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Interpretação e integração da lei penal

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INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL
Para que a lei penal seja aplicada, momento em que a norma jurídica
entra verdadeiramente em contato com a vida, deve antes ser interpretada,
assim como toda expressão verbal do pensamento. Se a lei a ser aplicada
for obscura, incerta ou houver contradição, através da interpretação será
dado a sua significação. Se, porém, a lei está clara, sua interpretação é
instantânea, mas é interpretada. Necessariamente a lei deve ser interpretada.
Através da interpretação é que se conhecerá a real vontade da lei, a
hermenêutica.
A interpretação da lei poderá ser feita:
Quanto ao sujeito que a realiza:
Autêntica - pelo próprio legislador que elaborou o preceito. No próprio
texto da lei, a interpretação é contextual. A interpretação da lei, depois de
pronta, para explicá-la melhor e eliminar eventual incerteza ou
obscuridade, é a autêntica posterior.
Doutrinária - é a interpretação feita pelos escritores de direito ao comentar
às leis.
Judicial - é a que deriva dos órgãos judiciários (juízes e tribunais). É
interpretada apenas para o caso concreto na busca da vontade da lei e,
portanto, não tem força obrigatória.
Quanto aos meios empregados pelo intérprete:
Gramatical ou literal - Primeiramente deve o intérprete observar o que
dizem as palavras. Obs: A análise da norma deve visar o conjunto, ou seja,
não deve limitar-se às palavras, mas obter o significado da norma, sua
finalidade.
Lógica ou teleológica - é a interpretação da vontade ou intenção da lei -
ratio legis. Mas, se ocorrer contradição entre a interpretação gramatical e
lógica, deve prevalecer a que atenda as exigências do bem comum e fins
sociais, que é a interpretação lógica. Para se interpretar a finalidade da lei,
sua razão finalística, os elementos assume também importância: elemento
sistemático: revela a coerência entre a lei interpretada e as outras normas, o
conjunto como um todo. O elemento histórico considera a origem da lei,
sua evolução e as transformações por que passaram para que as leis se
aperfeiçoassem. O direito comparado confronta o nosso direito com o
direito estrangeiro e com isso se beneficiando do conhecimento das
semelhanças e diferenças entre as leis. Elemento extrapenal é o ajustamento
da lei dentro do direito. Extrajurídico, o intérprete vai buscar em outras
áreas, como a psiquiatria, a antropologia etc., os conhecimentos necessários
à formação do juízo interpretativo, a exemplo do conceito de doença
mental, art. 26, do CP.
Quanto ao resultado da interpretação:
Declarativa - a interpretação traduz exatamente a vontade da lei, sem
restringir, nem ampliar. o significado está apenas oculto.
Restritiva - a interpretação restringe o alcance das palavras da lei até a sua
realidade, por dizer a lei mais do que pretendia dizer.
Extensiva - a interpretação é ampliada para corresponder à vontade da lei,
por o texto dizer menos do que pretendia.
In dubio pro reo: Se, ao final, apesar da hermenêutica, persistir dúvida
quanto à vontade da norma, o intérprete deve resolver a questão de forma
mais favorável ao réu. Ou seja, esgotados todos os meios interpretativos e a
vontade da lei não se tornar nítida, a interpretação deverá seguir, entre o
princípio do in dubio pro societate - na dúvida deve julgar a favor da
sociedade, contra o réu, e o in dubio pro reo - na dúvida deve julgar a favor
da réu. Este é que deverá ser admitido como princípio.
Integração da norma penal
Depois de esgotados todos os meios interpretativos da norma, esta
apresentar lacuna, deve o aplicador supri-la através da integração da norma
penal: a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito, consoante
art. 4º da LICC. Isto ocorre porque a legislação não consegue abranger
todas as hipóteses da vida, devido as constantes renovações por que passa
a sociedade, tornando as leis insuficientes. Nesse caso a solução deve vir do
próprio direito que dispõe desses meios científicos, o que não é permitido é
o juiz escusar-se de sentenciar ou despachar alegando omissão da norma.
Portanto, a ordem jurídica não tem lacuna, pois se integra através de
processos científicos, mas a lei tem lacuna que deve ser suprida através da
integração da norma.
As normas penais incriminadoras, que descrevem crimes e impõem
sanções, se regem pelo princípio da legalidade, portanto, não há lacunas na
lei penal incriminadora. Não há crime sem lei anterior que o defina; não há
pena sem prévia cominação legal.
Analogia - É o primeiro recurso a ser utilizado na solução do
problema em caso de autointegração da norma penal. A lei deve reger a
espécie, mas em sua falta aplicam-se as disposições aos casos análogos,
não as havendo, aplica-se o costume, e não havendo, os princípios gerais de
direito.
Consiste a analogia em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a
disposição relativa a um caso semelhante. A analogia deverá
fundamentar-se na própria lei.
A analogia não cria direito novo, aplica o direito já existente aos casos
semelhantes e não previstos em lei.
Espécies de analogia: in bonam partem e in malam partem.
A analogia in bonam partem é aquela em que, na integração da lei, o
sujeito é beneficiado pela sua aplicação.
A analogia in malam partem é aquela em que o sujeito é prejudicado pela
integração da lei. Todavia, a sua aplicação é proibido.
O costume é fonte formal mediata e consiste no conjunto de normas
comportamentais que as pessoas obedecem pela convicção de sua
obrigatoriedade de maneira uniforme e constante. O costume pode ser
contra legem, secundum legem e praeter legem.
Os princípios gerais do direito também são fontes mediatas e
preenchem as lacunas da lei pelos princípios morais informadores da
legislação.

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