Buscar

Tcc Nea

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

43
Sistema de Ensino Presencial Conectado
nome do cursO
GILVANEIA
ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE NA POLITICA DE ASSISTENCIA SOCIAL: AS CONTRIBUIÇOES DO SERVIÇO SOCIAL
Feira de Santana
2014
GILVANEA
título do trabalho:
Subtítulo do Trabalho, se Houver
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de ....... em Nome do Curso.
Orientador: Prof. Clarice
Feira de Santana
2014
Dedico este trabalho a minha mãe Maria Lenira Cordeiro de Almeida que apesar de estar no reino de Deus sinto sua presença constante em minha vida.
agradecimentos
Após tantos obstáculos enfrentados ao longo desta caminhada, com força de vontade, perseverança e acima de tudo muito comprometimento finalmente consegui realizar este feito, no entanto nada teria conquistado se não fosse à presença de alguns envolvidos que me ajudaram durante esta minha trajetória. Assim deixo meus agradecimentos:
A Deus por ter me dado força e coragem nos momentos mais difíceis.
Ao meu esposo Júlio Cezar pelo amor, carinho companheirismo e apoio quando mas precisei.
 Aos meus filhos Paulo e Paloma pela paciência.
Ao meu sobrinho Luiz Alberto por me ajudar nos momentos de desespero.
Aos meus irmãos Valdinei, Valdinéia e Josivaldo por terem acreditado em meu potencial. 
Aos professores por ensinarem o dom da sabedoria. Em especial a minha tutora Acadêmica Cibele Matos e minha orientadora de campo Sandra Vasconcelos, por ter me ajudando bastante na realização deste trabalho científico.
Aos amigos e colegas de classe por compartilharem momentos de alegrias e superação no decorrer do curso por termos superado todos os momentos de dificuldades que o curo nos proporcionou em especial Ediselma Santana, Jane Meire, Ariadne e Elaine.
E a todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.
SOBRENOME, Nome Prenome do(s) autor(es). Título do trabalho: subtítulo em letras minúsculas. Ano de Realização. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso De Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Cidade, Ano.
RESUMO
Verifica-se que a violência sexual contra crianças e adolescentes acontece em todo o mundo e têm mobilizado diversos segmentos sociais, no sentido de se pensar formas de enfrentamento desta cruel forma de violação de direitos. Sendo assim, o pressente trabalho aborda questões relativas à violência sexual vivenciada pela criança e adolescente no Brasil, nesses casos as vítimas deverão receber atenção e proteção. Frente a isto, foram elaboradas políticas públicas voltadas a vitimização sexual, ressaltando a importância da família, do Estado e da sociedade no contexto histórico. A intervenção do assistente social no atendimento a crianças e adolescentes em situação de abuso sexual, requer paciência, cuidado, investigação e conhecimento teórico da problemática. Apesar dos esforços não houve uma evolução no país, pelo não cumprimento das leis existentes. Este artigo traz uma reflexão coletiva sobre a necessidade de efetivação da legislação existente, para construção de uma sociedade mais justa, prevalecendo o respeito à criança e ao adolescente.
Palavras-chave: abuso sexual, infância, legislação.
SOBRENOME, Nome Prenome do(s) autor(es). Título do trabalho na língua estrangeira: Subtítulo na língua estrangeira. Ano de Realização. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso De Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Cidade, Ano.
ABSTRACT
Deve ser feita a tradução do resumo para a língua estrangeira.
Deixe um espaço entre o abstract e as key-words.
Key-words: Word 1. Word 2. Word 3. Word 4. Word 5.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Eixos de sustentação do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil....................................................................................................................25
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância
CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente 
PN - Plano de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil.
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância
HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana
CF88 - Constituição da República Federativa do Brasil 
RN - Rio Grande do Norte
CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente 
ONG - Organizações Não-Governamentais
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social
SIPIA - Sistema de Informação para Infância e Adolescência 
ONU - Organização das Nações Unidas 
SAM - Serviços de Assistência ao Menor
	
	
	
	
	
	
	
	
	
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	13
2 HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA SEXUAL..................................................................15
2.1 Conceituando abuso sexual.................................................................................18
2.2 As principais legislações	22
2.3 Breve histórico sobre o ECA	26
2.4 As politicas públicas de proteçao á crianças e adolescentes...............................30
3 O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES	35
3.1 Nas crianças e adolescentes como indentificar os sinais de abuso 	38
4 CARACTERÍSTICA DO AGRESSOR SEXUAL.....................................................43
4.1 Efeitos e consequências.......................................................................................46
5 CONTRIBUIÇOES DO SERVIÇO SOCIAL............................................................50
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................54
7 REFERÊNCIAS	56
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho vem abordar um assunto muito delicado a violência sexual contra crianças e adolescentes e a forma de enfrentamento. A violência que atinge meninos e meninas no mundo é motivada pela desigualdade econômica, desigualdade entre os sexos, impunidade e omissão do Estado: o enfrentamento dessa situação demanda uma articulação entre governos, família e sociedade. O mundo vive rápidas e intensas transformações econômicas e tecnológicas que, apesar de viabilizarem um grande número de conquistas, não são capazes de solucionar graves problemas sociais, como a distribuição de renda, o desemprego estrutural e as desigualdades sociais. Nesse contexto, o Brasil apresenta uma realidade de situações de exclusão em que se encontram as crianças e adolescentes, bem como suas famílias, são resultados, em maioria, da desigualdade social existente. Muitas dessas situações estão diretamente ligadas à criança e ao adolescente, como a exclusão escolar, a mortalidade infantil, o trabalho infantil, o abuso e a exploração sexual. Compreende-se, diante desse quadro, que o problema da violência sexual contra crianças e adolescentes diz respeito a toda a sociedade e passa por uma discussão, não só das políticas públicas, mas também da relação da família com a sociedade.
No Brasil, o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes ganha expressão política a partir de 1990, com aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), previstos na Constituição, fundamentado no princípio de proteção de meninos e meninas, buscando assegurar o respeito à integridade física, psicológica e moral. A violência sexual contra crianças e adolescentes é um fenômeno complexo e de difícil enfrentamento, apesar deste fato ter ganhado certa visibilidade nos últimos tempos a sua compreensão e enfrentamento ainda precisa ganhar muito espaço. A violência cometida contra crianças e adolescentes em suas várias formas faz parte de um contexto histórico-social maior de violência que vive nossa sociedade 
O estudo apresenta o seguinte problema de investigação: quais as mudanças ocorridas com a implantação de políticas públicasvoltadas a violência sexual contra crianças e adolescentes? Para responder essa questão, o objetivo geral consiste em realizar um levantamento bibliográfico com a finalidade de conhecer as mudanças ocorridas após a criação Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
Nos objetivos específicos aborda-se: a definição de abuso sexual; a consolidação dos direitos adquiridos através da criação de leis específicas, a relação entre a proteção sexual e a contribuição do profissional de serviço social no combate a violência sexual. Foram utilizados como fonte de pesquisa: Internet, livros ,revista e produções específicas da área.
Esse trabalho está organizado em cinco seções, além desta introdução. O segundo capítulo conceitua e traz um histórico da violência sexual. No terceiro capítulo: O fenômeno da violência contra crianças e adolescente. No quarto capítulo, característica do agressor sexual. No quinto capitulo são abordadas as contribuições do serviço social no enfrentamento do problema.
Finalmente, teremos as considerações finais do trabalho, onde será feita uma análise conclusiva sobre as informações aqui contextualizadas. Nela também iremos ressaltar os resultados da pesquisa, no sentido de evidenciar se foi possível a realização dos objetivos propostos e sugerir formas de enfrentamento ao abuso sexual contra crianças e adolescentes, violência que abordaremos e enfatizaremos neste trabalho, demostrando urgência na prevenção e proteção adequadas ás vitimas.
2. HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
Antes de iniciar a discussão a cerca das origens dos atos de violência sexual, é necessário a priori estabelecer a real situação das relações de poder que historicamente compreende as crianças. 
Os estudos de Azambuja (2004) consideram que o fato da criança se apresentar como ser frágil tanto física como psiquicamente, numa sociedade embasada nos valores do adulto masculino, faz com que a situe na posição de vítima. Esta autora enfatiza que são recentes o reconhecimento do sentido da infância e a preocupação da ciência com os efeitos da violência no desenvolvimento físico, mental, espiritual e social. Afirma ainda que quanto mais se retroage na história, maiores são as chances de se observar a falta de proteção jurídica à criança, com registros de abandono, espancamento, morte e violência física, psíquica e sexual. Por sua vez, Grolli (1999) sustenta que numa sociedade patriarcalista e machista, a mulher e a criança são submetidas à opressão.
Existe bastante evidência histórica de que o abuso sexual de crianças tem sido, em vários aspetos, uma característica de todas as gerações e de cada cultura. Entretanto, foi somente a partir de meados este século, particularmente na última década, que a atenção do público em geral e dos acadêmicos, em particular, se concentrou profundamente nesse assunto. Uma possível explicação dada por Silva (1998) para a retomada tardia a esse fenômeno conhecido desde os tempos bíblicos é de que os movimentos pelos direitos da criança se intensificaram e tomaram forma juntamente com o Movimento pelo Direito das Mulheres, desta forma, sobretudo a partir dos anos 70, começa a haver uma forte mobilização contra o complô do silêncio das famílias e da sociedade de modo geral. 
Resgatando as diferentes formas de se ver a criança no decorrer da história, os marcos legais e a atuação dos poderes públicos e da sociedade no sentido de protegê-la, pode-se contextualizar uma trajetória que, embora tenha acumulado conquistas significativas, ainda tem limites que precisam ser superados pela via da mobilização de uma rede de proteção integral e da efetivação de políticas públicas. O processo histórico permite visualizar como crianças e adolescentes foram, ao longo do tempo, envolvidos em relações de agressões e maus tratos por diversas instituições sociais. As gradativas transformações sócio-culturais, incluindo a caracterização desse grupo social como “sujeitos de direito”, exigiram a mobilização de diferentes segmentos da sociedade pública e civil (GAMA; PAIXÃO, 2009).
A violência sexual é uma prática criminosa que na atualidade apresenta dados estatísticos alarmantes que preocupam a todos pela gravidade dos atos que são cometidos e pelas consequências dessas atitudes. Segundo Andi (2011) a violência sexual contra criança e adolescente tem sua origem nas relações desiguais de poder. Dominação de gênero, classe social e faixa etária, sob o ponto de vista histórico e cultural contribuem para a manifestação de abusadores e exploradores. 
Quando submetidas a situações de violência a criança e/ou adolescente passa por um processo de desumanização, se tornando um objeto para satisfazer o desejo do outro. No contexto histórico da violência sexual, prevalece uma cultura de dominação e de discriminação social, econômica, de gênero e de raça, devido a concepções autoritárias e repressoras de uma sociedade paternalista. A criança e o adolescente sempre sofreram com diversos tipos de violências justificadas como práticas de disciplinas que incluem castigos físicos e psicológicos sendo entendida como sinônimo de educação para a obediência à lei do adulto (TONON; AGLIO, 2005).
Essas atitudes só acabam por gerar indivíduos mais assustados e violentos, que sem dúvidas vão reproduzir este tipo de comportamento em outras pessoas, isso acaba se tornando um círculo vicioso, no qual vários prejuízos físicos e psicológicos serão provocados. É importante salientar aqui que há um prejuízo econômico relevante para o estado já que este arca com as despesas financeiras geradas durante o tratamento dos menores violentados e com isso toda a população também tem prejuízos.
A partir da década de 1990 com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente é que o Estado começa a propor medidas de intervenção no intuito de proteger a vítima, bem como se estabelecendo a necessidade de prevenção, isto “implica em tecer relações de trocas afetivas e de aprendizagem, coibir abusos, enfrentar ameaças, proteger os vulneráveis e as testemunhas e responsabilizar os agressores”.
O fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes passa então a ser entendido como uma questão de cunho social, exigindo ações por parte do Estado e da sociedade, que passa a assegurar juridicamente à infância brasileira a condição de sujeitos de direitos. A partir da CPI da Prostituição Infanto-juvenil no Brasil, em 1993, houve alguns avanços em relação a este tema, na qual a prostituição infantil passa a ser compreendida como Exploração Sexual que de acordo com o ECA em seu artigo 5:
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão, punindo na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (BRASIL, 2002).
Diante de tal concepção sobre os direitos da criança e do adolescente, várias discussões foram realizadas nesse sentido, surgindo instituições específicas para o atendimento as vítimas da violência sexual, assim como ações de enfrentamento, como o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil, no ano de 2000, que é o resultado da mobilização da sociedade civil, do governo e de organismos internacionais, que tinham como objetivo a criação de um Estado de Direitos para a proteção integral de crianças e adolescentes em situação de violência sexual, a partir de ações articuladas que permitam a intervenção técnica e política para o enfrentamento dessa situação.
As profundas desigualdades presentes na sociedade têm reflexos diretos na condição de vida de crianças e adolescentes, sendo estes vítimas de uma violência estrutural, marcada pela dominação de classes e relações desiguais de acesso a riqueza socialmente produzida. Assim como aponta Faleiros (2001) “que, embora os direitos humanos fundamentais da criança e do adolescente estejam definidos em declarações universais, acordos internacionais e legislações nacionais, verifica-se na prática, que esses direitos estão longe de ser garantidos, sendoque grande número de crianças e adolescentes no mundo inteiro e no Brasil sofrem violência estrutural, institucional, comercial e doméstica, padecendo assim, de uma grave violação de seus direitos sociais e individuais a um pleno desenvolvimento”.
Há experiências participativas no âmbito de algumas intervenções municipais, em particular no quadro de municípios que se assumem como centrados na afirmação cidadã de todos os seus habitantes e, portanto, também das crianças. No entanto, esta questão da participação dificilmente se constitui hoje como um tema no âmbito de politicas públicas nacionais e é, mais do que outra coisa qualquer, uma causa que tem sido desenvolvida por algumas organizações internacionais, em particular a UNICEF, e algumas organizações não governamentais que se centram nos direitos das crianças. Há também a academia, instituições de ensino que integram uma rede europeia de universidades que têm mestrados sobre os direitos da criança e em que a questão da participação é uma questão fundamental (CAMPAGNUCCI, 2011).
Portanto, percebemos que mesmo diante de grandes conquistas a real efetivação dos direitos nem sempre ocorrem de maneira eficaz em nossa sociedade, porém há serviços e mobilizações que buscam por alternativas nesse embate, o que nos faz acreditar que de alguma forma esse enfrentamento pode acontecer, mesmo que de maneira limitada, como uma forma de garantir o atendimento a essas vítimas.
2.1 CONCEITUANDO VIOLÊNCIA SEXUAL
Conceituar a violência sexual é de grande complexidade, porque é difícil estabelecer parâmetros que determinam até que ponto um ato é considerado como violência sexual, ou seja, é difícil dividir a violência sexual em níveis de crueldade, no entanto, essa questão já é objeto de estudo em diversos países, onde a preocupação com a proteção dos menores é uma constante.
Pesquisadores que estudam a relação violência-saúde têm definido a violência como um fenômeno gerado nos processos sociais, levando as pessoas, grupos, instituições e sociedades a se agredirem mutuamente, a se dominarem, a tomarem à força a vida, o psiquismo, os bens e/ou o patrimônio alheio. Dessa forma e, para efeitos de maior compreensão, pode-se dizer que existe uma violência estrutural, que se apoia socioeconômica e politicamente nas desigualdades, apropriações e expropriações das classes e grupos sociais; uma violência cultural que se expressa a partir da violência estrutural, mas a transcende e se manifesta nas relações de dominação raciais, étnicas, dos grupos etários e familiares; uma violência da delinquência que se manifesta naquilo que a sociedade considera crime, e que tem que ser articulada, para ser entendida, à violência da resistência que marca a reação das pessoas e grupos submetidos e subjugados por outros, de alguma forma (MINAYO e ASSIS, 1993). 
Nessa perspectiva a violência sexual é apenas mais uma vertente dessa patologia social, que acomete a todos em uma esfera muito mais ampla e preocupante e quando se direciona a menores deve ser encarado com um problema de maior significância já que desenvolve nesses indivíduos situações de terror e medo capazes de torna-los indivíduos assustados para o resto da vida, de modo essas situações serão lembradas para o resto da vida.
A violência é um fenômeno social mundial considerado um problema de saúde pública que perpassa as diferentes classes sociais, culturais, relações de gênero, raça ou etnia, o modelo machista e patriarcal estabelecido na sociedade brasileira favorece tanto as práticas de abuso cômoda exploração, pois as relações de poder se articulam pela dominação política, cultural e econômica do maior sobre o menor, de quem tem mais sobre o que tem menos, das maiorias sobre as minorias, do masculino sobre o feminino, promovendo, de forma perversa a violação dos direitos humanos (SECRETARIA DE PROMOÇÃO SOCIAL, 2007).
Antes de discorrer sobre o fenômeno da violência sexual é necessário a priori saber até que ponto um ato pode ser caracterizado como violência, mais especificamente a violência cometida contra crianças e adolescentes, desse modo é necessário antes de tudo delimitar o que se considera como violência a criança e adolescente.
Para a ABRAPIA (2002):
Abuso sexual é uma situação em que uma criança ou adolescente é usado para gratificação sexual de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, baseado em uma relação de poder que pode incluir desde carícias, manipulação da genitália, mama ou ânus, exploração sexual voyeurismo, pornografia e exibicionismo ou sem penetração, com ou sem violência. Quanto à exploração sexual, entendemos que se dá quando uma criança ou adolescente é usado por adultos para realização de práticas sexuais em troca de dinheiro, objetos, favores e etc.
Os atos de violência sexual contra criança são os mais bárbaros possíveis e podem se caracterizar como: o envolvimento de criança ou adolescente em atividades de caráter sexual, por parte de pessoa dotada de autoridade e poder; uma relação de poder, na qual a pessoa com mais poder (o violentador) aproveita-se do violentado e tira vantagens da relação de violência, ou seja, prazer sexual, dominação do outro, sadismo, lucro, uma relação assimétrica de gênero e de idade, envolvendo, na grande maioria dos casos, homens adultos e crianças e adolescentes do sexo feminino; uma violação dos direitos da pessoa humana e da pessoa em processo de desenvolvimento; direitos à integridade física e psicológica, ao respeito, à dignidade; ao processo de desenvolvimento físico, psicológico, moral e sexual sadios. Nos casos de comércio sexual é violado o direito de não ser explorado e o de trabalhar em condições dignas, sem perigo e não estigmatizantes. (FALEIROS; CAMPOS, 2000).
Já a violência sexual ou exploração sexual, conceituada genericamente, significa “o ato sexual, relação hetero ou homosexual entre adulto e criança ou adolescente, objetivando utilizá-la para obter uma estimulação sexual”. É também definida como:
[…] envolvimento de crianças e adolescentes, dependentes e imaturos quanto ao seu desenvolvimento, em atividades sexuais que não têm condições de compreender plenamente e para as quais soam incapazes de dar o consentimento informado ou que violam as regras sociais e os papéis familiares. Incluem a pedofilia, os abusos sexuais violentos e o incesto, sendo que os estudos sobre a frequência sexual violenta são mais raros do que os que envolvem violência física. O abuso pode ser dividido em familiar e não familiar. Aproximadamente 80% são praticados por membros da família ou por pessoa conhecida confiável, sendo que cinco tipos de relação incestuosa são conhecidas: pai-filha, irmão-irmã, mãe-filho, pai-filho e mãe-filha (GUERRA, 1999).
As diversas formas de violência expostas acimas, são suficientemente significantes para evidenciar o quanto os menores se tornam vulneráveis a esses indivíduos que se aproveitam da vulnerabilidade inerente para agir de má fé, submetendo os menores a situações extremamente constrangedoras que são capazes de deixar sequelas físicas e psicológicas para o resto da vida.
A violência sexual dentro do seu contexto apresenta algumas especificidades de formas diferentes de violência, como podemos observar a seguir: O Abuso Sexual pode ser entendido como qualquer conduta sexual com uma criança ou adolescente por um adulto ou por outra criança mais velha, que pode significar a penetração vaginal ou anal, ou o toque dos genitais da própria criança e adolescente ou do agressor, ou o contato oral-genital ou, ainda, roçar os genitais do adulto com a criança. O abuso sexual pode ocorrer na família, através do pai, do padrasto, do irmão ou outro parente qualquer ou também fora de casa, como por exemplo, na casa de um amigo da família, na casa da pessoa que toma conta da criança, na casa do vizinho, de um professor ou mesmo por um desconhecido. Podem ocorrer no abuso formas de violência de difícil diagnóstico, já que pode ocorrer sem o contato físico, como utilizar a criança para elaborar um material pornográfico, ou mostraros órgãos genitais, por exemplo. Por ser uma violência que ocorre normalmente no âmbito familiar numa relação de poder e coerção por parte do agressor, se torna muito difícil romper com o silêncio, sendo que o abuso pode ocorrer durante anos, só cessando quando, às vezes já adulta, a vítima tem condições de se livrar da qualquer relação (TONON e AGLIO, 2005).
Nas vitimizações sexuais, além das lesões físicas e genitais sofridas, as pessoas tornam-se mais vulneráveis a outros tipos de violência, aos distúrbios sexuais, ao uso de drogas, a prostituição, à depressão e ao suicídio. As vítimas enfrentam ainda, a possibilidade de adquirirem doenças sexualmente transmissíveis, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e o risco de uma gravidez indesejada decorrente do estupro. Diante dessa magnitude de eventos, a violência sexual adquiriu caráter endêmico, convertendo-se num complexo problema de saúde pública cujo enfrentamento torna-se um grande desafio para a sociedade (BRASIL, 1999).
 Dentre os atos de violência praticados contra criança e adolescentes, além dos maus tratos a exploração sexual ainda é uma prática comum nos lares brasileiros, segundo Araújo et al. (2009) infelizmente nosso país possui vários fatores para que esse mal prevaleça em nossa sociedade, tais como: falta de uma educação de qualidade que venha a informar e educar essas crianças e adolescentes, juntamente com seus familiares; a pobreza; a miséria; a violência e a má distribuição de renda; todos esses fatores elevam o grau de possibilidade para que esse ato venha a ser realizado.
Araújo et al. (2009) ressalta ainda que o “abuso sexual” muitas vezes não deixa rastro, ou seja, não deixa marcas de violência física e também pelo fato desse ato ser praticado dentro do próprio lar e por pessoas que têm relação de parentesco com a vítima, torna-se mais difícil detectar o problema, pois quando a mãe ou alguém da família vem tomar conhecimento da situação, isso pode estar acontecendo há muito tempo, então o “estrago psicológico” dessa criança na maioria das vezes é irremediável. A “exploração sexual” de menores é um problema mais difícil de sanar, porque envolve uma compensação financeira, esses menores muitas vezes não possuem a consciência de que são explorados e, por receber essa recompensa, demonstram resistência.
Apesar de a sociedade ressaltar a importância da família, historicamente sua organização não se fez sob os princípios fundamentais de respeito à pessoa humana, configurando-se como um espaço da hierarquia e da subordinação caracterizado pelo domínio dos homens sobre as mulheres e de adultos sobre as crianças. A violência interpessoal de caráter sexual contra crianças e adolescentes, nesse sentido, é uma violação de direitos humanos, sexuais e dos direitos particulares de pessoa em desenvolvimento. A violência sexual intrafamiliar constitui uma violação ao direito de uma convivência familiar protetora e uma ultrapassagem dos limites estabelecidos pelas regras sociais, culturais e familiares (RIBEIRO et al., 2004).
A exploração sexual deve ser combatida por meio de ações públicas e sociais de garantia de direitos básicos e acesso a serviços fundamentais, de condições dignas de vida e de envolvimento em situações que promovam o desenvolvimento social. Por fim, deve ser prática rejeitada por uma sociedade que valoriza a criança e o adolescente como sujeitos em condição peculiar de desenvolvimento, requerendo a responsabilização imediata daqueles que exploram a criança ou o adolescente, obtendo lucro e satisfação às suas custas (SCUSSEL, et al., 2006).
Enfim, essas são algumas das formas de violência que encontramos em nossa sociedade, numa relação cada vez mais desigual e de poder. Sendo preciso e necessário à participação do Estado, da sociedade civil e da família, no enfretamento a essa situação, a partir de políticas sociais básicas, estruturando situações de prevenção, de atendimento e de responsabilização.
2.2 As principais legislações
O principal instrumento legislador de vigência no país é a Constituição da República Federativa do Brasil é a lei suprema do Brasil, servindo como base de validade a todas as outras legislações que surgiram depois, situando-se no topo do ordenamento jurídico do país. A Constituição promulgada em 1988, sua abrangência se estende a todos os indivíduos brasileiros independente de sexo, cor, idade, logo contempla a todos.
As crianças e adolescentes brasileiros são especificamente protegidos por uma série de regras e leis estabelecidas pelo país. Após anos de debates e mobilizações, chegou-se ao consenso de que a infância e a adolescência devem ser protegidas por toda a sociedade das diferentes formas de violência. Também acordou-se que todos somos responsáveis por garantir o desenvolvimento integral desse grupo (PROMENINO, 2013).
Para abordar as legislações nacionais de proteção à criança e ao adolescente faz-se necessário voltar um pouco no tempo e se reportar a Declaração dos Direitos da Criança (1959), aprovada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que traz dez princípios fundamentais ao desenvolvimento da criança, enquanto sujeito. O 9º princípio dessa declaração traz o seguinte: 
A criança gozará de proteção contra quaisquer formas de negligência, crueldade e exploração. Não será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma. Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente; da nenhuma forma será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
Em 20 de novembro de 1989 a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Convenção sobre os Direitos da Criança (UNICEF) – Carta Magna para as crianças de todo o mundo e, no ano seguinte, o documento foi oficializado como lei internacional. A Convenção sobre os Direitos da Criança é o instrumento dos direitos humanos mais aceito na história universal. Foi ratificado por 193 países, somente dois países não ratificaram a Convenção: os Estados Unidos e a Somália. No Brasil, como já citado, somente em 1988 com o advento da Constituição Federal é que a criança e o adolescente tiveram suas prerrogativas atendidas que, mais tarde, em 13 de julho de 1990 desencadeou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei n. 8.069. Contrariando a lógica adotada na Doutrina do Menor em Situação Irregular que havia sido instituída pela Lei 6.697, de 10 de outubro de 1979, o ECA possui por fundamento o dever da família, da sociedade e do Estado de assegurar à criança e ao adolescente, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (UNICEF, 1990).
O ECA traz no Art. 98 que as medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III – em razão de sua conduta (BRASIL, 2002).
O que se pode afirmar é que o estatuto da criança e do adolescente se tornou uma importante ferramenta legal para o combate das várias formas de violência as quais os menores são cotidianamente submetidos, suas diretrizes norteiam as autoridades competentes para o cumprimento das leis com o objetivo de reduzir ao máximo o numero de crianças que sofrem algum tipo de violência.
No cenário Internacional, em 1995, houve o Encontro Mundial das Mulheres em Beijing/Pequim onde foi decidida a realização, em agosto do ano seguinte, de um congresso Mundial contra a Exploração Comercial de Crianças e Adolescentes, a ser sediado em Estocolmo. A consulta regional no Brasil aconteceu em Brasília no mês de abril de 1996, durante o Seminário contra a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes das Américascoma participação de mais de 600 representantes de organizações governamentais, não governamentais e pesquisadores de 24 países (BRITO, 2010).
 Segundo Mallak; Vasconcelos (2002) os eixos fundamentais do seminário foram a proposição de alternativas de implementação de políticas públicas, a articulação das ações governamentais e não-governamentais em níveis nacional, continental e internacional, inclusive entre países do Primeiro e do Terceiro Mundo. No ano de 1996 aconteceu o Congresso Mundial de Estocolmo, que marcaria um novo momento da história no combate à Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes conforme traz Mallak; Vasconcelos (2002) onde houve a necessidade de analisar o fenômeno do ponto de vista histórico, cultural, social e jurídico e se definiu como crime contra a humanidade nas modalidades de prostituição infantil, pornografia, turismo sexual e tráfico para fins sexuais. No Brasil, este processo de mobilização social provocou a elaboração e publicação do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil, no ano 2000.
O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil foi elaborado em junho de 2000, durante o Encontro Nacional ocorrido em Natal (RN). Este Plano consolida o processo no qual foram definidos por meio de consensos entre diferentes setores e segmentos, as diretrizes gerais para uma política pública de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil e foi aprovado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), em 12 de julho de 2000 no Encontro Nacional de Entidades organizado por um conjunto de ONGs do movimento de defesa dos direitos da criança e do adolescente. O documento citado acima foi estruturado em seis eixos: análise da situação; mobilização e articulação; defesa e responsabilização; atendimento; prevenção; e protagonismo infanto-juvenil (BRITO, 2010).
O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil ainda é um instrumento de garantia e defesa de direitos de crianças e adolescentes que pretende criar, fortalecer e implementar um conjunto articulado de ações e metas fundamentais para assegurar a proteção integral à criança e ao adolescente em situação ou risco de violência sexual. O Plano atende ainda ao compromisso político do Governo Brasileiro firmado na Declaração e Agenda para Ação, aprovadas no I Congresso Mundial Contra Exploração Sexual Comercial de Crianças, realizado em Estocolmo, em agosto de às recomendações do II Encontro do ECPA – Brasil realizado em Salvador (BRITO, 2010).
O Plano Nacional se sustente em seis eixos básicos listados da seguinte forma:
Quadro 1: Eixos de sustentação do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil
	Análise da Situação
	Conhecer o fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes em todo o país, o diagnóstico da situação do enfrentamento da problemática, as condições e garantia de financiamento do Plano, o monitoramento e a avaliação do Plano e a divulgação de todos os dados e informações à sociedade civil brasileira.
	Mobilização e Articulação
	Fortalecer as articulações nacionais, regionais e locais de combate e pela eliminação da violência sexual; comprometer a sociedade civil no enfrentamento dessa problemática; divulgar o posicionamento do Brasil em relação ao sexo turismo e ao tráfico para fins sexuais e avaliar os impactos e resultados das ações de mobilização.
	Defesa e Responsabilização
	Atualizar a legislação sobre crimes sexuais, combater a impunidade, disponibilizar serviços de notificação e capacitar os profissionais da área jurídico-policial; implantar e implementar os Conselhos Tutelares, o SIPIA e as Delegacias especializadas de crimes contra crianças e adolescentes.
	Atendimento
	Efetuar e garantir o atendimento especializado, e em rede, às crianças e aos adolescentes em situação de violência sexual e às suas famílias, profissionais especializados e capacitados.
	Prevenção
	Assegurar ações preventivas contra a violência sexual, possibilitando que as crianças e adolescentes sejam educados para o fortalecimento da sua auto defesa; atuar junto a Frente Parlamentar no sentido da legislação referente a INTERNET.
	Protagonismo Infanto-Juvenil
	 promover a participação ativa de crianças e adolescentes pela defesa de seus direitos e comprometê-los com o monitoramento da execução do Plano Nacional.
 Fonte: Próprio autor
A elaboração e principalmente execução desses planos de intervenção são muito importantes, a medida que dão sustentabilidade as políticas públicas que se direcionam para a proteção dos menores, tendo como premissa a integridade física e psíquica desses indivíduos que historicamente já passaram por um longo processo de situações de violência. É necessário, no entanto, que além de políticas de punição haja também políticas educativas no intuito de conscientizar a população sobre a importância de denunciar esses agressores, de modo que estes sejam punidos e se evite que mais crianças se tornem vítima.
2.3 Breve histórico sobre o ECA
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), também conhecido como Lei 8.069, é o conjunto de leis que garantem a proteção total e permanente de toda e qualquer criança e adolescente no país. Com esse documento é possível saber quais são os direitos e mecanismos disponíveis para a proteção das crianças e do adolescente.
O ECA é um estatuto, (uma consolidação legislativa criada para uma melhor compreensão dos interessados) que trata do universo mais específico vinculado ao tratamento social e legal que deverá ser oferecido às crianças e adolescentes de nosso país. O conteúdo desse documento é a base para qualquer tipo de tratamento a ser aplicado às crianças e adolescentes, seja ele relacionado à proteção ou punição.
 O ECA é um documento importante e que deve sempre ser consultado em situações onde há dúvidas sobre como lidar com criança e do adolescente, para que não ocorra nenhum tipo de transgressão aos seu direitos. O conhecimento acerca dessas leis não é necessário apenas para pessoas ligadas ao meio jurídico, é uma obrigação de qualquer cidadão. Enquanto lei especial, o ECA significa um microssistema jurídico que dispõe sobre direitos próprios e especiais das crianças e dos adolescentes, os quais, na condição peculiar de pessoas em desenvolvimento, necessitam de proteção diferenciada, especializada e integral, imprimindo prioridade absoluta para a questão da infância e da juventude, inclusive enquanto dever da família, da sociedade e do Estado, conforme o imperativo constitucional do art. 227 da Carta Magna.” (NETO, 2003).
O documento normalmente está muito associado à proteção, entretanto, ele é mais que isso. Ele trata dos direitos básicos, alguns já presentes na constituição federal e acrescenta direitos específicos das crianças e adolescentes. O ECA trata também dos mecanismos que podem garantir a educação e desenvolvimento dos indivíduos, de todas as situações que os envolvem e de como eles devem ser tratados em casos de práticas ilegais.
Em seu Artigo 4º é estabelecido que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Segundo O ECA:
A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Convém destacar o que preconiza o ECA em seu art. 18, por tratar diretamente da inviolabilidade da criança e do adolescente: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamentodesumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.” (BRASIL, 1990).
Tratando-se da liberdade sexual em específico, o ECA teve por fim a punição de agentes que envolvam crianças e adolescentes, em práticas sexuais, com o intuito, geralmente, de satisfação da lascívia, porém, sem necessariamente o contato sexual direto (NUCCI, 2009). Assim, dentre outras disposições, o Estatuto disciplina em seu art. 240 e seguintes os crimes sexuais praticados contra crianças e adolescentes, descrevendo tipos de conteúdos variados e impondo as sanções pertinentes.
Uma conquista relevante para proteção que assegura o cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes foi a instituição ECA. Em seu art. 267 revogou as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro. De 1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário, como o enunciado do art. 5:
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na formada da lei qualquer atentado, por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais (GOIÁS, 2001).
O ECA, contudo, faz muito mais que somente reforçar um princípio constitucional, uma vez que estabelece medidas concretas e viáveis visando garantir, de fato, a proteção a esse contingente populacional, como ilustra o assim, o ECA representa uma ruptura com a denominada doutrina da situação irregular e instituição da proteção integral, preconizada pela Organização das Nações Unidas – ONU. Por tal concepção, todas as crianças e adolescentes necessitam ter especial atenção para que consigam proteção plena contra a violação de seus direitos. Faleiros (2000 apud SANTOS e IPPOLITO et. al. 2004), afirma que o “Estatuto da Criança e do Adolescente é considerado internacionalmente como instrumento legislativo de vanguarda e torna-se referência para a proteção da infância e adolescência”.
Cabe destacar que o ECA compõe-se de dois livros. O Livro I enfoca os direitos sociais como educação e saúde e é voltado a qualquer criança e adolescente sem exclusão de toda natureza. Já o livro II é dirigido a esse segmento populacional em condição de risco tanto pessoal quanto social, em virtude de sua conduta ou da ação ou omissão dos pais, da sociedade e do Estado. (BARBOSA, 2003).
 É relevante salientar que duas significativas transformações sobressaem a partir do ECA, sendo uma de conteúdo jurídico–filosófico, e outra de cunho simbólico; em relação à primeira, o público alvo passa a ser concebido como sujeito e direitos, ou seja, cidadãos integralmente, e não apenas como objeto de atenção do Estado. A segunda diz respeito ao rompimento com a titulação de menor. Assim, o ECA passa a ser aplicado a todos, independentemente de sua condição social. Contudo, não existe mágica de concepção politicamente correta que transforme a realidade social. Portanto, a reconstrução da realidade não é somente discursiva, mas, sobretudo material e prática. Cabe destacar que Costa (1997 apud BARBOSA, 2003, p. 20) concebe que o ECA introduz um componente de modernidade político-social no campo de atendimento, da promoção e da defesa dos direitos da criança e do adolescente, consubstanciando-se num conjunto de mudanças em conteúdo, método e gestão.
Dentre os novos conteúdos acrescidos à política de atendimento, destaca-se as relativas à defesa jurídico social para os adolescentes envolvidos em questões de natureza legal e ações de atenção médica, psicossocial e jurídica aos vitimados. Ainda organiza e hierarquiza as ações em quatro modalidades: as políticas sociais básicas (educação, saúde, esporte e lazer) que são destinadas a todo o segmento infanto-juvenil, têm, portanto, uma cobertura universal; as políticas assistenciais, destinadas a quem dela necessitar, a política de proteção especial dirigidas às crianças vitimadas e as políticas de garantias, responsáveis pela defesa jurídica social dos direitos individuais e coletivos (COSTA, 1997 apud BARBOSA, 2003). 
O documento se mostra bastante efetivo quando tornam legais as diretrizes de proteção a crianças e adolescentes, muito embora essas leis não sejam cumpridas a risca, mas a premissa da existência de um documento que torne legítimos esses direitos, já contribui bastante para uma política social mais justa.
O ECA não apenas inova como também opera uma mudança significativa quando substitui o assistencialismo por um conjunto de propostas de trabalho socioeducativo de natureza emancipadora, introduz a garantia da defesa e institui a remissão, estabelece a fiscalização das instituições governamentais de atendimento com aplicação de medidas de responsabilidade, amplia numa perspectiva pedagógica as medidas aplicáveis aos menores e adolescentes infratores. Assim, ele é muito mais concentrado na questão da criança delinquente, que na criança não delinquente, quer dizer, a criança não delinquente continua sendo em parte, pouca amparada legalmente, ou amparada por outros estatutos que não o da criança e do adolescente. (CAVALHERI, 1995 apud SILVA, 2000, p. 14).
Entretanto, verifica-se que a contribuição do ECA, não é apenas na proteção integral, como também é um instrumento de cidadania. Portanto, a sua promulgação inaugura uma nova fase na história da proteção à infância e à juventude brasileira, caracterizada por três avanços fundamentais quanto à identificação e significado deste segmento, passando a considerá-los sujeitos de direitos, pessoas em condições peculiares de desenvolvimento e como prioridade absoluta e ainda responsabilizam a Família, a Sociedade e o Estado pela condução desta política de proteção (PAULA, 2008).
Desse modo fica claro o empenho dos órgãos governamentais em propor estratégias de intervenção no intuito de minimizar e coibir os atos de abuso e violência contra crianças e adolescentes, no entanto o que ainda deixa a desejar é a execução de fato dessas medidas, através da capacitação de pessoal que trabalhe no enfrentamento dessa modalidade de criminalidade que assola as várias esferas da sociedade.
2.4 As politicas públicas de proteçao á crianças e adolescentes
Desde os primórdios o ser humano tem por hábito praticar gestos de caridade, principalmente para com indivíduos que de alguma forma se encontram em situação de risco ou de vulnerabilidade, são sentimentos que fazem parte da natureza humana enquanto indivíduo que vive em sociedade. A partir dessa premissa surge a necessidade de tornar formais esses atos de caridade, uma vez que o Estado se responsabiliza pelo desenvolvimento e execução das políticas públicas direcionadas a indivíduos em situação de risco. Desta forma, a história da infância e da adolescência brasileira, merece maior atenção no que tange ao planejamento de políticas públicas. 
Sartori e Longo (1999) ressaltam que a política de atendimento à criança e ao adolescente no Brasil desde a “Roda dos Enjeitados” (período colonial), esteve associada às ações caritativas das entidades religiosas e doações das pessoas de boa vontade. A participação do Estado na formulação e/ou regulação no atendimento faz parte de uma cultura política de Assistência Social de caráter residual, com programas compensatórios à menoridade carente. Situar a criança como sujeito de direito é uma das mais recentes conquistas deste grupo social. Apenas recentemente, a criança passou a ser percebida como ser em desenvolvimento, com características próprias, demandando cuidados especiais da família, do Estado e da sociedade.
Nesse sentido o Brasil ainda apresenta um perfil bastante retrógrado no que diz respeito ao acolhimento e proteção dos menos, isso pode ser comprovado pelos altos índices de violência infantil do país quando comparados a países europeus, por exemplo, onde as políticas de proteção são muito mais rígidas e de fato funcionam já que o úmero de casos dessa natureza é muito menor.
Vendruscolo e colaboradores (2007) salientam que apesar das profundas transformações ocorridas no cenário nacional e internacional tornando-se uma política pública, um dever do Estado,o atendimento da criança e do adolescente ainda é marcado, em alguns casos, na esfera privada e na esfera pública, pelo critério particular, pela boa vontade, pela caridade, em detrimento do direito de cidadania. O fato de que a população de “crianças e adolescentes” não seja efetivamente homogênea, isto é, o reconhecimento das desigualdades, produziu historicamente culturas e códigos de distanciamento, ao invés da promoção da equidade.
A desigualdade reforçou o "apartheid", e a tradução no plano legal foi a criação de leis "especiais" para crianças pobres em que estas aparecem como objeto e não sujeito. A mudança legal altera substantivamente a visão sobre a infância: o direito reforça a universalidade e a crença na aptidão desse grupo etário para reivindicar obrigações e para cumprir os deveres de uma vida cidadã. Portanto, não é suficiente que as necessidades básicas da criança estejam asseguradas. Uma compreensão mais profunda do significado de se pensar a criança como sujeito, supõe preocupar-se com a qualidade da oferta dos serviços de atenção (VENDRUSCOLO et al., 2007).
Ao longo da história se percebeu a real necessidade da diferenciação entre as crianças e os adultos, sobretudo, do ponto de vista de proteção aos direitos, já que esses dois universos possuem uma posição diferente na sociedade, tanto no tocante a fragilidade psicológica, que no caso das crianças é muito maior já que são indivíduos com valores ainda em formação, quanto à fragilidade física, pois as crianças ainda estão com seus corpos em processo de formação.
Para Fontoura (2011) os direitos fundamentais, inerentes à condição de ser humano, foram reconhecidos e positivados em determinados momentos históricos. Com os direitos da criança e do adolescente não foi diferente. Os registros históricos mostram essa evolução. Acreditavam que as crianças e adolescentes não eram diferentes dos adultos. Eram considerados adultos em miniaturas, e, por isso, não recebiam tratamento diferenciado. Crianças e adolescentes eram propriedades de seus pais ou responsáveis, considerados como “coisa”. Durante muito tempo essa situação perdurou na ordem jurídica. Nem sempre existiu uma proteção às crianças e adolescentes como pessoas em desenvolvimento, a evolução do direito da criança e do adolescente teve um reconhecimento e um avanço maior no decorrer do século XX, em que se reconheceu a condição peculiar de pessoas em desenvolvimento, como dependente da família, da sociedade e do Estado, para alcançar o pleno desenvolvimento físico, psicológico e intelectual.
À família sempre coube a obrigação de promover a segurança física, psicológica e mental das crianças, no entanto não nem sempre isso foi possível, sendo necessário o surgimento de diretrizes legais que possam intervir no trato desses menores amparando-os e protegendo-os. Segundo Fontoura (2011) a Declaração de Gênova de Direitos da Criança foi o primeiro diploma jurídico internacional a reconhecer direitos à criança e ao adolescente, inserindo em seu corpo a doutrina da situação irregular, adotada pela Liga das Nações, da qual o Brasil é signatário. O lado benéfico dessa doutrina foi retirar das crianças e adolescentes a condição de “coisa” para “objeto de direito”. O entendimento que se tinha na vigência da doutrina da situação irregular era de que o delinquente era aquele oriundo das camadas pobres da população, sendo este o fator gerador que legitimava o Estado a recolher as crianças que se encontravam nessa situação, não distinguindo crianças e adolescentes que cometiam delitos dos que estavam em situação de perigo moral ou material, inserindo-os em uma mesma categoria jurídica, apenas diferenciando das crianças “bem nascidas”. 
No Brasil, em 1830 foi promulgado o Código Criminal do Império que descaracterizava a responsabilidade criminal aos menores de catorze anos, no entanto, se fosse comprovado possuir discernimento no momento do crime e fossem maiores de nove anos, responderia pelo delito. O início dos direitos da Infância ocorreu no período abolicionista, com a criação da Lei do Ventre Livre, Lei n. 2040 de 28.09.1871, que determinava que os filhos de escravos nascidos após a vigência da lei poderiam ser criados sob a autoridade do senhorio das mães até completarem oito anos, momento em que o senhorio optaria em receber uma quantia de dinheiro como indenização para deixar a criança sob o poder do governo ou mantê-la como sua escrava até completar vinte e um anos. Na Era Vargas, foi criado o Departamento Nacional da Criança, que instituiu o SAM (Serviço de Assistência ao Menor) e classificou a hipossuficiência material como disfunção social, o que acarretou a criminalização da pobreza. O SAM, por falta de investimentos, estruturação e capacitação de seus profissionais se caracterizaram pela má qualidade de atendimento, maus-tratos para com os internos e um incentivo à violência (SARAIVA, 2009).
Segundo Maciel (2009) o primeiro Código de Menores (Código Mello de Mattos) foi o precursor da doutrina da situação irregular no Brasil, que se manteve até a promulgação em 1988 da atual Constituição Federativa do Brasil. A política de Atendimento às crianças e adolescentes e a proteção de seus direitos eram realizados pelo Estado de maneira centralizada, assistencialista e restritiva de direitos. Referida política teve inicio em 1927, com a finalidade de promover um controle sanitário das populações com baixo poder aquisitivo, buscando transformar essas crianças e adolescentes, pobres ou infratores, em cidadãos úteis e produtivos para o país.
E foi com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente que a população infanto-juvenil deixou de ser vítima de um sistema de desigualdade social em que era a responsável pelos males da sociedade, nos termos do então Código de Menores, passando a ter um tratamento jurídico especial no novo estatuto, o que se justifica pela condição peculiar desses seres humanos em desenvolvimento, sem conhecimento dos seus direitos, incapazes de lutar pela sua efetivação sem o auxílio da família, da sociedade e do Estado. O novo diploma - o Estatuto da Criança e do Adolescente traça as normas que disciplinam os princípios fundamentais das relações jurídicas das crianças e adolescentes com a participação da família, do Estado e da Sociedade (VARALDA, 2008). 
Todas essas políticas públicas foram de grande contribuição para o que hoje temos de concreto como ferramenta legal no combate aos atos de violência infantil, apesar de o Brasil ser um país bastante atrasado, é legitimo o que já foi criado até hoje e todas as políticas públicas desenvolvidas. Infelizmente os números de crime contra menores ainda são alarmantes, mas toda e qualquer estratégia de combate é válida.
3. O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Apesar de abordar um “problema” cuja repercussão e a visibilidade não se limitam a fronteiras nacionais, e não pretende dar conta de todas as escalas do fenômeno, mas tão somente contribuir para a compreensão de um de seus recortes locais, tomando como base o contexto legal, social e político brasileiro. 
O primeiro ponto que deve ser destacado conforme Lowenkron (2010) é em que sentido a “violência sexual contra crianças” é entendido como um fenômeno social contemporâneo. Observa-se, nas últimas décadas, uma explosão discursiva em torno do tema, acompanhada da censura ao “silêncio”, entendido como “omissão” e “conivência”. Frente a essa nova tagarelice e ao aumento de denúncias aparecem duas possibilidades de interpretação: uma mais pessimista, que acredita que estamos vivendo uma “epidemia” de “abusos sexuais” de crianças e outra mais otimista, que considera que a maior visibilidade não decorre do aumento repentino de atos, mas da ruptura do antigo “tabu do silêncio”.
Por muito tempo os casos de violência sexual contra crianças, adolescentes e até mesmo adultos ficaram omitidos no silêncio dos familiares, que por vergonha preferia esconder o acontecimentoe todo o transtorno causado por ele em vez de levar o caso a instâncias judiciais, com o objetivo de denunciar e punir os culpados, o que evitaria que mais crimes dessa natureza fossem repetidos. Hoje o cenário é um pouco diferente, a sociedade já possui uma maior consciência a cerca da importância da denúncia, rompendo assim o paradigma da omissão.
Guerra (1998) afirma que violência doméstica contra menores de idade representa todo ato ou omissão, praticados por pais, parentes ou responsáveis, contra crianças e adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima – implica, de um lado, uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de serem tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.
Segundo Azevedo e Guerra (1999) apesar dos problemas de registros e notificações e da omissão demonstrada pelo silêncio de muitos, as estatísticas começam a realçar a violência contra a criança e o adolescente como um fenômeno universal e endêmico, sem distinção de raça, classe social, sexo ou religião.
A história de violência contra crianças e adolescentes acompanha a trajetória humana das relações sociais e, sobretudo, familiares (ASSIS et al., 2004). Alguns autores afirmam que a violência contra crianças e adolescentes percorre a história do mundo, desde os acontecimentos mais primitivos que se tem registro, expressando-se por inúmeras e diferentes modalidades dentro de diversificadas culturas. “Os exemplos de violência praticados contra a infância estão presentes na história, na mitologia, na antropologia e nos processos religiosos”. Entretanto, somente no século XX a problemática da violência contra crianças e adolescentes começou a ser estudada, devido aos novos valores atribuídos à família moderna (CAMARGO e BURALLI, 1998).
A violência é um fenômeno que se desenvolve e dissemina nas relações sociais e interpessoais, implicando sempre uma relação de poder que não faz parte da natureza humana, mas que é da ordem da cultura e perpassa todas as camadas sociais de uma forma tão profunda que, para o senso comum, passa a ser concebida e aceita como natural a existência de um mais forte dominando um mais fraco, processo que Faleiros (1995) descreve como a “fabricação da obediência”.
Dessa informação é possível afirmar que a disseminação os atos de violência, nos últimos trinta anos adquiriu gradativa visibilidade a partir do momento em que passou a ser discutida e estudada por diferentes setores da sociedade brasileira, preocupados em compreendê-la, em identificar os fatores que a determinam, buscando encontrar soluções de enfrentamento que possam reduzi-la a níveis compatíveis com a ordem social estabelecida. A tarefa não é nem de fácil, já que há um conglomerado que aspectos que contribuem para o acontecimento desses atos, fatores estes que ainda não são completamente compreendidos pela sociedade.
 Segundo Amaro (2003): 
A história da infância é um pesadelo do qual recentemente começamos a despertar. Quanto mais atrás regressamos na história, mais reduzido o nível de cuidado com as crianças, maior a probabilidade de que houvessem sido assassinadas, abandonadas, espancadas, aterrorizadas e abusadas sexualmente.
Os maus tratos às crianças e adolescentes, tão comuns na sociedade brasileira, são resultado do processo histórico da política de colonização portuguesa. Rosa (2004) destaca que no Brasil, foram os jesuítas que implantaram um estilo europeu de educação dos filhos baseado na prática de castigos corporais. Eles pregavam uma disciplina caracteristicamente rígida, com “gosto de sangue”. A questão central que se impõe na violência contra crianças é principalmente a relação de poder entre adulto e criança, a criança frágil fisicamente, fica a mercê de cuidados que em muitos casos não atendem a sua condição peculiar de desenvolvimento.
 É muito complicada qualificar a violência sexual estabelecendo níveis de crueldade, isso porque a sociedade ainda resguarda alguns tabus culturais, que fazem com que eles acabem omitindo determinadas situações, outro fator que impera nesses casos são as relações de poder nos lares e discriminação das vítimas como culpadas. Vigarello (1998) defende o posicionamento de que a “violência” não deve ser pensada como um dado em si, que se possa analisar apenas a partir de critérios estatísticos, mas como uma noção que está articulada a mudança nos padrões de sensibilidade históricos, cuja dinâmica se depreende a partir da análise da produção e da utilização de categorias classificatórias.
Já Ferrari (2002) faz uma reflexão em que atribui às mulheres o fato de a violência contra as crianças se perpetuar durante século, para ele a violência sexual possui raízes profundas nas relações de dominação sobre as mulheres, pois estas se mantiveram subordinadas aos homens, chefes de família, no núcleo familiar e submeteram meninos e meninas a esta violência. Salienta a autora que durante toda a nossa história sempre existiu a violência contra crianças e adolescentes, sendo muitas delas oferecidas a deuses como forma de salvamento e fertilidade de determinados povos e suas terras. Miller (1994) reforça que durante a história as crianças eram consideradas propriedade dos adultos e eram sujeitas ao abuso físico ou sexual. 
Em todos os tempos, o domínio do mais forte sobre o mais fraco foi exercido sob diversas formas de poder, em diferentes esferas da sociedade, até mesmo nas famílias. Esta relação de poder, de busca de excessos, do que é diferente ou até mesmo anormal, soma-se a pouca importância dada às crianças e aos adolescentes e às consequências dos maus-tratos dos adultos sobre eles (PFEIFFER; SALVAGNI, 2005).
Dentre todos os pontos de vistas defendidos pelos autores sobre o fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes, o que se pode considerar como comum a todas é a complexidade que envolve os motivos que causam tal problema, muito embora as causas sejam atribuídas apenas aos agentes que comentem esses atos, é sabido que há uma serie de fatores sociais que corroboram, para que os menores sofram determinados tipos de violência, seja pela omissão da família em tornar público o acontecimento, seja pela falta de profissionais que atuam no combate, enfim a situação é muito mais grave do que aparenta. 
3.1 Nas crianças e nos adolescentes como identificar os sinais de abuso
É muito difícil perceber quando a criança ou um adolescente está sendo submetido a situações de abuso sexual, já que em muitos casos essas crianças além se sentirem envergonhadas são também coagidas pelos agressores a não contar aos familiares o que está acontecendo através de ameaças de mais agressão ou até mesmo de morte. E quando o agressor é parte da sua família a situação ganha uma complexidade ainda maior, já que o menor sente que se submetendo a essas práticas ele está fazendo um “favor”, que aquilo é apenas uma brincadeira. Na realidade, o menor não tem discernimento suficiente para caracterizar a situação de abuso como uma forma de violência, cabendo aos pais ou responsáveis observar melhor o comportamento dessas crianças nas atividades durante o dia-a-dia, e suspeitar de qualquer mudança de comportamento que for notada.
Segundo Pfeiffer e Salvagni (2005) na assistência à criança e adolescente vítimas de maus-tratos, há que se considerar que, em aproximadamente 20% de todos os casos, existe o abuso sexual, sempre acompanhado das agressões psicológicas, como em todas as formas de violência nessa faixa etária. Os casos mais frequentes de violência sexual até a adolescência são decorrentes de incesto, ou seja, quando o agressor tem ou mantém algum grau de parentesco com a vítima, determinando muito mais grave lesão psicológica do que na agressão sofrida por estranhos. Trata-se de uma forma de violência doméstica que usualmente acontece de forma repetitiva, insidiosa, em um ambiente relacional favorável, sem que a criança tome, inicialmente,consciência do ato abusivo do adulto, que a coloca como provocadora e participante, levando-a a crer que é culpada por seu procedimento (o abuso).
Na psicanálise, o corpo é entendido como o núcleo mais básico da identificação do indivíduo. Por isso, sobretudo na infância e adolescência, mesmo que o abuso sexual se limite a carícias, sem que haja conjunção carnal, trata-se de violência. O grande traumatismo é quando essa criança ou adolescente percebe que aquelas brincadeiras eróticas vão muito além de meras brincadeiras e passam a invadir a intimidade delas. (SILVEIRA, 2012)
Algumas mudanças de comportamento são bastante perceptíveis em crianças que sofrem abuso sexual, de um modo geral elas apresentam muita agressividade, dificuldade de se relacionar com as pessoas e tendem a se isolar em um mundo que é só delas. No entanto esse tipo de comportamento não está associado apenas a violência sexual, mas a todo e qualquer tipo de violência, nesses casos o sofrimento é um sentimento que acaba sendo comum a todos da família. Outra mudança de comportamento bastante frequente é regressão a um comportamento muito infantilizado, Ideias e tentativas de suicídio, depressões crônicas Distúrbios de sono: gritos e medo do escuro, distúrbio na aprendizagem.
Há uma tendência de que a criança abusada apresente ao longo dos anos uma forte dificuldade de ligação afetiva e amorosa, por causa do profundo sentimento de desconfiança entre as pessoas em geral, pelo temor de reeditar a experiência traumática ou, ainda, pela dissociação entre sexo e afeto, que gera sentimentos de baixa autoestima e culpa, bem como pela depressão prolongada causada pelo medo da intimidade, as crianças que são abusadas ainda apresentam dificuldades para estabelecer ligações afetivas pode estar associada à questão da sexualidade, ou interferir nela. As pessoas que sofreram violência sexual podem evitar todo e qualquer relacionamento sexual por traumas e/ou por fatores fóbicos que bloqueiam o desejo. Podem, ainda, vivenciar relações sexuais de baixa qualidade, com incapacidade de atingir o orgasmo ou muita dificuldade para atingi-lo e ter problemas de identidade sexual (BROWNE, FINKELHOR, 1986). Tendência a sexualizar demais os relacionamentos sociais.
De acordo com Vivarta (2003):
As consequências do crime sexual podem aparecer de diferentes formas na vida da criança ou do adolescente. Variam conforme o tipo de indução ao ato, sua periodicidade e o número de agressores ou abusadores envolvidos. Mas quase sempre há efeitos sobre a saúde física e psicológica. Esses traumas físicos e psicológicos que afetam as crianças e adolescentes abusados ou explorados sexualmente costumam ser graves, mas podem ter duração e intensidade variadas. O abuso sexual pode ser agudo ou crônico. O primeiro é um episódio único ou que se repete por curto período de tempo, geralmente protagonizado por agressores alheios ao núcleo familiar. O segundo, mais frequente, é aquele que permanece encoberto pela família. Logo depois que acontece o abuso, a criança ou o adolescente pode ter sentimentos de angústia, medo, ansiedade, culpa, vergonha humilhação, autocensura, baixa auto-estima e depressão. Podem ocorrer ainda reações somáticas como fadiga, cefaleia, insônia, secreções vaginais ou penianas, pesadelos, anorexia, náusea e dor abdominal. Outras consequências podem ser pesadelos, lembranças retrospectivas, bulimia, anorexia nervosa, fobias, dificuldades de relacionamento e até mesmo perda de memória e pensamentos suicidas. Na vida adulta, essas crianças e adolescentes que sofreram abuso podem desenvolver quadros de transtorno da sexualidade, dor nas relações sexuais e até mesmo a perda da capacidade de orgasmo.
Guimarães (2008) ressalta que geralmente as crianças com menos idade são o alvo preferido dos autores desse tipo de agressão, pois obedecem sem questionamentos, intimidam-se com facilidade, mantendo segredo do ocorrido, poucas são as que têm coragem de relatar a situação, devido às ameaças que sofrem. 
Ainda segundo Guimarães (2008) a violência sexual pode ainda levar: 
A uma confusão por parte da criança e do adolescente das relações que possam ser estabelecidas com os adultos, pois no caso da violência sexual essas relações passam a se basear na utilização de sua sexualidade e na violência;
A uma descaracterização dos papéis a serem desempenhados por alguns adultos - pai, avô, tio, irmão, professor, religioso, que de protetores e orientadores passam a ser percebidos pela criança/adolescente como causadores de sofrimento. 
Quando o agressor percebe que a criança começa a entender como abuso ou, ao menos, como anormal seus atos, tenta inverter os papéis, impondo a ela a culpa de ter aceitado seus carinhos. Usa da imaturidade e insegurança de sua vítima, colocando em dúvida a importância que tem para sua família, diminuindo ainda mais seu amor próprio, ao demonstrar que qualquer queixa da parte dela não teria valor ou crédito. Passa, então, à exigência do silêncio, através de todos os tipos de ameaças à vítima e às pessoas de quem ela mais gosta ou depende. O abuso é progressivo; quanto mais medo, aversão ou resistência pela vítima, maior o prazer do agressor, maior a violência. Sentindo-se desprotegida pelo outro responsável, habitualmente a mãe, que permitiu a aproximação do abusador, insegura por imaginar que realmente não seria ouvida ou acreditada, envergonhada tanto pelo que passa, como pela sua impossibilidade de denunciar, por seu amor próprio reduzido e ainda ameaçada por aquele de quem habitualmente depende física e emocionalmente, ela se cala, muitas vezes para toda sua vida (PFEIFFER; WAKSMAN, 2005)
Além de todo o transtorno psicológico causado pelo agressor, a vítima também sofre vários danos físicos, seu corpo passa por uma série de transformações que em alguns casos são irreversíveis. Sequelas advindas dos problemas físicos gerados pela violência sexual. Lesões, hematomas e DST podem interferir na capacidade reprodutiva. A gestação pode ser problemática, com o surgimento de complicações orgânicas, cujas causas podem ser psicossociais. Esses problemas são capazes de levar à maior morbidade materna e fetal. Nogueira (2003) ressalta que os indicadores físicos são detectados através de exames clínicos ou periciais, como a observação da dilatação do hímen, o sangramento, a constatação de doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez precoce, infecções e dores na região genital e abdominal. Os sinais sexuais são observados através da masturbação excessiva e precoce da criança, do conhecimento sexual incoerente com a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra, apresentação de comportamento sexualmente explícito. 
Algumas pessoas podem ter reações opostas, por conta de fatores como apresentar incapacidade de distinguir sexo de afeto, ou fazer confusão entre amor parental e manifestações sexuais e compulsão sexual, como tentativa de se sentir amadas e adequadas socialmente. Tudo isso também pode gerar trocas sucessivas de parceiros, estigmatização e menos-valia. Muitas crianças e adolescentes sentem-se irreparavelmente estigmatizados, sentimento denominado “síndrome da mercadoria estragada”. Esse sentimento produz a sensação de que são seres de “qualidade inferior”, o que pode gerar dois tipos de conduta: atitude auto destrutiva (abuso de substâncias psicoativas, ações de risco, automutilação, atos suicidas e comportamento desafiante) ou necessidade descontrolada de serem aceitos e de se impor nos relacionamentos e grupos sociais (BROWNE, FINKELHOR, 1986).
Outro trauma de grande Complexo de traição a criança ou adolescente pode adquirir dificuldade crônica de confiar nas pessoas por acreditar que pode ser traído a qualquer momento. Afinal, foi enganado pelas pessoas que deveriam protegê-lo. Esse complexo pode gerar condutas no sentido de evitar do estabelecimento de relações afetivas de amizade ou amorosas e causar transtornos de ansiedade (BROWNE, FINKELHOR, 1986). Consumo de substâncias lícitas e ilícitas. Qualquer associação mecânica entreabuso sexual e uso de drogas mais atrapalha a vida das vítimas do que ajuda. Apesar disso, algumas confessam ter inicialmente usado drogas para esquecer a dor e a baixa auto-estima, mas admitem que, posteriormente, o vício ficou incontrolável.
Diante de toda a situação exposta é importante salientar a relevância da participação dos pais ou responsáveis no controle e na investigação de todo e qualquer fato estranho que o menor apresentar, tomando o cuidado no que tange ao relacionamento dessas crianças com outras pessoas, de modo que o bem estar físico e psicológico sejam ao máximo preservados. 
4. CARACTERÍSTICA DO AGRESSOR SEXUAL
Os agressores sexuais, de um modo geral, possuem um perfil bastante comum, são indivíduos frios, que agem de modo bastante cruel e na grande maioria dos casos já foram abusados quando eram crianças e ao longo do tempo foram desenvolvendo um comportamento agressivo e acabaram reproduzindo os atos violentos em outras crianças.
O estudo com abusadores sexuais não consiste em uma tarefa simples. Isto porque o abuso sexual de crianças tem sido quase que universalmente condenado e os abusadores sexuais são, provavelmente, os criminosos mais criticados e que mais despertam medo na nossa sociedade. Não é incomum os abusadores serem vistos como maníacos sexuais, portadores de algum transtorno mental severo, como se nada tivessem em comum com os demais homens (APPELBAUM, 2008). Tal representação é possivelmente originada pelos casos mais atípicos, trazidos pela mídia quase sempre de forma sensacionalista.
Frequentemente, encontra-se nos estudos sobre abusadores sexuais, a distinção entre esses e os pedófilos, uma vez que, o termo pedófilo tem sido amplamente utilizado pelos meios de comunicação e artigos não-científicos como sinônimo de abusador sexual.
O abuso sexual é praticado por alguém que a criança conhece, e comumente gosta e tem confiança refere Ballone (2008), numa relação de persuasão, ameaças ou recompensas. Os agressores geralmente fazem com que as crianças sintam-se extremamente amedrontadas em revelar a ação abusiva, incutindo-lhes sentimentos de culpa, medo de ser recriminada ou punida. A maioria dos agressores são pessoas comuns que mantêm preservadas as demais áreas da personalidade defende Lencarelle (2002), podendo até ser uma pessoa que tem uma profissão e ser destacada na sociedade, tratando-se, no entanto, de uma pessoa perversa, que utiliza-se de estratégias de disfarce para manter-se autoritária ou moralista com o intuito de obter seu intento. O abusador pode ser violento, porém quase sempre usa a violência de forma silenciosa ou velada, no entanto, sente medo e negará o abuso quando denunciado. A mesma autora refere que o maior dano à criança é a concretização de suas fantasias sexuais que deveriam permanecer em seu imaginário. Podendo evoluir de uma situação de abusada a abusador quando adulta, em decorrência da prática sexual precoce e suas implicações psicológicas, permanecendo com isto na cena traumática da agressão sexual (LENCARELLE, 2002). 
Neste contexto, é difícil definir um perfil para os abusadores sexuais, talvez por esse motivo encontram-se poucos estudos no Brasil focando o agressor. Parece não haver definição de uma patologia específica em agressores sexuais, porém, Coutinho (2008) refere que os transtornos associados em agressores sexuais são normalmente crônicos que tendem a diminuir com a idade. Postula o mesmo autor que o tratamento apresenta muitas resistências e limitações, e que a terapia em si difere em muito da contenção social. É comum abusadores sexuais tentarem justificar seus atos, referindo-se aos momentos em que também foram vítimas. Relatam que sentem terror, angústia e medo de não mais conseguirem sair da imagem ameaçadora que os atormenta, praticando o ato como alívio da ansiedade, mesmo tendo consciência do crime que cometem, por isso fazem às escondidas aponta Coutinho (2008). 
 De acordo com González, Martinez, Leyton, e Bardi (2004) os abusadores sexuais podem ser classificados segundo o estilo da conduta abusiva. Dessa forma, os abusadores regressivos seriam os adultos que apresentam um desenvolvimento que os permite chegar a idade adulta com capacidade de sentir atração sexual por um adulto.
Para estes, a necessidade de seduzir e abusar sexualmente de crianças se produz pela deterioração de relações, experiências traumáticas, estressantes e/ou crise existencial. Neste caso o abuso é, geralmente, intrafamiliar. Já os abusadores obsessivos, que incluem os pedófilos, seriam os adultos que abusam de várias crianças (ou têm desejo de). 
Muitos estudos concordam sobre o fato de que crescer em lares com certas características, pode atrair comportamentos abusivos na idade adulta. Estas são casas onde houve falta de cuidado dos pais ou em que as relações entre os membros da família, eram extremamente rígida e distante ou onde estavam abuso todos os dias ou de abuso sexual. . Nestes casos não houve modelos parentais adequadas, é reeditado em determinados momentos que viveram os filhos dos filhos alguns pesquisadores dizem que o ciclo de abuso parece ser repetido de geração em geração, incluindo todas as formas de abuso: físico, verbal, emocional e sexo. no entanto, não se pode concluir que qualquer pessoa com uma história de maus-tratos e abuso na infância, tornando-se um abusador e, além disso, muitos abusadores nunca tiveram essa experiência.
Até os anos 80, os abusadores sexuais de adolescentes não foram levadas a sério pelos estudiosos. Seu comportamento foi muitas vezes explicado como uma experimentação normal ou curiosidade do seu próprio desenvolvimento. Atualmente, tem aumentado muito a preocupação de conhecer as características individuais destes abusadores e suas ofensas. Relatórios de Crime e pesquisas descobriram que os adolescentes são responsáveis por cerca de 20% dos estupros e entre 30 a 50% dos casos de abuso sexual infantil. (DUCCE et al., 2000).
 Por outro lado, e ainda segundo DUCCE et al., 2000 outros estudos sobre agressores sexuais adultos mostram que cerca de metade dos adultos denunciar os abusadores que o primeiro delito sexual ocorreu quando ele era adolescente e, muitas vezes ofensas estavam aumentando em frequência e gravidade. A maioria dos estudos são descritivos e limitados a amostras muito pequenas. Alguns desses estudos mostram que meninos adolescentes que foram abusados sexualmente estão em maior risco para a realização desses comportamentos em direção a outras crianças. Relacionadas às outras circunstâncias são violência familiar, álcool e drogas, gangues e altos níveis de comportamento suicida. A agressão sexual em adolescentes pode ser prevenida através da detecção de fatores de risco precoces, como os citados como fatores de proteção e promoção da segurança, redes de apoio, bom desempenho acadêmico, entre outros.
Outro comportamento muito comum entre abusadores é de não assumir a responsabilidade pelo fato de que eles cometeram. Alguns colocam a culpa na vítima, argumentando que ela que o seduziu, atribuindo um poder quase "demoníaco". Outros agressores culpam seus parceiros, e que ao se recusar a ter sexo ou não prestar atenção ou afeto, o "empurraria" para cometer o abuso. Outros argumentam que era a sua forma de demonstrar amor e proximidade com meninas ou crianças carentes de afeto. Os abusadores precisam se convencer de que não há justificação para o seu comportamento, a fim de convencer a si mesmos de que eles são "vítimas" para evitar ter que enfrentar as consequências de suas ações.
O que pode-se constatar é que são pessoas de um perfil bastante semelhante, em muitos casos são pessoas com graves problemas psicológicos que agem sem o mínimo de escrúpulos ao vitimares crianças a e adolescentes que ainda não possuem se quer o corpo completamente formado, muito menos o caráter e a personalidade.
4.1 Efeitos e consequências 
As consequências do abuso sexual são as mais perversas e marcantes possíveis, esse ato criminoso deixa marcas que a criança carrega ao

Continue navegando

Outros materiais