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VOCÊ SE IDENTIFICA COM ESSES PROBLEMAS? 1. Tenho dificuldade em evoluir com meu aluno! Como fazer? 2. Não sei como construir movimentos! Que recursos utilizar? 3. Me falta repertório para trabalhar com pessoas mais frágeis! Onde posso conseguir? 4. Por onde eu começo com meu aluno? 5. Tenho dificuldade em avaliar a qualidade do movimento no meu aluno! Como posso melhorar minha capacidade analítica? 6. Não tenho muitos recursos de aparelhos! Há possibilidades de trabalhar de forma diferente? Se você se identifica com um ou mais desses problemas, eu tenho certeza que esse material vai poder te ajudar!! Para que isso aconteça eu preciso que você leia atentamente todo o material e veja em detalhes os princípios de como organizar um processo didático pedagógico para o seu aluno. Está preparado? Antes de começar com o conteúdo propriamente eu quero lhe fazer um convite: leia atentamente a minha história pessoal dentro do Pilates, eu tenho certeza que ela vai te INSPIRAR!!! Então, bons estudos!!! A MINHA HISTÓRIA Meus primeiros MESTRES foram meus pais, quase todas as experiências mais marcantes da minha vida são acompanhadas, física, psíquica e espiritualmente da PRESENÇA deles! Das mais primitivas e elementares das experiências até as mais elaboradas, sinto que bem no fundo da minha ALMA moram sentimentos que guiam meus passos, como anjos da guarda, ressoando em mim as palavras de CARINHO, INCENTIVO, CONFIANÇA, PERSEVERANÇA, CUIDADO e AMOR. No fundo eu sei que essa é a base da minha AUTO-CONFIANÇA e principalmente daquele sentimento de fundo que me diz o tempo todo: VÁ EM FRENTE, TUDO VAI FICAR BEM, VAI DAR CERTO! Mesmo quando o cenário se apresenta com muita adversidade gerando MEDO. Então nossa vida acaba se tornando uma colcha de retalhos de primeiras experiências que irão determinar e guiar a música que iremos dançar, ou a luta que iremos lutar, ou o jogo que iremos jogar, ou o filme que iremos encenar. PAIXÃO Ainda bem jovem, pois todos nós somos obrigados a decidir o futuro de nossas vidas profissionais com praticamente 18 anos, me deparei com um dilema. Cursava o 4° ano de Engenharia Mecânica e tinha 22 anos, depois de fazer alguns estágios na área comecei a perceber que esse não era o caminho que eu queria para a minha VIDA. Na época, me lembro bem, era APAIXONADO por esportes e pelo movimento, especificamente pelo jogo da CAPOEIRA. Me lembro da primeira experiência que tive com a CAPOEIRA! Tinha por volta de uns 8 a 10 anos, e fui ver meu PAI jogar bola em uma quadra de futebol de salão. Ao lado dessa quadra havia uma sala onde comecei a ouvir uma música cuja cadência era regida pelo som de um tambor (atabaque). Aquela música me conduziu para dentro da sala, meu coração pulsava e meu corpo vibrava no mesmo ritmo da música envolvente. Foi então que me deparei com a PLASTICIDADE e o DOMÍNIO dos movimentos de dois capoeiristas. Fiquei PARALISADO vendo aquilo! O que mais me impressionava era a capacidade de conexão de movimentos, uma linguagem corporal que exigia destreza e muita HABILIDADE. Mais tarde, com o apoio da minha família, deixei minha PAIXÃO construir meu caminho e larguei o curso de Engenharia Mecânica para cursar Educação Física, me tornando assim um Professor de CAPOEIRA. Com essa lição bem clara na minha mente, de que todo caminho profissional deve ter a PAIXÃO como o sentimento de fundo, além da CAPOEIRA decidi procurar outra modalidade para complementar minha renda e minha vida profissional de EDUCADOR PELO MOVIMENTO. Confesso que tentei várias modalidades de GINÁSTICA e ESPORTES, nenhuma delas me empolgava, inclusive o próprio “PILATES” que comecei a estudar, inicialmente, também não alimentava meu ESPÍRITO e meu CORAÇÃO. A MINHA HISTÓRIA O MOMENTO DA VIRADA Certo dia, um amigo que fazia aulas de Pilates em um estúdio TRADICIONAL me convidou para ver o seu treino. Me lembro como se fosse hoje, entrei no estúdio e fui apresentado ao Professor que iria ministrar a aula, sentei em uma cadeira imaginando que iria ver algo que já conhecia e estava acostumado. No fundo eu não tinha a menor ideia que poderia me surpreender com alguma coisa que eu já fazia! Pois bem, a aula começou, era uma aula privada e logo de saída uma coisa me colocou em ALERTA: os movimentos tinham uma conexão entre si, meu amigo não parava de se mexer em nenhum momento! Essa experiência me remeteu EMOCIONALMENTE à CAPOEIRA. Isso me colocou em um ESTADO DE ATENÇÃO TOTAL! Eu comecei a acreditar que poderia me surpreender com o que estava por vir. Nesse momento meu ESTADO DE ESPÍRITO já estava diferente, cada detalhe daquela aula era analisado como se eu estivesse diante de um prato de comida, faminto! Então muitas coisas passaram a ser reveladas diante de mim: - Construção de movimentos. - A importância da qualidade dos movimentos (flexibilidade, o nível de energia empregado, a suavidade, a força muscular, a fluidez, o ritmo, a leveza, o vigor). - Como a individualidade dava VIDA aos movimentos. - Era notável a presença de um MÉTODO. Além disso tudo, e essa foi uma das coisas que mais me chamou a atenção, pude perceber o nível de integração e intimidade que meu amigo possuía com o aparelho de Pilates (no caso em questão o Reformer). Cada centímetro do aparelho estava completamente integrado em sua imagem corporal. Como um músico, que manuseia seu instrumento sem precisar olhá-lo, corpo, mente, espírito e instrumento de trabalho harmonizavam-se em uma unidade. UAHUUUUUUUUUU!!!!! FIQUEI EM EXCTASE!!!!! NUNCA TINHA VISTO AQUILO!!! Tive a nítida impressão de que nunca havia trabalhado com PILATES na minha VIDA! Rapidamente a percepção de que EU TINHA DIANTE DE MIM uma proposta de MOVIMENTOS coerente com tudo aquilo que eu acreditava e procurava era clara e cristalina. A MINHA HISTÓRIA Ou seja, uma forma de se movimentar não-violenta, que respeita a individualidade das pessoas, acessível a todas as idades, inteligente, com princípios e valores claros apoiada em uma proposta de saúde ampla. Desde então decidi concentrar todas as minhas energias em um único foco – Pilates clássico. Infelizmente, esse cambiante mercado do fitness transfigurou o Pilates em alguma coisa hoje praticamente irreconhecível. Por essa razão, assumi o compromisso minucioso de garimpagem de tudo aquilo que é essencial e atemporal no trabalho construído por Joseph Pilates, um verdadeiro patrimônio da humanidade que deve ser preservado e compartilhado. Para tanto, não meço esforços e investimentos em viagens e pesquisa, me mantendo próximo de professores da velha guarda que levam à frente essa riquíssima tradição. Hoje gasto a maior parte do meu tempo pesquisando, estudando e treinando para que eu possa cada vez mais, organizar e sistematizar conteúdo, para que você tenha facilidade em entender, de forma clara e objetiva, o que é o método Pilates em sua proposta tradicional, e como esse método tem o poder de transformar vidas. Essa é a minha missão profissional! Esse material é mais uma oportunidade de te ajudar nesse sentido. Você deixa eu te guiar pelas mãos? Sócio-proprietário da Escola de Pilates Clássico Taiken. Licenciado em Educação Física (2002) pela Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Especialista em biomecânica da postura e do movimento (método GDS) – pelo Instituto Philippe Campignion (2016). Certificação em Pilates Clássico - METROPOLITAN AUTHENTIC TRAINING 2017 e 2018 (M.A.T Pilates), EUA(WA - Seattle). Um dos Idealizadores do primeiro evento no formato de um Retiro em Pilates – Your Health Pilates Retreat – que acontece todo ano no mês de junho no interior de São Paulo. Coordenador do curso de Pós-graduação em Pilates Clássico na UNISEPE – União das instituições de Serviço, ensino e pesquisa LTDA. OBJETIVOS • Aprender a construir movimentos em todos os planos de direção de forma inteligente. • Entender princípios para a construção pedagógica dosmovimentos no Pilates. • Melhorar a sua capacidade analítica dos movimentos. • Aumentar o seu repertório de exercícios de pré-Pilates sem o recurso de aparelhos caros. • Obter mais recursos para o trabalho com pessoas mais frágeis. SUMÁRIO: 1. O Método Pilates: princípios e fundamentos da sua organização. 2. Técnica de movimento do Método. 3. Princípios básicos de cinesiologia para a construção dos movimentos. 4. O enrolamento (Flexões da coluna) 5. O endireitamento (Extensões da coluna) 6. Torção (Rotações da coluna) 7. Unidade inferior (O que fazer? Como preparar seu aluno?) 8. 7) Unidade Superior (O que fazer? Como preparar seu aluno?) 9. Referências bibliográficas. 1 ) O M ÉT O D O P I L AT E S P R I N C Í P I O S E F U N D A M E N T O S D A S U A O R G A N I Z A Ç Ã O . 5) - O Método Pilates. O retorno à vida através da contrologia foi o título do segundo livro publicado por Joseph Pilates em 1945. Muito mais do que um título de livro, nosso mestre tinha como objetivo central de seu método de exercícios fazer com que as pessoas pudessem resgatar o prazer e a alegria de viver e se movimentar, dentro de um processo de integração do homem com ele mesmo (CORPO, MENTE e ESPÍRITO). Para tanto, Joseph Pilates organizou um método de trabalho que busca o resgate de movimentos primários, ou seja, a reconstrução da trajetória do desenvolvimento motor humano, revendo todos os processos primários vivenciados por nosso corpo, no diálogo entre sistema nervoso central e meio ambiente. Essa ideia, elaborada por Joseph Pilates nas duas primeiras décadas do século XX está em ressonância com outros métodos de condicionamento físico e reabilitação motora que buscam o desenvolvimento de estratégias corretivas baseadas nos estágios da maturação neuromuscular do sistema locomotor, um dos princípios que norteiam os trabalhos de Pavel Kolar, da Escola de Reabilitação de Praga, por exemplo. Então a primeira coisa muito importante que você precisa saber é: AFINAL DE CONTAS, O QUE É O MÉTODO PILATES? 5) O método Pilates O primeiro conceito que deve estar bem claro para quem pesquisa e quer se aprofundar é o significado da palavra MÉTODO, veja duas definições: “Conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim” (Galliano, 1979); “Procedimento racional arbitrário de como atingir determinados resultados (...). Na ciência, os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo pré-estabelecido” (Ferrari, 1982); Logo, quando dizemos que o Pílates é um método significa assumir que há um caminho a ser percorrido, um processo a ser vivido dentro de uma sistematização de movimentos pensada por Joseph Pilates. Essa sistematização respeita princípios e leis que regem todo o processo de maturação da coordenação motora. São elas: - Céfalo-caudal/próximo-distal. - Enrolamento/endireitamento. - Torção/tensão. • Céfalo-caudal/próximo-distal. Todo o processo da aprendizagem, tanto corporal, quanto intelectual parte da mesma lei céfalo-caudal/próximo-distal. Progressão céfalo-caudal: o desenvolvimento motor segue uma progressão partindo da cabeça, seguindo da cintura escapular, abdominal, pélvica até aos membros inferiores. É necessário um ano para a criança alcançar uma mobilidade dependente. Exemplo: o período neonatal, os bebês controlam primeiro a musculatura da cabeça, pescoço e tronco e só mais tarde das pernas e dos pés. Progressão próximo-distal: controle da musculatura do centro do corpo às extremidades. Acontece em relação aos processos de crescimento do corpo e nos ganhos de habilidade motoras. Estas leis regem todo o processo de maturação física e cognitiva do indivíduo. Em cada fase do desenvolvimento a criança passa por determinados processos de maturação e em cada uma delas precisa de três tipos de ações: - Querer fazer – a necessidade desperta o desejo; - Poder fazer – é preciso que tenha aptidões físicas e psíquicas para realizar o que quer; - Saber fazer – é preciso que tenha as capacidades cognitivas adequadamente desenvolvidas para aquela fase. Qualquer impedimento em uma dessas ações comprometerá todo o seu desempenho. • Enrolamento/endireitamento. No desenvolvimento humano observamos as mudanças no comportamento motor que envolvem tanto a maturação do sistema nervoso central, como a interação com o ambiente e os estímulos dados durante o desenvolvimento da criança. Segundo (Béziers & Hunsinger, 1994), desde que nascemos certas posições são acompanhadas por sensações de bem-estar. Essas posições são aquelas em que a criança está reagrupada sobre sí mesma, são dessas posições que vão depender o desenvolvimento psicomotor da criança. Ao apoiar-se em seu “enrolamento” a criança vai organizar, mais tarde, o endireitamento necessário para sentar-se e depois ficar em pé e andar. No endireitamento, os músculos da parte posterior do tronco, os extensores das costas, podem ser considerados uma espécie de mola; eles se apoiam nos músculos do enrolamento para endireitar o tronco. O enrolamento-endireitamento garante a harmonia e o equilíbrio ântero-posterior do corpo. • Torção/tensão. Para compreender a complexidade e a riqueza da coordenação motora é preciso conhecer melhor os músculos que conduzem a torção-tensão. Certos músculos passam por mais de uma articulação e são os organizadores do movimento porque a contração de um deles provoca a contração do músculo seguinte. Eles são chamados “músculos condutores”. Esses músculos longitudinais unem, sem interrupção funcional, membros e tronco em uma unidade. Por suas inserções e pela direção do seu trajeto, os músculos condutores farão uma articulação girar para dentro e uma outra girar para fora, num movimento de torção cujo resultado será o que chamamos de tensão. (Béziers & Hunsinger, 1994) Podemos ilustrar essa configuração anatômica com a imagem de uma toalha, se torcermos uma toalha, chegaremos a um ponto em que ela se dobra. O trabalho conjunto de nossas articulações, tecidos musculares e ossos produz o mesmo efeito, em função da oposição dos polos esféricos, presentes nas extremidades de cada membro do corpo humano. A esfera das mãos torce em sentido contrário à esfera do ombro, onde se localiza o úmero – a porção do braço entre o ombro e o cotovelo gira no seu eixo na direção da linha mediana do tronco, enquanto as mãos se dirigem para fora; Analogamente, os pés se pautam pela linha mediana do eixo corporal, contra a cabeça do fêmur que gira para fora. Braços e pernas não agem simplesmente como dobradiças de uma porta; eles proporcionam aos nossos sentidos imagens tridimensionais e integradas. (Bertazzo, 2014) No Pilates clássico fazemos com que as pessoas voltem a experienciar todo um repertório de movimentos PRIMÁRIOS que foram vividos e, muitas vezes, desorganizados. Por isso dizemos que o Pilates possui um método de trabalho, isso significa que há um caminho a ser percorrido, um processo a ser vivido. O aluno de Pilates só tem a perder caso seja sacrificada uma das etapas do seu percurso. O repertório de exercícios do sistema básico, tanto no Mat quanto no Refomer, são estruturados para que o aluno organize sua curva “C” (enrolamento) e o que entendemos pelo conceito de “caixa de alinhamento”, ou seja, um quadrado imaginário formado pelas linhas horizontais que vão de ombro a ombro e quadril a quadril, assim como os paralelos ombro a quadril (veremos com mais detalhe esse conceito no módulo 4 desta disciplina). Organizada a curva “C” com uma coluna já mais flexível e uma musculatura anterior um pouco mais forte, iniciamos um trabalho mais específico de fortalecimento da cadeia paravertebral (endireitamento). No repertório de exercícios do sistema intermediáriocomeçamos a introduzir o aluno nas extensões da coluna e respectivamente nas flexões laterais e rotações. Após um longo processo no nível intermediário e com as técnicas dos exercícios já bem consolidadas, iniciamos outro processo no nível avançado, integrando planos de movimento de forma mais atlética. Outro ponto importante na metodologia são as transições das posições de decúbito para as posições semiajoelhadas, ajoelhadas e verticais, onde os trabalhos de squats (agachamentos) e cadeiras irão reeducar nossos alunos a se VERTICALIZAR a partir de uma boa base (pés). Não à toa o primeiro aparelho criado por Joseph Pilates foi um aparelho para os pés, o FOOTCORECTOR. Pois é! Nosso mestre era ou não um cara muito além de seu tempo? Ação dos músculos condutores: sartório, iliopssoas e tibiais. O joelho dobra porque as coxas, em sua junção com a bacia, torcem para fora, ao passo que as tíbias e os pés criam uma oposição, torcendo para dentro em direção à linha mediana do corpo. É no sistema básico que plantamos a semente que gera os frutos da qualidade dos movimentos do sistema intermediário (extensões e torções), pois a ação bem coordenada do enrolamento do tronco (oposição entre o osso sacro e o occipital) é que amplia a força dos extensores para retornar à verticalidade (endireitamento), mantendo a largura das escápulas, costelas e asas ilíacas. Enrolamento Endireitamento Assim como a qualidade da torção dependerá essencialmente da estruturação prévia dos músculos que geram o enrolamento, pois a torção, quando ocorre em um tronco fixado em extensão, pode causar problemas à coluna vertebral. Todo Professor de Pilates deve entender essa organização pedagógica para conseguir estruturar processos eficientes de construção de movimentos! Abaixo você verá outras considerações sobre o enrolamento que serão trabalhadas posteriormente nos módulos sobre as unidades superior e inferior. UNIDADES DE ENROLAMENTO Nos textos anteriores eu destaquei de maneira clara a importância do enrolamento como um princípio organizador da estrutura pedagógica do método Pilates. O movimento de enrolamento e endireitamento é um movimento fundamentalmente humano e engana-se quem pensa que ele acontece somente no tronco! Na verdade outras estruturas como nossas MÃOS e nossos PÉS também apresentam essa mesma capacidade. Não à toa, no sistema básico desenvolvemos uma educação de movimentos para pés e mãos, utilizando pequenos acessórios como o FOOT CORRECTOR e o SEND BAG, coordenando ações musculares que buscam desenvolver o enrolamento da mesma forma que em nosso tronco. FOOT CORRECTOR - Ora, todos sabemos que Joseph Pilates tinha uma preocupação com os pés de seus alunos (sobretudo no caso dos bailarinos), não à toa, seu primeiro equipamento foi construído em 1923 e chamava-se FOOT CORRECTOR. Este equipamento, apesar de ser de grande valia e ter uma importância histórica muito grande dentro do método, é muito pouco conhecido e utilizado na maioria dos estúdios de Pilates pelo Brasil. O foot corrector foi criado para fortalecer os pequenos músculos e articulações dos pés, dando-lhe estrutura para que se tenha um pé funcional no sentido do amortecimento do peso corporal, assim como na propulsão do chão. Eis a lição BÁSICA proposta em todo processo introdutório no método Pilates: Faça seu aluno associar trabalho de pés, com organização de quadril e tronco, utilizando os músculos do power house de maneira SUFICIENTE para manutenção de um bom alinhamento postural. SEND BAG – Acessório simples, compõe-se de um pequeno bastão de 40cm com um cordão de 50cm afixado em seu centro, e na outra extremidade, um peso de areia. O exercício feito com esse acessório consiste em girar o bastão, ENROLANDO o cordão até o final, e depois executar o movimento inverso. O trabalho dos músculos flexores e extensores do punho e da mão é muito intenso e efetivo recomendado também para quem necessita de um grande nível de força de preensão, como esquiadores, tenistas, esgrimistas, lutadores, etc. (Filho & Garcia, 2012). Além disso, com este acessório podemos coordenar um movimento fino de enrolamento das mãos, associado à organização dos MMSS e principalmente da cintura escapular em conexão com o tronco (caixa torácica), movimento este tão importante para o desenvolvimento da nossa escrita! No SISTEMA BÁSICO ensinamos nossos alunos a organizar os membros e o tronco para funcionarem como uma unidade de coordenação, ou seja, percebendo a conexão entre cada segmento dentro do gesto motor justo e harmônico. PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO DO MÉTODO PILATES: • Progressão de planos de movimento - Sagital, Frontal, Transversal. • Progressão das posições do corpo no espaço: deitado, quadrupedia, sentado, semi-joelhos, ajoelhado, em pé. • Progressão dos tipos de movimento: Flexões; extensões; flexões laterais; torções; hiperextensões; integração de movimentos. (Sendo o movimento do enrolamento a base para a organização dos movimentos subsequentes) • Essa sistematização respeita princípios e leis que regem todo o processo de maturação da coordenação motora. 2 ) T É C N I C A D E M O V I M E N T O O S T R Ê S C O N C E I T O S F U N D A M E N T A I I S Além de tudo o que foi exposto até agora, o método Pilates possui uma característica particular quanto à qualidade e organização dos movimentos, aqui estou me referindo ao conceito de TÉCNICA, definida por (Galliano, 1979) como o “modo de fazer de forma mais hábil, mais seguro, mais perfeita algum tipo de atividade, arte ou ofício”. A técnica dos movimentos no Pilates deve respeitar outros três conceitos claros, são eles: box aligment (caixa de alinhamento) Two way stretch (vetores de força em oposição) conecting to the back (conexão da periferia com o centro) Box aligment (caixa de alinhamento) Nosso corpo possui uma representação em imagem que fica gravada em nossa psique, esse duplo corporal caracteriza-se por uma representação tridimensional que nos informa a todo instante, por imagens, as relações do nosso corpo no espaço, o que sentimos e percebemos dele, assim como do mundo que está ao nosso redor. O conceito de caixa de alinhamento refere-se a uma condição de alinhamento e simetria corporal, ancorada em uma representação da geometria dos segmentos corporais, que será exigida em todos os movimentos propostos no método Pilates. Mas antes de tudo, refere-se a uma atitude de rigor mental, durante a execução dos gestos e movimentos, que organizam nossa geometria corporal, harmonizando sempre a forma das nossas estruturas corporais e suas funções. Em outras palavras, perceber o corpo como uma unidade composta de formas geométricas tridimensionais que se relacionam, ajuda o praticante de Pilates a organizar melhor os seus movimentos. Two way Stretch – se movimentar construindo linhas de força com vetores em oposição. No Pilates, ensinamos o corpo dos nossos alunos a lutarem contra a gravidade sempre construindo conexões musculares com vetores de força em oposição, o que chamamos de – two way stretch. Nenhum crescimento axial pode ser realizado quando iniciamos esse crescimento a partir do topo da cabeça! Contudo, esse princípio de organização do gesto motor no Pilates é uma forma de se movimentar que deve estar presente em todos os exercícios, sejam eles, deitados, sentados, ajoelhados ou em pé. Porém, não devemos esquecer que o nosso objetivo último é, levar nossos alunos à conquista de uma atitude digna na vertical. Esse simples desenho demonstra a relação direta e condicional que os dois conceitos (two way stretch e box aligment) possuem. Talvez a representação máxima desse conceito, nos exercícios de Pilates seja o Double Leg Stretch. - Conecting to the back (conexão das extremidades com as costas) Durante os movimentos que realizamos na prática do método Pilates precisamos entender queo nosso sistema nervoso central não faz a leitura da função de um músculo isoladamente; ele detecta e registra a ação motora, atentando-se à intenção objetiva de um movimento. Por isso, quando propomos exercícios no método Pilates, nosso intuito é sempre a organização dos membros e do tronco funcionando como uma unidade de coordenação. Ou seja, toda a nossa proposta de educação motora repousa na construção da consciência de que o nosso corpo é uma unidade organizada. Repare bem na figura logo abaixo: Para Godelive Denys-Struyf, citado por (Campignion,2003) o corpo humano é organizado por cadeias articulares que são unidas por cadeias musculares. Uma cadeia articular é constituída por um conjunto de articulações que são dependentes uma das outras em seus deslocamentos. Novamente antecipando a disciplina 3 de Cinesiologia, nosso corpo possui 5 cadeias articulares: 1) Uma cadeia articular do tronco – constituída pelo sacro, empilhamento vertebral e ossos do crânio. 2) Duas cadeias articulares dos membros inferiores – englobam de cada lado o osso ilíaco, o fêmur, a tíbia, a fíbula, e todos os ossos do pé. 3) Duas cadeias articulares dos membros superiores – correspondem de cada lado, a escápula, a clavícula, o úmero, o rádio e a ulna, assim como todos os ossos da mão. Repare pela figura, como as cadeias articulares dos MMSS e MMII estão ligadas entre si pelas fibras ilíacas do grande dorsal e à cadeia articular do tronco pelas fibras vertebrais desse mesmo músculo. No Pilates trabalhamos para levar a consciência de nossos alunos a entenderem corporalmente que seus braços não terminam nos seus ombros e sim nas costas, assim como suas pernas terminam na cintura escapular! A imagem que gosto de construir com meus alunos é de um anjo, onde suas asas finalizam no meio e na parte baixa das costas. O CINTURÃO DE FORÇA Confesso que percorri as obras de Joseph Pilates inúmeras vezes, nunca encontrei esse conceito! Muito menos sua definição! Isso não significa que ele não possa ter chegado até nós via transmissão oral, porém, sendo um conceito tão fundamental para Joseph Pilates, me estranha o fato dele não o citar em suas obras fundamentais. Mas afinal do que se trata esse conceito? O mundo científico vem debatendo esse conceito há muito tempo (CORE), o transverso do abdôme (TVA) já não é o protagonista como se imaginava, já que estudos vêm demostrando que os estabilizadores mais importantes são específicos de acordo com a tarefa realizada. (McGill, 2010) Além disso, ao contrário do que se pensava, não possuímos a capacidade de ativar o transverso abdominal isoladamente e que a estratégia de comando como o tal “UMBIGO PARA DENTRO” diminui a estabilidade da coluna ao invés de aumentá-la. Mas veja, pensar no conceito de POWER HOUSE classificando músculos ou elegendo certa região do corpo ao invés de outra é só uma possibilidade de pensar esse conceito! SERÁ QUE NÃO PODEMOS PENSÁ-LO DE FORMA DIFERENTE? Por exemplo, poderíamos pensar esse conceito como uma forma de organização do gesto motor que dá ao corpo e ao seu movimento a característica de coesão, possibilitando uma sensação de unidade. Essa organização deve desconstruir a ideia de hierarquia de uma região do corpo em relação à outra, mas sim atuar no sentido da orientação de como conduzir a força, do centro para as extremidades assim como das extremidades para o centro de acordo com a tarefa, assim como atuar para que nosso corpo esteja pronto para o movimento mantendo níveis suficientes de estabilidade e mobilidade segmentar de acordo com a tarefa realizada. Para que tudo isso aconteça é necessário a integração dos três conceitos, box aligment; two way stretch e conecting to the back na realização de qualquer movimento proposto dentro do método Pilates. De maneira grosseira, um conjunto de músculos localizados em nosso tronco e bacia, região central do corpo, que quando bem treinados, supõe-se, melhorar a performance e a qualidade dos movimentos, permitindo que a força se irradie perifericamente, auxiliando também na prevenção de lesões. 3 ) C I N E S I O LO G I A F U N D A M E N T O S P A R A A C O N S T R U Ç Ã O D O M O V I M E N T O COMO CONDUZIR O MOVIMENTO DE FLEXÃO DA COLUNA SEM FECHAR ESPAÇOS! Quando estamos conduzindo um movimento ´devemos prestar bastante atenção na forma como iremos iniciar. Muitas vezes parece óbvio, mas não é! No caso do exercício ROLL UP, por exemplo, a primeira articulação que deve flexionar é a occipital-áxis, ativando todos os músculos pré-cervicais localizados na região anterior da cervical. Este movimento deve ser realizado ainda com a cabeça apoiada no chão, ou seja, um movimento muito sutil que começa pelo direcionamento do olhar (todo movimento no Pilates deve começar pelo olhar, isso é um princípio marcial chinês), e no segundo momento com uma leve orientação do queixo para dentro (sem retificar a cervical, esse movimento é sutil). O segundo passo para que a cabeça saia do chão é pensar na flexão torácica, é ela que deve conduzir o movimento. Sendo assim, peça para seu aluno conectar o fim do esterno com o púbis, soltando o ar e deslizando as costelas para baixo (não há a necessidade de fechá-las, abandone esse comando). É justamente esse movimento anterior que vem conduzindo a flexão cervical, a caixa torácica vem conduzindo a cabeça e o queixo não encosta no peito (outro comando que deve ser abandonado pelo professor de Pilates). Mantenha uma longa curva "C" com os ísquios ancorados no chão e o ilíaco vertical, abrindo a coluna posteriormente e mantendo um sentido de oposição sacro-cabeça (lembre-se, as fibras profundas do glúteo máximo ancoram o sacro no sentido oposto ao do movimento da coroa da cabeça. Aumente o espaço ilíaco-costela e mantenha o seu olhar para baixo nessa fase do movimento. Dessa forma a estrutura do movimento de flexão na subida do Roll Up sequencialmente ficaria: 1) Direcionamento do olhar para baixo. 2) Flexão crânio-cervical. 3) Flexão torácica. 4) Flexão cervical. Na minha opinião, o exercício Roll Up é um exercício importantíssimo do método, ele não deve ser destinado a malhar o seu abdôme e sim a educar e organizar um movimento de flexão da coluna que o seu aluno fará em muitos outros exercícios no método! Pense nisso e boa prática! OS SEGREDOS PARA VOCÊ ENTENDER COMO INICIAR COM AS EXTENSÕES DA COLUNA NO MÉTODO PILATES . Você sabe como o método propõe iniciar os movimentos de extensão da coluna? Veja, a primeira extensão da coluna dentro do método é feita no exercício mostrado na foto abaixo - KNEELING KNEE STRETCHES SERIES – ARCHED BACK. Te pergunto: Por quais razões Joseph Pilates escolheu este exercício, não um outro qualquer, para propor a experiência para o aluno da primeira extensão do método? Você saberia dizer? Brinco com meus alunos do curso de formação que isso é PERGUNTA DE PROVA!!!! Minha resposta: Nessa primeira experiência não desejamos ainda uma extensão GLOBAL da coluna, mas sim uma enfase maior na região torácica!!!! Pela posição do corpo no Reformer, com os joelhos e quadris bem flexionados (com o aluno quase sentado nos calcanhares) conseguimos manter a região lombar com a tendência de se alargar em um sentido de uma leve flexão. Os pés empurram o carro e pela ação dos glúteos a bacia tende a descer, na direção dos calcanhares, projetando o sacro para baixo, em oposição à cabeça, ativando assim o reflexo de elevação da cabeça. (Note como eu auxilio, com a técnica das mãos, o posicionamento em crescimento, do pescoço e cabeça da aluna) Outro ponto importante desse exercício é o apoio das mãos na barra, ao empurrar leva a energia das mãos ao crânio, que cresce em OPOSIÇÃO ao sacro, assim como é pelo empurrar das mãos que se comunicam os músculos da região anterior do corpo (braços, peito, abdômen), permitindo com que a cadeia anterior se mantenha ativa em co-ativação com a posterior. Reaprender a ficar em pé, dentro da propostado MÉTODO PILATES, significa reprogramar nossos movimentos primários para que sejamos educados a estar sobre nossos pés, ganhando comprimento na coluna sem mantê-la RÍGIDA. Isso necessariamente passa por um aprendizado de organização de forças em oposição, no caso em questão – OPOSIÇÃO ENTRE SACRO E CABEÇA. COMO CONQUISTAR A LIBERDADE DE REALIZAR UMA BOA EXTENSÃO DA COLUNA. Em resposta a uma cultura que põe as pessoas em posições cada vez mais auto- centradas, por meio de equipamentos eletrônicos como celulares e computadores, deveríamos pensar em proporcionar uma maior liberdade para os movimentos de extensão da coluna em nossos alunos. Será que perdemos a capacidade de levar nossos alunos a se movimentarem com mais liberdade, sem medo, explorando os movimentos em todo o seu potencial? Para que um aluno tenha condição de realizar os exercícios abaixo (SWAN ON THE BARREL e SEMI-CIRCLE) há a necessidade de uma construção que depende dos seguintes fatores: • O próprio percurso no método - No método clássico iniciamos o aluno em movimentos de flexão da coluna e organização do que chamamos de “curva C”, com a sua evolução, pequenas extensões irão sendo introduzidas, e caso o aluno tenha condição, caminharemos para extensões com mais amplitude. • Construção de movimentos e exercícios a partir do conhecimento de como as articulações se relacionam durante esse movimento, nos aspectos (estabilidade/mobilidade). A função estabilizadora do glúteo (com ponto fixo para baixo) é muito importante, o quadril não pode estar bloqueado em flexão com o osso ilíaco posicionado em anteversão, assim como a coxofemoral não deve estar bloqueada em rotação interna, caso contrário, quem irá sofrer será a região lombar. • A preparação do aluno para este trabalho envolve, além de uma cadeia anterior do tronco já bem estruturada, a flexibilidade de músculos como quadrado lombar, reto-femoral, Iliopssoas, tensor da fáscia lata (todos anteversores do quadril) e glúteo mínimo (poderoso rotador interno da coxofemoral). • Conquistar um bom ritmo escapular proporcionando maior liberdade à articulação glenoumeral, também será desejável para se conquistar uma boa extensão da coluna (principalmente torácica). Flexibilizar músculos como peitoral menor e maior, grande dorsal e rotadores internos do ombro será necessário. Nos textos abaixo darei alguns exemplos de exercícios que podem ser usados nesta construção dentro de uma estrutura de Pré-Pilates. Antes, algumas considerações sobre cinesiologia do aparelho locomotor. Swan on the barrel Semi circle - Reformer PROGRESSÃO PEDAGÓGICA DOS EXERCÍCIOS DE EXTENSÃO DA COLUNA NO MÉTODO PILATES. Para entender a maneira como devemos evoluir nossos alunos nas extensões da coluna no método Pilates precisamos compreender alguns aspectos anatômicos e biomecânicos do movimento no Pilates, preste atenção na foto abaixo: O colapso da região tóraco lombar apresentado nessa foto pode ser explicado por dois motivos: o primeiro diz respeito à possibilidade mecânica de instabilidade dessa região devido à mudança de posicionamento das facetas articulares nessa região; o segundo motivo pode estar relacionado com a falta de força dos músculos do tronco, associado com um encurtamento de músculos que são bi-articulares e anteversores do quadril (reto femoral e grande dorsal). Veja nessa outra figura como a ação voluntária de músculos extensores do quadril e abdominais evitam a queda da bacia para frente (anteversão) o que promove um estiramento ainda maior do reto femoral. Quando realizamos uma extensão da coluna, principalmente quando os joelhos estão dobrados, é fundamental a ativação voluntária desses músculos (glúteo máximo, reto do abdome, obliquo externo). Caso contrário, quem pode sofrer é a coluna lombar! Levando tudo isso em consideração é conveniente iniciar os movimentos de extensão da coluna nos exercícios do MAT, onde o aluno irá aprender a realizar essa contração voluntária e tanto os joelhos como os ombros não irão solicitar uma demanda de trabalha forte devido ao seu posicionamento. Paralelo ao trabalho do MAT, devemos introduzir exercícios de Pré-Pilates que possam trabalhar a mobilidade da articulação coxo femoral, glenoumeral e torácica. Isso envolve exercícios de aumento da flexibilidade de músculos e também exercícios de mobilidade. Alguns exemplos seguem abaixo: PRÉ-PILATES PARA AS EXTENSÕES (PRINCÍPIOS DE TRABALHO) 3) Educar os músculos retroversores e extensores do quadril. 1) flexibilizar os músculos que podem impedir um movimento que cria espaço articular. anteversores do quadril: Glúteo mínimo, Retofemoral, Tensor da fáscia lata, Grande dorsal, iliopssoas. Músculos que fixam a torácica em flexão e fecham o peito: reto abdominal, peitoral maior e menor. 2) Exercícios de mobilidade das articulações que podem causar uma mobilidade compensatória lombar: Coxofemoral; Torácica D8; Glenoumeral. COMO REALIZAR UMA ROTAÇÃO DA COLUNA DE FORMA SEGURA! No método Pilates o primeiro exercício de rotação da coluna é proposto nesse aparelho chamado ARM CHAIR ou BABY CHAIR. O nome do exercício em questão é BUTTERFLY! Você sabe os motivos? Pensa comigo!!!!!! Qual é o perigo de se realizar um movimento de rotação da coluna com nossos alunos? Ora, o movimento de torção da coluna, quando ocorre num tronco fixado em extensão, além de ter pouca possibilidade de mobilidade, pode causar problemas à coluna vertebral. A FORMA determina a qualidade da FUNÇÃO! VAMOS ENTENDER MELHOR? Em linhas gerais, se a coluna possui suas curvas fisiológicas bem definidas, as vértebras que a compõem estão articuladas entre si por meio das duas facetas articulares posteriores, que constitui o pivô articular principal, e o disco intervertebral na frente delas, que exerce sobretudo um papel de amortecedor e de guia dos movimentos (observe a figura 1). Essa organização permite que cada segmento da coluna tenha a liberdade de movimento em rotação de acordo com o ângulo de junção entre as facetas articulares, na parte posterior (observe a figura 2). Logo, nossa coluna torácica, por exemplo, possui uma organização de inclinação entre as facetas que permite uma liberdade em rotação caso sua CIFOSE FISIOLÓGICA esteja preservada. Chamamos essa organização prévia para o movimento no Pilates clássico de BOX ALIGMENT! Por isso, todo trabalho de rotação da coluna no método Pilates necessita previamente da estruturação dos músculos do enrolamento do tronco entre outras coisas. Então volte sua atenção para a foto abaixo (figura 3) e me responda: POR QUÊ RAZÃO A PRIMEIRA ROTAÇÃO DA COLUNA DO MÉTODO É PROPOSTA AÍ E NÃO EM OUTRO LUGAR? Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS PARA AS ROTAÇÕES • Antes de iniciarmos os alunos nos movimentos de rotação da coluna devemos explorar os exercícios unilaterais e de flexão lateral da coluna. • Todo exercício unilateral e de flexão da coluna possuem componentes de controle no sentido da rotação. • Observe as fotos ilustrativas de alguns exemplos de exercícios que devem ser trabalhados antes das torções: • Utilize equipamentos que eduque as rotações facilitando a retirada da coluna em possíveis fixações em extensão. A arm chair e o small barrel são excelentes opções, veja a foto: UNIDADE INFERIOR Já reparou como algumas pessoas parecem estar sentadas mesmo estando em pé? É isso mesmo! Muitas vezes a pessoa nem se dá conta de que o seu quadril está flexionado sobre o fêmur, podendo estar associado a uma rotação interna do próprio fêmur (é a famosa prega na virilha) e o desabamento do arco do pé para dentro. Essa condição inibe completamente a transferência de energia de baixo para cima fazendo com que a pessoa perca a eficiência em se movimentar assim como uma boa condição de arranjo postural na estática. No método Pilates temos condição de propor uma educação motora que possa, em um primeiro momento, desbloqueara articulação do vício postural citado acima, assim como propor um repertório de movimentos que possa ensinar esse aluno a utilizar mecanismos coxofemorais mais eficientes. Para tanto basta compreendermos que, devido às características das transformações ósseas que ocorreram ao longo da evolução humana, a ação dos músculos extensores do quadril (principalmente o glúteo máximo) é indissociável da ação dos músculos rotadores externos do quadril (pelvetrocanterianos). Essa coativação garante a estabilidade do fêmur e da bacia durante nossa permanência em pé e na marcha. • UNIDADE SUPERIOR A amplitude total do movimento escapuloumeral para a elevação do braço acima da cabeça em flexão ou abdução depende da flexibilidade adequada dos rotadores internos, além da flexibilidade do grande dorsal, do peitoral menor e dos rombóides. A escápula deve estar livre para que seu ângulo inferior rode lateralmente em quase 60⁰, o úmero deve atingir um bom grau de rotação externa para que haja um movimento sem risco para o tendão do supra-espinal. Primeiramente é a articulação gleno-umeral que entra em ação. Movimento de abdução até, aproximadamente, 30 graus, em decorrência da ação dos músculos deltóide e supraespinhoso. Depois há a intervenção da articulação escápulo-torácica, que ocorre de 90 a 150 graus, através de uma rotação superior em função dos músculos serrátil, trapézio superior e inferior. Alguns autores, como Norkin & Levangie (2008) atribuem um movimento puro da articulação gleno-umeral até 60 graus, e que a partir daí para cada dois graus de abdução da gleno-umeral há a contribuição de um grau pela articulação escapulo-torácica. Por fim, os último 30 graus, de 150 à 180 ocorrem pela participação da coluna, através de uma inclinação da mesma, caso seja unilateral, ou através de uma hiperlordotização, caso seja bilateral. A falta de mobilidade nesta região pode impactar, como já vimos, em muitos movimentos do método Pilates. Uma construção de movimentos para a unidade superior deve re- estabelecer esse ritmo, além de se preocupar com a consciência das torções em oposição. http://pt.wikipedia.org/wiki/Articula%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Abdu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo_delt%C3%B3ide http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo_supra-espinhal http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo_serr%C3%A1til_anterior http://pt.wikipedia.org/wiki/Trap%C3%A9zio_(m%C3%BAsculo) Considerações finais Como eu havia comentado, o Pilates é um método de trabalho que sistematiza movimentos dentro de princípios e leis que regem todo o processo de maturação física e cognitiva do indivíduo. Se concordamos com (Bertazzo, 2018) de que no início de nossas vidas, o jogo agonista e antagonista dos músculos ainda não está presente, somente os enrolamentos estão disponíveis, sustentados por uma hipertonicidade existente nos músculos flexores. E ainda, que toda e qualquer atitude precoce em direção à extensão assinala um estado patológico, onde, pouco a pouco, através da maturação neuromotora, o bebê descobre os movimentos de extensão e de expansão das suas unidades motoras, é bastante lógico reviver esse processo, inicialmente, com movimentos cuja orientação principal é o enrolamento. Quando observamos a disposição dos exercícios no sistema básico do método Pilates percebemos claramente uma organização dos movimentos nesse sentido. Repare bem, por exemplo na estrutura de organização dos movimentos dos exercícios do MAT no sistema básico: - HUNDRED; ROLL UP; ONE LEG CIRCLE; ROLING LIKE A BALL; SINGLE LEG STRETCH; DOUBLE LEG STRETCH; SPINE STRETCH. Essa série de exercícios irá propor um processo de reeducação do movimento de todas as unidades motoras do corpo baseando-se nos seus enrolamentos em direção ao centro do corpo. Nosso corpo possui cinco (05) unidades motoras que se organizam sobre um mesmo modelo: - Membros superiores (02) – a mão se enrola na direção do antebraço, que se enrola na direção do braço, que se enrola na direção do tronco. - Membros inferiores (02) – o pé que se flexiona na direção da perna, que se dobra para a coxa, que se dobra para a bacia. - Tronco (01) – Cabeça e bacia se enrolam uma em direção à outra. A expressão máxima da descrição que acabo de fazer, baseado nos estudos de Béziers & Piret, pode ser o posicionamento inicial do exercício Roling like a ball! Porém, apesar de ser uma estrutura básica de trabalho nem todos os alunos que chegam aos nossos estúdios possuem condições para a realização dessa sequência, então eu te pergunto: Você tem recurso para trabalhar com pessoas mais fragilizadas? Você vai ver a seguir, como construir uma flexão da coluna de forma segura, e principalmente sem fechar espaços! Assim como construções em outros planos de movimento! PRINCÍPIOS DOS 3PS • Progressão Céfalo-caudal e próximo- distal. • Progressão dos planos de movimento: Sagital/Frontal/Transversal. • Progressão dos tipos de movimento: Enrolamento “C”, extensão, inclinação lateral, rotação. • Progressão das posições do corpo no espaço: deitado; quatro apoios; ajoelhado; em pé. • Organização das extremidades MMII e MMSS respeitando o princípio – Torção/Tensão. • Utilização de duas categorias de exercícios: (funcionais e pedagógicos) • Atenção à técnica e a condução do movimento: two way stretch; box aligment; conecting to the back. Processos Pedagógicos do Pilates 4 ) A S F L E X Õ E S D A C O L U N A C O N S T R U I N D O M O V I M E N T O S I N T E L I G E N T E S FLEXÕES DA COLUNA • Fragilidade no pescoço. • Pouca mobilidade torácica. • Falta de força. • Rigidez lombar. • Falta de conhecimento de como iniciar o movimento. • Técnica inadequada – reduzindo espaços e achatando a coluna Principais dificuldades CONSTRUINDO O MOVIMENTO 1) Alongamento e mobilidade cervical, procure fazer em todos os planos de movimento. 2) Fortalecimento, procure fazer em todos os planos de movimento. 3) Mobilidade torácica, educando o movimento cervical. 4) Força da cadeia anterior do tronco educando o movimento. 5) Mobilidade lombopélvica, educando o movimento a partir da bacia. 6) Roll up completo EXTENSÕES DA COLUNA • Falta de mobilidade na região torácica. • Falta de mobilidade na região coxofemoral. • Falta de mobilidade no ombro. • Técnica de movimento ineficiente. (fechando espaços) • Falta de força da cadeia para- vertebral. • Falta de conhecimento de como iniciar o movimento. Principais dificuldades CONSTRUINDO O MOVIMENTO 1) Alongamento peitoral menor e maior. 2) Mobilidade Torácica e dos ombros. 3) Alongamento e mobilidade da coxofemoral. 4) Educação de co-ativação da cadeia anterior. 5) Educando o movimento criando espaço e gerando força. 6) Neck roll completo. TORÇÕES DA COLUNA • Falta de mobilidade na região torácica. • Coluna fixada em extensão. • Pouca experiência em movimentos unilaterais. • Pouca experiência nos movimentos do plano frontal. • Técnica de movimento ineficiente. (fechando espaços) • Falta de conhecimento de como iniciar o movimento. Principais dificuldades CONSTRUINDO O MOVIMENTO 1) Explorando os movimentos unilaterais. 2) Explorando os movimentos no plano frontal. 3) Criando a imagem mental do movimento (fixação cintura escapular). 4) Criando a imagem mental do movimento (fixação cintura pelvica). 5) Corkscrew UNIDADE INFERIOR • Perda dos arcos funcionais do pé. • Pouca mobilidade de tornozelo. • Tíbia bloqueada para trás. • Perna da mobilidade coxofemoral. • Pouca consciência das torções em oposição. • Pouco controle motor. Principais dificuldades CONSTRUINDO O MOVIMENTO Escola de Pilates Clássico Taiken - www.pilatestaiken.com.br - E-mail: info@pilatestaiken.com.br 1) Construção do arco plantar. 2) Utilizaçãocoxofemoral correta associada ao arco do pé (torção em oposição) 4) Educação do empurrar o chão, mobilidade do tornozelo e funcionalidade do pé. (footcorrector) 3) Estabilidade do pé. UNIDADE SUPERIOR • Perda dos ritmo escapular. • Pouca estabilidade da escápula. • Fragilidade do punho • Perna da mobilidade gleno- umeral. • Pouca consciência das torções em oposição. • Pouco controle motor. Principais dificuldades CONSTRUINDO O MOVIMENTO 1) Alongamento dos interescapulares. 2) Possibilidades de movimento. 3) Estabilidade da escápula. 4) Construindo a condução da força. 5) Consciência das torções 6) Série arm spring Escola de Pilates Clássico Taiken - www.pilatestaiken.com.br - E-mail: info@pilatestaiken.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Bertazzo, Ivaldo - Fases da Vida: da gestação à puberdade – São Paulo: Edições Sesc, 2018. 2) Béziers, Marie-Madeleine & Piret, Suzanne – A coordenação Motora: aspecto mecânico da organização psicomotora do homem - 3°edição – São Paulo: Sumus, 1992. 3) Campignion, Philippe – Respir-ações: A respiração para uma vida saudável – São Paulo: Summus, 1998. 4) Feldenkrais, Moshe – Consciência pelo movimento (tradução de Daisy A. C. Souza); São Paulo, Summus, 1977. 5) Fiasca, Peter – Descubriendo el Pilates Clássico Puro: Teoría y Práctica conforme a la intención de Joseph Pilates, 2012. 6) Pilates, Joseph Hubertus – Escritos (Your Health & Return to life of through contrology): The authentic Pilates Studio Brasil, 2012. 228p. 7) Kolyniak Filho, Carol; Garcia, Inelia Ester – O autêntico método Pilates de Condicionamento físico e mental (contrologia): Contribuições para uma fundamentação teórica. São Paulo: The authentic Pilates Studio Brasil, 2012. 2⁰ edição.
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