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SAIBA A VERDADE! O dia a dia, as dificuldades e as soluções encontradas pelos gestores de empresas consagradas A ética, a onda verde e a responsabilidade social: como lidar com as preocupações da atualidade O desafio de gerir pessoas: unindo as individualidades em favor do todo e nos diferentes níveis hierárquicos ADMINISTRAÇÃO www.grupoa.com.br 2a Edição 34649_Serie A-Administracao 1 09/05/12 16:06 B328a Bateman, Thomas S. Administração [recurso eletrônico] / Thomas S. Bateman, Scott A. Snell ; tradução: Allan Vidigal Hastings ; revisão técnica: Gilmar Masiero. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-082-5 1. Administração. I. Snell, Scott A. II. Título. CDU 658 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 8 Administração prar uma cópia. A clientela adorou. Graças ao seu desem‑ penho na Starbucks, o Cranium tornou ‑se não só o primeiro jogo a ser vendido naquela rede, mas também o pri‑ meiro jogo de tabuleiro a ser vendido na Amazon.com, que antes o recusara. O sucesso permitiu à empresa Cranium lan‑ çar mais uma dúzia de jogos, agora vendidos em 30 países.23 Os clientes também podem ser colaboradores. As empre‑ sas ainda precisam dedicar ‑se a oferecer produtos e ter resul‑ tados, mas, acima de tudo, precisam entender que a necessidade de atender ao cliente move todo o resto. Um melhor atendimento pode começar com um maior envolvi‑ mento do cliente nas decisões da empresa. A Procter & Gamble tem se dedicado a fazer com que seus clientes sejam criativos e conversem online uns com os outros para criar novas ideias de bens e serviços.24 Explorando a popu laridade de sites de relacionamento, como o Facebook e o MySpace, a P&G estabeleceu dois sites cujo objetivo é reunir seus clien‑ tes. Um deles, o People’s Choice Community, oferece con‑ teú do a respeito dos vencedores do People’s Choice Awards, além de oportunidades de participar de uma “comunidade” de pessoas interessadas em compartilhar mensagens sobre as celebridades envolvidas. O outro, chamado Capessa, é um grupo de discussões para mulheres no qual elas podem tro‑ car ideias sobre saúde e outras questões de seus interesses. OA1.2 Descrever as fontes de vantagem competitiva de uma empresa. GESTÃO PARA CONQUISTAR VANTAGEM COMPETITIVA A ascensão da internet virou as carreiras (e as vidas) de cabeça para baixo. Pessoas abandonavam a faculdade para tra‑ balhar em empresas iniciantes na internet ou até para fun‑ dá ‑las. Gestores de grandes empresas abandonavam seus empregos para fazer o mesmo. Os investidores salivavam e investiam pesadamente. Os riscos eram frequentemente ignorados ou subestimados – às vezes com resultados trági‑ cos. Consideremos um setor mais antigo com o mesmo poder transformador: o de automóveis. Dentre pelo menos 2 mil fabricantes de carros, restam atualmente nos Estados Unidos apenas três. Recentemente, até esses três – Ford, Chrysler e General Motors – têm enfrentado dificuldades com o declí‑ nio de suas vendas. Apesar do fechamento de fábricas, de demissões e outras medidas de contenção, a situa ção finan‑ ceira da General Motors e da Chrysler permanece tão Cap 01_gestao_BATEMAN.indd 8 08/03/2012 09:53:48 CAPÍTULO 1 | Gestão 9 abalada que, mesmo depois de reestruturações profundas, o Presidente Obama precisou garantir que o setor automotivo dos Estados Unidos não iria “desaparecer”.26 A partir desses fracassos em importantes setores trans‑ formadores, podemos perceber que um dos segredos para a compreensão do sucesso de uma empresa não está em como o setor em que opera afetará a sociedade, ou no quanto irá crescer. A chave está na vantagem competitiva de que goza uma determinada empresa e em sua capacidade de susten‑ tar tal vantagem. Os bons gestores sabem que estão em uma luta competitiva pela sobrevivência e pela vitória. Para sobreviver e vencer é preciso conquistar vantagem sobre os competidores e lucrar. Conquista ‑se essa vanta‑ gem competitiva superando os concorrentes na realização de coisas de valor para os clientes. Mas o que isso quer dizer? Para obter êxito, os gestores precisam fornecer os vetores fundamentais do sucesso: inovação, qualidade, ser‑ viço, velocidade e competitividade em custo. A inovação nos mantém à frente dos competidores O sistema de busca do Google tornou ‑se rapidamente um sucesso e os investidores empurraram para cima o preço da ação empresarial quando a empresa abriu seu capital. Mas agora que o serviço gratuito é usado em todo o mundo, o que pode ser feito a seguir? A Microsoft está dando duro para conquistar participação nesse mercado. A administra‑ ção do Google sabe que precisa de outras grandes ideias e, por isso, exige que seus engenheiros dediquem um quinto de seu tempo a projetos próprios especiais.27 Inovação é a introdução de novos bens e serviços no mer‑ cado. Sua empresa precisa adaptar ‑se a mudanças das deman‑ das dos consumidores e a novos competidores. Os produtos não vendem para sempre; aliás, justamente porque tantos competidores introduzem novos produtos o tempo todo, já não vendem mais por tanto tempo quanto antes. Assim, pre‑ cisamos estar prontos para usar novas maneiras de nos comu‑ nicar com os clientes e fornecer ‑lhes produtos, como se deu quando a internet obrigou varejistas tradicionais a aprender novas manei‑ ras de atingir diretamente suas clien‑ telas. A globalização e os avanços da tecnologia fizeram acelerar o ritmo das mudanças e, portanto, a necessi‑ dade de inovação. Às vezes, a principal inovação não está no produto em si, mas na manei‑ ra como ele é fornecido. Tomando emprestada uma ideia que se reve lou popular na Europa, a Opaque – Di‑ ning in the Dark colaborou com o Instituto Braille dos Estados Unidos para oferecer jantares na escuridão total, no hotel Hyatt West Hollywood. Os clientes escolhem pratos de alta gastronomia em um saguão ilumina‑ do e são levados para um salão escuro por garçons cegos ou deficientes vi‑ suais. O apelo está no fato de que os comensais podem ex‑ perimentar suas refeições de uma maneira completamente nova por serem forçados a concentrar ‑se nos sentidos do paladar, do olfato e do tato.28 A inovação é o Santo Graal de nossos dias.29 E, assim como outras fontes de vantagem competitiva, ela vem das pessoas, deve ser uma meta estraté‑ gica e precisa ser corretamente gerida. Em capítulos adiante, iremos mostrar como as grandes empresas inovam. A qualidade precisa melhorar continuamente Quando a Spectrum Health, uma rede de hospitais com sede em Grand Rapids, Michigan, perguntou aos seus pacientes se eles eram bem atendidos, percebeu que estava com proble‑ mas. Os pacientes deram baixas notas ao pessoal em sua dis‑ posição para ajudar e sua atitude em relação a visitantes, e disseram que não recebiam boas informações sobre os proce‑ dimentos a que se submetiam no hospital ou sobre como deveriam se cuidar depois da alta. A Spectrum reagiu à pes‑ quisa estabelecendo um comitê consultivo de pacientes e parentes, flexibilizando os horários de visita, obtendo dados dos clientes a respeito de quem poderia receber informações médicas e tomar decisões quanto ao tratamento e telefo‑ nando para os pacientes liberados para garantir que tivessem entendido as instruções recebidas. Depois de dois anos da realização da pesquisa e do começo da implementação das mudanças, as notas dadas pelos pacientes da Spectrum a res‑ peito de sua satisfação melhoraram drasticamente.30 Os esforços da Spectrum Health refletem um compro‑ misso com a qualidade. De modo geral, qualidade é a exce lência de um produto. Sua importância aumentou drasticamente os níveis dos padrões aceitáveis. Os clientes atual mente exigem bens e serviços de excelência e muitas vezes não aceitam nada aquém disso. No setor hospitalar, o governo tem contribuído para essa tendência. Para receber reembolso pleno do sistema Medicare,os hospi‑ tais dos Estados Unidos precisam participar de um programa nacional de levantamentos de satisfação dos pacientes. Os resultados desses le‑ vantamentos são publicados no site de informações do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Me‑ dicare – <hospitalcompare.hhs.gov> (em inglês) –, permitindo que os pa‑ cientes comparem as classificações dos hospitais em suas regiões ao es‑ colher serviços.31 Antigamente, a qualidade dizia respeito, principalmente, aos bens físicos comprados pelos clientes e referia ‑se à sua atratividade, falta de defeitos, confiabilidade e durabili‑ Clientes entram no Dans le Noir (No Escuro), um restaurante parisiense onde jantam na escuridão total, como se fossem cegos. Garçons cegos lhes servem de guias. O Dans le Noir é uma abordagem inovadora da alta gastronomia e restaurantes como este estão se espalhando pelo mundo. E, assim como outras fontes de vantagem INOVAÇÃO A introdução de novos bens e serviços no mercado. QUALIDADE A excelência de seu produto (bens ou serviços). Cap 01_gestao_BATEMAN.indd 9 08/03/2012 09:53:49 10 Administração dade. A abordagem tradicional à qualidade era verificar os trabalhos depois de realizados e, então, eliminar defeitos. Mas W. Edwards Deming, J. M. Juran e outros gurus da qualidade convenceram os gestores a adotar uma aborda‑ gem mais abrangente para chegar à excelência total. Isso incluía diversos objetivos: • Prevenir defeitos antes que ocorram • Atingir nível zero de defeitos de fabricação • Projetar produtos de qualidade O objetivo é solucionar e erradicar desde o início todos os problemas relacionados à qualidade e viver segundo uma filosofia de melhoria contínua da operação empresarial. Deming e suas ideias chegaram a ser contestados por ges‑ tores americanos; foi só quando ele encontrou interessados no Japão e o país começou a conquistar grande participa‑ ção no mercado americano de carros, chips para computa‑ dores e televisores, que os gestores dos Estados Unidos começaram a seguir sua filosofia de qualidade.32 Embora esses princípios fossem originalmente aplicados à produção de bens tangíveis, as experiências da Spectrum Health nos fazem lembrar que a qualidade dos serviços também é vital. A excelência também se aprimora quando as empresas ajustam bens e serviços aos desejos de um con‑ sumidor individual. As opções da Starbucks dão aos consu‑ midores literalmente milhares de variações de bebidas: com ou sem cafeína, com leite desnatado ou de soja, doses de expressos e uma variedade de xaropes aromatizados. Os compradores de carros podem usar a internet para optar entre centenas de características para “fazer o próprio” Mini Cooper, indo até a cor da luz do velocímetro. E, por um preço especial, os amantes de doces podem eles mesmos criar as mensagens de seus confeitos M&M’s.33 Oferecer qualidade de classe mundial exige uma compreen‑ são aprofundada do que a qualidade é de fato.34 A qualidade pode ser medida em termos de desempenho do produto, atendimento ao cliente, confiabilidade (ausência de falhas ou quebras), conformidade com padrões, durabilidade e esté‑ tica. No começo desta seção, observamos como os hospitais as categorias de emprego de mais rápido crescimento estarão quase todas em serviços e varejo, e as que devem apresentar as maiores quedas estão quase todas na indústria.37 Os servi‑ ços abrangem produtos intangíveis, como seguros, hotelaria, acomodações, cuidados médicos e cortes de cabelo. No contexto competitivo, serviço significa dar aos clien‑ tes aquilo que querem ou de que precisam, quando e onde o quiserem. Assim, o serviço se dedica a atender con tinuamente as necessidades dos clientes para estabelecer relacionamentos duradouros e mutuamente benéficos. O serviço também é uma oferta importante para empresas que vendem bens tangí‑ veis. As companhias de softwares, além de fornecer os progra‑ mas propriamente ditos, podem ajudar seus clientes a identifi‑ car requisitos, configurar sistemas e realizar manutenção. As lojas oferecem um ambiente para compras e atendimento ao cliente, além dos bens em suas prateleiras. Para melhorar o atendimento a uma clientela mais ampla, a rede Best Buy ajus‑ estão usando pesquisas com pacientes para medir a qualidade. Mas um recente estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia indicou que o risco de óbito de um paciente não era significativamente menor nos hospi‑ tais bem classificados, segundo as medi‑ das de qualidade do Medicare.35 E, evidentemente, quando entramos em um hospital, esperamos sair de lá vivos! É só quando vamos além de conceitos amplos e genéricos como “qualidade”, identificando requisitos específicos, é que pode‑ mos identificar problemas, necessidades, estabelecer padrões precisos de desempenho e oferecer alto valor. A economia de serviços alcança todos os setores Como vimos na discussão sobre qualidade, importantes medidas dessa característica muitas vezes dizem respeito ao nível do serviço prestado aos clientes. Essa dimensão da qua‑ lidade é especialmente importante, porque o setor de serviço atualmente domina a economia dos Estados Unidos. O valor dos serviços produzidos naquele país é mais do que uma vez e meia aquele dos bens tangíveis produzidos.36 O número total de empregos em empresas prestadoras de serviços – sem con‑ tar varejo, atacado e funcionários públicos – é quase cinco vezes maior do que o representado pelas empresas indus‑ triais. E esse padrão deve se intensificar. A Secretaria de Esta‑ tísticas Trabalhistas (Bureau of Labor Statistics) projeta que SERVIÇO A velocidade e confiabilidade com que uma empresa fornece o que seus clientes desejam. VELOCIDADE Execução, reação e resultados rápidos e oportunos. COMPETITIVIDADE EM CUSTOS Manter os custos baixos para obter lucros e poder oferecer preços atraentes aos consumidores. A commodity mais valiosa não é a soja, mas, o serviço... É o toque humano que vai impelir nossos modelos de negócio ‘comoditizados’ para o próximo século e além. Sinto-me privilegiado por estar vivo em um momento histórico tão emocionante. Jonathan Hoenig, fundador da Capitalistpig Asset Management38 Cap 01_gestao_BATEMAN.indd 10 08/03/2012 09:53:49 CAPÍTULO 1 | Gestão 11 Unidos era a da Ford, em Atlanta, onde os funcionários precisavam de apenas 15,4 horas para montar um veículo. Com‑ pare esse resultado com a década de 1980, quando os funcionários da GM precisavam de 40 horas para isso.42 Outra medida importan‑ te da velocidade nesse mes mo setor é o tempo que uma empresa leva para ir do conceito do produto à sua disponibilida‑ de nas lojas. Durante a década de 1980, esse prazo ia de 30 a 40 me‑ ses. Atualmente, a Toyota redu‑ ziu o processo para uma mé‑ dia de 24 meses; e precisou de apenas 22 para lançar sua picape Tundra.43 Custos baixos ajudam a vender O Walmart mantém esforços para encontrar novos meios de cortar bilhões de dólares de seus já muito baixos custos de dis‑ tribuição. Ele é líder de seu setor em eficiência de distribuição, mas os concorrentes estão copiando seus métodos. Por isso, a eficiência não lhe confere mais uma vantagem tão grande. Para manter ‑se na liderança, o Walmart incentivou seus for‑ necedores a usar etiquetas de identificação por radiofrequên‑ cia (RFID, radio -frequency identification) nos produtos para permitir identificação instantânea, mas a economia prome‑ tida por esse avançado sistema de rastreamento ainda não se efetivou.44 O Walmart também tentou manter os seus custos baixos por meio de uma distribuição eficiente dos funcioná‑ rios de suas lojas. Adotou, recentemente, um sistema com‑ putadorizado que os distribui com base no faturamento, nas transações, no número de unidades vendidas e no trá‑ fego de clientes de cada loja. O sistema compara sete sema‑ nas de dados sobre essas áreas com o desempenho do ano anterior e usa os resultados para determinar quantos empre‑ gadosserão necessários em cada turno. O objetivo é destacar o número mínimo necessário de trabalhadores, usando a equipe completa apenas nos horários de maior movimento do dia e nos dias de maior movimento da semana e, por isso, o sistema exige maior flexibilidade dos funcionários da empresa.45 Os esforços do Walmart estão voltados para a competi- tividade em custos, que significa manter os custos bai‑ xos o suficiente para que a empresa possa lucrar e estabelecer os preços de seus produtos (bens ou serviços) em níveis atraentes para os consumidores. Os esforços da Toyota para agilizar seu processo de desenvolvimento de produto tam‑ bém estão parcialmente voltados para a competitividade em custos. Aumentar a eficiência de processos por meio de colaboração entre o pessoal de projeto e o de fabricação eli‑ mina etapas e procedimentos desnecessários. Dispensável dizer que, se um produto desejável puder ser oferecido a um preço menor, suas chances de vender serão maiores. Paul Graham testemunhou em primeira mão a maneira como empresas iniciantes costumam praticar, por necessi‑ dade, a competitividade em custos. Sua empresa, a Y Combi‑ nator, financia essas empresas e ele observa como negócios recém ‑fundados mantêm baixas as suas despesas, simples‑ mente porque não têm muito para gastar. O estoque de tecno‑ tou seu ambiente de loja para ser mais convidativo a compra‑ doras. A música em alto volume e a ênfase dada a característi‑ cas de alta tecnologia eram voltadas para homens jovens, mas a rede concluiu que as mulheres influenciam 9 entre 10 com‑ pras de eletrônicos. Por isso, reduziu o volume da música e a intensidade da luz e treinou seu pessoal para conversar com os clientes a respeito do que necessitavam, em vez de simples‑ mente apontar os pontos altos de cada produto. Além disso, a rede também está tentando contratar mais vendedoras.39 Uma dimensão importante da qualidade do serviço é facilitar e tornar agradável para os clientes experimentá ‑lo ou comprar e usar produtos. O Detroit Institute of Arts con‑ tratou recentemente Sven Gierlinger, um gestor da rede de hotéis Ritz ‑Carlton – conhecida por seu excepcional atendi‑ mento – para ser vice ‑presidente de operações museológicas. Enquanto o museu de arte preparava ‑se para uma reinaugu‑ ração de gala depois de passar por uma grande reforma, Gierlinger analisava os tipos de interações com o cliente que ocorriam em um museu, identificando meios de fazer com que a experiência fosse mais agradável. Desenvolveu, além disso, programas para treinar o pessoal em atendimento ao cliente e trabalhou com sua equipe para identificar meios de personalizar os serviços, como a oferta de visitas monitora‑ das ajustadas aos interesses de grupos específicos.40 Faça melhor e mais rápido O Google aprimora constante e rapidamente seu produto de pesquisa. Com efeito, toda a sua cultura se baseia na inovação acelerada. Sheryl Sandberg, uma das vice ‑presidentes da empresa, certa vez cometeu um erro porque estava agindo rápido demais e não pôde se planejar com cuidado. Embora o erro tenha custado alguns milhões de dólares à empresa, o cofundador, Larry Page, reagiu à explicação e ao pedido de desculpas de Sheryl dizendo que estava satisfeito que ela tivesse cometido o erro e que isso demonstrava que ela entendia os valores da empresa. Page lhe disse: “Quero estar à frente de uma empresa em que estejamos nos movendo rápido demais e fazendo coisas demais, em vez de sermos muito cuidadosos e fazermos muito pouco. Se não houver erros desse tipo, quer dizer que não estamos assumindo riscos o bastante.”41 Embora seja improvável que o Google chegue a preferir er‑ ros a ideias que deem dinheiro, a declaração de Page expressou sua compreensão de que, no atual ambiente empresarial, a ve- locidade – a rapidez em execução, reação e resultados – mui‑ tas vezes é o que distingue os vencedores dos perdedores. Com que velocidade podemos desenvolver e lançar um novo produ‑ to? Com que velocidade podemos reagir a pedidos dos clien‑ tes? Estaremos em melhor situação se formos mais rápidos do que os concorrentes – e pudermos reagir rapidamente ao que eles fizerem. A velocidade não é tudo – não podemos nos tor‑ nar descuidados no esforço para chegar em primeiro lugar. Mas, em igualdade nas demais condições, as empresas rápidas têm maiores chances de sucesso, e as mais lentas, de fracasso. Para algumas empresas, a velocidade não é mais apenas uma meta; é uma necessidade estratégica. A velocidade, combinada com a qualidade, é uma indicação de que a empresa está operando com eficiência. No setor automobi‑ lístico, ser cada vez mais rápido é essencial simplesmente para acompanhar os concorrentes. Um estudo recente le‑ vantou que a principal unidade montadora dos Estados Cap 01_gestao_BATEMAN.indd 11 08/03/2012 09:53:49 12 Administração logia da informação de uma empresa nesse estágio pode se resumir a alguns laptops ligados à internet e operando softwa‑ res gratuitos. Graham diz que tempos difíceis podem ser um lembrete aos gestores de que é necessário avaliar se suas despe‑ sas são todas necessárias: “Por que não usar uma redução da atividade econômica como desculpa para eliminar todas as bobagens dispendiosas que estão por aí?”.46 É possível desper‑ diçar dinheiro de incontáveis maneiras, e as economias podem estar nos lugares mais inesperados. É importante que todos na empresa procurem meios de manter os custos sob controle. Gerenciar os custos e mantê ‑los baixos exige eficiência: atingir metas usando os recursos de maneira sábia e minimi‑ zando desperdícios. Às vezes, pequenas coisas podem poupar muito dinheiro, mas os cortes de custos envolvem trade -offs. Isso explica parte do crescimento do mercado de jatos parti‑ culares. Viajar em um jato particular é mais caro do que comprar um bilhete de alguma companhia aérea. Mas, para um executivo altamente remunerado e que viaje com fre‑ quência, o tempo gasto esperando em aeroportos pode resul‑ tar mais dispendioso do que o custo de um jato. Se a empresa puder participar de um serviço como a NetJets, que permite comprar direitos compartilhados de uso de um jato, o preço pode cair e levar a uma solução ainda mais vantajosa.47 Um gestor famoso por lidar bem com esse desafio é Mark Hurd, o principal executivo da Hewlett ‑Packard. Para ele, a operação eficiente é a principal meta de um esforço necessário e cons‑ tante de análise detida de todos os números da empresa para identifica- ção de áreas em que ela possa realizar o que precisa com menos recursos. Por exemplo, a HP aumentou a eficiência de seu grupo de tecnologia da informação (TI) ao reduzir o número de aplicativos de software de 6 mil para 1,5 mil, reduzir data centers (centro de processamento de dados) de 85 para 6 e demitir 11 mil de seus 19 mil funcionários. Da mesma forma, qualquer iniciativa que não prometa retorno apropriado também é cortada. Os críticos questionam se a HP de Hurd está investindo o suficiente em inovação para o futuro, mas, pelo menos no curto prazo, a busca da eficiência permitiu à empresa lidar com tempos difíceis. Durante a recente recessão, a HP previu uma queda das vendas, mas esperava que seus lucros aumentassem. Não é tão estranho quando se pensa que, enquanto reduzia os quadros de departamentos de apoio como a TI, aumentava sua equipe de vendas e a ajudava a concentrar -se nos bens e serviços mais lucrativos da empresa.48 Um motivo pelo qual todas as empresas devem preocu‑ par ‑se com os custos é o fato de que os consumidores podem facilmente usar a internet para comparar os preços de milha‑ res de concorrentes. PriceGrabber, mySimon e Froogle são apenas algumas das ferramentas de busca capazes de gerar listas dos preços pelos quais um produto pode ser adquirido de diferentes fornecedores. Consumidores interessados em comprar itens populares, como câmeras, impressoras e pas‑ sagens aéreas podem ir à rede para pesquisar os melhores modelose negócios. Se não pudermos cortar custos e ofere‑ cer preços atraentes, não poderemos competir. As melhores empresas entregam todas as cinco vantagens Não presuma poder contentar ‑se com a entrega de apenas uma das cinco vantagens competitivas: só baixos custos, ou só qualidade, por exemplo. Os melhores gestores e empre‑ sas entregam todas. O Virginia Mason Medical Center, como muitos hospitais, teve dificuldade para oferecer baixos custos e, ao mesmo tempo, alta qualidade e atendimento superior. A instituição era conhecida pelos cuidados de alta qualidade que prestava, mas estava perdendo dinheiro ao tratar determinados pacien‑ tes. Procedimentos complicados e de alta tecnologia geram maior faturamento, mas não são, necessariamente, aquilo de que um paciente mais precisa. Alguns pacientes podem extrair maior benefício de uma simples consulta médica, mas isso não é tão lucrativo. Por isso, o Virginia Mason estabeleceu uma colaboração com a Aetna, uma seguradora que paga por 10% das atividades do centro médico, e com empregadoras locais para oferecer cobertura aos seus funcionários por meio da Aetna. Juntas, as empresas renegociaram os procedimentos‑ ‑padrão que os médicos deveriam seguir e os preços que a Aetna pagaria, de modo que algumas das condições mais caras poderiam ser tratadas de maneira que, no fim, fossem mais econômicas para assegurar, porém remuneradas a pre‑ ços mais altos e lucrativos para o Virginia Mason. A unidade apresentou o plano aos seus chefes de departamento, aju‑ dando ‑os a entender como suas decisões afetariam o custo dos cuidados prestados. O Virginia Mason também aprimorou sua qualidade com medidas que aumentaram a velocidade, reduzindo o tempo de espera para os pacientes; por exemplo, de 4 horas para 90 minutos, no caso da quimioterapia.49 Podem surgir trade -offs entre as cinco fontes de vantagem competitiva, mas isso não precisa tornar ‑se um jogo de soma zero, no qual uma delas deva ser prejudicada em nome da outra. A Avon concentrou ‑se na economia de custos quan‑ do contratou a IBM Global Services para lidar com tarefas de recursos humanos, como folha de pagamentos e gestão de benefício. Confiar essas responsabilidades a uma empresa especializada em realizá ‑las de forma eficiente também libe‑ ra a Avon para se dedicar à inovação nas áreas que melhor conhece: a venda direta de cosméticos a novos clientes. Como muitos executivos, a CEO da Avon, Andrea Jung, está ciente do potencial da China. Em 1998, o país levantou a proibição às vendas de porta em porta e Jung lançou um esforço de venda de cosméticos a clientes chineses por meio de centenas de milhares de representantes licenciados pelo governo.50 A Avon também explorou a tendência de customização, intro‑ duzindo o Hook Up Connector, um produto cuja embalagem permite que os consumidores acoplem os itens que desejarem uns aos outros, como um batom e um rímel, por exemplo.51 Cap 01_gestao_BATEMAN.indd 12 08/03/2012 09:53:50 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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