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Qual a postura ideal para correr? S U M Á R I O 03. Existe postura ideal? 05. Pilares do corredor 15. Principais ajustes 28. Exercícios corretivos 37. Conclusão A resposta mais correta a essa pergunta é: NÃO. Isso até pode deixar alguns corredores decepcionados, mas é a mais pura verdade. Somos seres humanos únicos, e as características de cada pessoa, como as capacidades físicas, biotipo e histórico impactam diretamente num melhor movimento. Por isso, a busca não deve ser pela postura ideal, e sim a melhor postura que você pode chegar. E é sobre isso que vamos falar nesse ebook. EXISTE POSTURA IDEAL PARA CORRER? Quando pensamos numa postura ideal para correr, temos que ter em mente desde o início que se trata de uma construção como corredor. Elementos que irão ajudar na melhor técnica devem ser trabalhados de forma gradual. Querer corrigir a posição de braços, tronco, pernas, tudo numa mesma sessão, além de confuso na hora de executar, também não é eficiente. Além disso, mesmo seguindo um passo a passo, é necessário que as análises posturais façam parte de forma periódica na rotina do corredor. Exercícios para postura NÃO SÃO REMÉDIO. Caso elas não sejam trabalhadas regularmente, a evolução já adquirida pode recuar. Mas como trabalhar a evolução e manutenção da técnica? A resposta: PILARES DO CORREDOR. O corredor que deseja evoluir em sua postura com certeza deverá ter em mente esses pilares. Eles são os responsáveis, de forma direta ou indireta, pela evolução na técnica da corrida. PILARES DO CORREDOR COORDENAÇÃO FLEXIBILIDADE E MOBILIDADE FORÇA MUSCULAR TÉCNICA DE CORRIDA EDUCATIVOS DE CORRIDA FORÇA MUSCULAR Muitas vezes essa relação não é feita de imediatamente, mas músculos fortes e potentes são um requisito essencial para uma postura técnica ideal na corrida. Para que o corredor tenha a capacidade de fazer um movimento amplo, distribuindo o impacto de forma equilibrada, e ativando os músculos na hora certa, é preciso força muscular. Caso contrário, a fadiga e o cansaço chegarão rapidamente. Por isso, é muito comum notar pessoas que no intuito de economizar energia para correr, seja por falta de técnica ou força muscular, acaba mudando o gesto na corrida, prejudicando à postura ideal. Uma saída rápida dos pés quando toca o solo, uma boa amplitude de pernas durante a corrida, um tronco bem postado ... são todas ações importantes para correr melhor, mas que exigem essa capacidade do corredor. FLEXIBILIDADE E MOBILIDADE Todos os 5 pilares são importantes para alcançar a postura ideal para correr. Porém, essa é uma das principais, juntamente com a força muscular. O corredor sem flexibilidade, por mais força que tenha, dificilmente conseguirá ter um movimento harmonioso. Isso porque um músculo "travado" acaba não tendo amplitude, requisito essencial para alcançar a excelência na técnica. Já a mobilidade é algo mais amplo e está ligada a capacidade de gerar pequenas e grandes amplitudes nas articulações e não apenas nos músculos, como é o caso da flexibilidade. Um caso típico e que afeta diretamente um dos gestos mais importantes na corrida: a inclinação do tronco à frente. Falaremos dele nas próximas páginas, mas para sua execução adequada, não basta de pernas alongadas. É necessário também ter mobilidade de tornozelo. VIU COMO TER UMA POSTURA IDEAL NÃO É SIMPLES? COORDENAÇÃO Uma das capacidades físicas que pouco se fala, porém tem um papel fundamental numa postura ideal na corrida. Apenas um corredor com uma coordenação motora bem desenvolvida conseguirá aplicar ajustes em sua técnica (que falaremos a seguir) sem tensionar músculos desnecessariamente. Portanto, a coordenação motora deve fazer parte de qualquer programa que visa desenvolver uma postura ideal para correr. EDUCATIVOS DE CORRIDA Um dos pontos mais polêmicos entre treinadores se refere a eficácia dos educativos de corrida para melhorar a postura técnica ao correr. Apesar de amplamente utilizado, não há estudos que comprovam a transferência automática de melhora após praticar essas técnicas. Isso quer dizer que devo parar de fazer educativos de corrida? DE FORMA ALGUMA! Os educativos de corrida, além de fazerem o papel de aquecimento antes de um treino, também ajudarão a ativar os músculos e a parte cognitiva antes de começar a correr. Isso ajudará muito o corredor a iniciar seu treino mais preparado para adotar uma melhor postura logo nos minutos iniciais, pois os músculos estarão mais "ligados". Além disso, os educativos de corrida são um tipo de exercício de coordenação motora. TÉCNICA DE CORRIDA E o último pilar do corredor também é o mais específico: a postura na corrida. Através de uma videofilmagem e/ou observações específicas de um treinador, o corredor conseguirá observar na prática os pontos mais fracos de sua técnica, e realizar ajustes específicos, seja na flexibilidade, força ou coordenação. Mas quais os principais ajustes a serem feitos? É o que vamos explicar à partir de agora. Agora que você já sabe quais são os principais pontos que fazem uma boa postura na corrida, vamos destacar quais as referências que devem ser utilizadas. Porém, como falamos antes: NÃO EXISTE postura ideal para correr. Mas todo corredor tem capacidade de melhorar a sua técnica. O objetivo sempre deve ser avaliar sua evolução, e não traçar parâmetros com os maiores maratonistas do mundo, por exemplo. São dicas simples, mas que podem fazer uma diferença enorme na sua corrida. PRINCIPAIS AJUSTES Quando pensamos em corredores de ponta, ou aquele seu amigo que corre “bonito”, é difícil lembrar como um ponto importante para a técnica da corrida os movimentos e participação dos braços. Naturalmente, nossa atenção se volta principalmente na amplitude e cadência de pernas (que detalharemos a seguir). Nesse cenário, esquecemos que a parte superior, principalmente braços, é tão importante para sua corrida como os membros inferiores. Faça um exercício: experimente correr com os braços parados ao lado do corpo. Você poderá observar o quanto é difícil, ineficiente e como seu corpo tem dificuldade de se equilibrar. BRAÇOS Portanto, o movimento dos braços na corrida tem um papel muito importante. Quando suas pernas estão cansadas, os braços passam a ter uma ação ainda mais relevante, pois continuam a impulsionar o movimento a frente, trabalhando mais ativamente para compensar o desgaste de pernas. Interessante, não? Um dos pontos onde a participação dos braços na corrida é mais ativa é durante um treino de subida. Nessas condições, os nossos pés tendem a passar muito mais tempo em contato com o solo, comparado ao plano e a descida. Em resumo, nos tornamos mais lentos. Nessa hora, ter mais força de membros superiores, visando impulsionar com mais facilidade o corpo à frente, se torna fundamental. É aí que os braços têm um papel importante, pois eles farão essa projeção e impulso de forma mais intensa. Esse trabalho será feito em conjunto e sincronia com as pernas, que realizam um movimento menos amplo na subida. Isso deixa o trabalho de braços ainda mais visível. POSIÇÃO IDEAL: Braços flexionados e compactos, num ângulo próximo de 90º e as mãos ligeiramente posicionadas acima dos cotovelos, e próximos ao peito. A posição do tronco na corrida é uma das coisas mais importantes para evoluir a técnica como corredor. Muitos acreditam que o posicionamento do corpo deve ser reto, mas na realidade é exatamente o contrário. A corrida é o deslocamento do corpo para frente. Portanto, para que haja uma postura ideal, é necessário uma ligeira inclinação do corpo. Isso evitará que o corredor salte excessivamente, deixando-o mais próximo do asfalto, o que permite maior possibilidade de ser mais veloz. Mas vale uma observação. Para que isso ocorra, é necessária essa ligeira inclinação à partir do tornozelo, e não do quadril, o que forçaria demais a região lombar. TRONCO Para alcançar essa posição de forma natural, é necessário que o corredortrabalhe no alongamento e mobilidade do corpo todo, com destaque para maior flexibilidade da panturrilha e posteriores de perna, e maior mobilidade da região do tornozelo. Outro ajuste que pode ajudar na inclinação adequada do tronco é correr inicialmente ao lado de um espelho - caso esteja na esteira - ou procurar olhar os pés, que devem aterrissar em baixo do corpo. Dificilmente um corredor que não pisa embaixo do seu corpo conseguirá alcançar uma inclinação correta. POSIÇÃO IDEAL: Tronco ligeiramente inclinado à partir do tornozelo, aterrissando o pé embaixo do corpo e não a frente. Uma das questões de maior polêmica no gesto técnico da corrida é o movimento de pernas. É muito comum ouvir, inclusive de treinadores, frases como "eleva mais o joelho!" ou "amplia mais a passada! ". Esse erro na abordagem de onde o problema deve ser corrigido acaba dando uma referência equivocada para ajuste. Primeiro, em relação a elevar o joelho para corrigir a técnica: É um ajuste errado. Quando vemos a foto acima e notamos o corredor com a perna mais recolhida, compacta e o joelho com ótima elevação, quase na altura do quadril, podemos imaginar que, para alcançar essa postura, temos que subir mais o joelho durante o movimento. MOVIMENTO DE PERNA Porém, essa postura é decorrente de dois movimentos: pisar embaixo do corpo e impulsionar a saída com a ponta do pé. Quando o corredor pisa embaixo do corpo durante o movimento da corrida, a tendência natural para realizar o deslocamento à frente é impulsionar empurrando o solo. Dessa forma, os pés finalizam o movimento e acabam ficando para trás na fase final de saída, como mostra a foto. Isso fará com que naturalmente o corpo tenha que "puxar" a perna para continuar o movimento, o que gera essa perna mais recolhida e compacta, dando fluidez e equilíbrio na corrida. Realizar de forma gratuita a ação de elevar o joelho ou ampliar a passada, sem considerar ponto de aterrissagem, inclinação do corpo e a finalização dos pés empurrando o solo tem consequências importantes. A primeira é uma maior tendência de "verticalizar" a corrida. Isso quer dizer que o corredor acaba se deslocando menos à frente, gerando menos velocidade, A segunda tem relação com a foto acima. Sem observar os ajustes certos, o corredor pisará à frente do corpo. Isso acaba sobrecarregando mais as pernas, pois acaba gerando um movimento de frenagem antes do impulso. De fato, tudo o que foi relatado em termos de ajuste não tem relação apenas com a movimentação das pernas. Sincronizar as ações de braços, troncos e pernss será determinante para o sucesso e evolução da postura na corrida. No próximo capítulo, vamos destacar exercícios que ajudam ne nesse objetivo. Mas antes, valem dois destaques finais que também devem ser considerados: cadência e amplitude de passada. Cadência é o número de passadas por minuto que o corredor executa na corrida. Isso é extremamente importante, pois uma estimativa abaixo do ideal pode comprometer todos os ajustes a serem feitos. CADÊNCIA E AMPLITUDE Abaixo de 80 passadas – É considerada uma baixa cadência. Pode ser decorrente de oscilações verticais acima do adequado (correr saltando), velocidade muito baixa ou o corpo se “esparrama” muito quando toca o solo, ficando mais tempo em contato com o chão do que o necessário. Entre 81 a 85 passadas – É considerada regular, que precisa ser melhorada. Ajustes simples, como realizar uma passada mais curta, ou inclinar o corpo um pouco mais à frente, será suficiente para melhorar essa cadência na corrida. Entre 86 e 90 passadas – o número ideal, principalmente para corredores amadores Acima de 90 passadas – se você não for um corredor de elite, cuidado. Esse número pode indicar uma passada excessivamente curta. Já na questão da amplitude da passada, três pontos devem ser levados em consideração: altura do corredor, tronco muito alongando e pernas mais curtas. Em geral, a amplitude da passada em terrenos planos deve ficar entre 1 a 1.20cm. Essa medida está disponível principalmente em relógios de corrida mais avançados, que podem fornecer ainda, dependendo do modelo, o tempo de contato com o solo e a oscilação vertical do corredor durante à corrida. Portanto, o ideal é entender o seu biotipo e controlar o ajuste da cadência e amplitude na corrida sempre em conjunto. RESUMO: PRINCIPAIS AJUSTES Observar cada vez mais seu corpo e a forma como se corre fará a diferença crucial. Mas nessa busca pela postura ideal, existe uma série de exercícios que poderão ajudar nessa jornada. Existem uma série de educativos de corrida. Porém, optamos por separar os principais para você. Eles podem ser feitos em sessões específicas de coordenação, ou como parte do aquecimento. Essa estratégia também contribui para conscientizar o corredor a adotar mais rapidamente uma técnica melhor logo nos primeiros minutos de treino. EXERCÍCIOS CORRETIVOS SKIPPING Um dos melhores educativos de corrida, pois trabalha inúmeros aspectos importantes para um corredor, e tem baixo grau de dificuldade. Seu principal objetivo é: melhorar a coordenação braços e pernas, posicionar braços de forma mais compacta e trabalhar a entrada e saída mais rápida do pé no solo. Um dos erros mais comuns nesse exercício é deixar o braço "solto" ou movimentando para cima e para baixo. Isso reduz a melhor postura. Para executar, deixe seu corpo ligeiramente inclinado e inicie movimentos curtos e rápidos de deslocamento, movimentando o braço para frente e para trás num ângulo de 90 graus. As pernas devem trabalhar em sincronia, elevando o joelho até a linha do quadril. Uma variação importante desse movimento é fazê-lo de forma unilateral, com a elevação focada apenas em uma perna, porém mantendo o movimento dos braços. Isso ajudará no desenvolvimento e controle multimembros. ANFERSEN Exercício bem conhecido dos corredores, seu objetivo é trabalhar a inclinação do corpo à frente a partir do tornozelo. Além disso, estimula maior ativação da parte posterior de pernas e glúteos. Esse movimento é muito importante para o corredor, pois muitos acreditam erroneamente que devem correr “retos”, com o corpo verticalizado. E como já explicamos detalhadamente nesse ebook, a corrida se torna muito mais eficiente quando o corpo está ligeiramente inclinado, pois favorece o impulso à frente, evitando saltos para cima durante a corrida. Para executar, deixe seu corpo ligeiramente inclinado e inicie movimentos curtos e rápidos de deslocamento, elevando seus calcanhares em direção ao glúteo. Ao mesmo tempo, você deve posicionar seus braços na mesma posição do skipping, sincronizando braços e pernas. Vale a observação que essa postura mais “reta” citada anteriormente é muito comum para quem corre na esteira. O motivo: painel acaba criando uma barreira psicológica, que “empurra” o corredor para trás. Por isso, deve ser dada atenção redobrada a corrida nesse local. HOPSERLAUF Apesar de muitos corredores e técnicos conhecerem e realizarem esse exercício, a verdade é que grande parte desconhece seu real objetivo. O Hopserlauf tem como foco trabalhar uma maior sustentação do corpo durante a corrida. Isso evita que o corredor corra “sentado” em cima do quadril e sobrecarregue membros inferiores. Além disso, ele desenvolve maior força de explosão e impulso para as pernas, desde que executado de forma correta, realizando seus saltos em diagonal. Execução: Realize um salto para frente, coordenando braços e pernas para que eles se projetem de forma alternada (Por exemplo, braço direito e perna esquerda). O joelho deve ser elevado ligeiramente acima do quadril e os braços devem realizar uma ação mais vigorosa, projetando-se para frente e para cima. Um erro muito comum é deixar os braços soltos, relaxados durante o movimento. Procure manter o mesmo compacto, quase na mesma posição do SKIPPING e ANFERSEN HOPE Exercício de alto grau de dificuldade na execução, o Hope irá trabalhar, assim como o Skipping,a coordenação de braços e pernas de forma ainda mais desafiadora, ao mesmo tempo em que trabalha a saída de pés de solo de forma mais rápida e potente. Para executar, deixe seu corpo ligeiramente inclinado e inicie movimentos curtos e rápidos de deslocamento, movimentando o braço para frente e para trás num ângulo de 90 graus. A maior diferença em relação ao Skipping se dá no trabalho de pernas, que será mais rápido e explosivo, exigindo muito mais coordenação. Quando o pé de uma das pernas toca o solo, a outra deve estar em movimento de impulso. Isso reduzirá muito o tempo em que ficará em contato com o chão. Por ser um exercício mais avançado, é sugerida a orientação de um treinador de corrida especializado para ajudar na execução. A busca da postura ideal para correr não deve ser vista como receita de bolo ou mesmo um remédio, onde você aplica apenas uma vez a "fórmula" e o problema está resolvido. Evoluir tecnicamente como corredor é uma construção, e só uma combinação de fatores como exercícios regulares, observações visuais com certa regularidade e apoio de um treinador de corrida, guiará o melhor caminho para a evolução. Esperamos que esse ebook tenha ajudado você a entender melhor onde sua corrida pode melhorar, e lembrar sempre: O ideal não existe, mas o aprimoramento pode acontecer sempre. Só depende de você. CONCLUSÃO O treinador Darlan Duarte é Co- Fundador da Pacefit Assessoria Esportiva. Trabalha com corrida de rua há quase 20 anos. Pós-graduado em Biomecânica do Esporte e Treinamento Desportivo na Faculdade Metropolitana Unida (FMU), já treinou mais de 1000 corredores, entre 5km e Ultra maratona. Como corredor, já correu provas como a Maratona de Berlin, Uphill (Maratona de subida) e Rio de Janeiro, além de diversas Meias Maratonas e provas de 5 e 10km. Também é palestrante e ministra cursos de capacitação técnica para estudantes e educadores físicos há mais de 10 anos. SOBRE O AUTOR C O N T A T O TELEFONE INSTAGRAM FACEBOOK SITE (11) 98552-7141 @pacefit facebook.com/pacefit www.pacefit.com.br https://www.pacefit.com.br/