos, de 1990 a 2003. 
Entre os fatores relevantes, destacam-se: 
 » A reorganização do capital, que transformou o cenário econômico, tendo como pilar 
a competitividade mundial, regional e local, exigindo um perfil para a indústria e para 
os trabalhadores.
 » A campanha contra a fome, de Herbert de Souza (Betinho).
 » O fortalecimento dos movimentos sociais.
 » As profundas transformações do mundo contemporâneo provocaram incertezas e 
instabilidade como fatores ameaçadores à sobrevivência das organizações empresariais, 
ao mesmo tempo em que fortaleceu a valorização do conhecimento e do progresso.
 » A insuficiência do papel do Estado implicou graves críticas às políticas públicas, marcadas 
pelo assistencialismo, pelas insuficiências dos recursos, pela privatização dos serviços 
sociais.
 » O crescimento da violência urbana gerou a necessidade coletiva de se repensar e criar 
novas iniciativas de Responsabilidade Social (CUNHA, s/d.).
Nesse cenário...
Surgem as entidades empresariais, como: 
 » Grupo de Institutos.
 » Fundações e empresas (Gife).
 » Institutos Ethos de empresas e Responsabilidade Social (Ethos).
 » Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE). 
 » Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). 
 » Gazeta Mercantil, além de outras, tendo como foco um novo pensar e agir no âmbito 
empresarial, dando uma conotação cidadã na arte dos negócios. 
30
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Nessa perspectiva...
Os investimentos sociais privados ganham forma no Brasil, cujo olhar se 
centraliza na alocação voluntária de recursos privados, para buscar retorno 
alternativode inclusão social e influenciar nas políticas públicas, organização, 
universidades. Nesse contexto, o Grupo de Institutos e Fundações Empresárias 
(Gife) é considerado protagonista. 
(CUNHA, s/d).. 
A responsabilidade social não representa apenas investimento social privado, aquele realizado 
por meio de projetos sociais na comunidade, mas uma nova postura da organização frente aos 
stakeholders, ou seja, aos seus diversos públicos, interno e externo, incluindo empregados, 
fornecedores, acionistas, clientes e consumidores, meio ambiente, comunidade e, até, concorrentes. 
E as vantagens das organizações serem socialmente responsáveis?
Melo Neto (2001) mostra quais são as vantagens de as empresas serem socialmente responsáveis, 
tais como:
 » prestígio;
 » credibilidade;
 » comprometimento dos empregados para com a organização; 
 » ganho de imagem institucional;
 » aumento da produção;
 » aumento das vendas; 
 » incentivos fiscais. 
A Importância do Papel da Responsabilidade Social
A enorme carência e desigualdades sociais existentes no Brasil conduzem as ações de 
responsabilidade social a terem relevância ainda maior, reforçando a importância dos papéis 
das instituições no processo de desenvolvimento do país (CIMBALISTA, 2001) 
A responsabilidade social é entendida como um relacionamento ético das empresas e como esta 
está inserida na sociedade. É importante que ambas tenham uma relação de interdependência. 
Essa relação gera ações concretas trazendo benefícios à sociedade e criam ou recriam as condições 
necessárias para o desenvolvimento crescente da cidadania (BENEDICTO, 2002).
31
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
Ao adotar estratégias voltadas à gestão da responsabilidade social, as empresas assumem uma 
função de relevante interesse social, pois não se trata apenas de doar dinheiro a determinada 
população, mas, sim, de mobilizar a empresa e a comunidade em prol de uma causa. É importante 
que esta tenha uma convivência com as comunidades próximas a sua localidade, pois é nela 
que, muitas vezes, encontram seus empregados, clientes e fornecedores. Esse exercício da 
responsabilidade social não só contribui para o bem-estar da sociedade, mas, também, para 
o crescimento da própria organização. Com essa prática, tanto a empresa quanto a sociedade 
obtêm benefícios, ou seja, todos ganham mais credibilidade e evidência e a população pode 
usufruir dessas atividades, contribuindo para a cidadania da sociedade.
Apesar de o Estado ser o principal responsável no que diz respeito às questões sociais, ele não 
possui condições para elaborar e/ou implementar sozinho essas políticas. Devido a essas limitações 
das ações do Estado, somente com uma mobilização da sociedade será possível reunir recursos 
suficientes para enfrentar esses problemas. Sendo indispensável a busca de parcerias fora do 
Estado, mais especificamente, nas empresas privadas e no terceiro setor – próximo capítulo 
(STEFANO; NEVES; BUENO, 2003).
O próprio Estado, ao se deparar com sua incapacidade de atender à enorme demanda de serviços 
sociais, iniciou um processo no sentido de elaboração de políticas sociais que pudessem atuar 
em parceria com organizações não governamentais. Dessa forma, os recursos necessários para a 
ação social efetiva foram repassados para que essas organizações com sua agilidade garantissem 
maior eficácia às soluções emergentes. 
Como se trata de um investimento, tanto as pessoas físicas como as jurídicas, que financiam 
projetos de cunho social, têm o intuito de aferir os resultados alcançados pela sociedade e pela 
própria organização. Iniciativas como essas também contribuem para que as organizações 
tenham maior visibilidade no mercado. Desse modo, pode-se definir, por meio desse contexto, a 
responsabilidade social como um papel das instituições com os agentes sociais no desenvolvimento 
do ser humano e da comunidade na qual estão inseridos (STEFANO, NEVES; BUENO, 2003).
Ao se falar em responsabilidade social, não há como escapar à dúvida:
Responsabilidade Social é uma forma de filantropia?
Portanto, faz-se importante não confundir a responsabilidade social como uma forma de 
filantropia; pelo contrário, seu conceito refere-se a uma sustentabilidade, em longo prazo, numa 
lógica de desempenho e lucro. Passa-se a contemplar a preocupação com os efeitos sociais e 
ambientais de suas atividades, com o objetivo de contribuir com a qualidade de vida da população. 
Dessa forma, a responsabilidade social contribui para o compromisso de questões que vão além 
das suas obrigações trabalhistas previstas em leis, mas, principalmente, para a adoção de valores, 
condutas e procedimentos éticos, ambientais e sociais. Por meio dessas ações, as organizações 
32
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
também aumentam seus lucros, pois o consumidor prefere cada vez mais instituições que se 
integram à sociedade (STEFANO; NEVES; BUENO, 2003).
A responsabilidade social é um conjunto de conceitos e ações que contribui para fazer um mundo 
melhor com a participação de todos e isso inclui toda e qualquer atitude que tomemos para que 
esse fim seja alcançado.
Conforme Stefano, Neves e Bueno (2003), o certificado de 
padrão de qualidade e adequação ambiental dá-se com a 
International Organization for Standardization (ISO), que é 
uma organização não governamental fundada em 1947, em 
Genebra, e hoje presente em cerca de 157 países. A sua função 
é a de promover a normatização de produtos e serviços, para 
que a qualidade destes seja permanentemente melhorada. A 
norma que atende, especificamente, à responsabilidade social é 
a SA 8000. Essa foi feita se baseando nas normas da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos da 
Criança da ONU. A norma segue o modelo das Normas ISO 
9000 e 14000, o que facilita a sua implantação por empresas 
que já conhecem esse sistema, normalmente as maiores e 
melhores empresas do mundo. Por meio da implantação da 
SA 8000, a empresa demonstra que está preocupada com a 
responsabilidade social em relação a seus empregados e ao 
ambiente externo. 
A Norma Internacional SA8000, sobre “Responsabilidade Social”, valoriza os seguintes “requisitos 
de Responsabilidade Social”:
 » Trabalho Infantil.
 » Trabalho Forçado.
 » Saúde e Segurança.
 » Liberdade de Associação e Direito à Negociação Coletiva.
 » Discriminação.
 » Práticas Disciplinares.
 » Horário de Trabalho.
 » Remuneração.
 » Sistemas de Gestão.
Para refletir
Quantas vezes nos contradizemos, 
julgamos o outro, nossos políticos, 
as autoridades pelo que fazem e pelo 
que não fazem e nos esquecemos de 
olhar no espelho, de agir no dia a dia? 
Esquecemos que quando apontamos 
o dedo para o outro, há mais três nos 
apontando. Reclamamos de Lava-Jato, 
mensalões, sanguessugas, de malas e 
cuecas, mas esquecemos de perguntar: 
O que estamos fazendo de efetivo para 
compor uma sociedade melhor?
Qual a norma e regulamentos da 
responsabilidade social das empresas?
Você conhece a norma que 
regulamenta a responsabilidade social 
e os seus requisitos? 
33
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
A busca de certificação social também tem contribuído como diferencial competitivo para as 
empresas. A Fundação Abrinq vem certificando algumas empresas que não trabalham com mão 
de obra infantil, incluindo seus fornecedores.
Dados da pesquisa Ethos/Valor mostram que 53% dos entrevistados boicotaram os produtos 
de uma empresa que utiliza mão de obra infantil. Um exemplo é o que ocorreu com a empresa 
americana Nike, acusada de empregar mão de obra infantil em suas fábricas no território asiático, 
tendo que realizar um grande planejamento estratégico para que essa imagem negativa fosse 
eliminada do mercado.
Paralelamente à certificação do cumprimento da Norma 
Internacional SA800 (ou outra equivalente, de naturezasimilar), 
muitas organizações produtivas adiantaram-se na publicação 
do Balanço Social da Empresa, como já é obrigatório em 
muitos outros países, e tende a ser em nosso país.
O que vem a ser Balanço Social?
O Balanço Social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa, 
reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações 
sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e 
à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar 
o exercício da responsabilidade social corporativa. (Ibase)
Para refletir
A empresa para a qual você trabalha ou recentemente trabalhou publica seu Balanço Social anualmente?
Do “Balanço Social” fazem parte os seguintes “Indicadores Sociais Internos”:
 » Alimentação.
 » Previdência privada.
 » Saúde.
 » Segurança e Medicina no Trabalho.
 » Educação.
 » Cultura.
Para refletir
A empresa para a qual você trabalha 
ou recentemente trabalhou já foi 
certificada para a norma internacional 
de “Responsabilidade Social” (SA8000)?
34
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
 » Capacitação e desenvolvimento profissional.
 » Creches ou auxílio-creche.
 » Participação nos lucros ou resultados.
São considerados Indicadores Sociais Externos:
 » Educação.
 » Cultura.
 » Saúde e Saneamento.
 » Esporte.
 » Combate à Fome e Segurança Alimentar.
Fazem parte do Balanço Social da Empresa, os seguintes Indicadores Ambientais:
 » Investimentos relacionados com a produção/operação da empresa.
 » Investimentos em programas e/ou projetos externos.
 » Quanto ao estabelecimento de “metas anuais” para minimizar resíduos, o consumo 
geral na produção/operação e aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, 
a empresa: 
( ) não possui metas; ( ) cumpre de 0% a 50%; 
( ) cumpre de 51% a 75%; ( ) cumpre de 76% a 100%.
O “modelo do Ibase” inclui no Balanço Social da Empresa os seguintes Indicadores do Corpo 
Funcional:
 » Número de empregados(as) ao final do período.
 » Número de admissões durante o período.
 » Número de empregados(as) terceirizados(as).
 » Número de estagiários(as).
 » Número de empregados(as) acima de 45 anos.
 » Número de mulheres que trabalham na empresa.
 » % de cargos de chefia ocupados por mulheres.
 » Número de negros(as) que trabalham na empresa.
35
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
 » % de cargos de chefia ocupados por negros(as).
 » Número de portadores(as) de deficiência ou necessidades especiais.
Por último, fazem parte do Balanço Social da Empresa as seguintes Informações relevantes 
quanto ao exercício da Cidadania Empresarial:
 » Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa.
 » Número total de acidentes de trabalho.
 » Os projetos sociais ambientais desenvolvidos pela empresa foram definidos por: 
( )Direção; ( )Direção e Gerências; 
( )Todos(as) os(as) Empregados(as).
Para refletir
Qual a diferença entre Marketing Comercial e Marketing Social?
Será que o conceito de Marketing social se parece com o de Marketing? 
Para entender o Marketing Social
Primeiro, vamos definir o que seja Marketing:
Segundo Kotler (2000),
O marketing é um processo social e gerencial por meio do qual os indivíduos e 
os grupos obtêm aquilo de que precisam e também o que desejam, em razão da 
criação e da troca de produtos/serviços de valor com outra pessoa.
Para McCathy (2000), 
O marketing é a ação de antever as necessidades do cliente, direcionando os 
esforços da organização ao atendimento de tais necessidades, por meio da oferta 
de produtos e serviços.
Conceito de marketing social
Segundo Kotler e Zaltman (1971),
o design, implementação e controle de programas que buscam aumentar a 
aceitabilidade das ideias sociais e que envolve considerações acerca do design 
36
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
do produto, estabelecimento de preço, comunicação, distribuição e pesquisa 
de marketing.
Andreasen (2002) afirma, 
Nos termos mais simples, o marketing social é a aplicação das tecnologias de 
marketing desenvolvidas no setor comercial à solução de problemas sociais, 
onde o resultado almejado é a mudança de comportamento.
Segundo Kotler (2000), 
É uma tecnologia de administração de mudança social associada ao projeto de 
implementação e controle de programas destinados a aumentar a disposição das 
pessoas para a aceitação de uma ideia, um comportamento e/ou prática social.
Enfim, o marketing social se distingue do marketing comercial por beneficiar em primeira 
instância o indivíduo ou a sociedade. O objetivo do marketing social é modificar atitudes ou 
comportamento atendendo a interesses do mercado ou sociedade, que se dá pela concretização 
de ideias e serviços.
E afinal, qual é a diferença entre marketing social e responsabilidade social?
O marketing social tem como objetivo a mudança de comportamento da sociedade para com 
o bem social, utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas de marketing.
A responsabilidade social, como vimos anteriormente, é a preocupação que as empresas, pessoas 
e governo têm pelo social.
Alguns tipos de marketing social:
 » Marketing da filantropia.
 » Marketing das campanhas sociais.
Saiba mais
No Brasil, as 500 maiores empresas gastam anualmente US$ 2,8 bilhões em segurança e US$ 18 milhões/mês em filantropia. 
Nos EUA, o exercício da filantropia corporativa por doações é o segmento que mais cresce, empresas norte-americanas doam 
US$ 150 bilhões a mais de 600 mil instituições sem fins lucrativos.
Um exemplo de filantropia foi a doação de US$ 200 milhões pela Microsoft abastecendo bibliotecas públicas americanas com 
softwares educacionais.
37
RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS • CAPÍTULO 3
Marketing da filantropia
Conceito surgido nos EUA, com a doação de milionários americanos de parte de suas fortunas, 
para ações sociais do governo e sociedade civil.
Em 1982, Jerry Welch, executivo da American Express, criou o conceito de marketing de causa 
(cause-related marketing). 
A doação de parte das despesas dos clientes do cartão Amex para entidades sem fins lucrativos, 
na região de São Francisco (Califórnia), aumentou o uso do cartão em 28%. 
No período de 1989 a 1992, as despesas com o marketing para causas sociais cresceram de US$ 
100 milhões para US$ 250 milhões.
Características do marketing da filantropia
 » Promover a imagem do empresário como benfeitor, destacando sua sensibilidade a 
problemas sociais. 
 » Reforça e divulga a imagem benfeitora da empresa e o espírito de filantropia.
 » Buscam no governo, na comunidade, nos clientes e nos funcionários o respeito e 
preferência por seus produtos.
 » Não estão direcionadas para o marketing da empresa.
 » Atenuam o estereótipo social de empresa que obtém lucro final. 
Marketing das campanhas sociais 
Somente em 1997, as empresas americanas investiram cerca de meio bilhão de dólares, apenas 
pelo direito de patrocínio de campanhas como a da AIDS e unidades do Corpo de Bombeiros. 
Movimento surgido no Brasil na década de 1980, com o Movimento Nacional em Defesa das 
Crianças Desaparecidas e Campanha pela Cidadania e contra a Miséria e a Fome de Betinho.
A novela Explode Coração, da TV Globo, iniciou uma grande campanha social abordando o 
desaparecimento de crianças, apresentando fotos de desaparecidos, sensibilizando os empresários 
que abraçaram a questão. 
Mais exemplos:
 » Campanhas para explicar o trabalho de órgãos governamentais voltados à saúde pública.
 » Campanhas para chamar a atenção aos problemas sociais como pobreza, intolerância, 
ou a poluição.
 » Campanhas para atrair doadores de sangue ou doação de órgãos, entre outros.
38
CAPÍTULO 3 • RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARkETING SOCIAL: ASPECTOS GERAIS
Características:
 » Forte apelo emocional. 
 » Movimento sério, com adesão de empresas, governo e sociedade civil com rapidez.» Apoio da mídia, especialmente.
 » Significativo retorno publicitário aos participantes. 
 » Valoriza o produto agregando valor social À embalagem. 
 » Aumenta a visibilidade do produto nas prateleiras.
 » Forte indutor ao endomarketing, mobilizando funcionários.
Registre o que tem observado sobre esse tema, como também suas dúvidas e ideias e apresente 
a sua tutora.
Agora é hora de exercitar o que aprendeu. Prepare-se!
Sintetizando
Vimos até agora:
 » Que a responsabilidade social se apresenta como um tema cada vez mais importante no comportamento das 
organizações, exercendo impactos nos objetivos, estratégias e no próprio significado da empresa.
 » A importância da responsabilidade social e dos benefícios que ela pode trazer para a corporação, quando aplicada 
corretamente.
 » Uma reflexão acerca do conceito e da importância da responsabilidade social Empresarial e desses em relação ao Estado e 
à sociedade civil.
 » Que o conceito de filantropia é diferente do de responsabilidade social.
 » A diferença entre marketing comercial, marketing social e responsabilidade social.
 » O conceito de balanço social e as normas que regulamentam a empresa socialmente responsável.
39
Apresentação
A terminologia terceiro setor é relativamente nova, surgiu no Brasil no final dos anos 1980 e é 
utilizada para definir um setor que se situa entre o público e o privado. Este capítulo fornecerá 
uma visão global sobre o terceiro setor, estabelecendo um diálogo sobre: o que é o terceiro setor? 
O terceiro setor no Brasil e suas tendências. Sua origem, causas do crescimento e importância. A 
relação de parceria entre Estado, Mercado e Terceiro Setor. Os tipos de organização e, por fim, 
o trabalho voluntário.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de:
 » Compreender o desenvolvimento do terceiro setor e o seu relacionamento com os setores 
governamental e empresarial.
 » Assimilar o conceito, a origem, a importância do terceiro setor.
 » Saber diferenciar os tipos de organizações em termos conceituais, de objetivos, formas 
de atuação e jurídicos, bem como o papel de cada uma.
 » Conhecer o que é um trabalho voluntário, a lei que o regulamenta e o termo de adesão.
4
CAPÍTULO
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, 
TIPOS DE ORGANIzAçãO E 
VOLUNTARIADO
40
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
Definindo Terceiro Setor
A expressão foi traduzida do inglês third sector, dada a sua origem norte-americana, a exemplo de 
outra expressão comumente por eles utilizada – non profit organizations, que significa organizações 
sem fins lucrativos. A influência da expressão serviu para balizar no Brasil o enquadramento 
de uma atividade não desenvolvida pelo Estado (primeiro setor) e tampouco pela iniciativa 
privada ora representante do mercado (segundo setor), mas, sim, por uma sociedade organizada 
(entidades sem fins lucrativos) que substituiu as ações singulares, para a prática conjunta e 
desinteressada do bem, que formam o terceiro setor. 
O setor público é o governo, representando o uso de bens públicos para fins públicos. O segundo 
setor refere-se ao mercado e é ocupado pelas empresas privadas com fins lucrativos.
O terceiro é formado por organizações privadas, sem fins lucrativos, desempenhando ações de 
caráter público.
Geralmente, o termo terceiro setor é utilizado 
para identificar que o espaço dessas organizações 
na vida econômica não se confunde nem com 
o Estado nem com o mercado; trata-se de um 
setor que se identifica com uma terceira forma de 
redistribuição de riqueza, diferente da do Estado 
e da do mercado.
Fernandes (1994) considera o terceiro setor como uma das possibilidades lógicas do universo 
de quatro combinações possíveis da conjunção público e privado:
Quadro 1. O terceiro setor.
AGENTES FINS SETOR
Privados PARA Privados IGUAL A: Mercado
Públicos Públicos Estado
Privados Públicos Terceiro Setor
Públicos Privados (corrupção)
Fonte: Fernandes, 1994.
Para fixação do conceito:
Segundo Melo Neto (1999),
A expressão Terceiro Setor nasceu da ideia de que a atividade humana é dividida 
em três setores: um primeiro setor (Estado), em que agentes públicos executam 
ações de caráter público; um segundo setor (mercado), no qual agentes privados 
Saiba mais
Você sabia que no Brasil o terceiro setor possui 
aproximadamente 12 milhões de pessoas, entre 
gestores, voluntários, doadores e beneficiados de 
entidades beneficentes, além dos 45 milhões de jovens 
que veem como sua missão ajudar o terceiro setor.
41
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
agem visando a fins particulares; e um terceiro setor relacionado às atividades 
que são simultaneamente não governamentais e não lucrativas.
Quadro 2. Definidores do Terceiro Setor.
ELEMENTOS DEFINIDORES DESCRIÇÃO
Foco Bem-estar público 
Interesse comum.
Questões centrais Pobreza, desigualdade e exclusão social.
Entidades participantes Empresas privadas, Estado, ONGs e sociedade civil.
Nível de atuação Comunitário e de base.
Tipos de ações Ações de caráter público e privado, associativas e voluntárias. 
Fonte: Melo Neto, 1994.
Mais...
é o conjunto de iniciativas privadas, de caráter público, sem fins lucrativos como 
associações e fundações, dentre outras, marcadamente solidárias e destinadas 
ao interesse público. 
(MCKINSEY & COMPANY, 2001).
Uma tentativa de definição para o conjunto do terceiro setor é apresentada por Coelho (2000), 
sendo a mais amplamente utilizada e aceita, é denominada estrutural/operacional. Segundo 
essa definição, as organizações que fazem parte desse setor apresentam as cinco seguintes 
características:
 » Estruturadas: possuem certo nível de formalização de regras e procedimentos, ou algum 
grau de organização permanente. São, portanto, excluídas as organizações sociais que 
não apresentem uma estrutura interna formal;
 » Privadas: essas organizações não têm nenhuma relação institucional com governos, 
embora possam dele receber recursos;
 » Não distribuidoras de lucros: nenhum lucro gerado pode ser distribuído entre seus 
proprietários ou dirigentes. Portanto, o que distingue essas organizações não é o fato 
de não possuírem “fins lucrativos”, e, sim, o destino que é dado a estes, quando existem. 
Eles devem ser dirigidos à realização da missão da instituição;
 » Autônomas: possuem os meios para controlar sua própria gestão, não sendo controladas 
por entidades externas;
 » Voluntárias: envolvem um grau significativo de participação voluntária (trabalho não 
remunerado). A participação de voluntários pode variar entre organizações e de acordo 
com a natureza da atividade por ela desenvolvida.
42
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
No que diz respeito ao terceiro setor, é importante considerar também que seu crescimento 
provém da iniciativa e da responsabilidade social de grupos sociais organizados, e da iniciativa 
privada em parcerias a essas instituições sociais. 
E quais são as causas do crescimento do terceiro setor?
Principais Causas do Crescimento do Terceiro Setor
 » Crescimento das necessidades socioeconômicas.
 » Crise do setor público.
 » Fracasso das políticas públicas tradicionais.
 » Crescimento dos serviços voluntários.
 » Degradação ambiental que ameaça a saúde humana.
 » Crescente onda de violência que ameaça a segurança das populações.
 » Incremento das organizações religiosas.
 » Maior disponibilidade de recursos a serem aplicados em ações sociais.
 » Maior adesão das classes alta e média a iniciativas sociais.
 » Maior apoio da mídia.
 » Maior participação das empresas que buscam a cidadania empresarial.
Entendendo algumas causas:
A primeira – o crescimento das necessidades socioeconômicas – é decorrente do crescimento 
populacional e das mazelas do capitalismo de mercado, que têm gerado má distribuição de 
renda, desemprego, fome, violência, sobretudo nos países periféricos.Crescem as demandas 
sociais porque os problemas sociais e econômicos agravam-se;
A crise do setor público em todo o mundo, com a falta de recursos, corrupção, empreguismo, 
má gestão e déficits crônicos. O cenário muda, sai o Estado burocrata e entra o Estado enxuto, 
porém a doença interminável continua, ou seja, serviços sociais de péssima qualidade;
As esperadas políticas sociais ainda não chegaram e, consequentemente, o papel redistributivo 
permanece como um sonho, principalmente para as populações marginalizadas pela desassistência 
do Estado. Permanece ativa a velha prática do assistencialismo social, como frentes de trabalho 
e distribuição de alimentos, roupas e remédios;
43
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
A incapacidade do Estado em solucionar os problemas da população favorece o crescimento do 
contingente de trabalhadores voluntários, a serviço das causas sociais;
A degradação ambiental é outro fator que ameaça a vida, como um todo, promovendo altos índices 
de doenças transmitidas por agentes provenientes das diversas formas de poluição ambiental, 
comprometendo a saúde e a qualidade de vida;
O crescimento das organizações religiosas em todo o mundo, e com elas, as iniciativas sociais 
que promovem, sobretudo por meio do trabalho voluntariado, têm favorecido o engajamento 
de ações minimizadoras dos males resultantes da inoperância social do Estado.
As modalidades de ações sociais
O terceiro setor abrange entidades sem fins lucrativos que desenvolvem ações sociais. Possui 
vários nomes: setor social, setor sem fins lucrativos, setor de promoção social, economia social, 
setor voluntariado e muitos outros.
O terceiro setor apresenta como características principais ações de caráter filantrópico e de 
investimentos em programas de projetos sociais, e o alto grau de diversidade das entidades de 
que eles fazem parte. 
As ações sociais compreendem modalidades como:
 » Doações de pessoas físicas e jurídicas.
 » Investimentos em programa e projetos sociais. 
 » Financiamento de campanhas sociais.
 » Parcerias com o governo, empresas privadas, comunidade e entidades sem fins lucrativos.
 » Participação em trabalhos voluntários.
Evolução, dinâmica e problemas
Reconstruindo historicamente o conceito de terceiro setor na América Latina, Fernandes (1994, p. 
31-32) identifica palavras articuladoras que reúnem atividades distintas, tais como comunidade, 
movimentos sociais nos anos 1970; cidadania e sociedade civil, no âmbito dos processos de 
democratização da década de 1980; sem fins lucrativos e não governamental nos anos mais 
recentes. 
O que compreende o terceiro setor da sociedade está ligado ao trabalho comunitário, à prática 
da solidariedade, à cultura da filantropia. Essas expressões remetem às atividades localizadas, 
geralmente de dimensões pequenas e com relacionamentos personalizados e com uma imagem 
altamente positiva. 
44
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
O que é comunidade?
Comunidade refere-se a um conjunto de famílias e pessoas que compartilham um espaço de 
moradia e, às vezes, até de trabalho, com necessidades e interesses comuns e, portanto, com 
fatores que favorecem a reunião, a comunicação e as ações coletivas.
E movimentos sociais?
Movimentos sociais, expressão que designa processos dinâmicos, instáveis, de organizações 
e ações distanciadas em relação ao Estado. Suas principais ações concentravam-se na solução 
de problemas localizados como o de falta d’água, saneamento básico, luz, segurança, moradia, 
ocupação da terra, poluição excessiva, preços, entre outros.
A partir dos anos 1990 em nosso país, com o advento de conceitos como responsabilidade social 
das empresas e o fortalecimento de um senso de cidadania, o terceiro setor experimenta uma 
grande expansão. 
No que diz respeito à natureza e finalidades das organizações do terceiro setor, a grande mudança 
de perspectiva se dá a partir da década de 1990, mais especificamente a partir da ECO-92, quando 
o País toma contato direto com uma nova força nascente: o poder da opinião pública – e com a 
expressividade do movimento em prol dos direitos coletivos e difusos, entre os quais se destaca 
a preservação da vida no planeta. 
É a partir dessa década que o termo terceiro setor passou a ser usado no Brasil para designar 
uma imensa variedade de instituições, cujo traço comum é, muitas vezes, unicamente o fato de 
registrarem em seus estatutos sua natureza não econômica (sem fins lucrativos). 
Origem do terceiro setor
Para compreendermos melhor a trajetória do terceiro setor, vamos recorrer ao texto A sociedade 
civil e o terceiro setor, de Tanya Linda Rothgiesser, que classifica esse processo em seis etapas:
 » 1ª fase – Império até a 1ª República: data de 1543 a primeira entidade do País criada 
para atender desamparados, a Irmandade da Misericórdia, instalada na Capitania de 
São Vicente. O Brasil era constitucionalmente vinculado à Igreja Católica e à utilização 
dos recursos, principalmente o privado, passava por seu crivo. Era a época das Ordens 
Terceiras, das Santas Casas, das Benemerências atuando, principalmente, nas áreas 
de saúde e previdência. A rigor, o que o Estado não provia, os líderes das principais 
comunidades portuguesas e espanholas de imigrantes proviam. Com esmolas se 
constituíam pequenos dotes para órfãos e se compravam caixões para os pobres. 
Beneditinos, franciscanos e carmelitas, assim como a Santa Casa, foram exemplos 
expressivos da ação social das ordens religiosas predominantes. Vinculam-se às ações 
45
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
sociais desenvolvidas, à época, expressões tais como mutualismo, benemerência e 
outras ainda hoje utilizadas, tais como assistencialismo, caridade.
 » 2ª fase – Revolução de 1930 até 1960: o País entrou na urbanização e na industrialização, 
que passaram a moldar a nova atuação da elite econômica. O Estado ficou mais 
poderoso, único portador do interesse público. No Estado Novo, com o presidente Getúlio 
Vargas, editou-se, em 1935, a primeira lei brasileira que regulamentava as regras para 
a declaração de Utilidade Pública Federal: dizia seu artigo primeiro que as sociedades 
civis, as associações e as fundações constituídas no País deveriam ter o fim exclusivo 
de servir desinteressadamente à coletividade. Em 1938, formalizou-se a relação do 
Estado com a assistência social com a criação do Conselho Nacional do Serviço Social. 
Paralelamente à atuação do Estado, surgiram ações filantrópicas a partir de senhoras 
de famílias economicamente privilegiadas; e líderes de indústrias, como os Matarazzo, 
os Chateaubriand, entre outros. 
O termo filantropia cunha-se nesta fase, marcadamente.
 » 3ª fase – A partir de 1960 até a década de 1970: o fortalecimento da sociedade civil se 
deu, paradoxalmente, no bojo à resistência à ditadura militar. No momento em que o 
regime autoritário bloqueava a participação popular na esfera pública, microiniciativas 
na base da sociedade foram inventando novos espaços de liberdade e reivindicação. 
Inscrevem-se, nesse momento, os movimentos comunitários de apoio e ajuda mútua, 
voltados à defesa de direitos e à luta pela democracia. Marca-se, nesse contexto, o 
encontro da solidariedade com a cidadania, representado em ações de organizações não 
governamentais (ONGs) de caráter leigo, engajadas em uma dupla proposta: combater 
a pobreza e combater o governo militar ditatorial.
 » 4ª fase – a partir dos anos 1970: multiplicam-se as ONGs com o fortalecimento da 
sociedade civil – embrião do terceiro setor – em oposição ao Estado autoritário. O Brasil 
dava início à transição de uma ditadura militar para um regime democrático. Com 
uma “distensão lenta, segura e gradual” (como os militares costumavam caracterizar 
esse processo), a sociedade brasileira começou a exercer seus direitos constitucionais, 
suspensos até então. Com o avanço da redemocratizaçãoe as eleições diretas para 
todos os níveis de governo, as organizações de cidadãos assumem um relacionamento 
mais complexo com o Estado. Reivindicação e conflito passam a coexistir com diálogo 
e colaboração.
 » 5ª fase – os anos 1990: surge um novo padrão de relacionamento entre os três setores 
da sociedade. O Estado começa a reconhecer que as ONGs acumularam um capital 
de recursos, experiências e conhecimentos, sob formas inovadoras de enfrentamento 
das questões sociais, que as qualificam como parceiros e interlocutores das políticas 
governamentais. 
46
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
O mercado, antes distanciado, passa a ver nas organizações sem fins lucrativos canais 
para concretizar o investimento do setor privado empresarial nas áreas social, ambiental 
e cultural. O termo cidadania já se presentifica no discurso do empresariado brasileiro, 
no início dessa década. Paralelamente, o sentimento vigente era de que o Estado, sozinho, 
não conseguiria dar conta de todas as suas obrigações na área social. Significativo nessa 
fase, a Câmara Americana de Comércio (American Chamber of Commerce), com apoio 
da Fundação Ford e da Fundação W.K. Kellogg, promove um prêmio (ECO), reuniões e 
conferências sobre filantropia em São Paulo, o que resulta na criação de um comitê de 
empresas brasileiras e fundações corporativas. Incluíam-se no grupo fundações como 
Bradesco, Odebrecht, Roberto Marinho; organizações como o Instituto Itaú Cultural; 
e empresas do porte da Xerox e Alcoa. O grupo formaliza-se em 1995, formando o 
Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife). Em 1998, também em São Paulo, 11 
empresas se associam e surge o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. 
Expressão que até então não existia – responsabilidade social – vem marcar o início 
de uma intervenção social empresarial alicerçada em um Código de Ética definidor 
de parâmetros de conduta das empresas com seus públicos (stakeholders). Busca-se 
diferenciar, marcadamente, ações “de negócio” de uma agenda voltada a investimentos 
sociais privados, de cunho ético e em benefício da sociedade. 
Marcam-se, portanto, nesse período, as palavras parceria, cidadania corporativa, 
responsabilidade social, investimento social privado. Formas de expressão desse novo 
movimento de encontro dos três setores da economia brasileira. 
Amplia-se, fortemente, o conceito de terceiro setor: para além do círculo das ONGs, 
valorizam-se outros atores sociais como as fundações e institutos (os braços sociais das 
empresas), as associações beneficentes e recreativas, também as iniciativas assistenciais 
das igrejas e o trabalho voluntário de maneira geral. 
A ampliação das áreas de convergência, não implicando o apagamento das diferenças 
entre os setores. Ao contrário, por serem diferentes, canalizando recursos e competências 
específicas e complementares. 
Cria-se, no governo de Fernando Henrique Cardoso, o Programa Comunidade Solidária 
com o propósito de articular trabalhos sociais em vários ministérios. E, em 1998, é 
regulamentada a Lei do Voluntariado.
 » 6ª fase – século XXI: a Organização das Nações Unidas (ONU) decreta 2001 como o «Ano 
Internacional do Voluntário». Acontecem, no Brasil, o I e o II Fórum Social Mundial, 
implementadores de ideias alternativas de ação econômica e social. Promove-se o 
desenvolvimento social a partir do incentivo a projetos autossustentáveis – em oposição 
47
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
às tradicionais práticas de caráter assistencialista geradoras de dependência – e em 
propostas de superação de padrões injustos de desigualdade social e econômica. 
Questionam-se, na sociedade civil, formatos preconceituosos baseados em padrões de 
comportamento e pensamento julgados «adequados» aos sujeitos-cidadãos. Abrem-se novas 
perspectivas à aceitação da diversidade de comportamentos humanos, de respeito à singularidade 
cultural e à autodeterminação econômica dos povos. Implementam-se políticas de proteção aos 
bens da humanidade, incluídas todas as formas de vida e sua preservação. 
Em pequenos gestos cotidianos, tanto quanto na busca de práticas sociais solidárias, por meio 
de redes por todo o planeta, consolida-se uma proposta. 
O terceiro setor tem, no momento atual da sociedade, duas realidades que devem ser consideradas 
no seu desempenho:
 » A realidade de sanar as questões sociais não resolvidas pelo Estado do Bem-Estar Social 
(Welfare State) e as demandas sociais que o segundo setor abdicou nas suas tradicionais 
limitações. Essa realidade envolve a filantropia empresarial, os financiamentos de 
agências nacionais e estrangeiras, as redes de empresas que investem na gestão de 
conhecimento e metodologias para reverter as carências (o subemprego, o desemprego 
e o mau desenvolvimento econômico da sociedade).
 » A realidade do comprometimento e da missão de privilegiar o ser humano e as relações 
exige uma nova forma de gestão nas organizações sociais, ou seja, a gestão participativa, 
pois são organizações que não têm donos/acionistas e não visam ao lucro. 
O terceiro setor reavivou espaços na sociedade e começa a mostrar a sua importância na relação 
que visa à integração com o primeiro e segundo setores (são as ações sociais integradas às ações 
públicas e às ações privadas), no diálogo de políticas sociais necessárias, no treinamento eficaz 
de gestores sociais e na multiplicação de facilitadores de equipes. 
A Relação de Parceria entre Estado, Mercado e 
Terceiro Setor
Existe um intercâmbio do terceiro setor com o Estado, pois este necessita da representação 
política que a autoridade legal pode lhe fornecer e, inclusive, porque as ONGs são financiadas, 
também, pelos órgãos do governo. De outro lado, o terceiro setor, também, necessita do mercado, 
pois a propriedade privada é o marco de autonomia da sociedade diante do Estado e, portanto, 
de responsabilidade social.
A colaboração entre esses setores por meio de ações em parceria estabelece um novo espaço 
de pensar e agir as questões sociais. A parceria está representando a soma de esforços com o 
48
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
intuito de se alcançar interesses que sejam comuns. É o espaço do exercício da democracia que 
valoriza a corresponsabilidade dos cidadãos nos diferentes setores dos quais eles participam. 
Essa responsabilidade implica a alternativa de compor projetos capazes de enfrentar fatores 
tais como a exclusão social, na destruição do meio ambiente, na explosão populacional, no 
crescimento do narcotráfico, das doenças, da pobreza, da falta de capacitação, do desemprego 
e permitir e mobilizar recursos, meios, instrumentos e pessoas com capacidade e segurança de 
implementar trabalhos de interesse da humanidade.
Para atingir os seus objetivos, o terceiro setor deve imprimir uma crescente aprendizagem da 
sociedade como um todo no que se refere à sua área de atuação e, para tanto, deve enfrentar e 
responder a alguns desafios fundamentais para o seu fortalecimento, tais como:
 » Produzir cursos e disseminar informações sobre o que é o terceiro setor e como agir 
profissionalmente nele.
 » Elaborar projetos e programas para a administração das organizações sociais que 
contenham qualidade na sua gestão.
 » Captar recursos para que ocorra a sustentabilidade das organizações sociais.
 » Criar campanhas de esclarecimento e envolvimento público para gerar maior participação 
voluntária dos cidadãos às questões sociais. 
O cenário das organizações sociais nos dias atuais é investir na qualificação e no desenvolvimento 
das suas próprias informações. Ao mesmo tempo em que exige um contínuo aprendizado, ocorre 
a mobilização de novos instrumentos que, quando operacionalizados, geram uma verdadeira 
revolução cultural.
Tipos de Organizações do Terceiro Setor
Entre as organizações que integram o Terceiro Setor estão as ONGs (Organizações Não 
Governamentais),Entidades Filantrópicas, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público 
(Oscip), organizações sem fins lucrativos e outras formas de associações civis sem fins lucrativos. 
Essas, por sua vez, atuam atendendo a demandas sociais, que o Estado, em crise de legitimidade e 
incapacidade de financiar, não consegue atender, utilizando-se de recursos privados ou parcerias 
com o próprio Estado.
49
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
Então, vamos conhecê-las:
Organizações não governamentais (ONGs) 
São as organizações não governamentais (ONGs) que, frequentemente, implementam os projetos 
sociais juntamente com as populações que demandam do Estado bens e serviços, após organizá-
las em movimentos sociais.
A materialização de projetos ocorre mediante alguns requisitos fundamentais, entre eles: obtenção 
de verbas; qualificação de pessoal e avaliação com vistas à continuidade deles.
O processo passa a se desencadear sob uma nova ótica, mudando da pressão e reivindicação 
inicial, para ações de parceria com Governos e iniciativa privada, direcionando esforços na 
obtenção de resultados, como proposta advinda dos projetos.
Segundo MELO NETO (1999), “nessa era de globalização a participação em atividades coletivas 
está se tornando um fator decisivo na constituição de identidades pessoais e nas biografias pessoais 
na moderna sociedade industrial”. Criatividade e inovações só poderão surgir em ambientes 
abertos, nos quais a discussão das ideias e o debate das opiniões estejam presentes. Os projetos 
coletivos acontecem na medida em que se relacionam com os projetos individuais.
As ONGs, em vez de receberem, como no período anterior, subsídios econômicos, passaram a 
receber apenas suporte técnico para o desenvolvimento dos projetos. Para serem autossustentáveis, 
ONGs e movimentos sociais tiveram que garantir a própria sobrevivência, seja de forma autônoma 
ou com o auxílio de seus governos. Nesse contexto, conforme afirma Gohn, “o panorama das 
lutas sociais se alterou completamente, a mobilização cotidiana a os atos de protestos nas ruas 
diminuíram, e a militância decresceu”. 
Os movimentos sociais e as ONGs que sobreviveram se qualificaram para a nova estrutura em 
termos de infraestrutura e do uso de modernos meios de comunicação como, por exemplo, a 
internet, além da qualificação e/ou contratação de mão de obra especializada como recém-
formados com visão social.
Organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) 
Organização da sociedade civil de interesse público (Oscip). Trata-se de uma sociedade civil sem 
fins lucrativos (associação), que tem de preencher os requisitos da Lei nº 9.790/1999 que busca 
regularizar o fenômeno das ONGs, instituições não regulamentadas em qualquer dispositivo 
legal, mas que se proliferavam no cenário mundial. As Oscips são, em resumo, ONGs que, tendo 
cumprido certos requisitos de transparência administrativa e gerencial, foram reconhecidas pela 
Administração Pública.
50
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
Um dos requisitos da Oscip é o de ter como vocação a promoção da assistência social, cultura, 
educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, meio ambiente, trabalho voluntário, combate 
à pobreza, ética, paz, cidadania, estudo e pesquisas. A lei permite a remuneração dos dirigentes e 
prioriza a Oscip como parceira das atividades desenvolvidas pelo Estado. O Ministério da Justiça 
é o órgão que avalia, reconhece e expede o certificado de Oscip.
forma análoga às ONGs, as Oscips também atuam em áreas típicas de Estado, naquilo que diz 
respeito à prestação de serviços sociais. A Lei nº 9.790 determina, em seu art. 3º, quais as finalidades 
perseguidas por pessoas jurídicas de direito privado que possibilitam sua qualificação como 
Oscips. Cumprido esse requisito, o art. 4º exige ainda que o estatuto que rege essa pessoa jurídica 
contenha determinadas disposições que visam, predominantemente, que aquela organização 
preste seus serviços de forma a atender aos princípios-chave que regem a Administração Pública 
e, ademais, que o faça de forma contínua.
Como já dito anteriormente, um dos principais objetivos da lei ao regularizar as ONGs era dar a 
essas organizações maior transparência e controle, por parte, principalmente, da Administração. 
O meio escolhido pelo legislador para possibilitar esse controle foi o chamado Termo de Parceria. 
Por meio desse, a organização e o Poder Público obrigam-se mutuamente, a primeira a prestar 
contas e a se sujeitar à fiscalização do Tribunal de Contas e ao Ministério Público. Enquanto a 
organização prestar seus serviços de forma moral, impessoal, legal, pública, econômica e eficiente, 
estará apta a receber recursos públicos.
Diferença entre associação e fundação
As Associações são pessoas jurídicas formadas pela união de pessoas com objetivo comum sem 
finalidades lucrativas, normalmente de caráter cultural ou assistência. O estatuto da associação 
deverá, necessariamente, definir a composição e o funcionamento dos órgãos deliberativos e 
administrativos. O órgão de deliberação máximo é a Assembleia Geral. Essa possui as seguintes 
competências privativas: a) eleger os administradores; b) destituir os administradores; c) aprovar 
as contas; d) aprovar e alterar o estatuto. Os administradores compõem o órgão executivo da 
associação, que podem receber diversas denominações, tais como Diretoria Executiva, Direção-
Geral, Diretoria Administrativa, Secretaria Executiva, entre outros. Cabe a esse órgão executar as 
diretrizes aprovadas nas assembleias gerais, de acordo com as atribuições definidas no estatuto. 
Isso inclui gerir os recursos da entidade e a prestação de contas dos recursos e atividades. As 
associações também são formadas por agrupamento de pessoas, porém, estão unidas por um 
fim não lucrativo.
As fundações são entes que têm por características o patrimônio. Ganha personalidade jurídica 
e deverá ser administrada de modo a atingir o cumprimento das finalidades estipuladas pelo 
seu instituidor. A partir da vigência do Código Civil de 2002, as Fundações somente podem ser 
constituídas para fins religiosos, morais, culturais ou assistenciais. Uma Fundação é, em síntese, 
51
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
um patrimônio destinado a um fim de interesse público ou social que adquire personalidade 
jurídica, na forma da lei civil. É, segundo o Código Civil, uma pessoa jurídica, assim como as 
sociedades civis e associações. Todavia, do ponto de vista estrutural, as Fundações apresentam 
características bem distintas dessas outras entidades. Regidas por um estatuto, as entidades 
fundacionais não se formam pela associação de pessoas físicas, elas nascem em virtude da dotação 
de um patrimônio inicial, o qual servirá para prestar serviços de interesse coletivo ou social. Por 
outro lado, a instituição de uma Fundação depende da autorização do Ministério Público ao qual 
cabe aprovar a minuta do estatuto e avaliar se o patrimônio destinado para uma Fundação é 
suficiente para aqueles fins. As fundações estão sujeitas a um regulamento especial desde o seu 
nascimento até sua extinção, previsto pelo Código Civil (arts. 24 a 30), pelo Código de Processo 
Civil (arts. 1.199 a 1.204), e pela Lei de Registros Públicos (arts. 114/120). As fundações não poderão 
ter fins lucrativos. Os seus dirigentes não podem exercer atividade remunerada. Quaisquer formas 
de distribuição de lucros ou dividendos a quem a institui ou venha a administrá-la são vedadas 
por lei. Podem, entretanto, exercer atividade econômica para a obtenção de recursos desde que 
estes sejam reinvestidos integralmente em suas finalidades estatutárias. 
Com objetivo de proteger e garantir que o patrimônio deixado seja utilizado conforme a vontade 
do seu instituidor, tem se instituído, em qualquer parte do mundo, o velamento da fundação, 
desde o seu nascedouro até sua extinção, por umórgão ou entidade pública. 
No Brasil, a autoridade pública instituída é sempre um representante do Ministério Público. 
De acordo com o art. 66 do Código Civil, “velará pelas fundações o Ministério Público do Estado 
onde situadas”. Quando as atividades da Fundação se estenderem por mais de uma unidade da 
Federação, cabe ao respectivo Ministério Público estadual, ou do Distrito Federal, o encargo de 
velamento das atividades desenvolvidas dentro de sua jurisdição. 
Entre as atividades relacionadas ao velamento pelo MP, está o acompanhamento do processo 
de criação e constituição da fundação, quanto ao cumprimento de todos os requisitos legais 
necessários, bem como aqueles não expressos em lei, ou seja, o velamento iniciar-se-á antes 
mesmo da existência propriamente dita da entidade. 
A ação contínua e constante do Ministério Público envolve o acompanhamento das alterações 
estatutárias, o comparecimento às reuniões deliberativas, o exame de prestações de contas 
anuais e o acompanhamento das atividades em geral quanto ao cumprimento das finalidades 
estatutárias e das disposições gerais. 
O Ministério Público, finalmente, acompanhará todo o processo de extinção da fundação, 
cabendo-lhe propor a ação civil de extinção nas hipóteses previstas no Código Civil, art. 69.
52
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
Entidade filantrópica
Trata-se, também, de uma sociedade sem fins lucrativos (associação ou fundação), criada com 
o propósito de produzir o bem, como assistência à família, maternidade, infância, adolescência, 
velhice, promovendo, ainda, a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência 
e integração ao mercado do trabalho. 
Para ser reconhecida como filantrópica pelos órgãos públicos, a entidade precisa comprovar ter 
desenvolvido, no mínimo pelo período de três anos, atividades em prol aos mais desprovidos, 
sem distribuir lucros e sem remunerar seus dirigentes. 
Os títulos que terá de conquistar para ser reconhecida como filantrópica pelo Estado são: 
Declaração de Utilidade Pública (federal, estadual ou municipal) e o de Entidade Beneficente 
de Assistência Social, adquiridos no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
Vantagem da entidade filantrópica junto ao Estado
Após o enquadramento como entidade filantrópica, preenchendo todos os requisitos exigidos, 
incluindo a aplicação de, pelo menos, 20% da receita bruta em ações sociais, a instituição poderá 
se beneficiar do direito do não pagamento dos tributos. 
Montando uma entidade beneficente
Primeiro passo: eleição de uma causa que não esteja necessariamente relacionada a uma ação 
social, realização de uma reunião para a propositura da constituição da entidade, devendo a ata 
ser assinada por todos os presentes.
Votação para a eleição dos integrantes da Diretoria e do Conselho Fiscal. As atas dessas reuniões 
deverão ser assinadas pelo presidente e pelo secretário da reunião. 
Elaboração do estatuto social, regulamentando a existência da instituição. 
Registro em Cartório Civil de Registro de Pessoas Jurídicas qualificando-se a funcionar, devendo 
apenas requerer a sua inscrição no CNPJ e órgãos públicos para efeitos fiscais. 
Após três anos, poderá solicitar o reconhecimento como Entidade Filantrópica pelo Estado, 
objetivando o não pagamento de tributos.
Gestão do Terceiro Setor
É possível identificar três etapas básicas de funcionamento de uma organização do terceiro setor 
que é a mesma de uma organização privada.
53
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
1ª) Investimento: a forma mais comum de obter financiamento é, por meio de doações 
de organizações jurídicas ou pessoas físicas. Os recursos humanos, por sua vez, podem ser 
representados total ou parcialmente por voluntários. Outra possibilidade é a contratação de 
profissionais, o que ocorre em organizações privadas.
2ª) Operação: a operação de uma organização do terceiro setor deve, acima de tudo, gerar impacto 
social. Isso significa que, dentro da organização, devem obrigatoriamente existir processos que 
gerem claros benefícios para a sociedade. Diferentemente das empresas privadas, as organizações 
do terceiro setor não precisam apresentar superávit nas suas operações, uma vez que seu foco 
é a atuação social.
3ª) Resultados: são avaliados, principalmente pelo impacto social das ações da organização, e 
devem ser mensurados segundo variações apropriadas ao tipo de ação social que a organização 
exerce. Deve-se ressaltar que todo superávit tem de ser obrigatoriamente reinvestido na 
organização para aumentar o impacto social.
Vemos, portanto, que o funcionamento do terceiro setor é muito semelhante ao da empresa 
privada, diferenciando-se mais pelos objetivos que se propõem e pelas alianças do que pelas 
etapas de funcionamento.
Percebe-se que, sob o aspecto de processos internos, uma organização do terceiro setor pode ser 
tão ou mais complexa de administrar do que uma empresa privada, já que, ao adotar operações 
para geração de recursos, está utilizando processos idênticos ao de uma empresa privada.
Apesar de ser mais complexa de administrar, grande parte das organizações do terceiro setor não 
conhece ou não domina algumas ferramentas de administração e gerenciamento já consagradas 
no setor privado, principalmente o desenvolvimento do plano de negócios.
Voluntariado
O que é serviço voluntário?
O serviço voluntário é uma das formas mais transformadoras de participação cidadã em nossa 
sociedade atual, pois é o meio com que todo cidadão, independente de escolaridade, religião, 
cor, condição financeira ou física, pode fazer a diferença no meio em que vive. Assim sendo, 
se caracteriza como uma importante força que se soma a diversas áreas e causas, tais como: 
direito à alimentação, meio ambiente, geração de emprego e renda, recreação de crianças de 
baixa renda, entre outros.
54
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
A ação voluntária não é só generosidade e doação, também significa abertura a novas experiências, 
prazer de sentir-se útil, oportunidade de aprender, de frequentar novos ambientes e conhecer 
outras pessoas.
O serviço voluntário é, por assim dizer, uma via de mão dupla, onde você contribui com seu 
talento e vontade em prol de uma causa e tem como retorno não apenas gratidão, mas uma 
possibilidade real de crescimento pessoal e desenvolvimento profissional.
Ao assumir a atitude de ser voluntário, estará participando, de forma efetiva, da luta por uma 
sociedade melhor, com menos injustiça, menos violência e menos desigualdade. Ou seja, estará 
ajudando quem precisa, ao mesmo tempo em que contribui com a construção de um lugar muito 
melhor para todos viverem.
Mas, afinal, o que é ser voluntário?
Temos aqui algumas definições estabelecidas por organizações em que o serviço voluntário é 
valorizado.
Vamos ver.
Voluntário é um 
...ator social e um agente de transformação, que presta serviços não remunerados 
em benefício da comunidade doando seu tempo e conhecimentos, realiza 
um serviço gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às 
necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias 
motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político 
ou emocional. 
(ABRINQ, s/d)
O voluntário é o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao seu 
espírito cívico, dedica parte de seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas 
formas de atividade organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campos...
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU)
Voluntariado no Brasil
Há poucos anos, o serviço voluntário era visto como algo diretamente ligado a movimentos 
religiosos, realizado apenas por quem não tinha ocupação e, geralmente, na área de saúde.
Hoje, muita coisa mudou e o serviço voluntário já é visto de forma muito mais abrangente, 
reconhecendo-se nele a possibilidade de mútua formaçãopara a cidadania, ou seja, tanto do 
voluntário quanto do sujeito beneficiado com a ação voluntária.
55
TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO • CAPÍTULO 4
O povo brasileiro tem uma longa história de solidariedade e serviço voluntário. O sentimento de 
ajudar ao próximo vem crescendo perante os grandes problemas sociais do País, como a fome 
e a pobreza, por exemplo.
Vejamos algumas datas e fatos da história do voluntariado no Brasil:
1543 – Fundada, na Vila de Santos, a Santa Casa de Misericórdia.
1908 – A Cruz Vermelha chega ao Brasil.
1910 – O Escotismo se estabelece no País, com o objetivo de ajudar o próximo em toda e qualquer 
ocasião.
1935 – É promulgada a Lei de Utilidade Pública, para regular a colaboração do Estado com as 
instituições filantrópicas.
1942 – Getúlio Vargas funda a Legião Brasileira de Assistência (LBA). A primeira-dama, Darci 
Vargas, foi a primeira presidente.
1961 – Surge a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae).
1967 – O governo cria o Projeto Rondon, que leva universitários brasileiros para dar assistência 
a comunidades carentes no interior do País.
1983 – É criada a Pastoral da Criança, para combater a mortalidade infantil.
1990 – A iniciativa voluntária começa a buscar parcerias com a classe empresarial.
1993 – Betinho cria a Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida, que organiza a sociedade 
para combater a fome.
1995 – Fernando Henrique Cardoso cria o Programa Comunidade Solidária, para tentar se adequar 
às exigências do moderno voluntariado. Ruth Cardoso assume a presidência.
1997 – São criados os Centros de Voluntariado no País.
1998 – É promulgada a Lei nº 9.608, que dispõe sobre as condições do serviço voluntário.
1999 – É promulgada a Lei nº 9.790, que qualifica as organizações da sociedade civil de direito 
público e disciplina o termo de parcerias.
2001 – Ano Internacional do Voluntário/Comitê Nacional.
2003 – O Programa Fome Zero é criado pelo governo federal. Lula, como presidente, convida 
toda a sociedade a se mobilizar contra a fome.
56
CAPÍTULO 4 • TERCEIRO SETOR: FUNDAMENTOS, TIPOS DE ORGANIzAçãO E VOLUNTARIADO
Voluntariado e a legislação brasileira
Em 18 de fevereiro de 1998, foi aprovada a Lei nº 9.608, que dispõe sobre o serviço voluntário. Essa 
lei determina que o serviço voluntário não pode ser remunerado, não gera vínculo empregatício, 
tampouco obrigação trabalhista, previdenciária ou afim. Estabelece, também, que deve ser uma 
atividade prestada por pessoa física a uma entidade pública ou instituição privada sem fins 
lucrativos, cujos objetivos sejam cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de 
assistência social, inclusive mutualidade.
É bom ter claro que serviço voluntário não é estágio. A lei autoriza o reembolso de despesas feitas 
pelo voluntário, desde que essas sejam autorizadas pelo coordenador e sejam comprovadamente 
realizadas no desempenho de atividades voluntárias. Entretanto, a principal contribuição que a 
Lei do Voluntariado trouxe foi a determinação do estabelecimento de um Termo de Adesão, que 
deve ser assinado entre o voluntário e a instituição tomadora do serviço.
Mas, afinal, o que é o Termo de Adesão?
O Termo de Adesão é uma proteção para o voluntário, pois é nesse termo que deverão estar 
estabelecidas as “regras do jogo”. Devem estar claras, nesse documento, quais as atividades a 
serem desempenhadas pelo voluntário, dias e horários, bem como as expectativas de resultado. 
Veja no anexo o modelo de formulário do Termo de Adesão e a Lei nº 9.608/1998.
Sintetizando
Vimos até agora:
 » O conceito de terceiro setor, sua origem, expansão, acentuando sua importância no combate aos desequilíbrios sociais.
 » O terceiro setor são as instituições que realizam práticas sociais, sem fins lucrativos e que geram bens e serviços de caráter 
público.
 » A área social trouxe demandas que o Estado não tem conseguido atender. Diante disso, a sociedade procura oferecer a sua 
contribuição visando suprir essa lacuna. Nessa lógica abordou-se a relação entre Estado, mercado e terceiro setor.
 » As organizações do chamado terceiro setor surgem com o objetivo de possibilitar que as ações sociais venham 
transformar a realidade do público em prol do que se propuserem a trabalhar.
 » Os tipos de organizações do terceiro setor, as diferenças entre elas e também os fundamentos legais para composição e 
gestão destas.
 » O que é serviço voluntário e sua importância, a lei que regulamenta o trabalho dos voluntários e o termo de adesão.
57
Apresentação
Nesta unidade, você aprenderá sobre a forma de articulação entre crescimento, desenvolvimento 
econômico e sustentabilidade. A seguinte pergunta será refletida nesse contexto: É possível 
conciliar crescimento econômico com preservação ambiental? Outro assunto discutido é a 
diferença entre empreendedorismo tradicional e social. Por fim, o tema sobre desenvolvimento 
sustentável, que está na pauta das discussões políticas, econômicas, sociais, entre outras, em nível 
nacional e internacional. Os assuntos debatidos serão fundamentais para que você compreenda 
o quanto é importante e urgente pensar (de modo individual ou coletivo) em intervenções que 
atendam às demandas do desenvolvimento sustentável. Desejamos que este conteúdo seja 
proveitoso para seu desenvolvimento profissional. Boa leitura!
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de:
 » Identificar as diferenças entre crescimento e desenvolvimento e o modo como eles se 
complementam.
 » Perceber como é possível intervir no ambiente prevenindo danos irreversíveis.
 » Compreender o conceito de desenvolvimento sustentável e seus benefícios para nossa 
sociedade.
 » Caracterizar a gestão responsável com um caminho para o desenvolvimento socialmente 
justo, ambientalmente sustentável e economicamente viável.
5
CAPÍTULO
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL 
58
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
Empreendedorismo Tradicional x Social: Abordagens 
Conceituais e Fundamentos Teóricos
Conceito de empreendedorismo tradicional
Considerado uma livre tradução da palavra entrepreneurship, que, por sua vez, deriva do francês 
entreprendre, empreendedorismo significa se comprometer a fazer algo ou começar algo. Para 
Motomura (2004), nada mais é do que a força do fazer acontecer. O empreendedor seria, nessa 
concepção, a pessoa capaz de gerar resultados efetivos em qualquer área da atividade humana.
O termo empreendedorismo refere-se a estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas 
origens, seus sistemas de atividades e seu universo de atuação, é definido como:
Um processo dinâmico pelo qual os indivíduos identificam ideias e oportunidades 
econômicas e atuam desenvolvendo-as, transformando-as em empreendimentos 
e, portanto, reunindo capital, trabalho e outros recursos à produção de bens e 
serviços. Trata-se, portanto, de uma atividade econômica geradora de bens e 
serviços para a venda (MELO NETO, 2001, p. 6).
Mas, qual é a diferença entre ideia e oportunidade? 
Isso é uma oportunidade? Isso é uma boa ideia de negócio? Essas são questões frequentes dos 
futuros empreendedores. Identificar ideias de negócio é o primeiro desafio do empreendedor. 
O segundo desafio será selecionar entre as várias ideias qual é a melhor, a mais promissora, a 
que poderá render maiores lucros e tornar o empreendedor mais feliz. Isso mesmo, mais feliz. 
Por que não? Em suma, escolher a ideia de que realmente é uma oportunidade. 
Talvez um dos maiores mitos a respeito de novas ideias de negócios é que elas devam ser únicas. 
“O fato de uma ideia ser ou não única não importa.” 
O que importa é como o empreendedor utiliza sua ideia, inédita ou não, de forma a transformá-
la em um produto ou serviço. 
As oportunidades, às vezes, são únicas, mas as ideias devem surgir a todo o momento. 
O que é uma ideia?
Ideias surgem da inspiração do futuro empreendedorou diversas outras fontes externas. De fato, 
podem surgir muitas ideias de negócio, porém nem todas são oportunidades. 
O que é uma oportunidade? 
Oportunidades, por outro lado, são ideias que foram analisadas criteriosamente.
59
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
Quais são as características dos empreendedores de sucesso?
 » São visionários 
Eles têm a visão de como será o futuro para seu negócio e sua vida e, o mais importante 
eles têm a habilidade de implementar seus sonhos. 
 » Sabem tomar decisões 
Eles não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões corretas na hora certa, 
principalmente nos momentos de adversidade, sendo isso um fator-chave para o seu 
sucesso. E mais: além de tomar decisões, implementam suas ações rapidamente.
 » São indivíduos que fazem a diferença 
Os empreendedores transformam algo de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo 
concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade. Sabem agregar 
valor aos serviços e produtos que colocam no mercado.
 » Sabem explorar ao máximo as oportunidades 
Para a maioria das pessoas, as boas ideias são daqueles que as veem primeiro, por sorte 
ou acaso. Para os visionários (os empreendedores), as boas ideias são geradas daquilo 
que todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático para transformá-las em 
oportunidade, por meio de dados e informação. 
Para Schumpeter (1961), o empreendedor é aquele que quebra a ordem corrente e inova, 
criando mercado com uma oportunidade identificada. 
O empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um indivíduo 
curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances melhoram quando seu 
conhecimento aumenta.
 » São determinados e dinâmicos
Eles implementam suas ações com total comprometimento. Atropelam as adversidades, 
ultrapassando os obstáculos, com uma vontade ímpar de “fazer acontecer”. Mantêm-se 
sempre dinâmicos e cultivam certo inconformismo diante da rotina. 
 » São dedicados 
Eles se dedicam 24 horas por dia, sete dias por semana, ao seu negócio. Comprometem 
o relacionamento com amigos, com a família e, até mesmo, com a própria saúde. 
São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando 
encontram problemas pela frente. São incansáveis e loucos pelo trabalho.
60
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
 » São otimistas e apaixonados pelo que fazem
Eles adoram o trabalho que realizam. E é esse amor ao que fazem o principal combustível 
que os mantêm cada vez mais animados e autodeterminados, tornando-os os melhores 
vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem como ninguém, como fazê-lo. O 
otimismo faz com que sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso.
 » São independentes e constroem o próprio destino
Eles querem estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem ser 
independentes, em vez de empregados; querem criar algo novo e determinar os próprios 
passos, abrir os próprios caminhos, ser o próprio patrão e gerar empregos.
 » Ficam ricos 
Ficar rico não é o principal objetivo dos empreendedores. Eles acreditam que o dinheiro 
é consequência do sucesso dos negócios.
 » São líderes formadores de equipes 
Os empreendedores têm um senso de liderança incomum. E são respeitados e adorados 
por seus funcionários, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los, formando 
um time em torno de si. Sabem que, para obter êxito e sucesso, dependem de uma 
equipe de profissionais competentes. Sabem ainda recrutar as melhores cabeças para 
assessorá-los nos campos em que não detêm o melhor conhecimento.
 » São bem relacionados (networking)
Os empreendedores sabem construir uma rede de contatos que os auxiliam no ambiente 
externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe.
 » São organizados 
Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos, tecnológicos 
e financeiros, de forma racional, procurando o melhor desempenho para o negócio.
 » Planejam 
Os empreendedores de sucesso planejam cada passo de seu negócio, desde o primeiro 
rascunho do plano de negócios, até a apresentação do plano a investidores, definição 
das estratégias de marketing do negócio, sempre tendo como base a forte visão de 
negócio que possuem.
 » Possuem conhecimento 
São sedentos pelo saber e aprendem continuamente, pois sabem que quanto maior o 
domínio sobre um ramo de negócio, maior é sua chance de êxito. Esse conhecimento 
pode vir da experiência prática, de informações obtidas em publicações especializadas, 
61
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
em cursos, ou mesmo de conselhos de pessoas que montaram empreendimentos 
semelhantes.
 » Assumem riscos calculados 
Talvez essa seja a característica mais conhecida dos empreendedores. Mas o verdadeiro 
empreendedor é aquele que assume riscos calculados e sabe gerenciar o risco, avaliando as 
reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relação com desafios. E para o empreendedor, 
quanto maior o desafio, mais estimulante será a jornada empreendedora. 
 » Criam valor para a sociedade 
Os empreendedores utilizam seu capital intelectual para criar valor para a sociedade, 
com a geração de empregos, dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua 
criatividade em busca de soluções para melhorar a vida das pessoas (DORNELAS, 2008).
Segundo Schumpeter (apud DORNELAS, 2008), existem oito tipos possíveis de definições para 
o empreendedor:
 » empreendedor nato;
 » empreendedor que aprende;
 » empreendedor serial;
 » empreendedor corporativo;
 » empreendedor social;
 » empreendedor por necessidade;
 » empreendedor herdeiro;
 » empreendedor normal/planejado.
O empreendedor é o funcionário que propõe e pratica inovações em determinada organização, 
ocasionando o surgimento de valores adicionais (intraempreendedorismo); é o trabalhador 
autônomo como gestor do autoemprego; é aquela pessoa que compra uma empresa e realiza 
inovações, assumindo riscos, seja no aspecto administrativo, também, na área de vendas, 
fabricação, distribuição ou na ação de publicidade e propaganda de seus bens e/ou serviços, 
agregando novos valores.
Os empreendedores podem ser voluntários (que têm motivação para empreender – empreendedorismo 
por oportunidade) ou involuntários (que são forçados a empreender por motivos alheios à sua 
vontade: desempregados, imigrantes, entre outros – empreendedorismo por necessidade). 
Pode-se também considerar a existência do empreendedorismo comunitário (como as comunidades 
empreendem) e a adoção de políticas públicas governamentais para o setor. 
62
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
Em seu livro Inovação e Espírito Empreendedor, Peter Drucker destaca dois pontos importantes na 
discussão sobre o empreendedorismo: primeiro, iniciar um negócio não é necessário ou suficiente 
para o empreendedorismo; segundo, o empreendedorismo nem sempre requer finalidade de lucro 
(DRUCKER, 1987). Dessa forma, [...] ao longo das últimas décadas, as denominadas organizações 
sem fins lucrativos recorrentemente têm se utilizado das ferramentas gerenciais associadas à 
escola do empreendedorismo, o que possibilitou a emergência de uma nova conceituação nesta 
área de conhecimento: o empreendedorismo social (SILVA, 2008).
Definição de empreendedorismo social
Conforme relata Oliveira (2004, p. 10), o tema empreendedorismo social é novo em sua atual 
configuração, mas na sua essência já existe há muito tempo. Alguns especialistas apontam 
Luther King, Gandhi, entre outros, como empreendedores sociais. Isso foi decorrente de suas 
capacidades de liderança e inovação quanto às mudanças em larga escala.
Para Melo Neto (2002, p. 6), o empreendedorismo social difere do empreendedorismo de 
negócios em dois aspectos. Em primeiro lugar, por não produzir bens e serviços para vender, 
mas para solucionar problemas sociais; e, em segundo lugar, é direcionadonão somente ao 
mercado, mas para segmentos populacionais em situação de risco social, como a exclusão social, 
pobreza e risco de vida.
Quadro 3. Comparação entre empreendedorismo privado e social.
Empreendedorismo Privado Empreendedorismo Social
É individual É coletivo
Produz bens e serviços para o mercado Produz bens e serviços para a comunidade
Foco no mercado Foco na busca de soluções para os problemas sociais
Sua medida de desempenho é o lucro Sua medida de desempenho é o impacto social
Visa satisfazer as necessidades dos clientes e ampliar 
as potencialidades do negócio
Visa resgatar pessoas de riscos sociais e promovê-las
Fonte: Melo Neto e Fróes (2002, p. 11).
Você sabe distinguir entre empreendedor tradicional e social?
É importante lembrar que empreendedores sociais são diferentes dos empreendedores 
tradicionais, que correm riscos em benefício próprio ou da organização, a característica-chave 
dos empreendedores sociais é que eles correm riscos em benefício das pessoas a quem a sua 
organização serve (SILVA, 2008).
Atualmente, o empreendedorismo social é um fenômeno mundial, sendo o empreendedor 
social visto como o responsável na busca de soluções para os mais variados problemas sociais, 
apresentando-se como um agente ativo e transformador dos valores da sociedade.
63
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
No Brasil, cresce cada vez mais o incentivo à participação da sociedade civil nas questões nacionais, 
sob o argumento de que as complexidades regionais das questões sociais brasileiras demandam 
um tipo de ação integrada na sociedade, capaz de mobilizar diferentes competências na criação 
de soluções inovadoras adaptadas às diferentes realidades locais. A formação de parcerias entre 
governo, iniciativa privada e sociedade civil, em especial, tem chamado a atenção de pesquisadores 
da área da administração para o surgimento de um novo modelo de gestão social, voltado para 
a formação de redes e para o desenvolvimento de projetos inovadores com fins sociais. 
Para Oliveira (2004, p. 11), empreendedores sociais: 
São agentes de intercambiação da sociedade por meio de: proposta de criação de 
ideias úteis para resolver problemas sociais, combinando práticas e conhecimentos 
de inovação, criando assim novos procedimentos e serviços; criação de parcerias 
e formas/meios de autossustentabilidade dos projetos; transformação das 
comunidades graças às associações estratégicas; utilização de enfoques baseados 
no mercado para resolver os problemas sociais; identificação de novos mercados 
e oportunidades para financiar uma missão social. [...] características comuns 
aos empreendedores sociais: apontam ideias inovadoras e veem oportunidades 
onde outros não veem nada; combinam risco e valor com critério e sabedoria; 
estão acostumados a resolver problemas concretos, são visionários com sentido 
prático, cuja motivação é a melhoria de vida das pessoas, e trabalham 24 horas 
do dia para conseguir seu objetivo social.
Melo Neto (2001) especificam que o empreendedor social deve atuar com a responsabilidade de 
mudança no setor social por adaptação de uma missão que sustenta o valor social. Desse modo, 
o empreendedor social tem o papel de agente de mudança no setor social, por adotar a missão 
de gerar e manter valor social, deve reconhecer e buscar implacavelmente novas oportunidades 
para servir a tal missão; também precisa engajar-se num processo de inovação, adaptação e 
aprendizado contínuo; agir arrojadamente sem se limitar pelos recursos disponíveis; bem como 
exibir um elevado senso de transparência com seus parceiros e público e pelos resultados gerados.
Contextualizando Sustentabilidade
O que é sustentabilidade?
Atualmente, está se ouvindo falar muito sobre sustentabilidade nas empresas, por isso se torna 
importante estudarmos atrelado ao empreendedorismo a sustentabilidade no mundo corporativo. 
Nas últimas décadas, tanto a sofisticação dos mercados como o esgotamento dos recursos 
obrigaram o mundo dos negócios a reformular a forma de fazer negócios.
 » Recursos cada vez mais escassos.
64
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
 » Os diferentes atores da cadeia de valores devem estar conscientes de que, para competir, 
devem não só inovar produto ou serviço, mas, também, introduzir uma visão sustentável 
na forma de conduzir os negócios. 
Existe um grande número de definições de sustentabilidade. Selecionamos algumas que são 
mais utilizadas. 
Sustentabilidade é a característica que permite ao negócio a satisfação das atuais 
necessidades sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer 
as suas necessidades
 (LAN, 2005)
Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade 
dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana 
(http://www.sustentabilidade.org.br/)
Conjunto de fenômenos que ocorrem atualmente, devido aos seguintes problemas ambientais:
 » Alterações biogeoquímicas nos ecossistemas.
 » Destruição da camada de ozônio.
 » Aquecimento global.
 » Eutrofização.
 » Pesca excessiva.
 » Perda das fontes de água.
 » Bosques e espécies são uma realidade que se deve levar em conta quando se fala em 
sustentabilidade do negócio. 
As recentes mudanças políticas e econômicas obrigam a pensar que a empresa é o motor do 
desenvolvimento sustentável, a base para avançar rumo a um futuro promissor.
Construção de uma nova sociedade
Idealmente, o conceito de sustentabilidade no negócio se fundamenta em que:
 » As atividades humanas não comprometam as futuras gerações, cada decisão deve ser 
baseada no compromisso com o futuro de nossos filhos e com o bem-estar deles.
 » Os ecossistemas globais sejam produtivos e protegidos e as condições climáticas, estáveis 
e seguras. 
 » A população humana esteja dentro da capacidade de carga do planeta.
 » Todas as regiões do mundo tenham garantia do alimento.
65
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
Para alcançar essas situações desejadas, as sociedades contam com:
 » Capital humano: capacidade crítica e analítica – criatividade e iniciativa para empreender 
novas atividades e negócios.
 » Capital ecológico: recursos que os indivíduos têm a sua disposição.
 » Capital financeiro: recursos monetários.
Sociedades exigem maior participação na tomada de decisões mediante processos 
transparentes
 » Democracia.
 » Respeito à proteção dos direitos humanos.
 » Bom manejo dos recursos naturais e dos sistemas naturais.
 » O consumo de energia deve estar presente na tomada de decisões.
 » Novas opções de produção de energia devem ser analisadas e incorporadas na empresa.
“O que importa é fazer mais com menos”: qualquer negócio deveria estar enfocado em buscar 
a realização dos objetivos:
 » Sociais: prevaleça a igualdade e estimule a mobilidade social – manter a identidade 
cultural, o desenvolvimento institucional.
 » Ambientais: o desenvolvimento da biodiversidade e a manutenção da capacidade de 
carga dos ecossistemas.
 » Econômicos: a orientação de qualquer negócio, pela ótica econômica, deve ser o 
crescimento, a eficiência e a inovação. 
O negócio sustentável
 » O que distingue um negócio sustentável de outros negócios?
 » Buscar a criação de benefícios sociais.
 » Satisfazer as aspirações humanas, bem como as necessidades básicas.
 » Satisfazer ou ultrapassar as condições ambientais de sustentabilidade.
 » Desenvolver mercados que incorporem esses valores.
 » Ser rentável. 
66
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
Retrospectiva 
 » Década de 1970: prevalecia o pensamento por parte dos consumidores e por parte 
dos negócios de que seu papel se centrava em pagar os impostos e, no mínimo, ter o 
direito de operar. “Tanto os consumidores como os produtores não tinham nenhuma 
preocupação em mudar”.
 » Década de 1990: houve uma reviravolta, os consumidores passam a ser mais exigentes, 
e inicia-se a fasede funcionalidade, especialmente em relação aos produtos. 
 » Atualmente: os negócios têm buscado valorizar cada vez mais a lealdade com relação 
aos consumidores.
 » Visão compartilhada por mais atores do negócio, do qual não participam apenas os donos 
ou acionistas, mas, também, os clientes, os empregados e a comunidade, representada 
pelos órgãos e instituições locais e nacionais.
O valor da sustentabilidade
Quando se fala do valor da sustentabilidade, pode-se ponderar sobre diferentes clientes ou outros 
stakeholders que acabam sendo afetados pelas decisões do negócio. Os outros stakeholders são 
os funcionários, os clientes, os concorrentes, o governo, o meio ambiente, a comunidade em 
torno da empresa. Portanto, se a organização consegue atingir seu objetivo principal (o lucro), 
mantendo impactos positivos para todos aqueles que participam direta ou indiretamente das 
atividades da empresa, ela se sustentará por longo prazo.
O crescimento tradicional levou a sociedade a assumir uma posição na qual persistiu a redução 
de custos, a globalização e, finalmente, a procura de novos produtos. 
Já o crescimento sustentável procura:
 » Uma melhoria da qualidade dos serviços e da informação.
 » Da preservação da biodiversidade.
 » Melhor uso dos recursos de água e energia.
 » Maior produtividade dos ativos.
 » Redução, reutilização e reciclagem de produtos. 
Chaves da sustentabilidade
Na cadeia de valor, que tem início com a extração das matérias-primas e vai até a distribuição 
e consumo, os diferentes atores podem incorporar o conceito do sistema cíclico que permitirá 
67
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
melhor uso dos recursos envolvidos em cada etapa da cadeia, aplicando a redução de recursos, 
o reuso deles, assim como a reciclagem. 
Por exemplo, na Costa Rica, a Earth University está utilizando a haste da banana como fonte de 
matéria-prima para a fabricação de papel; em outras palavras, o lixo da produção de banana que 
contaminava fontes naturais de água hoje se converteu numa excelente fonte de fibra utilizada 
como matéria-prima para a produção de artesanato e fabricação de papel.
A ecoeficiência cria oportunidades que promovem a rentabilidade e o desenvolvimento 
sustentável. Entre os benefícios, podemos mencionar:
 » Redução da necessidade de material para a elaboração de bens e serviços.
 » Redução do uso de energia.
 » Redução de emissão de tóxicos.
 » Aumento da reciclagem de matérias.
 » Aumento da durabilidade do produto.
 » Aumento dos bens e serviços.
 » Uso de matéria-prima alternativo.
 » Uso de combustíveis alternativos. 
Então, como agregar valor ao meu negócio?
Os consumidores esperam mais de um produto ou serviço em troca do dinheiro que estão 
desembolsando. 
Os empresários estão obrigados a aplicar novas estratégias para agregar valor à sua atividade.
Elementos mais relevantes para o sucesso empresarial
 » Missão: sustentabilidade.
 » Predisposição mental: sistema além das expectativas, inovação em longo prazo.
 » Pessoas: maior poder dos clientes.
 » Desenvolvimento de mercados: entender as tendências sociais e ambientais.
 » Desenho: enfocado no meio ambiente: reusar, reciclar responsabilidade sobre o produto.
 » Medidas: novos princípios contáveis, medir os impactos da empresa no meio ambiente 
e a criação de valor.
68
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
Para tornar uma empresa sustentável, pense nos seguintes aspectos:
 » Sustentabilidade ambiental
 › O lixo de sua empresa é reciclado? 
 › Os resíduos gerados (em caso de pequenas indústrias) são tratados e despejados 
adequadamente? 
 › Sua empresa apoia iniciativas ecológicas locais? 
 › Caso seu bairro não possua iniciativas ecológicas, sua empresa as cria? 
 » Sustentabilidade social
 › Seus funcionários recebem um salário justo e um tratamento digno? 
 › As condições e segurança no trabalho na empresa são adequadas? 
 › Sua empresa apoia programas sociais locais? 
 » Sustentabilidade cultural
 › Sua empresa está bem encaixada no perfil do bairro ou da região? 
 › Sua empresa apoia programas culturais no bairro? 
 › O tipo de atividade exercida é adequado para a região na qual a empresa está? 
 › Os valores culturais dos funcionários são os mesmos que os do empreendedor? 
 » Sustentabilidade econômica
 › A empresa consegue gerar lucro atuando de forma legal? 
 › As negociações com os fornecedores são levadas de forma justa? 
 › Os clientes recebem o valor pelo qual estão pagando ou são enganados com falsa 
propaganda? 
 › A concorrência é feita de forma ética? 
 › Aplicando o conceito de sustentabilidade em seu empreendimento, você não só 
poderá ver o crescimento da empresa e dos lucros em longo prazo, como se sentirá 
bem ao ver os impactos positivos que causa ao seu redor.
Sustentabilidade em organizações do terceiro setor
De acordo com Melo Neto (2001), a gestão passou a fazer parte dos negócios das organizações 
sem fins lucrativos, tornando mais efetivas as ações voltadas para garantir sua sustentabilidade. 
69
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
A sustentabilidade implica a integração dos aspectos financeiros, sociais e ambientais, sendo 
pré-requisito essencial para a sobrevivência e sucesso do negócio.
Para que as organizações do terceiro setor realizem o seu potencial, seja pela reflexão quanto ao 
propósito da organização, seja pela análise do ambiente e de suas possibilidades, seja, ainda, pela 
construção de uma visão de futuro que possa mobilizar recursos, pela clareza dos seus objetivos 
ou pelo alinhamento e integração das ações desenvolvidas na busca da sustentabilidade, o autor 
recomenda que a execução dessas atividades se dê mediante implementação de ferramentas 
de gestão e controle.
Para mobilizar recursos, estabelecer parcerias, propor novos projetos, imprimir uma dinâmica 
capaz de atender às demandas dos seus stakeholders, ter autonomia na geração de receitas e 
preservar o meio ambiente, tais organizações articulam ações que viabilizam esses caminhos, 
principalmente para garantir a efetividade dos processos e a sustentabilidade.
A crescente proximidade com o setor privado contribuiu para que algumas organizações sem 
fins lucrativos buscassem profissionalizar mais rapidamente seus quadros de pessoal e atingir 
a excelência administrativa.
A busca por sustentabilidade marca o fim desse processo de dependência que tais organizações sem 
fins lucrativos e do terceiro setor tiveram de uma fonte ou outra de recursos, seja governo, sejam 
organizações internacionais. Isso implica a necessidade de diversificar fontes de financiamento, 
desenvolver projetos de geração de receita, profissionalizar recursos humanos e voluntariado, 
atrair membros e sócios das organizações, estabelecer estratégias de comunicação, avaliar 
resultados e desenvolver uma estrutura gerencial altamente eficiente. Esses fatores apontaram 
para a necessidade de profissionalização da organização do terceiro setor.
Diferença entre Desenvolvimento e Crescimento 
Econômico
Para melhor entendimento do que vem por trás do conceito de desenvolvimento sustentável, 
é preciso, num primeiro momento, diferenciar crescimento econômico e desenvolvimento 
econômico. 
Você percebe alguma diferença entre os dois termos: desenvolvimento e crescimento econômico? 
Desenvolvimento: de acordo com o Dicionário Aurélio, s.m. Ação ou efeito de desenvolver; 
crescimento. / Matemática. Efetuação de um cálculo. / Economia. Crescimento global de um país, 
de uma região etc. / Progresso. // Desenvolvimento autossustentado, modelo de crescimento 
socioeconômico que não agride o equilíbrio ecológico.
70
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
Desenvolvimento econômico: tem origem no período pós-segunda guerra, quando a expansão 
socialista em direção ao ocidente, com um ideal de qualidade de condições, que assustava 
o modelo capitalista, fez com queos defensores desse sistema admitissem a necessidade de 
repensar o modelo de crescimento econômico ocidental, baseado na exploração desenfreada 
dos pobres pelos ricos, causador de grandes disparidades socioeconômicas tanto internamente 
quanto entre as nações. Portanto, o desenvolvimento econômico era a forma proposta pelas 
nações capitalistas para conter o avanço do socialista, utilizando como estratégia o oferecimento 
de ajuda financeira aos países pobres.
O desenvolvimento econômico é proporcional à capacidade dos países de atuar nos mercados. 
Desenvolvimento implica discutir o meio ambiente, relações, educação, acesso à informação, dá 
poder aos homens e mulheres que fazem da nossa terra um lugar produtivo e possível de viver 
dignamente (SANTOS, 2005).
Países empobrecidos: produção e bens primários – agrícolas
O desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas, sim, mas tem o objetivo 
de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, 
portanto, a qualidade ambiental do planeta. 
A diferença é que crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, 
pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo 
de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. 
Crescimento: está relacionado ao princípio de que “quanto mais, melhor”, não havendo restrições 
para que efetive o crescimento. É o resultado vindo da Revolução Industrial, que incentivou 
medidas de curtíssimo prazo a fim de que o crescimento se efetivasse, tendo em vista o acúmulo 
de riqueza. Nesse caso, não havia limites de crescimento.
É importante refletir sobre esse questionamento à medida que o termo crescimento é anterior ao 
surgimento das terminologias atreladas ao desenvolvimento, ou seja, foi a partir da incidência do 
primeiro que se percebeu a necessidade do segundo. Esse aspecto denota a forma como ambos 
estão intrínsecos, ficando visível que, para entender o desenvolvimento, é preciso compreender 
o condicionante para seu surgimento, o crescimento.
Nesse aspecto, ainda é válido destacar que não só é possível, mas necessário, um crescimento que 
proponha a conciliação com os pilares do desenvolvimento. Para isso, é importante incorporar 
a sensibilidade com a dimensão social, a prudência ambiental e a viabilidade econômica como 
forma de garantir o atendimento aos objetivos socialmente desejáveis e a minimização dos 
impactos ambientais negativos.
71
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
Finalmente, vamos ao conceito de desenvolvimento sustentável.
Desenvolvimento Sustentável: Aspectos Importantes
Como surgiu o conceito
O termo desenvolvimento sustentável foi utilizado pela primeira vez em 1983, por ocasião da 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela Organização das Nações 
Unidas (ONU). Presidida pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brudtland, essa 
comissão propôs que o desenvolvimento econômico fosse integrado à questão ambiental, 
estabelecendo-se, assim, o conceito de desenvolvimento sustentável.
Isso quer dizer: usar os recursos naturais com respeito ao próximo e ao meio ambiente. É o 
desenvolvimento que não esgota os recursos, conciliando crescimento econômico e preservação 
da natureza. 
Essa definição surgiu na Comissão Mundial 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 
Sustentável, criada pelas Nações Unidas para 
discutir e propor meios de harmonizar dois 
objetivos: o desenvolvimento econômico e a 
conservação ambiental.
Sugestões para o desenvolvimento sustentável:
 » Reciclagem de diversos tipos de materiais: reciclagem de papel, alumínio, plástico, vidro, 
ferro, borracha, dentre outros. 
 » Coleta seletiva de lixo.
 » Tratamento de esgotos industriais e domésticos para que não sejam jogados em rios, 
lagos, córregos e mares.
 » Descarte de baterias de celulares e outros equipamentos eletrônicos em locais 
especializados. Estas baterias nunca devem ser jogadas em lixo comum.
 » Geração de energia por meio de fontes não poluentes como, por exemplo, eólica, solar 
e geotérmica.
 » Substituição, em supermercados e lojas, das sacolas plásticas pelas feitas de papel.
 » Uso racional (sem desperdício) de recursos da natureza como, por exemplo, a água.
Atenção
Desenvolvimento sustentável significa obter crescimento 
econômico necessário, garantindo a preservação do meio 
ambiente e o desenvolvimento social.
72
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
 » Diminuição na utilização de combustíveis fósseis (gasolina, diesel), substituindo-os 
por biocombustíveis.
 » Utilização de técnicas agrícolas que não prejudiquem o solo.
 » Substituição gradual dos meios de transportes individuais (carros particulares) por 
coletivos (metrô).
 » Criação de sistemas urbanos (ciclovias) capazes de permitir a utilização de bicicletas 
como meio de transporte eficiente e seguro.
 » Incentivo ao transporte solidário (um veículo circulando com várias pessoas).
 » Combate ao desmatamento ilegal de matas e florestas.
 » Combate à ocupação irregular em regiões de mananciais.
 » Criação de áreas verdes nos grandes centros urbanos.
 » Manutenção e preservação dos ecossistemas.
 » Valorização da produção e consumo de alimentos orgânicos.
Essas são apenas algumas sugestões para que o ser humano consiga estabelecer o equilíbrio 
entre o desenvolvimento econômico e a manutenção do meio ambiente. Desenvolvimento 
sustentável é o grande desafio do século XXI e todos podem colaborar para que possamos atingir 
esse importante objetivo. 
Você tem mais alguma sugestão?
Aspectos prioritários do desenvolvimento sustentável (DS)
O DS tem seis aspectos prioritários que devem entendidos como metas:
 » A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, 
lazer, entre outros).
 » Solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas 
tenham chance de viver).
Para refletir
Você sabia que dados divulgados pela ONU revelam que se todos os habitantes da Terra passassem a consumir como os 
americanos, precisaríamos de mais 2,5 planetas como o nosso. Sabe o que isso significa? Que estamos usando muito mais 
os recursos naturais do que a natureza consegue repor. Em muito pouco tempo, se continuarmos nesse ritmo não teremos 
água e nem energia suficiente para atender às nossas necessidades. Cientistas preveem que os conflitos serão, no futuro, 
decorrentes da escassez dos bens naturais. 
73
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
 » A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade 
de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe).
 » A conservação dos recursos naturais (água, oxigênio, entre outros).
 » A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a 
outras culturas.
 » A efetivação dos programas educativos.
Contabilidade Ambiental
A sociedade tem cobrado das organizações uma maior atenção com o meio ambiente, bem 
como esclarecer o nível dos esforços que vem desenvolvendo com vistas a atingir tais objetivos.
É sabido que tanto as organizações com fins e sem fins lucrativos utilizam recursos naturais para 
suprir suas necessidades e, portanto, as repercussões ambientais das suas atividades interessam 
ao que definem o sucesso da organização.
A criação de ramificações como a Contabilidade Ambiental, dentro da Contabilidade, representa 
um ganho significativo para as entidades que utilizam seus serviços.
Quando surgiu
Surgiu em 1970 quando as empresas passaram a dar um pouco mais de atenção aos problemas 
do meio ambiente. 
O que é a Contabilidade Ambiental
É o registro do patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) de determinada 
entidade, e suas respectivas mutações – expressos monetariamente.
Objetivo
Propiciar informações regulares aos usuários internos e externos acercados eventos ambientais 
que causaram modificações na situação patrimonial da respectiva entidade, quantificado em 
moeda.
Vantagens da utilização 
Para a tomada de decisões e avaliação regular de tais políticas ambientais, a contabilidade é 
imprescindível, pois gera informações relevantes aos administradores de qualquer entidade. 
74
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
Poderíamos sintetizar as seguintes vantagens da utilização da contabilidade ambiental:
 » identificar e alocar custos ambientais, de maneira que as decisões de investimentos 
estejam baseadas em custos e benefícios adequadamente medidos.
 » permite aferir, economicamente, as reduções de gastos com água, energia e outros 
recursos, renováveis ou não.
 » gera informações e demonstrativos sobre a eficácia e viabilidade econômica das ações 
ambientais.
 » a publicação do balanço ambiental gera transparência da gestão e uma potencial melhoria 
de imagem da entidade produtora perante o público.
 » a contínua correção das ações ambientais, em decorrência da utilização de dados físico-
contábeis, contribui para a sociedade como um todo – pois haverá redução do nível de 
agressão à natureza na elaboração de produtos e serviços indispensáveis.
Agenda 21
Origem
A Agenda 21 Global foi construída de forma consensuada com a contribuição de governos e 
instituições da sociedade civil de 179 países, em um processo que durou dois anos e culminou 
com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(CNUMAD), no Rio de Janeiro, em 1992, também conhecida por Rio-92.
O programa de implementação da Agenda 21 e os compromissos para com a carta de princípios 
do Rio foram fortemente reafirmados durante a Cúpula de Johannesburgo, ou Rio+10, em 2002.
Além da Agenda 21, resultaram desse mesmo processo os seguintes acordos:
 » Declaração do Rio.
 » Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas.
 » Convenção sobre a Diversidade Biológica.
 » Convenção sobre Mudanças Climáticas. 
O que é?
Agenda 21 é um plano de ação formulado internacionalmente para ser adotado em escala global, 
nacional e localmente por organizações do sistema das Nações Unidas, pelos governos e pela 
sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Reflete um 
consenso mundial e compromisso político, que estabelece um diálogo permanente e construtivo 
75
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
inspirado na necessidade de atingir uma economia em nível mundial mais eficiente e equitativa. 
Constitui a mais abrangente tentativa já realizada de orientação para um novo padrão de 
desenvolvimento no século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social 
e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas. A Agenda 21 segue o princípio de 
“Pensar globalmente, agir localmente”.
Objetivo
A Agenda 21, realizada em 1992, enumerou os objetivos a serem atingidos pelas sociedades para 
chegar à sustentabilidade. É um processo público e participativo que propõe o planejamento e 
a implementação de políticas para o desenvolvimento sustentável por meio da mobilização de 
cidadãos e cidadãs na formulação dessas políticas. Além disso, está previsto o compartilhamento 
dessas soluções pela sociedade, que deve analisar sua situação e definir prioridades em suas 
políticas públicas, sempre tendo em vista o tripé da sustentabilidade (ambiental, econômica e 
social). Os governos têm a responsabilidade de facilitar a implementação desse processo que 
deve envolver toda a sociedade.
 » Parceria e conscientização: a Agenda 21 é um processo público e participativo para 
o planejamento e a implementação das políticas e ações para o desenvolvimento 
sustentável. Nesse sentido, ela é um importante instrumento para a conscientização 
ambiental e para a mobilização de cidadãos e cidadãs na formulação de políticas, 
na consolidação da responsabilidade social e no fortalecimento dos mecanismos 
participativos e democráticos. 
 » Comprometimento com soluções: é um documento que estabeleceu a importância 
de cada país se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual 
governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade 
poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. 
 » Definição de prioridades: a Agenda 21 resulta na análise da situação atual de um país, 
estado, município, região, setor, e planeja o futuro de forma sustentável. Esse esforço 
de planejar o futuro gera oportunidades para que as sociedades e os governos possam 
definir prioridades nas políticas públicas. 
 » Questões social, ambiental e econômica: a Agenda 21 não está restrita às questões 
ligadas à preservação e conservação da natureza, mas, sim, a uma proposta que rompe 
com o desenvolvimento dominante, em que predomina o econômico, dando lugar à 
sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda social, ao enunciar 
a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a necessidade de que a 
degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente com o problema mundial 
da pobreza. 
76
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
 » A responsabilidade dos governos: os governos têm o compromisso e a responsabilidade 
de deslanchar e facilitar o processo de implementação em todas as escalas. Além dos 
governos, a convocação da Agenda 21 visa mobilizar todos os segmentos da sociedade, 
chamando-os de “atores relevantes” e “parceiros do desenvolvimento sustentável”. 
 » Um processo social: torná-la realidade é, antes de tudo, um processo social no qual 
todos os envolvidos vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma 
agenda possível rumo ao futuro que se deseja sustentável.
Resultados
A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável. Cada país deve 
desenvolver a sua Agenda 21. Seja como processo participativo ou produto deste, ela é um 
instrumento complementar e fundamental a outros instrumentos de planejamento e gestão do 
desenvolvimento. Serve também como um diagnóstico dos atores sociais em relação à realidade 
ambiental e do desenvolvimento de determinada região.
Agenda 21 Brasileira – Coordenada pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável 
(CPDS), a Agenda 21 Brasileira foi construída a partir das diretrizes da Agenda 21 Global, entre 
1996 e 2002, fruto de uma vasta consulta à população brasileira (cerca de 40 mil pessoas de 
todo o Brasil). A partir de 2003, entrou na fase de implementação, sendo elevada à condição 
de Programa do Plano Plurianual, PPA 2004-2007, pelo atual governo, o que lhe confere maior 
alcance, capilaridade e importância como política pública. Os princípios e estratégias da Agenda 
21 Brasileira serviram de subsídios para a Conferência Nacional de Meio Ambiente, Conferência 
das Cidades e Conferência da Saúde.
As ações prioritárias da Agenda 21 Brasileira são os programas de inclusão social (com o acesso 
de toda a população à educação, saúde e distribuição de renda), a sustentabilidade urbana e 
rural, a preservação dos recursos naturais e minerais e a ética política para o planejamento 
rumo ao desenvolvimento sustentável. Mas o mais importante ponto dessas ações prioritárias, 
segundo este estudo, é o planejamento de sistema de produção e consumo sustentáveis contra 
a cultura do desperdício.
Participam da CPDS: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Orçamento e Gestão; Ministério 
da Ciência e Tecnologia; Ministério das Relações Exteriores; Ministério de Projetos Especiais; 
Câmara de Políticas Sociais da Casa Civil; Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o 
Meio Ambiente; Fundação OndAzul; Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável; 
Universidade Federal de Minas Gerais; Fundação Getúlio Vargas.
A construção da Agenda 21 Local vem ao encontro da necessidade de se construir instrumento de 
gestão e planejamento parao desenvolvimento sustentável. O processo de Agenda 21 Local pode 
começar tanto por iniciativa do Poder Público quanto da sociedade civil. De fato, a Agenda 21 Local 
77
EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL • CAPÍTULO 5
é processo e documento de referência para Planos Diretores e orçamento municipais, entre outros, 
podendo também ser desenvolvida por comunidades rurais e em diferentes territorialidades, 
em bairros, áreas protegidas, bacias hidrográficas. E, reforçando ações dos setores relevantes, 
a Agenda 21 na escola, na empresa, nos biomas brasileiros, é demanda crescente, cuja maioria 
das experiências existentes tem-se mostrado muito bem-sucedida.
Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi realizada 
de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 foi assim conhecida porque 
marcou os 20 anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável 
para as próximas décadas.
É uma reunião da ONU com quase todos os países do mundo (mais de 190) para discutir como o 
mundo poderá crescer economicamente, tirar pessoas da pobreza e preservar o meio ambiente 
– tudo ao mesmo tempo. Para isso, são necessários novos meios que evitem as crises financeiras 
e de empregos pelas quais passamos atualmente. 
Ela é chamada assim porque vai dizer o que queremos para o futuro da humanidade, mas também 
marca os 20 anos da Rio-92 ou ECO-92.
A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, 
em sua 64ª sessão, em 2009.
O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento 
sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões 
adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.
A Conferência teve dois temas principais
A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e 
a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. 
Histórico
A Rio+20 não é uma Conferência sobre ecologia ou ambiente, não serão discutidas as questões 
de clima, emissões de CO2 ou biodiversidade pontualmente, mas, sim, como o viés ambiental se 
encaixa no desenvolvimento social e econômico. Essa série de reuniões da ONU começou em 
1972, em Estocolmo, e de lá até hoje foram três conferências, uma a cada 10 anos.
78
CAPÍTULO 5 • EMPREENDEDORISMO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL
Na Suécia, ocorreu a “Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano”, a primeira 
vez em que se pensou o impacto do homem no planeta. Dez anos depois, em 1982, foi feita a 
“Carta Mundial da Natureza”, que afirmava que “a humanidade é parte da natureza e depende 
do funcionamento ininterrupto dos sistemas naturais”. Aqui ainda não tinha sido criado o termo 
desenvolvimento sustentável.
A ECO-92 também não levava o conceito no título, era a “Conferência das Nações Unidas sobre o 
Meio Ambiente e Desenvolvimento”. Foi a partir de 1992 que o ambiente foi estabelecido como 
pilar do desenvolvimento sustentável, ao lado do social e do econômico. Também foi nesse ano 
que a preocupação ganhou alcance mundial.
Sintetizando
Vimos até agora:
 » A diferença entre empreendedorismo tradicional e social. 
 » O que é crescimento econômico e desenvolvimento econômico.
 » A questão da sustentabilidade e seus aspectos.
 » A relação da sustentabilidade com o desenvolvimento econômico.
 » Como se dá a questão da sustentabilidade no terceiro setor.
 » Desenvolvimento sustentável: definição, sugestões e aspectos. 
 » O que são e qual é a importância da ECO-92, da Agenda 21 e da Rio+20.
 » Noções de contabilidade Ambiental: definição, origem, objetivos, vantagens.
79
Apresentação
Esta unidade apresentará as informações e os tópicos que devem constar no plano de negócios 
nas organizações do terceiro setor. Diante da crescente demanda por uma gestão profissional 
nessas organizações, e a necessidade de estruturar-se para receber financiamentos por meio 
de empresas e fundações, o plano de negócios é uma ferramenta extremamente importante e 
útil. É fundamental, também, para as organizações que desenvolvem projetos para atingir sua 
sustentabilidade. Enfim, realizar boas práticas de gestão nas organizações sem fins lucrativos é 
um dos caminhos possíveis para promover uma efetiva ação social.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de:
 » Definir o que é plano de negócios tradicional e o no terceiro setor.
 » Entender a importância do plano de negócios tradicional e para o terceiro setor.
 » Fazer um paralelo entre as características e elementos que compõem um plano de 
negócios tradicional e no terceiro setor.
 » Aprender sobre as etapas que compõem o plano de negócios no terceiro setor e sua 
importância para atingir a sustentabilidade nos negócios.
6
CAPÍTULO
PLANO DE NEGÓCIOS PARA 
ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
80
CAPÍTULO 6 • PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
A Importância do Plano de Negócios, o que é o Plano de 
Negócios e Negócio Social
Segundo Sahlman (2002), importante professor da Harvard Business School, poucas áreas têm 
atraído tanta atenção dos homens de negócio nos Estados Unidos como os planos de negócios. 
Dezenas de livros e artigos têm sido escritos e publicados naquele país tratando do assunto e 
propondo fórmulas milagrosas de como escrever um plano de negócios que revolucionará a 
empresa. Isso começa a ocorrer também no Brasil, devido, principalmente, ao fervor da nova 
economia (a internet) e às possibilidades de se fazer riqueza da noite para o dia. O cuidado que 
se deve tomar é o de se escrever um plano de negócios com todo conteúdo que se aplica a um 
plano de negócios e que não contenha números recheados de entusiasmo ou fora da realidade. 
Nesse caso, pior que não planejar é fazê-lo erroneamente, e o pior, ainda, conscientemente. 
Essa ferramenta de gestão pode e deve ser usada por todo e qualquer empreendedor que queira 
transformar seu sonho em realidade, seguindo o caminho lógico e racional que se espera de um 
bom administrador. É evidente que apenas razão e raciocínio lógico não são suficientes para 
determinar o sucesso do negócio. Se assim ocorresse, a arte de administrar não seria mais arte, 
apenas uma atividade rotineira, em que o feeling do administrador nunca seria utilizado. Mas 
existem alguns passos, ou atividades rotineiras, que devem ser feitos por todo empreendedor. 
A arte estará no fato de como o empreendedor traduzirá esses passos realizados racionalmente 
em um documento que sintetize e explore as potencialidades de seu negócio, bem como os 
riscos inerentes a esse mesmo negócio. Isso é o que se espera de um plano de negócios. Que 
seja uma ferramenta para o empreendedor expor suas ideias em uma linguagem que os leitores 
do plano de negócios entendam e, principalmente, que mostre viabilidade e probabilidade de 
sucesso em seu mercado. 
O que é o plano de negócios
O Plano de Negócios é um documento que reúne informações sobre as características, condições 
e necessidades do futuro empreendimento, com o objetivo de analisar sua potencialidade e 
viabilidade, facilitando sua implantação.
Um bom plano é uma peça indispensável para o sucesso de qualquer negócio. 
Os aspectos-chave que sempre devem ser focados em qualquer plano de negócios 
são os seguintes (BANG, 1998 apud DORNELAS, 2008):
Em que negócio você está?
O que você (realmente) vende?
Qual é seu mercado-alvo?
81
PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR • CAPÍTULO 6
Para refletir
O plano de negócios é uma ferramenta que se aplica tanto no lançamento de novos empreendimentos quanto no 
planejamento de empresas maduras. (DORNELAS, 2008) 
E o negócio social?
Como qualquer negócio que almeja o sucesso, um negócio social deve ter um plano denegócios, 
o documento que vai detalhar e traduzir em números qual será a oferta da empresa, o mercado 
em que ela vai atuar, seus concorrentes e projeções de ganhos e gastos potenciais. O negócio 
social tem que ser, antes de tudo, um bom negócio, muito bem estruturado e administrado. Além 
de ajudar na hora de buscar recursos, esse documento será útil na gestão do dia a dia do negócio.
Um negócio social algumas vezes leva mais tempo para decolar que um negócio tradicional, 
por isso é fundamental que o empreendedor acredite muito na ideia e tenha persistência. É 
importante ter uma visão, uma consciência do impacto do negócio. Embora, em longo prazo, a 
remuneração de um executivo responsável por um negócio social possa se equiparar aos valores 
de mercado, assim como em qualquer empreendimento, o empreendedor terá que apertar o 
cinto até que o negócio se consolide. Mesmo negócios tradicionais levam anos para ter escala. É 
preciso ter paciência. A boa notícia é que até o investidor está disposto a esperar mais e ganhar 
menos, porque investe pelo impacto social.
Para que Serve o Plano de Negócios?
a. Examina a viabilidade do empreendimento nos aspectos 
mercadológico, financeiro e operacional
O Plano de Negócios permite desenvolver ideias a respeito de como o negócio deve ser conduzido. 
É uma oportunidade para refinar estratégias e cometer erros no papel em lugar da vida real, 
examinando a viabilidade da empresa sob todos os pontos de vista, tais como o mercadológico, 
o financeiro e o operacional.
b. Integra o Planejamento Estratégico
O PN é uma ferramenta pela qual o empresário pode avaliar o desempenho atual da empresa 
ao longo do tempo. Por exemplo: a parte financeira de um plano de negócios pode ser usada 
como base para um orçamento operacional e ser cuidadosamente monitorada, para se verificar 
o quanto a empresa está se mantendo dentro do orçamento. 
82
CAPÍTULO 6 • PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
A esse respeito, o Plano pode e deve ser usado como base para um planejamento estratégico. 
Depois de decorrido algum tempo e, a partir de então, periodicamente, o Plano de Negócios deve 
ser examinado, para se verificar onde a empresa se desviou do rumo e se esse desvio foi benéfico 
ou danoso e como ela deverá operar no futuro.
c. É ferramenta de negociação e ajuda a levantar recursos
A maior parte dos financiadores ou investidores não colocará dinheiro em uma empresa sem 
antes ver o seu plano de negócio. O empreendedor poderá não ser levado a sério, nem mesmo 
convidado a voltar. O plano pode ser usado como uma ferramenta de negociação e contribui para 
aprovação de empréstimos nos bancos e acesso a linhas de financiamento. Um velho axioma 
ensina que se deve “ser claro a respeito do que se deseja do investidor, mas vago a respeito naquilo 
que está disposto a ceder”.
A quem se destina? 
O Plano de Negócios é um documento confidencial. Deve ser distribuído somente àqueles que 
têm necessidade de vê-lo, tais como a equipe gerencial, conselheiros profissionais e fontes 
potenciais de recursos.
Público-alvo:
 » Mantenedores de incubadoras: iniciação de empresas, com condições operacionais 
facilitadas, mantidas por instituições de classe, centros de pesquisas, órgãos 
governamentais. 
 » Parceiros: para definição de estratégias e discussão sobre formas de interação entre as 
partes. 
 » Bancos: para pleitos de financiamentos de equipamentos e instalações, capital de giro, 
expansão da empresa.
 » Investidores: entidades de capital de risco, pessoas jurídicas, bancos de investimento.
 » Fornecedores: para negociação na compra de mercadorias, matéria-prima e formas 
de pagamentos. 
 » A própria empresa: para comunicação, interna, da gerência com o conselho de 
administração e com os empregados (comprometimento mútuo de metas e resultados). 
 » Clientes: para venda do produto e/ou serviço e publicidade da empresa. 
 » Sócios: para convencimento em participar do empreendimento e formalização da 
sociedade. 
83
PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR • CAPÍTULO 6
A apresentação do Plano de Negócios é formatada mais objetivamente nas ênfases relacionadas 
com o público específico.
Cuidados Importantes ao Redigir um Plano de Negócios
As fontes de financiamento não veem com bons olhos um plano que está sendo “leiloado” por aí. 
O ideal é que sejam enviadas para poucos, no máximo dez fontes financeiras. Nunca se devem 
enviar os planos às fontes financeiras em sequência. Essa abordagem pode adiar por anos um 
sucesso. 
Ao determinar a quem enviar o plano, pesquise cuidadosamente que espécies de fontes estão 
interessadas no campo em que eles estão. Espere a resposta de cada instituição, antes de passar 
à seguinte. Alguns bancos somente emprestam em certas áreas geográficas; alguns investidores 
só investem em determinados tipos de empresas. Dentro de uma organização, algumas pessoas 
ou departamentos podem lidar com planos de negócios. Eles também podem ser divididos por 
critérios geográficos, por grupo de negócios ou de alguma outra forma. É importante fazer com 
que o Plano chegue ao grupo certo e, melhor ainda, à pessoa certa. Se houver dúvidas sobre o 
destino dado ao documento, pode-se solicitar que o destinatário assine um termo confidencial 
para minimizar as chances de que informações-chave da empresa ou da ideia sejam utilizadas 
ou divulgadas a terceiros. Não se recomenda a produção de grande quantidade de cópias, nem 
que sejam confeccionadas de forma diferenciada do usual. 
Objetivos de um Plano de Negócios 
Ser empreendedor não é só ganhar muito dinheiro, ser independente ou realizar algo. Ser 
empreendedor também tem um custo que muitos não estão dispostos a pagar. É preciso esquecer, 
por exemplo, uma semana de trabalho de 40 horas, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h e com 
duas horas de almoço. Normalmente, o empreendedor, mesmo aquele muito bem-sucedido, 
trabalha de 12 a 16 horas por dia, não raro sete dias por semana. Ele sabe o valor do seu tempo 
e procura utilizá-lo trabalhando arduamente na consecução de seus objetivos.
O sucesso na criação de um negócio próprio depende basicamente do desenvolvimento, pelo 
empreendedor, de cinco etapas:
 » Integrar a equipe, canalizando os esforços em uma única direção.
 » Ser dinâmico e passível de revisões, permitindo ajustes permanentes entre premissas 
e projeções para adaptar-se à realidade do mercado.
 » Comunicar com clareza o seu conteúdo, para os públicos de interesse interno e externos, 
uma vez que constitui também um elemento de venda.
84
CAPÍTULO 6 • PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
 » Assegurar fluxo de caixa positivo com rentabilidade atraente.
 » Ser um instrumento de controle gerencial.
E os Objetivos para os Empreendimentos Sociais?
Algumas dessas características estão em desacordo com os objetivos de um empreendimento 
social, à primeira vista, e por isso precisam ser adaptados.
Com relação às letras a, b, e, não há dúvida de que se ajustam bem para um empreendimento 
social, uma vez que esse precisa ter equipe unida em torno de um objetivo ou uma missão 
comum. É fundamental ter nos empreendimentos sociais um instrumento que defina os planos 
da entidade para o futuro próximo e como esses serão implementados, e que estabeleça um 
roteiro de trabalho e um modelo de comparação para o desempenho da organização.
Em relação à letra d, o plano de negócios para empreendimentos sociais também é um instrumento 
de venda. Não para sócios ou investidores financeiros, como seria o caso do empreendimento com 
fins de lucro, mas para atrair possíveis membros para os Conselhos, voluntários, financiadores, 
beneficiários e outros públicos interessados ou afetados pelo trabalho da organização.
Um empreendimento social não deverá apresentar rentabilidade, conforme especificado na letra 
d. No entanto, deverá demonstrar a viabilidade financeira da organização, sua necessidade de 
recursos para implementar o plano e os impactossociais obtidos a partir dos recursos aplicados.
É importante provar, por meio do plano de negócios, que os recursos aplicados com eficiência 
gerarão o máximo impacto possível.
Quando Fazer um Plano de Negócios e Por Que 
Período de Tempo?
Como acontece nos planos de negócios para organizações com fins lucrativos, o plano de negócios 
de um empreendimento social normalmente compreende um período futuro de três a cinco anos.
Deve ser escrito no caso de:
 » início de uma organização;
 » projeto de ampliação de atividades;
 » projeto de reestruturação para melhorar os impactos obtidos;
 » desenvolvimento de uma nova unidade da organização;
 » projeto de sustentabilidade.
85
PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR • CAPÍTULO 6
Quem Lê o Plano de Negócios de um Empreendimento 
Social?
 » Financiadores potenciais de uma organização podem ter com o plano de negócios uma 
visão mais abrangente do trabalho que aquela pretende realizar, além de mostrar-lhes 
que está preparada para aplicar de maneira inteligente os recursos que receber.
 » O público-alvo do trabalho que se quer desenvolver deve conhecer o plano de negócios 
e, quando possível, participar de sua elaboração, uma vez que é o principal interessado 
em seus resultados.
 » A equipe de funcionários também precisa conhecer e comprometer-se com o plano para 
ter uma visão mais clara do que pretende aquela organização, e, consequentemente, o 
que se espera de seu trabalho.
Finalmente, toda a sociedade em que está inserida a organização pode ter interesse pelo plano. 
As organizações sem fins de lucro têm que ser transparentes, uma vez que trabalham para a 
sociedade e têm fins de interesse público. É importante lembrar que seu fim público garanta 
isenções tributárias não só a elas, mas, também, a seus doadores, o que representa renúncia fiscal 
por parte do Governo de recursos que poderiam ser utilizados em programas governamentais, 
beneficiando muitas pessoas. Portanto, deve estar disponível para qualquer indivíduo que queira 
conhecer mais suas atividades.
Estrutura de um Plano de Negócio Tradicional e no 
Terceiro Setor
Não existe uma estrutura rígida e específica para se escrever um plano de negócios, pois todos 
os negócios têm suas particularidades e semelhanças, sendo impossível definir um modelo de 
plano de negócios universal e aplicado a qualquer negócio.
Estrutura sugerida
Capa
A capa, apesar de não parecer, é uma das partes mais importantes do plano de negócios, pois é 
a primeira parte visualizada por quem o lê, devendo, portanto, ser feita de maneira limpa e com 
as informações necessárias e pertinentes. 
86
CAPÍTULO 6 • PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
Sumário Executivo
É a primeira parte que será lida por um eventual investidor. Deve conter os pontos principais e 
mais interessantes do plano. Não costuma ter mais de uma página.
No terceiro setor, devem constar:
 » Objetivos do PN.
 » A oportunidade de trabalho percebida e como será desenvolvida.
 » O público que se pretende atender e suas características principais.
 » A missão da organização.
 » A formação do Conselho Diretor.
 » Quais produtos/serviços serão fabricados, vendidos, prestados, fornecidos pela 
organização.
 » Como será abordado o público-alvo.
 » Como serão vendidos os produtos/serviços.
 » Como a organização será estruturada para cumprir seus objetivos.
 » As características (perfil) da empresa e dos voluntários.
 » O volume total de investimentos necessário para a organização realizar o trabalho que 
se propõe.
Descrição das linhas gerais do empreendimento
Contém um sumário da empresa, seu modelo de negócio, a natureza, sua história, estrutura 
legal, localização, objetivos, estratégias e missão. De uma a duas páginas.
Produtos e Serviços
Descrição dos produtos e serviços da empresa, suas características, forma de uso, especificações, 
estágio de evolução. Máximo de duas páginas.
O produto deve ser descrito em termos de características técnicas, embalagem, apresentação 
e serviços ao cliente como garantias, suporte e serviços pós-compra. No caso da prestação de 
um serviço, é preciso definir quais serviços serão oferecidos, especificando em que consistirá o 
processo de trabalho de cada um.
87
PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR • CAPÍTULO 6
Estrutura organizacional
Como a empresa está organizada internamente, número de funcionários, principais posições, 
perfil do profissional. Máximo de duas páginas.
O organograma da organização sem fins lucrativos normalmente conta, no mínimo, com as 
seguintes estruturas:
 » Assembleia Geral: órgão máximo da organização, responsável pelas decisões principais.
 » Conselho Diretor: funciona como um guardião do interesse público, e nesse sentido tem 
a função de verificar se a organização está trabalhando de maneira eficiente, investindo 
seus recursos de modo a gerar o máximo impacto.
 » Conselho Consultivo: tem a função consultiva e deve estar à disposição do Diretor-
executivo ou do Conselho Diretor quando estes necessitarem de alguma orientação 
técnica.
 » Conselho Fiscal: tem a função de fiscalizar e aprovar as contas da organização.
 » Equipe contratada: é a equipe que trabalhará no dia a dia da organização e é chefiada 
pelo Diretor-executivo.
 » Voluntários: deve-se definir que responsabilidade e tarefas ficarão na mão dos voluntários, 
e qual será a estratégia de motivação dos mesmos para mantê-los vinculados à organização 
o maior tempo possível.
Plano de marketing
Aqui será descrito o setor, o mercado, as tendências, a forma de comercialização, distribuição e 
divulgação dos produtos, preços, concorrentes e vantagens competitivas. De cinco a seis páginas.
Nessa etapa, devem ser detalhadas as informações referentes ao produto (já citado anteriormente), 
preço, promoção e distribuição de vendas (os chamados 4 Ps do Marketing).
Para as organizações do terceiro setor
Preço: muitas organizações sem fins lucrativos consideram que todos os produtos ou serviços 
devem ser oferecidos gratuitamente. No entanto, hoje sabemos que o preço tem um conteúdo 
informacional para o consumidor; assim, ele pode associar algum custo para o consumidor, de 
maneira a gerar nele compromisso com o trabalho desenvolvido, mesmo que esse custo não 
seja financeiro.
88
CAPÍTULO 6 • PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
Promoção: a organização deve planejar como comunicará sua missão, seus valores, suas crenças, e 
o programa de atividades que planejou não só entre seus clientes, mas também entre funcionários 
e voluntários, sua rede de parceiros, a comunidade de financiadores, a mídia e a sociedade. 
Distribuição e vendas: muitas vezes, o sucesso de um empreendimento social pode estar em sua 
localização, em razão da proximidade do público ou dos voluntários potenciais. Outras vezes, 
pode estar focado numa boa rede de distribuição, que permita a máxima penetração de mercado 
para um determinado produto.
Plano Operacional
Descrição do fluxo operacional, cadeia de suprimentos, controle de qualidade, serviços associados, 
capacidade produtiva, logística e sistemas de gestão. De três a quatro páginas.
Plano Financeiro
Como a empresa se comportará ao longo do tempo do ponto de vista financeiro, descrições 
e cenários, pressupostos críticos, situação histórica, fluxo de caixa, análise do investimento, 
demonstrativo de resultados, projeções de balanços e outros indicadores. De cinco a seis páginas.
No caso das organizações do terceiro setor, o plano financeiro deverá conter as seguintes 
informações:
 » Projeções de receitas.
 » Necessidades de investimento inicial para lançar a organização, se for o caso.
 » Fluxo de caixa projetado.
 » Demonstrativo de resultado do exercício projetado.
 » Balanço patrimonial projetado.
 » Necessidades de levantamento de recursos e estratégias que serão utilizados.
 » Plano para atingir a sustentabilidade e tempo necessário para isso.
Vale lembrar que o superávitdas organizações sem fins lucrativos não poderá ser distribuído, 
mas, sim, reaplicado nas atividades da organização ou transferido a outra organização sem fins 
lucrativos no caso da extinção da primeira.
89
PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR • CAPÍTULO 6
Cuidados a Tomar em um Plano de Negócios tradicional e 
no Terceiro Setor
As informações de um Plano de Negócios devem ser precisas, mas transmitindo uma sensação 
de otimismo e entusiasmo. Ao preencher o plano, tenha sempre em mente o objetivo para o 
qual ele está sendo escrito.
O tom deve ser empresarial, organizacional, sem sentimentalismo, para ser levado a sério. Os 
possíveis investidores reagirão bem a uma apresentação positiva e interessante, mas reagirão com 
indiferença diante uma apresentação vaga, prolongada, ou que não tenha sido bem ponderada 
e organizada.
Cuidado ao dar ênfase no preenchimento a argumentos exclusivamente de venda da ideia. Esta 
ênfase pode levá-lo a redigir um plano exagerado, destituído de objetividade.
Se o plano transmitir de forma clara e legível as metas e métodos básicos da organização, o 
investidor dará atenção ao documento. Caso necessite de mais informações, com certeza ele 
pedirá. Preocupe-se, portanto, em apresentar informações reais e que possam ser facilmente 
comprovadas quando solicitadas.
Recomendação! 
Não tenha pressa ao elaborar o seu Plano de Negócios. Para garantir a qualidade, um bom plano 
deve cobrir informações abrangentes, bem resumidas e pertinentes. Na maioria das vezes, essas 
informações não se encontram facilmente consolidadas. Elas devem ser procuradas, trabalhadas 
e manipuladas. É recomendável que se escreva o plano paulatinamente, na medida em que as 
informações forem obtidas, e não de uma só vez.
Nem muito longo, nem muito curto
O tamanho ideal é de 20 a 25 páginas, dependendo do objetivo, porte e situação da empresa. 
Tenha em mente essa informação enquanto preencher, de forma a manter a objetividade, 
colocando apenas as informações relevantes e deixando todo e qualquer material demonstrativo, 
suplementar ou ilustrativo como anexo ao final do documento.
Constarão do relatório impresso apenas os nomes das seções e grupos, e não as perguntas 
individuais. Isso dá liberdade para você colocar o conteúdo do grupo em que bem entender, 
sem precisar se ater às respostas específicas de cada pergunta, de forma a utilizar as perguntas 
apenas como referência ou um tipo de checklist.
90
CAPÍTULO 6 • PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
Não esqueça a revisão ortográfica
Uma palavra de cautela a respeito da gramática e ortografia: esses erros podem gerar uma 
imagem negativa sobre o empreendedor, e, portanto, sobre todo o empreendimento. Faça com 
que alguém qualificado nessa área revise o plano, para eliminar esses pequenos aborrecimentos 
que podem ter um forte impacto sobre os leitores.
Muitas das perguntas que se faz para preparar um PN precisam ter uma resposta, ou devem, ao 
menos, ser respondidas com “não pode ser respondido nesse momento, mas deve ser monitorado”, 
pelo bem da sobrevivência da empresa.
Às vezes, uma pergunta-chave é negligenciada, como “contrata-se mão de obra”, ou “inauguram-
se as instalações”, e, após o início das operações com vendas em andamento, descobre-se que 
algumas autorizações ou licenças eram necessárias antes de se abrir a empresa, justamente o 
que a pergunta alertava.
O software SPPlan
O SPPlan é um programa de computador (software) desenvolvido com tecnologia web e pode 
ser instalado em seu desktop em qualquer diretório, por download a partir do site do Sebrae. 
A instalação é autoexplicativa e o acesso ao programa é feito por meio de um novo ícone 
disponibilizado na Área de Trabalho do Windows.
Figura 4. SPPLAN.
Fonte: SEBRAE
91
PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR • CAPÍTULO 6
O que é o SPPlan?
O programa SPPlan compõe-se de Estrutura do Plano, associado com os seguintes elementos:
 » Permite a utilização por diversos usuários, cadastrados por um administrador, que irão 
colaborar na elaboração do plano. 
 » Campos exclusivos de descrição dos tópicos, que definem e esclarecem o plano. 
Disponibilizados também links de ajuda, que orientam o entendimento dos tópicos, e 
de um link para um texto típico de exemplo sobre o mesmo tópico. 
 » Campo para identificação do arquivo quando necessário para anexar informações 
complementares ou demonstrativas sobre o tópico. 
 » Todas as planilhas necessárias para a composição dos custos dos produtos/serviços 
objetos do plano. 
 » Escolha da opção do regime tributário: simples, lucro presumido e lucro real. 
 » Mapa geral sobre o estado de preenchimento e anexo dos tópicos. 
 » Geração de relatórios financeiros, em Acrobat Reader (software livre): Demonstrativo de 
Resultados, Fluxo de Caixa, Balanço Patrimonial, Indicadores Financeiros.
Impressão do relatório do Plano de Negócios, incluindo os quadros financeiros, de forma 
organizada e pronta para encadernação, através do simples comando de impressão.
(Fonte: <http://www.sebraeshop.com.br/spplan/cuidados.asp?site_origem=sebrae>).
Saiba mais
Para maiores informações e download do programa, acesse:
Plano de Negócios. 
Disponível em: <http://www.sebraeshop.com.br/spplan/cuidados.asp?site_origem=sebrae>.
Modelo de Plano de Negócios. 
Disponível em: <http://www.pucrs.br/agt/raiar/download/plano.pdf>.
http://www.sebraeshop.com.br/spplan/cuidados.asp?site_origem=sebrae
92
CAPÍTULO 6 • PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR
O Papel do Plano de Negócios em Projetos de 
Sustentabilidade
Nas sociedades industriais ocidentais, o Plano de Negócios tem para o empreendedor importância 
equivalente à da pedra polida para os primeiros grupos sedentários do Neolítico, ou seja, 
ferramenta fundamental (ROCHA, 2005). 
Os passos para a elaboração de um Plano de Negócios poderão ser os mesmos do apresentado 
nos anexos 1 e 2. De acordo com Rocha (2005), para quem pretende trabalhar com o tema Plano 
de Negócios na capacitação e empreendedores de projetos de desenvolvimento sustentável, ele 
recomenda atenção especial aos seguintes aspectos:
 » Contextualize tudo. Procure conhecer o grupo e levar cada exemplo para a realidade 
local. Esses empreendedores, mesmo em localidades remotas, costumam exibir grande 
disposição para o aprendizado. Conhecem a fundo as condições de suas regiões e logo 
encontram formas de aplicar os novos conhecimentos a suas realidades particulares.
 » Cheque se a linguagem é apropriada, se a plateia está assimilando de fato a mensagem. 
Use a função fática! Busque a confirmação de que o conceito foi assimilado.
 » Não tenha receio de alterar o código para facilitar a comunicação. Substitua o que for 
necessário.
 » Ressalte que a análise de mercado não apresenta diferenças no aspecto formal. Há 
ferramentas teóricas que valem para produtores de suco de cupuaçu e também para 
montadores de caminhões.
 » Não utilize os jargões tradicionais de negócios e, principalmente, evite as expressões 
em inglês.
 » Não perca qualquer oportunidade para interagir socialmente com o grupo. Nesses 
momentos, você aprende sobre as diferentes realidades com as quais está lidando. 
Esse conhecimento se converte em ferramenta importantíssima durante o processo 
instrucional.
 » Respeite e administre as diferenças culturais e ideológicas. Certamente, você terá que 
lidar com questões como “mais-valia”, economia solidária e conflito capital-trabalho. 
Respeite a diferença.
Se você tem um sonho, você tem de protegê-lo. As pessoas não podem fazer 
nada, elas querem te dizer o que você não pode fazer. Você quer algo? Corra 
atrás. Ponto final.
(Chris Gardner – Filme À Procura da Felicidade)
93
PLANO DE NEGÓCIOS PARA ORGANIzAçÕES DO TERCEIRO SETOR • CAPÍTULO 6
Desafios do empreendedorismo sustentável no Brasil
Vários são os desafios do empreendedor de negócios sustentáveis, seja ele um empreendedor 
individual ou comunitário. Enumeramosabaixo alguns desses desafios. 
 » Educação.
 » Organização social.
 » Infraestrutura local.
 » Financiamento.
A fim de superar os desafios relacionados, é necessário que cada organização envolvida (governo, 
financiadores, ONGs e empreendedores) faça cada uma a sua parte. Somente a articulação de 
esforços e de trabalho em conjunto possibilitará a criação de ambiente político-institucional 
adequado para o florescimento e crescimento dos negócios sustentáveis no Brasil.
Sintetizando
Vimos até agora:
 » Os objetivos de um Plano de Negócios, tradicional e para que serve e, também, o Plano de Negócios para o terceiro setor/
empreendimentos sociais sustentáveis.
 » A interpretação da dinâmica do ambiente de negócio no qual o empreendedor social estará inserido, com base na análise 
dos competidores, das demandas do mercado consumidor e das referências de negócios mais relevantes, a fim de criar 
disciplina visionária para a identificação contínua de novas oportunidades.
 » Definição das etapas do Plano de Negócios de forma coesa e persuasiva nos seguintes aspectos: Sumário Executivo, 
Descrição das Linhas Gerais do Empreendimento. Estrutura da Organização, Produtos e Serviços, Plano de Marketing, 
Plano Financeiro e Plano Operacional.
 » A discussão da relação entre Plano de Negócios para empresas privadas e para empreendimentos sociais.
94
Referências
ABRINQ. Apresentação institucional. Disponível em <https://www.fadc.org.br/> 
ALLIER, J. M. O ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto, 2007.
ANDREASEN, A. R. Ética e marketing social: como conciliar os interesses do cliente, da empresa e da sociedade numa 
ação de marketing. São Paulo. Editora Futura, 2002.
ASCELRAD, Henri e MELLO, Cecília C. do A. M. Conflito social e risco ambiental: o caso de um vazamento de óleo 
na Baía de Guanabara. In: ALIMONDA, H. (org.). Ecologia Política: naturaleza, sociedad y utopía. Buenos Aires: 
CLACSO, 2002.
ASHLEY, p. (Coord.) Ética e Responsabilidade Social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.
ASHOKA Empreendedores Sociais & McKinsey & Co. Empreendimentos sociais sustentáveis: como elaborar planos 
de negócios para organizações sociais. São Paulo: 2001.
BENEDICTO, S. C. A Responsabilidade Social nas Empresas: uma relação estreita com a educação. Monografia 
apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação da Universidade Federal de Lavras. Lavras, 2002
BORBA, Sérgio da Costa. Multirreferencialidade na formação do “professor-pesquisador” – da conformidade à 
complexidade. Alagoas: PSE, 1997.
CIMBALISTA, Silmara. Responsabilidade Social: um novo papel das empresas. ANÁLISE CONJUNTURAL, v.23, n.5-6, 
p.12, maio/jun. 2001.
COELHO, Simone. Terceiro Setor: um estudo comparado entre Brasil e Estados Unidos. São Paulo: SENAC. 2000.
COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Livro Verde – promover um quadro europeu para a responsabilidade 
social das empresas. Bruxelas, 2001.
CRUZ, Carlos Fernando. Os motivos que dificultam a ação empreendedora conforme o ciclo de vida das organizações. 
Um estudo de caso: Pramp’s lanchonete – dissertação de mestrado – engenharia de produção – Florianópolis, 2005. 
Disponível em: http://www.tede.ufsc.br/teses/peps4644.pdf acesso 25/8/2009.
DA MATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Ed. Rocco Ltda., RJ, 2001.
______. A casa & a rua – espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Ed. Rocco Ltda., RJ, 2000.
DICIONÁRIO DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Ed. da Fundação Getúlio Vargas, 1987.
CUNHA, Maria do Carmo Aguiar. O que é responsabilidade social empresarial? Disponível em http://www.techoje.
com.br/site/techoje/categoria/impressao_artigo/477 
DOLABELA, Fernando. O segredo de Luíza. São Paulo: Cultura Editores Associados, 2006.
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. São Paulo: Campus/Elsevier, 
3ª edição, 2008.
______. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar em organizações 
estabelecidas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
DRUCKER, Peter. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Pioneira, 1998.
FERNANDES, Rubem César. Privado, porém público: o terceiro setor na América Latina. 2a edição. Rio de Janeiro: 
Relume Dumará, 1996.
HASHIMOTO, Marcos. Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a competitividade através do intra-
empreendedorismo. São Paulo: Saraiva, 2006.
https://www.fadc.org.br/
http://www.tede.ufsc.br/teses/peps4644.pdf%20acesso%2025/8/2009
http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/impressao_artigo/477
http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/impressao_artigo/477
95
REFERêNCIAS
IBAMA. Como o Ibama exerce a Educação Ambiental. Coordenação Geral de Educação Ambiental. Brasília. Edições 
Ibama, 2002. Disponível em 
IBASE. Apresentação institucional. Disponível em <http://ibase.br/pt/>.
Instituto Politécnico de Leiria – Manual do empreendedor – disponível em <http://www.eo-net.org/pt/eon_info/
documentos/III_o%20processo%20empreendedor.pdf>. Acesso em 9/10/2009.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing: A Edição do Novo Milênio. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Kotler, P. e Zaltman, G. Social marketing: An approach to planned social change». Journal of Marketing, 1971, 35, pp. 3-12.
LAN, Frank; ÂNGELO, Eduardo Bom; SANTOS, Glayson Ferrari dos. Empreendedorismo em negócios sustentáveis. 
São Paulo: Peirópolis, 2005.
LOUREIRO, Frederico. F. B. Trajetória e fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2009a. 
LOUREIRO, Frederico. F. B. et al. Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
LOUREIRO, Frederico. F. B., BARBOSA, Geisy L. e ZBOROWSKI, Marina Barbosa. Os vários “ecologismos dos pobres” e 
as relações de dominação no campo ambiental. In: LOUREIRO, Frederico. F. B.; LAYRARGUES, Philippe P. e CASTRO, 
Ronaldo S. C. (orgs.) Repensar a educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009b.
MCCARTHY, E. J. ; PERREAULT JR., W. D. Marketing essencial. São Paulo: Atlas, 1997. 397 p
MELO NETO, Francisco Paulo de. Gestão da Responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: 
Qualitymark, 2001.
MEU MUNDO SUSTENTÁVEL – 20 empresas sustentáveis – revista Exame. Disponível em: http://meumundosustentavel.
com/noticias/20-empresas-sustentaveis/ acesso em 9/10/2009.
MOTOMURA, Oscar. Empreendedorismo sustentável. São Paulo, 2004. Disponível em: http://www.amana-key.com.br/
OLIVEIRA, Edson Marques. Empreendedorismo social no Brasil: fundamentos e estratégias. 2004. Tese (Doutorado)
ONU. Site institucional. Disponível em <http://www.onu.org.br/>.
QUINTAS, J. S. (org.) Introdução à gestão ambiental pública. Brasília: Ibama, 2006.
______. Pensando e praticando a educação ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília: Ibama, 2000.
______. Educação no processo de gestão ambiental: uma proposta de educação ambiental transformadora e 
emancipatória. Disponível em: http://www.agenda21naeduc.com.br/Educacao%20no%20Processo%20de%20
Gestao%20Ambiental.pdf acessado em 9/3/2011. 
______. Gestão Ambiental Pública. Disponível em http://projetopolen.com.br/materiais/livro/03_cap.pdf acessado 
em 9/3/2011.
ROCHA, Marcelo Theoto; Dorresteiijn, Hans; GONTIJO, Maria José. Empreendedorismo em negócios sustentáveis 
– plano de negócios como ferramenta do desenvolvimento. São Paulo: Editora Peirópolis, 2005.
ROTHGIESSER, Tanya L. Sociedade Civil Brasileira e o Terceiro Setor. Disponível em: http://www.terceirosetor.org.br/
SAHLMAN, William A. Como elaborar um grande plano de negócios. Em Fábio Fernandes (Tradutor). Empreendimento 
e Estratégia. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 2002
SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, c1961 xvi, 512 p
SOCALSCHI, Brasilio. Mitos e realidade sobre empreendedor. Disponível em: www.cesarkallas.net/...empreendedor 
– acesso em 20/8/2009.
STEFANO, S. R.; NEVES, A. B.; BUENO, R. C. F. S. Responsabilidade social e cidadania na construção civil:um estudo 
comparativo UNOPAR Cient., Ciênc. Juríd. Empres., Londrina, v. 4, n. 1/2, p. 79-89, mar./set. 2003 8.
http://ibase.br/pt/
http://www.amana-key.com.br/
http://www.onu.org.br/
http://www.agenda21naeduc.com.br/Educacao%20no%20Processo%20de%20Gestao%20Ambiental.pdf
http://www.agenda21naeduc.com.br/Educacao%20no%20Processo%20de%20Gestao%20Ambiental.pdf
http://projetopolen.com.br/materiais/livro/03_cap.pdf%20acessado%20em%209/3/2011
http://projetopolen.com.br/materiais/livro/03_cap.pdf%20acessado%20em%209/3/2011
http://www.terceirosetor.org.br/
96
REFERêNCIAS
Sites sobre Plano de Negócios
Plano de Negócios disponível em: http://www.sebraeshop.com.br/spplan/cuidados.asp?site_origem=sebrae. Acesso 
em 23/7/2012.
Disponível em: http://www.vortal.com.br/site/index.php?q=node/82. Acesso em 23/7/2012. 
http://www.pa.sebrae.com.br/sessoes/educacao/empretec/default.asp 
ABF – Associação Brasileira de Franchising. http://www.portaldofranchising.com.br/site/content/home/index.asp 
http://www.efetividade.net/2007/10/10/modelo-de-plano-de-negocios-como-fazer-o-seu-com-efetividade/
97
Apêndices e Anexos
Anexo 1: Termo de Adesão ao Serviço Voluntário
Nome da instituição que receberá o serviço voluntário: _________________________________
Endereço: _________________________________________________________________________
CNPJ: _____________________________________________________________________________
Área de atuação: ____________________________________________________________________
Nome: ____________________________________________________________________________
Documento de identidade: __________________________________________________________
CPF:_____________________________Tel.: ______________________________________________
Endereço: _________________________________________________________________________
O serviço voluntário a ser desempenhado junto a esta instituição, de acordo com a Lei nº 9.608, de 
18/2/1998, no verso transcrita, será o de____________________________________________________
____________________________________________________que é atividade não remunerada, e não 
gera vínculo empregatício nem funcional, ou quaisquer obrigações trabalhistas, previdenciárias e 
afins. Será realizado às___________________________________no horário_____________________.
Os resultados esperados são ____________________________________________________________
______________________________________________________________________ _______________
__________________________________________________
 » As despesas a serem ressarcidas deverão antecipadamente ter autorização expressa.
 » O presente Termo de Adesão estará em vigor a partir da data de sua assinatura pelas 
partes interessadas e poderá ser rescindido a qualquer momento mediante comunicação 
escrita de uma das partes a outra, com antecedência mínima de três dias, motivando 
a decisão.
Declaro estar ciente da legislação específica sobre serviço voluntário e aceito atuar como 
voluntário(a) nos termos do presente Termo de Adesão.
______________________________________ _______________________
Cidade Data
98
APêNDICES E ANExOS
______________________________________
 Assinatura do voluntário
____________________________________ __________________________________
 Testemunha Testemunha 
__________________________________________________________________
 Nome e assinatura do responsável pela instituição/cargo que ocupa
DESLIGAMENTO
Data:________________ Iniciativa: ( ) Voluntário ( ) Instituição
Motivo: _____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_______________________________________
Assinatura do responsável pela instituição Assinatura do(a) voluntário(a) 
99
APêNDICES E ANExOS
ANExO 2: Lei do Serviço Voluntário
Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998
Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Artigo 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta lei, a atividade não remunerada, 
prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de 
fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos 
ou de assistência social, inclusive, mutualidade.
Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício nem obrigação de natureza 
trabalhista, previdenciária ou afim.
Artigo 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a 
entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, nele devendo constar o objeto 
e as condições do seu exercício.
Artigo 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que 
comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.
Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela 
entidade a que for prestado o serviço voluntário.
Artigo 4º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Artigo 5º Revogam-se as disposições em contrário.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Brasília, 18 de fevereiro de 1998
(Publicado no Diário Oficial da União, de 19/2/1998)
100
APêNDICES E ANExOS
ANExO 3
CONSTITUIçãO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 5 DE 
OUTUBRO DE 1988.
TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL
CAPÍTULO VI – DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das 
espécies e ecossistemas;
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades 
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção;
IV – exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significância degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública 
para a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua 
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, 
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
101
APêNDICES E ANExOS
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação 
de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense 
e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quantoao uso dos recursos 
naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, 
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em Lei Federal, 
sem o que não poderão ser instaladas.
	Introdução
	Introdução à Gestão 
Ambiental Pública
	Política, Compromisso 
e Conflito
	Responsabilidade Social e Marketing Social: 
Aspectos Gerais
	Terceiro Setor: Fundamentos, Tipos de Organização e Voluntariado
	Empreendedorismo Social e Desenvolvimento Sustentável 
	Plano de Negócios para Organizações do Terceiro Setor
	Referências
	Apêndices e Anexos

Mais conteúdos dessa disciplina