Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

G
RU
PO
 SER ED
U
CACIO
N
AL
gente criando o futuro
TEORIA E 
FUNDAMENTOS DE 
NATAÇÃO E LUTAS
TEO
R
IA E FU
N
D
AM
EN
TO
S D
E N
ATAÇÃO
 E LU
TAS
MARCELO GUIMARÃES SILVA
MARCELO GUIMARÃES SILVA
TEORIA E 
FUNDAMENTOS DE 
NATAÇÃO E LUTAS
ISBN 978-65-990685-3-9
9 786599 068539
Curitiba
2022
Teoria e 
Fundamentos de 
Natação e Lutas
Marcelo Guimarães Silva
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
S586t Silva, Marcelo Guimarães
Teoria e fundamentos de natação e lutas /Marcelo Guimarães Silva. – 
Curitiba: Fael, 2022
322 p. : il.
ISBN 978-65-990685-3-9
1. Educação física – Estudo e ensino 2. Natação 3. Lutas (Esporte) 
I. Título
CDD 796.07
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Valmera Fatima Simoni Ciampi
Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Ser Educacional
Arte-Final Hélida Garcia Fraga
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Metodologia do ensino da natação | 7
2. Princípios do treinamento aplicados à natação | 39
3. Regras competitivas da natação | 69
4. Técnicas Introdutórias ao Salvamento 
e ao Socorrismo Aquático | 99
5. Fundamentação, organização e estruturação 
relacionados às lutas | 129
6. Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas | 153
7. Fundamentos teórico-práticos das lutas | 173
8. Tipos de Lutas | 197
9. Movimentações utilizadas nas lutas | 221
10. Preparação física aplicada às lutas | 255
Gabarito | 289
Referências | 309
Prezado(a) aluno(a),
Esta obra tem como principal objetivo abordar aspectos 
que tangem ao ensino e à prática de duas importantes moda-
lidades esportivas, que têm tido nos últimos anos um enorme 
crescimento em número de praticantes no mundo todo, sobre-
tudo no Brasil.
Dividida em dez unidades, a obra mergulha em um universo 
de possibilidades para a atuação do profissional de Educação 
Física, que muitas vezes não se sente tão preparado para atuar 
em ambas as áreas, de natação e/ou lutas.
O fato é que, explorar conceitos, metodologias, enfim, os 
principais aspectos que cerceiam o ensino dessas modalidades, 
torna o futuro profissional de educação física mais bem pre-
Carta ao Aluno
– 6 –
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
parado para o mercado de trabalho, em uma base de formação sólida, e 
conectada ao que o mercado atual demanda.
Que esta leitura seja importante para sua formação acadêmica, e que 
sirva como base para que sua atuação seja mais bem consolidada, conec-
tada a partir de um contexto mais dinâmico.
Boa Leitura.
Atenciosamente,
Prof. Marcelo G. Silva
1
Metodologia do 
ensino da natação 
A natação pode ser compreendida como uma prática humana 
que visa o deslocamento na água ao utilizar movimentos coorde-
nados sem o uso de material flutuante. Embora existam muitos 
conceitos acerca dessa modalidade esportiva praticada no meio 
aquático, o mais importante é entender o processo de maneira 
geral que leva o ser humano a deslocar-se em água, as técnicas 
utilizadas para tal, bem como meios e métodos de trabalhar o 
aprendizado e o aperfeiçoamento dessas técnicas.
O propósito deste capítulo é apresentar a técnica conside-
rada a mais correta possível, que deve ser utilizada na inicia-
ção dessa modalidade tanto nas fases de aprendizado, quanto 
nas fases de aperfeiçoamento. Dessa forma, serão analisados os 
diferentes aspectos e maneiras de controlar o corpo, posiciona-
mentos e coordenação entre braços e pernas, saídas e viradas, 
isto é, elementos fundamentais para que o indivíduo consiga se 
deslocar no meio aquático de forma correta a partir da técnica 
específica de cada nado.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 8 –
1.1 Aplicação da natação e seus diversos âmbitos
Antes de tratarmos da metodologia da natação, é importante entender 
um pouco mais acerca da modalidade em suas diferentes possibilidades de 
inserção. Andries Júnior e Dunder (2002) descrevem um aspecto importate 
a ser considerado sobre as fases que o individuo deve dominar antes de ini-
ciar a aprendizagem dos nados em si, as quais se resumem em: os primeiros 
contatos com a água, a respiração, a flutuação, a propulsão e a entrada na 
água. Após essas fases é que, segundo os autores, poderão ser introduzidos 
os aprendizados específicos dos estilos de nados propriamente ditos.
A estrutura de ensino-aprendizagem desse esporte apresentada por 
Burkhardt e Escobar (1985) pode ser visualizada como uma pirâmide, 
possibilitando entendimento das capacidades, com a necessidade de uma 
base forte (elementar utilitária) com envolvimento de todos os proces-
sos iniciais da modalidade (movimentos básicos, adaptações, segurança, 
maneiras de autosalvamento e salvamento de demais), seguida para uma 
progressão da prática formal competitiva do esporte. Se assim for o desejo 
do indivíduo, ele será capaz de evoluir até o alto rendimento esportivo.
Ainda de acordo com esses autores, os três níveis de ensino citados 
anteriormente possuem estruturas semelhantes dependentes do nível de 
base possuída pelo indivíduo, como aspectos de coordenação, percepção 
corporal, expressão corporal e progressão de complexidade em função dos 
objetivos solicitados pelo aluno. Nesse sentido, vemos a natação esportiva 
(formal ou competitiva) apoiada no ensino-aprendizagem de esquemas de 
movimentos de maneira padronizada (características dos quatro estilos de 
nados: crawl, costas, peito e golfinho), e demais técnicas comuns do esporte, 
como saídas e viradas para estar habilitado a participar de competições.
1.2 Meios e métodos do ensino da natação
De forma global, o ensino da natação tem se caracterizado pela sis-
tematização de rotinas das chamadas “sequências pedagógicas” com-
postas por conteúdos pré-determinados para o aprendizado técnico dos 
quatro estilos da natação competitiva, conforme descrito por Fernandes 
e Lobo da Costa (2006).
– 9 –
Metodologia do ensino da natação 
Sendo assim, é importante observar que, dentro desse processo pedagó-
gico, uma das funções do professor e/ou treinador é proporcionar ao aluno/
atleta o conhecimento e a execução de uma tarefa, ou seja, possibilitar-lhe 
estabelecer uma relação com o que foi ensinado, em um contexto no qual a 
prática pedagógica seja desenvolvida de forma consciente, planejada, estru-
turada, organizada e sistematizada, visando adequar os conteúdos e seus 
objetivos à realidade e possibilidade do aluno/atleta e ao ambiente.
Embora tenhamos diferentes métodos no processo ensino-aprendiza-
gem da natação, na atualidade, ressalta-se duas correntes como as principais 
de acordo com Caetano e Gonzalez (2013). A primeira, tecnicista, é aquela 
na qual o conteúdo é fragmentado e dividido em níveis de dificuldade e, a 
segunda, considera o processo de adaptação e familiarização ao meio aquá-
tico como parte do conteúdo na aprendizagem do nadar. Fernandes e Lobo 
da Costa (2006) defendem uma outra maneira de organizar os conteúdos por 
meio da pedagogia, compreendida como os métodos e estratégias utilizados 
a fim de obter uma melhor assimilação do conteúdo por parte dos alunos, 
dentre as quais se destacam: a global, a analítica e a moderna.
É importante destacar que a pedagogia global é caracterizada pelo 
aprendizado através da prática, no qual o professor/treinador se torna 
ausente no processo de aprendizagem. Na pedagogia analítica, o professor/
treinador organiza uma sequência, introduzindo o ensino dos movimentos 
fora do ambiente aquático de forma isolada (parte por parte). A pedagogia 
moderna é uma junção das pedagogias global e analítica, organizando o 
conteúdo do simples para o complexo, por meio da práxis pedagógica.
Outras maneiras ou métodos a serem desenvolvidos no processo 
ensino-aprendizagem da modalidade podem ser aplicados. De acordo com 
Krug e Magri (2012), temos o global, o analítico e o analítico progressivo, 
métodos que corroboram,em grande parte, por aqueles defendidos por 
outros autores, entre os quais estão Fernandes e Lobo da Costa (2006). 
Por outro lado, Xavier (1986) traz uma das abordagens mais utilizadas 
no âmbito esportivo que também é amplamante adotada no processo de 
ensino-aprendizagem da natação, que consiste em três correntes de ensino, 
a destacar: a global, a analítica e a mista. Contudo, os autores fazem 
diversas subdivisões da analítica.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 10 –
Nesse sentido, Krug e Magri (2012), Machado (2004) e Xavier (1986) 
defendem que a corrente global tem como premissa, dentro do processo 
ensino-aprendizagem, considerar o comportamento instintivo do sujeito, 
em que procura a resolução dos problemas que surgem. Além disso, de 
forma geral, as tarefas a partir dessa concepção ocorrem sem uma frag-
mentação de gestos motores, sendo executadas em sua totalidade ao con-
textualiar os movimentos com o nado.
Na corrente analítica, conforme mencionado por Krug e Magri (2012), 
Machado (2004) e Xavier (1986), há fragmentação dos movimentos do 
nado, posto que a ação é trabalhada em partes, e, ainda nessa corrente, 
os movimentos que compõem o nado podem ser trabalhados de várias 
formas a partir de uma visão analítica. De certa forma, pode-se trabalhar 
com todas as partes de forma isolada e, posteriormente, uni-las; pode-se 
trabalhar com duas partes e depois uni-las, ou, ainda, trabalhar com uma 
terceira separadamente e depois uni-la às outras duas; pode-se trabalhar 
determinada parte, somar uma outra, trabalhar com as duas unidas e ir adi-
cionando outras partes seguindo esse mesmo processo, bem como traba-
lhar com qualquer parte do nado isoladamente de modo independente das 
outras partes. Portanto, essa corrente corresponde a um ensino sistemati-
zado de maneira que os movimentos podem ser ensinados, inclusive, fora 
d’água de maneira fragmentada, o que torna o nado apenas movimentos 
mecânicos descontextualizados e/ou isolados.
Por fim, há a corrente conhecida como mista, a qual é composta pela 
combinação da global e da analítica (XAVIER, 1986). Essa corrente tem 
como premissa central a de mesclar ambas, podendo trabalhar o nado 
completo, assim como em determinados momentos realizar sua fragmen-
tação para dar ênfase a algum gesto específico.
 Saiba mais
Machado (2004) descreve que a didática do ensino da natação 
requer uma sequência pedagógica. Assim, a aprendizagem 
pode ser subdividida em: adaptação ao meio aquático; respi-
ração e flutuação; noções de deslizes; propulsão utilizando as 
pernas; propulsão utilizando os braços; coordenação; mergulho 
elementar; avaliação de habilidades. Independentemente do 
– 11 –
Metodologia do ensino da natação 
método ou concepção de ensino adotada, faz-se essencial que 
uma sequência pedagógica seja estabelecida, pois será ela que 
norteará o trabalho do professor/treinador.
Por fim, Caetano e Gonzalez (2013) trazem um outro método conhe-
cido como ABC, sendo ele dividido em três tipos de tarefas e técnicas: 1) 
as fechadas (são técnicas estáveis, que não sofrem variação e representam 
a base do aprendizado); 2) as abertas (são técnicas que podem ser modifi-
cas ou variadas); 3) as estratégias abertas (é a adaptação das técnicas em 
situações complexas). Vale ressaltar que, nessa concepção, o ensino da 
técnica só é importante quando o nadador se encontra em um estágio de 
especialização ou de aperfeiçoamento do estilo. Antes dessa fase, é impor-
tante que o nadador experimente um leque de possibilidades de movimen-
tos no intuito de aumentar as possibilidades das habilidades motoras.
1.2.1 Etapas e fases pedagógicas 
no ensino da natação
As fases pedagógicas podem ser categorizadas em etapas de aprendi-
zagem e de condicionamento físico. Em ambas etapas, segundo Machado 
(2004), o trabalho de aprendizagem e condicionamento físico acontecem 
simultaneamente. No entanto, na primeira etapa, o foco, como o próprio 
nome já diz, é a aprendizagem de gestos e movimentos técnicos pertinen-
tes à execução dos nados, assim como na segunda, em que o foco passa a 
ser o desenvolvimento do condicionamento físico do sujeito.
A literatura apresenta as fases pedagógicas, as quais geralmente são 
classificadas como: adaptação, iniciação, aprofundamento e treina-
mento. Ainda de acordo com o autor, a adaptação é uma fase caracterizada 
por proporcionar aos alunos uma aproximação inicial ao meio aquático e é 
direcionada para aqueles alunos que não têm o domínio do próprio corpo 
nesse meio. Segundo Fernandes e Lobo da Costa (2006), essa fase deve 
proporcionar ao aluno a perspectiva de dominar todos os movimentos pos-
síveis para que ele possa gozar de suas expectativas e objetivos pessoais.
Machado (2004) menciona que, nessa fase, são trabalhados e explo-
rados seis fundamentos: os primeiros contatos com a água, a respiração, a 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 12 –
flutuação e a sustentação, a propulsão e o mergulho elementar. Em seguida, 
temos a iniciação, que, de acordo com Machado (2004), é a fase em que 
os alunos vivenciam o processo de aprendizagem dos quatro estilos, bem 
como as regras referentes a cada estilo, além dos nados, as suas saídas e 
viradas. Na fase de aprimoramento/aprofundamento, Machado (2004) cita 
que há o aprimoramento e o aperfeiçoamento dos quatro estilos de nado, 
assim como das técnicas de saída, viradas e do nado medley. Além disso, 
passa ser trabalhado o desenvolvimento do condicionamento físico. Na 
fase de treinamento, ainda de acordo com o autor, é onde são vivenciados 
os aspectos focados aos detalhes da fase anterior (aprimoramento) com o 
foco, sobretudo, no condicionamento físico.
1.3 Aspectos técnicos específicos dos 
nados: crawl, peito, costas e borboleta
Nesta seção, serão apresentadas as técnicas específicas de cada um 
dos estilos da natação, mais especificamente, das técnicas de cada um des-
tes quatro estilos: crawl, peito, costas e borboleta, analisando os movi-
mentos da pernada, da braçada e da respiração, com o objetivo de elucidar 
a coordenação do nado completo.
1.3.1 Técnica do nado crawl
Esse estilo é conhecido no mundo todo por ser de mais fácil apren-
dizagem, sendo, atualmente, a modalidade de nado praticada nas provas 
de nado livre. A técnica do nado crawl é conhecida por ser a mais rápida 
de todas e Machado (2004) descreve sua análise técnica a partir dos 
seguintes elementos: 1) posição do corpo; 2) trabalho das pernas; 3) 
trabalho dos braços; 4) respiração. Nesse sentido, é importante obser-
var, em primeiro lugar, a posição do corpo que deve ser rente à super-
fície, de forma que ele esteja o mais paralelo possível à linha da água. 
Nesse contexto, a capacidade de flutuação do nadador deve ser levada 
em consideração, além da influência dos movimentos de seus braços e de 
suas pernas na manutenção da posição do corpo. Ainda de acordo com 
o autor, para que o nado seja, de fato, eficiente, é preciso que o corpo 
– 13 –
Metodologia do ensino da natação 
realize um movimento de rotação, também chamado de rolamento, que 
auxilia na propulsão das pernas, na eficiência da fase submersa e no rela-
xamento da fase aérea da braçada (MACHADO, 2004).
Vale ressaltar a importância da rotação do tronco, a qual deverá ser 
realizada através do ombro, do quadril e do queixo, no momento da respi-
ração lateral, com o intuito de reduzir a resistência da água com o corpo. 
Com a rotação do quadril e do tronco, haverá menos resistência, o indi-
víduo realizará uma boa entrada de mãos na água, e estará trabalhando 
outros grupos musculares, tais como: os das costas, ombros e peitorais, 
reduzindo a resistência, ao obter uma melhor eficiência na braçada.
Outro aspecto a ser destacado quanto à técnica do nado crawl é o 
ritmo, representado pela extensão do movimento e do relaxamento, em 
que a extensão do movimento dependerá da flexibilidade dos ombros, do 
comprimento do corpo ou da altura e do tempo da braçada. Dessa forma, 
aumentar a velocidade,realizando uma braçada longa, ao invés de aumentar 
a frequência da braçada, tornam-se as estratégias ideais. Carvalho (2008) 
descreve como principais características do nado crawl as seguintes:
 2 posição ventral do corpo (barriga voltada para baixo);
 2 movimentos alternados e coordenados das extremidades supe-
riores e inferiores;
 2 rosto submerso com água na altura da testa, olhando para frente 
e para baixo;
 2 respiração lateral com rotação da cabeça, coordenada com os 
membros superiores para realizar a respiração;
 2 um ciclo consiste numa braçada com o membro superior 
esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um 
número variável de pernadas.
1.3.2 Técnica do nado peito
Machado (2004) descreve o nado peito como o estilo mais antigo 
de que se tem notícia em termos de sua utilização e de seu ensinamento. 
Tal nado é considerado, de acordo com o autor, o nado competitivo mais 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 14 –
lento dentre todos, pois todos os seus movimentos são realizados dentro 
da água, não havendo fase aérea de recuperação.
Atualmente, os nadadores de nado peito devem, após a saída e a cada 
virada, ficar submersos durante um ciclo de braços; na técnica generali-
zada do nado, fazem uma braçada semicircular curta e uma pernada deno-
minada chicotada, conforme mencionado por Maglischo (2010). Trata-se 
de um estilo de nado que requer do nadador grandes forças propulsivas em 
cada ciclo de braços e pernas, devido ao fato de ser o único estilo de nado 
em que não existe a fase área de recuperação.
Além disso, Maglischo (2010) aponta, a respeito da técnica, que a 
evolução do nado e as mudanças de regras foram determinantes para as 
modificações técnicas ocorridas ao longo dos tempos nesse que é consi-
derado um dos esportes mais antigos praticados pelos seres humanos, que 
passou a ter duas correntes de execução: o estilo plano, ou convencional, e 
o estilo ondulante, muito utilizados por atletas em competições. Machado 
(2004) destaca que, no estilo plano do nado peito, o atleta se mantém em 
uma posição mais horizontal, com os quadris permanecendo mais próxi-
mos da superfície durante toda a execução. Já no estilo ondulante, o atleta 
tende a elevar o quadril no final da pernada, não se mantendo na horizontal 
e, portanto, provocando uma elevação maior do tronco para a respiração. 
Independentemente do estilo, a técnica para a evolução da velocidade do 
nado está na busca pela aceleração no momento da respiração, conside-
rada a etapa de desaceleração do nado. Além disso, o nadador deve se 
concentrar em executar os movimentos de pernas e braços no tempo certo 
(coordenados), para um não inibir a execução do outro, ou seja, deve ser 
um trabalho contínuo, preciso e rítmico, no qual devem ocorrer as braça-
das seguidas das pernadas, cada um dos movimentos a seu momento.
De acordo com Carvalho (2008), alguns aspectos devem ser consi-
derados no que tange a execução do nado peito (técnica), entre os quais 
estão: 1) a posição alta e natural do corpo, que, por meio de uma flutuação 
natural, poderá ser diferente para cada atleta. Além disso, o relaxamento 
muscular na execução torna-se essencial, no intuito de evitar gasto energé-
tico desnecessário por meio do recrutamento de fibras musculares que não 
são tão recrutadas no movimento executado; 2) a busca pela redução da 
resistência da força de arrasto, devendo, nesse caso, o nadador, manter na 
– 15 –
Metodologia do ensino da natação 
linha da superfície mãos, cabeça, quadril e calcanhares até alcançar a posi-
ção inicial; 3) a importância da sincronização constante da energia, além 
da força e propulsão, ao ser mantida uma frequência otimizada que per-
mita ainda aumentar a velocidade de execução e deslocamento na água.
1.3.3 Técnica do nado costas
Esse estilo é considerado por Carvalho (2008) e Machado (2004) o 
único que proporciona ao aprendiz respiração constante, exigindo do aluno 
uma grande habilidade articular especialmente dos ombros. Para esses 
autores, esse deve ser o segundo estilo a ser abordado no ensino da nata-
ção, podendo ser realizado paralelamente ao do nado crawl ou, até mesmo, 
após a sua aprendizagem completa. A progressão pedagógica para o ensino 
desse estilo deverá ser realizada simultaneamente para que o aluno ganhe 
mais compreensão sobre os movimentos realizados e, para isso, ele deverá 
compreender que tudo faz parte de uma compreensão global.
Machado (2004) destaca a importância de manter a posição do 
corpo na água. Nesse contexto, trata-se de uma técnica que exige uma 
boa fltuação em decúbito dorsal do corpo. Em relação à propulsão de 
perna, a pernada em relação a força propulsora dos braços, o equilíbrio 
e o balanço do corpo devem ser especialmente analisados. É importante 
destacar que, assim como no nado crawl, a importância do mecanismo 
de rotação do tronco, mantendo uma boa estabilidade do quadril, e sua 
sincronização com as pernadas tornam-se fundamentais para, além de 
uma execução eficaz do gesto, o ganho em velocidade e a redução do 
gasto energético do movimento.
Um aspecto importante destacado por Machado (2004) e corroborado 
por Maglischo (2010) é que esse estilo, ao ser ensinado por fases, permite 
ao treinador uma maior possibilidade de compreensão e de percepção, 
oferecendo ao seu aluno uma gravura mental de si mesmo para que ele 
tenha como meta um conceito de estilo ideal. No que tange o aspecto 
técnico, Machado (2004) ressalta que é preciso que o aluno saiba que, à 
medida que ele cresce e se fortalece, seu estilo toma um novo rumo e, para 
que sempre esteja em dia com este nado, ele deverá se dirigir a suas partes 
específias. Cabe ressaltar que as explicações, por sua vez, devem ser feitas 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 16 –
fora d’água, uma estratégia que se demonstra confortável para que o aluno 
possa se concentrar, conforme descreve o autor.
1.3.4 Técnica do nado borboleta
O nado borboleta, também conhecido como estilo “golfinho”, é o 
mais recente dentre todos, sendo considerado um dos nados de mais difícil 
execução, pois exige o uso de muita energia e força de membros superio-
res para ser realizado segundo Machado (2004). Pelo fato da recuperação 
da braçada ser feita de forma simultânea e aérea, exige que os nadado-
res realizem uma puxada com força e potência para conseguir retirar os 
membros da água, logo, o dispêndio energético é bastante elevado. No 
nado borboleta, observa-se que são altamente desgastantes os movimentos 
simultâneos de pernas e braços que fazem com que o nadador deva tirar 
ao mesmo tempo os membros superiores da água, conduzindo-os à frente 
sem que toquem a superfície.
Maglischo (2010) destaca que esse estilo teve origem em uma modi-
ficação do nado peito. A princípio, era realizado com a pernada de peito, 
com o passar do tempo, após a evolução do estudo da biomecânica, foi 
encontrada uma maneira diferente e mais eficiente de executar o nado: 
com a pernada similar ao movimento de golfinhos nadando.
De acordo com Machado (2004), o nado borboleta pode ser repre-
sentado por meio de uma análise sequencial, a qual é realizada a partir da 
fragmentação do corpo do nadador em: 1) posicionamento do corpo e da 
cabeça; 2) propulsão dos braços; 3) respiração; 4) propulsão de pernas; 5) 
coordenação completa. Massaud (2004) descreve a análise dessas ações 
motoras relacionando-as aos movimentos dos membros inferiores e dos 
membros superiores com a movimentação do nado crawl. Entretanto, con-
sidera-se aqui um crawl duplo, em que os membros inferiores e os mem-
bros superiores atuariam conjuntamente, cada um no seu ciclo de trabalho.
 Destaque
O treinador/professor possui papel fundamental no processo 
técnico do nadador, e, nesse sentido, Machado (2004) apre-
senta os dez mandamentos dos treinadores de natação, a saber: 
– 17 –
Metodologia do ensino da natação 
1) seja bastante organizado; 2) seja firme, mas justo; 3) mante-
nha a serenidade; 4) seja um entusiasta;5) realize apreciações 
sinceras; 6) não tenha atletas favoritos, trate todos da mesma 
maneira; 7) mantenha um interesse sincero; 8) não grite com os 
atletas; 9) não destrua a possibilidade de comunicação; 10) veja 
seus nadadores de seis maneiras: com afeição, criatividade, 
segurança, realização, novas experiências e amor-próprio.
1.4 Posicionamento do corpo e 
posicionamento de braços e pernas nos 
nados: crawl, peito, costas e borboleta
Nesta seção, serão apresentados os aspectos gerais relacionados às 
técnicas específicas dos movimentos da pernada, da braçada e da respi-
ração de cada estilo de nado, com o objetivo de melhorar a compreen-
são acerca da coordenação do nado completo. É importante destacar que 
cada estilo apresenta sua técnica específica. Entretanto, alguns elementos 
podem ser aplicados de maneira similar como, por exemplo, a rotação de 
quadril e entrada/saída de braços dos nados crawl e costas, as saídas e/
ou viradas, ou, ainda, o movimento de deslizar sobre a água, presentes no 
nado peito e borboleta, entre outros.
A técnica, de fato, é unanimemente considerada como um dos parâ-
metros mais importantes. Assim, ela se apresenta como preocupação cen-
tral do processo de treino dessa modalidade, pois está associada a diversos 
aspetos, entre os quais estão: a melhoria da performance global e a redu-
ção dos riscos de lesão.
1.4.1 Posicionamento do corpo e posicionamento 
de braços e pernas no nado crawl
De acordo com Carvalho (2008) e Machado (2004), a posição do 
corpo deve ser rente à superfície, de forma que esteja o mais paralelo pos-
sível à linha da água, conforme mostrado na Figura 1.1.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 18 –
Figura 1.1 – Posição do corpo e da cabeça no nado crawl
Fonte: Massaud (2004).
Nesse contexto, a capacidade de flutuação do nadador deve ser levada 
em consideração, além da influência dos movimentos de seus braços e de 
suas pernas na manutenção da posição do corpo. Para um nado eficiente, o 
corpo deve realizar um movimento de rotação, também chamado de rola-
mento, que auxilia na propulsão das pernas, na eficiência da fase submersa 
e no relaxamento da fase aérea da braçada.
É importante ressaltar que Machado (2004) evidencia que a análise 
da técnica do nado crawl pode ser realizada a partir dos seguintes elemen-
tos: 1) posição do corpo; 2) trabalho das pernas; 3) trabalho dos braços; 
4) respiração.
Uma atenção especial deve ser direcionada ao rolamento que deve ser 
realizado de forma efetiva, sem gerar resistência frontal, fazendo com que a 
cabeça gire ao final da fase submersa da braçada, conforme descreve Mas-
saud (2004). Desse modo, o ombro oposto gira, ao aumentar a amplitude da 
braçada e posicionando melhor a mão à frente do corpo. Os quadris reali-
zam uma curta rotação, posicionando as pernas diagonalmente. É fundamen-
tal que haja um alinhamento horizontal do corpo, pois, segundo Carvalho 
(2008), tal ação permitirá minimizar a força de arrasto hidrodinâmico a que o 
nadador se sujeita, assim como favorecer a produção de força propulsiva pela 
ação dos segmentos motores horizontalmente. No nado crawl, o corpo deve 
estar o mais horizontal possível, com a cabeça em posição natural no pro-
longamento do tronco e com as costas completamente planas (MASSAUD, 
2004). Em adição, ao realizar uma observação frontal, deve-se perceber que 
o nadador deverá estar com um ombro de cada vez exposto fora d’água.
Faz-se necesário, ainda, observar a posição da cabeça, pois, nesse 
caso, influencia muito a posição do corpo, conforme Machado (2004). 
– 19 –
Metodologia do ensino da natação 
O autor menciona também que, ao levantar a cabeça, ou olhar mais para a 
frente, a tendência é de que as pernas afundem, o que é prejudicial à exe-
cução técnica correta do nado. Dessa forma, o nadador deve manter sua 
cabeça rente à superficie (água), em posição natural no prolongamento do 
tronco e com as costas completamente planas, evitando que acompanhe 
a rotação sobre o eixo longitudinal do bloco tronco/membros inferiores, 
devendo mantê-la sempre fixa, como afirma Massaud (2004).
Em relação à pernada, no nado crawl, Machado (2004) menciona que 
deve ser realizado o movimento alternado em direção vertical e, às vezes, 
diagonal (dependendo do grau de rolamento do corpo), ou seja, enquanto 
uma perna está em propulsão, a outra estará em recuperação. Carvalho 
(2008) o complementa ao citar que a pernada no crawl é caracterizada por 
uma oscilação solta dos membros inferiores, que realizam ações curtas, 
alternadas e diferenciadas, iniciando um antes que o outro termine. Tais 
ações se dão, principalmente, no plano vertical, cuja importância se faz no 
equilíbrio, na propulsão e na sustentação do corpo.
Carvalho (2008) menciona que a eficiência da pernada está direta-
mente ligada aos seguintes fatores: a completa soltura muscular que venha 
auxiliar para a chicotada que caracteriza este movimento; o ritmo sem inter-
ferência de desaceleração e quebra de continuidade; a posição da perna, 
com os pés naturalmente voltados para dentro sem movimentos forçados, 
visando o relaxamento muscular, para manter em atividade a zona de revo-
lução da água; o movimento solto do pé na posição indicada (flexão plantar 
do tornozelo), com grande flxibilidade dos tornozelos, para que a movi-
mentação da água no nível dos dedos dos pés seja a mais atuante possível.
É importante destacar que o movimento da pernada no crawl, que se 
inicia na articulação coxofemoral, é divido em dois momentos, segundo 
Maglischo (2010): 1) descendente; 2) ascendente. Ainda de acordo com 
autor, o primeiro movimento ocorre quando o nadador chuta a água para 
baixo. Primeiramente, ocorre uma leve flexão do quadril, na sequência, uma 
extensão dos joelhos em que os pés estejam em flexão plantar. Essa sequ-
ência coordenada de movimentos lembra o movimento de uma chicotada.
O segundo movimento, responsável por retornar a perna para a posi-
ção inicial, ocorre a partir da extensão do quadril com o joelho estendido. 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 20 –
A pernada pode ser executada de três maneiras diferentes em relação às 
braçadas: dois tempos, quatro tempos e seis tempos. Na natação competi-
tiva, existem os casos de pernadas de oito e, até mesmo, dez tempos para 
desenvolver maior velocidade. Isso se refere ao número de pernadas por 
ciclo de braçadas. Ou seja, em uma pernada dois tempos, o nadador exe-
cuta duas pernadas por ciclo de braçada. Em uma pernada quatro tempos, 
o nadador executa quatro pernadas por ciclo de braçadas e assim sucessi-
vamente (MAGLISCHO, 2010).
No caso da braçada, Carvalho (2008) descreve que pode ser dividida 
basicamente em duas fases: a fase aérea, também chamada de fase de 
recuperação, que deve ser realizada com o cotovelo fletido e com certo 
relaxamento muscular. Essa fase se inicia quando os braços saem da água 
após a finalização (fase submersa) até entrar na água novamente (1.2a). 
Machado (2004) descreve a importância de orientar o nadador que o coto-
velo seja retirado da água antes das mãos, ao fazer com que o cotovelo 
seja elevado e mantido sempre mais alto do que a mão, contribuindo com 
o relaxamento muscular. Além disso, ao manter essa relação entre mão e 
cotovelo, a entrada da mão na água se torna mais angulada, “cortando” 
a água. A fase submersa da braçada é dividida em três etapas, conforme 
Machado (2004): 1) apoio; 2) puxada; 3) empurrada (Figura 1.2b).
Após a fase aérea, dá-se início à fase submersa pelo apoio, fase em 
que a mão entra na água e alonga à frente do ombro. Nessa fase, a mão 
entra na água ligeiramente voltada para fora, com o dedão voltado para 
baixo. Após penetrar na água a uma profundidade de aproximadamente 
20 centímetros, ocorre uma flexão de ombro e uma extensão de cotovelo, 
posicionando a palma da mão para o fundo da piscina (MACHADO, 2004; 
MAGLISCHO, 2010).
A segunda etapa, de acordo com os autores, é a puxada, momento 
em que o nadador, de fato, começa a“puxar” a água para trás, ou seja, 
inicia a parte propulsiva da braçada. Para isso, a mão e o antebraço se 
movimentam para trás, com uma leve mudança de direção. Primeira-
mente, para fora, afastando-se do corpo, e, depois, para dentro, apro-
ximando-se da linha medial (MACHADO, 2004). Esse movimento dá 
início ao formato sinuoso da braçada, também conhecido como “S”, fase 
– 21 –
Metodologia do ensino da natação 
que termina quando o braço se posiciona abaixo do ombro, caracteri-
zando o início da empurrada.
A terceira fase, portanto, caracteriza-se pela mudança de movi-
mento. Ao passar pelo ombro, Carvalho (2008) indica que o nadador 
para de “puxar” e começa a “empurrar” a água. Nessa fase, há, assim, 
um aumento na velocidade da braçada e na força por parte do nadador. 
Ao “empurrar” a água para trás, o nadador deve realizar a extensão do 
cotovelo, posicionando a mão próxima à coxa. Ao finalizar a braçada, 
inicia-se novamente todo o ciclo.
A respiração no nado crawl, de acordo com Machado (2004), pode 
ser realizada tanto unilateral quanto bilateralmente. Nas duas formas, o 
movimento é o mesmo. A diferença é que, na primeira, o nadador a exe-
cuta apenas para um lado, enquanto, na segunda, o nadador respira para 
os dois lados. Para que se tenha um rendimento ótimo na natação, é pre-
ciso que o nadador mantenha um ritmo na respiração, coordenado com os 
movimentos dos braços, das pernas e do corpo (LIMA, 2009). Destaca-se 
que a respiração lateral é realizada sempre para o mesmo lado, durante 
a braçada direita ou esquerda. Assim, a respiração ocorre a cada duas, 
quatro, seis braçadas e assim sucessivamente, conforme descreve Lima 
(2009). No caso da respiração bilateral, ela ocorre para os dois lados alter-
nados, ou seja, uma respiração durante a braçada direita e/ou durante a 
braçada esquerda. Porém, o mínimo de braçadas entre as respirações são 
três. Assim, a respiração ocorre a cada três, cinco, sete braçadas e assim 
sucessivamente (LIMA, 2009).
Um aspecto que deve ser considerado acerca da técnica do nado 
crawl é a coordenação entre a braçada e a respiração. Carvalho (2008) 
menciona que o momento mais importante dessa coordenação ocorre 
quando o membro superior entra na água e quando o outro mem-
bro superior está a completar o alinhamento lateral interior, o que 
permite ao corpo rodar para o lado do braço que vai iniciar a ação 
ascendente (membro superior “recuado”). Por outro lado, o autor 
destaca que a extensão para frente do membro superior que entra na 
água permite que o corpo fique novamente alinhado enquanto a ação 
ascendente é realizada.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 22 –
 Destaque
Em relação à coordenação entre braçada e respiração, destaca-se 
que o movimento da respiração inicia quando o nadador gira 
a cabeça para o lado, inspirando à medida que a cabeça sai da 
água e expirando à medida que a cabeça retorna à posição ini-
cial. A inspiração coincide com o início da fase da empurrada do 
braço submerso. Enquanto o braço esquerdo estiver na fase de 
apoio, o direito estará finalizando a fase da empurrada. Nesse 
mesmo momento, ocorrerá o giro da cabeça para o lado direto.
Fonte: YOUNG, M. Front crawl arm technique. In: SWIM 
TEACH. [S. l.], c2020a. Disponível em: https://www.swim-teach.
com/front-crawl-arm-technique.html. Acesso em: 12 maio 2021.
Maglischo (2010) descreve, ainda, como um dos aspectos técnicos 
importantes do nado crawl, os fundamentos de saídas e viradas que 
são realizados obrigatoriamente em eventos competitivos. Em provas 
de velocidade como os 50 metros livre e os 100 metros livre, realizar 
uma boa saída é pré-requisito para um bom desempenho. Esse autor 
descreve que, atualmente, existem dois tipos de saída: 1) tradicional 
(agarrada), que é realizada com os dois pés apoiados no bloco de par-
tida, alinhados à frente, levemente separados. Os joelhos ficam leve-
mente flexionados, assim como o quadril e o tronco. As mãos devem 
segurar a parte frontal do bloco até que o arbitro dê o sinal de partida 
(Figura 1.2a); 2) atletismo (com um pé atrás), que recebe esse nome 
porque se assemelha muito ao posicionamento dos atletas de atletismo. 
A grande diferença entre esse tipo e o tradicional é a posição dos pés. 
Na saída de atletismo, um pé fica na parte anterior do bloco e o outro 
fica mais atrás (Figura 1.2b). Após o sinal, o nadador deve movimentar 
os braços para cima e para a frente, soltando o corpo para a frente e 
realizando a impulsão com as pernas. O salto deve realizar uma pará-
bola, para que, ao entrar em contato com a água, os pés entrem pelo 
mesmo lugar que as mãos entraram.
– 23 –
Metodologia do ensino da natação 
Figura 1.2 – Posições de saídas na natação
dorsal largo
jarrete
redondo 
maior
tríceps 
braquial
quadríceps
gastrocnêmio 
e sóleo
paravertebral
Fonte: Massaud (2004).
De acordo com Massaud (2004), ao sinal de partida do árbitro, o nada-
dor que estará sobre o bloco (Figura 1.2) deverá executar os seguintes passos:
 2 Tracionar contra o lado inferior do bloco para fazer com que o 
seu corpo inicie o desequilíbrio à frente;
 2 Lançar a cabeça e as mãos para cima e à frente, sob o queixo, 
iniciando a projeção do corpo para o voo;
 2 Decolar num ângulo de 45 graus;
 2 Carpar ao passar pelo ponto mais elevado do voo, momento de 
se encaixar a cabeça entre os braços;
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 24 –
 2 Na entrada da água, procurar fazer com que todo o corpo o faça 
no mesmo ponto onde entraram as mãos;
 2 Manter as mãos sobrepostas, com os braços estendidos 
pressionando as orelhas, mantendo o corpo em uma posi-
ção aerodinâmica.
A fase submersa da saída do nado crawl deve iniciar por meio de 
uma curta e rápida pernada do estilo golfiho, aumentando gradativa-
mente. Além disso, deve iniciar a primeira braçada um pouco antes de 
o corpo atingir a superfície, de forma que isso ocorra quando o nada-
dor estiver realizando a varredura para cima.
O último aspecto associado à ténica do nado crawl é a virada, 
considerada o momento em que o nadador chega na borda da piscina 
e, para não perder tempo, realiza um movimento que dê continuidade 
ao nado, conforme descreve Maglischo (2010). Essa virada pode ser 
simples ou olímpica (cambalhota), como pode ser visto a seguir.
Na virada simples, o nadador deve tocar a borda com uma das 
mãos e levar os pés para a parede ao mesmo tempo em que posiciona 
a outra mão para o lado oposto da parede. Quando os pés atingem a 
parede, o nadador afunda a cabeça, posicionando-a entre os braços, 
que devem estar em posição hidrodinâmica (posição de “flecha”). Em 
seguida, o nadador realiza a impulsão com as pernas, em que o nada-
dor, durante tal deslocamento, deverá executar a pernada de golfinho 
com o corpo bastante alinhado, até, no máximo, 15 metros (LIMA, 
2009; MAGLISCHO, 2010).
A virada olímpica é considerada mais complexa que a sim-
ples por envolver um giro. Nesse caso, ao se aproximar da parede, 
o nadador não precisa tocá-la com mão, mas sua cabeça deve ficar a 
uma distância de, aproximadamente, 30 centímetros da borda. Nessa 
posição, o nadador deve agrupar o corpo, realizando uma camba-
lhota em que leva os pés à parede. Ao tocar os pés na parede, o 
nadador posiciona o corpo em posição hidrodinâmica, com a cabeça 
entre os braços, e impulsiona a parede com as pernas (LIMA, 2009; 
MAGLISCHO, 2010).
– 25 –
Metodologia do ensino da natação 
1.4.2 Posicionamento do corpo e posicionamento 
braços e pernas no nado peito
Maglischo (2010) afirma que, atualmente, os nadadores de nado peito 
devem, após a saída e a cada virada, ficar submersos durante um ciclo de 
braços. Na técnica generalizada do nado, fazem uma braçada semicircular 
curta e uma pernada denominada chicotada. O nado peito é considerado 
o nado competitivo mais lento, devido ao fato de que é o único que não 
conta com a fase área de recuperação, mas que acarreta aos nadadores 
grandes forças propulsivas em cada ciclo de braços e pernas.Com relação à pernada, o nado peito requer uma ação das pernas 
no estilo de chicotadas estreitas. Essa forma de execução, em chicotadas, 
assemelha-se a uma hélice: os pés palmateiam para fora, para baixo e para 
dentro, bem como para trás. Massaud (2004) aponta que as plantas dos pés 
são as principais superfícies propulsivas, com deslocamento da água para 
trás como fólios, não como remos, como pode ser observado.
Maglischo (2010) divide a pernada em quatro fases, como se pode 
observar na figura a seguir: 1) recuperação; 2) varredura para fora; 3) var-
redura para dentro; 4) sustentação e deslizamento.
Figura 1.3 – Fases da pernada do nado peito
1-2 Recuperação
2-3 Varredura para fora
3 Agarre
3-4 Varredura para dentro
4-5 Levantamento e deslize
Fonte: Adaptada de Maglischo (2010).
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 26 –
Referente às fases da pernada, temos a fase de varredura para fora, 
em que os pés são flexionados e girados para fora na articulação do torno-
zelo, e as plantas, voltadas para fora e para trás, executarão um movimento 
circular com pressão simultânea no sentido lateral para fora e para baixo. 
Quanto menos para trás se deslocarem os pés, melhor será a eficácia da 
sustentação (MAGLISCHO, 2010; MASSAUD, 2004). Já na fase de var-
redura para dentro, após o agarre (fase final da varredura para fora), 
os autores destacam que, no meio da trajetória de extensão dos joelhos), 
as pernas se movimentam para dentro, para baixo e para trás. As plantas 
dos pés devem estar voltadas para baixo e para dentro, até completarem a 
fase e terminarem somente para dentro. Durante essa fase, a velocidade e 
a pressão realizadas pelos pés devem aumentar continuamente com o pico 
ocorrendo antes de os pés reduzirem a pressão contra a água para iniciar 
a sustentação. A fase de sustentação e deslizamento é a continuação do 
movimento circular da varredura para dentro. De acordo com Massaud 
(2004), trata-se de um movimento feito para liberar a pressão contra a 
água para baixo e para dentro um pouco antes da união dos pés, que se 
projetam em direção à superfície para finalizar a propulsão da pernada e 
iniciar a sustentação. As pernas, então, subirão até se alinharem ao corpo, 
em uma posição imediatamente abaixo da superfície, iniciando a fase de 
deslizamento das pernas. E, finalmente, há a fase de recuperação, a qual 
consiste em uma flexão do joelho, realizando um movimento descontraído 
com pequeno gasto energético e, em seguida, uma extensão com o apoio 
necessário ao deslocamento com vigor e potência. Dessa forma, os pés 
devem se movimentar para a frente, simultaneamente, em flexão plantar, 
com os dedos apontando para trás, sendo importante, ainda, que os pés e 
as pernas se desloquem à frente dentro da linha do quadril, de modo que as 
pernas estejam na direção das coxas (MAGLISCHO, 2010).
De acordo com Massaud (2004), a braçada do nado peito caracte-
riza-se por possuir ênfase na lateralidade dos movimentos. Isso porque, 
partindo com os braços estendidos à frente da cabeça e mãos juntas, o 
início da braçada é realizado com pressão para os lados e ligeiramente 
para o fundo – o que se denomina “fase de apoio da braçada ou varredura 
para fora”. Além disso, ainda a respeito da técnica da braçada nesse estilo 
de nado, Machado (2004) explica que, durante essa abertura dos braços, 
– 27 –
Metodologia do ensino da natação 
as mãos, inicialmente voltadas para baixo, vão girando lentamente para 
fora até ultrapassarem as linhas dos ombros, ponto em que elas, além da 
pressão lateral, exercerão um movimento para baixo, alcançando o agarre. 
Durante essa fase, o nadador não deve permitir que haja grande afasta-
mento dos braços, para que, no momento de tração (movimento de aproxi-
mação dos braços ao corpo), as mãos não ultrapassem a linha dos ombros 
e/ou do rosto.
Massaud (2004) explica também que as mãos se deslocarão inclina-
das, tendo como bordo de ataque o dedo mínimo e o de fuga, o polegar. 
No entanto, alguns nadadores, no início dessa fase, realizam uma ligeira 
flxão do punho, o que é aceitável, mas, ao alcançarem o agarre, suas mãos 
e seus antebraços deverão estar alinhados. As divisões da braçada do nado 
peito, de acordo com esse autor, podem ser feitas em três importantes 
fases e vistas diferentes: 1) varredura para fora; 2) varredura para dentro; 
3) recuperação.
Na fase de varredura para fora, ou apoio da braçada, Machado 
(2004) descreve que há uma ênfase na lateralidade dos movimentos. Ao 
partir com os braços estendidos à frente da cabeça, com as mãos unidas, 
o início da fase de apoio é realizado com uma pressão para os lados e, 
ligeiramente, para o fundo. Na abertura dos braços, as mãos, voltadas 
para baixo, vão girando lentamente para fora até ultrapassarem a linha 
dos ombros, ponto onde exercerão um movimento para baixo, o agarre. 
Deve-se evitar grande afastamento dos braços e, na tração, as mãos não 
devem ultrapassar a linha do ombro e do rosto, mas devem se deslocar 
inclinadas, tendo, como bordo de ataque, o dedo mínimo e, como de fuga, 
o polegar (MAGLISCHO, 2010; MASSAUD, 2004).
A fase seguinte é caracterizada como a de varredura para dentro, 
ou tração, que consiste, de acordo com Maglischo (2010), em um movi-
mento de pressão do antebraço, no início para dentro e para baixo, depois 
para dentro e para cima, tendo a flexão do antebraço sobre o braço com a 
adução do braço junto ao corpo, unindo as mãos. Os cotovelos se mantêm 
elevados, e as mãos e os antebraços giram para baixo e para dentro em 
torno deles. É importante destacar que o movimento da braçada com as 
mãos unidas à frente da linha do ombro deve atingir um ângulo de 80 graus 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 28 –
nos cotovelos. Agora, o bordo de ataque passa a ser o polegar e o de fuga, 
o dedo mínimo, atingindo as mãos a velocidade mais alta (máxima). Por 
fim, há a recuperação, que se inicia após a finalização da fase de tração, 
sendo a última fase do ciclo da braçada. As mãos são projetadas à frente, 
próximas ou sobre a superfície, e, ao final, ocorrerá ou não o deslize, para 
logo iniciar um novo ciclo de braçada, com a preparação para a varredura 
para fora (MASAUD, 2004).
A respiração, por sua vez, deve ocorrer durante a pressão inicial da 
braçada, ou seja, é durante o apoio que o nadador deve realizar a expiração. 
Ao realizar a tração, levará o tronco e retirará o rosto da água, momento 
em que realiza a inspiração. No lançamento dos braços à frente (recupe-
ração), o rosto retornará à água (MASAUD, 2004). Ainda de acordo com 
o autor, os nadadores podem realizar uma respiração para cada ciclo de 
braçada, porém, em provas mais curtas, para ganhar velocidade e gerar 
menos resistência, os nadadores podem manter a cabeça na superfície, 
sem levantá-la para respirar.
A coordenação dos movimentos de pernada e braçada com a respi-
ração no nado peito são essenciais para a execução eficaz da técnica do 
nado. Sendo assim, Machado (2004) ressalta essa sicnronização apoiada 
pelos seguintes movimentos alternados: as pernas se mantêm estendidas 
> apoio da braçada; as pernas se mantêm estendidas > tração da braçada; 
início da recuperação da braçada > início da recuperação das pernas (fase 
lenta); segunda metade da recuperação da braçada > fase rápida da recu-
peração das pernas; final da recuperação da braçada > ação com extensão 
das pernas (pressão).
No que tange as saídas no nado peito, Massaud (2004) enfatiza que 
o principal objetivo desse fundamento técnico é fazer com que o nadador 
vá o mais longe possível, com a velocidade mais alta, evitando perda de 
tempo. Isso não é diferente no nado peito, a não ser na fase aquática, no 
processo de movimento submerso chamado de “filipina”. Desse modo, a 
saída do bloco de saída no nado peito é idêntica à dos nados crawl e borbo-
leta, sendo caracterizados como nados em posição ventral. O nadador se 
posiciona sobre o bloco de saída (plataforma) e, ao sinal de partida, reage, 
lançando-se na água.A concentração no momento de saída é um diferen-
cial para o sucesso no tempo de reação ao estímulo. São dois os tipos de 
– 29 –
Metodologia do ensino da natação 
saída: de agarre e de atletismo, ou track (MAGLISCHO, 2010; MAS-
SAUD, 2004). Ambas são efetivas e se diferenciam apenas pela posição 
dos pés no bloco de partida, em que o atleta/nadador deve ter a possibili-
dade de experimentar as duas opções e escolher, com o conselho de seu 
treinador, a que mais favorece sua performance.
Maglischo (2010) descreve que, após a entrada na água, o nada-
dor deverá permanecer com o corpo totalmente estendido, com braços 
estendidos à frente e mãos sobrepostas e juntas. Ao sentir a diminuição 
da velocidade de deslocamento, deve realizar a primeira braçada (idên-
tica à braçada aquática do nado borboleta), empurrando a água para trás 
(assemelha-se a uma fechadura), finalizando o movimento com os bra-
ços colados na lateral do corpo, até o momento em que sua velocidade 
de deslocamento submerso seja signifiativa. De acordo com Massaud 
(2004), ainda submerso, o nadador deve fazer a recuperação dos braços 
sob o corpo, mantendo mãos, antebraços, braços e cotovelos o mais pró-
ximo possível do corpo, buscando diminuir a resistência frontal do des-
locamento. A partir da passagem das mãos sob o rosto, as pernas iniciam 
a preparação para a ação (recuperação). Ao fializar a extensão dos braços 
à frente do corpo, o nadador realiza a pernada, deslizando em direção à 
superfície, e inicia o nado peito.
Finalmente, a respeito das viradas no nado peito, Maglischo (2010) 
aponta que são semelhantes às do nado borboleta, que podem ser descritas 
em três fases distintas. Ao se aproximar da borda da piscina, o nadador 
deve ajustar sua braçada e a velocidade para tocar a borda com as duas 
mãos, simultaneamente, com os braços estendidos. Após o toque, deve, 
imediatamente, retirar um dos braços, por dentro da água e junto ao corpo, 
direcionando-o em direção à borda oposta à da virada. Junto a esse movi-
mento, paralelamente, as pernas se flexionarão em direção à borda junto 
com o quadril. Deve-se apoiar os pés na parede de forma firme para apro-
veitar a impulsão do corpo, buscando aplicar força para recuperar a velo-
cidade do nado. O braço que se manteve na borda a pressiona, para auxílio 
da recuperação, flexionando-se sobre a cabeça do nadador um pouco antes 
do braço passar sobre a cabeça. Nesse momento, será realizada a respira-
ção, para, em seguida, o nadador, em decúbito lateral, submerso, unir as 
mãos e realizar o impulso da borda.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 30 –
 Saiba mais
O nado peito possui três estilos de sincronização, a saber:
1. Contínuo: o praticante não fará a parada de braços à frente, 
realizando o deslize. Ao finalizar a recuperação da braçada, 
sempre dará início a um novo ciclo, ou seja, assim que as per-
nas estiverem se unindo, os braços se abrirão. 2. Deslizante: 
indicada para nadadores iniciantes no estilo peito devido à faci-
lidade de coordenação e execução. A cada ciclo de braçada e 
pernada, antes de iniciar um novo, o nadador realiza um des-
lize, mantendo o corpo estendido. 3. Superposição: o ciclo de 
braço começa antes que se tenha terminado a pernada, ou seja, 
quando as pernas se unem, os braços estão no final da varredura 
para fora, no agarre.
Fonte: Maglischo (2010).
1.4.3 Posicionamento do corpo e posicionamento 
de braços e pernas no nado costas
No nado costas, o corpo deverá permanecer na horizontal em decú-
bito dorsal, realizando movimentos de rolamento laterais, em seu eixo 
longitudinal (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, alguns nadadores 
possuem difiuldades para manter um bom alinhamento lateral devido à 
forma de execução dos movimentos de braços alternados, geralmente os 
direcionando demasiadamente para os lados, não apenas na recuperação, 
mas, também, na fase inicial da parte aquática da braçada. O alinhamento 
horizontal é algo que merece destaque, pois alguns nadadores mantêm a 
cabeça um tanto elevada, acarretando o abaixamento do quadril, aumen-
tando, assim, a força de arrasto. Ainda segundo Massaud (2004), a cabeça 
deve permanecer apoiada na água, passando junto à parte posterior ou 
mediana das orelhas.
Já a pernada, de acordo com Maglischo (2010), é subdividida em 
duas etapas: 1) ascendente (mais forte); 2) descendente (mais fraca). 
– 31 –
Metodologia do ensino da natação 
Nesse caso, os membros inferiores realizam movimentos de forma alter-
nada: para cima (fase propulsiva) e para baixo (fase não propulsiva). Esses 
movimentos iniciam no quadril, com batimentos de pernas para cima ini-
ciando na rotação da coxa. Em relação aos pés, devem permanecer em 
inversão e flexão plantar. Massaud (2004) complementa ao citar que as 
pernadas consistem em movimentos na direção geral (seguindo a rotação 
do corpo), facilitando o rolamento que o corpo necessita fazer para a pro-
pulsão e para o alinhamento do corpo (Figura 1.4).
Figura 1.4 – Posição do corpo no nado costas (pernada)
reto abdominal
jarrete glúteo maior
dorsal largo
tríceps braquial
Fonte: Massaud (2004).
A braçada do nado costas, segundo Machado (2008) e Massaud 
(2004), pode ser dividida em seis etapas: 1) Primeira varredura para 
baixo: o nadador estará com o braço completamente estendido (inclusive 
mão e dedos unidos). O braço deve entrar na água de maneira alinhada 
entre a cabeça e a articulação do ombro (ângulo próximo a 10 graus), com 
a palma da mão voltada para fora, com o dedo mínimo sendo o primeiro 
ponto a entrar em contato com a água; 2) Primeira varredura para cima: 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 32 –
nesse momento do nado, o tronco iniciará o rolamento lateral, para que seja 
possível, com o braço estendido, fazer um movimento para baixo. O punho 
deverá estar ligeiramente flexionado (em direção ao dedo mínimo), com a 
mão movimentando para longe da linha do ombro; 3) Segunda varredura 
para baixo: nesse ponto, a mão deve se movimentar para baixo, em dire-
ção aos pés, e o cotovelo deve fletir e se direcionar para baixo, passando o 
nível da mão. Dessa maneira, o punho vai flexionar, voltando-se aos pés. 
Assim, o tronco segue em rolamento, auxiliando a propulsão da mão que 
está submersa e mantendo a referência do braço que está em recuperação; 4) 
Segunda varredura para cima: nesse momento, o braço deve se movimen-
tar para baixo e, simultaneamente, para trás (até que esteja completamente 
estendido e posicionado abaixo da linha da coxa). Dessa forma, haverá uma 
aproximação do braço ao tronco e posterior extensão do antebraço (projeção 
da mão ao fundo da piscina), possibilitando o rolamento do corpo para o lado 
oposto do braço e a saída do ombro desse mesmo lado; 5) Liberação/saída: 
ao finalizar o estágio propulsivo, a mão deve se movimentar para cima, trás e 
dentro, em direção à superfície da água. Assim, o braço assumirá uma posi-
ção estendida, de maneira vertical, para cima; 6) Recuperação: ao finalizar 
o ciclo do braço, de maneira estendida, com o polegar saindo da água e a 
palma da mão voltada para a perna, acontecerá um movimento semicircular 
do braço fora d’água, com rotação do braço para que, ao finalizar a fase de 
recuperação, a mão esteja novamente voltada para fora.
Massaud (2004) destaca que a técnica de respiração para o nado cos-
tas consiste na inspiração feita, prioritariamente, pela boca, quando um 
dos braços estiver em apoio e o outro estiver iniciando a fase de recupe-
ração, e na expiração pelo nariz. Porém, ressalta-se que esse ritmo e essa 
sequência não são obrigatórios, visto que o rosto está fora d’água, por-
tanto, cada indivíduo pode adaptar a respiração da melhor maneira para o 
ótimo desempenho de seu nado.
Em relação à coordenação, é fundamental, de acordo com Massaud 
(2004), que tal aspecto seja fortemente trabalhado, visto que, enquanto 
um braço está em movimento de varredura, o outro está em recuperação. 
Assim, a coordenação é imprescindível para que possaser realizado o 
ciclo de braçada junto com as pernadas. Normalmente, é identificado, em 
cada ciclo de braçadas, um total de seis pernadas.
– 33 –
Metodologia do ensino da natação 
A saída do nado costas não recebe a mesma importância que é dada 
aos demais estilos de nado (MACHADO, 2004). O autor destaca como 
motivo o fato de que esta poição de saída pode ser considerada cômoda, ao 
possuir como principal preocupação o impulso para trás. Porém, à medida 
que o nadador avança, podem ser encontradas falhas decorrentes de uma 
saída mal executada.
Nas competições, as saídas do nado costas devem ser realizadas do 
bloco de partida, onde o nadador se posiciona, conforme os comandos 
do árbitro de partida. Massaud (2004) descreve as fases da saída do nado 
costas: 1) posicionar-se de pé atrás do bloco de partida da raia em que for 
nadar; 2) ao sinal do primeiro apito longo, o nadador estará autorizado a 
entrar na piscina; 3) com os nadadores dentro da água, o árbitro dará um 
novo apito, e os nadadores deverão tomar posição no bloco de partida, 
mantendo seus pés abaixo do nível da água; 4) ao comando do árbitro de 
“às suas marcas”, todos os nadadores deverão se posicionar, flexionando 
os braços e pescoço. A cabeça ficará encaixada entre os braços e o quadril 
próximo aos pés. No momento da saída, o nadador tentará colocar o seu 
corpo mais alto em relação à superfície, ou seja, mais próximo ao bloco, 
para a realização do voo da partida ao comando do árbitro (Figura 1.5).
Figura 1.5 – Saída do nado costas (Fase III)
jarrete
redondo maior
dorsal 
largo
trapézio IV
bíceps braquial deltoide posteiror
Fonte: Massaud (2004).
5) assim que todos os nadadores estiverem posicionados, imóveis, 
o árbitro dará o comando de partida; 6) ao sinal de partida, o nadador 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 34 –
deverá iniciar a extensão do pescoço (como se tentasse olhar para a borda 
oposta à da saída) e elevação do quadril para, logo em seguida, soltar suas 
mãos do bloco, lançando seus braços em direção à cabeça e aproximando 
as mãos para a entrada da água; 7) a posição ideal de entrada do corpo 
na água é de forma que, por onde entrarem as mãos, deverá entrar, pro-
gressivamente, o resto do corpo; 8) no deslocamento submerso, o corpo 
deverá atingir uma profundidade em torno de 50 a 60 centímetros abaixo 
da superfície. Durante esse deslocamento, o nadador deverá executar a 
pernada de golfiho, com o corpo bem alinhado, até o máximo 15 metros.
E, finalmente, há a virada do nado costas, em que os nadadores se 
orientam pelas bandeirinhas demarcatórias que ficam a cinco metros das 
duas cabeceiras, sobre a mesma posição onde as balizas mudam de cor, 
para a mesma referência em outros estilos de nado (MACHADO, 2004).
De acordo com o autor, quando o nadador passar pela demarcação, 
sentindo-se próximo da parede, executará uma revolução no corpo. Ao 
ficar de bruços, em posição de nado crawl, fará a aproximação e realizará 
a virada como se fosse de nado livre, reto sobre o eixo do corpo, e realizará 
a virada com um forte impulso na parede com ambas as mãos para trás e 
unidas. Executará as “golfinhadas” e iniciará o nado, conforme realizado 
no momento da saída. O nadador não pode esquecer que os braços ficam 
unidos, comprimindo a cabeça, com as mãos se sobrepondo até o início do 
nado (MACHADO, 2004). Massaud (2004) destaca, ainda, que, ao reali-
zar a propulsão, há um pequeno deslize, as pernas iniciam o movimento 
de golfinho, a expiração é efetuada sob a água, um dos braços realiza uma 
poderosa braçada que leva o corpo para a superfície e, iniciando nado 
completo, evitando respirar até que o equilíbrio tenha sido dominado na 
segunda ou terceira braçada.
Ainda de acordo com Massaud (2004), para realizar a virada do nado 
costas, ao se aproximarem da borda, os nadadores, com o objetivo de virar 
e retornar, deverão girar o corpo, passando da posição dorsal para a ven-
tral, realizando um único movimento de braço, semelhante à braçada de 
crawl, com a cambalhota, assim que atingir a coxa. O autor explica que 
tais movimentos deverão ser realizados de forma contínua e o nadador 
deverá estar na posição dorsal antes que os pés deixem a parede da pis-
cina, evitando, assim, uma possível desclassifiação.
– 35 –
Metodologia do ensino da natação 
1.4.4 Posicionamento do corpo e posicionamento 
de braços e pernas no nado borboleta
Machado (2004) define a análise dos movimentos do nado borboleta 
como realizada a partir da fragmentação do corpo do nadador em: 1) posi-
cionamento do corpo e da cabeça; 2) propulsão dos braços; 3) respiração; 
4) propulsão de pernas; 5) coordenação completa.
De fato, para realizá-lo, o nadador deve se posicionar de decúbito 
ventral, o mais horizontal possível, rente à superfície. Devido ao movi-
mento realizado pelo quadril e pelas pernas e da fase aérea da braçada, 
os ombros constantemente saem da água, caracterizando o movimento 
ondulatório (Figura 1.6).
Figura 1.6 – Posição do corpo no nado borboleta
Fonte: Massaud (2004).
É importante destacar que a cabeça tem uma importante função nesse 
nado. De acordo com Massaud (2004), quando a braçada estiver na fase 
submersa, a cabeça fica em posição neutra, com o olhar do nadador vol-
tado ao fundo da piscina. Nas braçadas em que são realizadas a respira-
ção, à medida que o braço finaliza a fase submersa e inicia a fase área, a 
cabeça se projeta para a frente, mantendo posicionado o rosto (olhos, boca 
e nariz) para fora d’água. Nesse momento, o queixo fica próximo à super-
fície. Nas braçadas em que o nadador não respira, a linha da superfície da 
água deve estar tocando a testa.
Machado (2004) aponta que o movimento da braçada desse nado 
pode ser dividido em duas fases: aérea e submersa. A fase submersa é 
dividida em quatro etapas: entrada, extensão, tração e empurrada. A 
entrada ocorre quando os braços retornam da fase aérea. Os cotovelos se 
mantêm mais altos do que a mão, determinando o posicionamento das pal-
mas das mãos voltados para trás. Por conseguinte, a primeira parte a entrar 
na água são os dedos polegares. A distância entre os braços é de, aproxi-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 36 –
madamente, 50 centímetros ou rente aos ombros. O cotovelo fica leve-
mente flexionado à frente da cabeça. Ao entrar na água, a braçada inicia a 
etapa de extensão. Assim, os cotovelos são estendidos à frente, buscando o 
alongamento máximo do movimento dos braços. De acordo com Machado 
(2004), esse é o momento em que o nadador se prepara para a fase propul-
siva da braçada, mantendo as mãos a, aproximadamente, 15 centímetros 
abaixo da superfície. Em seguida, temos a etapa da tração, em que os 
punhos se flexionam levemente, apontando as pontas dos dedos para o 
fundo da piscina enquanto o nadador empurra a água para trás. Assim, 
as mãos, que estavam posicionadas à frente, se direcionam até a linha do 
ombro. A última etapa da fase submersa é a empurrada, e, segundo o autor, 
é definida quando os cotovelos se estendem novamente, “jogando” a água 
para trás, e as mãos passam pelas coxas. Trata-se, portanto, de uma etapa 
a ser realizada com velocidade, pois ela é responsável pela produção da 
força que faz a cabeça e os ombros do nadador saírem da água.
De acordo com Machado (2004), o movimento das pernas é simultâneo 
e tem uma ação vertical (Figura 1.7), ou seja, de cima para baixo. Embora 
seja descrito como pernada, esse movimento se inicia na cervical. Portanto, 
o nadador deve realizar de forma sequencial e coordenada a flexão do pes-
coço, do tronco e do quadril, e a extensão dos joelhos. Especificamente, os 
membros inferiores realizam dois movimentos: descendente e ascendente.
Figura 1.7 – Pernada no nado borboleta
Fonte: Massaud (2004).
– 37 –
Metodologia do ensino da natação 
No nado borboleta, a respiração é realizada na posição frontal e, 
geralmente, é executada a cada duas braçadas. No momento em que 
a cabeça está submersa, o nadador deve expirar o ar pelonariz. Ao 
posicionar a cabeça para fora d’água, com o queixo próximo à super-
fície, o nadador realiza a inspiração pela boca (MACHADO, 2004; 
MASSAUD, 2004).
Em relação à saída do nado borboleta, Maglischo (2010) destaca 
que é idêntica à do nado livre. Ainda de acordo com o autor, em geral, 
a maioria dos atletas, após entrar na água, realiza o movimento da 
pernada de golfinho até, no máximo, 15 metros. Em cima do bloco, os 
nadadores podem se posicionar com os dois pés paralelos ou um na 
frente e outro atrás (similar à saída de atletismo). Ao sinal de partida, 
os braços se direcionam à frente simultaneamente com a impulsão dos 
membros inferiores no bloco. O voo tem o formato de uma parábola, 
fazendo o nadador tocar a água primeiro com as mãos, enquanto o 
resto do corpo entra no mesmo ponto que as mãos.
Em relação à virada, Maglischo (2010) explica que deve ser 
executada da seguinte maneira: as mãos tocam simultaneamente na 
parede e, de imediato, uma delas perde o contato com a parede e se 
direciona para baixo, ao mesmo tempo em que os pés se direcionam 
à parede. Durante esse movimento, a mão que estava em contato 
com a parede faz um movimento de semicírculo acima da cabeça 
até entrar na água. As duas mãos se encontram embaixo da água ao 
mesmo tempo em que os pés pressionam a parede. Após impulsionar 
a borda, o nadador mantém a posição hidrodinâmica e inicia o movi-
mento da pernada de golfinho.
Atividades
1. No processo de ensino-aprendizagem da natação, temos 
três correntes de ensino – global, analítica e mista – ampla-
mente utilizadas pelos treinadores na atualidade. Nesse 
sentido, descreva algumas das principais caracterísiticas de 
cada uma delas.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 38 –
2. Quais elementos devem ser considerados na análise técnica do 
nado crawl? Explique-os.
3. No nado peito, a pernada pode ser dividida em quatro fases. 
Quais fases são essas? Descreva-as.
4. Descreva, de forma breve, as quatro etapas da fase submersa da 
braçada do nado borboleta.
2
Princípios do 
treinamento 
aplicados à natação
Os princípios da prescrição de um programa de exercício 
físico na natação são de extrema importância para a organiza-
ção do treinamento e para atingir resultados eficazes. De fato, a 
compreensão dos princípios cientificos do treinamento da nata-
ção permite melhor compreender a relação entre as variáveis 
de controle intervenientes do treinamento em seus diferentes 
modelos de periodização e em suas respectivas fases e etapas 
ao longo de todo o processo.
Especificamente na natação, é sempre preciso selecionar um 
método de treinamento para trabalhar com o desenvolvimento do 
condicionamento e das capacidades físicas. Tal treinamento deve 
abranger do aprendizado até o nível competitivo, além disso, ele-
mentos específicos da preparação física referentes a cada estilo 
de nado devem ser evidenciados juntamente com os principais 
métodos utilizados na periodização deste treinamento.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 40 –
Nesse sentido, o propósito deste capítulo é, além de descrever a 
periodização do treinamento na natação a partir das variáveis intervenien-
tes no treinamento do condicionamento físico específico da modalidade, 
apresentar os métodos mais adequados para trabalhar as capacidades físi-
cas em diferentes fases.
2.1 Princípios científicos da 
preparação na natação
O treinamento desportivo de sucesso deve ser alicercado por um pro-
grama de treinamento cujos princípios estejam, de fato, alinhados aos obje-
tivos daquela modalidade, respeitando as características de cada fase, do 
atleta, isto é, um conjunto de variáveis que devem ser monitoradas. Assim, 
visa-se atingir o melhor desempenho desse atleta ao longo de uma tempo-
rada, por exemplo. Obviamente, isso não seria diferente para a natação.
Em relação à alta performance na natação, o conhecimento científico 
representado pelos princípios do treinamento fisico, além dos métodos e 
modelos de treinamentos atrelados à periodização/estruturação de treina-
mento, tornam-se ferramentas imprescindíveis e obrigatórias para que o 
treinador tenha as condições necessárias para desenvolver o máximo da 
performance do atleta. É evidente que muitas outras variáveis estão envol-
vidas nesse processo, sendo que, muitas, são relativamente complexas de 
serem controladas. Por outro lado, o foco desta seção está no treinamento 
em si, que é considerado uma das variáveis que podem ser controladas, 
porém, ainda dependente de fatores que a cercam. Há a necessidade de 
reduzir ao máximo a probabilidade de tomada de decisão equivocada por 
parte da comissão técnica (treinador), sendo crucial que o planejamento de 
treinamento seja desenvolvido o mais especificamente possível para cada 
atleta, de acordo com o tipo de prova, os objetivos, as competições, entre 
outros elementos pertinentes.
Atualmente, temos um conjunto de variáveis conhecidas como prin-
cípios do treinamento físico. Tais princípios são determinantes para as res-
postas agudas e crônicas frente ao treinamento físico, isto é, determinam 
os resultados esperados da elaboração de um treinamento, sejam eles liga-
dos à saúde ou à performance.
– 41 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
Nesse sentido, esta seção trará um panorama geral sobre os princípios 
gerais do treinamento esportivo, incluindo a natação, em que esses princí-
pios sejam evidenciados, ao mostrar a importância de cada um deles e cor-
roborar com o que apresentou Maglischo (2010). De acordo com o autor, 
não existe um método que, aplicado isoladamente, vá treinar melhor cada 
um dos vários sistemas de energia do corpo humano, considerando que um 
programa de treinamento, para que seja bem-sucedido, deve atentar-se aos 
seguintes princípios segundo Bompa (2012) e Maglischo (2010):
 2 adaptação – o termo adaptação refere-se a mudanças que 
ocorrem em resposta ao treinamento. O processo adaptativo 
ocorre quando os diversos órgãos e tecidos do corpo ope-
ram em um nível mais elevado do que o habitual. A princí-
pio, ocorre alguma insuficiência funcional, porque os órgãos 
e tecidos devem proporcionar mais força, mais energia, mais 
agentes químicos, etc. do que o habitual. Essa adaptação nada 
mais é do que uma transformação morfofuncional do músculo, 
conforme descreve Fleck e Kraemer (2017).
Ainda de acordo com esses autores, a adaptação ocorre da 
seguinte maneira: mediante esforço físico, ocorre uma redução 
imediata das respostas funcionais orgânicas, nesse caso, asso-
ciada principalmente às respostas fisiológicas do sistema imuno-
lógico. Em seguida, no período de repouso, o organismo retorna 
à sua homeostase, ocorrendo, então, uma supercompensação 
(a recuperação supera o estado inicial, ao colocar o organismo 
em um novo estado inicial). Sendo assim, a adaptação tem rela-
ção direta, mas não exclusiva, com o tempo de repouso. Essas 
mudanças representam a quebra da homeostase e repercutem 
diretamente nas respostas fisiológicas ao exercício. Portanto, 
a adaptação do organismo ocorre predominantemente na fase 
de recuperação, tornando essa variável tão importante quanto 
o estímulo. Mcardle, Katch, F. e Katch V. (2016) destacam, do 
ponto de vista energético, a existência de duas fontes principais 
de estímulos e, consequentemente, adaptações diferentes. Essas 
fontes são diretamente ligadas à contração muscular durante a 
realização do movimento e conduzidas basicamente por duas 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 42 –
vias: aeróbica (produção de energia com o uso do oxigênio - 
via da fosforilação oxidativa) e anaeróbica (produção de energia 
sem a necessidade imediata do oxigênio - sistema fosfocreatina 
e a glicólise anaeróbica), ambas muito presentes na natação. 
Dependendo do tipo da prova nadada, por exemplo, 50m ou 
100m, exigem das vias anaeróbias, enquanto provas de resistên-
cia, por exemplo, 1500m, exigem das vias aeróbias. Portanto, 
as características de uma prova devem sempre ser levadas em 
consideraçãono que tange o principio da adaptação.
 2 sobrecarga – a sobrecarga pode ser definida como o estresse ou 
a carga de trabalho imposta sobre o corpo visando uma resposta 
ou adaptação. Essa sobrecarga deve ser elevada gradualmente 
e sob acompanhamento das respostas orgânicas ocasionadas 
pelo aumento da referida carga/estresse, ou seja, à medida que 
as capacidades de força, potência e/ou resistência melhoram em 
decorrência do treinamento (BOMPA, 2012; FLECK; KRAE-
MER, 2017; MAGLISCHO, 2010).
A base para o princípio da sobrecarga, conforme mencionado 
por Maglischo (2010), é o fato de que não ocorrerá adaptações, 
a menos que as demandas do treinamento sejam maiores do que 
as demandas habituais incidentes em determinado mecanismo 
fisiológico. Portanto, na prática, quando uma pessoa aumenta as 
demandas habituais incidentes em determinado sistema, pode-se 
dizer que esse sistema está sobrecarregado.
O intervalo de recuperação, de acordo com Gobbi, Villar e 
Zago (2005), também tem relação direta com a sobrecarga. 
Trata-se de uma variável importante a ser considerada, pois 
acaba influenciando a intensidade e a densidade do treina-
mento, refletindo na adaptação ao treinamento. Dessa forma, 
quanto mais tempo entre as séries de exercício, por exemplo, 
maior será a recuperação das reservas energéticas imediatas 
para a execução da próxima série. Assim, conforme destacado 
pelos autores, é possível entender que sobrecarga e adaptação 
“andam juntas” dentro de um treinamento físico, de acordo 
com o que é apresentado na Figura 2.1, que evidencia a super-
– 43 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
compensação da capacidade funcional. Para que essa capaci-
dade funcional seja aumentada, há necessidade de que as vari-
áveis sobrecarga e adaptação se relacionem positivamente com 
estímulo e repouso, caso contrário, poderá ocorrer um destrei-
namento ou regressão da capacidade funcional.
Figura 2.1 – Ilustração do princípio da sobrecarga e adaptação
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
SEMANAS
SOBRECARGA
SOBRECARGA
SOBRECARGA CAPACIDADE FUNCIONAL
CA
RG
A 
DE
 TR
AB
AL
HO
Fonte: adaptada de Gobbi, Villar e Zago (2005).
 2 continuidade – esse princípio se manifesta quando há uma rela-
ção positiva entre sobrecarga e adaptação. Assim, a continuidade 
preconiza que a sobrecarga de treinamento seja suficiente para 
causar adaptações e/ou que não exista interrupção prolongada 
do processo de treinamento ou adaptação, conforme descrevem 
Fleck e Kraemer (2017), Gobbi, Villar e Zago (2005). As adap-
tações crônicas e mais duradouras são obtidas mediante a conti-
nuidade do treinamento. Esses autores destacam a importância 
de estabelecer um planejamento complexo e sistematizado para 
melhorar ou manter a performance motora, principalmente no 
que diz respeito a atletas.
Na prática, o nadador não conseguirá cumprir um volume de 
nado se não progredir paulatinamente em suas capacidades. 
Portanto, a continuidade é considerada um processo lento, que 
envolve questões como motivação, disciplina e foco para que 
as mudanças crônicas apareçam. Dentre os aspectos fisiológicos 
que permeiam a continuidade, Fleck e Kraemer (2017) desta-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 44 –
cam o endócrino, uma vez que uma maior produção hormonal 
influencia no estímulo ao crescimento de fibras musculares, na 
conversão de tipos de fibras musculares e na plasticidade e qua-
lidade dessas fibras. Gobbi, Villar e Zago (2005) salientam que é 
pela continuidade do treinamento que a supercompensação ocor-
rerá, e, mediante o processo sequencial de estímulos, o corpo 
deverá se adaptar ultrapassando o limiar da capacidade funcio-
nal inicial destacado nas fases de adaptação e sobrecarga.
 2 especificidade – de acordo com Bompa (2012), Fleck e Kraemer 
(2017), Gobbi, Villar e Zago (2005), o princípio da especifici-
dade está diretamente relacionado com o objetivo a ser atingido 
dentro do treinamento. Esse princípio se baseia nos processos de 
sobrecarga e adaptação sofridos pelo organismo em decorrência 
da prática do treinamento.
Uma característica importante desse princípio é que os gestos 
motores de um treinamento devem ser o mais próximos daqueles 
exigidos durante a respectiva performance. No caso específico 
da natação, por ser desenvolvida em ambiente aquático, torna-se 
muito mais eficaz para a performance treinar seus fundamentos, 
de fato, nadando, e não se exercitando fora d’água, como mui-
tos treinadores pensavam num passado não muito remoto. Tal 
prática, inclusive, acaba se tornando prejudicial para a evolu-
ção do atleta. De fato, pode acontecer que um atleta de natação 
consiga obter bons ganhos treinando musculação para fortale-
cer seus músculos. Entretanto, esse não deve ser seu principal 
método de treinamento, tendo em vista que sua performance 
almejada se dá dentro d’água, como afirma Maglischo (2010). 
O autor complementa mencionando que o treinamento também 
pode ser específico para o tipo de nado utilizado pelos atletas em 
competição, e que, embora os estilos de nados recrutem fibras 
musculares mais específicas, variando de um estilo para outro, 
a transferência no uso muscular talvez seja considerável de um 
tipo de nado para outro; algumas fibras não são submetidas ao 
mesmo esforço de um determinado tipo de nado para outro, e 
isso deve ser levado em consideração. É importante conside-
– 45 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
rar também o percentual da quilometragem de treinamento em 
seu(s) tipo(s) de nado principal(is), pois esse é o único modo 
pelo qual os atletas podem ter certeza de que estão treinando as 
fibras musculares que serão utilizadas nas provas. Finalmente, 
um aspecto importante a se destacar está relacionado às várias 
fases do sistema metabólico, já que o treinamento de resistên-
cia e o treinamento de velocidade enfatizam aspectos diferen-
tes desses sistemas, e devem ser considerados na estruturação 
do programa de treinamento na natação.
Bompa (2012) descreve como um aspecto importante relacio-
nado à especificidade o fato de que, para aplicar tal princípio, 
não necessariamente é preciso haver uma imitação perfeita do 
gestual utilizado em performance, mas sempre o entendimento 
de como esse gestual pode ser explorado em diferentes aborda-
gens. Maglischo (2010) descreve a importância de serem leva-
dos em consideração pelo menos quatro aspectos da especifici-
dade durante o planejamento de um programa de treinamento 
para nadadores, entre os quais estão: 1) a atividade para a qual o 
nadador está treinando; 2) o tipo de nado que o atleta utilizará na 
competição; 3) o tipo de prova; 4) as partes do sistema metabó-
lico que devem ser submetidas ao esforço.
 2 individualidade biológica – esse princípio refere-se às caracte-
rísticas peculiares de cada indivíduo que interferem no programa 
de treinamento a ser elaborado. Maglischo (2010) destaca em 
seu texto que a maior parte das pesquisas indicam dois fatores 
como sendo importantes nesse processo: 1) o estado de condi-
cionamento do atleta, ao ter início o treinamento; e 2) seu patri-
mônio genético. Nesse sentido, Bompa (2012), Gobbi, Villar e 
Zago (2005), Fleck e Kraemer (2017) descrevem que indivíduos 
com a mesma idade cronológica, por exemplo, podem apresen-
tar maturação biológica diferente. Portanto, essa individuali-
dade ainda pode incluir fatores genéticos, tipo de composição 
de fibras musculares, gênero, envelhecimento e, até mesmo, o 
ambiente em que o indivíduo está inserido.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 46 –
Com relação ao nível de condicionamento, Maglischo (2010) 
destaca, baseado na maior parte das pesquisas, que o período de 
descanso torna-se fundamental e esses atletas evoluirão drastica-
mente durante as primeiras 6 a 12 semanas. Além disso, todos os 
aspectos do desempenho, potência,resistência, velocidade etc. 
melhorarão de forma excepcional, independentemente do tipo de 
ênfase do treinamento, de velocidade ou resistência. Vale ressal-
tar ainda que a velocidade de progresso cairá consideravelmente 
depois das primeiras semanas, sendo que alguns atletas se esta-
bilizarão e, aparentemente, seu progresso será muito pequeno 
durante longos períodos por terem se aproximado de seus limites 
genéticos em certos mecanismos fisiológicos, conforme desta-
cam também McArdle, Katch F. e Katch V. (2016). Por outro 
lado, esses nadadores melhorarão um pouco mais, embora de 
forma mais lenta, caso persistam e não treinem excessivamente. 
Na prática, o VO2 máx aumentará de 20 a 30% durante as pri-
meiras 8 a 12 semanas de treinamento; depois desse período, os 
atletas poderão continuar melhorando o VO2 máx em mais 20 
a 30%, mas talvez tenham que transcorrer de 1 a 2 anos antes 
que isso ocorra, conforme apresentado por McArdle, Katch F. e 
Katch V. (2016).
Já em relação ao patrimônio genético, Maglischo (2010, p. 356) 
destaca que:
estudos com gêmeos idênticos têm demonstrado repetidamente que 
a hereditariedade determina em grande parte a resposta máxima 
ao treinamento para diversos mecanismos fisiológicos, tanto aeró-
bicos como anaeróbicos; fatores genéticos como o percentual de 
cada tipo de fibra muscular certamente afetam o modo com que 
determinado atleta responde a certos tipos de treinamento.
Na prática, um atleta com grande percentual de fibras muscu-
lares de contração rápida tenderá a responder favoravelmente 
ao treinamento de força, velocidade e potência. Por outro lado, 
quando o treinamento for direcionado para a melhora da capaci-
dade aeróbica, o atleta especialista em provas de velocidade terá 
um desempenho certamente inferior ao daqueles que possuem 
um grande percentual de fibras musculares de contração lenta, 
– 47 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
cuja resposta otimizada se dá em treinamentos/provas nos quais 
predominam a resistência.
 2 reversibilidade – esse princípio, de acordo com Bompa (2012), 
Fleck e Kraemer (2017), Gobbi, Villar e Zago (2005), relata 
que a reversibilidade está intimamente ligada à continuidade: 
se imposta de maneira correta e constante, a sobrecarga propor-
ciona continuidade aos objetivos traçados, ao passo que, se os 
estímulos forem insuficientes para gerar adaptações, ocorrerá o 
princípio da reversibilidade. Maglischo (2010) descreve que a 
reversibilidade pode ser influenciada por dois fatores principais 
a serem considerados: períodos longos demais entre as sessões 
de treinamento e períodos curtos demais de recuperação, impe-
dindo a regeneração completa do organismo e a elevação da 
capacidade funcional.
Nesse sentido, períodos muito longos entre as sessões de trei-
namento e, ao mesmo tempo, períodos curtos demais entre as 
sessões, poderão favorecer a reversibilidade. Bompa (2012) evi-
dencia que, se no primeiro caso o período mais longo permitir 
que o organismo alcance a homeostase da condição inicial da 
capacidade funcional, no segundo, o tempo insuficiente de des-
canso tampouco proporcionará a supercompensação, mantendo 
o organismo na mesma condição inicial, ou até abaixo dela.
Estudos prévios, de acordo com Maglischo (2010), demonstra-
ram perdas em adaptações aeróbicas e anaeróbicas entre 7 e 10%, 
quando os atletas interromperam o treinamento durante apenas 3 
semanas. Esse nível de redução levou a perdas no desempenho 
de resistência entre 25 e 30% e a declínios no desempenho de 
velocidade de 8 a 12%. As perdas no desempenho foram consi-
deravelmente maiores quando o treinamento havia sido descon-
tinuado por um período mais longo. Depois de 4 a 12 semanas 
sem treinamento, as adaptações aeróbicas declinaram de 15 a 
20% e as anaeróbicas de 18 a 50%. O desempenho de resistên-
cia caiu até 40% e o de velocidade de 14 a 30% (MCARDLE; 
KATCH, F; KATCH, V, 2016). Maglischo (2010) destaca que 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 48 –
períodos mais longos sem treinamento causam perdas ainda 
maiores no desempenho. Na prática, o autor traz em sua obra 
um estudo feito com nadadores universitários. 85 dias sem trei-
namento resultaram em nados 3,4% mais lentos para os 50m 
(cerca de 0,80s mais lentos) e 7% mais lentos para os 400m (17s 
mais lentos). Os picos de lactato também declinaram em 22% 
(2 a 3mmol/L mais baixos), e a potência de nado estacionário 
contra resistência durante esse período caiu 12%. Esse resultado 
sugere que a potência do nado, uma vez perdida, demandará 
mais tempo para o retorno aos níveis precedentes em compara-
ção com a re-sistência do nado. A Figura 2.2 mostra o princípio 
da reversibilidade onde a queda na capacidade funcional devido 
a periodos de recuperação curtos demais não fornece o tempo 
suficiente para haver supercompensação.
Figura 2.2 – Ilustração do princípio da reversibilidade
Tempo/Dias
Ca
pa
ci
da
de
 F
un
ci
on
al
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Estímulo/Exercício
Estímulo/Exercício
Fonte: adaptada de Gobbi, Villar e Zago (2005).
A partir do que foi apresentado nesta seção, entende-se que todos os 
princípios do treinamento físico encontram-se inter-relacionados e devem 
ser observados em igual importância, haja vista sua relevância na perodi-
zação do treinamento na natação.
– 49 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
2.1.1 Condicionamento físico para natação
A prática da natação é considerada uma atividade que pode variar 
de moderada a vigorosa de acordo com as diretrizes do Colégio Ame-
ricano de Medicina do Esporte (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS 
MEDICINE, 2014). Garber et al. (2011) sugerem que um treinamento 
direcionado à melhoria do condicionamento físico consiste na realização 
de sessões de exercícios de intensidade moderada cinco vezes por semana 
com duração de 30 a 60 minutos, ou de intensidade vigorosa três vezes por 
semana com duração de 20 a 60 minutos, possibilitando combinar sessões 
com as diferentes intensidades na frequência de três a cinco vezes por 
semana com duração de 20 a 60 minutos.
Hines (2008) traz, em sua obra, uma definição interessante para o con-
dicionamento físico aplicado à natação, na qual trata a respeito da capa-
cidade de expressar a técnica desenvolvida no período e na intensidade 
escolhida. Além disso, menciona que esse condicionamento é específico 
da atividade que está sendo praticada, e cita como exemplo o fato de uma 
pessoa poder ter um alto nível de condicionamento físico para corridas em 
distância ou para o ciclismo e ser completamente incapaz de nadar. Outros 
podem ser aptos para a natação em longas distâncias, mas não conseguir 
realizar uma chegada em alta velocidade na piscina. Esses fatores certa-
mente corroboram para a especificidade do treinamento, nesse caso, mais 
evidenciado devido ao ambiente e o gesto motor completamente distintos 
para as modalidades esportivas mencionadas.
Cumpian (2019) descreve um aspecto importante relativo ao condi-
cionamento físico da natação, o qual sugere como ideal que estes aspectos 
sejam desenvolvidos através da divisão em etapas/fases. Nesse contexto, 
Maglischo (2010) e Salo e Riewald (2011) mencionam ainda que, em uma 
fase inicial, se deve buscar, sobretudo, os avanços relacionados à condição 
cardiorrespiratória dos sujeitos, geralmente dando ênfase ao treinamento 
com base aeróbia, independentemente do estilo de nado. À medida que o 
treinamento evolui, o trabalho de condicionamento passa a ser mais espe-
cífio, ampliando o trabalho com base anaeróbia. No intuito de aperfeiçoar 
a aptidão física, deve-se considerar um aspecto muito importante que é 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 50 –
o planejamento voltado para o condicionamento físico dos atletas numa 
tentativa de associar a melhora do desempenho, nesse caso, marcada pelo 
condicionamento físico juntamente com o desenvolvimento das habilida-
des técnicas relativas à execuçãodos nados. Além disso, conforme sugere 
Cumpian (2019), é importante aliar a aprendizagem ao condicionamento.
É importante ressaltar que a natação é uma das modalidades espor-
tivas que mais demandam esforço do indivíduo, e que, independente-
mente do nível de aptidão física, ao nadar, o indivíduo desenvolve todas 
as capacidades físicas básicas - força, velocidade, resistência, flexibili-
dade e coordenação motora. Porém, o trabalho a ser realizado diante de 
cada capacidade acaba recebendo destaques diferentes, podendo estar 
direta ou indiretamente ligado aos objetivos principais de cada estilo de 
nado. Vemos isso, por exemplo, ao comparar o estilo peito com o costas, 
cuja técnica de nado é totalmente diferente, o que influencia diretamente 
no dispêndio energético para a execução do nado (CUMPIAN, 2019; 
MAGLISCHO, 2010).
O nado rápido (velocidade), conforme descreve Salo e Riewald (2011), 
é baseado na eficiência e na eficácia, onde eficiência significa ser capaz de 
nadar rapidamente sem desperdiçar esforço e energia e eficácia é o poder 
de produzir um resultado – que, nesse caso, significa efetivamente usar as 
forças que você gera para chegar ao final da piscina. Esses dois conceitos 
dependem da capacidade de gerar as forças que impulsionam o corpo atra-
vés da água da maneira apropriada e ainda minimizam a resistência que 
você enfrenta ao atravessar a piscina. Essa capacidade, segundo os autores, 
é influenciada por vários fatores, entre os quais estão: a técnica do nado; a 
força, a potência e a flexibilidade; a posição do corpo e a hidrodinâmica; o 
nível de condicionamento físico; além do tipo e forma corporais.
Na prática, é possível perceber a relação entre condicionamento 
físico e eficácia do nado, sobre a qual Salo e Riewald (2011) apresentam 
um interessante exemplo. Os autores mostram que o indivíduo, a partir 
do momento que melhorar o seu desempenho em atravessar a piscina ou 
gerar propulsão, notará que o número de braçadas necessárias para nadar 
uma determinada distância em um certo ritmo diminuirá. Sendo assim, ele 
conseguirá nadar, por exemplo, 100 repetições do nado crawl em um ritmo 
de 1:15 fazendo 16 braçadas por piscina. E, conforme este mesmo indiví-
– 51 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
duo desenvolve mais eficiência e se torna mais efetivo em usar a força a 
fim de gerar propulsão, passará a precisar de apenas 15 ou, até mesmo, 14 
braçadas por piscina, mantendo o mesmo ritmo de 1:15.
Na seção a seguir, serão apresentadas algumas das principais valên-
cias físicas que podem ser desenvolvidas na prática da natação e devem 
ser frequentemente trabalhadas ao longo das etapas ou fases de uma perio-
dização de treinamento, de forma mais ou menos agudas, dependendo dos 
objetivos estabelecidos para cada um desses períodos e competições a 
serem considerados.
2.1.1.1 Valências físicas desenvolvidas 
na prática da natação
No intuito de corroborar com a melhora do desempenho do atleta, 
é importante desenvolver habilidades técnicas relativas à execução dos 
diferentes estilos de nados em conjunto com o condicionamento físico. 
Assim, será possível desenvolver a aptidão física conforme mencionado 
por Cumpian (2019).
A primeira valência, considerada de base, a ser trabalhada na natação 
é a resistência cardiorrespiratória, uma vez que está presente direta-
mente em todos os tipos de nado. É importante, ainda, destacar que o trei-
namento variará de acordo com a distância percorrida pelo nadador e seu 
objetivo segundo Maglischo (2010). O tipo de prova influencia, de fato, 
nas diferentes vias metabólicas que são exigidas. Por exemplo: em provas 
cujas distâncias são curtas, há predominância das vias anaeróbias, pois a 
potência e explosão são elementos predominantes para que a performance 
seja a mais eficaz possível. Por outro lado, em distâncias longas, as vias 
aeróbias são exigidas, uma vez que se faz necessário um volume mais alto 
de O2 exigido, além de serem caracterizadas como provas de resistência, 
nas quais a fadiga ocorre, haja vista provas de 1500m, por exemplo.
A força é outra variável relevante para o desempenho de nadadores, 
pois está diretamente associada ao deslocamento do nadador, levando em 
conta a força propulsiva empregada a qual deve ser, no mínimo, superior 
à força de arrasto hidrodinâmico imposta pela água, contrária ao sentido 
de deslocamento do nadador. De acordo com Machado (2006), nadadores 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 52 –
de alto nível conseguem diminuir a força de arrasto em função da técnica 
apurada durante as braçadas, conseguindo, inclusive, aumentar a veloci-
dade sem aumentar significativamente a resistência. É importante destacar, 
ainda, que fatores como tamanho, posição e velocidade dos movimentos 
dos segmentos, ao passo que a força de arrasto possui uma relação direta 
com o tamanho, o formato, a posição e a velocidade do corpo do nadador, 
e podem influenciar as forças propulsivas realizadas pelos praticantes.
Maglischo (2010) enfatiza a importância do treinamento da coorde-
nação motora, a qual é desenvolvida principalmente no início do apren-
dizado e, em razão de sua funcionalidade nas técnicas de nados, a ênfase 
deve ser direcionada principalmente à fase de adaptação, pois o trabalho 
da técnica está diretamente relacionado à aprendizagem e ao aperfeiçoa-
mento dos movimentos específicos do nado. Uma melhor eficácia na exe-
cução do movimento por meio de uma coordenação gestual bem definida 
permitirá que o indivíduo se movimente em água com o menor dispêndio 
energético e de forma eficaz, o que é considerado a situação ideal.
Outra variável importante, porém não trabalhada com um trei-
namento específico, é a flexibilidade, que auxilia desde a melhora da 
amplitude de movimento até a prevenção de lesões (AMERICAN COL-
LEGE OF SPORTS MEDICINE, 2014). Entretanto, embora tenha um 
papel importante durante o nado, nessa proposta não há nenhum trabalho 
específico para desenvolvê-la, o que ocorrerá de maneira indireta durante 
as aulas (CUMPIAN, 2019).
Para refletir...
Na prática, pense em um nadador de elite, que, ao nadar 50m 
e 100m, leva um tempo aproximado de 21 a 25s e 47 a 52s, res-
pectivamente. A fim de atingirem altas velocidades, os nada-
dores empregam uma alta frequência de braçada, o que exige 
força, potência e técnica consideráveis. Para que esse nadador 
alcance uma elevada força propulsiva e vença as forças de 
arrasto, as vias anaeróbias de fornecimento de energia para 
os músculos devem estar altamente preparadas e adaptadas 
a essa demanda. Adaptações como aumento do recrutamento 
de unidades motoras, maior excitabilidade dos motoneurô-
nios, aumento da quantidade de proteínas contráteis como 
– 53 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
a actina e a miosina, aumento das reservas de adenosina tri-
fosfato (ATP), glicogênio e fosfocreatina intracelular, entre 
outras, possibilitam produzir altos níveis de força nesses atletas 
(MCARDLE; KATCH F.; KATCH,V., 2016).
 
Em razão das diferentes distâncias percorridas durante as provas, os 
nadadores podem ser classificados como velocistas, fundistas e meio-fun-
distas. Os atletas nadadores necessitam de endurance e de velocidade para 
obter o melhor desempenho. Porém, o fato de ser uma atividade aquática faz 
com que haja uma preocupação com a fisiologia específica das demandas 
energéticas desses atletas (MCARDLE; KATCH, F.; KATCH, V., 2016).
A preparação física na natação pode ser atingida a partir da união de 
diversos fatores cujo entendimento não depende apenas do domínio do 
conhecimento e do conteúdo de treinamento, mas também das experiên-
cias adquiridas pelo treinador e sua equipe.
Nesse sentido, é evidente que o condicionamento físico pode ser 
decisivo para a performance do atleta e deve ser trabalhado em qualquer 
um dos níveis de treinamento da natação, da iniciação ao alto rendimento, 
respeitando as etapas e fases do treinamento, da periodização e dos objeti-
vos encontradosem cada uma destas. Cabe ao treinador e sua equipe defi-
nirem, além das etapas, os exercícios mais adequados para aprimorarem 
de forma efetiva tais valências físicas mencionadas de forma plena.
2.2 Periodização do treinamento na natação
Periodização significa a divisão do tempo total de treinamento em 
períodos específicos. Ou seja, é a organização das variáveis intensidade, 
volume, frequência e intervalo de recuperação. Ela é a responsável por 
colocar cada variável em uma organização que permita ganhos no treina-
mento, respeitando o calendário e os objetivos desenhados para o atleta 
(BARBANTI et al., 2004).
A periodização do treinamento de atletas de alto rendimento é um 
tema de constante debate, e a natação, por ser um dos poucos espor-
tes aquáticos, tem as suas características peculiares quando comparada 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 54 –
aos esportes terrestres. Os avanços da ciência e as diferentes possibi-
lidades de avaliação e treinamento desses atletas vêm crescendo ano 
após ano, e as investigações acerca do treinamento aperfeiçoadas no 
intuito de fazer com que o atleta esteja sempre em seu ápice em uma 
determinada competição ou período.
De acordo com Gomes (2009), o crescimento constante do calendário 
de competições e o aumento dos prêmios pagos levam a uma intensifi-
cação nos aspectos relacionados à preparação esportiva e, consequente-
mente, a uma evolução nos enfoques teórico-metodológicos e soluções 
tecnológicas, com o objetivo de buscar cada vez mais o máximo do aper-
feiçoamento esportivo. Nesse sentido, o autor destaca que:
[...] a periodização do processo de treinamento esportivo consiste, 
antes de tudo, em criar um sistema de planos para distintos perío-
dos que perseguem um conjunto de objetivos mutuamente vincu-
lados. O plano de treinamento constitui um sério trabalho cientí-
fico, que prevê perspectivas possíveis a curto, médio e longo prazo 
(GOMES, 2009, p. 149–150).
Ainda de acordo com Gomes (2009), a periodização de um treina-
mento esportivo é evidenciada como algo que constitui a principal pre-
paração do atleta, a qual compreende uma maneira de orientar o desen-
volvimento físico e o aperfeiçoamento esportivo do nadador e abrange 
as sessões práticas dos tipos de preparação - técnica, física (funcional) 
e tática. Além disso, também de acordo com o autor, encontramos em 
prática, ainda hoje, uma classifiação quanto ao momento histórico da cria-
ção da periodização: sistematização do treino (origem até 1950), modelos 
clássicos (1950 a 1970) e modelos contemporâneos (1970 até a atuali-
dade), sendo que alguns desses modelos de periodização continuam sendo 
utilizados, enquanto outros não.
2.2.1 Modelos de periodização de treinamento
Modelos de periodização de treinamento físico são cruciais para o 
planejamento a longo prazo, conforme destaca Bompa (2012). Os mode-
los descrevem fundamentos propostos por estudiosos da área que aplica-
ram e teorizaram seus achados e embasaram a proposição desses modelos 
até a atualidade. Tais modelos são úteis na orientação quanto ao direcio-
– 55 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
namento da carga de trabalho e em que momento utilizar mais intensidade 
ou volume a fim de alcançar a forma esportiva, o que ocorre na natação.
De acordo com Platonov (2008) e Tavares Junior (2014), o modelo 
clássico é o mais utilizado na prática. Tal modelo, cuja origem remonta à 
década de 1950, fundamenta-se na síndrome de adaptação geral, que con-
siste em diferentes fases para atingir a forma esportiva: desenvolvimento, 
conservação e perda. Assim, nesse modelo de periodização, o ciclo anual 
de treinamento, ou macrociclo, é dividido em três períodos bem definidos: 
preparatório, competitivo e transitório, relacionados às diferentes fases 
de forma desportiva, em que deverão ser realizadas diferentes proposições 
entre volume e intensidade dos estímulos.
 Destaque
No que tange a periodização do teinamento, vale destacar a 
forte influência da União Soviética nesse contexto com desta-
que para Lev Pavlovich Matveev, considerado o pai da perio-
dização, pois foi a partir do seu modelo de periodização clás-
sica que evoluíram e surgiram outros modelos. Ainda que o 
modelo de Matveev tenha surgido nos anos 1950, ele perdura 
até os dias atuais, sendo um modelo eficiente, embora não 
adequado a todas as modalidades e necessidades esportivas, 
incluindo a natação.
 
Em meados dos anos 1970, surge o modelo modular proposto 
por Vorobjev. O racional desse modelo era oposto àquele proposto por 
Matveev, uma vez que, no treinamento modular, se preconiza a preparação 
específica (e não a geral), com mudanças intensas e frequentes de volume 
e intensidade das cargas de treinamento durante toda a temporada. Vale 
destacar, de acordo com Bompa (2012) e Tavares Junior (2014), que esse 
é considerado o primeiro modelo a se afastar do modelo clássico e do 
emprego da preparação geral.
Já o modelo pendular foi proposto por Arosjev e Kalinin também 
nos anos 1970. De acordo com Bompa (2012), trata-se de um aperfeiçoa-
mento do método proposto por Matveev, em que são mantidos os períodos 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 56 –
de preparação, mas são acrescidos pressupostos sobre o descanso ativo 
e sua relação positiva com a capacidade no restabelecimento do traba-
lho. Gomes (2009) menciona que esse método tem como característica a 
preconização da sequência de microciclos básicos e de regulação no res-
tabelecimento eficaz e na capacidade de suportar ritmos elevados e reduzi-
dos de trabalho geral pelo organismo do atleta. Platonov (2008) e Tavares 
Junior (2014) destacam que o fundamento básico do modelo pendular é 
impor vários picos de rendimento durante uma temporada, aproximando-
-se do calendário competitivo anual.
Na década de 80, o modelo por blocos foi proposto por Yuri 
Verkhoshanski, caracterizado por ser um modelo que apresentou mudan-
ças importantes no que vinha sendo preconizado até então, mas, ainda, 
com forte influência do método clássico (BOMPA, 2012). Esse modelo é 
um método de cargas concentradas propício aos desportos com caracteri-
zação de força. Para isso, são propostos três blocos: bloco A (preparação 
física especial), bloco B (preparação técnico-tática) e bloco C (competi-
ções). Platonov (2008) deixa claro que esse é considerado um método ade-
quado para atletas de elite (repare que não há preparação geral). Segundo 
Bompa (2012), Platonov (2008) e Tavares Junior (2014), a ideia central 
do método por blocos consiste em sobrepor parte dos conteúdos dos blo-
cos aproveitando os efeitos retardados do bloco anterior, utilizando cargas 
concentradas, unidirecionais e com elevados volumes, ao promover recu-
perações incompletas e processo de supercompensação. Cabe, ainda, res-
saltar que o modelo por blocos apresenta dois grandes blocos: preparação 
e competição, um mais volumoso e menos intenso e o outro mais intenso 
e menos volumoso, no qual deverão ocorrer os melhores resultados.
Finalmente, o modelo ondulatório é caracterizado pela variação fre-
quente de volume e intensidade durante as sessões de treinamento, bus-
cando estimular diferentes qualidades físicas. Platonov (2008) evidencia 
que, devido suas características próprias, esse modelo pode ser aplicado 
por períodos curtos (semanas ou meses), longos (anos) ou para preparação 
competitiva. Conforme mencionou Gomes (2009), essa variação é interes-
sante porque permite que sejam feitas modificações frequentes de volume 
e intensidade. Ademais, considera-se, ainda, um modelo que tem como 
objetivo buscar a redução dos riscos de lesões e overtraining, além de 
– 57 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
eliminar o tédio e melhorar a recuperação do indivíduo entre os estímulos. 
Bompa (2012) e Tavares Junior (2014) descrevem os mesociclos de trei-
namento divididos de maneira similar à periodização clássica, mas levam 
o nome do objetivo a ser alcançado, como mesociclo de força máxima,de força rápida, de descanso ativo, etc., conforme apresentado na Figura 
2.3. Nessa figura, é possível verificar um exemplo de distribuição variada 
entre volume e intensidade durante um macrociclo do modelo ondulatório, 
sendo que esse modelo se caracteriza pela variação entre volume e inten-
sidade ao longo de macrociclos, mesociclos ou, até mesmo, microciclos.
Figura 2.3 – Exemplo de modelo ondulatório
Intensidade
Volume
Carga
100%
80%
70%
65%
Mesociclos Hipertrofia Força máxima
Força 
rápida
Fase de 
pico
Descanso 
ativo
Duração 4 semanas 2 semanas
Macrociclo
Fonte: adaptada de Tavares Junior (2014).
Enfim, cada um dos modelos de treinamento apresentados nesta 
seção mostram os fundamentos e características peculiares que devem ser 
utilizadas nas periodizações em treinamento físico, considerando aquelas 
que melhor se adequem a cada desporto, atleta, condições de temporada/
competições etc.
2.2.2 Periodização específica para a natação
De fato, a periodização tem como objetivo proporcionar ao atleta 
nas competições a forma esportiva, ou seja, o estado no qual o atleta está 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 58 –
preparado para obter resultados esportivos favoráveis. Esse fenômeno é 
composto por vários aspectos como físico, psicológico, técnico e táctico, 
e, somente a partir da existência de todos, pode-se afirmar que o atleta 
encontra-se preparado adequadamente (SUZUKI e VIEIRA, 2019). Os 
autores mencionam, ainda, que uma periodização bem elaborada, no caso 
da natação, adequada para cada indivíduo e suas características particu-
lares, seja ele atleta ou não, as adaptações alcançadas levam ao máximo 
rendimento durante as sessões. Assim, o organismo tende a trabalhar de 
maneira econômica, visando atender às necessidades do corpo submetido 
a certo tipo de estímulo.
Salo e Riewald (2011) descreveram que, na maioria dos esportes, 
geralmente, a temporada é dividida em quatro fases: 1) preparação e 
treinamento; 2) desenvolvimento de potência e força específicas do 
esporte; 3) competição; 4) descanso e recuperação. Entretanto, esses 
autores ainda incluem, no caso específico da natação, uma uma fase pre-
liminar, que permite que o atleta se familiarize novamente com a água no 
início de uma temporada. Essa passa a ser, de acordo com os autores, a 
primeira fase de um plano periodizado.
É importante ressaltar, ainda, que cada uma dessas fases cumpre uma 
função específica na preparação dos atletas para as demandas exclusivas 
do treinamento e da competição. Outro aspecto fundamental a destacar 
quando se trabalha de forma planificada/estruturada é que o técnico ou 
treinador consegue estruturar o programa de maneira periodizada, pro-
jetando o treinamento para que seja alcançado o pico da performance 
esperado no momento conveniente a partir de estratégias estabelecidas ao 
longo da temporada.
A lista de benefícios do treinamento periodizado é muito extensa, e, 
segundo Salo e Riewald (2011, p. 200), alguns aspectos são de interesse 
específico para os nadadores:
(1) Ajuda a estruturar o treinamento de modo a desenvolver todos 
os atributos necessários a um nadador: resistência, potência e força. 
Com frequência, os ganhos nessas áreas são maiores do que os que 
seriam obtidos se você não fizesse um plano de treinamento perio-
dizado. Acrescenta variedade ao treinamento e pode aumentar o 
nível de motivação, ao mesmo tempo em que ajuda a impedir pla-
– 59 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
tôs de desempenho. (2) Fornece uma estrutura e uma progressão 
lógica para o treinamento. Primeiro, você cria uma base de força 
e depois se concentra no desenvolvimento da potência. Esse tipo 
de sobrecarga progressiva é uma maneira saudável de desenvolver 
força e melhorar o desempenho, porque você não tenta aumentar a 
intensidade muito precocemente. (3) Reduz o risco de treinamento 
excessivo e esgotamento. (4) Ajuda na prevenção de lesões, forne-
cendo oportunidades de descanso e recuperação.
2.2.3 Fases do plano de treinamento 
periodizado para natação
Salo e Riewald (2011) descrevem as cinco fases que devem fazer 
parte do seu plano de treinamento periodizado para Natação: 1 fase preli-
minar; 2 fase de treinamento; 3 fase de competição; 4 fase de campeonato; 
5 fase de descanso ativo.
A seguir, será apresentada de forma detalhada cada uma destas fases 
importantes para as etapas de uma periodização ou planejamento do trei-
namento na natação.
 2 Fase preliminar: é estabelecida no início da temporada e tem 
como finalidade alcançar determinados objetivos, dentre os quais 
se destacam: a) estabelecer uma regularidade no treinamento, 
que inclui reconquistar a percepção da água, enquanto também 
desenvolve rotinas de aquecimento e pré-competição. Essa pri-
meira fase da temporada também é a época ideal para trabalhar o 
condicionamento físico geral fora da água; b) trabalhar a técnica 
e desenvolver uniformidade e eficiência nas braçadas. Uma das 
principais áreas de aprimoramento na natação resulta do aperfei-
çoamento da técnica; c) treinar a técnica no início da temporada, 
quando ainda não está cansado, é fundamental para o sucesso.
Nesse sentido, compreender a função da fase preliminar 
torna-se fundamental para o processo como um todo, uma 
vez que é um período específico para que o atleta “se fami-
liarize” com a água depois de um tempo afastado do treina-
mento intenso, sendo uma fase caracterizada ainda por ter 
início após o período de descanso ativo.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 60 –
 2 Fase de treinamento: o foco dessa fase de treinamento está em 
desenvolver um nível básico de condicionamento físico e resis-
tência muscular, isto é, elementos essenciais para o desenvol-
vimento do nadador, também conhecidos como força básica e 
condicionamento (valências físicas do condicionamento). A fase 
se caracteriza por apresentar um maior volume de trabalho, tanto 
na piscina quanto em seus treinos de força e condicionamento 
fora d’água. Salo e Riewald (2011, p. 202-203) mencionam 
algumas diretrizes específicas enfatizadas nessa fase:
a) Para criar uma base verdadeiramente sólida de força e con-
dicionamento físico, dedique pelo menos seis semanas à fase 
de treinamento. Um período ainda mais longo (oito semanas ou 
mais) pode ser melhor. Use resistência moderada e muitas repeti-
ções no treinamento de força para criar condicionamento cardior-
respiratório e resistência muscular. b) Na água, faça atividades 
intensas e rápidas quase todos dias. Desde que você use a técnica 
adequada e a mecânica correta da braçada (mesmo quando está 
cansado), poderá manter um nado rápido durante toda a tempo-
rada, que o levará a enormes benefícios na fase de campeonato. 
c) O trabalho executado durante essa fase serve como base para 
desenvolver a potência e a força específicas para Natação. O pico 
do seu desempenho também será determinado em grande parte 
pelo trabalho executado nesse período. d) Se você dedicar a essa 
fase a atenção que ela merece, alguns eventos poderão parecer 
mero treinamento e você não precisará descansar muito no início 
da fase de competição. O benefício a longo prazo de realizar um 
período maior de treinamento sólido compensa qualquer possível 
ganho de curto prazo que você ob-teria descansando para uma 
competição no início da temporada.
 2 Fase de competição: é definida por Salo e Riewald (2011) 
como a principal parte da temporada competitiva que culmina 
com o campeonato do final da temporada. Na universidade e no 
ensino médio, a fase de competição é uma temporada de eventos 
duplos. Para os másteres e nos grupos de nadadores jovens, essa 
é a temporada competitiva sem campeonatos. São apresentados, 
a seguir, alguns pontos específicos que devem ser focados nessa 
fase: a) o aumento do trabalho executado durante a fase de trei-
namento, tornando-o mais específico para certos eventos e tipos 
de nado. Nessa etapa, é importante dedicar-se ao nado rápido 
– 61 –
Princípios do treinamento aplicadosà natação
todos os dias, ou seja, ao trabalho com a velocidade e à mecânica 
específicos da competição (como a frequência das braçadas e as 
contagens de ciclos); b) o treinamento de força e o trabalho de 
condicionamento devem se tornar mais específicos para natação 
e mudar da criação de resistência muscular para o desenvolvi-
mento de força e potência; c) em termos fisiológicos, embora 
ainda deva existir um componente aeróbio presente, o foco deve 
ser treinar com intensidade e com uma proporção trabalho/des-
canso que reflitam as demandas da competição;. d) a fase de 
competição deve durar de quatro a seis semanas, para que você 
possa desenvolver a potência e a força necessárias para nadar o 
mais rápido possível.
 2 Fase de campeonato: essa fase abrange as semanas que antece-
dem o campeonato e também o próprio evento. Nela, os nadado-
res esperam atingir o seu pico de desempenho.
O foco dessa fase é a recuperação e a reposição da energia, além 
disso, deve ajustar seu nado para que tudo esteja perfeito na prin-
cipal competição. Também nesse caso, o treinamento deve ser 
específico para Natação - o atleta nada nos ritmos de competição, 
com as respectivas frequências de braçada. Pesquisas indicam 
que é possível manter o pico apenas por cerca de três semanas. 
Depois disso, seu desempenho sofrerá diminuições e será preciso 
voltar aos níveis de trabalho correspondentes às fases de treina-
mento ou de competição para atingir esse pico novamente (SALO 
e RIEWALD, 2011, p. 204).
 2 Fase de descanso ativo: esse é o período final da temporada 
competitiva, quando o atleta deve fazer uma pausa mental e 
física no treinamento intenso. Salo e Riewald (2011) descre-
vem que essa fase não deve ser de inatividade como, erronea-
mente, muitos pensam. Pelo contrário, deve-se estabelecer um 
treinamento do tipo cruzado e, ainda, alguns exercícios aeróbi-
cos para manter o nível de condicionamento físico. Esses auto-
res destacam também que uma ou duas semanas sem nadar não 
irá resultar em um destreinamento significativo, sendo essen-
cial para que o organismo se recupere do estresse vivenciado 
ao longo da temporada.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 62 –
É importante destacar que, dentro de cada fase, também existem os 
ciclos. Dessa forma, Salo e Riewald (2011) citam que, mesmo que o atleta 
esteja na fase de competição, um ciclo que se concentra em desenvolver a 
potência e as capacidades específicas para natação poderá ter, dentro dessa 
fase, alguns dias que sejam focados no trabalho em resistência, e vice-versa.
Um dos aspectos positivos dessa estratégia é que, ao fazer esses 
“ciclos” entre os períodos de trabalho e descanso, será permitido que 
sejam manipuladas a intensidade, a frequência e a variação dos exer-
cícios. Consequentemente, o atleta conseguirá se recuperar com capa-
cidade de atingir picos de desempenho. Os autores destacam que, no 
caso em que se busca dois picos durante o ano, deverão ser repetidas 
todas as fases duas vezes. Entretanto, ao tentar atingir mais de dois 
picos em um ano, há chances de que o limite do desempenho seja atin-
gido, porque não haverá tempo suficiente para se dedicar ao trabalho 
necessário a cada fase.
Em adição, Maglischo (2010) cita uma importante etapa, a de poli-
mento para nadadores, cujo objetivo é reduzir o estresse físico, men-
tal e emocional imposto ao corpo, de modo que ele possa se recuperar 
totalmente até a competição. Salo e Riewald (2011) destacam que o poli-
mento está incorporado à cultura da natação e é necessário para que os 
nadadores refinem suas técnicas e estratégias de competição. É importante 
aplicar essa etapa do polimento nos momentos corretos dentro da periodi-
zação, pois um dos erros que ocorrem está na percepção dos treinadores 
ao enfatizar demais o polimento por acharem que poderia ser uma maneira 
de compensar um ano inteiro de treinamento inadequado ou de falta de 
estrutura no planejamento da temporada, o que, de fato, deve ser evitado. 
Vale destacar também que a fase do polimento “típico” dura de uma a três 
semanas, estando essa fase associada ao período de descanso ativo, sendo 
que a duração do polimento depende de vários fatores, ao incluir o histó-
rico do treinamento. Por exemplo: um nadador que faz muito treinamento 
de alta intensidade (como um velocista) geralmente precisa de um período 
de polimento mais longo quando comparado a um nadador que faz um tra-
balho menos intenso no treinamento (como um de distância). A natureza 
intensa do nado de velocidade impõe um grande esforço ao corpo, que 
demora um pouco mais para se recuperar.
– 63 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
Em relação ao plano de treinamento periodizado, Salo e Riewald 
(2011) mencionam a importância do desenvolvimento de um programa 
periodizado que identifica as principais competições durante o ano, preen-
chendo o restante do tempo com base nelas, ao invés de planejar a partir 
do começo da temporada. O planejamento das fases subsequentes é algo 
que também deve ser cuidadosamente elaborado, com atenção à necessi-
dade de estruturar um planejamento que apresente objetivos detalhados 
para cada semana de treinamento durante o ano todo, incluindo exercícios, 
séries, repetições e cargas específicas.
 Saiba mais
Nos Jogos Olímpicos de 2004, a equipe norte-americana de 
natação trabalhou de uma forma considerada inovadora. Por 
meio de um programa de treinamento de 3 para 1, os atletas 
repetiram um ciclo de três dias de treinamento seguido por um 
dia de folga. Nesses três dias ativos, a carga de trabalho variava 
dependendo do evento do qual cada atleta participaria, mas, 
em termos gerais, o padrão consistia em sessões de treinamento 
duplas nos dias 1 e 3 e uma única sessão no dia 2. Nos dias 1 e 
3, a sessão matinal geralmente era na sala de musculação e a 
vespertina na água. O treinamento no segundo dia do ciclo de 3 
também era na água. Os resultados foram excelentes, compro-
vando a importância do descanso e da recuperação combina-
dos a um treinamento apropriado, os quais levaram a equipe 
a alcançar ótimos resultados (SALO; RIEWALD, 2011, p. 201).
2.2.4 Programas de treinamento 
desenvolvidos para a natação
Em relação à periodização do treinamento na natação, Salo e Riewald 
(2011) apresentam uma proposta dividida em grupos, entre os quais estão: 
1) nadadores de grupos jovens - 14 anos ou menos (considerando os fato-
res especiais do trabalho com esses nadadores); 2) nadadores de compe-
tição de grupos jovens com mais de 14 anos; 3) nadadores universitários; 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 64 –
4) nadadores másteres e triatletas; 5) nadadores cujo objetivo geral princi-
pal seja manter o condicionamento físico (podem não desejar competir). 
Nesta seção, serão apresentados alguns exemplos de programas de trei-
namento específicos para a natação, a partir da proposta desses autores, 
com o foco nas fases iniciais até a universitária, considerada ideal para a 
participação em competições de alto nível na modalidade.
 2 Para nadadores jovens: Salo e Riewald (2011) destacam que os 
nadadores com menos de 14 anos que entram em um programa 
de força e condicionamento devem ser sempre supervisionados 
e entender a importância de seguir as instruções específicas do 
treinador. A segurança é mais importante do que qualquer ganho 
que possa ser obtido em um programa de força para essa faixa 
etária. É importante destacar que, nessa fase, a resistência deve 
ser de leve a moderada – o nadador deve poder realizar de 25 a 
30 repetições antes de ficar cansado. A Figura 2.4 mostra o plano 
de treinamento sazonal para nadadores jovens.
Figura 2.4 – Exemplo de um plano de treinamento sazonal para nadadores jovens
Fonte: Salo e Riewald (2011, p. 211).
 2 Programas de treinamento para nadadores de competição 
jovens: para esse grupo, Salo e Riewald (2011) destacam que 
o programa no solo deve ser introdutório. A maior parte do tra-
– 65 –
Princípios do treinamento aplicadosà natação
balho deve se concentrar em desenvolver resistência, usando 
pesos leves a moderados ou, até mesmo, atividades com ape-
nas o próprio peso corporal. Nas primeiras fases do desenvol-
vimento, os programas de treinamento na piscina e no solo 
devem enfatizar a técnica. A seguir, é apresentado um exemplo 
de um plano de treinamento sazonal para os nadadores desse 
grupo (Figura 2.5), o qual destaca como a temporada pode ser 
periodizada nas fases do treinamento.
Figura 2.5 – Exemplo de um plano de treinamento sazonal para nadadores de 
competição jovens
Fonte: Salo e Riewald (2011, p. 214).
 2 Nadadores universitários: o programa de treinamento apresen-
tado por Salo e Riewald (2011) é baseado no padrão de programa 
de treinamento universitário norte-americano estabelecido pela 
Universidade do Sul da Califórnia (USC), o qual enfatiza o 
desenvolvimento da estabilidade axial e também da força geral. 
Além disso, concentra-se no desenvolvimento da potência e do 
condicionamento atlético geral com exercícios desenvolvidos, 
principalmente, fora do ambiente aquático. Abaixo, é possível 
verificar na Figura 2.6 um modelo básico apresentado por Salo e 
Riewald (2011) para esse grupo.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 66 –
Figura 2.6 – Exemplo de um plano de treinamento sazonal para nadadores 
universitários
Fonte: Salo e Riewald (2011, p. 220).
Por meio desses exemplos de periodização apresentados, fica evi-
dente que a natação, assim como qualquer outra modalidade esportiva, 
depende de uma estruturação ou planejamento de treinamento bem estabe-
lecidos, de fato, apoiados na ciência, para que os resultados sejam alcan-
çados. Nessas periodizações, destaca-se as fases do plano de treinamento 
periodizado para natação conforme discutido na seção 1.3.1.
Atividades
1. Qual a importância de trabalhar a periodização de treinamento 
na natação, alicerçada pelos princípios científicos do treina-
mento desportivo?
2. Em geral, de que maneira deve ser constituído um programa 
básico de treinamento de natação, que tenha seu foco direcio-
nado à melhoria do condicionamento físico?
3. A periodização tem como objetivo proporcionar ao atleta, nas 
competições, a forma desportiva, isto é, o estado no qual esteja 
preparado para obter resultados desportivos favoráveis. Nesse 
– 67 –
Princípios do treinamento aplicados à natação
sentido, cite cada uma das fases que compõem uma temporada, 
e seu(s) respectivo(s) principal(is) objetivo(s).
4. Num programa de treinamento direcionado a nadadores jovens, 
com menos de 14 anos, qual devem ser os cuidados básicos a 
serem adotados?
3
Regras 
competitivas 
da natação
A natação é uma das modalidades esportivas mais anti-
gas, que acompanha o homem desde o seu surgimento. Pra-
ticada de forma rudimentar, não tinha o caráter de esporte, 
como ocorre atualmente. Obviamente, muitas mudanças acon-
teceram ao longo dos tempos - o fato de se deslocar na água 
de uma extermidade à outra de um rio, por exemplo, era visto 
como fator de sobrevivênca.
A história nos apresenta, por meio de documentos em 
geral (imagens, gravuras, entre outros), a natação sendo 
desenvolvida, independente do viés, já no Antigo Egito. Em 
3.000 a.C., por exemplo, os filhos dos nobres aprendiam a 
nadar desde cedo (MACHADO, 2006); essa prática se asse-
melhava ao que é praticado hoje.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 70 –
Atualmente, a natação é praticada e desenvolvida de forma estrutu-
rada e fundamentada em técnicas menos rudimentares, sendo estas aper-
feiçoadas, com fins diversos: lazer, saúde/estética, sobrevivência, além 
da prática formal do esporte (profissionalização). É importante entender-
mos que diversos outros fatores estão envolvidos, quando tratamos desta 
modalidade como esporte de fato, a começar pelo uso de regras, que visam 
normalizar a modalidade ao redor do mundo, uma espécie de universa-
lização do esporte, tornando-o muito mais organizado enquanto prática 
formal, assim como ocorre com outras modalidades esportivas.
Neste sentido, este capítulo tem como propósito trazer um pano-
rama geral acerca das regras oficiais da natação, contextualizando a 
importância das regras oficiais para a modalidade, relacionadas aos dife-
rentes estilos, suas particularidades, entre outros aspectos. Busca apre-
sentar, ainda, nesse contexto formal do esporte, o papel e funções da 
arbitragem, o que caracteriza ainda mais a formalidade e importância de 
sua inserção na sociedade.
3.1 Contextualização histórica e a 
evolução das regras na natação
Na Era Moderna, os Jogos Olímpicos, em Atenas, ocorreram de 6 a 
15 de abril de 1896, simbolizando o reconhecimento e o retorno do culto 
ao esporte, tendo a natação como uma das modalidades integrantes. No 
final do século XIX, a Grécia, país-sede dos primeiros Jogos Olímpicos 
de Verão da Era Moderna, estava enfrentando uma forte crise política e 
econômica, logo, não possuía recursos para organizar as Olímpiadas, con-
forme descrevem Krug e Magri (2012).
Graças ao suporte financeiro de um milionário empresário (George 
M. Averoff), o qual revitalizou e construiu espaços para disputas, foi pos-
sível realizar este evento, que teve o francês Pierre de Frédy, o Barão de 
Coubertin, como seu idealizador e grande responsável por liderar o renas-
cimento dos Jogos existentes na Grécia Antiga.
Em relação à natação, é importante destacar que o seu reconheci-
mento como prática esportiva, como vemos nos dias atuais, data daquele 
– 71 –
Regras competitivas da natação
período. Em 1896, as Olimpíadas trouxeram as provas de natação, as 
quais foram realizadas em mar aberto, na Baía de Zea, no Mar Mediter-
râneo, com baixíssima temperatura da água (10°C) (hoje, tal temperatura 
não seria aceita para a realização de provas em águas abertas), por recusa 
de gastos para construir espaço específico para estas, no caso, as piscinas 
e os seus respectivos ginásios (KRUG; MAGRI, 2012).
Outro aspecto importante a se destacar é que, na edição de 1896 dos 
Jogos Olímpicos, a natação teve somente 19 nadadores, de quatro países, 
em quatro provas diferentes (livre, 100, 500 e 1.200 metros), conforme 
destacam Krug e Magri (2012). Ainda de acordo com os autores, apesar 
do país-sede ter obtido um ótimo desempenho, com sete medalhas, a 
Hungria foi o grande sucesso daquela edição dos Jogos, com dois ouros, 
conquistados por Alfred Hajos.
Nesse sentido, vemos que, no século XIX, o foco da natação já não 
era nadar para sobreviver, muito menos consistia em uma atividade em 
que bastava saltar na água e se locomover, do jeito que fosse. Podemos 
afirmar que as diferenças encontradas entre os primórdios do esporte e 
os tempos atuais são muito significativas, iniciando com os locais de 
disputa (de mar aberto para piscinas especiais, destinadas à prática do 
esporte). Essa modificação ocorreu nas três primeiras edições olímpi-
cas e perduram até hoje. Este capítulo terá como foco a abordagem das 
regras oficiais da modalidade, apresentando as principais características 
de cada estilo de nado, no que tange à sua prática formal ou competitiva.
Machado (2006) descreve que os quatro estilos foram criados em 
tempos e por autores diferentes. O primeiro a aparecer foi o nado peito, 
por meio do francês M. Thevenal, que desenvolveu os movimentos simi-
lares aos executados atualmente, no ano de 1696. Em seguida, o nado 
costas, elaborado em 1794, pelo italiano Bernardi. A princípio, os braços 
giravam para trás, simultaneamente. Somente após 79 anos, o nado crawl 
ou estilo livre nasceu, a partir de rotações do corpo e do deslocamento 
dos braços. Seu autor foi o inglês John Trudgen. Mais tarde, esse estilo 
foi aprimorado pelo australiano Richard Cavill. Por fim, o nado borboleta 
surgiu por meio do nado peito. Após algumas modificações, um competi-
dor húngaro foi o autor do quarto e último estilo, por volta de 1948.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 72 –
Em relação às regras oficiais, estas são estabelecidaspela Federação 
Internacional de Natação (FINA), uma entidade reconhecida pelo Comitê 
Olímpico Internacional (COI), responsável por administrar competições 
internacionais nos desportos aquáticos, dos quais faz parte a natação, 
como o esporte mais representativo dentre todos. A natação foi fundada 
em 19 de julho de 1908, no Hotel de Manchester, em Londres, no final 
dos Jogos Olímpicos de Verão de 1908, pelas federações belga, britânica, 
dinamarquesa, filandesa, francesa, alemã, húngara e sueca.
No Brasil, de acordo com Nolasco et al. (2005), houve a primeira ten-
tativa de fundação de uma entidade que representasse esportes náuticos, 
em 1895, quando os clubes Botafogo, Luiz Caldas, Gragoatá, Icahary e 
Union de Canotiers fundaram, sem sucesso, a União de Regatas Flumi-
nense. Ainda de acordo com os autores, a modalidade natação iniciou, ofi-
cialmente, em 31 de julho de 1897, quando uma nova formação de clubes 
se organizou para formalizar sua prática no país, fundando, com sucesso, 
a União de Regatas Fluminense, na cidade do Rio de Janeiro.
Krug e Magri (2012) mencionaram que, de acordo com registros, 
a primeira competição oficial do país foi a Travessia da Baía de Guana-
bara, disputada em 1881, entre o comerciante brasileiro Joaquim Anto-
nio Souza e o relojoeiro alemão Theodor John. O percurso estipulado 
foi da ponta da Armação (Niterói) até o morro da Viúva, na região de 
Botafogo. Os nadadores levaram em torno de 2 horas e 30 minutos para 
percorrer as quase seis milhas.
Em 1885, foi construída, em Porto Alegre (RS), a primeira piscina 
brasileira, chamada de “Badeanstalt”, pela Sociedade Ginástica Deuts-
cher Turnverein (Sogipa). Nolasco et al. (2005) menciona que o local era 
ponto de partida e de chegada das primeiras competições de natação do 
Rio Grande do Sul, além de ser utilizado para aulas do esporte. De acordo 
com os autores, para usufruir da Badeanstalt era necessário seguir regras 
rígidas, com subdivisões de horários, em decorrência da capacidade de 
nado de cada indivíduo.
Krug e Magri (2012) destacam que o primeiro campeonato oficial 
brasileiro aconteceu em 1898, na modalidade 1.500m nado livre, com o 
percurso da Fortaleza Villegaignon até a Praia de Santa Luzia, no Rio de 
– 73 –
Regras competitivas da natação
Janeiro. Com o decorrer do tempo, demais competições, regras e compe-
tidores engajaram-se na prática da natação, já indicando sinais de organi-
zação quanto à modalidade, no que diz respeito ao seu aspecto formal ou 
competitivo. Assim, em 1905, iniciaram-se as competições no Rio Tietê, 
em comemoração ao aniversário do Clube Poliesportivo Esperia. Além 
disso, o Brasil participou dos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920. 
Naquela época, as disputas ocorriam no mar e, somente após a década 
de 1930, passaram a se dar em piscinas, em ambientes fechados. Nesse 
mesmo período, por volta de 1935, foi inserida a categoria feminina 
(NOLASCO et al., 2005).
 Destaque
Atualmente, a sede da FINA fica em Lausanne, na Suíça. 
O presidente atual da Federação é o uruguaio Julio César 
Maglione. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos 
foi fundada em 21 de outubro de 1977 e filiada à Federação 
Internacional de Natação e ao Comitê Olímpico Brasileiro. 
Estas seguem as regras da FINA, para as competições de nata-
ção, e serão apresentadas em outras seções deste capítulo.
3.2 Regras oficiais na natação
De acordo com as regras oficiais da natação, estabelecidas pela FINA 
(2018), as competições oficiais da modalidade têm como principal obje-
tivo a realização de um percurso no menor tempo possível. Esse percurso 
pode ser de 50, 100, 200, 400, 800 ou de 1.500 metros. Vale destacar que 
as provas de nado livre e medley (04 estilos) podem ser realizadas na 
forma de revezamento. De forma global, as provas individuais são sepa-
radas por sexo e o nadador deve nadar somente na sua raia, não sendo 
permitido fazer contato físico com a borda na virada e nem andar ou tomar 
impulso no fundo da piscina.
Deve ser observada, ainda, a proibição relacionada a possíveis ati-
tudes dos nadadores, como: puxar a raia, obstruir outros competidores e 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 74 –
usar ou vestir qualquer objeto adicional ou maiô, que possam aumentar 
sua velocidade, flutuação ou resistência, conforme preconizado pela FINA 
(2018). Em adição, materiais, como óculos, são permitidos. Sobre o traje 
do nadador, cabe à FINA definir o que será ou não permitido. Para tal, 
consta no site oficial da entidade uma lista de marcas aprovadas para os 
trajes de banho aceitos em competições oficiais. Em regras a serem segui-
das pelos atletas e avaliadas pela arbitragem, os trajes de banho específi-
cos para competições devem seguir os parâmetros aprovados.
De acordo com a FINA (2018), as dimensões de uma piscina olímpica 
são de 50 × 25 metros, com profundidade de 3 metros. Quando utilizada 
a placa eletrônica de aparelhagem automática, faz-se necessário respeitar 
uma tolerância máxima de 0,03 metro. As competições ou provas podem 
ser realizadas em locais abertos ou fechados. Quando realizadas em locais 
fechados, é preciso que as piscinas, com blocos de partida, tenham, obri-
gatoriamente, a profundidade mínima estabelecida em 1,35 metro, em 
uma extensão de 1 a 6 metros da cabeceira de partida. Em todo o restante 
da piscina, a medida é de 1 metro. A temperatura da água deve estar entre 
25 e 28°C. É importante destacar que, em algumas competições interna-
cionais, utilizam-se, também, piscinas curtas, com 25 metros de largura 
e 25 de comprimento. Todas essas piscinas, utilizadas para competições, 
devem ser divididas em oito raias, mais uma livre adicional de cada lado, 
de 2,5 metros de largura (com uma faixa ao fundo da piscina ou material 
flutuante). As piscinas curtas utilizam raias de 2 metros.
 Saiba mais
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) 
completou 40 anos de fundação em 2017. É considerada a enti-
dade máxima de administração da modalidade no Brasil. Foram 
eleitos, em 11 de dezembro de 2020, Luiz Fernando Coelho e 
Fernando Cordani, respectivamente presidente e vice-presi-
dente da CBDA. A eleição é válida por quatro anos. Quanto 
à nomenclatura da CBDA, esta foi modificada em 1988 para 
adequação, já que a entidade tem cinco modalidades: natação, 
águas abertas, polo aquático, saltos ornamentais e nado artís-
tico. A CBDA, atualmente, está presente em todos os 26 estados 
– 75 –
Regras competitivas da natação
brasileiros, além do Distrito Federal, como federações filiadas.
Vale destacar que é de fundamental importância compreender 
a distinção das modalidades praticadas dentro da água, com 
outros materiais e equipamentos, como as modalidades olím-
picas de canoagem e vela, e as modalidades praticadas dentro 
da água, em que o domínio do corpo no meio líquido e seus 
fundamentos básicos de flutuação e propulsão são as principais 
características. Entre eles, estão: a natação em suas diversas pro-
vas de piscina, a natação em águas abertas, polo aquático, nado 
sincronizado, saltos ornamentais, mergulho e suas diversas ver-
tentes (recreativo e profissional). De forma mais ampla, pode-se 
citar as técnicas japonesas de suieijutsu ou suijutsu, que, lite-
ralmente, significam “habilidades aquáticas”. Em sua essência, 
eram treinadas habilidades de locomoção no meio líquido, vol-
tadas à invasão de território e a lutas corporais dentro da água.
Fonte: https://transparencia.cbda.org.br/ges-
tao/sobre. Acesso em: 26 mai. 2021.
De forma global, a FINA (2018) define as regras oficiais, apoiando-
-se na técnica de execução correta de cada estilo de nado. A seguir, será 
apresentado um resumo da técnica de cada um destes estilos de nado, os 
quais devem ser orientados, no intuito de se manter o padrão, de acordo 
com aquele preconizado pelas regras oficiais da modalidade.
1. Nado crawl: também conhecido como “estilo livre”. Significa 
que, em uma prova assim denominada, o competidor podenadar 
qualquer nado, exceto nas provas de medley individual ou de 
revezamento medley, em que o nado livre significa qualquer 
nado diferente do nado costas, peito ou borboleta. É importante 
destacar que alguma parte do nadador tem de tocar a parede ao 
completar cada volta e ao final.
2. Nado costas: para a largada, os nadadores se posicionam de 
frente para a cabeceira de saída, com ambas as mãos apoiadas 
nos suportes de agarre, não sendo permitido se manter na calha 
ou dobrar os dedos sobre a borda dela. Ao sinal de partida, e 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 76 –
quando virar, o nadador deve dar um impulso e nadar de cos-
tas durante o percurso, exceto quando executar a volta. Ao final 
da prova, o nadador deve tocar a parede na posição de costas, 
na sua respectiva raia. Antes do sinal de partida, os competi-
dores devem se alinhar na água, de frente para a cabeceira de 
saída, com ambas as mãos colocadas nos suportes de agarre. É 
importante observar que quando o suporte de partida para o nado 
costas estiver sendo usado na saída, os dedos de ambos os pés 
devem estar em contato com a borda ou com a placa de toque 
do placar eletrônico. Curvar os dedos dos pés na parte superior 
da placa de toque é proibido. A posição de costas pode incluir 
um movimento rotacional do corpo, mas não os 90°, a partir da 
horizontal. A posição da cabeça não é relevante.
Neste sentido, é permitido, ao nadador, estar completamente 
submerso durante a volta e por uma distância não maior que 15 
metros após a saída e cada volta. Nesse ponto, a cabeça deve ter 
quebrado a superfície. Quando executar a volta, tem de haver o 
toque na parede, com alguma parte do corpo em sua respectiva 
raia. Durante a volta, os ombros podem girar além da vertical 
para o peito; após, uma imediata contínua braçada ou uma ime-
diata contínua e simultânea dupla braçada pode ser usada para 
iniciar a volta. O nadador tem de retornar à posição de costas 
após deixar a parede.
3. Nado peito: após a saída e em cada volta, é permitido que o 
nadador dê uma braçada completa, durante a qual poderá estar 
submerso. Em qualquer momento antes da primeira pernada de 
peito, após a saída e após cada virada, uma única pernada de 
borboleta é permitida, em qualquer momento. A cabeça deve 
romper a superfície da água antes que as mãos virem para den-
tro, na parte mais larga da segunda braçada. Em cada virada e na 
chegada da prova, o toque deve ser feito com as duas mãos sepa-
radas e, simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da água.
Em adição, a partir da primeira braçada após a saída e após cada 
virada, o corpo deve ser mantido sobre o peito. Não é permitido 
ficar na posição de costas em nenhum momento, exceto quando 
– 77 –
Regras competitivas da natação
da volta, após o toque na parede, quando é permitido girar de 
qualquer maneira, contanto que, quando deixar a parede, o corpo 
esteja na posição sobre o peito. É importante destacar que, a par-
tir da saída e durante a prova, o ciclo do nado deve ser uma 
braçada e uma pernada, nessa ordem. Todos os movimentos dos 
braços devem ser simultâneos e no mesmo plano horizontal, sem 
movimentos alternados. Já no caso das mãos, estas devem ser 
lançadas juntas, para a frente, a partir do peito, abaixo ou sobre a 
água. Os cotovelos deverão estar abaixo da água, exceto quando 
da última braçada antes da volta, durante a volta e quando da 
última braçada antes da chegada; por fim, os pés devem estar 
virados para fora, durante a parte propulsiva da pernada. Não 
são permitidos movimentos alternados ou pernada de borboleta, 
exceto o que foi descrito no primeiro item. É permitido quebrar 
a superfície da água com os pés, exceto seguido de uma pernada 
de borboleta para baixo.
No último ciclo do nado antes da virada e no final da prova, 
uma braçada não seguida de pernada é permitida. A cabeça pode 
submergir após a última braçada anterior ao toque, contanto que 
quebre a superfície da água em qualquer ponto, durante o último 
completo ou incompleto ciclo anterior ao toque.
4. Nado borboleta: o corpo deve ser mantido sobre o peito, a par-
tir do início da primeira braçada, após a saída e em cada volta. 
Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento, 
exceto quando da volta. Após o toque na parede, é permitido girar 
de qualquer maneira; mas, quando deixar a parede, o corpo deve 
estar na posição sobre o peito. Em cada virada e na chegada, o 
toque deve ser efetuado com ambas as mãos separadas e, simulta-
neamente, acima, abaixo ou no nível da superfície da água. Após 
a saída e na volta, é permitido uma ou mais pernadas e uma bra-
çada sob a água, que deve trazer o nadador à superfície.
A partir do início da primeira braçada, após a saída e a cada 
volta, o corpo deve ser mantido sobre o peito. Não é permitido 
ficar na posição de costas em nenhum momento, exceto quando 
da volta. Após o toque na parede, é permitido girar de qualquer 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 78 –
maneira, mas, quando deixar a parede, o corpo deve estar na 
posição sobre o peito.
Em relação aos braços, ambos devem ser levados simultanea-
mente à frente, sobre a água, e trazidos para trás, simultanea-
mente, por baixo da água, durante todo o percurso. Todos os 
movimentos para cima e para baixo das pernas devem ser simul-
tâneos. As pernas ou os pés não precisam estar no mesmo nível, 
mas não podem alternar um em relação ao outro. O movimento 
de pernada de peito não é permitido.
Em cada virada e na chegada, o toque deve ser efetuado com 
ambas as mãos separadas e, simultaneamente, acima, abaixo 
ou no nível da superfície da água. Após a saída e na volta, ao 
nadador é permitido uma ou mais pernadas e uma braçada sob 
a água, que deve trazê-lo à superfície. É permitido, ao nadador, 
estar completamente submerso, até uma distância não maior do 
que 15 metros após a partida e após cada virada. Nesse ponto, a 
cabeça deve quebrar a superfície. O nadador tem de permanecer 
na superfície até a próxima volta ou final.
5. Nado medley: na prova individual, os quatros nados deverão 
ocorrer na seguinte ordem: borboleta, costas, peito e livre. Já nas 
provas de revezamento, os nadadores nadam os quatro estilos na 
seguinte ordem: costas, peito, borboleta e livre. Cada nado deve 
ser finalizado de acordo com a regra aplicada a ele.
De acordo com a FINA (2018), atualmente, as competições podem 
ser realizadas de maneira individual ou por equipe e são subdividas em 
nados. As principais competições atuais de natação são disputadas em pis-
cinas de 50 metros, sendo divididas em:
 2 nado livre (50, 100, 200, 400, 800 e 1.500 metros);
 2 nado costas (50, 100 e 200 metros, sendo os 50 metros 
não olímpicos);
 2 nado peito (50, 100 e 200 metros, sendo os 50 metros 
não olímpicos);
 2 nado borboleta (50, 100 e 200 metros, sendo os 50 metros 
não olímpicos);
– 79 –
Regras competitivas da natação
 2 medley (quatro nados, 200 metros, 50 metros destinados para 
cada estilo);
 2 revezamento (4 × 100 livre, 100 metros cada integrante da equipe; 
4 × 200, 200 metros cada integrante; 4 × 100 medley, 100 metros 
cada integrante. Um nado realizado por cada nadador).
É importante destacar que, juntamente aos diferentes tipos de metra-
gens e de nados, as largadas de início das provas também diferem. Nas 
provas dos nados livre, borboleta, peito e medley, o início da prova se dá 
com o mergulho. Por outro lado, nas provas de costas e no revezamento 
medley, o início ocorre com o nadador já na água. É importante ressaltar 
que, após o início do nado, cada nadador tem a liberdade de se manter 
submerso por 15 metros, período que costuma ser destinado à realização 
da técnica “golfinhada”, a fim de quebrar a resistência da água, avançando 
mais rapidamente, conforme descreve a FINA (2018).
Devido ao seu caráter de esporte formal, na natação, vemos que as 
competições atuais são conduzidas com muitas regras, que determinam o 
que pode e o que não pode ser feito em cada nado. Cabe à FINA,além de 
gerenciá-las, verificar se, de fato, são aplicadas regras nas competições 
oficiais de cada país e também em nível mundial. Lembrando que a CBDA 
é a organização que administra a natação no Brasil.
 Destaque
Apesar de sua atual popularidade, a natação demorou muito 
para se transformar em um esporte, efetivamente, com pro-
cesso de ensino, aprendizagem e competições organizadas. 
Felizmente, hoje se reconhece seu papel na evolução do 
homem e da sociedade, de forma que se tornou importante 
parte da história mundial.
Vale destacar, neste sentido, a natação em águas abertas, moda-
lidade esta que já pode ser considerada um esporte à parte, em 
relação à natação em piscina. Esta vem tendo um aumento no 
número de praticantes, seja para disputar provas de maratonas 
aquáticas quanto para realizar provas de aquathlon e triathlon, 
em que a parte aquática é considerada cada vez mais importante. 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 80 –
Provas de aquathlon são compostas de duas modalidades, 
natação e corrida. A principal diferença é que é necessário 
dividir o seu tempo de treinamento para dois esportes dife-
rentes, o que já deixa o treino de natação menor, se comparado 
a um treino para provas de maratona aquática, apenas. Em 
adição, temos as provas de maratonas aquáticas, as quais cos-
tumam ser maiores, podendo variar de 2,5 km até 10 km, sem 
contar as provas de ultramaratona, cujas exigências são ainda 
maiores, em termos de esforço.
Fonte: SWIM CHANNEL – online. Quais as princi-
pais diferenças no treinamento para aquathlon e águas 
abertas? Disponível em: https://swimchannel.net/
quais-as-principais-diferencas-no-treinamento-para-
-aquathlon-e-aguas-abertas/. Acesso em: 15 jun. 2021.
Quanto ao uso da tecnologia, este é um aspecto que também deve 
ser verificado, pois está diretamente ligado às regras da modalidade, uma 
vez que buscam, de certa forma, atingir o excelente rendimento esportivo. 
Com o acirramento da competitividade, houve uma impressionante evolu-
ção da tecnologia esportiva (materiais). É importante destacar a busca por 
recordes e vantagens econômicas, as quais têm crescido com o passar do 
tempo. Assim, houve um significativo investimento, por exemplo, no traje 
utilizado para a prática da natação, sobretudo competitiva.
De acordo com as regras do esporte, estabelecidas pela FINA, são 
permitidos equipamentos para o favorecimento de mobilidade no meio 
aquático (óculos e touca), mas alguns trajes criados foram motivos de 
polêmicas, sobretudo neste século, em que “supermaiôs” de tecido ultra-
fino, que repeliam a água e comprimiam os músculos, foram inventados, 
cujo objetivo era diminuir o atrito do corpo do atleta com a água, dimi-
nuindo, assim, a resistência, o que resultou em novos recordes e gerou 
uma certa desconfiança, colocando, muitas vezes, em dúvida o resultado 
obtido por estes atletas. Desta forma, em 2010, a FINA decidiu estabelecer 
um padrão para a fabricação (modelo) destes trajes, o que automatica-
mente foi adotado pelas Confederações dos países filiados. Desde então, 
somente é possível utilizar trajes de material têxtil, que sigam o padrão 
estabelecido pela FINA.
– 81 –
Regras competitivas da natação
3.2.1 Organização de Competições (SW 1)
A FINA estabelece as regras oficiais que, obrigatoriamente, devem 
ser seguidas por todos os países a ela filiados, como é o caso do Brasil, 
com a CBDA, entidade que se responsabiliza pelas competições oficiais 
nacionais. Estas regras deverão ser seguidas em suas competições, garan-
tindo que a competição e/ou evento seja, de fato, reconhecido mundial-
mente. A seguir serão apresentadas as principais regras oficias da modali-
dade, as quais seguem os preceitos estabelecidos pela FINA (2018).
De acordo com a SW 1.2, nos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mun-
diais, o Bureau da FINA nomeará o seguinte número mínimo de Oficiais, 
para o controle das competições:
 2 Árbitro Geral (2)
 2 Supervisor da Mesa de Controle (1)
 2 Juízes de Nado (4)
 2 Juízes de Partida (2)
 2 Chefe dos Juízes de Viradas (2, 1 em cada cabeceira da piscina)
 2 Juízes de Viradas (1 em cada raia, nas duas cabeceiras da piscina)
 2 Anotador Chefe (1)
 2 Banco de Controle (2)
 2 Locutor (1)
A regra SW 1.2.2 descreve que: se o equipamento automático 
de cronometragem não estiver disponível, deve ser substituído pelo 
Cronometrista Chefe, 1 Cronometrista por raia e um 1 Cronometrista 
adicional. Complementando, a regra SW 1.2.3 mostra que um Juiz de 
Chegada Chefe e Juízes de Chegada podem ser solicitados quando o 
equipamento automático de cronometragem e/ou cronômetros digitais 
por raia não forem usados.
SW 1.3 – a piscina e o equipamento técnico para os Jogos Olím-
picos e Campeonatos Mundiais devem ser inspecionados e apro-
vados com a devida antecedência, em relação à competição, pelo 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 82 –
Delegado da FINA, juntamente com um membro do Comitê 
Técnico de Natação.
SW 1.4 – sempre que o equipamento de vídeo subaquático é 
utilizado pela televisão, deve ser operado por controle remoto e 
não deve obstruir a visão ou o curso dos nadadores. Também não 
deve alterar a configuração da piscina ou obstruir as marcações 
exigidas pela FINA.
No caso da Composição de Séries Eliminatórias, Semifinais e Finais, 
a SW 3 indica que a distribuição das raias, em todas as provas dos Jogos 
Olímpicos, Campeonatos Mundiais e outras competições da FINA, serão 
organizadas como veremos a seguir.
No caso específico das eliminatórias, a SW 3.1.1 indica que os melhores 
tempos obtidos pelos nadadores, dentro do período de classificação estabele-
cido, devem ser indicados nas fichas de inscrição, por meio de formulários de 
inscrição ou on-line, conforme solicitado. Os nadadores que não entregarem 
os tempos deverão ser considerados os mais lentos e colocados no fim da lista, 
sem tempo. A raia de partida dos nadadores com o mesmo tempo ou mais de 
um nadador sem tempo deverá ser determinada por sorteio.
Neste sentido, as raias serão atribuídas aos nadadores conforme o 
SW 3.1.2, em que eles serão colocados nas eliminatórias de acordo com o 
tempo de inscrição, do seguinte modo:
SW 3.1.1.1 – se houver apenas uma série eliminatória, esta 
deverá ser considerada como final e nadada durante a etapa final.
SW 3.1.1.2 – no caso de duas séries eliminatórias, o nadador 
mais rápido será colocado na segunda série, o segundo nada-
dor mais rápido será colocado na primeira série, o seguinte na 
segunda série, o seguinte na primeira série, etc.
SW 3.1.1.3 – no caso de três séries eliminatórias, exceto para 
as provas de 400m, 800m e 1500m, o nadador mais rápido será 
colocado na terceira série, o segundo mais rápido na segunda 
série, o terceiro mais rápido na primeira. O quarto mais rápido 
será colocado na terceira série, o quinto na segunda série, o sexto 
na primeira série, o sétimo na terceira série, etc.
– 83 –
Regras competitivas da natação
A regra SW 3.1.1.4 menciona que, no caso de quatro ou mais elimi-
natórias, exceto os 400m, 800m e 1500m, as três últimas eliminatórias da 
prova serão compostas conforme o disposto na SW 3.1.1.3, acima men-
cionada. A série anterior às três últimas será constituída pelos nadadores 
mais rápidos que se seguirem; a série anterior às quatro últimas será cons-
tituída pelos nadadores mais rápidos que se seguirem, etc. As raias serão 
atribuídas em ordem descendente aos tempos de inscrição em cada série, 
de acordo com a regra SW 3.1.2, abaixo mencionada.
SW 3.1.1.5 – para as provas de 400m, 800m e 1500m, as últimas 
séries deverão ser compostas de acordo com a SW 3.1.1.2.
Para a regra SW 3.1.1.6 – exceção: Quando houver duas ou mais séries 
eliminatórias de uma prova, haverá um mínimo de três nadadores colocados 
em qualquer das séries, mas subsequentes desistências poderão reduzir o 
número de nadadores, em qualquer eliminatória, para menos de três.
Utilizando uma piscina com 10 raias, e se tempos iguais forem estabe-lecidos para o oitavo lugar nas eliminatórias dos 800m e 1500m livre, a raia 
9 vai ser usada com um sorteio para a raia 8 e a raia 9. Em caso de três tem-
pos iguais para o oitavo lugar, a raia 9 e a raia 0 serão usadas com um sorteio 
para a raia 8, raia 9 e raia 0, conforme mencionado na regra SW 3.1.1.7.
A regra SW 3.1.1.8 menciona que, no caso da piscina não ter 10 
raias, aplica-se a regra SW 3.2.3. Exceto nas provas de 50 metros, em 
piscina de 50 metros, a atribuição das raias deverá ser: raia 1 no lado 
direito da piscina (raia 0, quando usar piscina com 10 raias), quando se 
olha a piscina do lado da cabeceira de partida, colocando o nadador mais 
rápido, ou equipe de revezamento, na raia central, se a piscina tiver um 
número ímpar de raias, na raia 3 ou 4, respectivamente, em piscina com 
6 ou 8 raias. Nas piscinas com 10 raias, o nadador mais rápido será colo-
cado na raia 4. O nadador que tiver o tempo mais rápido será colocado 
à sua esquerda, alternando, em seguida, os outros para a direita e para a 
esquerda, de acordo com os tempos de inscrição. Nadadores com tempos 
idênticos serão colocados conforme sorteio das raias e segundo a norma 
referida anteriormente (SW 3.1.2).
Para a regra SW 3.1.3, quando são disputadas provas de 50 metros, 
em piscina de 50 metros, as provas podem ser nadadas, segundo decisão 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 84 –
do Comitê Organizador, da cabeceira de partida para a de virada ou desta 
para a cabeceira de partida, dependendo de fatores, como: a existência 
de Equipamento Automático de Cronometragem adequado, posição do 
Juiz de Partida, etc. O Comitê Organizador deverá avisar os nadadores 
da sua decisão, muito antes do início da competição. Independentemente 
de como a prova vai ser nadada, os nadadores deverão ser colocados nas 
mesmas raias em que seriam colocados se começassem e terminassem na 
cabeceira de partida.
No caso das Semifinais e Finais, as regras são baseadas a partir da 
SW 3.2, conforme será mostrado a seguir:
SW 3.2.1 – as semifinais serão organizadas conforme a SW 3.1.1.2.
A regra SW 3.2.2 deixa claro que, em casos onde não houver neces-
sidade de séries eliminatórias, as raias serão atribuídas de acordo com a 
SW 3.1.2. Por outro lado, quando houver séries eliminatórias e semifinais, 
as raias serão atribuídas segundo a SW 3.1.2, tendo em conta os tempos 
obtidos nessas séries eliminatórias.
No caso em que nadadores da mesma série ou de séries diferentes 
tenham tempos iguais registrados até o 1/100 de segundo, para o oitavo/
décimo ou décimo sexto/vigésimo lugar, dependendo se estiverem sendo 
usadas oito ou dez raias, deve haver uma prova de desempate para deter-
minar qual o nadador que avançará para a respectiva final. Esta prova de 
desempate deverá ser realizada após os nadadores terem terminado suas 
séries, em um horário acertado entre a organização da competição e as 
partes envolvidas. Em caso de novo empate, a prova de desempate deverá 
se repetir. Se necessário, haverá uma prova de desempate para determinar 
o 1º e o 2º reservas, se estes obtiverem tempos iguais, conforme descrito 
na regra SW 3.2.3.
SW 3.2.4 – quando um ou mais nadadores desistem de uma 
semifinal, os reservas serão chamados por ordem de classifica-
ção, nas eliminatórias ou semifinais. A prova ou provas deverão 
ser reordenadas e devem ser publicadas folhas suplementares de 
informação, conforme previsto na SW 3.1.2.
SW 3.3 – em outras competições, o sistema de sorteio pode ser 
usado para designar as posições de raias.
– 85 –
Regras competitivas da natação
A regra SW4 trata especificamente da partida ou saída na natação, e 
como esta ocorre, para os diferentes estilos de nado, conforme será mos-
trado de forma detalhada, a seguir:
SW 4.1 – a partida nas provas de nado livre, peito, borboleta 
e medley será efetuada por meio de salto (mergulho). Ao apito 
longo do Árbitro Geral, os nadadores devem subir no bloco 
de partida e ali permanecer. Ao comando “às suas marcas”, do 
Juiz de Partida, devem se colocar imediatamente na posição de 
partida, com pelos menos um pé na parte dianteira do bloco. A 
posição das mãos não é relevante. Quando todos os nadadores 
estiverem imóveis, o Juiz de Partida deve dar o sinal de partida.
A regra SW 4.2 trata especificamente da partida para as provas de cos-
tas e revezamento medley, que será efetuada dentro da água. Ao primeiro 
apito longo do Árbitro Geral, os nadadores deverão entrar imediatamente 
na água. No segundo apito longo, os nadadores deverão se colocar, sem 
demora indevida, na posição de partida (SW 6.1). Quando todos os nada-
dores estiverem na posição de partida, o Juiz de Partida dará o comando 
“às suas marcas”. Quando todos os nadadores estiverem imóveis, o Juiz de 
Partida dará o sinal de partida.
É importante destacar, ainda, que a regra SW 4.3 trata especificamente 
das partidas/saídas aplicadas aos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais 
e outras provas organizadas pela FINA, em que o comando “às suas mar-
cas” terá de ser em inglês, “Take your marks”, e o sinal de partida deverá ser 
difundido por múltiplos alto-falantes, um para cada bloco de partida.
SW 4.4 – qualquer nadador que parta antes do sinal de partida 
ser dado será desclassificado. Se o sinal de partida soar antes da 
desclassificação ser declarada, a prova continuará e o nadador ou 
nadadores serão desclassificados após a prova terminar. Se a des-
classificação for assinalada antes do sinal de partida, o sinal não 
será dado. Os demais nadadores serão chamados de volta e é feita 
nova partida. O Árbitro Geral repete o procedimento de partida, 
começando com o apito longo (o segundo para a prova de costas).
As regras SW 5, 6, 7, 8, 9 tratam, especificamente, dos estilos dos 
nados: livre, costas, peito, borboleta e medley, respectivamente.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 86 –
No caso específico do nado livre, a SW 5.1 menciona que este estilo 
significa que, em uma prova assim denominada, o competidor pode nadar 
qualquer nado, exceto nas provas de medley individual ou revezamento 
medley. Nado livre significa qualquer nado diferente do nado de costas, 
peito ou borboleta.
A regra SW 5.2 mostra que, para que seja considerado que o atleta 
de fato concluiu a prova/competição, é necessário que alguma parte dele 
toque a parede ao completar cada volta e no final.
SW 5.3 – alguma parte do nadador tem de quebrar a superfície 
da água durante a prova, exceto quando é permitido ao nadador 
estar completamente submerso durante a volta e em uma distân-
cia não maior que 15 metros, após a partida e cada volta. Nesse 
ponto, a cabeça deve ter quebrado a superfície da água.
No caso específico da regra SW 6.3, ainda associada ao nado costas, 
diz que é necessário que alguma parte do nadador quebre a superfície da 
água durante o percurso, sendo, de fato, permitido ao nadador
estar completamente submerso durante a volta e por uma distância 
não maior que 15 metros, após a saída e cada volta. Nesse ponto é impor-
tante que a cabeça tenha “quebrado” a superfície.
SW 6.4 – quando executar a volta, tem de haver o toque na 
parede com alguma parte do corpo na sua respectiva raia. 
Durante a volta, os ombros podem girar além da vertical para 
o peito. Após, uma imediata contínua braçada ou uma imediata 
contínua e simultânea dupla braçada podem ser usadas para ini-
ciar a volta. O nadador tem de retornar à posição de costas, após 
deixar a parede.
No caso da regra SW 6.5, quando do final da prova, o nadador tem de 
tocar a parede na posição de costas, na sua respectiva raia.
A regra SW 7.5 menciona que, durante o nado peito, os pés devem 
estar virados para fora, na parte propulsiva da pernada. Não são permiti-
dos movimentos alternados ou pernada de borboleta, exceto o que é des-
crito na SW 7.1. É permitido quebrar a superfície da água com os pés, mas 
não seguido de uma pernada de borboleta para baixo.
– 87 –
Regras competitivas da natação
Finalmente, as regras referentes ao nado medley,começando pela 
SW 9.1, que diz que, na prova de medley individual, o nadador nada os 
quatros estilos, na seguinte ordem: borboleta, costas, peito e livre. Cada 
nado deve percorrer um quarto da distância.
A regra SW 9.2 menciona que, no nado livre, o nadador deve estar 
sobre o peito, exceto quando executar a virada. O nadador deverá retornar 
à posição sobre o peito antes de realizar qualquer pernada ou braçada.
SW 9.3 – nas provas de revezamento medley, os nadadores 
nadam os quatro nados na seguinte ordem: costas, peito, borbo-
leta e livre. Cada nado deve percorrer um quarto da distância. E, 
por fim, a regra SW 9.4 deixa claro que cada nado/estilo, com-
ponente do nado medley, deve ser finalizado de acordo com a 
regra aplicada a ele.
A regra que trata da prova, de acordo com a FINA (2018), a SW 10, 
apresenta em suas subseções os detalhes de como devem ser essas provas 
para cada estilo de nado.
A regra SW 10.1 menciona que todas as provas individuais devem 
ser separadas por sexo. A regra SW 10.2 descreve que o competidor que 
estiver nadando o percurso sozinho deve nadar a distância total para se 
classificar. Em adição, a regra SW 10.3 menciona que o nadador deve 
permanecer e terminar a prova na mesma raia onde começou. Ao passo 
que a regra SW 10.4 afirma que, em todas as provas, o nadador deve fazer 
contato físico com a borda na virada. A virada deve ser feita contra a borda 
da piscina e não é permitido andar ou tomar impulso no fundo da piscina.
SW 10.5 – o fato de o nadador ficar de pé durante a prova de 
nado livre, ou durante o nado livre nas provas de medley, não 
deve desclassificá-lo. Entretanto, ele não poderá andar, obtendo 
vantagem com essa atitude, considerada ilegal, de acordo com as 
regras oficiais estabelecidas pela FINA (2018).
Na regra SW 10.6 vemos que puxar a raia é algo considerado ilegal, 
portanto, não é permitido.
SW 10.7 – descreve que obstruir outros competidores, atraves-
sando outra raia ou interferindo de qualquer outra forma, será 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 88 –
motivo de desclassificação do nadador infrator. Se a falta for 
intencional, o árbitro deverá relatar o fato à entidade promotora 
e a associação do nadador infrator.
No caso da regra SW 10.8, deve-se observar que a nenhum com-
petidor deve ser permitido usar ou vestir qualquer objeto adicional ou 
maiô que possa ajudar na sua velocidade, flutuação ou resistência durante 
uma competição (tais como: luvas, pés de pato, fitas terapêuticas e fitas 
adesivas, etc.). Por outro lado, óculos podem ser usados. Nenhum tipo 
de adesivo no corpo é permitido, a menos que aprovado pelo Comitê de 
Medicina Esportiva da FINA.
SW 10.9 – qualquer nadador que entre na piscina durante a rea-
lização de uma prova em que não esteja inscrito, antes que todos 
os nadadores tenham completado sua prova, deve ser desclassi-
ficado da próxima prova em que estiver inscrito.
No caso específico da regra SW 10.10, é importante destacar que 
serão quatro nadadores em cada equipe de revezamento. Estão permiti-
das equipes mistas. Estas equipes serão formadas por dois homens e duas 
mulheres. Os tempos parciais registrados nestas provas não poderão ser 
considerados como recordes e nem como tempos de inscrição.
A SW 10.11 destaca que, nas provas de revezamento, a equipe de um 
competidor cujos pés perderem contato com o bloco de partida antes de o 
nadador anterior tocar na parede será desclassificada.
Em adição, vale destacar que a regra SW 10.12 menciona que qual-
quer equipe de revezamento deve ser desclassificada de uma prova se 
um membro da equipe, diferentemente do nadador designado para nadar 
aquela distância, entra na água enquanto a prova está sendo disputada e 
antes que todos os nadadores de todas as equipes tenham acabado a prova.
SW 10.13 – os membros de uma equipe de revezamento e sua 
ordem de competir devem ser designados antes da prova. Qual-
quer membro da equipe de revezamento pode competir em uma 
prova somente uma vez. A composição de uma equipe de reve-
zamento pode ser mudada entre as séries eliminatórias e as finais 
de uma prova, visto que isso é feito a partir da lista dos nada-
dores propriamente inscritos por um responsável nessa prova. 
– 89 –
Regras competitivas da natação
Nadar em ordem diferente da apresentada resultará em desclas-
sificação. Substituições podem ser feitas somente em caso de 
emergência médica com atestado.
A regra SW 10.14 especifica que qualquer nadador, tendo acabado 
sua prova ou sua distância em uma prova de revezamento, deve deixar a 
piscina assim que possível, sem obstruir qualquer outro competidor que 
não tenha ainda terminado sua prova. De outra maneira, o nadador faltoso 
ou sua equipe de revezamento devem ser desclassificados.
SW 10.15 – se uma falta tirar a chance de sucesso de um compe-
tidor, o árbitro terá o poder de permitir a ele competir na próxima 
série ou, se a falta ocorrer em uma prova final ou na última série 
eliminatória, ele pode ordenar que a prova seja nadada outra vez. 
Finalmente, a regra SW 10.16 mostra que nenhum artifício de 
controle de tempo é permitido, nem o uso de qualquer auxílio ou 
plano adotado para obter esse efeito.
De forma geral, a regra SW 11 trata do Registro de Tempo. Suas sub-
divisões mostram os procedimentos a serem adotados, em diferentes situa-
ções que possam surgir durante as provas/competições. Neste caso, temos 
a SW 11.1, que trata do Equipamento Automático de Cronometragem, 
que deve ser operado sob supervisão de Juízes designados. Os tempos 
registrados pelo Equipamento Automático de Cronometragem serão usa-
dos para determinar o vencedor, todas as classificações e o tempo obtido 
por cada raia. A ordem de chegada e os tempos apurados deste modo terão 
prioridade sobre as decisões dos Cronometristas. No caso de defeito do 
Equipamento Automático de Cronometragem ou se houver, claramente, 
uma falha do Equipamento Automático de Cronometragem ou ainda que 
um nadador não tenha conseguido fazer funcionar esta, os registros dos 
Cronometristas serão oficiais (SW 13.3).
SW 11.2 – quando for utilizado Equipamento Automático de 
Cronometragem, os resultados serão registrados apenas até ao 
1/100 de segundo. Se houver tempos iguais, todos os nadadores 
que tiverem registrado o mesmo tempo até 1/100 de segundo terão 
a mesma classificação. Os tempos expostos no placar eletrônico 
de resultados deverão mostrar apenas até 1/100 de segundo.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 90 –
SW 11.3 – qualquer aparelho para medição do tempo, utilizado 
por um Juiz, será considerado como um cronômetro. Vale desta-
car ainda que estes tempos manuais deverão ser tirados por três 
Cronometristas, nomeados ou aprovados pela Federação Nacio-
nal do país onde é realizada a competição. Todos os cronôme-
tros deverão ser dados como precisos pela Federação Nacional 
em que acontece a competição. Os tempos manuais deverão ser 
registrados até o 1/100 de segundo. Quando não for utilizado 
qualquer Equipamento Automático de Cronometragem, os tem-
pos manuais serão determinados como se segue:
SW 11.3.1 – se dois dos três cronômetros registrarem o 
mesmo tempo, diferente do terceiro, os dois tempos iguais 
são o tempo oficial.
SW 11.3.2 – se os três tempos forem diferentes, o tempo oficial 
será o do cronômetro que registrar o tempo intermediário.
SW 11.3.3 – quando se utilizam três cronômetros e um deles não 
funcionar, o tempo oficial será a média dos outros dois.
SW 11.4 – no caso de um nadador ser desclassificado durante 
ou após uma prova, a desclassificação deverá ser registrada nos 
resultados oficiais, mas nenhum tempo ou classificação será 
registrado ou anunciado.
SW 11.5 – no caso de desclassificação de uma equipe de reve-
zamento, os tempos parciais até à desclassificação deverão ser 
registrados nos resultados oficiais.
SW 11.6 – nos revezamentos, todos os tempos parciais, a cada 
50 e 100 metros, deverão ser registrados para o nadador que abre 
o revezamento e incluídos nos resultadosoficiais.
A regra SW 12 trata, em geral, dos Recordes Mundiais e, no caso 
da regra SW 12.1, são reconhecidos como Recordes Mundiais e Recor-
des Mundiais Juniores, em piscina de 50 metros, as seguintes distâncias e 
nados, para ambos os sexos:
 2 livre 50, 100, 200, 400, 800 e 1500 metros
– 91 –
Regras competitivas da natação
 2 costas 50, 100 e 200 metros
 2 peito 50, 100 e 200 metros
 2 borboleta 50, 100 e 200 metros
No caso do nado medley, 200 e 400 metros, temos os seguintes:
 2 revezamento livre 4x100 e 4x200 metros
 2 revezamento medley 4x100 metros
 2 revezamento misto 4x100 metros livre e 4x100 metros medley
SW 12.2 – são reconhecidos como Recordes Mundiais, em pis-
cina de 25 metros, as seguintes distâncias e nados para ambos 
os sexos:
 2 livre 50, 100, 200, 400, 800 e 1500 metros
 2 costas 50, 100 e 200 metros
 2 peito 50, 100 e 200 metros
 2 borboleta 50, 100 e 200 metros
 2 medley 200 e 400 metros
 2 revezamento livre 4x50, 4x100 e 4x200 metros
 2 revezamento medley 4x50 e 4x100 metros
 2 revezamento misto 4x50 metros livre e 4x50 metros medley
SW 12.3 – os grupos etários para registros de Recorde Mun-
dial Júnior são os mesmos que para os Campeonatos Mundiais 
Juniores da FINA.
SW 12.4 – membros de revezamento devem ser da mesma 
nacionalidade.
SW 12.5 – todos os recordes devem ser obtidos em competi-
ções ou prova individual contra o tempo, realizada em público e 
publicamente anunciada por, pelo menos, três dias de antecedên-
cia da sua realização. Na hipótese de uma prova individual con-
trarrelógio ser mencionada por uma Federação, como tentativa 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 92 –
de recorde, durante uma competição, não será necessário o aviso 
com antecedência de três dias.
SW 12.6 – o comprimento de cada raia da piscina deve ser veri-
ficado por um inspetor ou outro oficial qualificado, nomeado ou 
aprovado pela Federação Nacional em que a piscina estiver situada.
SW 12.7 – quando for usada uma borda móvel, a medição de 
cada raia deverá ser confirmada após a conclusão da sessão em 
que o tempo foi obtido.
SW 12.8 – os Recordes Mundiais e Recordes Mundiais Junio-
res só serão homologados quando os tempos forem registrados 
pelo Equipamento Automático de Cronometragem ou por Equi-
pamento Semiautomático de Cronometragem, no caso de não 
funcionamento do primeiro.
SW 12.9 – os Recordes Mundiais e Recordes Mundiais Junio-
res só serão homologados se os nadadores estiverem usando 
trajes aprovados pela FINA.
SW 12.10 – tempos iguais até o 1/100 de segundo serão reco-
nhecidos como recordes igualados e os nadadores que obtiverem 
esses tempos serão chamados de co-recordistas. Apenas o tempo 
do vencedor de uma prova pode ser apreciado para Recorde 
Mundial – exceto para Recordes Mundiais Juniores. No caso 
de empate em uma prova, todos os nadadores empatados com 
tempo recorde serão declarados vencedores.
SW 12.11 – os Recordes Mundiais e os Recordes Mundiais 
Juniores só serão homologados quando estabelecidos em pis-
cina de água com menos de 3g de sal por litro de água. Nenhum 
recorde será reconhecido quando estabelecido em água salgada.
SW 12.12 – o primeiro nadador de uma prova de revezamento, 
exceto nos revezamentos mistos, pode estabelecer um Recorde 
Mundial ou um Recorde Mundial Júnior. No caso do primeiro 
nadador de uma equipe de revezamento completar o seu per-
curso em tempo recorde, de acordo com o previsto nesta subse-
ção, seu registro não será anulado por qualquer desclassificação 
– 93 –
Regras competitivas da natação
de sua equipe, que venha a ser verificada por infrações cometi-
das após a sua distância ter sido completada.
SW 12.13 – um nadador, em uma prova individual, poderá esta-
belecer um Recorde Mundial, ou um Recorde Mundial Júnior, em 
uma distância intermediária, se ele/ela, ou seu/sua treinador(a) 
ou representante, requerer especificamente, ao Árbitro Geral, 
para que a sua prova seja cronometrada especialmente ou se 
o tempo na distância intermediária for registrado por Equipa-
mento Automático de Cronometragem aprovado. Este nadador 
deve terminar o percurso previsto da prova para poder requerer a 
homologação do recorde do percurso intermediário.
SW 12.14 – pedidos de homologação de Recordes Mundiais 
e Recordes Mundiais Juniores devem ser feitos em impressos 
oficiais da FINA, pela autoridade responsável da Organização 
ou Comitê Técnico Organizador da Competição, e assinada por 
qualquer representante autorizado da Federação do país do nada-
dor, uma vez verificado que todos os regulamentos foram cum-
pridos, incluindo um certificado de Controle Antidoping (DC 
5.3.2). A solicitação deve ser enviada ao Secretário da FINA, 
dentro de 14 dias após a realização da prova.
SW 12.15 – a reivindicação de um Recorde Mundial, ou 
Recorde Mundial Júnior, deve ser provisoriamente relatada por 
e-mail ou fax ao Secretário Honorário da FINA, dentro de sete 
dias da data da prova.
SW 12.16 – a Federação do país do nadador deve comunicar esta 
prova por carta ao Secretário Honorário da FINA, para conhe-
cimento e procedimento, se necessário, para assegurar que o 
pedido foi devidamente enviado pela respectiva autoridade.
SW 12.17 – uma vez recebido o pedido oficial, e após verifica-
ção de que a informação contida no pedido, incluindo o Certi-
ficado Antidoping negativo, está correto, o Secretário Honorário 
da FINA declarará o novo Recorde Mundial ou Recorde Mundial 
Júnior. Ele verificará se esta informação foi publicada e se os cer-
tificados foram enviados às pessoas cujos pedidos foram aceitos.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 94 –
SW 12.18 – todos os recordes feitos durante os Jogos Olímpicos, 
Campeonatos Mundiais, Campeonatos Mundiais Juniores de 
Natação e Copas do Mundo serão aprovados automaticamente.
SW 12.19 – se o determinado na SW 12.14 não tiver sido respei-
tado, a Federação do país do nadador pode solicitar a homologação 
de um Recorde Mundial ou Recorde Mundial Júnior. Após as inves-
tigações devidas, o Secretário Honorário da FINA está autorizado a 
aceitar tal recorde, no caso do pedido ser considerado correto.
SW 12.20 – se o pedido de homologação de um Recorde Mun-
dial ou Recorde Mundial Júnior for aceito pela FINA, será 
enviado um diploma assinado pelo Presidente e pelo Secretário 
Honorário da FINA à Federação do país do nadador, para lhe ser 
entregue, em reconhecimento pelo seu feito. Um quinto diploma 
do Recorde Mundial ou Recorde Mundial Júnior será enviado a 
todas as Federações, cujas equipes de revezamentos estabeleçam 
um recorde mundial. Este diploma ficará de posse da Federação.
SW 12.21 – periodicamente, a FINA pode adicionar novos 
eventos para os quais os nadadores podem estabelecer Recorde 
Mundial ou Recorde Mundial Júnior. Para cada caso, a FINA 
estabelecerá os tempos a serem superados. Se um nadador con-
segue um tempo que é melhor do que o tempo alvo, deve ser 
considerado um Recorde Mundial ou Recorde Mundial Júnior, 
desde que todos os requisitos da SW 12 sejam atendidos.
Quanto ao uso de Procedimento Eletrônico, a regra SW 13.1 mostra 
que, quando for usado Equipamento Automático de Cronometragem, em 
qualquer competição, a classificação e os tempos apurados por este meio, 
bem como as trocas nos revezamentos julgados pelo Equipamento Automá-
tico de Cronometragem, terão prioridade sobre a decisão dos Cronometristas.
SW 13.2 – quando o Equipamento Automático de Cronometra-
gem não registrar o lugar e/ou tempo de um ou mais nadadores, 
em uma determinada prova, deve-se:
SW 13.2.1 – registrar todos os tempos e classificação do Equipa-
mento Automático de Cronometragem disponíveis.
– 95 –
Regras competitivas da natação
SW 13.2.2 – registrar todos os tempos e classificações manuais.
SW 13.2.3 – a classificação oficial será estabelecida como segue:
SW 13.2.3.1 – um nadador com tempo e classificação dados 
pelo Equipamento Automático de Cronometragem deverá 
manter a sua classificação relativa, quando comparada com 
os outros nadadorescom tempos e classificações também 
obtidos pelo Equipamento Automático de Cronometragem, 
nessa mesma prova.
A regra SW 13.2.3.2 mostra que um nadador que não tiver classifi-
cação do Equipamento Automático de Cronometragem, mas o tempo por 
ela registrado, terá a sua classificação estabelecida, comparando o seu 
tempo registrado automaticamente com os tempos obtidos pelo Equipa-
mento Automático de Cronometragem para os outros nadadores.
SW 13.2.3.3 – um nadador que não tiver classificação, nem 
tempo obtido pelo Equipamento Automático de Cronometragem, 
terá a sua classificação estabelecida pelo tempo de “backup” ou 
pelos três cronômetros manuais.
SW 13.3 – o tempo oficial será estabelecido como se segue:
SW 13.3.1 – o tempo oficial para todos os nadadores que tive-
rem um tempo do Equipamento Automático de Cronometragem 
será esse seu tempo oficial.
SW 13.3.2 – o tempo oficial para todos os nadadores que não 
tiverem tempo do Equipamento Automático de Cronometragem 
será o tempo manual dos três cronômetros ou do Equipamento 
Semiautomático de Cronometragem.
SW 13.4 – para estabelecer a ordem relativa de chegada, para 
um conjunto de eliminatórias de uma prova, proceder-se-á 
como se segue:
SW 13.4.1 – a ordem relativa de todos os competidores será 
estabelecida comparando os seus tempos oficiais.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 96 –
SW 13.4.2 – se um nadador tiver um tempo oficial igual ao(s) 
tempo(s) de um ou mais nadadores, todos os nadadores que tive-
rem esse tempo ficarão empatados na classificação dessa prova.
3.3 Funções do árbitro na natação
De forma global, a FINA (2018) define a equipe de arbitragem e suas 
atribuições, bem como a sua composição. A seguir, você verá o papel 
desempenhado por cada um deles e sua importância para o processo.
 2 Árbitro Geral: considerado a autoridade máxima. É ele quem 
controla e aprova todas as atribuições e funções dos juízes e 
os instrui acerca de todas as características e regras especiais 
relacionadas às competições. Ele decide sobre todas as ques-
tões relacionadas à condução do evento, prova ou competição, 
fazendo com que todas as regras e determinações da FINA 
(2018) sejam respeitadas.
No início da prova, o Árbitro Geral, por meio de uma série de 
apitos curtos, convidará os nadadores a se prepararem para o 
início da prova; o apito longo, dado logo em seguida, indica 
aos competidores que eles devem tomar seus lugares nos blocos 
de partida. Quando todos estiverem preparados para a partida, 
o Árbitro indicará ao juiz de partida, com um braço estendido, 
que os nadadores estão ao seu controle. Ele permanecerá com o 
braço estendido até que a partida seja iniciada.
 2 Supervisor da Mesa de Controle: possui a responsabilidade 
de verificar a operação da cronometragem automática, inclusive 
revisando-a pelo vídeo, os resultados do computador, a impres-
são das trocas dos revezamentos e comunicar as escapadas ao 
Árbitro Geral. É ele quem controlará as desistências após as 
eliminatórias ou finais, que registrará os resultados impressos 
oficiais, listará todos os novos recordes estabelecidos e manterá 
as pontuações, quando for o caso.
 2 Juízes de Nado: estes deverão se posicionar em cada lado da 
piscina e garantir que as regras relativas ao nado a ser executado 
– 97 –
Regras competitivas da natação
estão sendo respeitadas, observando as viradas e as chegadas, 
junto com os Juízes de Virada.
 2 Juiz de Partida: possui total controle sobre os nadadores, a par-
tir do momento em que o Árbitro Geral lhe entrega a prova. É 
ele quem comunica o Árbitro Geral sobre o atraso do nadador, 
as desobediências à ordem ou qualquer comportamento de má 
conduta, sendo que a decisão de desclassifiação só poderá partir 
do Árbitro Geral. Ao iniciar a prova, fica do lado da piscina, 
aproximadamente a 5 metros da borda de partida, de modo que 
cronometristas e nadadores possam ouvir o sinal de partida.
 2 Chefe dos Juízes de Virada: é o responsável por assegurar que todos 
os Juízes de Virada cumpram suas funções durante a competição.
 2 Juízes de Virada: devem estar posicionados, um em cada raia, 
em cada cabeceira da piscina, para garantir que os nadadores 
cumpram as regras após a saída, para cada virada e na chegada. 
É o responsável por dar o aviso (apito ou sinos) para o início. 
Ele é quem dará o aviso quando faltar duas voltas e mais cinco 
metros para que o nadador de sua raia termine a prova de 800 
ou 1500 metros. Esse sinal deverá ser repetido após a virada até 
uma distância de 5 metros.
 2 Banco de Controle: reunirá os nadadores antes de cada prova. 
É o membro da equipe de arbitragem responsável por comunicar 
ao Árbitro Geral qualquer violação relativa à publicidade e caso 
algum nadador não esteja presente no momento da chamada.
 2 Anotador Chefe: é o responsável pela verificação dos resulta-
dos impressos pelo computador ou dos resultados dos tempos e 
ordem de chegada em cada prova, recebidos pelo Árbitro Geral, 
certificando-se de que ele assine os resultados. Deve ainda con-
trolar possíveis desistências após as eliminatórias ou finais e 
registrar os resultados impressos oficiais, além de listar todos 
os novos recordes estabelecidos. Ele mantém as pontuações, 
quando for o caso.
 2 Chefe dos Cronometristas: é quem atribui lugares sentados a 
todos os cronometristas e as raias que serão de sua responsabi-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 98 –
lidade. Ele deve recolher, de cada cronometrista, em cada raia, 
o cartão de nado com os tempos registrados e, se necessário, 
conferir os cronômetros deles. É ele também quem registrará ou 
examinará o tempo no cartão de nado de cada raia.
 2 Cronometrista: deverá marcar o tempo dos nadadores na raia 
que lhe for atribuída. Deverá iniciar seu cronômetro ao sinal de 
partida e pará-lo quando o nadador de sua raia tiver completado a 
prova. Após a prova, deve registrar os tempos dos seus cronôme-
tros no cartão de nado e entregar ao Chefe dos Cronometristas.
Ainda no que tange à arbitragem, na natação, acerca do registro de 
tempo, é importante destacar que os tempos registrados pelo Equipamento 
Automático de Cronometragem serão usados para determinar o vencedor, 
todas as classificações e o tempo obtido por cada raia. Ressalta-se ainda 
que, sendo utilizado um Equipamento Automático de Cronometragem, 
este terá prioridade sobre a decisão do Cronometrista. Portanto, qualquer 
aparelho para medição do tempo, utilizado por um juiz, será considerado 
como cronômetro. Os resultados serão registrados apenas até o 1/100 de 
segundo, conforme mencionado pela FINA (2018).
Atividades
1. Qual é o significado do termo FINA? Qual é a sua função e a 
sua relevância para natação, enquanto prática de esporte formal?
2. De acordo com a as regras oficiais estabelecidas pela FINA, 
como é feita a partida para as provas de nado costas e reveza-
mento medley? Descreva-as.
3. Qual é a sequência da prova de medley, nas provas individuais 
e em revezamento?
4. Qual é a função principal do Árbitro Geral?
4
Técnicas Introdutórias 
ao Salvamento e ao 
Socorrismo Aquático
Nadar é algo associado a um momento de liberdade e inde-
pendência. De forma geral, esse movimento livre, na água, pro-
picia diferentes formas de experimentação não só da liberdade, 
bem como das potencialidades, além de proporcionar ao indi-
víduo que seja vivenciado suas limitações, conhecendo-se a si 
próprio, de uma forma diferente.
No mundo moderno, temos visto um aumento expressivo de 
pessoas que desfrutam de alguma forma do meio líquido, seja em 
piscinas e/ou praias, para o banho/lazer, a natação, a prática de 
esportes aquáticos, ou ainda, o transporte para o ambiente de tra-
balho, bem como o deslocamento entre regiões/localidades. Neste 
sentido, atentar-se para os aspectos que tangem os cuidados acerca 
do meio líquido fazem-se essenciais, tendo em vista o aumento de 
casos de acidentes de diferentes tipos neste meio, portanto, tornou-
-se fundamental a orientação preventiva,no sentido de evitar o 
incidente mais grave que pode ocorrer na água, o afogamento.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 100 –
Infelizmente, o afogamento é muito mais comum em nosso país 
do que muitos pensam. Ocorre, em sua maioria, na frente de amigos e 
familiares que poderiam evitar ou ajudar, mas desconhecem inteiramente 
como poderiam reagir.
O desconhecimento ou a imprudência são, muitas vezes, as causas 
principais destes incidentes na água e a forma mais eficaz para evitar este 
tipo de acidente é compreender como pode ser feito o salvamento aquá-
tico, conhecido como a técnica de salvamento, que pode ser realizada em 
rios, lagoas, represas, mar, enchentes, piscinas e outros mananciais de 
água, visando à prevenção da integridade física de pessoas que se envol-
vam em ocorrências em que a água seja o agente causador de acidentes.
Neste capítulo, você verá as diferentes técnicas introdutórias ao sal-
vamento e ao socorrismo aquático, com o foco específico nas situações 
ocorridas em piscinas. Além disso, serão apresentado os principais aspec-
tos associados à pedagogia do ensino de elementos fundamentais, para 
que situações de risco/perigo em ambientes aquáticos possam ser evita-
das. Quando isso não for possível, será mostrado como o indivíduo pode 
encontrar soluções para que os problemas decorrentes de tais situações 
sejam minorizados.
4.1 Aspectos pedagógicos para o ensino da 
flutuação, respiração e mergulho na natação
De modo geral, o processo de ensino e aprendizagem da natação deve 
permitir que o aluno se movimente de todas as formas possíveis dentro da 
água, para que conheça os próprios limites e possibilidades e, assim, sinta 
prazer em nadar.
Ao tratarmos do salvamento e socorrismo aquático, é importante 
ressaltar os objetivos específicos relativos às habilidades aquáticas bási-
cas, os quais devem ser trabalhados para que o aluno se sinta à vontade 
e seguro no meio aquático. Dentre os elementos que mercem destaque 
estão: a respiração, a flutuação, o controle corporal/equilíbrio, além da 
propulsão e do relaxamento. O fato é que ao dominar minimamente essas 
habilidades, conforme descreve Bôscolo et al. (2011), os nados elemen-
– 101 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
tares podem ser melhor explorados e estendidos para a natação elementar 
utilitária, compreenida como uma progressão pedagógica estabelecidas 
para as práticas de salvamento aquático.
Quanto à metodologia adotada no processo de ensino-aprendizagem 
dos elementos da natação: flutuação, respiração e mergulho na natação, 
Couto (1990) descreve que o ensino da natação, quando traçado com os 
métodos da Educação Física, pode ser dividido em:
1 – método parcial – o objetivo deste método é dividir o conteúdo em 
partes, fazendo com que o aluno aprenda a executar determinadas partes 
do ensino, como por exemplo, aprender a braçada do nado crawl de forma 
isolada, por meio de exercícios específicos, cujo foco será este aprendi-
zado, sem intergá-la com outros elementos, entretanto, esses aprendizados 
acabm sendo interligadas, a fim de realizar uma determinada ação.
2 – método global – neste caso, o foco passa a ser na compreensão 
do ensino simplificado e geral das ações, facilitando a apreensão do con-
teúdo, onde o aluno entende a braçada do nado crawl, por exemplo, asso-
ciada a um outro gesto que proporcionará sua propulsão em meio líquido, 
como ocorre no trabalho coordenativo braços-pernas para execução do 
nado, além da respiração.
3 – método de ensino misto – é classificado desta forma por ser a 
representação de uma combinação dos métodos parcial e global, sendo 
que os dois métodos são implantados de forma simultânea. Neste caso, o 
foco passa a ser na execução do nado em si, fazendo com que o aluno com-
preenda os erros e acertos de sua execução, e tome as decisões pertinentes 
para tal ação de correção, se necessário, onde a intervenção do professor 
acaba sendo um pouco menor comparado-se aos outros dois métodos.
A flutuação é considerado um dos aspectos mais importantes a serem 
desenolvidos no ensino da natação. Trata-se de um princípio da física des-
coberto Um dos aspectos mais importantes a serem por Arquimedes (287 
a.C. – 212 a.C.), considerado um dos principais cientistas da Antiguidade 
Clássica. Essa descoberta ocorreu, de fato, quando ele entrou na água e 
percebeu que ela aumentava nas laterais da banheira, compreendeu que 
este aumento em profundidade se devia, sobretudo, ao volume ou massa 
de seu corpo, que deslocava uma certa quantidade de água. Um descoberta 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 102 –
interessante foi a de que á medida que ele afundava mais na banheira, a 
água deslocava-se mais para cima, até que, repentinamente, ele flutuou e a 
água parou de se elevar, ou seja, a flutuação, tendo percebido ainda que o 
peso do volume da água deslocada era igual ao peso do corpo que flutuava 
nela (MASSAUD, 2004).
Bôscolo (et al., 2011) descreve a flutuação/equilíbrio como a capa-
cidade de manter o corpo de maneira parcial na superfície da água, em 
decúbito ventral. Trata-se, portanto, de uma habilidade essencial, primei-
ramente, para que se tenha segurança de que não afundará. Em segundo 
lugar, para garantir a eficiência dos diferentes tipos de nado. Ainda de 
acordo com os autores, os homens, em geral, têm mais dificuldade em 
sustentar as pernas e o quadril durante o nado, se comparados às mulhe-
res, porque seu ponto de flutuação no nado está localizado na região do 
tórax, enquanto o das mulheres está localizado no quadril. Isso interfere na 
manutenção do equilíbrio associado à flutuação em meio aquático. A dife-
rença, neste caso, de acordo com Bôscolo (et al., 2011), deve-se à compo-
sição corporal - as mulheres têm maior quantidade de gordura nos glúteos, 
o que favorece a flutuação. Portanto, os homens precisam compensar o 
déficit, fazendo um bom trabalho de pernas. De toda forma, a partir disto 
pode-se chegar a um conceito básico de equilíbrio, que é a igualdade entre 
força de flutuação e peso, dependendo, além da capacidade do indivíduo, 
de sua densidade corporal.
Massaud (2004) descreve que a flutuação e a densidade relativa estão 
muito relacionadas. Vale ressaltar que o corpo, quando está total ou par-
cialmente imerso em um fluido em repouso, experimenta um empuxo de 
baixo para cima ao volume deslocado, o que permite sua flutuação.
Ainda de acordo com Massaud (2004), o empuxo é uma força que 
atua na direção oposta à da força da gravidade, minimizando a sua ação. 
É importante compreender na prática que um corpo na água em estado 
de equilíbrio, deve apresentar suas forças opostas alinhadas em um ponto 
(metacentro). Logo, caso esses centros não estejam na mesma linha ver-
tical, as duas forças que atuam sobre o corpo farão com que ele gire até 
atingir uma posição de equilíbrio estável. É importante ainda destacar que 
esse “alívio de peso” do corpo, pois, sentindo-se mais leves, as pessoas se 
movimentam mais facilmente e sentem menos o peso nas articulações, daí 
– 103 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
a preferência muitas vezes pela realização de exercícios em meio líquido, 
como ocorre em piscinas, comparando-se aos ambientes fora d’água.
 Saiba mais
Em relação ao Centro de Gravidade (CG), a física explica 
as diferenças que ocorre, em termos, entre os homens e as 
mulheres. Uma das principais explicações para isto está no 
fato que as mulheres possuem ossos menores e mais delga-
dos do que os homens e tendem a apresentar os quadris mais 
largos, enquanto os homens possuem o tronco mais profundo 
e os ombros mais largos, em relação às mulheres, bem como, 
o fato de que as pernas e os pés dos homens serem maiores e 
mais pesados. Estes aspectos corroboram para que o CG dos 
homens seja mais ao alto em elação ao seu eixo quando compa-
rado ao das mulheres, e isso influencia diretamente, de acordo 
com Massaud (2004), na flutuação.
Em relaçãoao equilíbrio na flutuação, Massaud (2004, p. 24) define-
-o como “o estado de um corpo cuja situação de repouso ou movimento 
permanece inalterada em relação a um sistema de eixos de referência”. De 
toda forma, na natação, entende-se que o corpo está em equilíbrio quando, 
ao flutuar em posição dorsal ou ventral, consegue se manter na posição, sem 
necessitar de auxílio. Massaud (2004) explica que isto ocorre porque o fato 
de flutuar significa a ação de manter um corpo na superfície de um fluido. 
Para tanto, este corpo precisa ter uma densidade igual ou superior à unidade.
De acordo com Langerdorfer e Bruya (1995) e Massaud (2004), o 
equilíbrio está associado ao jogo de forças mecânicas (impulsão e peso), 
que possam afetar a estabilidade do aluno na posição vertical ou horizon-
tal (ventral e dorsal) ou na alteração desta (rotações).
No que tange os aspectos pedagógicos associados ao ensino da flu-
tuação, Farias (1998) e Machado (2006) descrevem que é papel do pro-
fessor apresentar aos seus alunos as diversas formas de flutuar na água na 
horizontal, na vertical e lateralmente, já que isto possibilitará uma melhor 
posição no meio líquido. Vale destacar ainda que, durante o ensino de 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 104 –
como flutuar, o importante é mostrar aos alunos que o relaxamento no 
meio líquido é fator de suma importância, pois só é possível flutuar, natu-
ralmente, a partir do momento em que o corpo esteja relaxado.
Farias (1988) elenca alguns aspectos fundamentais para que seja tra-
balhada a flutuação, no que tange às orientações do professor aos alunos, 
durante as aulas: primeiramente, demonstrar como deve ficar o corpo na 
posição horizontal, dentro da água (braços abertos, pernas levemente afas-
tadas e em decúbito dorsal, isto é, de barriga para cima).
O autor destaca que o relaxamento é a chave da flutuação. Portanto, 
caso alguns alunos não consigam flutuar, segure seus pés ou coloque flu-
tuadores nas pernas; isto facilitará muito suas tarefas de ensinar a flutuar. 
Um aspecto importante é a execução desta atividade em uma profundi-
dade inicial, na qual o aluno se sinta seguro dentro da água.
Veja, a seguir, conforme descreve Farias (1988, p. 22), algumas 
considerações acerca das orientações e/ou exercícios que podem ser 
desenvolvidos, no intuito de trabalhar, de forma segura e eficaz, este 
aspecto (da flutuação) com os alunos:
 2 Amarre uma corda de uma extremidade a outra da piscina, no 
nível da água. Neste sentido, oriente os alunos para que colo-
quem os pés sobre a corda, tentando relaxar e flutuar de costas. 
O corpo permanecerá estendido;
 2 Oriente a todos para que respirem o mais normalmente possível, 
facilitando o relaxamento;
 2 Dois a dois, um segura nos pés do outro, arrastando o compa-
nheiro em decúbito dorsal, pela piscina;
 2 Oriente os alunos para que tentem flutuar em decúbito dorsal, 
sem movimento das pernas ou braços;
 2 Após ter conseguido mostrar a flutuação horizontal de costas, 
você deve mostrar a flutuação ventral, sendo importante utilizar 
os mesmos exercícios para a flutuação dorsal;
 2 Dentro da flutuação, você deve ensinar a flutuação vertical e 
flutuação lateral;
– 105 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
 2 Perguntar quem consegue flutuar somente com as mãos em 
movimento, na posição de pé.
Ainda de acordo com Farias (1988), é fundamental que o professor 
mostre aos alunos como deve ser a flutuação vertical aparente (a movi-
mentação das pernas, alternadamente de cima para baixo e de baixo para 
cima, como se estivesse pedalando em uma bicicleta). Além do mais, os 
movimentos dos braços, em círculos horizontais, alternados ou simulta-
neamente, exercem uma importância dentro do processo, também, faci-
litando a posição de estabilidade do corpo, quando em flutuação. Após o 
trabalho de flutuação vertical e horizontal, é fundamental que o professor 
introduza a flutuação lateral, procurando utilizar exercícios que possibi-
litem aos alunos a sensação de como devem flutuar, do lado esquerdo e 
direito. Outro aspecto importante a destacar é que as aulas de flutuação 
devem ser feitas com um trabalho de respiração frontal, possibilitando 
melhor relaxamento. Já a imersão é a colocação do aluno abaixo da super-
fície da água, com bloqueio respiratório, conforme descreve Farias (1988).
O autor enfatiza que este trabalho é essencial, pois dará ao aluno 
noção de flutuação, totalmente imerso no meio líquido. Para tal, é inte-
ressante utilizar, como estratégia, exercícios e/ou atividades baseadas no 
trabalho da respiração, conforme preconiza Farias (1998, p. 22):
 2 Dentro da piscina, prender o ar e tentar flutuar, colocando o 
corpo dentro da água;
 2 Inspirar, prender o ar afundando, tentar ficar de cócoras den-
tro da água;
 2 Instrua os alunos para que inspirem o ar, afundem aos poucos, 
tentando flutuar (pergunte o que aconteceu);
 2 Diga aos alunos para inspirarem, prenderem o ar, afundarem e 
soltarem todo o ar, permanecendo um pouco imersos (pergunte 
o que aconteceu).
4.1.1 Respiração
Catteau e Garoff (1990) mencionam que a respiração em meio líquido 
possui características diferentes da respiração na terra. Lembrando que 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 106 –
três constantes diferenciam o meio aquático do meio terrestre: equilíbrio, 
respiração e propulsão. Por isso, em meio aquático, surge a necessidade 
de transformação desta respiração, da passagem de uma forma para outra. 
Esta deve ser bastante treinada, já que é elemento fundamental em qual-
quer etapa do aprendizado e desenvolvimento, sobretudo da natação. De 
acordo com Machado (2006), na iniciação da aprendizagem da natação, a 
respiração é o ponto crucial da aprendizagem, pois sua correta execução 
possibilitará um avanço mais rápido em termos da aprendizagem do nadar.
Em condições habituais, a respiração em meio líquido é tal, que na 
água, a expiração se torna ativa e a inspiração se torna reflexa. Isto signi-
fica a capacidade de criar-se um automatismo respiratório, fundamental-
mente oposto ao automatismo inato (CATTEAU; GAROFF, 1990). De 
certa forma, este novo automatismo se aprende progressivamente, ao fim 
de períodos durante os quais as trocas respiratórias dependerão de um 
comando voluntário, que pode ser treinado por meio de exercícios especí-
ficos, conforme destaca Machado (2006).
Ainda relacionado à respiração, Catteau; Garoff (1990) destacam 
que, em meio líquido, a inspiração só é possível no momento da emer-
são das vias respiratórias, sendo que esta é tanto mais breve quanto mais 
elevada acaba sendo a cadência dos movimentos dos braços. Em geral, é 
importante atentar-se ao fato de que apenas a abertura da boca pode per-
mitir que muitos litros de ar possam ser absorvidos em algumas frações 
de segundo, desde que seja feito um trabalho coordenado. A expiração 
não traz problemas, pois ela se ajusta à imersão dos orifícios respiratórios, 
porém, o débito respiratório tem limites. Na prática, quanto mais rapida-
mente o indivíduo nada, maior é a sua necessidade de oxigênio, tendo, 
contudo, cada vez menos possibilidades de absorvê-lo, uma vez que a 
duração de emergência das vias respiratórias varia em sentido contrário ao 
da frequência de rotação dos braços (MASSAUD, 2004).
Em termos fisiológicos, Catteau e Garoff (1990) e Machado (2006) 
destacam que a respiração mais adequada é a chamada diafragmática, na 
qual a inspiração será feita durante o tempo em que os braços tenham um 
mínimo de apoio sobre a caixa torácica. Com efeito, os músculos motores 
dos braços são peritorácicos. Para conseguir um máximo de potência, a 
– 107 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
caixa torácica deve fornecer um ponto de apoio sólido a eles, condição 
efetuada em bloqueio inspiratório.
Os seres humanos por possuírem a capacidade de interromper momen-
taneamente as trocas respiratórias, seja durante a inspiração ou durante a 
expiração, graças a umduplo comando, automático e voluntário, podem 
controlar essas trocas respiratórias, processo fisiológico conhecido como 
apneia. Conforme descreve Farias (1988), a apneia serve como um meio de 
defesa ou de transição. É uma preliminar, que deve ser explorada e ultrapas-
sada. O desenvolvimento desejável das possibilidades de apneia deve alterar 
não apenas o obstáculo da representação errônea, mas, também, o obstáculo 
afetivo, o da emoção suscitada por toda situação nova, que desencadeia uma 
atitude de expectativa quanto à relação (MASSAUD, 2004).
Farias (1988) destaca que, no processo de ensino da respiração em 
meio líquido, a maior preocupação deve ser no ato de inspirar, pois a 
expiração é mais fácil de ser aprendida. Durante o ensino da respiração 
aquática, o autor destaca que os alunos devem ser orientados para que 
inspirem pela boca, em forma de “O”, e expirem pelo nariz ou pela boca, 
sendo a maneira mais fácil de fazê-lo, soltando o ar pelo nariz. Um aspecto 
que deve ser considerado, nesse processo de ensino-aprendizagem, é que 
o aluno é quem deve achar a sua melhor maneira de respirar no meio 
líquido, ou seja, usar a maneira mais confortável. Neste caso, não está 
sendo abordada a natação competitiva, pois a situação seria invertida, haja 
vista que a respiração adquire um aspecto bem diferente da elementar/
utilitária, por exemplo.
Cabe ao professor orientar sempre os seus alunos, apresentando-lhes 
exercícios específicos, que estimulem essa condição em meio líquido, 
uma condição a que muitos não estão adaptados. Farias (1988) dá algu-
mas sugestões ao professor, para o ensino da respiração em uma piscina 
rasa ou funda:
Em piscina rasa, cabe ao professor:
 2 mostrar, fora da água, o mecanismo da respiração (inspirar pela 
boca em forma de «O» e expirar pelo nariz);
 2 verificar se todos estão realizando; corrija os possíveis erros;
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 108 –
 2 e ainda, se possível, trazer uma bacia para a aula. Enchendo-a 
de água, e em seguida, colocando-a em cima de um banco ou 
cadeira e faça com que todos executem a respiração aquática 
várias vezes. Com água até os ombros, puxar o ar pela boca e 
soltar pelo nariz lentamente, com o rosto fora da água;
 2 um outro exercício proposto, a ser executado dentro da água, 
com o tronco flexionado à frente, inspirar o ar pela boca e soltar 
pelo nariz, com o rosto dentro da água, conforme mostrado na 
Figura 4.1;
Figura 4.1 – Exemplo de atividade para o ensino da respiração aquática, em 
piscina rasa
Fonte: Atlan Coelho.
 2 dentro da água, de pé, puxar o ar pela boca, flexionar as pernas 
afundando e soltar o ar, prendendo no final da expiração;
 2 dentro da água, executar a gangorra;
 2 individualmente, inspirar, prender o ar, sentar no fundo da pis-
cina, colocando a cabeça dentro da água e soltar o ar lentamente;
 2 segurar na borda da piscina, inspirar, prender o ar, afundar, soltar 
o ar depois de breve bloqueio (Figura 4.2);
– 109 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
Figura 4.2 – Exemplo de atividade para o ensino da respiração aquática
Fonte: Atlan Coelho.
 2 realizar respiração lateral (lado esquerdo e direito);
 2 mãos nos joelhos, com o tronco flexionado, realizando respira-
ção bilateral.
Farias (1988) aponta que é muito importante, ao ensinar a respiração 
bilateral na natação, enfatizar aos iniciantes a necessidade de um maior 
direcionamento de cuidado à noção da cadência/frequência respiratória e, 
ainda, uma melhor comodidade na respiração. Cabe ao professor, portanto, 
estar sempre vigilante e corrigir os possíveis erros, pois a respiração má 
executada é um obstáculo nas fases de aprendizagem de qualquer estilo de 
nado na natação ou ainda nos processos de socorro e salvamento aquático. 
Essa má execução pode comprometer todo o processo, dificultando um 
possível salvamento, por exemplo, uma vez que a respiração, quando não 
bem executada, demanda um elevado dispêndio energético, promovendo 
o cansaço e a fadiga mais rapidamente.
A seguir, você verá as recomendações para trabalhar a respiração em 
piscinas fundas, de acordo com Farias (1988):
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 110 –
Em piscina funda, cabe ao professor propor alguns deste exercícios:
 2 em primeiro lugar, a realização de atividades de respirar, segu-
rando na borda;
 2 exercícios que podem ser feitos com o auxílio da borda (segu-
rando-a): (a) inspirar pela boca e soltar o ar pelo nariz, próximo 
da água; (b) com as duas mãos, braços estendidos, realizar res-
piração lateral; (c) inspirar, prender o ar, colocar o rosto na água 
e expirar lentamente pelo nariz; (d) inspirar pela boca, afundar o 
máximo e soltar o ar pelo nariz;
 2 após estender uma corda sobre a piscina, oriente os alunos para 
que a segurem, inspirem, prendam o ar, afundem e soltem o ar 
após ter tocado o pé no fundo.
Ainda de acordo com Farias (1988), tratando-se de uma piscina em 
que os alunos não possam ficar de pé, cabe ao professor ter a atenção redo-
brada ao propor as atividades, para que não tenham experiências negati-
vas, que prejudiquem a aprendizagem. Dependendo da idade dos alunos, 
pedir para que conservem um pouco de ar para soltar durante a subida.
No que tange às adaptações que podem ser feitas, o professor pode 
utilizar a execução das atividades em piscinas rasas para as de maior pro-
fundidade, mas sempre com muito cuidado. O tempo dedicado em cada 
atividade ou fase deve ser proporcional ao rendimento dos alunos. Neste 
caso, Farias (1988) ressalta que é interessante buscar incrementar novas 
atividades sempre, pois são estas que possibilitarão uma melhor adaptação 
à respiração aquática. Ao passar para a fase seguinte, é fundamental veri-
ficar a condição da maioria dos alunos, se estão ou não conseguindo rea-
lizar a respiração aquática. Caso alguns ainda não estejam conseguindo, 
o professor deve repetir algumas das atividades da respiração nas fases 
seguintes, com o intuito de fixar, melhorar e ensinar novamente.
4.1.2 Mergulho
Como parte do ensino da natação, deve-se inserir atividades que pos-
sam fazer com que os alunos mergulhem da borda da piscina, de uma 
forma simples. Isto se chama “mergulhos elementares”, conforme des-
– 111 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
creve Farias (1988). De acordo com Langendorfer e Bruya (1995), é 
importante ressaltar que existem diversos aspectos relacionados à segu-
rança dos alunos, os quais o professor deve considerar.
Palmer (1990) destaca que os alunos devem ser orientados no sen-
tido de atentarem à segurança antes, durante e após o mergulho. Segundo 
o autor, uma das questões mais importantes se refere à profundidade da 
piscina, pois o aluno, entrando na água sem nenhuma resistência e quase 
que verticalmente a uma velocidade, aproximada, de 15 km/h, fará uma 
trajetória descendente muito veloz, em direção ao fundo da piscina de dois 
metros de profundidade, por exemplo.
Em adição, Palmer (1990) enfatiza que, em casos de a direção do 
deslizamento submerso se manter inalterada, o nadador baterá no fundo 
da piscina. Isto não é comum, mas o professor deve se certificar de que 
o aluno estará na posição correta para o mergulho, ou seja, com braços 
estendidos acima da cabeça, firmando-se entre eles, a fim de protegê-
-la. Deve, ainda, ter atenção quanto à posição de saída, se está adequada, 
garantindo o equilíbrio e a segurança do indivíduo.
De forma global, Farias (1988) descreve que, na realização de ativi-
dades para o ensino dos mergulhos, o primordial é mostrar aos alunos os 
vários tipos de mergulhos que possam ser feitos de uma borda para a água. 
A seguir, será apresentada uma sequência de atividades/exercícios, que 
podem ser realizados no intuito de desenvolver as técnicas de mergulhos, 
baseados na proposta apresentada por Farias (1988, p. 26).
 2 Inicialmente, coloque os alunos sentados na borda da piscina. Ins-
trua-os a colocar os braços estendidos acima da cabeça,mãos uni-
das e a irem caindo para frente, lentamente (repetir várias vezes);
 2 Orientar os alunos para que fiquem com as pernas levemente 
afastadas (largura dos ombros), tronco flexionado, braços acima 
da cabeça, mãos unidas, flexionar as pernas e cair lentamente na 
água, tentando cair, primeiramente, com as mãos sobre a água (a 
cabeça permanece entre os braços);
 2 Tendo como base a posição anterior, tentar mergulhar com as 
pernas mais estendidas, procurando entrar primeiramente com 
as mãos na água;
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 112 –
 2 De pé na borda da piscina, pés naturalmente afastados, braços ao 
lado do corpo, tentar mergulhar desequilibrando-se e, antes de 
tirar os pés da borda, colocar os braços acima da cabeça, mãos 
unidas, furando a água, conforme mostra a Figura 4.3.
Figura 4.3 – Exemplo de mergulho, partindo da borda da piscina, da posição em pé
Fonte: Atlan Coelho.
Para refletir...
Um aspecto fundamental a ser colocado em prática por qual-
quer indivíiduo ao deparar-se com o meio líquido são os risco 
de acidentes que podem ocorrer, ao mergulhar em piscinas, 
rios ou cachoeiras, influenciado em sua grande maioria das 
vezes pela forma com que as pessoas entram na água. Dados 
estatísicos mostram que nove em cada dez pessoas que sofre-
ram acidente por mergulho ficaram tetraplégicas, sendo que a 
maioria é do sexo masculino. Um aspecto básico a considerar é 
a profundidade suficiente d’água para tal ação, caso contrário o 
risco de acidente grave/fatal torna-se elevado. Na prevenção de 
acidentes ao mergulhar, deve-se atentar para os mergulhos de 
“ponta”, em que a pessoa afunda muito rapidamente e, mesmo 
que esteja de braços abertos, não garante que não vá bater 
– 113 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
a cabeça. Os saltos de pontes, árvores, barrancos ou pedras 
aumentam o risco de acidentes: quanto maior a altura do local 
de onde a pessoa saltar, maior será a força do choque contra 
algum obstáculo embaixo da água. Por fim, deve-se verificar 
sempre a profundidade do local do mergulho: nunca confie no 
local em que vai mergulhar, mesmo que já o tenha frequentado 
muitas vezes. Vale ressaltar que o nível da água e o fundo do 
local mudam sempre.
Fonte: Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde. Acidentes 
por mergulho. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-
-saude/2186-acidentes-por-mergulho. Acesso em: 08 jun. 2021.
 
4.2 Técnicas de salvamento em piscinas
Antes de apresentarmos, de fato, as técnicas de salvamento em meio 
aquático, no caso específico, em piscinas, é necessário contextualizar a 
natação em seus diferentes níveis, conforme descreve Fernandes e Da 
Costa (2006). Neste sentido, temos, de acordo com os autores, a natação 
subdividida em três níveis diferentes: 1) a natação elementar utilitária; 2) 
a natação esportiva formal; 3) a natação esportiva competitiva. A nata-
ção elementar utilitária envolve todos os processos iniciais da modalidade 
(movimentos básicos, adaptações, segurança, formas de autossalvamento 
e de salvamento de demais, etc.), seguida pela progressão para a prática 
formal competitiva do esporte e, se for o desejo do indivíduo, pela evolu-
ção à prática competitiva.
O foco das técnicas apresentadas será centrado na natação elementar 
utilitária, a qual está intimamente ligada aos socorros e salvamentos em 
meio aquático.
De acordo com Guaiano (2004), a natação elementar utilitária é defi-
nida como a utilização de estilos alternativos da natação para a autosso-
brevivência e o autossalvamento, bem como para o salvamento de demais 
indivíduos, de afogamentos. Os estilos de nados elementares utilitários 
mais conhecidos são os seguintes;
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 114 –
 2 costas elementar – é um estilo de nado relaxante, que consiste 
na realização de movimentos leves, tanto para membros superio-
res quanto inferiores e não requer muitas técnicas específicas para 
realizar os movimentos ou respirar. Para a respiração, a cabeça fica 
livre, sem imersão na água. É utilizado para salvamentos ou, sim-
plesmente, para relaxar e descontrair. Ainda, é uma ótima opção 
para quem está iniciando no esporte. Para a realização do nado 
costas elementar, o indivíduo deve boiar de costas e impulsionar 
os braços para trás, sustentando a parte inferior do corpo com a 
pernada invertida do nado de peito e, assim, criar propulsão.
 2 nado lateral – nesse nado, os movimentos são realizados de 
maneira mais frequente, então ele demanda mais esforço mus-
cular. Começa com a flutuação de lado, seguida por posicio-
nar o braço (que está na situação inferior) para dentro da água, 
enquanto o outro braço (em situação superior) impulsiona o 
corpo para frente. As pernas realizam batidas em tesoura. Além 
de servir para recreação, é utilizado em situações de salvamento 
e resgate aquático.
 2 peito submerso – esse nado se assemelha ao nado de peito, mas 
sem a realização da respiração a cada braçada (regra do nado 
peito), podendo ser executado abaixo do nível da água. É muito 
utilizado em águas agitadas, mas é importante salientar que 
necessita do domínio do controle da respiração.
 2 cachorrinho – estilo de nado fácil, muito utilizado na infância e 
por indivíduos que não dominam o ato de nadar. Para realizá-lo, 
é necessário manter a cabeça para fora da água e as mãos à frente 
do corpo, em formato de concha, para buscar impulsão na água. 
Membros inferiores, então, devem bater rapidamente, de forma 
sincronizada e alternada.
 2 parafuso – esse nado demanda maior esforço corporal e algum 
conhecimento dos nados tradicionais, pois consiste em nadar 
girando, alternando uma braçada de crawl com uma braçada de 
costas. É executado em pequenas distâncias, girando para lados 
alternados, a fim de evitar tonturas.
– 115 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
 2 polo – consiste em deslocar-se para frente, batendo membros 
inferiores e superiores de maneira descoordenada, suspendendo 
a cabeça para fora da água. Para isso, deve-se manter a cabeça 
parada e olhar sempre para frente. Não se deve rotacionar o pes-
coço para respirar. A pernada deve ser constante e forte para evi-
tar que o corpo afunde. Os nados de sobrevivência são a base da 
aprendizagem da natação, uma vez que contemplam a adaptação 
do aluno em meio aquático, necessária antes de trabalhar nados 
com enfoque em desempenho e competições.
Antes de usufruir do meio aquático, é necessário, como vimos ao 
longo do capítulo, adquirir e desenvolver algumas habilidades básicas, 
que capacitem o indivíduo a permanecer e a se locomover dentro da água. 
Se todos aqueles que se aventuram no meio recebessem treinamento ade-
quado, certamente, o número de afogamentos seria muito menor. Assim, 
saber nadar é a maior medida de prevenção de acidentes em meio aquá-
tico: “Nadar é muito mais que um esporte: significa ter maiores opções de 
lazer, condições de se defender em meio aquático e auxiliar na preserva-
ção da vida de outras pessoas” (SANTANA et al., 2003, p. 17).
De acordo com Guaiano (2004), em casos de emergência, técnicas de 
salvamento aquático/natação elementar podem ser aplicadas, no intuito de 
salvar de afogamentos que ocorrem em lagoas, mares, enchentes, piscinas 
e demais pontos aquáticos.
No processo de ensino e aprendizagem da natação elementar utilitária, é 
interessante realizar algumas ações voltadas para os movimentos que devem 
ser executados para um salvamento em segurança (SANTANA, et al., 2003).
1. Aproximação: ato de nadar com a cabeça para fora da água, sem-
pre mantendo a vítima no campo visual (caso ela afunde, para saber o 
local onde estava). A aproximação deve ser realizada pelas costas para 
que, devido ao seu desespero, a vítima não agarre o socorrista.
2. Desvencilhamento: se agarrado, o socorrista precisará libertar-se 
da vítima para socorrê-la. Existem diferentes técnicas para realizar o des-
vencilhamento e a aplicaçãode uma ou de outra depende do contexto da 
emergência. Seja como for, deve-se sempre evitar que a vítima agarre o 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 116 –
socorrista, pois isso dificulta ou até mesmo impossibilita o salvamento, 
muitas vezes, colocando ambas as vidas em perigo.
3. Transporte: trata-se do deslocamento seguro da vítima até a mar-
gem, com nado, como o reboque (nado lateral), com ou sem instrumentos 
de socorro (cesto, prancha, etc.).
4. Primeiros socorros: consiste na retirada da vítima do meio aquá-
tico e em seu atendimento emergencial até a chegada de serviço médico. 
No resgate profissional, o fornecimento de oxigênio às vítimas de afoga-
mento, sobretudo nos primeiros momentos do socorro, garante maiores 
chances de sobrevida, visto que, nas circunstâncias de afogamento, são 
desencadeados quadros de hipóxia/anóxia, que se agravam conforme os 
graus de afogamento.
Em relação às diretrizes da AHA – American Heart Association – 
(2010) para RCP – Ressuscitação Cardiopulmonar – e ACE – Atendimento 
Cardiovascular de Emergência –, vale ressaltar a importância da RCP em 
casos de afogamento, por exemplo, bem como estar atento às recomenda-
ções das diretrizes mais importantes ou controversas, ou que resultem em 
mudanças na prática ou no treinamento da ressuscitação, dada a necessi-
dade de uma RCP de alta qualidade.
De acordo com as diretrizes estabelecidas pela AHA (2010, docu-
mento online), uma RCP de alta qualidade inclui:
 2 Frequência de compressão mínima de 100/minuto (ao invés de, 
“aproximadamente”, 100/minuto, como era antes).
 2 Profundidade de compressão mínima de 2 polegadas (5 cm), em 
adultos, e de, no mínimo, um terço do diâmetro anteroposterior 
do tórax, em bebês e crianças (aproximadamente, 1,5 polegada 
[4 cm] em bebês e 2 polegadas [5 cm] em crianças). Observe 
que a faixa de 1½ a 2 polegadas não é mais usada para adultos 
e a profundidade absoluta especificada para crianças e bebês é 
maior do que nas versões anteriores das Diretrizes da AHA, para 
RCP e ACE.
 2 Retorno total do tórax após cada compressão.
 2 Minimização das interrupções nas compressões torácicas.
– 117 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
 2 Evitar excesso de ventilação.
Destaca-se, ainda, a alteração de A-B-C para C-A-B, de acordo com 
as Diretrizes da AHA (2010) para RCP e ACE, as quais recomendam uma 
alteração na sequência de procedimentos de SBV de A-B-C (via aérea, 
respiração, compressões torácicas) para C-A-B (compressões torácicas, 
via aérea, respiração) em adultos, crianças e bebês (excluindo-se recém-
-nascidos). Essa alteração fundamental na sequência de RCP exigirá novo 
treinamento de todos os já treinados em RCP, mas o consenso entre os 
autores das Diretrizes de 2010 da AHA e os especialistas é de que o bene-
fício valerá o esforço.
 Saiba mais
Um dos equipamentos mais utilizados para a RCP é o Desfi-
brilador Externo Automático (DEA). Trata-se de um equipa-
mento eletrônico, portátil, que identifica precisamente se existe 
uma parada cardíaca ou fibrilação ventricular. Por meio de um 
choque controlado, tenta reverter o quadro de parada cardíaca 
ou fibrilação ventricular (FV). Para cada minuto que o socorro 
demora, a chance de reversão da parada cardiorrespiratória 
reduz em 10%. Após 5 minutos de ausência de oxigenação, já 
existem prováveis danos significativos do cérebro; portanto, 
após 10 minutos, as chances para reversão são próximas de zero.
Acesse o link a seguir e veja, de forma prática, os 
procedimentos operacionais do DEA. 
https://www.youtube.com/watch?v=8uWFu-4bZP8.
Em adição, o Manual de Salvamento Aquático (MSAq – PMESP/
CCB, 2006) destaca que as técnicas de salvamento abrangem todas as 
medidas necessárias para se prover a segurança de banhistas, de modo 
a se evitar afogamentos, sendo que este manual é destinado a situações 
de riscos, em diferentes ambientes aquáticos, como: mares, rios, lagos, 
cachoeiras, além, é claro, das piscinas.
Primeiramente, é necessário observar a prevenção dos afogamentos, 
a qual abrange todas as medidas necessárias para se prover a segurança de 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 118 –
banhistas, de modo a se evitar afogamentos. De acordo com o MSAq (2006), 
uma adequada prevenção de afogamentos se faz por meio de sinalização e 
orientação, treinamento, observação dos banhistas, emprego de equipamen-
tos adequados, advertências e campanhas educativas e de esclarecimento.
Rodrigues (2012) menciona a introdução de uma bateria de exer-
cícios relacionados com as “técnicas introdutórias ao Salvamento e ao 
Socorrismo Aquático” nos programas de natação, desde as primeiras fases 
da aprendizagem, sendo que estes exercícios deverão ser introduzidos 
e controlados pelo professor/treinador, ao longo do processo de ensino-
-aprendizagem, em progressão de dificuldade e complexidade crescentes, 
nos vários níveis de formação do nadador, desde a iniciação à competição 
ou na natação de manutenção, para todas as faixas etárias.
De forma global, Rodrigues (2012) defende que o objetivo da nata-
ção utilitária integrada nos programas do ensino da natação apresenta uma 
vasta e importante aceitação por parte de muitas instituições e autores 
conceituados na área da natação, em nível internacional, nomeadamente 
na França, Suíça, Canada, Bélgica, Austrália e EUA. Por outro lado, nos 
países da América do Sul, em particular no Brasil, ainda há uma carên-
cia deste aprendizado nas escolas especializadas, cujo foco, muitas vezes, 
acaba sendo direcionado à natação como formação/competição.
É importante ressaltar que os elementos/habilidades desenvolvidos 
por meio da natação utilitária são integrados nos programas de natação 
desde as primeiras fases de aprendizagem, de forma progressiva e adap-
tada ao longo do processo de ensino-aprendizagem, durante as várias eta-
pas da formação do nadador.
 2 Desta forma, Rodrigues (2012) cita que, nestes programas de 
natação, alguns elementos específicos da natação de salvamento 
e socorrismo aquático devem se fazer presentes algumas técni-
cas e habilidades necessárias para o salvamento, dentre as quais 
destacam-se as seguintes: técnicas utilitárias de nado: “costas 
elementar”; “side stroke”; “lifesaving stroke”; saltar de pé para 
a água, de 2 a mais metros de altura; algumas técnicas e habili-
dades específicas, treinadas com o intuito de promover a auto-
confiança e a autossegurança em meio líquido; as técnicas de 
– 119 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
socorrismo para os não nadadores; além do desenvolvimento 
do que chama o autor de, “natação endurance”, onde se utiliza 
não somente as técnicas desportivas convencionais, mas tam-
bém as técnicas propulsivas utilitárias; técnicas de reboque são 
bem-vindas; bem como ações que envolvam o deslocamento em 
água, nadando vestido, tendo que despir-se dentro de água; um 
outro elemento a considerar é a natação subaquática – ir buscar 
um objeto/manequim a dois ou mais metros de profundidade;
e por fim, o autor ressalta a importância de desenvovler-se as 
noções teóricas e práticas de primeiros socorros, nomeadamente 
a observação e instalação da vítima, posição de segurança, res-
suscitação cardiorrespiratória.
 Destaque
Os links de vídeos disponibilizados aqui permitirão que você 
compreenda, de forma mais clara, como proceder em situações 
de recuperação de afogados. Há, ainda, a demonstração de algu-
mas técnicas que podem ser utilizadas em salvamento aquático.
Links ilustrativos:
https://www.youtube.com/watch?v=n2APtX_RFj8
https://www.youtube.com/watch?v=LmyeXhh8kJU
4.2.1 Operações em Salvamento Aquático
De acordo com o MSAq (2006), mesmo com a prevenção adequada, 
as pessoas, por negligência, imprudência, imperícia ou por más condições 
físicas e mal súbito podem sofrer paradas cardíacas e respiratórias, des-
maios e cãibras ou, ainda, em razão de acidentes com barcos, podem se 
encontrar em situações de perigo, detal maneira que, se não forem pron-
tamente socorridas, poderão se afogar.
O fato é que, quando menos se espera, a vítima entra em pânico, 
debatendo-se na superfície, de forma quase incontrolável e, por causa do 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 120 –
instinto de conservação, segura-se com todas as suas forças em qualquer 
pessoa ou objeto que apareça ao seu alcance.
É importante compreender que, em determinadas situações, quem 
não estiver treinado para esse tipo de salvamento, ao se aproximar da 
vítima em desespero, será agarrado por ela e, provavelmente, morrerá. 
Nesses casos, antes de entrar na água, o socorrista deve diligenciar para 
que outras pessoas possam auxiliá-lo.
De forma global, é fundamental que o socorrista observe a vítima. 
Caso esta esteja em desespero, debatendo-se na superfície, o socorrista 
dificilmente poderá acalmá-la de imediato. Sendo assim, há necessi-
dade do emprego de técnicas especiais para o salvamento, como as que 
serão detalhadas a seguir, retiradas do Manual de Salvamento Aquá-
tico, elaborado pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado 
de São Paulo, em 2006.
Basicamente, o socorrista procurará sempre se aproximar da vítima 
e agarrá-la pelas costas. Há, porém, situações imprevistas, em que, a des-
peito do socorrista haver mergulhado com o objetivo de emergir, girando 
a vítima para apanhá-la de costas, esta poderá virar-se e agarrá-lo de diver-
sas formas, conforme descrito no MSAq (2006).
Independente do caso, é fundamental que o socorrista conheça as téc-
nicas de desvencilhamento na água, para dominar a vítima, isto é, saiba 
como funciona o judô aquático. Nos casos em que a vítima se encontra 
em desespero e já prestes a se afogar, quando, provavelmente, já aspi-
rou muita água, a aplicação dos primeiros socorros é a providência mais 
urgente, podendo o socorrista iniciá-la já no transporte para a margem ou, 
nos casos de afogamento em piscinas, para fora da água.
Dependendo do caso, deve ser feita a retirada da água engolida, 
aplicando-se a reanimação cardiorrespiratória, com o encaminhamento da 
vítima até o hospital, para exames posteriores.
4.2.2 Procedimentos com vítimas em afogamento
Em relação aos procedimentos a serem adotados em casos de afoga-
mento, vale ressaltar a importância da ação do socorrista, figura central 
– 121 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
deste processo, já que o socorro imediato será conduzido por ele. Portanto, 
algumas medidas básicas iniciais devem ser tomadas, nestes casos.
Em afogamentos, o mais comum é a função respiratória ficar prejudi-
cada, devido à entrada de água pelo nariz e boca. Portanto, caso não haja 
o socorro/resgate imediato, pode ocorrer a obstrução das vias respiratórias 
e, consequentemente, um acúmulo de água nos pulmões, colocando a vida 
desta vítima em risco.
Em relação à manobra de aproximação à vítima, que ainda está na 
vertical e se debatendo na superfície, faz-se necessário, de acordo com o 
MASq (2006), que o socorrista/bombeiro nade até a vítima com a cabeça 
para fora da água, mantendo-a no campo de sua visão. Ao chegar perto, 
deve mergulhar, a fim de evitar que a vítima venha agarrá-lo. Após o mer-
gulho, o socorrista/bombeiro deve colocar as mãos por cima dos joelhos 
da vítima, uma pela frente e outra por trás das coxas, virá-la, deixando-a 
de costas para si e, assim, rebocá-la. A Figura 4.4 mostra os procedimentos 
a serem tomados em casos de realização da manobra de aproximação.
Figura 4.4 – Manobra de aproximação
Fonte: Atlan Coelho.
Feita a aproximação, o próximo passo se concentra na técnica ade-
quada, aplicada pelo socorrista, não só para a retirada da vítima da 
água, como também para o seu correto e efetivo transporte até um local 
seguro, em que esta vítima de afogamento receberá os atendimentos 
especializados, feitos pela equipe médica ou de urgência, como pode 
ser visto na Figura 4.5 (a, b).
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 122 –
Figura 4.5 – Manobra de retirada de vítima em piscinas (a); Transporte de vítima (b) 
(a)
(b)
Fonte: Atlan Coelho.
De toda forma, algumas medidas podem ser feitas para salvar uma 
pessoa que esteja se afogando, sendo que é necessário, primeiramente, 
garantir a própria segurança e verificar se o local não oferece riscos ao 
socorrista. Caso alguma pessoa esteja se afogando, o MSAq (2006) reco-
menda a importância de verificar-se alguns aspectos em geral, a saber:
1 – Observar se a pessoa em afogamento está com os braços estendi-
dos, lutando para não ficar debaixo da água, pois, esta ação pode muitas 
vezes, por causa do desespero, impedir a pessoa de conseguir gritar ou 
chamar por ajuda;
2 – Sempre que possível, solicitar auxilio de uma outra pessoa que 
esteja próxima ao local, para que ambas possam seguir com o socorro;
3 – Faz-se necessário, ligar imediatamente para a ambulância dos bom-
beiros, no 193; bem como informar, sempre que possível o SAMU, no 192;
4 – Fornecer algum material flutuante para a pessoa que esteja se 
afogando, podendo ser improvisado, como por exemplo, com auxílio de 
garrafas de plástico, pranchas de surf e materiais de isopor ou de espumas;
5 – Tentar realizar o socorro sem entrar na água. Caso a pessoa se encon-
tre a menos de 4 metros de distância, é possível estender um galho ou cabo 
de vassoura. Entretanto, se a vítima estiver entre 4 e 10 metros de distância, 
pode-se jogar uma boia com uma corda, segurando na extremidade oposta;
– 123 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
6 – É imprescindível, que além do conhecimento básico de noções de 
primeiros socorros, os salvamentos em meio líquido possuem uma carac-
terística própria, e o salvamento deve ser executado somente por pessoas 
que saibam nadar;
7 – Caso a pessoa seja retirada da água, deve-se verificar em primeiro 
lugar sua respiração, observando os movimentos do tórax, ouvindo o som 
do ar saindo pelo nariz e sentindo o ar que sai pelo nariz.
 Saiba mais
Caso a pessoa não esteja respirando, é um mau sinal. Significa 
que ficou muito tempo submersa e que pode apresentar hipo-
xemia, quando a pele fica arroxeada, havendo perda de consci-
ência, levando a uma parada cardiorrespiratória. Nestes casos, 
antes da equipe de socorro especializada chegar no local, é pre-
ciso iniciar a massagem cardíaca, para manter o sangue circu-
lando no corpo e aumentar as chances de sobrevivência.
Fonte: MSAq (2006).
4.3 Exercícios básicos de natação, salvamento 
e socorrismo aquático em piscinas
Rodrigues (2012) descreve que as situações de aprendizagem 
devem ter uma lógica, indo ao encontro dos comportamentos procura-
dos – devem ser adaptadas às competências que se pretendem desen-
volver, enquadrando-se no tema da aula: explicitando os objetivos, a 
sua organização, os conselhos ou instruções a dar aos alunos (sejam de 
ordem didática/técnica ou referentes à segurança), os critérios de êxito, 
as “remediações” previstas em função dos comportamentos e das difi-
culdades dos alunos em geral.
Neste sentido, o autor sugere alguns exemplos de exercícios bási-
cos de natação de salvamento e socorrismo aquático, a partir dos 5 anos 
de idade, em que se deve observar os seguintes aspectos: 1) a utilização 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 124 –
de material auxiliar de salvamento mais comum – toalhas, varas, pran-
chas, “macarrões”, bolas, garrafas de plástico com rolha, etc.; 2) elaborar 
estratégias de autocontrole em situações de perigo, tanto pessoal como 
de outras pessoas; 3) ter noção do espaço subaquático, agindo com os 
olhos abertos e sem óculos de natação, controlando a apneia e realizando 
a “Manobra de Valsalva”, aplicada ao mergulho, sempre que possível; 4) 
experimentar situações diversas de salvamento em grupo, como por exem-
plo: “correntes humanas”, com e sem material de salvamento; 5) E por 
fim, aprender técnicas específicas da natação de salvamento: mergulho à 
pato, natação subaquática, flutuação dorsal,flutuação vertical, flutuação 
em posição fetal, pernas de bruços em equilíbrio dorsal, salto de pé sem 
submergir a cabeça, técnica de costas com braços simultâneos, torna-se 
essencial para o processo (RODRIGUES, 2012).
Ainda de acordo com Rodrigues (2012), dos 5 aos 13-14 anos, os 
alunos ainda não estão preparados para salvar, individualmente, pessoas 
sem material de salvamento auxiliar, devendo aprender a evitar, a todo o 
custo, o contato pessoal com a “vítima”. É importante destacar ainda que 
alguns destes exercícios e técnicas mais avançadas poderão ser utilizados 
por adultos, também.
Neste sentido, os exercícios que serão apresentados a seguir foram 
retirados de Rodrigues (2012). Entretanto, o professor/treinadores têm total 
liberdade para modificá-los, incrementando-os, desde que seja pertinente 
à proposta em geral, à faixa etária, às condições do ambiente e do socor-
rista. Deve-se levar em consideração o tipo de material(ais) de suporte que 
o socorrista terá ao seu alcance, no momento deste salvamento.
Rodrigues (2012) destaca que todos os exercícios apresentados a 
seguir devem ser realizados em piscinas de “grande profundidade” – igual 
ou superior a 2 metros – e sem os óculos de natação (salvo no caso em que 
o nadador evidencie problemas fisiológicos, derivados do contato direto 
dos olhos com a água da piscina). De acordo com o autor, sempre que 
possível, estes exercícios devem ser também experienciados em “piscinas 
de ar livre” (de água fria e grande profundidade).
A seguir, uma sequência de exercícios que podem ser realizados a 
partir da proposta levantada pelo estudo de Rodrigues (2012), cujo obje-
– 125 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
tivo é apresentar, de forma prática, diferentes exercícios básicos de nata-
ção, salvamento e socorrismo aquático em piscinas, os quais podem ser 
executados por diversas faixas etárias.
(A) (B) (C)
(D) (E) (F)
(G) (H) (I)
(J) (K)
(L)
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 126 –
A seguir você verá a descrição dos exercícios apresentados:
Exercício 1 (A) – saltar para água vestido e retirar a camisa, man-
tendo-se com o treja de banho, e nadar por 25 metros.
Exercício 2 (B) – idem ao exercício 1, porém retirando desta vez a calça, 
permanecendo com o traje de banho (baixo) e nadar por mais 25 metros.
Exercício 3 (C) – ainda com a camisa, retirá-la e colocá-la, todo o 
processo sendo feito dentro d’água, e após nadar 25 metros.
Exerccício 4 (D) – manter-se à superfície d’água, flutuando (vertical) 
durante 1 minuto ou mais, com a movimentação de mãos/pés.
Exercício 5 (E) – idem ao exercício 4, porém intensificando a movi-
mentação das mãos/pés.
Exercício 6 (F) – manter-se à superfície d’água em flutuação dorsal 
por 1 minuto ou mais, com pequenos movimentos de braços e pernas.
Exercício 7 (G) – estender uma toalha, vara, corda, prancha, ou qual-
quer outro objeto (macarrão, por exemplo) à “vítima” que denro d’água 
tentará alcançá-la. Importante manter-se firme fora d’água para daro 
suporte necessário à vítima que está dentro d’água.
Exercício 8 (H) – lançar um objeto (ex: uma bola) para que a vítima, 
dentro d’água possa localizá-la, pegá-la e com isso facilitar a sua localização.
Exercício 9 (I) – idem ao exercício anterior (8) mas neste caso, con-
forme mostra a figura, o objeto é um “macarrão” que será dado um nó, 
facilitando o processo de um possível resgate da vítima.
Exercício 10 (J) – lançar uma “boia” para a água, saltar de pé evi-
tando submergir a cabeça para não perder a “vítima” de vista, deslocar-
-se até a “zona de segurança”, estender-lhe a boia e rebocá-la para 
terra. A boia ficará sempre entre o socorrista e a vitima, para evitar ser 
alcançado por ela.
Exercício 11 (K) – aprender a salvar-se de maneira mais segura pos-
sível. A corrente humana, em que os socorristas dão as mãos, visando 
alcançar a vítima. Este exercício pode ser feito com os “macarrões” 
simulando os socorristas, dependendo da distância entre socorrista e 
– 127 –
Técnicas Introdutórias ao Salvamento e ao Socorrismo Aquático
vítima, é uma estratégia interessante a ser adotada como procedimento 
de salvamento aquático.
Exercício 12 (L) – nadar 6 metros debaixo d’água (submerso), 
mantendo-se aproximadamente 2 metros de profundidade, controlando a 
apneia, com os olhos abertos e realizando ainda, a “manobra de Valsalva” 
aplicada ao mergulho, e muito útil nos procedeimentos de salvamento 
aquático, em geral.
Enfim, a introdução do aprendizado do salvamento e socorrismo em 
meio aquático deveria ser melhor enfatizada nas aulas de natação, haja 
vista sua enorme importância. Também se vê a relevância de se inserir 
técnicas básicas, relacionadas às “técnicas introdutórias ao salvamento e 
ao socorrismo aquático”. Estas são as maneiras mais eficazes de se redu-
zir, drasticamente, o quantitativo tão elevado de casos de afogamento e de 
acidentes, em grande parte fatais.
Atividades
1. O que é o Desfibrilador Externo Automático (DEA)?
2. Como deve ser o procedimento de aproximação à vítima, em 
casos de afogamento?
3. Que tipos de ações devem ser observadas para que o salvamento 
de uma vítima em meio aquático seja executado em segurança?
4. Quais medidas devem ser adotadas quando uma pessoa está 
se afogando?
5
Fundamentação, 
organização e 
estruturação 
relacionados às lutas
Trabalhar a ideia de cultura corporal como objeto das aulas 
de Educação Física e o conteúdo lutas como uma das suas dimen-
sões amplia o campo de compreensão acerca do movimento e 
suas possibilidades. Nesse sentido, é notório que as atividades 
de planejamento e avaliação, no âmbito das práticas pedagógicas 
em Educação Física, nessa direção devem contemplar uma con-
cepção de educação e ensino comprometidos com a emancipação 
humana e como fundamento a leitura crítica da realidade.
As lutas são manifestações humanas, e, por isso, se subme-
tem à forma como a sociedade se desenvolve e, desde a antigui-
dade, se faz presente, representada através da utilização do corpo 
para conseguir sua sobrevivência, ou para conseguir seu alimento 
através da caça e colhendo vegetais ou travando combates com 
outros seres humanos ou animais em defesa de seu território, ou 
mesmo, se defendendo de moléstias.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 130 –
Nesse sentido, repensar a construção da competência profissional 
é algo que deve ser revisto, sobretudo quando aliada ao compromisso 
social dos estudantes, que devem ser vistos como intelectuais críticos 
e como agentes de transformação, por meio das práticas corporais, as 
mais diversas possíveis, tendo no conteúdo lutas uma excelente oportu-
nidade para essa manifestação social, que vai além dos muros escolares, 
levando significado real de sua aplicabilidade na sociedade em que o 
sujeito está de fato inserido.
Nessa direção, cabe ao professor de Educação Física estar atento ao 
desenvolvimento de certas atitudes, a saber: a necessidade de reconhecer 
seus próprios limites e superá-los com equilíbrio, a capacidade de saber 
se colocar na situação do outro, especialmente daqueles que não possuem 
aquelas “devidas” competências ou habilidades para a modalidade em 
questão, saber questionar o verdadeiro sentido das lutas e, por intermédio 
dessa visão crítica, poder avaliá-la.
5.1 Conceito, classificação e 
características gerais das lutas
De fato, percebe-se que as lutas, artes marciais e as modalidades 
esportivas de combate representam um universo amplo de manifestações 
antropológicas de natureza multidimensional e complexa. Essas modalida-
des esportivas podem ser consideradas um conjunto de práticas sociocul-
turais provenientes de um espectro diversificado de demandas históricas 
específicas, onde é possível identificar uma pluralidade marcante nas suas 
diferentes configurações sociais, formas de expressão, repertório técnico, 
linguagens, organização e institucionalização (CORREIA; FRANCHINI, 
2010). Desde o início dos tempos, vemos as lutascomo elemento funda-
mental da cultura corporal do ser humano, em que suas representações são 
carregadas de um valor histórico-social considerável, que acompanham 
os seres humanos ao longo de sua vida e também ao longo de décadas/
milênios (RUFINO; DARIDO, 2015).
As lutas e as artes marciais apresentam, em suas origens, caracte-
rísticas atribuídas à sobrevivência, ao exercício físico, ao treinamento 
– 131 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
militar, à defesa e ao ataque pessoal, além das implicações das tradições 
culturais, religiosas e filosóficas. Com o surgimento de outras necessida-
des e o desenvolvimento de novas técnicas, o ser humano atribuiu outro 
significado às lutas, e hoje assistimos a um processo de esportivização das 
mesmas (FERREIRA, 2006).
Conceitualmente é importante diferenciar luta e artes marciais, tendo 
em vista que alguns aspectos podem ser utilizados para diferenciá-las. As 
artes marciais são práticas corporais de ataque e defesa, podendo ser tam-
bém caracterizadas como lutas, conforme descreve Ferreira (2006). Nesse 
sentido, a principal diferença entre as duas, ainda de acordo com o autor, é 
que os praticantes de artes marciais, principalmente as de origem oriental, 
consideram que os conteúdos são originários da cultura e orientação filo-
sófica que determinaria a sua diferença entre as lutas, porém, no campo da 
aplicabilidade prática, essas diferenças são percebidas somente por espe-
cialistas na área de lutas.
Duarte (2004), elenca de forma clara alguns conceitos acerca desses 
termos, a saber:
1. a terminologia “artes marciais” estava associada às lutas de origem 
militar, em que se entendia como era entendida como um tipo de sistema de 
combate somado ao conjunto de regras, regulamentos e preceitos filosóficos;
2. jogo de oposição, entre duas ou mais pessoas, em situações de ata-
que e defesa, em que o objetivo era derrotar o oponente;
3. o termo lucta (em latim), significa “combate, com ou sem armas, 
entre pessoas ou grupos; disputa”, sendo que a expressão martiale refere-
-se à guerra; ao bélico.
Gomes (2008) conceitua a luta da seguinte maneira:
Prática corporal imprevisível, caracterizada por determinado 
estado de contato, que possibilita a duas ou mais pessoas se enfren-
tarem numa constante troca de ações ofensivas e/ou defensivas, 
regida por regras, com o objetivo mútuo sobre o alvo móvel perso-
nificado no oponente (p. 49).
Assim como outros tipos de atividades, como danças, atividades rít-
micas, esportes, jogos, brincadeiras, atividades de circo, entre outras, as 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 132 –
lutas também são manifestações inseridas pela população em uma esfera 
cultural. Rufino (2017) destaca que o implementar das lutas na sociedade 
altera a maneira como os cidadãos interagem entre si, mudando o jeito 
com que pensamos e agimos.
 Saiba mais
Em relação às origens, as lutas e as artes marciais apresentam 
uma ampla diversidade, passando do local, período ou mesmo 
objetivo de sua criação. Os grandes mestres (como são denomi-
nados os treinadores nas artes marciais do oriente) ressaltam 
que a luta é muito mais que uma simples repetição de gestos 
físicos, é o total controle mental, ressaltando a importância do 
conjunto “corpo-mente”.
Fonte: GOMES, M. S. P. Procedimentos pedagógicos para o 
ensino das lutas: contextos e possibilidades. Mestrado em Edu-
cação Física. Faculdade de Educação Física Universidade Esta-
dual de Campinas, 2008.
De forma global, entender a origem da luta é algo mais amplo do que 
parece, sendo difícil afirmar quando e onde começou, por haver vários 
tipos diferentes difundidos ao redor do mundo. De fato, há um fator depen-
dente para cada luta, sendo preciso investigar o quanto o fator proteção ou 
ataque foi determinante para cada luta.
Mazzoni e Oliveira Júnior (2011) dividem as lutas em duas vertentes, 
que estão associadas às suas origens e contextualizações: as lutas e artes 
marciais nascidas no Oriente e as forjadas no Ocidente, todas com múlti-
plas influências e momentos históricos marcantes. E de acordo com Paiva 
(2015), registros de lutas e artes marciais são divididos de acordo com 
a localização geográfica, representações do mundo ocidental (Europa, 
África e América) e oriental (Ásia e Oriente Médio).
Esses atos de defesa ou ataque que geram combate humano têm 
vários momentos e lugares épicos, como destaca, por exemplo, Duarte 
(2004), que afirma que nas Américas povos como os incas, os maias e os 
– 133 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
astecas realizavam danças para as divindades, bem como lutas que deve-
riam terminar na morte de um sacrificado e ofertado aos deuses.
Por outro lado, os chineses, em grandes parques que simulam áreas 
de treinamento atuais, realizavam exercícios de corpo livre, evoluções de 
ordem unida com coreografias de danças militares. As evoluções de ordem 
unida, executadas como se devessem enfrentar um inimigo, foram primor-
diais para a notável superioridade do povo chinês sobre os demais, a qual 
se manteve por séculos (DUARTE, 2004; FERREIRA, 2006).
Destaca-se também que no Oriente Médio, existia uma clara relação 
entre a eficiência física e o rito religioso, em que em ocasiões das mais 
importantes festas religiosas, executavam-se diversas demonstrações, 
dentre elas a antiquíssima luta com bastões, conforme descreve Cramer 
e Campos (2007), e ainda, segundo esses mesmos autores, os indianos 
utilizavam muito as demonstrações de esgrima com sabre e até mesmo o 
pugilato, como formas de manifestações das lutas no período.
Outro período marcante na história das lutas ocorreu na Grécia 
Antiga, onde a luta era considerada não somente uma das disciplinas 
gímnicas mais apaixonantes, mas também um exercício indispensável 
para a formação/reforço do físico e do caráter dos jovens, conforme des-
taca Duarte (2004). As formas de luta que se praticavam na Grécia eram, 
substancialmente, quatro, e todas razoavelmente distantes, esteja bem 
claro, da luta que hoje, diríamos arbitrariamente, chamamos “greco-
-romana”, segundo o autor.
Rufino e Darido (2015) descreve que, por muito tempo, acreditou-
-se – de maneira um pouco superficial – que o termo “greco-romana” 
indicasse naturalmente um tipo de combate de origem grega, oportuna-
mente modificado pelos romanos. E baseando-se no fato de que a posi-
ção do lutador com as palmas das mãos e os joelhos pousados sobre a 
terra e o corpo levantado, como para caminhar com quatro pés, é até hoje 
denominada como de origem grega. Considerou-se que a luta grega fosse 
aquela da posição deitada e que a romana fosse aquela em pé (perpendi-
cularmente). Assim teria surgido o termo “greco-romana” para designar 
a nossa luta, que se desenvolve tanto em pé quanto deitada (DUARTE, 
2004). Cabe ressaltar que, nesse período, uma luta era muito praticada, 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 134 –
denominada Pancrácio, que divergia do próprio e verdadeiro pugilato pela 
ausência de “luvas”, porque os lutadores combatiam com o punho nu e era 
muito mais perigoso que o pugilato, já que os competidores podiam bater 
no adversário mesmo quando ele estava caído em terra, sem limitações de 
socos. Era de fato consentindo dar cabeçadas, morder e até mesmo atacar 
com os dedos os olhos do rival. Destaca-se nesse período, Milon de Cro-
tona (510 a.C.), homem de força sobre-humana. Conseguiu seis vitórias 
consecutivas na modalidade de luta em Olímpia (Figura 5.1).
Figura 5.1 – Milon de Crotona
Fonte: Shutterstock.com/ZyankarloPinto
Pinto et al. (2009) descreve que a instituição de combates físicos 
entre seres humanos (exaustivos e muitas vezes até a morte) foi, ao longo 
da história, assumindo significados distintos, que variaram de cultura para 
cultura, povo para povo e período a período. E nesse sentido, destaca-se 
que a evolução das sociedades foi um dos fatores considerados determi-
nantes para o processo, pois foramsurgindo formas sistematizadas e dife-
renciadas de combates corporais, a ponto dessas formas assumirem caráter 
– 135 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
de estilos baseados em filosofias que agregavam valores e atrelavam um 
número significativo de pessoas a fim de organizar grupos militares para 
proteção das nações.
 Destaque
Com o avanço da indústria bélica, novas formas de combate 
foram criadas e as armas de fogo tomaram o lugar do combate 
corpo a corpo. Todos os acontecimentos históricos projetaram 
uma troca no entendimento do combate corporal, resumindo-se 
assim o objetivo e a eficácia da habilidade física organizada em 
modalidade de luta apenas a prática esportiva ou de simples 
lazer (CRAMER; CAMPOS, 2007).
Correia e Franchini (2010) indicam a possibilidade de nomear as artes 
marciais de três maneiras diferentes — artes marciais, luta e modalidades 
esportivas de combate — e que, de fato, não há consenso entre os pesquisa-
dores sobre qual é a terminologia mais adequada. De acordo com os autores, 
essas atividades são tão dinâmicas e múltiplas que defini-las poderia limitar 
seu entendimento. No entanto, para facilitação didática e pedagógica, Paiva 
(2015) sugere dividi-las formalmente, a partir das definições mais utilizadas 
em pesquisas, conforme você pode verificar a seguir:
 2 lutas – jogos regidos pela lógica da oposição entre duas ou 
mais pessoas. Embora o objetivo seja variável, tem como 
características específicas o ataque a qualquer momento, ata-
que e defesa de alvo/oponente (fusão, ataque/defesa) e a possi-
bilidade de ataque simultâneo ou mútuo. Exemplos: Capoeira, 
Luta Senegalesa e a Huka-Huka.
 2 artes marciais – atividades de combate fortemente relacionadas 
ao regionalismo. O objetivo de defesa de uma comunidade pode 
estar implícito ou explícito. São influenciadas por aspectos cul-
turais/éticos e são práticas que podem atuar nas esferas: física, 
espiritual e social. Exemplos: Kung Fu, Karatê e Muay Thai. 
Pode ser formada por quatro blocos físicos: a técnica; a aplica-
ção com um oponente desta técnica, a combinação em diversas 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 136 –
direções e sentidos das técnicas diferentes, com um sentido rea-
lista com ou sem companheiro; um sentido de auto-expressão 
corporal formativo e prático, assim como estético.
 2 modalidades esportivas de combate – são formas “esportiviza-
das” das lutas e artes marciais e seu objetivo principal é simular 
em parte os combates corpo a corpo “verdadeiros” (originais/
não esportivizados). Obrigatoriamente devem ser regidas por 
entidades ou instituições reguladoras (federações, confedera-
ções, comissões atléticas etc). São constituídas por campeona-
tos/eventos com regras, classificações e pódios. Exemplos: Jiu-
-Jitsu Brasileiro, Luta Livre Esportiva, Sambo, Judô e Esgrima.
 Saiba mais
Em relação à modalidade olímpica Luta Livre (Free Style Wres-
tling), é importante destacar a diferença para a modalidade 
Greco-Romana. Apesar dos objetivos serem os mesmos, encos-
tar as costas (região das escapulas simultaneamente) do adver-
sário no chão, na Luta Livre (Free Style Wrestling) é permitido 
atacar com as pernas e atacar as pernas do oponente, tanto na 
fase de luta em pé quanto no chão. Já no estilo greco-romano, 
não é permitido utilizar as pernas para projetar o adversário 
bem como atacar as pernas do adversário.
Fonte: Adaptado de http://www.espn.com.br/noticia/217596_entenda-a-grande-dife-
renca-entre-o-estilo-livre-e-a-luta-greco-romana#:~:text=A%20diferen%C3%A7a%20
entre%20as%20duas,o%20uso%20dos%20membros%20inferiores.&text=O%20
golpe%20%C3%A9%20caracterizado%20quando,ombros%20do%20
advers%C3%A1rio%20no%20ch%C3%A3o. Acesso em: 30 jun. 2021.
Acerca das terminologias encontradas, Gonçalves e Da Silva (2013) 
descrevem por meio de estudo – pesquisa de revisão – as terminologias 
adotadas, aplicação e contextualização. Enquanto alguns autores as assu-
mem como artes marciais, outros as tratam como lutas, sem mencionar 
outras formas esporádicas de classificá-las como modalidades esportivas 
de combate ou, até mesmo, jogos de lutas. Em relação às diferenças, os 
autores destacam que do ponto de vista acadêmico parece que a utilização 
– 137 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
de diferentes termos para falar de atividades tão parecidas está associada à 
ênfase que se deseja dar à perspectiva pela qual elas são discutidas. Assim, 
analisá-las por um viés pedagógico, por exemplo, implicaria classificá-las 
e nomeá-las diferentemente de quando são abordadas em uma perspectiva 
esportiva de alto-rendimento.
5.1.1 Classificação e ação das lutas
Embora as lutas sejam bastante distintas, uma vez que são oriundas 
de regiões e culturas diferentes. Mesmo com suas regras e formas de dis-
puta peculiares, Rufino (2017) aponta que essas práticas corporais apre-
sentam características gerais, conhecidas como aspectos universais, 
que são descritos a seguir.
 2 Enfrentamento físico: de forma global, toda luta exige certo 
nível de enfrentamento e contato entre as pessoas, que varia con-
forme a modalidade. Nesse caso, o enfrentamento pode ser direto, 
quando se utiliza o corpo, como no Jiu-Jitsu, ou indireto, quando 
se utilizam implementos – como espadas, no caso da esgrima.
 2 Regras: item fundamental que caracteriza sua legitimidade, as 
lutas possuem regras bem organizadas, que buscam manter a 
segurança e o nível de disputa. As regras são o que diferenciam 
a luta de uma briga, por exemplo. Por meio delas, sabe-se o que 
é proibido e o que é permitido.
 2 Oposição: as lutas ocorrem em caráter de oposição, com obje-
tivos variáveis, conforme a modalidade. Os objetivos podem 
ser atingir determinada parte do corpo para pontuar, como, por 
exemplo, no Taekwondo, ou ainda, o ato de segurar a pessoa para 
retirá-la de um determinado espaço, como no caso do Sumô.
 2 Objetivo centrado no corpo de outra pessoa: considerada uma 
de suas maiores características, diferenciando-a das demais prá-
ticas corporais. Na luta, o alvo das ações é a outra pessoa, que, 
diferentemente das demais modalidades, é um alvo móvel.
 2 Ações de caráter simultâneo: nas lutas, realizam-se ações tanto 
de defesa quanto de ataque de forma simultânea — não há dife-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 138 –
renciação no espaço e no tempo dessas ações. Ataque e defesa 
ocorrem a todo instante e podem surgir tanto de uma pessoa 
quanto da outra, sendo necessário sempre manter a atenção.
 2 Imprevisibilidade: a simultaneidade descrita acima traz a carac-
terística da imprevisibilidade, sendo umas lutas mais imprevisí-
veis do que outras.
Para Rufino (2017), as lutas podem ser classificadas por diversos 
padrões e características, por exemplo, a distância mantida na luta entre os 
combatentes ou praticantes. A distância é um dos fatores centrais para as 
lutas, no qual os próprios aspectos universais, já estudados neste caderno 
de estudos, estão altamente relacionados. Nesse caso, em distâncias maio-
res, permitindo uma maior previsibilidade pelo praticante, bem como a 
maior definição de ataque e defesa; e ainda buscar permitir a maior mobi-
lidade do alvo; e por fim, em distâncias maiores, percebe-se um nível de 
contato reduzido (RUFINO, 2017).
Ainda de acordo com Rufino (2017), pode-se dividir as ações em 
previsíveis e imprevisíveis. Nas ações previsíveis, temos movimentos 
coreografados e repetitivos, utilizados em casos de demonstração. Não 
há a oposição de forma direta. É o caso de mostras de armas do Kung 
Fu ou modalidades como o Kata. Por outro lado, as ações imprevisíveis 
são baseadas na oposição direta, em que há o alvo móvel e ações moto-
ras, como agarre e toque, com ou sem implementos. Esses enfrentamentos 
físicos diretos podem ser divididos conforme a distância, pois é ela que 
vai ser diferencial para as possíveis ações. Rufino (2017) apresenta quatro 
níveis possíveis de distância.
 2 Distânciacurta: quando há maior proximidade entre os envol-
vidos, com os movimentos de agarre se tornando mais evidentes. 
Essas lutas exigem proximidade, para que seja possível realizar 
diferentes golpes, técnicas, táticas, chaves, entre outras possibi-
lidades. São exemplos de lutas de curta distância o Judô, o Jiu-
-Jitsu, o Sumô e a Luta Greco-Romana.
 2 Distância média: essas modalidades exigem maior distância 
entre os indivíduos em comparação às lutas de curta distância. 
As ações desenvolvidas nessa modalidade são mais propensas 
– 139 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
ao toque, como socos e chutes. Alguns exemplos de modalida-
des são o Karatê, o Kung Fu e o Boxe.
 2 Distância longa: como o nome sugere, essas modalidades apre-
sentam uma distância maior entre os envolvidos. Para isso, é 
necessário algum implemento no desenvolvimento das ações, 
como uma espada. Algumas modalidades que podem ser classi-
ficadas como longas são a Esgrima e o Kendo.
 2 Distâncias mistas: as lutas mistas são aquelas caracterizadas 
pela mistura de duas ou mais distâncias, como exemplo, temo 
o MMA, que agrega ações de várias distâncias, como agarres 
e finalizações (características de ações curtas) e socos, chutes e 
joelhadas (ações de média distância).
Oliveira Junior et al. (2019) descreve uma forma de classificação das 
lutas com uma concepção lógica e estruturada em consonância com os 
pressupostos epistemológicos atuais dessa área de estudo.
A partir desse referencial teórico apresentado pelos autores é pos-
sível compreender melhor a lógica interna e a classificação das lutas 
de acordo com três categorias: de agarre, como o Judô, o Jiu-Jitsu e o 
Sumô; baseadas em golpes, como o Karatê, o Taekwondo e o Boxe; e 
aquelas, baseadas também em golpes, mas com a utilização de imple-
mentos, como é o caso da Esgrima e do Kendo. Veja a seguir um deta-
lhamento destas categorias.
5.1.1.1 Lutas de agarre
De acordo com Rufino e Darido (2015), os esportes de luta com 
agarre são representados por aqueles que abarcam ações básicas, como o 
ato de derrubar, projetar e controlar no solo, e seu objetivo está em agarrar, 
segurar e aproximar-se do oponente visando enfrentá-lo. Ainda de acordo 
com esses autores, o agarramento da outra pessoa está relacionado às 
ações de curta distância, uma vez que não é possível realizar essas ações 
com uma distância maior entre os envolvidos. Enfim, essas práticas de 
curta distância podem ser denominadas também práticas corpo a corpo, 
em que não se tem a possibilidade de realizar outras ações, como o toque, 
por exemplo (Figura 5.2).
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 140 –
Figura 5.2 – Jiu-Jitsu
Fonte: Shutterstock.com/Miljan Zivkovic
Vale destacar ainda que nesse tipo de modalidade, pode haver a 
necessidade de contato inicial entre os oponentes desde o início (como 
a formação de pegadas ou kumi-kata no judô paralímpico) ou a ausência 
da imposição inicial de agarre (como no judô olímpico tradicional e no 
jiu-jítsu, por exemplo). Rufino e Darido (2015) descrevem que existem 
ainda, diferenças de objetivos, já que algumas práticas focam a projeção, 
ao passo que outras mantêm a continuação das ações no solo. Nas práticas 
de curta distância, tem-se como ação básica o ato de agarrar, segurar e 
aproximar-se do oponente visando o enfrentamento.
5.1.1.2 Lutas com golpes/impactos
As lutas envolvendo golpes podem ser divididas entre aquelas que 
utilizam apenas os punhos, como o Boxe, por exemplo, os que utilizam 
apenas as pernas, como o Boxe Francês, e as que misturam a utilização 
dos membros inferiores e superiores, como o Muay Thai, o Karatê etc, 
conforme descreve Rufino e Darido (2015). Utilizando-se ações de gol-
pear e impactar o oponente (estão inclusas nessa categoria outras artes, 
como o Kung Fu, o Taekwondo etc.). Essas práticas geralmente envol-
vem média distância e, nesse contexto, as ações de toque estão presentes. 
Assim, enfatiza-se o toque entre os envolvidos, isto é, a forma de encostar, 
– 141 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
de tocar ou de percutir o corpo da outra pessoa por diferentes meios ou 
modo (RUFINO e DARIDO, 2015) (Figura 5.3).
Figura 5.3 – Boxe
Fonte: Shutterstock.com/ivan_kislitsin
Ainda de acordo com os autores, essas ações ligadas ao toque 
podem se constituir de duas formas: toque realizado diretamente na 
outra pessoa ou toque intermediado por algum implemento. De toda 
maneira, as artes marciais com golpes/impacto são ações motrizes que 
envolvem o toque realizado diretamente no outro e práticas cuja espacia-
lidade é de média distância. Por isso, há a intenção de encostar, tocar na 
outra pessoa, de forma direta, sem nenhum objeto que faça essa ligação 
entre os praticantes.
5.1.1.3 Lutas com golpes e implementos
De acordo com Rufino e Darido (2015) as lutas com golpes e imple-
mentos, como o próprio nome admite, são aquelas nas quais há a utili-
zação de algum tipo de objeto que intermedeia as ações oponentes para 
tocar o adversário, como é o caso da esgrima, por exemplo. De fato, é 
possível verificar que nas práticas de longa distância, que há um contato 
intermediário por implementos, independentemente de quais sejam esses 
objetos, o que também diferencia as formas de realização desse contato e, 
consequentemente, as ações motoras proporcionadas por essas práticas, 
conforme pode ser visto na Figura 5.4.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 142 –
Figura 5.4 – Esgrima
Fonte: Shutterstock.com/Fotokostic
5.2 Características culturais das práticas de luta
De acordo com Pereira (2018), ao contrário do que sugere o senso 
comum, a arte marcial não se restringe apenas às práticas originadas no 
extremo oriente, pois existem artes marciais criadas no ocidente que foram 
lentamente convertidas em jogos, que, em alguns casos, posteriormente, 
foram convertidos em esportes, como é o caso do Boxe e da Esgrima, lutas 
que atualmente estão muito mais relacionadas à prática esportiva. Nesse 
sentido, para nós, brasileiros, destaca-se a Capoeira, devido sobretudo as 
suas diversas interpretações (folclore, jogo, dança), sendo a sua mais expres-
siva representação associada à luta (PEREIRA, 2018). Enfim, como sugere 
o autor, pode-se partir do princípio de que arte marcial é uma luta, mas 
nem toda luta é arte marcial. Segundo Pereira (2018), o desenvolvimento 
das armas de guerra foi acompanhado de uma consequente diminuição dos 
combates físicos, de modo que as artes marciais foram migrando para o 
esporte e, até mesmo, perderam muitas de suas características.
De forma global, acredita-se que os primeiros registros das artes mar-
ciais datam por volta de 5.000 anos a. C., a partir de uma arte marcial de 
origem indiana, praticada por Buda, chamada Vajaramushti (que, em sâns-
– 143 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
crito, significa “punho real ou punho direto”) (BREDA et al., 2010). Os 
autores citam ainda que essa arte marcial fazia parte da educação militar 
da realeza e envolvia técnicas de combate, meditação e estudos variados.
Segundo Rufino e Darido (2015), a luta sempre esteve culturalmente 
presente na história. Pinto et al. (2009) afirmam que, no período primitivo, 
as lutas humanas se davam pela sobrevivência, para garantir alimento, 
travando-se combates com outros seres humanos ou animais. Nos povos 
antigos orientais, a luta também fazia parte da sociedade como treina-
mento militar ou como defesa pessoal. Dessas civilizações vão surgir inú-
meras lutas que conhecemos até hoje, como o Jiu-Jitsu, o Karatê, o Kung 
Fu, o Sumô, o Boxe e, mais recentemente, o Judô.
Duarte (2004) descreve que no ocidente, as lutas também eram des-
taque, principalmente nas civilizações gregas e romanas. Nas primeiras 
edições dos jogos olímpicos, já havia três tipos de lutas:
 2 palé (o objetivo dessa luta era levar o adversário ao chão, 
tocando os ombros para derrotá-lo);
 2 pugilato (semelhante ao boxeatual, com o atleta tendo que 
envolver seu dedo em uma tira de couro, e a luta somente aca-
bava quando alguém desistia ou ficava inconsciente);
 2 pancrácio (uma luta livre em que se usava bastante violência, 
na qual os únicos golpes que não eram permitidos era enfiar os 
dedos nos olhos, atacar a região genital, arranhar ou morder).
Duarte (2004) destaca ainda que em Roma, as ações de luta eram mais 
espetacularizadas, como a disputa entre os gladiadores, que levavam grandes 
públicos aos circos romanos. A importância das civilizações gregas e romanas 
para a luta é tal que ainda hoje existe uma luta trazendo seus nomes: a luta 
greco-romana. Essa luta possui esse nome por ser disputada tanto na posição 
em pé (como era em Roma) quanto deitada (como ocorria na Grécia). Em 
adição, as lutas entendidas como esportes de combate, começaram a vigorar a 
partir do período moderno, quando passaram a ser organizadas competições. 
O ressurgimento dos jogos olímpicos em 1896 trouxe algumas modalidades 
de luta para as competições, dando boa evidência a esses esportes.
Mazzoni e Oliveira Júnior (2011) e Paiva (2015) descrevem que os 
registros de lutas e artes marciais são divididos de acordo com a localização 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 144 –
geográfica, representações do mundo ocidental (Europa, África e Amé-
rica) e oriental (Ásia e Oriente Médio). Os autores destacam que todas 
elas apresentam múltiplas influências e momentos históricos marcantes ao 
longo dos tempos, tendo sido parte integrante fundamental da constituição 
das sociedades em geral.
De acordo com esses autores, as lutas orientais são as seguintes: 
na Índia, Kalaripayit; na China, Wushu (Kung Fu ou Boxe Chinês), Jeet 
Kune do, Tai chi chuan, Pa Kua, Hsing-I; no Japão, Karatê, Judô, Jiu-
-Jitsu, Ninjitsu, Kendo, Aikido, Sumô; na Coreia, o Taekwondo, Tang 
Soo Do; na Tailândia, Muay Thai; em Israel, o Krav Magá. E as lutas 
ocidentais, apresentam-se da seguinte maneira: nos Estados Unidos e na 
Inglaterra, Wrestling, Fullcontact, Kickboxing, Boxe; no Brasil, Capo-
eira, Luta Marajoara e muitas outras modalidades produzidas e signifi-
cadas em todo o mundo.
No caso específico do Brasil, temos a capoeira como uma luta que 
carrega elementos importantes da formação sócio-cultural do país, e con-
tribui para a nossa formação. Trata-se de uma modalidade provavelmente 
nativa dos quilombos brasileiros, utilizada como meio de defesa dos escra-
vos, conforme descreve Vidor e Reis (2013).
A Capoeira é compreendida como dança ou luta, e em sua origem no 
Brasil isso ficou bem evidente, pois era utilizada visando disfarçar a luta 
em forma de dança, para se defender das agressões sofridas. Silva (2007) 
destaca, todavia, que antes de virar uma expressão cultural, a Capoeira 
foi duramente perseguida pela polícia. No século XIX, no período impe-
rial (1808–1889), a capoeira era presença frequente nas páginas policiais 
dos jornais da Corte. Silva (2007, p. 51) refere que, durante longo tempo, 
a capoeira foi “[…] estigmatizada, estereotipada, marginalizada, crimi-
nalizada e objeto de controle social, pelo Estado brasileiro, escravista e 
racista”. No Brasil, a afirmação da capoeira de fato, ocorreu na Bahia, 
como um “jeito negro” de praticá-la por meio de duas escolas: a Capoeira 
Regional, de mestre Bimba, e a capoeira Angola, de mestre Pastinha.
Rufino e Darido (2015) destacam que algumas lutas se tornaram 
populares e tiveram desenvolvimento no país, como é o caso do Jiu-Jitsu. 
Isso ocorreu principalmente devido à família Gracie, que transformou essa 
– 145 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
luta em uma filosofia de vida, tornando-a mais letal e competitiva, a partir 
do fortalecimento de técnicas como as alavancas e as imobilizações, além 
de permitir que um lutador mais fraco vença a luta pelo domínio da técnica.
É importante resslatar ainda que, devido a grande imigração japonesa 
ao Brasil, que trouxe sua mão de obra, mas também sua cultura, e com 
isso, a difusão do Judô, Karatê e Kendo, na época, com seus colonos. Com 
o passar dos anos, a prática do Judô se difundiu para fora das colônias, 
permitindo que existissem adaptações regionais e locais, criando-se uma 
prática de luta, originária do Judô trazido pelos imigrantes, denominado 
Jiu Jitsu Brasileiro.
 Saiba mais
Os questionamentos em relação às diferenças terminológicas e 
estruturais do Jiu Jitsu e Jiu Jitsu Brasileiro são muitos, e Bor-
ges (2011) buscou desmistificar conceitos popularizados e de 
senso comum que dizem respeito à(s) modalidade(s), por meio 
de investigação histórica cronológica sobre suas raízes orientais 
e ocidentais. De forma global, percebe-se que apesar das dife-
renças concernentes à pronúncia dos ideogramas, as palavras 
Ju Jutsu, Ju Jitsu e Jiu Jitsu possuem o mesmo significado, de 
acordo com o autor. Todavia, no que se refere ao Jiu Jitsu Brasi-
leiro, o desenvolvimento aprofundado da luta de solo conferiu 
características peculiares a esta modalidade, que possui diferen-
tes federações e diversas competições mundiais, o que demons-
tra sua falta de padronização e remota possibilidade de integrar 
os Jogos Olímpicos, por sua vez.
Fonte: BORGES, O. A. Ju Jutsu, Ju Jitsu ou Jiu Jitsu? Origens e evolução. EFDe-
portes. Revista Digital. Buenos Aires. n. 156, 2011. Disponível em: <https://www.
efdeportes.com/efd156/ju-jutsu-ju-jitsu-ou-jiu-jitsu.htm>. Acesso em: 30 jun. 2021.
Silva Neto (2013) descrevem as lutas, artes marciais e modalidades 
esportivas de combate, as quais representam as formas de expressão de 
povos e sua cultura é expressa a partir dos rótulos ou nomes que cer-
tas habilidades possuem. Elas são provenientes de seus países de origem 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 146 –
e representadas por posturas e movimentos cheios de simbolismo, que 
reproduzem atos e rituais do cotidiano. O autor ainda enfatiza que o nome 
que cada luta, arte ou modalidade apresenta carrega seu simbolismo e a 
cultura do país: o Judô é japonês, assim como o Karatê; a Capoeira é bra-
sileira; o Boxe é inglês; o Taekwondo é coreano e a Esgrima é francesa.
Nesse sentido, Silva Neto (2013) descrevem as lutas surgindo na cul-
tura corporal de movimento desde os primeiros registros pré-históricos, 
sendo, nesse caso, utilizadas como ferramenta de sobrevivência e, poste-
riormente, aplicadas a diversos contextos, regras e diferentes sentidos, o 
que fez com que florescessem praticamente em todas as partes do mundo.
Breda et al. (2010) e Chemello e Bonone (2014) destacam que os 
diversos estilos de lutas foram passando por modificações ao longo do 
tempo na China e, no final do século XIX, no Japão, abriram-se as portas 
comerciais para os paíes ocidentais. De modo geral, as lutas orientais são, 
ao mesmo tempo, as mais antigas e as mais conhecidas na atualidade, 
tanto no Brasil quanto no mundo. Como exemplo, temos o Jiu-Jitsu, o 
Judô, o Taekwondo, o Kung Fu e o Karatê, como pode ser visto a seguir.
 2 Jiu-Jitsu: é considerado um conjunto de técnicas de combate 
corporal de ataque e defesa, de origem Japonesa, com suas pri-
meiras citações como “Ju Jutsu” no ano de 1700., porém existem 
menções de outros nomes predecessores, como “Yawara”, onde 
é uma forma de pronuncia do ideograma “JU” (BORGES, 2011)
 2 Judô: considerada uma arte marcial praticada como esporte. 
Criada por Jigoro Kano em 1882, o Judô é uma adaptação do 
Jiu-Jitsu, que tem por objetivo desenvolver técnicas de defesa 
pessoal, fortalecer o corpo, o físico e a mente de forma inte-
grada. Possui grande aceitação em todo o mundo, um dos espor-
tes mais praticados, e uma das únicas artes marciais disputadas 
nas Olimpíadas.
 2 Taekwondo: de origem coreana, trata-se de técnica de combate 
desarmado para defesa pessoal que envolve a aplicação hábil 
de movimentos que incluem socos, perfuraçõs, saltos, chutes e 
defesas desenvolvidas em ação com pés e mãos. O Taekwondo, 
– 147 –
Fundamentação, organizaçãoe estruturação relacionados às lutas
mais que uma luta corporal, representa um estilo de pensamento 
e um padrão de vida que requer disciplina e queda ênfase ao 
desenvolvimento do caráter moral do aprendiz.
 2 Kung Fu: o termo tem origem chinesa e significa “tempo de 
habilidade”. No entanto, no mundo ocidental, essa luta passou 
a ser chamada de arte marcial chinesa. O Kung Fu é um sis-
tema integrado, composto por métodos físicos de combate, de 
meditação e de práticas de cura e até mesmo filosofias, éticas 
e morais. Sua história é repleta de lendas que são transmitidas 
oralmente, de pai para filho, o que torna muito difícil a compro-
vação dos fatos, visto que existem poucas documentaçõs escri-
tas, e essas certamente são muito mais recentes do que a época 
de origem dessa arte marcial.
 2 Karatê: em japonês, significa “mãos vazias”, de modo que os 
praticantes utilizam como armas os braços, as mãos, as pernas, 
os pés ou qualquer outra parte do corpo. Segundo as lendas histó-
ricas, o Karatê surgiu da mistura do Boxe Chinês com um estilo 
de luta de Okinawa, no Japão. No Karatê, existe o kumite, que 
seria a luta propriamente dita, em que os karatecas devem focali-
zar fortemente os golpes, mas, antes do contato, é necessário um 
controle preciso; e o kata, que são exercicios predeterminados 
que devem ser executados com muita concentração e harmonia, 
em uma espécie de apresentação com um adversário imaginário.
Do oriente para o mundo, no século XIX, as lutas foram agregando 
novos valores e modos de comportamento condizentes com a inserção dos 
costumes ocidentais, afastando-se das origens guerreiras e técnicas fatais 
e ligando-as a técnicas de defesa pessoal ao lazer, ao exercício físico, con-
forme descreve Breda et al. (2010).
Oliveira et al. (2009) descrevem que atualmente, as artes marciais 
orientais ainda continuam sendo muito populares no Ocidente, e uma das 
causas dessa popularidade são, em princípio, a perda quase total das artes 
marciais ocidentais, que vemos reduzidas a esportes de combate, onde o 
regulamento costuma ser restrito e sempre em sentido unidirecional.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 148 –
5.3 Aspectos sócio-culturais/filosóficos das lutas
Toda luta tem sua tradição e filosofia dentro de seu aprendizado, 
sendo de grande importância uma reflexão sobre esse aspecto, conforme 
descreve Fernandes (2013). Nesse sentido, as lutas são compostas de ati-
tudes de respeito, até dentro de um combate onde os lutadores se cumpri-
mentam ao terminarem. Atitudes como essas e outras como de não bater 
em um adversário que está caindo no boxe, de não dar golpes abaixo da 
cintura, são filosofias exploradas nas regras de tal modalidade, portanto, 
ao pensar nas regras e técnicas passadas por alguém mais graduado, a 
figura do “líder” é conhecida/chamado de mestre, professor, sensei, torna-
-se fundamental para o processo. Dentro de todo esse aprendizado passado 
por eles, como fosse de pai para filho, de professor para aluno e de mestre 
para aprendiz, de forma simplória ou de forma intencional, é passado uma 
filosofia, um respeito a regras, ao professor, ao adversário e ao compa-
nheiro de equipe (FERNANDES, 2013).
Analisando todo um contexto de lutas, temos frases e campanhas com 
o slogan “Quem luta, não Briga”, conforme destaca Fernandes (2013), res-
saltando que dentro dessa frase há uma grandeza filosófica e educacional 
que rege uma regra e comportamento de lutadores e praticantes de artes 
marciais a não brigarem, e utilizarem as lutas apenas dentro do âmbito das 
artes marciais com o seu devido respeito. Nesse sentido, as lutas têm um 
cunho filosófico dentro de seu aprendizado que sempre deve ser explora-
dos por professores, mestres, senseis e outros que estão de algumas atrela-
dos as lutas e artes marciais. Entretanto, as lutas orientais, principalmente 
as japoneses, continuam com uma forte tendência de atrelar a educação 
moral e ética, através dos valores do Budo, adaptados a contexto atual.
Num contexto histórico e social, as lutas surgem na cultura corporal 
de movimento desde os primeiros registros pré-históricos, sendo, nesse 
caso, utilizadas como ferramenta de sobrevivência e, posteriormente, apli-
cadas a diversos contextos, regras e diferentes sentidos, o que fez com que 
florescessem praticamente em todas as partes do mundo.
Breda et al. (2010) descreve que cada luta tem sua essência e aprendi-
zado, e isso é demonstrado através do golpe, algumas lutas são compostas 
de quedas, projeções, desequilíbrio, outras de defesas, outras de ataques, 
– 149 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
ou de socos, chutes, outras utilizam equipamentos, espadas, bastões etc. 
Assim se faz toda a característica de uma modalidade em questão e isso 
ajuda a distinguir e trazer a essência de cada luta, explorando em cada uma 
delas diferentes técnicas e aprendizado, e a filosofia no contexto histórico-
-social envolvidas.
As lutas estão incluídas na cultura corporal do movimento, de modo 
que necessitam estar debruçadas em perspectivas pedagógicas renovadoras. 
E de acordo com Rufino e Darido (2015) isso se torna ainda mais importante 
quando se observa o caráter de tradição comumente relacionado às lutas e as 
perspectivas pedagógicas cristalizadas ao longo dos anos.
Os termos artes marciais e lutas fazem parte da cultura do movimento 
humano. Podemos reconhecê-los tanto nas culturas milenares quanto nos 
movimentos de proteção e defesa encontrados desde a pré-história, con-
forme mencionado no texto. Nascidas em tempos de guerra, as artes mar-
ciais trabalham a mentalidade do aluno para o combate, mas, acima de tudo, 
valorizam a preparação absoluta do praticante: o físico, o espiritual, o psi-
cológico, o técnico e o estratégico. Nesse sentido, vale destacar a possibili-
dade de classificar as práticas corporais nascidas a partir do século XIX de 
“artes marciais orientais modernas e inventadas”, conforme descreve Marta 
(2009), sendo possível identificar-se cinco elementos determinantes para tal:
a) A influência do pensamento ocidental moderno, com as práticas 
passando a objetivar a saúde moral e física dos seus praticantes 
e, posteriormente, a adoção do ideal esportivo de vitória;
b) A ação de sujeitos que atestam para si a função de fundadores/
idealizadores das diferentes práticas; 
c) A preocupação gradual com a sistematização racional e escrita 
das práticas, que lentamente vai rompendo com a tradição 
oral que até então marcava, de forma exclusiva, a dinâmica de 
transmissão dos movimentos das artes marciais orientais;
d) O processo de internacionalização e o envio de mestres a dife-
rentes partes do mundo para difundir as práticas e também a 
formação de federações de âmbito internacional;
e) A adequação da prática às necessidades impostas pelo momento 
histórico, tema que perpassa todos os itens anteriores.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 150 –
No Brasil, o que se observa atualmente é que as lutas e/ou artes 
marciais passaram por um processo de massificação, e, dentre os fatores 
influenciadores desse processo, esta a chegada dos imigrantes de origem 
oriental, a influência dos meios de comunicação de massa, sobretudo a 
televisão, e o processo de esportivização vivenciado, não apenas pelas 
artes marciais, mas também por outras práticas corporais (MARTA, 2009). 
Ainda sobre a esportivização das artes marciais, Campos (2004) descreve 
que uma prática corporal quando passa pelo processo de esportivização, 
normalmente ela passa a existir em duas formas: a sua forma original, não 
esportiva (mantendo seus valores originais), e em sua forma esportivi-
zada (regras criadas para um campeonato). E complementa citando que a 
esportivização das artes marciais nem sempre é aceita pelos alunos e mes-
tres conservadores, já que muito de seu contexto e apelo vem justamente 
do foco tradicional em que são embasadas.
De acordo com Gonçalves e Da Silva (2013), atualmente, podemos 
considerar aslutas e artes marciais como atividades de lazer e exercício 
que visam aumento da aptidão física, defesa pessoal e prática esportiva. 
Além disso, são constantemente associadas a um estilo de vida e orienta-
das por determinados valores culturais.
Para refletir...
O termo adversário refere-se à relação que há com o outro. Com o 
adversário não existe uma relação de ódio e agressão, mas de intera-
ção. Durante o combate, cria-se uma espécie de diálogo corporal, em que 
ambos os participantes atacam e se defendem. No entanto, quando o 
combate termina, ambos voltam a ser colegas, sem que nenhum dos dois 
tenha se sentido agredido ou desrespeitado. Já o termo inimigo refere-se 
a uma relação de desrespeito com o outro, quando o combate é utilizado 
como maneira de agredir e desrespeitar o outro.
Fonte: SOUSA, A. J. D. V. As lutas como proposta pedagógica na educação física escolar. 
Trabalho de conclusão de curso (especialização em educação física escolar). Centro de 
Ciências Biológicas da Saúde. Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2012.
 
– 151 –
Fundamentação, organização e estruturação relacionados às lutas
Atividades
1. Que diferenças podem ser identificadas entre lutas e artes marciais?
2. Cite e descreva de forma breve os aspectos universais referentes 
às lutas.
3. Explique e exemplifique as classificações de lutas por intenção 
da ação.
4. Como se baseiam os princípios filosóficos da prática das lutas?
6
Contextualização 
histórica e 
sócio-cultural 
das lutas
Considerada uma importante manifestação cultural 
humana, a luta sempre esteve presente na vida do ser humano, 
nas ações de defesa contra uma fera ou um inimigo, por exem-
plo, bem como nas de ataque, como a caça ou o combate na 
guerra, usando o corpo ou armas, sendo ainda aplicada de 
forma organizada como as modalidades conhecidas, ou ins-
tintiva, emanada da necessidade do ser humano em proteger o 
seu próprio corpo (CORREIA; FRANCHINI, 2010).
É importante destacar que com o tempo as lutas foram apa-
recendo em diversas manifestações sociais, como é o caso dos 
rituais indígenas, ou ainda na preparação de exércitos para guer-
ras no oriente e Grécia Antiga, bem como no jogo e um exercício 
físico na Europa e como defesa-dissimulação, a capoeira, no Bra-
sil. O homem se tornou racional ele busca formas de defesa e de 
ataque mais eficientes, criando assim ao longo dos tempos várias 
técnicas de lutas, armas, e técnicas de utilização das mesmas.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 154 –
De fato, as lutas fazem parte da cultura corporal do movimento 
humano, e servem como importante instrumento de formação do cida-
dão cuja função está intrinsecamente atrelada aos mecanismos de ação 
que contemplem o desenvolvimento físico, psíquico e social, da inicia-
ção ao alto rendimento.
6.1 Lutas enquanto prática da 
cultura corporal do movimento
De forma global, entender como o ser humano se expressa nada mais 
é que o reflexo da cultura em que cada um está inserido. A relação entre 
corpo e sociedade envolve a cultura corporal do movimento, que ao longo 
da vida e da história se configura como um conhecimento que é construído 
e reconstruído. No amplo campo da cultura é que está inserida a cultura 
corporal do movimento, componente da cultura humana, condicionada 
histórica e socialmente.
Darido e Rangel (2014) descrevem a Cultura Corporal do Movi-
mento como a junção dos conhecimentos e representações, transformadas 
ao longo do tempo, as quais são representadas pelas práticas corporais 
que adotam um caráter tanto utilitário, se relacionando diretamente à rea-
lidade objetiva com suas exigências de sobrevivência, adaptação ao meio, 
produção de bens, resolução de problemas, sendo conceitualmente mais 
próximas ao trabalho; quanto lúdico, realizadas com fim em si mesmas, 
por prazer e divertimento, e de certo modo diferenciada do trabalho.
O fato é que podemos encontrar a partir de um contexto da cultura 
corporal do movimento, diferentes manifestações corporais, em que os 
esportes, jogos, danças, ginasticas, brincadeiras, lutas e rodas ganham 
um papel significativo e transformador. Ao estar ligado ao mundo em que 
vive, o corpo humano cria movimentos e ao mover se cria sentidos, dese-
quilibra, inverte. Bento (2004) descreve que no universo da cultura se 
configuram construções de sentidos humanos da vida, com modificações 
da sua forma de expressão em concordância com o contexto histórico-
-social e na dependência da força criativa de pessoas e grupos. E ainda de 
acordo com o autor, é importante se trabalhar de forma efetiva o desenvol-
– 155 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
vimento como individual e único de ser humano para ser humano, mesmo 
que esteja englobado dentre uma classe ou grupo, em um mesmo cenário 
ou enredo, seja em escolas, academias, clubes, ou no cotidiano.
As lutas podem ser entendidas como disputas em que o(s) oponente(s) 
deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, 
contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na com-
binação de ações de ataque e defesa (BENTO, 2004). De forma geral, as 
lutas apresentarem características próprias, como uma regulamentação 
específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade, portanto, 
eis uma importante diferença entre lutas e brigas, que muitas pessoas ainda 
não conseguem distinguir. Exemplos de lutas temos muitas, sendo que até 
mesmo em brincadeiras, como é o caso do cabo-de-guerra e do braço-de-
-ferro encontramos esse elemento sendo desenvolvido, assim como em prá-
ticas mais complexas, como é o caso da Capoeira, do Judô e do Karatê. 
Darido e Rangel (2014) descrevem que as lutas podem ser trabalhadas como 
uma importante ferramenta para o desenvolvimento dessa cultura corporal 
do movimento. Nas escolas, através das aulas de Educação Física, onde as 
práticas corporais precisam ser ressignificadas, buscando uma conexão do 
que é desenvolvido durante as aulas e o que o aluno precisa, de fato, apren-
der para que possa aplicar em sua vida em sociedade. E ainda, vale destacar 
a importância de trabalhar-se as lutas em ambientes como: escolinhas ou 
clubes esportivos da modalidade, onde a cultura corporal do movimento 
também pode ser desenvolvida de forma plena.
De certa forma, é evidente que a Educação Física, enquanto área de 
conhecimentos multidisciplinar, envolve conhecimentos relevantes de 
inúmeras áreas acadêmicas; e fica claro que ao estudarmos seus elementos 
podemos lançar mão de inúmeros campos do conhecimento, utilizando 
ferramentas diferentes para entender o mundo. Um mesmo objeto ou fenô-
meno pode ser estudado pela Educação Física e ser “visto” de maneira 
muito diferente dependendo do “olhar” empregado. Portanto, o ensino das 
lutas possui uma relação intrínseca com a corporeidade, a qual é eviden-
ciada na ação do aluno/praticante na sua formação enquanto cidadão, uma 
vez que os aspectos cognitivos, corporais e afetivos estão ligados em todas 
as situações. A Figura 6.1 evidencia um exemplo da prática das lutas como 
um importante mecanismo de expressão corporal.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 156 –
Figura 6.1 – A expressão corporal representada por meio da prática das lutas
Fonte: Stock.adobe.com/andreyfire
Para refletir...
Compreendendo as lutas como mecanismo de desenvolvi-
mento da cultura corporal, pode-se entendê-la por exemplo, 
aplicada no campo da saúde, em que é possível relacionar 
as lutas não apenas com os ganhos que essa prática corporal 
pode proporcionar, mas também com os cuidados que são 
necessários, alertando para a diferença entre prática recreativa 
e treinamento de alto rendimento. Fonte: GONZÁLES, F. J.; 
DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. (Org.). Lutas, capoeira e 
práticas corporais de aventura. 2. ed. Maringá: EDUEN, 2017. 
(Práticas Corporais e Organização do Conhecimento, v. 4).
 
Bracht (2005) e Darido e Rangel (2014) destacam um aspecto fun-
damentalacerca da cultura corporal do movimento, em que evidenciam 
a necessidade de buscar um trabalho pautado pelo desenvolvimento de 
diferentes e variadas expressões da cultura corporal do movimento, as 
quais devem ser entendidas como transformadoras na vida dos alunos, e a 
elas deve-se promover estratégias a fim de otimizar a prática, por meio de 
– 157 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
uma metodologia melhor apresentada, adaptado às condições espaciais e 
materiais concretas de cada comunidade, e ainda avaliando se os conheci-
mentos referentes aos temas abordados. A partir de uma perspectiva que 
contempla uma pedagogia crítica, criativa e emancipatória, a qual aponte 
os problemas, e coletivamente encontre soluções, construindo, assim, 
a possibilidade de um conhecimento contextualizado e transformador, 
podemos entender o real papel desse conteúdo inserido no ambiente de 
formação da criança/adolescente.
Na escola, por exemplo, Tenroller e Merino (2006) descrevem a Edu-
cação Física como uma disciplina que permite que se vivenciem diferen-
tes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e 
se enxergue como essa variada combinação de influências está presente na 
vida cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas compõem um 
vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado. 
E ainda as escolinhas esportivas buscam, assim como as escolas regulares, 
apresentar projetos esportivos desenvolvidos em seu contra-turno, inúme-
ras possibilidades para desenvolvimento da modalidade “Lutas”, e desta 
maneira, contribuir para a adoção de uma postura não preconceituosa e 
discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes gru-
pos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte.
Diante desse cenário, trabalhar o tema “Lutas” em suas dimensões 
conceituais, procedimentais e atitudinais permite compreender o processo 
todo, buscando encontrar maneiras para que o aluno/participante possa 
compreender como essas dimensões podem contribuir para seu aprendi-
zado, bem como estão interligadas a sua formação. A respeito dessa clas-
sificação, Coll et al. (2000) explica que ela corresponde às seguintes ques-
tões: “o que se deve saber?” (dimensão conceitual), “o que se sabe fazer?” 
(dimensão procedimental), “e o que se deve ser?” (dimensão atitudinal). 
Para Darido e Rangel (2005), historicamente, a Educação Física priorizou 
os conhecimentos da dimensão procedimental, o saber fazer corporal vin-
culado comumente às aulas desse componente curricular, e não o saber 
sobre a cultura corporal ou como se relacionar nas manifestações dessa 
cultura ou, ainda, os valores e as atitudes relacionados a ela.
É importante destacar que o ensino das lutas deve contemplar, além 
das dimensões apresentadas por Coll et al. (2000), aspectos intrínsecos 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 158 –
à prática, com destaque para: as estratégias ou habilidades para resolver 
problemas, a tomada de decisão rápida, concentração, o saber trabalhar 
em equipe, mostrar-se solidário com os colegas, respeitar e valorizar o 
trabalho dos outros ou não discriminar as pessoas por motivos de gênero, 
idade ou características individuais.
É importante dentro desse contexto destacar que no Brasil o reco-
nhecimento das artes marciais como parte integrante do currículo da 
Educação Física foi associado ao conceito de cultura corporal, explí-
cito nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), onde a concepção 
de lutas é utilizada de forma abrangente. “Podem ser citados como 
exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-
-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê” 
(BRASIL, 1998) e sendo aperfeiçoado pela Base Nacional Comum 
Curricular – BNCC (BRASIL, 2017) que institui as Lutas como conte-
údo em uma Unidade Temática denominada Esportes.
 Destaque
No caso específico do conteúdo Lutas para o ensino funda-
mental, a BNCC (2018) prevê que ele deve focar nas disputas 
corporais, com emprego de técnicas e estratégias específicas 
para imobilizar, atingir ou excluir o oponente de um espaço 
específico, por meio de ações de ataque e defesa. E dentre as 
práticas que podem ser tematizadas, cabe ao professor elabo-
rar estratégias que trabalhem de forma plena e significativa os 
elementos característicos dessas lutas. Neste sentido, além das 
lutas presentes no contexto comunitário e regional, é interes-
sante que todos tenham contato com lutas brasileiras, como 
Capoeira, Huka-Huka, Luta Marajoara; e com lutas de diversos 
países do mundo, como Judô, Aikido, Jiu-Jitsu e Muay Thai. É 
esperado que o aluno experimente algumas lutas e seja capaz de 
identificar suas características, conteúdo curricular desenvol-
vido sobretudo do 3º ao 9º ano do ensino fundametal. Ele deve, 
ainda, diferenciar lutas e brigas, refletir sobre o respeito aos 
– 159 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
 colegas nas práticas de contato e sobre a importância de seguir 
as normas de segurança, para garantir o próprio bem-estar.
Fonte: TREVISAN, R. Saiba o que mudou no ensino da Educação Física. 
Disponível em: <https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/110/saiba- 
o-que-mudou-no-ensino-de-educacao-fisica>. Acesso em: 26 jul. 2021.
Ferreira (2006) destaca que o Brasil é repleto de culturas e diferentes 
formas de expressões corporais, entretanto nas escolas os professores de 
Educação Física deveriam valorizar mais essas culturas, como, por exem-
plo, trabalhar os conteúdos relacionados à Capoeira, uma luta criada por 
negros trazidos da África, considerada genuinamente brasileira. Ainda de 
acordo com o autor, infelizmente, muitos alunos ainda não sabem o signi-
ficado ou a história dessa luta, cabendo então, à Educação Física resgatá-la 
como parte da manifestação da cultura dos negros no período escravo-
crata, tendo em vista que trata-se de uma modalidade de luta que envolve 
a dança, a música e um gestual carregado de historicidade, portanto, repre-
sentante da cultura corporal do movimento.
Cabe ao professor, ao abordar as lutas, estar atento às características, 
dentre as quais: o envolvimento das lutas com a Educação Física, além do 
respeito pelo adversário, ao incentivar os alunos a tomarem posturas de 
confraternização e respeito às diferenças/diversidades. Darido e Rangel 
(2015) destacam que é necessário junto ao aprendizado da modalidade, 
fazê-lo a partir do desenvolvimento de diferentes aspectos, tais como: o 
desenvolvimento de habilidades motoras e capacidades físicas, agilidade, 
flexibilidade e força, atingindo também outras possibilidades de trabalho 
corporal como a respiração e concentração, a percepção e a utilização 
mais detalhada da audição e tato, e o trabalho postural. E complemen-
tando, Darido e Rangel (2005; 2014) definem que os conteúdos das Lutas, 
assim como todos os outros conteúdos da Educação Física Escolar, depen-
dem não só de como são tratados pelo professor, mas também de como 
estão estabelecidos no Projeto Político-Pedagógico de cada escola, no 
planejamento docente, na organização dos conteúdos, na cultura escolar, 
entre outras questões que devem ser consideradas para avaliar se há uma 
ampliação de significados sobre essa temática ou não.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 160 –
 Saiba mais
Dentro do universo das lutas, existe uma grande diversidade, 
pois cada modalidade apresenta origem, objetivos e formas 
completamente distintas, embora também fundamentos e prin-
cípios em comum. Nesse contexto, estão as artes marciais, que, 
independentemente da terminologia adotada, representam um 
universo amplo de manifestações antropológicas de natureza 
multidimensional e complexa, uma vez que tais práticas são his-
toricamente importantes e têm acompanhado os seres humanos 
ao longo do tempo.
Fonte: OLIVEIRA JUNIOR, et al. Metodologia das lutas. 
Porto Alegre: SAGAH, 2019.
6.2 Surgimento das manifestaçõesde luta
De modo geral, o conhecimento histórico sobre um conteúdo sempre 
se mostra relevante e, de maneira específica, no estudo das lutas, é essencial, 
uma vez que somente ao se conhecer a origem e o percurso delas podemos 
compreender de forma ampla sua inserção atual nas diferentes culturas.
Vale destacar que as lutas, as artes marciais e as modalidades espor-
tivas de combate representam um universo amplo de manifestações antro-
pológicas de natureza multidimensional e complexa. Como um conjunto 
de práticas socioculturais provenientes de um espectro diversificado de 
demandas históricas específicas, é possível identificar uma pluralidade 
marcante nas suas diferentes configurações sociais, formas de expressão, 
repertório técnico, linguagens, organização e institucionalização (COR-
REIA; FRANCHINI, 2010).
É difícil afirmar com precisão a data de surgimento das lutas, em 
suas diferentes manifestações, mas o fato é que, conforme descreve Paiva 
(2015, p. 19), “[...] nossos ancestrais eram obrigados a lutar contra a hosti-
lidade advinda do meio ambiente, depois para caçar e conquistar mulheres 
(acasalamento), seguido por razões de disputas políticas e territoriais”.
– 161 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
Lacrose e Nunes (2015) acreditam que as primeiras formas de lutas 
surgiram com a necessidade de defesa pessoal ou de territórios e, com 
o tempo, foram aparecendo em outras manifestações sociais, como, por 
exemplo, as lutas em rituais (especialmente nos povos indígenas), na 
preparação de exércitos para guerras (no oriente e na Grécia Antiga), 
como um jogo, como um exercício físico (na Europa) e para defesa-
dissimulação (como a Capoeira, no Brasil). Em relação à Capoeira, vale 
destacar que os escravos existentes no Brasil, além de terem desenvolvido 
essa luta, utilizavam-na na para a sua própria defesa e incorporavam nela 
seus elementos culturais, conforme ainda descrevem os autores.
Registros também podem ser vistos em sítios arqueológicos com 
pinturas rupestres ou em representações verificadas em tumbas e templos 
no Antigo Egito e nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, sendo um forte 
indício do surgimento das lutas quanto ao seu período. De fato, Lacrose 
e Nunes (2015) destacam que existem diferentes influências advindas da 
filosofia e de religiões como budismo, taoismo, xintoísmo e confucio-
nismo, as quais estão intimamente enraizadas na cultura e igualmente 
ligadas às origens das artes marciais no Oriente.
Os autores complementam, citando haver também diversos registros 
na literatura relacionados à origem da expressão “arte marcial” sendo que 
a palavra “marcial” se refere ao deus romano Marte (deus da guerra), acei-
tando-se, então, a tradução literal de “arte marcial” como “arte da guerra”. 
No Oriente, há outros termos convencionados para a definição dessa arte: 
Wushu, na China, e Bujutsu, no Japão, que têm o mesmo significado: arte 
da guerra. Paiva (2015) complementa descrevendo que embora a palavra 
‘marcial’ esteja associada à guerra, sua estrutura foi modificada de forma 
acentuada, sobretudo a partir do final do século XIX.
Mazzoni e Oliveira Junior (2011) e Oliveira Junior et al. (2019) men-
cionam que as artes marciais podem ser compreendidas como um sistema 
de diversas lutas que, geralmente, não têm o uso de arma de fogo ou do 
gênero. Paiva (2015) descreve que registros de lutas e artes marciais são 
divididos de acordo com a localização geográfica, representações do mundo 
ocidental (Europa, África e América) e oriental (Ásia e Oriente Médio).
Cada vez mais, as lutas e artes marciais têm sido usadas para treina-
mentos policiais, defesa pessoal e também praticadas como esporte. Cor-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 162 –
reia e Franchini (2010) apresentam uma sugestão para a divisão das lutas 
a partir de suas origens e contextualizações, conforme segue: as lutas 
orientais: na Índia, Kalaripayit; na China, Wushu (Kung Fu ou Boxe Chi-
nês), Jeet Kune Do, Tai chi chuan, Pa Kua, Hsing-I; no Japão, Karatê, 
Judô Jujutsu, Ninjitsu, Kendo, Aikido, Sumô; na Coreia, o Taekwondo, 
Tang Soo Do; na Tailândia, Muay Thai; em Israel, o Krav Magá. E as lutas 
ocidentais: nos Estados Unidos e na Inglaterra, Wrestling, Fullcontact, 
Kickboxing, Boxe; no Brasil, capoeira, Huka-Huka e muitas outras moda-
lidades produzidas e significadas em todo o mundo.
Esses mesmos autores indicam a possibilidade de nomear as artes 
marciais de três maneiras diferentes – artes marciais, luta e modalidades 
esportivas de combate – e que não há consenso entre os pesquisadores 
sobre qual é a terminologia mais adequada. Essas atividades são tão dinâ-
micas e múltiplas que defini-las poderia limitar seu entendimento.
Silva Neto (2013) menciona que, de maneira geral, as lutas, artes 
marciais e modalidades esportivas de combate representam as formas de 
expressão de povos e sua cultura é expressa a partir dos rótulos ou nomes que 
certas habilidades possuem. De fato, elas são provenientes de seus países de 
origem e representadas por posturas e movimentos cheios de simbolismo, 
que reproduzem atos e rituais do cotidiano. Isso se observa, principalmente, 
pelo nome que cada luta, arte ou modalidade apresenta: o Judô é japonês, 
assim como o Karatê; a Capoeira é brasileira; o Boxe é inglês; o Taekwondo 
é coreano e a Esgrima é francesa, conforme descreve o autor.
 Saiba mais
O Judô foi a primeira arte marcial oriental a expressar um sen-
tido pedagógico que, ao mesmo tempo que buscava a difusão 
e a manutenção de valores morais tradicionais japoneses, bus-
cava, também, fundir esses valores com aspectos pedagógicos 
ocidentais. Trilhando o mesmo caminho aberto pelo judô, no 
Japão, encontramos outra arte marcial japonesa: o Karatê, que, 
tal como no caso do Judô (uma adaptação moderna do jujutsu), 
tem seu desenvolvimento atrelado às antigas artes marciais pra-
ticadas na ilha de Okinawa.
– 163 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
Fonte: FERREIRA FILHO, R. A.; MACCARIELLO, C. A preparação 
psicológica no esporte de alto nível. Sua importância no desempenho competitivo 
de lutadores de Mixed Marcial Arts (MMA). EFDeportes.com Revista Digital, 
Buenos Aires, a. 13, n. 129, fev. 2009.
Do oriente para o mundo, no século XIX, as lutas foram agregando 
novos valores e modos de comportamento condizentes com a inserção 
dos costumes ocidentais, afastando-se das origens guerreiras e técnicas 
fatais e ligando-as a técnicas de defesa pessoal ao lazer, ao exercício físico 
(BREDA et al., 2010).
De acordo com Marta (2009), existem algumas possibilidades de classi-
ficar as práticas corporais nascidas a partir do século XIX de “artes marciais 
orientais modernas e inventadas”, uma vez que, a partir desse momento, foi 
possível identificar o acréscimo de cinco elementos determinantes:
a) a influência do pensamento ocidental moderno, com as práticas 
passando a objetivar a saúde moral e física dos seus praticantes e, pos-
teriormente, a adoção do ideal esportivo de vitória; b) a ação de sujeitos 
que atestam para si a função de fundadores/idealizadores das diferentes 
práticas; c) a preocupação gradual com a sistematização racional e escrita 
das práticas, que lentamente vai rompendo com a tradição oral que até 
então marcava, de forma exclusiva, a dinâmica de transmissão dos movi-
mentos das artes marciais orientais; d) o processo de internacionalização e 
o envio de mestres a diferentes partes do mundo para difundir as práticas e 
também a formação de federações de âmbito internacional; e) a adequação 
da prática às necessidades impostas pelo momento histórico, tema que 
perpassa todos os itens anteriores.
Quanto ao Brasil, Marta (2009) menciona que, Japão, China e Coreia 
do Sul trouxeram para o país suas lutas mais populares, possibilitando 
a experimentação de outra forma de cultura corporal, em um momento 
histórico em que essa cultura estava impregnada pelo modelo esportivo 
inglês e em que os métodos ginásticos(em especial o francês) faziam-se 
presentes – especificamente, também, em meados das décadas de 1930 e 
1940, quando assistíamos à consolidação da Educação Física como disci-
plina obrigatória nos currículos escolares (BREDA et al., 2010). Foi nesse 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 164 –
universo que as lutas e artes marciais procuraram conquistar o seu espaço. 
Os mestres imigrantes fizeram com que, aos poucos, a existência de uma 
cultura completamente distinta daquelas trazidas pelos imigrantes euro-
peus pudesse ser notadas em muitas cidades brasileiras onde colônias des-
ses países se desenvolveram. Aos poucos, os mestres de lutas como Judô, 
Karatê, Aikido, Sumô Kendo, Kung Fu, Taekwondo e Hapkido foram 
difundindo seus ensinamentos no Brasil.
 Destaque
O que se observa atualmente no Brasil é que as lutas e artes mar-
ciais passaram por um processo de massificação, e, dentre os 
fatores influenciadores desse processo, esta a chegada dos imi-
grantes de origem oriental, a influência dos meios de comunica-
ção de massa, sobretudo a televisão, e o processo de esportivi-
zaçao vivenciado, não apenas pelas artes marciais, mas também 
por outras práticas corporais (MARTA, 2009).
6.3 Processo de institucionalização, 
esportivização e expansão das lutas
Quanto ao processo de institucionalização e esportivização dos espor-
tes, no caso específico, das lutas, Brohm (1982) apud Oliveira (2018) 
descreve que o esporte espetáculo pode ser compreendido como a mer-
cantilização do movimento humano através de uma ótica marxista, pos-
sibilitando o entendimento do “casamento” perfeito entre esporte e mídia 
na sociedade do capital. Nesse sentido, podemos entender o esporte como 
uma verdadeira “máquina de dinheiros” que movimenta grande parte da 
economia mundial, desde os megaeventos, conforme vemos, as Olimpía-
das, Copa do Mundo de Futebol, a NBA, entre outros, os quais envolvem 
diferentes setores, públicos, atletas de diferentes países em torno de um 
único propósito – o esporte.
Pensar o esporte (lutas) com um caráter direcionado ao esporte, con-
siderada a esportivização, mostra um nível de evolução que outrora não 
– 165 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
poderia ser imaginado pelos criadores dessas modalidades – artes mar-
ciais. Destaca-se dentro desse processo de institucionalização do esporte, 
as práticas que vão se organizando em estruturas definidas, conhecidas 
como “hierarquias” que dá à modalidade esse reconhecimento, e autono-
mia para o seu desenvolvimento em um país. Nesse caso, dividem-se em: 
confederações, ligas, clubes e associações etc.
Por outro lado, devemos considerar o que menciona Brohm (2004) apud 
Oliveira (2018), que faz críticas ao funcionamento político, o que de acordo 
com o autor, caracteriza essa esportivização como a “lei da selva”, particular-
mente se referindo ao esporte espetáculo, que segundo o autor se tornou um dos 
vetores da globalização disfarçando seu caráter político através de sua ideologia.
Através dessa relação entre esporte e mídia, houve mudança em 
ambas as partes, a mídia teve que evoluir em termos tecnológicos. E no 
caso das lutas, por envolver movimentos rápidos e os pontos a serem con-
tabilizados, foi necessário investir em câmeras e outros aparelhos a fim 
de conseguir mostrar ao espectador o momento exato do toque, seja ele 
no próprio corpo ou no solo (OLIVEIRA, 2018). Em uma sociedade de 
consumo, vinculada aos meios de comunicação o esporte atual atende às 
necessidades da mídia. O resultado é algo fantástico, fascinante aos olhos, 
o esporte espetáculo atrai aos mais diversos públicos, o espetáculo produ-
zido agrada em escala global.
Destaca-se que as lutas e as artes marciais vêm sofrendo há algum 
tempo, o processo de esportivização e após isso vão se espetacularizando, 
de maneira que tenha como produto os encantamentos dos olhos de seus 
espectadores (OLIVEIRA, 2018). Podemos constatar os pontos positivos 
e negativos dessa vertente, a qual tende a crescer em nossa sociedade. 
Atualmente existem canais de TV especializados somente nas lutas e artes 
marciais, além de sites específicos, revistas, desenhos, enfim, o Universo 
das mídias é repleto de sons e imagens que remetem a esse fenômeno.
De fato, a influência da mídia é notória, e pode ser considerada cada 
vez mais o componente disseminador das lutas, e alcançando um público 
cada vez maior devido a essa exposição, não seria diferente pensar que a 
mesma não atingiria de forma plena as aulas de Educação Física, ou seja, 
o ambiente escolar (RIOS, 2005).
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 166 –
As lutas, em suas mais diversas manifestações ou estilos, estão pre-
sentes desde os primórdios da humanidade. Usadas como formas de ata-
que e defesa ou como disputas e jogos, foram ganhando novos elementos, 
perdendo outros, evoluindo conforme a cultura em que estavam inseri-
das. A luta é tão antiga quanto a existência do homem no mundo (RIOS, 
2005). E complementa, mencionando que o homem primitivo lutou pelo 
alimento, pelo espaço, pelo que se apropriou materialmente e pela com-
panheira. Isso sem falar na luta contra animais. De início, não possuíam 
armas, usavam apenas sua própria força.
De maneira geral, é importante distinguir o termo lutas e artes mar-
ciais, embora muitas vezes sejam tratados como sinônimos, o conceito 
de lutas parte de uma visão mais geral, onde qualquer situação que haja 
combate pode ser classificada como “Luta”, já as “Artes Marciais” pode 
ser classificada como um conjunto de técnicas que podem ser utilizadas 
em situações que exija o uso de ataque e defesa, tendo em sua maioria uma 
base filosófica, uma ligação de espiritualidade e religiosidade. As artes 
marciais não compreendem somente um apanhado de técnicas, mas tam-
bém um conjunto de filosofias e tradições de combate, conforme descreve 
(GOMES et al., 2010; LANÇANOVA, 2006).
Parizzoto et al. (2017) trata da definição do termo artes marciais o 
qual é responsável por abranger uma série de manifestações, com distintos 
contextos, sob a mesma definição, entendendo que a polissemia do termo 
é um dos fatores que podem dificultar sua apropriação e definição precisa, 
o que leva muitos autores a interpretá-la de forma diferente. Os autores 
descrevem que a própria grafia do termo empresta os termos romanos rela-
tivos ao deus Marte para a definição de algo marcial e o conceito de téc-
nica relativo a palavra ars em latim. O conceito oriental, por sua vez, traz 
definições literais pouco significativas para outros contextos culturais, sua 
compreensão dos estilos é bastante literal e simbólica, as diversas práticas 
marciais foram abarcadas por uma definição exterior ao contexto em que 
foram criadas e miscigenadas a diferentes conceitos e estilos, bem como 
modificadas conforme o contexto em que foram praticadas ao longo de 
sua história. O caminho: das mãos vazias (Karate-do); suave (Judô); da 
espada (Iai-do); do arco (Kyudo), são exemplos dessa compreensão literal 
sobre o significado de cada estilo. Considerando essa dificuldade e tam-
– 167 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
bém que a maior parte das artes marciais conhecidas e praticadas no Brasil 
tiveram origem nas práticas marciais japonesas, iremos abordar o conceito 
para definir artes marciais orientais, mas iremos abordar, principalmente, 
a influência da escola japonesa neste contexto.
A luta apareceu paralelamente à criação das primeiras sociedades, 
e, conforme descreve Rios (2005), sua evolução é multifacetada e acon-
teceu em diferentes épocas, de acordo com as condições de vida. O autor 
ainda menciona que é como se em certos lugares do nosso planeta o tempo 
tivesse parado para permitir a conservação das formas arcaicas da luta. 
Nesse sentido, é evidente que as lutas estão intimamente atreladas a um 
contexto onde conflitos de diferentes ordens ainda existam, o que interfere 
no processo organizacional das sociedades, em geral.
Parizzotoet al. (2017) e Rios (2005) descrevem que as lutas corporais 
podem ser divididas em duas vertentes, de um lado aquelas nascidas no 
oriente e do outro, as do ocidente. De forma geral, os autores descrevem 
que as lutas orientais são as que mantêm um caráter de tradição, pelo fato 
de que historicamente os orientais conservavam bastante suas tradições, 
não só das lutas corporais; já as lutas ocidentais surgiram, além da pratica 
esportivizada, com intuito de autodefesa.
De maneira global, Parizzoto et al. (2017) descrevem que o pro-
cesso de esportivização das lutas ocorre quando há influências políti-
cas, midiáticas, pedagógicas ou militares que alteram a prática corporal 
existente nos diferentes tipos de arte marcial. Por meio de um processo 
civilizador, as lutas passaram a ser menos “violentas”, tendo um contato 
corpo a corpo reduzido e diversas alterações nos movimentos e posicio-
namentos corporais. Essa modificação leva muitas vezes à descaracteri-
zação, pois cada elemento corporal específico presente nas lutas remete 
diretamente à cultura do seu país de origem. A disseminação de muitas 
lutas milenares como o Taekwondo, o Hapkido e o Kung Fu pelo oci-
dente provocou uma mudança do caráter filosófico para o competitivo. 
Práticas que deveriam ser ao mesmo tempo físicas e espirituais passaram 
a seguir como base o alto rendimento e a espetacularização. Há algumas 
mudanças que se evidenciam no cotidiano dos atletas como a não utili-
zação de equipamentos de proteção, nos combates de hoje é obrigatória 
a presença de: protetor bucal, colete, caneleira, luvas e capacete. Isto se 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 168 –
evidencia em campeonatos de Taekwondo, Karatê, Hapkido e outras lutas 
milenares cujo sentido tem sido alterado.
Atualmente, mesmo não sendo utilizadas para fins bélicos, as artes 
marciais são praticadas por um número muito grande de pessoas por todo o 
mundo. Muitos desses combates são extremamente explorados pela mídia 
em diversos lugares, como, por exemplo, o MMA (Mixed Martial Arts), 
um combate em ascensão e vendendo muito na mídia e rendendo milhões, 
para quem está envolvido diretamente com essas lutas (Figura 6.2).
Figura 6.2 – MMA (Mixed Martial Arts)
Fonte: Shutterstock.com/Andrey Burmakin
É preciso entender que a modernidade trouxe consigo um caráter 
desportivo para as lutas, como vemos as praticadas sobretudo no oci-
dente. De fato, o próprio processo evolutivo natural do homem levou 
a tolerância, e marcada por uma redução dos níveis de violência irra-
cional, surgindo a relação: quanto mais civilizado menor a tolerância à 
violência, fazendo com que as lutas fossem se adaptando, ou seja, per-
dendo algumas características de sua gênese a fim de que se tornassem 
práticas aceitas. Nesse sentido, é durante a Revolução Industrial que no 
ocidente se desencadeia a “febre” da produção, o rendimento, a eficiên-
cia, parâmetros que passam a ser assimilados por quase todo o mundo e 
dão sustentação ao surgimento do “esporte-elite-espetáculo-consumo”. 
– 169 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
E nesse viés, encontramos as artes de combate/luta, as quais foram aos 
poucos absorvendo ou sendo absorvidas por esse modelo e se expandindo 
pelo mundo, conforme descreve Rios (2005).
A partir de então, ocorre uma maior popularização e organização das 
artes de combate/luta no mundo. Muitas artes de combate/luta que neces-
sitavam de tempo e dedicação para serem aprendidas (caráter filosófico/
cultural) foram aos poucos destituídas, não por total, desses valores.
Oliveira (2018) apresenta a definição de esportivização como o pro-
cesso de transformação de certas práticas corporais em esporte institucio-
nalizado. Hoje em dia, conforme menciona o autor, esse processo amplia 
o número de modalidades esportivas em todo o mundo. Um exemplo disso 
é a Capoeira, patrimônio cultural brasileiro, com o qual nos deparamos 
nas ruas e comunidades de inúmeras cidades brasileiras, tradicionalmente 
considerado um jogo com elementos de dança e de artes marciais, mas 
que já tem, em alguns lugares, tomado também a conotação de esporte de 
competição (tendo inclusive torneios oficiais, organizados por federações 
de capoeira) (RIOS, 2005).
Correia e Franchini (2010) mencinam que esse processo de esporti-
vização atinge práticas corporais como artes marciais (quase todas elas, 
como o Judô e o Karatê, por exemplo, têm uma federação internacional e 
são parte do programa olímpico).
De fato, quando uma prática corporal sofre o processo de esporti-
vização, basicamente ela passa a existir em duas formas: a sua forma 
original, não esportiva (por exemplo, a ideia das lutas como defesa 
pessoal ou manutenção da saúde), e em sua forma esportivizada (os 
campeonatos) (SILVEIRA, 2005).
Oliveira (2018) traz um exemplo interessante desse processo de 
esportivização e expansão das lutas, no caso do desenvolvimento do 
boxe, em que as formas mais antigas de pugilato, uma maneira popular 
de resolver conflitos entre os homens, não eram inteiramente desprovidos 
de regras. Porém, o uso dos punhos desprotegidos era acompanhado, fre-
quentemente, pela utilização das pernas como uma arma. E complementa 
citando que o padrão popular de luta desarmada envolvendo os punhos, 
ainda que não estivesse totalmente desprovido de regras, era bastante fle-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 170 –
xível. Na Inglaterra, houve uma considerável mudança, sobretudo, asso-
ciada às regras, incluindo um rigoroso conjunto de regras que, entre outras 
coisas, eliminava por completo o uso das pernas como armas.
De acordo com Gomes et al. (2010) existe, na atualidade, uma diversi-
dade de artes marcias, algumas com objetivos mais novos, como o da vitória 
no esporte, objetivos esses onde foi necessária uma mudança epistemológica 
em algumas modalidades, passando da luta marcial para a luta esportivizada.
É importante destacar também o ponto de vista trazido por Gomes et 
al. (2010) em que as lutas tendem a assumir características mais despor-
tivas, já que as regras surgem no processo de esportivização, assim fica 
difícil entender a luta no seu campo epistemológico, por pressões compe-
titivas e consumistas as lutas podem chegar a perder a sua originalidade.
Oliveira (2018) afirma que o modelo esportivo conhecido atualmente 
se constituiu por volta da metade do século XVIII até o século XIX, na 
Inglaterra, onde ficou em evidência no cenário mundial. Muitas das moda-
lidades esportivas desenvolvidas atualmente, são originados dessa época, 
onde os trabalhadores utilizavam dos seus tempos livre para essa prática. 
De acordo com Parizzoto et al. (2017), as lutas inicialmente eram consi-
deradas como recreação, entretanto com o desenvolvimento de senso de 
justiça foram estabelecidas regras mais rígidas.
As lutas para chegar ao padrão que conhecemos hoje, do esporte 
em si, demandou inúmeras modificações em sua estrutura, das quais 
destaca-se: a manutenção do confronto, as disputas, sem deixar de ser 
algo civilizado, visto que, como já falado, quanto mais civilizado menor 
a tolerância à violência, a fim de trazer a emoção para quem prática 
e para quem assiste, dentre outros, conforme destaca Oliveira (2018). 
Portanto, no processo de esportivização das lutas, houve a necessidade 
de adaptação às regras, para que não houvesse empate, presumindo pelo 
fato de que a luta em outrora foram uma extrema representação dessa 
fuga de tensões causadas pela vida em sociedade, pelo autocontrole de 
suas emoções e instintos, uma das representações históricas são as bata-
lhas nos coliseus e pancrácios.
De fato, as práticas sociais ligadas a esse fenômeno tomam um cará-
ter eminentemente “com” e não “contra” um adversário. Pensar em uma 
– 171 –
Contextualização histórica e sócio-cultural das lutas
aula de lutas e artes marciais, através do paradigma da oposição pode ser 
um engano. Existe um patrimônio cultural ligado a essas práticas, embora 
a luta (combate) sejao principal símbolo social ligado ao fenômeno, ele 
não é o único e não deve limitar ou ser atributo definidor das práticas, 
conforme descreve Parizotto et al. (2017).
O sentido da luta enquanto uma prática institucionalizada, regrada, 
internacionalizada e moldada, ou seja, dentro do contexto esportivo, tem 
seus princípios ligadas ao olimpismo e recebe especial destaque em nossa 
sociedade (OLIVEIRA, 2018). Para muitos, pensar em lutas e artes mar-
ciais significa pensar em campeonatos de Judô, Taekwondo, Jiu-Jitsu, 
Boxe etc. Automaticamente pensa-se em competição, em pontos, em vitó-
rias, derrotas, medalhas e pódios, o que não é errado, mas o mais impor-
tante é que essa esportivização não interrompa todo o processo construído 
ao longo da história, e o papel das lutas enquanto filosofia de prática e 
construção do indivíduo, preparando-o para ir além do competir por algo.
Por outro lado, é importante entender que as artes marcias foram cria-
das para defesa de sua nação, portanto, não tinham como filosofia o esporte 
de combate, porém outros esportes, qu motivaram o público através de 
torneios e competições, por pressões comerciais e midiáticas, responsá-
veis por impulsionar a criação de campeonatos e competições das moda-
lidades de combate ao redor do mundo (RIOS, 2005). Faz-se importante 
compreender, portanto, a contextualização da arte marcial como forma de 
transformar o corpo para guerra deixa de existir; e talvez pela necessidade 
da busca pela paz, ou talvez pela simples existência de armas bélicas, mas 
como foi dito, a prática ainda se mantém presente.
Atividades
1. Por que é importante entendermos as lutas como parte funda-
mental da cultura corporal do movimento?
2. Qual a importância de se trabalhar o conteúdo de lutas nas aulas 
de Educação Física Escolar?
3. Como surgiram as primeiras manifestações das lutas?
4. Em relação à esportivização das lutas, como ocorreu esse processo?
7
Fundamentos 
teórico-práticos 
das lutas
Compreender as lutas como parte essencial da cultura 
humana e da sociedade leva-nos a refletir sobre as inúmeras 
possibilidades que oferecem no intuito de promover a cons-
trução do cidadão, preparando-o para uma atuação crítica-
-reflexiva na sociedade. Independentemente da modalidade de 
luta, os princípios básicos são pautados por elementos comuns 
a todas, dentre os quais, destacam-se: o respeito às regras, a 
hierarquia e a disciplina, valorizando a preservação da saúde 
física e mental de seus praticantes.
O contexto histórico das lutas não é de fácil explicação e 
continua sendo uma grande questão onde, exatamente, origi-
naram-se as lutas e as artes marciais, devido a sua diversidade 
de manifestações espalhadas ao redor do mundo. Tais lutas e 
artes marciais, muitas vezes, carecem de documentos compro-
batórios da sua origem.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 174 –
Em relação à fundamentação teórico-prática das lutas, é importante 
entender que esse processo está fortemente atrelado ao surgimento dessas 
lutas, a constar desde os primórdios, quando eram utilizadas como forma de 
sobrevivência, até aos tempos atuais, em que foram esportivizadas em sua 
grande maioria, dividindo-se em artes marciais e esportes de combate. Nesse 
sentido, vemos as lutas como integrante dos Jogos Olímpicos, por exemplo, o 
que gera enorme retorno, atraindo muitos praticantes e telespectadores.
Por toda sua base e contexto histórico-social em que está inserida, 
pode-se considerar as lutas como modalidades ou conteúdos, quando apli-
cadas em ambiente escolar, direcionados não apenas para o desenvolvi-
mento dos aspectos físicos e/ou motores, bem como do cognitivo e social, 
permitindo aos seus praticantes desenvolverem-se de forma integral.
7.1 Métodos, técnicas de ensino 
e aprendizagem das lutas
Acerca dos métodos e técnicas de ensino e aprendizagem das lutas, 
é importante compreender o contexto global em que estão inseridas. No 
âmbito escolar, temos a proposta apresentada por Coll et al. (2000) como 
ponto de partida para a tomada de decisões relacionadas aos métodos e 
técnicas mais assertivas de acordo com o desenvolvimento, objetivos e 
finalidades do indivíduo. Os autores descrevem três dimensões dos con-
teúdos, as quais devem ser enfatizadas em qualquer plano elaborado, a 
destacar: a dimensão conceitual (o que o aluno deve saber?); a dimensão 
procedimental (o que o aluno deve fazer?); e a dimensão atitudinal (o 
que o aluno deve ser?).
Para Zabala (1998) e Darido e Rangel (2014), não basta somente buscar 
respostas a respeito do que ensinar, mas entender os conteúdos que devem 
ser colocados em prática, facilitando todo o processo de ensino-aprendizagem 
intrinsecamente relacionado aos métodos e técnicas que o professor poderá 
adotar para que esse caminho seja potencializado em prol do desenvolvimento 
integral do aluno (aspectos cognitivo-motor-afetivo/social).
No ambiente escolar, o conteúdo “lutas” pode se transformar em uma 
excelente ferramenta pedagógica quando bem desenvolvido pelo professor, 
– 175 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
conforme orienta a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 
2018), cuja recomendação está direcionada ao desenvolvimento de seu tra-
balho a partir do 3º ano do ensino fundamental. Por outro lado, Monteiro 
(2014) deixa claro que, devido aos aspectos que circundam o ensino das 
lutas, deveria perfeitamente ser trabalhado a partir da ludicidade, trazendo 
esse conteúdo em forma de brincadeiras que simulem a ação de ataque e 
defesa, como ocorre, por exemplo, no cabo-de-guerra ou, ainda, no braço 
de ferro, estimulando atividades que trabalhem elementos que tratam dos 
princípios das lutas, entre os quais estão: o contato e o desequilíbrio.
Entender esse conteúdo como componente da cultura do movimento 
humano torna-se essencial, uma vez que suas atividades configuram cons-
truções de sentidos humanos da vida, com modificações da sua forma de 
expressão em concordância com o contexto histórico-social e na dependên-
cia da força criativa de pessoas e grupos, conforme destaca Bento (2004).
Nesse sentido, entende-se que o principio básico das lutas está dire-
cionado ao fato de subjugar o(s) oponente(s), utilizando, para tal, técnicas 
e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um 
determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa, e esses 
princípos, quando ensinados, devem promover no aluno a capacidade de 
auto-reflexão, análise crítica e posicionamento diante um problema que 
possa surgir. Além disso, outro aspecto muito importante a entender é que, 
por possuírem uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de 
violência e de deslealdade, fazem com que o preconceito outrora falsa-
mente percebido pela sociedade podem ser transformados de forma posi-
tiva na vida de todos os envolvidos.
A BNCC (BRASIL, 2018) descreve que os conteúdos previstos para 
a educação básica devem ser desenvolvidos exclusivamente pela disciplina 
educação física e que, do 3º ao 5º ano, os objetos de conhecimento devem 
estar centrados nas lutas do contexto regional e comunitário, além das lutas 
de matrizes indígena e africana. Além disso, os alunos devem experimentar, 
fruir e recriar essas lutas respeitando o colega como oponente, as normas de 
segurança, além de saber diferenciar lutas de brigas e lutas das demais práti-
cas corporais. Nessa fase do desenvolvimento, Monteiro (2014) destaca que 
a ludicidade deve ser explorada, sendo as brincadeiras elementos essenciais 
para que as aulas se tornem dinâmicas e estimulem a participação de todos. 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 176 –
Ainda de acordo com o autor, essa fase é aquela em que se deve enfatizar 
mais ainda os aspectos ligados aos jogos de luta, ou seja, pequenas adapta-
ções aos esportes de combate com mudanças nas regras.
Ainda a respeito dos conteúdos a serem desenvolvidos, a BNCC (BRA-
SIL, 2018) esclarece que, no período do 6º e do 7º ano, deve-se priorizar 
aslutas do Brasil, como capoeira, huka-huka, luta marajoara etc. Monteiro 
(2014) enfatiza os aspectos associados à capoeira, uma luta que motiva os 
alunos pelas suas características, isto é, pelo fato de possuir música e dança 
em um só momento. Além do aspecto associado ao ensino da luta em si, 
tratar a capoeira como conteúdo é essencial para resgatar aspectos históricos 
e sociais do país, incluindo seus aspectos fundamentais como: as vertentes, 
os instrumentos, os elementos e a roda. Ainda nesse período escolar, Mon-
teiro (2014) descreve ser importante ensinar as lutas, respeitando o nível de 
complexidade que apresentam, ao partir do ensino de jogos mais simples 
para jogos mais complexos, ou seja, das lutas adaptadas até práticas mais 
próximas à realidade, o que é entendido como interessante dentro do pro-
cesso pedagógico de progressão sequencial (Figura 7.1).
Figura 7.1 – Conteúdo “lutas” na educação básica
Fonte: Stock.adobe.com /JackF
No 8º e no 9º ano do ensino fundamental, a BNCC (BRASIL, 2018) 
sugere que se trabalhem as lutas pelo mundo, diferentemente da etapa 
– 177 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
anterior, em que o foco estava direcionado somente às lutas do Brasil. 
Rufino (2017) apresenta como propósito a inclusão de atividades durante 
as aulas de educação física que estejam mais próximas das possibilidades 
de experimentação por parte dos alunos, ou seja, lutas que são desenvolvi-
das em outros países, mas que possuem uma abrangência prática reconhe-
cida no Brasil. Desse modo, o autor sugere que o professor aborde jogos 
mais complexos, que podem ser enfatizados desde o princípio, uma vez 
que os jogos simples teoricamente foram tratado na etapa anterior (6º e 
7º anos do ensino fundamental).
Finalmente, no ensino médio, o documento norteador oficial da edu-
cação básica brasileira (BNCC) não deixa claro o que pode ser trabalhado, 
cabendo ao professor introduzir ou não elementos associados às lutas em 
suas aulas. Nesse caso, assim como defendido por Rufino (2017), seria 
interessante que o professor buscasse ampliar o repertório de movimentos 
e suas combinações, por meio do ensino da lógica das diferentes modali-
dades e a aprendizagem de lutas com a característica de distância mista, 
como as práticas de MMA – Mixed Martial Arts, tão divulgadas pela mídia 
e muito difunidas no país.
Para refletir...
O ensino das lutas deve sempre buscar a inclusão no caso de haver pes-
soas com deficiência, garantindo-lhes o direito de praticar inúmeras 
atividades/lutas desde que sejam devidamente adaptadas para cada 
situação específica dessa limitação. Cabe ao professor, mesmo diante 
de inúmeros desafios, garantir a todos os participantes o ambiente ade-
quado para a prática, o respeito às regras, aos companheiros e aos pro-
fessores, bem como o cuidado com os materiais e a disciplina envolvida 
no processo (RUFINO, 2017).
 
A respeito do procedimento a ser adotado pelo professor, Weisz 
(2002) esclarece ser importante a busca constante pela qualificação, ofere-
cendo aos alunos as aulas mais adequadas possíveis, além de desenvolver 
uma postura investigativa, na qual a formação do cidadão, nesse caso, dos 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 178 –
alunos, esteja atrelada ao contexto em que estão inseridos. Para o autor, 
cabe à sociedade decidir o que as crianças e os jovens devem aprender, 
indo na contramão das orientações estabelecidas pela BNCC.
Se, por um lado, é o que cada um já possui de conhecimento que 
explica as diferentes formas e tempos de aprendizagem de determi-
nados conteúdos que estão sendo trabalhados, por outro sabemos 
que a intervenção do professor é determinante nesse processo. Seja 
nas propostas de atividade, seja na forma como encoraja cada um 
de seus alunos e se lançar na ousadia de aprender, o professor atua 
o tempo inteiro. (Weisz, 2002, p. 61)
Zabala (1998) revela, ainda, que é frequente encontrar argumentos 
dos professores sobre a impossibilidade de realizar mudanças em algu-
mas metodologias, seja na distribuição do tempo, nos agrupamentos, ou 
na avaliação. Apesar das contribuições das modalidades de lutas aos seus 
praticantes, os professores que trabalham no ambiente escolar, principal-
mente com aulas de educação física, apresentam dificuldades em trabalhar 
os conteúdos das lutas nas suas aulas.
Acerca dos conteúdos das lutas em contextos não formais como aca-
demias e clubes, Rufino (2017) descreve que podem ser desenvolvidos 
conteúdos que privilegiem as práticas pedagógicas conhecidas como tra-
dicionais, cuja ênfase é dada aos aspectos técnicos, sendo o professor o 
centro numa relação verticalizada entre professor e aluno, descontextua-
lizada da realidade.
De acordo com Darido e Rangel (2014) e Rufino (2017), contextos 
não formais poderiam ser aplicados pelos professores no ensino das lutas, 
em que as diferentes práticas pedagógicas e as experiências e vivências 
culturais dos alunos são colocadas em evidência, e os aspectos históricos, 
fiosóficos e corporais das lutas são discutidos sob um olhar crítico e refle-
xivo a respeito da sua importância social.
As metodologias e as estratégias pedagógicas voltadas para o 
ensino das lutas devem possibilitar que os alunos explorem diferentes 
contextos, garantido o ecletismo e o desenvolvimento multilateral, ao 
visar a formação, a ampliação e o enriquecimento cultural, conforme 
descrevem Moura et al. (2019).
– 179 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
Um estudo realizado por Terluk e Rocha (2021) teve como objetivo 
investigar a literatura acerca das estratégias de ensino das lutas e dos espor-
tes de combate. Foi realizada uma pesquisa em diferentes bases de dados, 
no período de 2010 a 2020, em diferentes contextos, como academias, 
clubes e escolas. De forma global, os resultados encontrados neste estudo 
mostraram que 89% dos estudos apontam para estratégias de ensino cen-
tradas no aluno, levando em conta os interesses e a contextualização das 
práticas, de forma lúdica e livre para criar novos movimentos, embora 
existam diferentes metodologias e estratégias pedagógicas de ensino utili-
zadas pelos professores.
Na prática, as metodologias e técnicas asssociadas com a ludicidade 
possuem um componente interessante e aplicado por muitos professores 
no processo ensino-aprendizagem. Cabe ressaltar, ainda, que a exploração 
de novos gestos e movimentos e a liberdade de expressão têm sido outra 
metodologia de ensino utilizada nas aulas de lutas, conforme descrevem 
Terluk e Rocha (2021). De fato, o professor, ao elaborar e introduzir em 
suas aulas novos gestos e movimentos, proporciona aos alunos uma exce-
lente oportunidade de desenvolver novos conhecimentos e experiências, 
estimulando a aprendizagem, a criatividade e a criação de sentidos e sig-
nificados das lutas no seu cotidiano. Fabiani et al. (2016) evidenciam a 
contextualização do conteúdo de acordo com a realidade dos alunos como 
uma das estratégias a serem adotadas e, em torno disso, tornar o processo 
de ensino-aprendizagem dos diferentes aspectos das lutas mais dinâmico 
e motivador para esses alunos em geral.
Vale destacar também o papel dos jogos de oposição, que podem ser 
utilizados como estratégias para o ensino e aprendizagem das lutas (SAN-
TOS e NUNES, 2020). Nesse sentido, tem-se o foco sobre os jogos de 
oposição, que se referem às atividades de oposição corporal individual 
ou coletiva, em que a prioridade é a própria ação de oposição, sem enfa-
tizar a perda ou o ganho no jogo. Nesse caso, cabe, ainda, desenvolver as 
atividades sob aspectos que as ligam ao lúdico, ao prazer, à brincadeira, 
conforme mostrado anteriormente no texto.
Ademais, outro aspecto que deve ser considerado ao tratar-se de 
métodos e técnicas de ensino são as dimensões de conteúdo (TERLUK; 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 180 –
ROCHA, 2021). Acerca dos modelos de ensino, o modelo tradicional 
permanece muito praticado no Brasil, corroborando com os achados de 
Rufino(2017), ao destacar que muitos ainda acreditam que esse é um 
modelo que privilegia os valores adquiridos e a tradição nos treinamentos, 
que têm a supremacia para a orientação/condução da prática pedagógica, 
além de beneficiar seus praticantes por meio desse tipo de proposta. Um 
dos pontos considerados como negativo desse modelo de ensino é a exces-
siva repetição isolada de movimentos específicos e técnicas, um dos prin-
cipais mecanismos que podem tornar a aula monótona e desinteressante 
para o aluno (DARIDO; RANGEL, 2014).
 Saiba mais
O ensino das lutas deve estar atrelado a inúmeros aspectos a 
serem desenvolvidos durante as aulas. Sendo assim, destaca-se 
a importância de conhecer outros aspectos, entre os quais estão: 
os cerimoniais, as vestimentas, a disciplina e a hierarquia, que 
regem as diferentes lutas. Portanto, cabe aos professores dire-
cionarem sua abordagem rumo a uma contextualização mais 
ampla de saberes que não somente o da prática da modalidade 
em si (RUFINO; DARIDO, 2015a).
7.2 Processos pedagógicos aplicados 
aos diferentes tipos de lutas
As lutas carrregam consigo um grande cabedal de cultura de dife-
rentes civilizações ao longo dos tempos, passando de geração em geração 
conhecimentos que, outrora “fechados”, tendem, com a globalização, a 
tornarem-se cada vez mais acessíveis ao público em geral. Tendo sido 
reconhecida como rito, prática religiosa, preparação para a guerra, jogo, 
exercício físico, entre outros diversos significados, as lutas possuem um 
papel de destaque no desenvolvimento da humanidade e de suas respecti-
vas sociedades ocidentais ou orientais, uma vez que são formas reconhe-
cidamente comprovadas de manifestação cultural de um povo.
– 181 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
De forma geral, as lutas são conhecidas pelos nomes das modalida-
des específicas, em que termos como judô, karatê, kung fu, esgrima são 
amplamente difundidos pela mídia, como se um movimento pertencesse 
exclusivamente a uma modalidade e só pudesse ser ensinado no contexto 
dessas especificidades, o que parece um tanto quanto contraditório, pois 
todas são pertencentes às lutas. No entanto, vale ressaltar que cada luta se 
refere a conteúdos variados e diferenciados.
Em relação à pedagogia do esporte, é importante entender que se 
trata de uma das pluralidades do fenômeno esporte, sendo que pode estar 
presente em cenários que tangem as diferentes manifestações sociais do 
esporte, ou seja, da iniciação ao alto rendimento. Desse modo, as lutas 
interagem em diferentes dimensões atreladas a um conhecimento mais 
amplo, que, na iniciação, não enfatizam suas fragmentações figuradas nas 
especificidades das modalidades, não havendo, dessa forma, dissociação 
entre essas dimensões (PAES, 2002).
Outro aspecto a ser considerado sobre o esporte e seu aspecto peda-
gógico é o fato de ser reconhecido como um fenômeno polissêmico e poli-
mórfico, que permite compreender a proporção dos sentidos e das formas 
de expressão inerentes a ele, independentemente do âmbito de aplicação 
ou análise (BENTO, 2004).
Referente ao ensino das lutas, entende-se esse conteúdo como esporte, 
de fato, em que suas manifestações se relacionam com filosofia, tradições, 
exercício físico, lazer, alto rendimento, contextos nos quais se inserem os 
diferentes personagens que buscam, por alguma razão, a sua prática.
No que tange a iniciação às lutas, muitos a associam ao contexto esco-
lar. Desse modo, vários autores relacionam seu ensino com conteúdos que 
abordem conceitos básicos por meio de jogos e brincadeiras (lúdico), e o 
ensino das “lutas de agarre” acaba tornando-se interessante, pois traz inú-
meras possibilidades de desenvolvimento de um trabalho mais generalizado 
voltado para a formação básica do aluno. Nessa fase, ele está em pleno 
desenvolvimento de suas capacidades, incluindo as habilidades específicas 
no esporte, como é o caso das lutas que tenham esse princípio, que estão 
pautadas pelo uso de uma certa distância de enfrentamento (quase nula), o 
que diminui o grau de violência de possíveis impactos durante os combates.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 182 –
Gomes (2008) propõe um método de trabalhar de forma global o con-
teúdo de lutas. Dessa forma, a autora traz uma organização do conheci-
mento sobre lutas, que privilegia os conceitos associados aos princípios 
condicionais, grupos de aproximação e formas, conforme você pode veri-
ficar na Figura 7.2.
Figura 7.2 – O ensino das lutas
Técnica
Tática
Média 
distância
Longa
distância
Curta 
distância
Princípios Condicionais
Modalidades Formas
Fonte: adaptada de Gomes (2008, p. 67).
O que se vê no ensino das lutas, geralmente, é uma ênfase nas moda-
lidades específicas, restringindo o universo de possibilidades das lutas, 
e, ainda, desconsiderando um ensino direcionado à complexidade/diver-
sidade e à legitimidade dos conteúdos que podem ser desenvolvidos por 
meio da educação física (GOMES, 2008). Nesse sentido, esse modelo 
apresentado pela autora mostra-nos a importância de enfatizarmos uma 
metodologia de ensino cujas estratégias pedagógicas estejam atreladas ao 
método que parta do global para o específico, em que os os princípios 
condicionais (contato proposital, fusão ataque/defesa, imprevisibilidade, 
oponente(s)/alvo(s), regras) seriam o alicerce pelo qual se inicia o ensino.
– 183 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
Vale destacar que é na base, ou seja, nos ensinamentos considera-
dos globais, que o aluno iniciante irá absorver e incorporar a dinâmica da 
modalidade por meio da prática de atividades que envolvam a resolução 
de problemas a partir desses princípios, estimulando diferentes áreas de 
domínio importantes para a sua formação integral.
Gomes (2008) destaca um aspecto importante a ser considerado no 
ensino das lutas na fase de iniciação, em que o contato proposital, dependendo 
da modalidade ou etapa do ensino-aprendizagem, torna-se um princípio que 
pode gerar certo desconforto nos alunos, sobretudo aos que não estejam habi-
tuados com a luta. Para tal, a autora sugere uma introdução gradativa das ati-
vidades num contexto que, aos poucos, consiga “quebrar” certos paradigmas.
todos os tipos de contato (direto, indireto, contínuo, intermi-
tente, através de implementos) devem ser vivenciados em todas 
as posições possíveis (em pé, quatro apoios, deitado etc.). Alguns 
materiais facilitam e exigem o contato entre os alunos, que podem 
desenvolvê-lo em duplas, trios ou grupos (GOMES, 2008, p. 67).
 Saiba mais
Uma metodologia apresentada por Dopico, Iglesias e San Eme-
terio (2001), citados por Gomes (2008), mostra que a metodolo-
gia de ensino das lutas pode ser desenvolvida em função dos 
objetivos da luta, conforme listado abaixo:
• Em função da participação corporal, em que podem ser 
utilizados diferentes grupos musculares;
• Em função do grau de controle do sujeito sobre a habi-
lidade ou da influência do ambiente sobre aquele que 
aprende, conhecido como habilidades abertas ou fechadas, 
que é visto na pedagogia do esporte;
• Em função do caráter do combate, que pode ser classifi-
cado como: contínuo ou descontínuo;
• Em função da disponibilidade de retroalimentação e par-
ticipação cognitiva, associado à habilidade do “pensar 
enquanto executa uma ação”, muito associado, ainda, à 
tomada de decisão rápida;
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 184 –
• Em função do tipo de movimento esportivo, analisando 
sua origem e classificação, a qual é definida em: movimen-
tos estereotipados cíclicos e acíclicos.
Rufino e Darido (2012) destacam que a maior diferenciação entre 
as lutas e outras práticas corporais é o fato do objetivo principal ser o 
enfrentamento físico direto com um adversário ou oponente, seja ele 
real, isto é, personificado no outro, seja ela imaginário, isto é, adversário 
virtual. Portanto, ao longo das ações técnicas e táticas, há possibilidades 
que vão sendo criadas devido a esse fator de imprevisibilidade,já que o 
adversário nunca ficará inerte e responderá às reações de forma inespe-
rada, imprevisível.
De forma geral, as lutas possuem uma importância considerável na 
formação do indivíduo, e devem sempre ser consideradas como conte-
údo do currículo escolar. No entanto, faltam ainda algumas proposições 
e indicações de possibilidades de abordar essas manifestações, sobretudo 
em ambiente escolar, pois não há uma normativa tão bem definida sobre 
quando ensiná-las, como ensiná-las e, o mais importante, o que ensinar 
das lutas ao longo processo de escolarização. Embora o documento da 
BNCC (BRASIL, 2018) estabeleça critérios e parâmetros importantes 
para o ensino das lutas, algumas importantes informações ainda não são 
contempladas, assim como o porquê da ausência desse conteúdo no ensino 
médio. Tais situações merecem uma revisão.
Parte-se da premissa de que as lutas, devido as suas características 
próprias, podem ser implementadas em qualquer segmento da educação 
básica, visto que constituem o tipo de modalidade que permite a partici-
pação de todos, independentemente da força ou resistência, da altura e/ou 
peso corporal, ou, ainda, sexo e gênero. Todos esses elementos não podem 
ser considerados impeditivos para esse ensino nas escolas, e sobretudo 
para a participação de todos.
Rufino e Darido (2015a) destacam que um dos grandes problemas 
para a falta de aprofundamento desse conteúdo nas escolas está atrelado 
à ausência de um sequenciamento pedagógico claro, que deixa, muitas 
vezes, de contemplar aspectos importantes associados aos esninos de dife-
– 185 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
rentes tipos de lutas, mostrando-os, geralmente, de forma superficial, sem 
explorar, de fato, toda a riqueza que vai muito mais além da simples prá-
tica corporal. Um trecho desses autores traz, de forma simplificada, uma 
análise acerca do tema:
[...] quais as principais diferenças entre ensinar as lutas no 1º ano 
do Ensino Fundamental e na última série do Ensino Médio? Per-
guntas como esta requerem ainda ampla análise da área da Edu-
cação Física, e a clareza nesse processo de sistematização poderá 
auxiliar a prática pedagógica a partir de saltos qualitativos ainda 
necessários (RUFINO; DARIDO, p. 24, 2015a).
No que tange o processo pedagógico, é fundamental que o profisio-
nal de educação física, no ensino do conteúdo de lutas, valorize, a todo 
momento, o conhecimento cultural, a bagagem cultural que os alunos 
trazem de suas vidas extraescolares. Além disso, cabe a este profissonal 
orientar todo esse processo a fim de trazer, para seus alunos, reflexões 
importantes sobretudo como a prática das lutas, em geral, pode interferir 
positivamente na saúde, ao garantir um arcabouço rico de possibilidades 
de práticas corporais que trabalham diferentes capacidades físicas.
Darido e Souza (2007) trazem algumas propostas interessantes para 
trabalhar o conteúdo de lutas nas escolas, que vão além dos jogos e brinca-
deiras, dentre as quais, destacam-se: a conceituação de algumas modalida-
des de lutas; a história de determinadas lutas e artes marciais; as diferenças 
entre lutas e briga; as regras gerais de lutas que serão praticadas; a curiosi-
dade sobre as lutas; e, ainda, as leituras e discussões acerca do tema. Enfim, 
há inúmeras possibilidades de desenvolver o conteúdo ao longo das etapas 
da educação básica.
Acerca da dimensões do conteúdo, é importante destacar a proposta 
apresentada por Darido e Rangel (2014), em que deve ser feita uma abor-
dagem que garanta o ensino de qualidade, diversificando os conteúdos na 
escola, onde o conhecimento é verdadeiramente aprofundado, e o ensino 
orientado a partir do conceito dimensional torna-se um excelente meca-
nismo dentro desse processo.
Na dimensão conceitual, Breda et al. (2010) destacam a grande 
importância do aprendizado histórico para o ensino das lutas, sendo esse 
conteúdo considerado essencial, pois permite conhecer a origem e a evo-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 186 –
lução cultural das lutas inseridas em um contexto próprio que, por vezes, 
se funde em torno de um só propósito.
Rufino e Darido (2015a) trazem alguns exemplos interessantes que 
podem ser trabalhados por meio da dimensão conceitual, a destacar os 
seguintes: os diversos tipos de modalidades; as diferentes formas de clas-
sificação das modalidades (lutas); diferentes origens históricas e suas res-
pectivas práticas; as regras das lutas e as suas particularidades; a aná-
lise das modalidades consideradas olímpicas; as pesquisas sobre as lutas 
menos conhecidas e/ou praticadas tanto no ocidente quanto no oriente; 
alguns conceitos biomecânicos e fisiológicos associados às lutas; as 
melhores formas de aplicação de determinados golpes e as maneiras de 
aprendê-los; e as curiosidades acerca das lutas.
A dimensão procedimental, conforme apresentado na seção 7.1, 
é entendida como o conjunto de ações ordenadas destinadas à conse-
cução de um fim, estado configurado por ações, que pode ser conside-
rado dinâmico em relação ao caráter estático dos conteúdos conceituais 
(RUFINO; DARIDO, 2015a).
Por tratar de ações de cunho prático, é uma dimensão do conteúdo 
que tende a ser mais motivante ao aluno. Portanto, cabe ao professor dar 
uma atenção especial a essa parte do conteúdo. Como proposta de ele-
mentos a serem desenvolvidos nessa dimensão do conteúdo, os autores 
destacam os seguintes: as vivências relativas à questão de oposição; ati-
vidades que estimulem o ganho ou a perda de espaço; as quedas com ou 
sem oponente; as atividades individuais e/ou em equipes; a simulação de 
técnicas de chutes e/ou socos; as atividades coletivas (como o caso do 
cabo de guerra); além dos jogos e brincadeiras.
Finalmente, temos a dimensão atitudinal, responsável por fazer 
ligação com os elementos de valor, normas e atitudes subjacentes à prá-
tica educativa, conforme destaca Zabala (1998). Ainda de acordo com o 
autor, as etapas do ensino e da aprendizagem nessa dimensão do conteúdo 
devem abranger, ao mesmo tempo, os campos cognoscitivos, afetivos e 
comportamentais, em que o componente de cunho afetivo adquire uma 
importância fundamental, uma vez que aquilo que as pessoas pensam, 
sentem e como se comportam não depende apenas do que está socialmente 
– 187 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
estabelecido, mas, sobretudo, de suas relações interpessoais, estabelecidas 
por cada indivíduo com o objeto da atitude e do seu valor.
A seguir, cita-se alguns conteúdos que podem ser desenvolvidos 
por meio da dimensão atitudinal: o respeito ao companheiro e ao adver-
sário; a diferenciação entre uma luta e uma briga; a discussão de termos 
pejorativos; a hierarquia; o respeito ao limite de seu próprio corpo; a 
compreensão do ganhar e do perder na luta; o entendimento de que os 
conhecimentos de golpes devem ficar no ambiente de luta e não fora 
dele; e, ainda, a relação entre gêneros e sexos.
Quanto à avaliação escolar em relação ao estudo de lutas, existem 
diferentes maneiras de fazê-lo. Cabe, portanto, ao professor definir a par-
tir de critérios estabelecidos quais caminhos pode seguir nesse processo. 
Alguns merecem destaque, conforme apresentado a seguir:
 2 a construção de questionários e sua aplicação, sendo importante 
que privilegiem, de alguma forma, as três dimensões do conteúdo.
 2 avaliação individual através de um checklist de observação, em 
que é possível analisar a técnica do gesto, aspectos táticos das 
lutas, conhecimento básico das regras, entre outros.
 2 a construção de diários de aula com o registro do que aconteceu 
durante a prática pedagógica.
 2 além disso, há a aplicação de provas, trabalhos e apresentação de 
pesquisas que podem ser realizadas.
Rufino e Darido (2015a) destacam que o ensino das lutas na escola 
deve ser feito sem especificar algum tipo/modalidade, trazendo para a 
realidade dos alunos a maior variedade possível de possibilidades de 
práticas, expressões e manifestações corporais. Nesse sentido,os auto-
res descrevem que é ideal, nesse tipo de trabalho, evitar nomear golpes 
ou técnicas, uma vez que, com o estudo de todas as lutas, torna-se com-
plicado abordá-las de modo único e detalhado.
Enfim, a proposta do ensino da lutas, em meio escolar, deve ser 
focado em trabalhar as particularidades de cada aluno, preparando-o na 
sua formação como cidadão crítico, reflexivo e autônomo, sem se preocu-
par, a priori, com a formação do atleta, por exemplo.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 188 –
 Importante
Cabe aos professores o discernimento acerca da importância da 
inclusão do tema “lutas” como aspecto relevante a ser inserido 
no conteúdo curricular. Destaca-se que, caso sintam a neces-
sidade e tenham conhecimentos suficientes em uma ou mais 
modalidades, devem buscar aprofundar-se, sendo essencial que 
trabalhem, ao menos, aspectos básicos inerentes aos diferentes 
tipos de lutas, tornando o processo de ensino-aprendizagem 
mais dinâmico e motivante aos alunos. Dessa forma, evita-se 
estaganar o ensino das lutas em apenas uma ou outra modali-
dade (RUFINO; DARIDO, 2015a).
7.3 Aplicação dos métodos de treinamento 
e preparação de equipes
As lutas são bastante distintas, uma vez que são oriundas de regiões 
e culturas diferentes. Rufino (2017) aponta algumas características gerais, 
conhecidas como aspectos universais, que devem ser consideradas, con-
forme destacado a seguir:
 2 enfrentamento físico – toda luta exige certo nível de enfrenta-
mento e contato entre as pessoas, que varia conforme a moda-
lidade. O enfrentamento pode ser direto, quando se utiliza o 
corpo, como no jiu-jitsu, ou indireto, quando se utilizam imple-
mentos — como espadas, no caso da esgrima.
 2 regras – as lutas vão possuir regras bastante organizadas, que 
buscam manter a segurança e o nível de disputa. As regras são 
o que diferenciam a luta de uma briga, por exemplo. Por meio 
delas, sabe-se o que é proibido e o que é permitido.
 2 oposição – as lutas ocorrem em caráter de oposição, com obje-
tivos variáveis conforme a modalidade. Os objetivos podem ser 
atingir determinada parte do corpo para pontuar, como no caso 
– 189 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
do taekwondo, ou segurar a pessoa para retirá-la de um determi-
nado espaço, como no caso do sumô.
 2 objetivo centrado no corpo de outra pessoa – refere-se ao 
objetivo da luta, que está centralizado no corpo da outra pessoa. 
Essa talvez seja uma de suas maiores características, diferen-
ciando-a das demais práticas corporais. Na luta, o alvo das ações 
é a outra pessoa, que, diferentemente das demais modalidades, 
é um alvo móvel.
 2 ações de caráter simultâneo – nas lutas, realizam-se ações 
tanto de defesa quanto de ataque de forma simultânea — não 
há diferenciação no espaço e no tempo dessas ações. Ataque e 
defesa ocorrem a todo instante e podem surgir tanto de uma pes-
soa quanto da outra, sendo necessário sempre manter a atenção.
 2 imprevisibilidade – a simultaneidade descrita acima traz a carac-
terística da imprevisibilidade, sendo umas lutas mais imprevisí-
veis do que outras. Uma prova disso é que algumas lutas podem 
encerrar antes do tempo máximo permitido, como no caso do 
judô, quando ocorre um ippon, ou no boxe e no MMA, quando 
ocorre um nocaute.
Em relação aos tipos de treinamentos e seus respectivos métodos, 
devemos destacar os tipos de treinamentos que podem ser desenvolvidos: 
o físico; o técnico; e o tático, os quais estão intrinsecamente ligados ao 
planejamento do treino e seus respectivos métodos adotados. São consi-
derados, portanto, elementos-chave a serem desenvolvidos não somente 
na formação do atleta, bem como ao longo de sua carreira, por exemplo. 
Acerca desses elementos, é importante destacar que dependerão dos obje-
tivos, finalidades e planejamento estabelecidos pelo professor/treinador, 
não havendo uma “regra fechada” sobre como trabalhá-los, pois vários 
outros fatores específicos estão envolvidos no processo.
A preparação física visa o desenvolvimento das capacidades moto-
ras principais: força, velocidade, resistência aeróbia, resistência anaeró-
bia, flexibilidade, habilidade, etc. É dividida em dois aspectos: 1) prepara-
ção física geral e 2) preparação física especial, conforme descreve Cunha 
(2014). Vale destacar que, na preparação geral, o objetivo é desenvolver o 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 190 –
potencial do indivíduo no conjunto das qualidades físicas de base (traba-
lho generalizado), independentemente da modalidade/luta escolhida, em 
que as valências físicas devem ser consideradas a priori. Na preparação 
física especial, o objetivo é desenvolver as qualidades físicas particulares 
ao esporte ou disciplina praticada, sendo que, na prática, essa parte é cha-
mada de condicionamento físico, de acordo com Barbanti (1979).
No caso específico da preparação física, é fundamental que sejam 
tomadas precauções para que não sobrecarregue o praticante, otimizando, 
dessa maneira, seu condicionamento físico geral e específico, além de 
buscar meios para, gradativamente, elevar sua capacidade física, contro-
lando os mecanismos variáveis agudos e crônicos que podem interferir no 
processo (volume, intensidade, repetições, intervalos, etc).
Antes de apresentar as valências físicas, é importante considerar o 
treinamento da preparação física, baseado nos princípios do treinamento 
desportivo, conforme orienta Barbanti (1979), a destacar:
 2 Princípio da individualidade biológica – cada ser humano 
possui características próprias físicas e psicológicas. Nesse caso, 
cabe aos treinadores utilizar testes específicos para verificar o 
potencial de cada indivíduo, seus pontos fortes e fracos e pro-
por um treinamento de acordo com suas necessidades, visando a 
melhora de suas qualidades físicas.
 2 Princípio da adaptação – é compreendido como a assimilação 
do organismo ao treinamento, em que, para cada ação externa, há 
uma reação do organismo. É dividida em três fases, conforme des-
creve o autor: de alarde, caracterizada pelo desconforto, devido à 
aplicação de sobrecargas; da resistência, caracterizada pela dor, 
em que o organismo se adapta à carga imposta, sendo a fase que 
interessa ao treinamento; da exaustão, que é o excesso de treina-
mento, em que o estímulo extrapola a capacidade de recuperação, 
tem como característica o colapso e pode levar à morte.
 2 Princípio da sobrecarga – também chamado de princípio da 
progressão gradual, é fundamental para a evolução desportiva. 
O organismo, após uma sessão de exercícios, restitui as energias 
perdidas e prepara-se para uma carga de trabalho maior, em que 
– 191 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
são criadas maiores reservas de energia, dotando o organismo de 
uma maior fonte de energia para os novos estímulos.
 2 Princípio da continuidade – é a sistematização do trabalho sem 
a quebra da continuidade. O processo de treinamento deve ser 
contínuo, sem paralisações, o treinamento deve ser executado 
com uma frequência para que as modificações fisiológicas e a 
performance adquirida se estabilize e seja otimizada.
 2 Princípio da interdependência volume – intensidade – de 
modo geral, os melhores resultados no treinamento físico podem 
ser obtidos através de maiores quantidades de trabalho com o 
aumento da intensidade, sempre adequando as fases do treina-
mento. No entanto, a combinação de quantidade e intensidade 
deve aumentar uma e diminuir a outra ou vice-versa de acordo 
com o tipo e a fase do treinamento adotado.
 2 Princípio do heterocronismo – proposto por Hernandes Jr. 
(2000), o treinador, após aplicar uma carga de trabalho ao 
atleta, deve respeitar o tempo de descanso adequado para a 
recuperação do organismo antes de realizar uma nova sessão. 
Se for aplicado cedo demais, o organismo do atleta entrará em 
um ciclo de desgaste das reservas energéticas, se o tempo para 
uma nova seção for muito longo, acontecerá uma perda dos 
benefícios da super compensação.
Enfim,conforme mostrado, as valências físicas são elementos essen-
ciais para a prática de qualquer modalidade esportiva. Algumas são mais 
relevantes que outras, ao depender das características da modalidade 
esportiva em questão (CUNHA, 2014). Você verá, a seguir, as principais 
valências e sua importância para o treinamento das modalidaes/lutas:
1) Resistência – qualidade considerada peça-chave para conquistar 
um desenvolvimento adequado da condição física-saúde no adulto. 
De fato, uma melhora da resistência supõe um melhor funcionamento 
cardiovascular e respiratório e, ao mesmo tempo, maior resistência à 
fadiga, tanto em esforços prolongados como curtos e intensos.
2) Velocidade – destaca-se a velocidade de movimento como 
uma importante habilidade motora, que dependente do deter-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 192 –
minismo genético, conforme destaca Dantas (2014). Ainda de 
acordo com o autor, pode-se considerar a velocidade a partir de 
três fatores: a amplitude do movimento; a força do grupo muscu-
lar empregado; e a eficiência do sistema neuromotor.
3) Força – é considerada elemento indispensável para a luta, 
entendida, nesse caso, como esporte de competição, em que as 
forças máxima e explosiva são consideradas fundamentais para 
o desenvolvimento do praticante/atleta. No caso específico da 
força máxima, Delgado (2002), citado por Cunha (2014), mos-
tra que é obtida a partir de um baixo número de repetições, que 
levam ao esgotamento máximo do praticante. Desse modo, tra-
balhos que privilegiem intensidades máximas ou quase máximas 
devem ser considerados, assim como a conjugação do trabalho 
concêntrico e excêntrico, além da utilização continua de carga 
externa. Cunha (2014) destaca que esse tipo de força pode ser 
trabalhado de forma eficaz com uma frequência semanal mínima 
de duas a três sessões, variando quando o objetivo for somente a 
manutenção, em que uma sessão pode ser o suficiente. A respeito 
da força explosiva, o autor destaca que os exercícios devem ser 
realizados a partir de um baixo número de repetições estabele-
cido, geralmente condicionado por um tempo máximo de reali-
zação de seis segundos, sendo que cada gesto isolado deve ser 
realizado com a máxima intensidade, ainda que a resistência ao 
movimento deva ser baixa (em torno de 30% do máximo). Há, 
nesse tipo de treinamento de força, uma predominância de tra-
balho concêntrico, embora possa ser utilizado também o plio-
métrico (ciclo flexiona-estende) com uma frequência semanal 
indicada entre duas a três sessões.
4) Flexibilidade – de acordo com Dantas (2014), essa qualidade 
física é a responsável pela execução voluntária de um movimento 
de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto 
de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de 
provocar lesão. Devido a sua importância, sobretudo na prática 
das lutas, deve ser incluida nos programas de treinamento das 
modalidades. Essa valência influencia diretamente não somente 
– 193 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
na qualidade dos golpes, como também na prevenção de lesões 
causadas pela má execução do gesto técnico, por exemplo.
A preparação técnica é definida como a maneira pela qual uma 
habilidade é desempenhada. Técnica, na verdade, é o componente que 
claramente diferencia um atleta do outro, pois engloba todas as estrutu-
ras e os elementos técnicos em um movimento preciso e eficaz, por meio 
do qual um atleta realiza uma tarefa atlética. No caso das lutas, faz-se 
necessário entender suas origens e contexto, coforme destaca Mazzoni e 
Oliveira Júnior (2011).
 2 Orientais: na Índia, kalaripayit; na China, wushu (kung fu ou 
boxe chinês), jeet kune do, Tai chi chuan, pa kua, hsing-i; no 
Japão, caratê, judô, jiu-jitsu, ninjitsu, kendo, aikido, sumô; na 
Coreia, o taekwondo, tang soo do; na Tailândia, muay thai; em 
Israel, o krav maga.
 2 Ocidentais: nos Estados Unidos e na Inglaterra, wrestling, full-
contact, kickboxing, boxe; no Brasil, capoeira, luta livre e muitas 
outras modalidades produzidas e significadas em todo o mundo.
Compreender esses tipos/modalidades diferentes das lutas é funda-
mental, pois cada uma traz consigo um conjunto de elementos próprios 
dos aspectos sobretudo técnicos e táticos. Barbanti (1979) define prepara-
ção técnica do atleta como o conjunto de ensinamentos que lhe são minis-
trados acerca do movimento e da ação que constituem o meio adequado à 
prossecução da competição desportiva ou à execução dos treinos.
De forma global, a técnica está asociada a um processo de movi-
mentos, atitudes e posições gerais do indivíduo, que se realizam com uma 
utilidade determinada. É uma sequência de movimentos baseados na física 
e na biomecânica, conforme descreve Cunha (2014). Na preparação téc-
nica, deve-se ter em mente que o objetivo é aprender a técnica esportiva 
de forma racional, utilizando, para tal, diferentes meios e métodos estabe-
lecidos pelo professor. Portanto, é considerada um processo que deve ser 
desenvovido a longo prazo e de forma sequencial, em que o aprendizado 
se dê em um ambiente real, ou o mais próximo disso. A execução técnica 
deve ser sempre aperfeiçoada, e a maneira de fazer isso se dá por meio 
dos treinamentos e aperfeiçoamento constante, sendo que a execução e o 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 194 –
aprimoramento técnico devem levar em conta a condição física adquirida 
pelo praticante/atleta (BARBANTI, 1979).
Na prática, a técnica do boxe pode ser definida como os golpes utili-
zados. Nesse caso, os socos: direto (golpe frontal), jab (golpe normalmente 
preparatório, mas que pode se tornar perigoso), cruzado (o alvo é a lateral 
da cabeça do adversário), upper ou gancho (desferido de baixo para cima 
no queixo do oponente) e o hook, um golpe desferido na linha da cintura do 
oponente. O jiu-jitsu envolve técnicas de estrangulamentos e chaves de arti-
culações com o intuito de imobilizar o agressor, sendo aplicadas por meio 
de uma luta de curta distância. As técnicas são utlizadas a partir do princípio 
da “alavanca” onde os golpes não necessitam de força, já que utilizavam a 
força do adversário contra ele. Portanto, trata-se de dois exemplos de lutas 
diferentes cujas técnicas são diferentes e, quando executadas de forma efi-
ciente, têm o poder de superar o adversário (Figura 7.3).
Figura 7.3 – Técnica do boxe
Fonte: Stock.adobe.com/master1305
A preparação tática consiste em achar o melhor meio para um indi-
víduo vencer uma competição ou atingir o melhor resultado (BARBANTI, 
1979), sendo altamente dependente da condição física e técnica. É por 
meio do treinamento tático que os atletas absorvem os métodos e possíveis 
formas de preparar e organizar as ações de ataque e de defesa para alcan-
– 195 –
Fundamentos teórico-práticos das lutas
çar um objetivo (por exemplo: marcar pontos, atingir uma determinada 
performance ou obter a vitória). Esse treinamento pode seguir teorias
geralmente aceitas, porém, é específico para cada modalidade. Algu-
mas priorizam mais os aspectos ofensivos, enquanto outras os defensivos/
contratacanso, sempre que possível, de acordo com planos táticos pré-
-estabelecidos. Barbanti (1979) defende que a base para um plano tático 
de sucesso, em qualquer esporte, está associada a um elevado nível de 
técnica aperfeiçoada.
Vale ressaltar que esse não pode ser considerado um processo 
“fechado”, uma vez que a tática pode ser alterada no decorrer do com-
bate, bem como nos intervalos da luta ou até mesmo durante a luta. A 
tática visa prever situações de defesa como de ataque tanto do adversário 
como do próprio atleta em busca de uma melhor eficiência no combate 
objetivando a vitória.
Destaca-se que toda a preparação apresentada depende muito de 
como será elaborado e implementado o programa de treinamento. O pla-
nejamento é a chave para o sucesso de qualquer modalidade e deve ser 
feito a partir de premissas fundamentais para sua consolidação com ante-
cedência, estabelecendo previamentea forma de aplicação da preparação 
física, as técnicas utilizadas, a preparação tática de acordo com as datas 
pré-estabelecidas das lutas.
Em relação aos métodos de treinamento, Barbanti (1979) e Dantas 
(2014) destacam alguns importantes a serem considerados no treina-
mento desportivo, sendo válido também para as lutas em geral, a con-
siderar os métodos: contínuo, no qual há aplicação de carga contínua; 
intervalado, que compreende cargas intervaladas; fracionado, no qual 
as cargas são divididas em módulos; circuito, que surtem efeito pela 
aplicação de cargas; e o adaptativo, que ocorre quando se utiliza outro 
fator estressante além do exercício.
Nas lutas, deve-se destacar ainda os treinamentos aeróbio e anae-
róbio, sendo ambos exigidos independentemente da modalidade definida 
e atrelados sobretudo ao condicionamento físico do praticante/atleta. 
O método aeróbio é entendido como um trabalho muscular com quanti-
dade de oxigênio suficiente, em que, após alguns minutos de carga, faz 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 196 –
com que o organismo estabeleça um equilíbrio entre o consumo e o gasto 
de energia, o chamado “steady state”. Esse tipo de treinamento, aeróbio 
ou de resistência cardiorrespiratória, é responsável também pela produção 
do aumento do fluxo sanguíneo central e periférico, bem como uma maior 
capacidade das fibras musculares de gerar maiores quantidades de ATP – 
Adenosina Trifosfato, conhecida fonte energética do músculo-esquelético, 
associada ao processo de contração muscular durante os esforços.
Em adição, o treinamento anaeróbio é o responsável pelo trabalho 
muscular que se realiza com quantidade de oxigênio insuficiente, isto 
é, com liberação de energia anaeróbica. Todo início de trabalho mus-
cular é anaeróbico, por isso, o organismo entra no chamado débito de 
oxigênio (BARBANTI, 1979).
Atividades
1. Como pode ser organizado o conteúdo de lutas na educação 
básica, mais especificamente, para os 6º e 7º anos?
2. Cite e descreva, de forma breve, as dimensões do conteúdo que 
envolvem o ensino das lutas dentro do contexto escolar.
3. Quais são os elementos de caráter universal das lutas que 
devem ser considerados em um programa de treinamento? 
Cite-os e descreva-os.
4. Em relação à preparação física, quais são as valências e/ou com-
ponentes que devem ser considerados na elaboração de um pro-
grama de treinamento específico para lutas? Descreva-os.
8
Tipos de Lutas
As lutas abrangem uma gama enorme de atividades nos 
seus vários sentidos e, para conceituá-las, é preciso conside-
rar diferentes aspectos estruturais, como suas classificações/
tipos. De fato, as diferentes manisfestações das lutas podem ser 
entendidas a partir de pontos de vista diferentes, a destacar: o 
esportivo ou, ainda, o marcial, guardando cada um desses suas 
características e objetivos próprios, que carregam consigo ao 
longo dos tempos, tendo passado por inúmeras transformações 
até o que vemos atualmente.
Nesse sentido, percebemos que, tanto as lutas quanto as 
artes marciais, ambas consideradas práticas corporais, sofreram 
um processo de ressignificação, afetadas pelos diversos contex-
tos socioculturais. É importante entender que, apesar de existi-
rem diferentes tipos de lutas ou artes marciais, uma das principais 
formas de diferenciá-las é por meio de suas classificações. Inde-
pendentemente do tipo e, mesmo tendo a classificação definida 
de forma similar, as lutas guardam, em si mesmas, suas próprias 
características, objetivos e finalidades que as distinguem.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 198 –
Portanto, conhecer as lutas em sua amplitude torna-se um fator essen-
cial, sobretudo ao perceber que existem diferentes maneiras de interpretá-
-las, contextualizando-as em um universo muito mais amplo que não se 
restringe somente à prática corporal e seus aspectos gerais.
8.1 Classificação das lutas
As lutas, assim como as artes marciais e as modalidades esportivas 
de combate, representam, em geral, um universo amplo de manifestações 
antropológicas de natureza multidimensional e complexa. Conforme des-
crevem Correia e Franchini (2010), as lutas são consideradas um conjunto 
de práticas socioculturais provenientes de um espectro diversificado de 
demandas históricas específicas, em que é possível identificar, de forma 
marcante, uma pluralidade de diferentes configurações sócio-culturais, de 
formas de expressão, de repertório técnico, de linguagens, de organização 
e, ainda, de institucionalização. Ao complementá-las, Paiva (2015) tam-
bém descreve as lutas como jogos regidos pela lógica da oposição entre 
duas ou mais pessoas, com objetivo variável, e características específicas 
e marcantes, em que o ataque se dá a qualquer momento, utilizando téc-
nicas específicas de ataque e defesa de alvo/oponente e a possibilidade de 
ataque simultâneo ou mútuo.
O fato é que as primeiras formas de lutas surgiram a partir da necessi-
dade de defesa ou ataque do homem, dependendo da situação, bem como da 
necessidade de explorar e conquistar territórios, sendo que essas manifesta-
ções sociais foram sendo transformadas ao longo dos tempos, de acordo com 
as necessidades que surgiam em cada um dos períodos da humanidade. No 
entanto, as lutas sempre marcaram seu território, ao serem muito importantes 
para a construção das sociedades. Dentre as manifestações sociais das lutas que 
merecem destaque, temos: as lutas em rituais (especialmente nos povos indíge-
nas), na preparação de exércitos para guerras (no Oriente e na Grécia Antiga), 
como um jogo, como um exercício físico (na Europa) e como forma de defesa 
e dissimulação (como a capoeira, no Brasil) (LACROSE; NUNES, 2015).
Gomes et al. (2010) e Mazzoni e Oliveira Júnior (2011) descrevem as 
lutas a partir de duas vertentes que podem ser consideradas uma maneira de 
classificação quanto ao surgimento histórico e sua localização geográfica, em 
– 199 –
Tipos de Lutas
que temos as lutas de origem oriental e as de origem ocidental. Embora, na 
atualidade, encontremos algumas fusões em estilos, tornando, de certa forma, 
difícil compreender a origem de fato. A seguir, você poderá ver alguns dos 
principais exemplos de lutas e seus respectivos locais de origem:
 2 orientais – surgem na Índia. Passam a desenvolver técnicas de 
respiração e combate. Suas lutas tinham formas bem organiza-
das. Como exemplo de lutas, temos: na Índia, kalaripayit; na 
China, wushu (kung fu ou boxe chinês), jeet kune do, tai chi 
chuan, pa kua, hsing-i; no Japão, karatê, judô, jiu-jitsu, ninjitsu, 
kendo, aikido, sumô; na Coreia, o taekwondo, tang soo do; na 
Tailândia, muay thai; em Israel, o krav maga.
 2 ocidentais – provém do pancrácio e do pugilato. Têm seu berço 
na Grécia e em Roma. Como exemplos de lutas, temos: nos 
Estados Unidos e na Inglaterra, wrestling, fullcontact, kickbo-
xing, boxe; no Brasil, capoeira, luta livre e muitas outras moda-
lidades produzidas e significadas em todo o mundo.
De forma global, segundo Duarte (2004) e Rufino (2015), os aspec-
tos universais, também conhecidos como características fundamentais das 
lutas, representam o ponto de partida para a classificação dos diferentes 
tipos de lutas, conforme mostra a Figura 8.1.
Figura 8.1 – Aspectos Universais das Lutas
Oposição Imprevisibilidade
En
fre
nta
me
nto
 fís
ico
Ní
ve
l d
e c
on
tat
o
Regras
Oponente móvel
Jogos de Luta
Ataque e Defesa Simultâneos
Fonte: adaptada de Rufino (2015).
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 200 –
Portanto, é importante entender que, independentemente do critério 
adotado para classificar a luta, esses elementos devem ser considerados 
como peças-chave para fazê-lo da forma mais assertiva possível, tanto 
na fase de iniciação quanto no desenvolvimento ou aperfeiçoamento, 
bem como levando em consideração os aspectos característicos indivi-
duais de cada tipo de luta. Nesse sentido, você verá, a seguir, uma breve 
descrição acerca de cada um desses elementos associados aosaspectos 
universais das lutas.
O enfrentamento físico está associado ao nível de exigência neces-
sário para o enfrentamento e o contato entre os oponentes que podem 
variar de acordo com a modalidade. O oponente móvel é compreendido 
como o ato das pessoas se enfrentarem em caráter de oposição uma à outra 
por meio de objetivos que variam de acordo com a modalidade, estraté-
gias definidas, em que a mobilidade é o fator-chave para a execução efi-
caz dos ataques, defesas e contra-ataques, quando necessário. O ataque e 
defesa simultâneos são entendidos aqui como ações executadas nas lutas, 
em que ambos os indivíduos que se enfrentam realizam ações tanto de 
defesa quanto de ataque de forma simultânea, não havendo diferenciação 
no espaço e no tempo dessas ações. O nível de contato é caracterizado 
pelas diferentes maneiras de tocar o oponente, sua fluidez, força, preci-
são e habilidades colocadas em prática na execução de um movimento 
tanto para ataque quanto para defesa. As regras são apresentadas de forma 
muito bem organizadas para cada modalidade para que as diferentes práti-
cas de luta possam ocorrer, mantendo, sobretudo a integridade/segurança 
de todos. A oposição é considerada uma das características mais marcan-
tes do processo, pois se diferencia das demais práticas corporais, uma vez 
que tem como objetivo/foco a outra pessoa como alvo a ser atingido. A 
imprevisbilidade é o entendimento de que nas lutas não é possível esta-
belecer, com precisão, como podem ocorrer todas as ações, uma vez que, 
a qualquer momento do combate, é possível ser surpreendido com alguma 
ação como um chute, um soco, ou uma queda, por exemplo.
Para refletir...
Existe uma grande quantidade de estilos de lutas no mundo, o que torna 
muito difícil o processo de ensino e estudo de todas. Vale ressaltar que as 
– 201 –
Tipos de Lutas
classifciações são uma maneira de auxiliar o estudo e o conhecimento de 
uma determinada luta e, dentre as diferentes possibilidades encontradas 
para fazê-la, entende-se a classificação através da realização das ações: 
curta, média, longa e mista, como uma das formas mais simples para 
uma compreensão adequada da luta em si.
 
Portanto, um dos aspectos que garante às lutas o caráter de organi-
zação e formalidade enquanto prática corporal é a sua classificação, que 
deve seguir critérios para tal definição, e que variam de acordo com a 
perspectiva ou foco, conforme será apresentado na seção a seguir.
8.2 Critérios de classificação das lutas
Quanto aos critérios de classificação das lutas, serão apresentados a 
seguir alguns daqueles mais utilizados, dependendo do foco que se dá a esse 
respeito. Breda et al. (2010) e Duarte (2004) destacam a classificação das 
lutas a partir da distância, elemento intrinsecamente associado aos aspectos 
universais, conforme apresentados na seção anterior. Vale destacar também 
que essa classificação pode ser aplicada aos diferentes níveis técnicos – da 
iniciação ao alto rendimento, de acordo com o apresentado a seguir:
 2 elementos de curta distância – caracterizados pela ação de 
“agarrar” o adversário (Figura 8.2).
Figura 8.2 – Lutas como judô 
e jiu-jítsu brasileiro mesclam 
elementos técnicos de curta 
e média distância. A curta 
distância é demonstrada na 
técnica de luta no solo do 
denominado jiu-jítsu brasileiro, 
onde o praticante de branco 
aplica uma técnica (sankaku) 
no oponente de preto
Fonte: Stock.adobe.com/Miljan 
Živković
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 202 –
 2 elementos de média distância – são aqueles cujas característi-
cas principais estão direcionadas ao toque em direção ao adver-
sário sem o uso de implementos (Figura 8.3).
Figura 8.3 – De média distância (judô). O-soto-gari é um dos golpes básicos e mais 
eficientes do judô, em que o judoca segura a gola e a manga e avança o pé do lado 
em que está segurando a manga. Com esse mesmo pé, é feito um gancho por trás da 
perna do adversário
Fonte: Stock.adobe.com/Africa Studio/Dusan Kostic
 2 elementos de longa distância – são definidos como aqueles que 
apresentam o manuseio e o domínio de implementos para sua 
execução (Figura 8.4).
Figura 8.4 – De longa distância (boxe). O cruzado é similar ao direto, mas desferido em um 
ângulo ligeiramente diferente para atingir a lateral da cabeça ou do torso do adversário
Fonte: Stock.adobe.com/Sergey Nivens
– 203 –
Tipos de Lutas
Em geral, as lutas podem ser consideradas características de distân-
cia mista, visto que essas diferentes distâncias acabam, por vezes, sendo 
utilizadas em diferentes momentos ao longo da luta, como ocorre, por 
exemplo, no boxe, em que a curta, média e longa distância se alternam.
 Saiba mais
Na classificação “categoria longa distância”, Figueiredo (1998) 
aponta algumas diferenças que devem ser consideradas, uma 
vez que utilizam implementos para sua execução/prática (por 
exemplo: kendo ou esgrima). Tal condição muda sensivel-
mente as suas características no que diz respeito à distância 
entre os oponentes. Além disso, é importante deixar claro que 
Breda et al. (2010) apresentam uma outra proposta relacionada 
à classificação das lutas, na verdade, uma readquação à sua 
proposta original, em que propõem a união das lutas corporais 
de curta e média distância em uma única categoria.
Ainda a respeito das classificação das lutas, Figueiredo (1998) traz 
uma outra proposta, embora apoiada na distância, como apresentado por 
Breda et al. (2010) e Gomes et al. (2010), na qual o autor compara essa 
classificação com a figura de um triângulo, em que cada vértice é consi-
derado uma dimensão das lutas corporais, que têm relação direta com os 
outros pontos. Nesse sentido, as estruturas que o formam são distância, 
ritmo e percepção (CARNEIRO et al., 2015). Ainda de acordo com os 
autores, no vértice que diz repeito à distância, ele entende que está ligado 
ao fato de se aproximar ou afastar do outro, de modo que, em determina-
dos momentos, é melhor atacar de perto e, em outros, mais afastado, exis-
tindo uma distância adequada para cada ação. O vértice do ritmo refere-se 
à cadência e como fazer para torná-la diferente. Por fim, há o vértice da 
percepção que está relacionado com a capacidade de identificar as situa-
ções, seja do ritmo, seja da distância.
Uma outra classificação interessante das lutas é sugerida por Car-
neiro et al. (2015), que se apoiam na organização administrativa para tal. 
Desse modo, tornam evidente que as lutas, também chamadas por eles de 
“lutas corporais”, podem ser classificadas em: olímpicas e não olímpi-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 204 –
cas. Quanto às modalidades de lutas corporais olímpicas, os autores des-
tacam as seguintes: judô, taekwondo, boxe amador, luta olímpica, karatê 
e esgrima, sendo aquelas que compõem o quadro de modalidades olímpi-
cas em 2020. Nas não olímpicas, os autores destacam que há um grande 
número, entre as quais estão: aikido, jiu-jítsu, kung fu e capoeira. Como 
fato a destacar para que uma luta seja considerada olimpica ou não, alguns 
aspectos devem ser observados, tais como: o esporte deve estar regula-
mentado por uma associação internacional; o número mínimo de países 
e continentes em que não deve ser praticado profissionalmente, tanto por 
homens quanto por mulheres; e a sua relevância em geral.
 Importante
Ao tratarmos de modalidades olímpicas, uma em particu-
lar merece destaque, o boxe, modalidade presente no rol dos 
esportes mais antigos do mundo. De fato, os primeiros registros 
de sua prática datam do Período Pré-Histórico, cujos registros, 
de formas rudimentares, de lutas com as mãos, evidenciam sua 
prática naquela época. Considerada uma modalidade carregada 
de simbolismo, expressão e, de fato, praticada em diversas cul-
turas, as lutas eram realizadas para a diversão e a autodefesa, 
sempre de forma espontânea e instintiva. A respeito do boxe 
em sua prática formalizada, relatos históricos indicam que a 
modalidade teria surgido cerca de4 mil ou 3 mil anos antes da 
Era Cristã, primeiramente no Egito e, depois, na Grécia, onde 
era conhecido inicialmente como pugilato, e teve sua inclusão 
pela primeira vez nos Jogos Olímpicos da Antiguidade na 23° 
edição da competição, no ano de 668 a.C. Vale destacar que as 
regras eram diferentes do que temos atualmente. Era permitido 
que os competidores lutassem com um protetor de tela metá-
lica em cada mão – o cestus. Entretanto, o boxe passou por um 
momento de “ostracismo” e seu desaparecimento momentâneo 
ocorreu antes mesmo do fim dos Jogos, em 394 d.C, quando foi 
proibida toda e qualquer prática associada ao boxe, sendo que, 
nos Jogos Olímpicos Saint Louis 1904, já na Era Moderna, voltou 
a integrar o quadro de modalidades olímpicas. Já com o nome 
– 205 –
Tipos de Lutas
de boxe, passou a ter sete categorias de peso. Em 1908, na 
edição seguinte dos Jogos, a luta ganhou o status de esporte 
olímpico (COB, 2020).
Fonte: Comitê Olimpico Brasileiro - COB. A história do 
Boxe. 2020. Disponível em: https://www.cob.org.br/pt/
cob/time-brasil/esportes/boxe/. Acesso em: 22 jul. 2021.
Em adição, Carneiro et al. (2015) apresentam um interessante qua-
dro no qual são apresentados alguns exemplos acerca da classificação das 
lutas corporais quanto à organização administrativa e à distância, con-
forme mostra o quadro a seguir.
Quadro 8.1 – Classificação das lutas corporais quanto à organização administrativa 
e à distância
Distância Olímpicas Não Olímpicas (exemplos)
Curta Judô (luta olímpica) Jiu-jítsu
Média Judô (luta olímpica) Aikido / Hapkido
Longa Boxe / Taekwondo Karatê / Kung fu / Capoeira
Alongada (*) Esgrima Kenjutsu / Haidong gumdo
(*) conforme sugerida por Breda et al. (2010) uma variação da luta de longa distância.
Fonte: adaptado de Carneiro et al. (2015, p. 733).
Ainda de acordo com os autores, essas classificações das lutas corpo-
rais em relação às suas resepctivas distâncias evidenciam que as lutas de 
curta distância ocorrem geralmente no solo; nas lutas corporais de média 
distância, há uma predominância de aproximação/pegada ao oponente ou, 
ainda, agarre, utilizado com técnica específica para tal; já as lutas corpo-
rais de longa distância apresentam necessidade de toques no adversário; e, 
por último, destacam as lutas corporais que utilizam implemento em uma 
nova categoria que denominam como alongada, o que é nada mais que 
uma adaptação da luta de longa distância, incluindo o implemento.
Figueiredo (1998) traz, ainda, uma outra proposta para a classificação 
das lutas baseado nos eixos ou nos aspectos táticos, e que Gomes et al. 
(2010) descreve como um tipo de classificação a partir da ação motora. 
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 206 –
De forma global, essa classificação é entendida como a capacidade do 
sujeito de coordenar de maneira integrada diferentes aspectos constituin-
tes da luta (espaço-tempo-oponente), buscando, nesse sentido, estratégias 
para romper o equilíbrio entre o ritmo, a distância e a percepção do outro 
e, assim, atingir os objetivos específicos de cada modalidade de luta, seja 
ela no campo esportivo ou marcial. Dessa forma, o autor evidencia que 
sua proposta surge a partir da noção de distância, estruturando, então, três 
categorias táticas de luta fundamentadas nos modos operacionais de com-
bate de cada modalidade, conforme será apresentado a seguir.
Ainda de acordo com o autor, os eixos táticos podem ser representa-
dos pela luta de agarre, lutas de impacto/toque e lutas mistas. Nesse caso, 
as lutas corporais de curta e média distância estão associadas às lutas de 
agarre, categoria em que o desenvolvimento de pegadas corporais, seja 
no solo, seja em pé, é essencial para a realização do combate. Por exem-
plo: judô, jiu-jítsu brasileiro, wrestling e hapkido.
Temos também as lutas de distâncias longa e alongada, que compõem 
o bloco tático das lutas de impacto/toque, que é uma categoria em que a 
realização de toques intermitentes no corpo do outro é essencial para a reali-
zação do combate. Vale ressaltar que essas lutas de impacto ou toque podem 
usar o corpo ou implementos para gerar o contato no adversário. No caso 
das lutas com implementos, eles aparecem como um prolongamento do 
corpo, ampliando o alcance dos golpes. São exemplos de lutas de longa dis-
tância: boxe, taekwondo, capoeira; e de lutas alongadas: kenjutsu, esgrima.
Por fim, há as lutas mistas, que têm o objetivo de trabalhar, de forma 
conjunta, as diferentes categorias de distância e de tomadas de decisão. 
Por exemplo: MMA e jiu-jítsu brasileiro.
Rufino (2015) ainda menciona um tipo de classificação cujo crité-
rio definido se dá a partir das ações realizadas durante o combate, sendo 
classificadas em: esperadas (previsíveis) e inesperadas (imprevisí-
veis). Ainda de acordo com o autor, esse tipo de classificação é apli-
cado em âmbito escolar, sendo que o processo ensino-aprendizagem, 
por meio desse tipo de ação, deve acontecer com cuidado, uma vez 
que as variáveis a serem controladas, sobretudo em ações inesperadas, 
acabam sendo mais difíceis.
– 207 –
Tipos de Lutas
Como ações inesperadas/imprevisíveis, o autor destaca alguns elementos:
 2 enfrentamento direto entre combatentes;
 2 alvo móvel;
 2 ações motoras: agarre, toque e agarre + toque;
 2 com ou sem imediação de implementos.
E, nas ações esperadas/previsíveis, os seguintes elementos devem 
ser considerados:
 2 elementos coreografados e repetitivos;
 2 caráter de demonstração;
 2 elementos e técnicas arranjados em sequência preestabelecida;
 2 ausência de oposição direta (por exemplo: katas do karatê 
e/ou judô);
 2 mais presentes em treinamentos de refinamento técnico/do estilo.
 Saiba mais
Vale destacar que as atividades de demonstração e de ações 
esperadas, segundo Rufino (2015), podem ser divididas em 
individuais e coletivas. As atividades individuais são as mos-
tras de lutas individuais. Por exemplo: mostra de uma arma no 
kung fu – lança ou qiang, que também é conhecida como “rei 
das armas”. Por outro lado, uma ação esperada coletiva, como o 
próprio nome diz, trata-se de uma mostra coreográfica de dois 
combatentes, ou seja, uma oposição controlada e treinada, sendo 
ainda possível essa prática voltada para grupos maiores, como 
ocorre no karatê em grupo, em que os participantes realizam 
juntos todos os tipos de golpes planejados ao mesmo tempo.
Embora existam diferentes critérios e maneiras de classificar as 
lutas, o importante é selecionar aquela que melhor se enquadre na pro-
posta lançada pelo professor, conhecido, no meio das lutas e artes mar-
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 208 –
ciais, como “mestre”, no seu processo ensino-aprendizagem, visando 
oferecer aos praticantes/alunos o melhor conhecimento possível acerca 
da modalidade praticada.
8.3 Diferentes modalidades e conteúdos das lutas 
De fato, são inúmeras as modalidades de lutas existentes, podendo 
ser divididas em: lutas, artes marciais e modalidades esportivas de com-
bate. É importante ressaltar que apresentam diferenças marcantes entre si. 
No caso das lutas e das modalidades esportivas de combate, são definidas 
como aquelas que não possuem um objetivo ou filosofia, geralmente aque-
las que foram criadas mais recentemente. Por outro lado, as artes marciais 
têm um objetivo e uma filosofia em que buscam formar um homem e 
uma sociedade melhor. De forma global, independentemente disso, todas 
elas visam a formação integral do homem por meio de principios éticos e 
morais fundamentais para essa prática, compreendendo o oponente/adver-
sário como importante para o processo e que a violência não deve ser o 
objetivo das práticas corporais de luta.
Ferreira (2006) descreve a importância da inserção das lutas no desen-
volvimento motor e, ainda, na formação integral do cidadão. De forma 
geral, as lutas são capazes de desenvolver no indivíduo não somente o 
aspecto motor, que é, sem dúvidas, privilegiado, mas também psicomo-
tores, taiscomo: a lateralidade, a coordenação global, a noção espaço-
-temporal, e a noção/domínio corporal. Vale destacar que outras capaci-
dades físicas podem ser contempladas, dentre as quais se destacam: força, 
agilidade e resistência. Uma das possibilidades que fundamentam esse 
desenvolvimento, ainda de acordo com o autor, deve-se ao fato das lutas 
trabalharem, de forma geral, todos os movimentos motores fundamentais 
do indivíduo (correr, saltar, andar, lançar, etc.). Em relação à formação 
do cidadão, segundo Ferreira (2006), destacam-se os aspectos afetivo e 
social observados em alguns aspectos importantes da prática das lutas, 
como a reação a determinadas atitudes, a postura social, a socialização, a 
perseverança, o respeito e a determinação. Além disso, vale lembrar que 
as lutas desenvolvem, de maneira significativa, a parte cognitiva do indi-
víduo, uma vez que a necessidade de implementação de estratégias torna-
– 209 –
Tipos de Lutas
-se um dos fatores que contribuem para tal aspecto, pois a própria dinâ-
mica da execução dos gestos e movimentos das lutas leva seus praticantes 
a desenvolverem, de forma efetiva, a memória, a concentração, além da 
tomada de decisão. Tais estratégias são importantes sobretudo em esportes 
individuais, como é o caso das lutas.
Ainda em relação à classificação das lutas, um dos objetivos ao classi-
ficar as lutas e as artes marciais é compreender, detalhadamente, seus aspec-
tos comuns e diferenças. Conforme visto na seção anterior, existem muitas 
maneiras de fazê-lo: a partir da ação motora envolvida, da distância entre os 
oponentes ou do seu surgimento histórico. A pluralidade e as manifestações 
corporais envolvidas nas lutas são inúmeras e fechar-se em uma única forma 
de classificá-las seria algo restrito frente a essas possibilidades.
Entretanto, para apresentar as diferentes modalidades e seus respecti-
vos conteúdos, selecionamos a classificação a partir da concepção ou ação 
motora, descrita por Figueiredo (1998) e Gomes et al. (2010) como uma 
interessante maneira de contextualizar a luta a partir de elementos que 
estão presentes na prática da modalidade. Desse modo, apresentaremos as 
três categorias presentes nas lutas: ações de agarre, como o judô, o jiu-
-jítsu brasileiro e o sumô; as ações baseadas em golpes, como o karatê, o 
taekwondo e o boxe; e as ações baseadas em golpes (com a utilização de 
implementos), como é o caso da esgrima e do kendo.
 Saiba mais
A prática das lutas deve considerar também a intenção como 
um importante elemento que, de acordo com Rufino e Darido 
(2015), tem como objetivo atingir uma determinada meta que se 
busca ao atingir o alvo, ou seja, a intenção ao fazê-lo, que pode 
ser: direta ou indireta. Na intenção direta, a finalidade da luta 
pode ser, por exemplo, segurar ou tocar o “alvo” para marcar 
ponto ou terminar o combate, ou seja, quando o oponente é o 
final da intenção. Na intensão indireta, as ações de tocar e segu-
rar são um meio para finalizar o combate, sendo o oponente 
considerado o meio para uma outra finalidade, podendo ser 
executada por meio de uma projeção, de uma exclusão ou de 
um nocaute (quando o adversário é golpeado até cair no chão).
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 210 –
Você verá, a seguir, algumas das principais lutas e seus conteúdos em 
cada uma das classificações anteriormente apresentadas (de agarre, base-
ada em golpes sem e com a utilização de implementos).
a) Lutas com ações de agarre: as ações de agarre são relacionadas 
às práticas de curta distância e envolvem o ato de agarrar o opo-
nente tanto defensivamente como ofensivamente. É importante 
deixar claro que as regras de ação de agarre mudam de acordo 
com o estilo da luta, podendo ser permitida tal ação ou não, 
dependendo exclusivamente das regras. Normalmente, são prá-
ticas cuja ação permite a utilização de um agarre na própria ves-
timenta, conhecido como kimono ou judogi, no judô, e podem 
ainda serem utilizadas como “arma” ou “escudo” durante a luta 
(FIGUEIREDO, 1998). A seguir, são apresentados alguns exem-
plos de lutas cuja ação básica envolve o ato de agarrar, segurar e 
aproximar-se do oponente visando o enfrentamento.
Jiu-jítsu
A prática considerada oriental surgiu no Japão quando os monges 
budistas criaram técnicas de defesa pessoal pelo fato de que, em função 
da religião, não era permitido utilizar armas para se defender dos roubos e 
agressões. Pouillart (1999) descreve que o significado das duas palavras é 
o mesmo, bem como o ideograma usado em japonês para escrevê-las (“ju” 
signifia “suave” e “jítsu”, “arte” ou “técnica”).
Essas técnicas envolviam estrangulamentos e chaves de articulações 
com o intuito de imobilizar o agressor, sendo aplicadas por meio de uma 
luta de curta distância. As vantagens dessas técnicas eram que os gol-
pes não exigiam força, já que utilizavam a força do adversário contra ele 
mesmo, o que consiste no “princípio da alavanca”. Além disso, não eram 
utilizados socos ou chutes, não indo contra a religião dos monges que, 
portanto, podiam se defender. Diversas lutas e artes marciais surgiram a 
partir do jiu-jítsu, com técnicas basilares parecidas em alguns aspectos, 
dentre as quais se destacam: o judô, o sumô, o karatê, o kempo, e o aikido. 
Quanto à indumentária utilizada no jiu-jítsu, é composta por jujutsugi e 
faixa, e as lutas são divididas em categorias de peso, faixa e idade. As lutas 
são realizadas em tatame e têm seu início em pé. Os atletas usufruem de 
– 211 –
Tipos de Lutas
técnicas de arremesso e projeção a fim de deslocar o centro de gravidade 
do oponente, causando um desequilíbrio e, consequentemente, a queda do 
oponente (uke) ou a projeção. O vencedor da luta será aquele que finalizar 
o oponente por submissão ou alcançar o maior somatório de pontos (CBJJ, 
2019 apud. OLIVEIRA JUNIOR, 2019). Em relação aos princípios ope-
racionais, o jiu-jítsu é considerado de intenção direta, pois o objetivo final 
da ação é atingir o adversário de diferentes formas, com destaque para téc-
nicas como chaves em algumas articulações, bem como golpes de estran-
gulamento no pescoço, visando a desistência ou a submissão do oponente.
Correa et al. (2010) descrevem que, diferentemente do que ocorre 
com o judô, o jiu-jítsu não é considerado uma modalidade olímpica. O jiu-
-jítsu envolve o método Menkyo, responsável pela classificação de atletas, 
que é adotado pelos estilos mais tradicionais do ensino do jiu-jítsu. Esse 
é considerado um método que realiza a divisão dos praticantes aprendizes 
levando em consideração seu desempenho com determinada sequência de 
cores. O sistema de graduação por faixas no jiu-jítsu foi criado com a 
proposta inicial de uniformizar e facilitar o ensino e a prática do jiu-jítsu 
brasileiro para todas as idades e gêneros, como você pode observar na 
figura a seguir, separando tipos de classificação diferentes para diferentes 
faixas etárias. O sistema de graduação também é muito útil nas competi-
ções (CORREA et al., 2010).
No jiu-jítsu, temos as movimentações específicas, a considerar: a 
queda ou projeção; a passagem de guarda; o joelho na barriga; a montada; 
a pegada pelas costas; e a raspagem (IBJJF, 2014).
Judô
Idealizada pelo mestre Jigoro Kano, a luta surgiu no Japão, em 
1882. É considerada uma arte milenar trazida ao Brasil por Conde 
Koma, cujo nome seria Mitsuyo Maeda. De acordo com Janicot e Pou-
illart (1999), apesar de ter aparecido anos após a entrada dos primeiros 
imigrantes japoneses, o Conde Koma, primeiramente, foi aos Estados 
Unidos como enviado especial da Kodocan para divulgar o judô, jun-
tamente de quatro lutadores importantes: Tomita, Sakate, Ono e Ito. 
Percorreram desde os Estados Unidos, América Central até a América 
do Sul e, por fim, chegaram ao Brasil.
Teoria e Fundamentos de Natação e Lutas
– 212 –
A modalidade tem como base os valores éticos e humanitários pro-
fundos, tendo como objetivo o equilíbrio entre o corpo e a mente a partir 
de disciplina e

Mais conteúdos dessa disciplina