Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LARISSA MENEZES – PEDIATRIA III GLOMERULONEFRITES • Inflamação do glomérulo que pode ter diversas causas, que são diferentes das dos adultos • Nas crianças, 90% são glomerulonefrites difusa aguda pós infecção estreptocócica • Processo inflamatório, de origem imunológica, que acomete os glomérulos de ambos os rins e cuja expressão clínica é uma Síndrome Nefrítica (não é a doença, é a apresentação clínica), que, independente da origem, é caracterizada por: hematúria (amarronzada), edema, HAS, oligúria e proteinúria subnefrótica • Hematúria vermelho vivo não é glomerular • Síndrome nefrótica: a apresentação clínica, independente da causa, é edema volumoso (ascite, derrame pleural, edema periorbital), hipoalbuminemia (albumina baixa no sangue) e proteinúria maciça ou nefrótica, colesterol alto, triglicerídeos alto. O edema da Sd nefrítica é diferente • Síndrome pós-infecciosa ▪ Pós-estreptocócica ▪ Não pós-estreptocócica (bactérias – endocardite, sepse; virais – hepatite B e C, mononucleose; parasitarias – toxo) • Por doenças multissitemicas: ▪ LES ▪ Síndrome goodpasture • Primaria do glomérulo: ▪ Doença de Berger • É desencadeada pela infecção pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A de Lancefield pelas cepas nefritogênicas • Cepas 12/18/25: faringite • Cepas 2/49/55: impetigo • Proteína M: antígeno que induz a imunogenicidade e caracteriza os sorotipos • Sorotipos: 1, 2, 4, 12, 25, 29, 55, 27 e 60 ETIOLOGIA/EPIDEMIOLOGIA o Pico de incidência: 6-8 anos o Mais prevalente no sexo masculino: LARISSA MENEZES – PEDIATRIA III ▪ M2:1F (IVAS) ▪ M1:1F (Piodermite) o Sequela tardia, não supurativa, de uma infecção Estreptocócica ▪ Faringoamigdalite: 7 a 21 dias (média de 2 semanas) ▪ Piodermite: 15 a 28 dias (média de 3 semanas) o Mais comum nas crianças, principalmente nos países subdesenvolvidos: ▪ Mundo: 472000 casos/ano ▪ 404000 casos em crianças ▪ 456000 em países menos desenvolvidos o Relacionada ao nível socioeconômico ▪ Surtos epidêmicos ▪ Áreas densamente populosas ▪ Comunidades fechadas o Predisposição genética: ▪ Irmãos do caso-índice: 38% FISIOPATOLOGIA o Não se sabe precisamente o mecanismo o Algumas teorias: ▪ Aprisionamento de imunocomplexos circulantes ▪ Formação de imunocomplexos contra componentes estreptococos presentes nos glomérulos ▪ Formação de imunocomplexos in situ contra componentes do glomérulo (mimetismo molecular) ▪ Independente dos 3 mecanismos que estejam ocorrendo, vai resultar em ativação do complemento no glomérulo e atração de linfócitos T, neutrófilos, macrófagos, com liberação de citocinas o Processo inflamatório → Diminuição/Redução do lúmen dos capilares glomerulares → Diminuição da área filtrando e da TFG → Retenção de água e solutos (Na) → HAS, oligúria e edema o Glomérulo normal X Glomerulonefrite aguda (perde o lúmen dos capilares porque tem muita atração de células inflamatórias, que ocupam o espaço mesangial, comprimindo a luz dos capilares); o espaço de Bowman é comprimido pelo maior volume dos tufos capilares. Isso não acontece em todos os glomérulos, por isso não fica completamente anúrico e na criança é raro chegar na dialise: o Lesão nas paredes dos capilares glomerulares → Hemácias para o espaço de Bowman (Dismorfismo eritrocitário) → Hematúria o Reação inflamatória → Alteração na permeabilidade da membrana → Proteinúria ▪ Na criança é normal perder até 4mg/kg/dia de proteína na urina ▪ No adulto a proteína nefrótica na proteinúria de 24h é >3,5 (observa o valor total sozinho) ▪ Na criança pega o valor total de proteína perdida nas 24h e divide pelo peso ▪ Entre 4 e 20 mg/kg/dia proteinúria leve ▪ Entre 20 e 50 mg/kg/dia é proteinúria moderada ▪ >50mg/kg/dia é proteinúria maciça ▪ Às vezes a criança não tem controle miccional e usa muito a relação proteína/creatinina. Esse exame dosa a concentração em mg/dL da proteína e da creatinina na amostra da urina. Assim consegue avaliar a proteinúria na amostra isolada, vai ser alterada acima de 0,2 (criança e adulto) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS o Edema: ▪ Matutino ▪ Periorbitário ▪ Aumento progressivo para MMII e genitália ▪ Fazem mais edema de musculatura LARISSA MENEZES – PEDIATRIA III ▪ Aumento da pressão hidrostática com intravascular cheio, por isso a hipertensão tão alta no vaso que extravasa. Na nefrótica o intravascular está seco ▪ Extravasa liquido para o 3º espaço ▪ No exame físico observa essa diferença pela aferição da PA, tipo do edema (ascite volumosa ou edema de parede causando distensão abdominal), palpar pulsos (cheio no hipervolemico, acha o pulso facilmente; no nefrotico fica fino e as vezes nem consegue palpar) e tempo de enchimento capilar ▪ Nefrítico: aquicardia, hepatomegalia estertores, edema agudo de pulmão ▪ Nefrotica: derrames, ausculta limpa e reduzida nas bases porque faz derrame pleural; extravasamento para 3º espaço por redução da pressão oncótica o Hipertensão: ▪ 50-90% dos casos, multifatorial ▪ Tabelas para sexo/idade/altura o Hematúria: ▪ Macroscópica: 50% dos casos ▪ Microscópica: quase 100% dos casos o Proteinúria: ▪ 73% apresentam proteinúria nefrítica ▪ 3% apresentam proteinúria nefrotica (>50 mg/kg/dia) ▪ 24% não apresentam proteinúria o Oligúria: ▪ Diminuição do volume urinário ▪ 25-30% dos casos o Congestão circulatória o Palidez o Febre o Mal-estar o Dor abdominal o Cefaleia o Anorexia o Cansaço o Anuria o Insuficiência renal o Encefalopatia hipertensiva o Insuficiência cardíaca DIAGNÓSTICO o História e exame físico o Sumário de urina: ▪ Hematúria ▪ Cilindros hemáticos ▪ Leucocituria ▪ Proteinúria o Bioquímica: ▪ Ureia aumentada ▪ Creatinina normal ou aumentada ▪ Hiponatremia dilucional o Avaliação hematológica: ▪ Anemia normocítica e normocromica ▪ Trombocitopenia o Imunologia: ▪ ASLO: eleva-se 10 a 14 dias após infecção estreptocócica de via aérea, pico na 4 semana, piodermite não se altera ▪ Anti DNAse B: 90-95% de alteração nas piodermites ▪ C3 e CH50 diminuído em 90-100% dos casos ▪ C4 fica normal TRATAMENTO o O ATB não é para tratar, o objetivo é erradicar a cepa nefritogênica para evitar que dissemine na escola, irmãos etc. o Erradicação da estreptocócica: ▪ Penicilina benzatina ▪ Eritromicina nas hipersensibilidades (crianças alérgicas) ▪ Evita disseminação das cepas ▪ Não muda o curso da doença o Repouso relativo: ▪ Controle do edema e hipertensão ▪ Não precisa de repouso absoluto o Restrição hídrica e de NA: ▪ Ingesta hídrica limitada a 400ml/m² ou 20ml/kg + perdas do dia anterior ▪ 2g de sal/dia ▪ Na fase oligúrica, edema e HAS o Restrição hídrica: ▪ Máximo de 1g/kg/dia de proteína o Diurético: ▪ Furosemida 1-4mg/kg/dia ▪ Se sinais de intoxicação hídrica ▪ Não quer dizer que ele vai precisar ficar usando o Anti-hipertensivo: ▪ Bloqueadores de canais de cálcio: Nifedipino ou Anlodipino LARISSA MENEZES – PEDIATRIA III ▪ Vasodilatadores: Nitroprussiato/Nipride ▪ Beta bloqueadores ▪ Cuidado IECA (vasoconstricção da arteríola aferente), não deve ser primeira escolha EVOLUÇÃO NORMAL o Recorrência é rara o Normalmente é um episódio isolado o Excelente evolução, especialmente em crianças. Apenas 1% dos pacientes pediátricos evolui para DRC o Oligúria melhora em 2 semanas → HAS: níveis normais de PA em 3-4 semanas → Hematúria macroscópica até 3 semanas e microscópica até 12/24 meses o É autolimitada o C3 e CH50 normalizam em até 8 semanas EVOLUÇÃO ANORMAL o Situações que indicam biopsia renal: ▪ Hematúria macroscópica >4 semanas ▪ Azotemia (elevação de ureia e creatinina) por mais de 4 semanas ▪ HAS por mais de 4 semanas ▪ Proteinúrianefrótica >4 semanas ▪ Complemento baixo >8 semanas ▪ Oligoanúria >72h
Compartilhar