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Gestão de Áreas Degradadas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Bianca Mayumi Silva Kida Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental 5 • Introdução • Gestão de áreas degradadas e a legislação ambiental • Relatório Ambiental Preliminar e Termo de Referência (RAP/TR) • Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO) • Relatório de Controle Ambiental e Plano de Controle Ambiental (RCA e PCA) • Atividades técnicas do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental • Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) • A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) • Monitoramento ambiental • Auditoria ambiental • Certificação ambiental • Passivo ambiental • Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) ou Sistema de Gestão Ambiental • Considerações finais · Introduzir a legislação ambiental relacionada à Gestão de Áreas Degradadas e Gestão Ambiental; · Relacionar o conteúdo visto nas unidades anteriores com a legislação ambiental envolvida; · Apresentar os principais documentos, normas e regras sobre a gestão ambiental; · Instigar o aluno a buscar mais sobre o assunto, dada a complexidade da unidade; · Concluir a disciplina de Gestão de Áreas Degradadas. Nesta unidade, veremos de uma forma geral como os conceitos e conteúdos já vistos nas unidades anteriores serão aplicados no processo de Recuperação de Áreas Degradadas, e como se dão as etapas desse processo com relação às exigências legais, o que envolve a elaboração de estudos e relatórios ambientais a fim de monitorar os danos que podem ser causados por um empreendimento, assim como mitigar as formas de compensação e recuperação ambiental. Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental 6 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental Contextualização Ao longo do curso, pudemos observar a evolução sobre o tema de degradação ambiental e como este vem sendo abordado pela sociedade. Você já pensou na complexidade para controlar e monitorar os processos de degradação ambiental? Como tudo isso é feito, já que podem ocorrer inúmeras formas de degradação? É possível contabilizar todas as formas de impacto ambiental? Pensando nisso, vamos refl etir sobre as formas como pode ocorrer esse monitoramento. Vimos a aplicação da Legislação Ambiental no Brasil e como existem muitas vertentes legais para que diminuam os impactos ambientais, mas além disso, muitos documentos, estudos e relatórios, bem como licenças, são exigidos pelos empreendimentos para não só garantir que estes diminuam os impactos ambientais que serão gerados com a sua instalação, mas também se responsabilizem pelos danos que causarão e proponham formas de recuperação das áreas que foram ou serão degradadas. Dessa forma, o conhecimento nessas áreas se torna importante para atender todos os empreendimentos que possam causar algum tipo de impacto ambiental, pois todos estes precisarão de profi ssionais especializados para que auxiliem na parte burocrática do funcionamento e responsabilidade ambiental de sua empresa. As exigências mudam de acordo com o porte e magnitude do empreendimento, porém todos os documentos têm como objetivo principal gerenciar os impactos ambientais de forma que estes diminuam e sejam controlados. Além disso, cada vez mais as empresas estão se preocupando em tornar a sua produção e seus serviços sustentáveis, priorizando a qualidade ambiental. Isso vem crescendo, o que torna o papel do profi ssional da área ambiental essencial para que essa preocupação aumente e para que um dia todos aqueles que causam a degradação ambiental se responsabilizem pelos danos e ponham em prática as medidas compensatórias. 7 Introdução Com base no que foi visto até agora, a preocupação com os problemas ambientais é cada vez maior, e a necessidade de controlar os processos de degradação se torna cada vez mais urgente, dado o nível de destruição dos ecossistemas que temos atualmente. O cumprimento de normas e leis ambientais é exigido para empreendimentos que em sua execução causarão alguma forma de degradação do ambiente onde se instalarão, ou que afetarão a população da região. Portanto, veremos de forma geral como se dá o processo de recuperação e como este é controlado por meio de estudos, relatórios e planos de controle, a fi m de minimizar os efeitos causados pelas ações antrópicas, e as etapas exigidas para esse processo. Lembrando que em uma atividade multidisciplinar, é necessário o engajamento de inúmeros profi ssionais para esse processo e, portanto, um bom profi ssional deve ser capaz de conhecer as etapas envolvidas, para contribuir com o trabalho em equipe. Dessa forma, os profi ssionais que trabalham na área ambiental devem sempre procurar saber quais as normas e procedimentos que regem cada estado ou município para o funcionamento e instalação de um empreendimento (BARROS; MONTICELLI, 1998), uma vez que estes podem variar consideravelmente de estado para estado. Então, vamos conhecer um pouco sobre o que é exigido pela Legislação Ambiental envolvida para a obtenção do Licenciamento Ambiental. A Resolução CONAMA 237/97 determina o processo de Licenciamento Ambiental como Processo administrativo pelo qual o órgão ambiental competente permite a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Há, então, diversos documentos envolvidos nesse processo que precedem o Licenciamento Ambiental. 8 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental Relatório Ambiental Preliminar e Termo de Referência (RAP/TR) O Relatório Ambiental Preliminar, ou RAP, se dá por uma análise qualitativa do meio físico, biológico e socioeconômico e faz uma avaliação dos impactos decorrentes do empreendimento, com a defi nição de medidas mitigadoras e de controle ambiental, e confi gura-se como o primeiro documento para o Licenciamento Ambiental Preliminar para obtenção da Licença Prévia. Este subsidiará a elaboração do Termo de Referência, TR, para o EIA e RIMA, quando da sua exigência. A partir da Resolução SMA 42/94, normatizaram-se os procedimentos para Licenciamento Ambiental, no qual determinam-se o RAP e o TR como instrumentos prévios ao EIA/RIMA, que são responsáveis por direcionar a exigência ou dispensa da elaboração do EIA/RIMA, para a obtenção de Licença Prévia. Quando o EIA/RIMA é exigido, elabora-se o TR para que seja realizado o EIA/RIMA. Quando esses documentos não são necessários, parte-se diretamente para o processo de Licenciamento Ambiental. Glossário: Medidas mitigadoras: são aquelas que têm como objetivo minimizar ou eliminar eventos adversos que se apresentam com potencial para causar prejuízos aos itens ambientais do meio natural (físico, biótico e antrópico), ou seja, prevenir ou diminuir a magnitude dos impactos negativos que podem ser causados com um empreendimento. Vamos agora ver como são os procedimentos para obtenção das Licenças Ambientais. 9 Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO) A partir do EIA/RIMA, que é exigido pelo órgão ambiental com base nos dados RAP, ou a partir do RAP, em caso de dispensa do EIA/RIMA, inicia-se o processo de obtenção das Licenças Ambientais. Dessa forma, no Estado de São Paulo, para a obtenção das licenças ambientais (LP, LI e LO), o empreendedor deverá cumprir as seguintes etapas do processo com documentos que permitirão a obtenção da Licença de Operação para seu funcionamento. Portanto, para o licenciamento ambiental no Estado de São Paulo foram defi nidas 3 etapas para esse processo: a Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), e Licença de Operação (LO). Segundo o Decreto 88.351/83, essas licenças foram defi nidas como: Licença Prévia (LP): Licençaobtida “na fase preliminar do planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais e federais do uso do solo”, assumindo o significado de viabilidade do empreendimento na área pretendida. Licença de Instalação (LI): “Autoriza o início da implantação, de acordo com as especificações do Projeto Executivo aprovado”, que em outras palavras, significa que o empreendedor agora está autorizado para construir as intalações do empreendimento, bem como deve se preocupar com o controle de impacto ambiental. Licença de Operação (LO): “Autoriza, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação”. 10 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental Relatório de Controle Ambiental e Plano de Controle Ambiental (RCA e PCA) O Relatório de Controle Ambiental e o Plano de Controle Ambiental, conhecidos como RCA e PCA, respectivamente, são documentos responsáveis pela caracterização do empreendimento quanto aos meios físico, biológico e socioeconômico, além de especifi car as atividades que serão realizadas pelo empreendimento. O RCA é exigido em caso de dispensa do EIA/RIMA para o empreendimento. Por meio deste se identifi ca as não conformidades efetivas ou potenciais decorrentes da instalação e da operação do empreendimento para o qual está sendo requerida a licença ambiental. Já o PCA tem como objetivo descrever as medidas mitigadoras a serem implantadas em um empreendimento, de forma a conter os impactos identifi cados no material descrito no RCA. De modo geral, esses documentos são desenvolvidos para atividades de médio porte, já que para empreendimentos de grande porte realizam-se outros estudos mais detalhados. Segundo o artigo 5º da Resolução CONAMA nº 9 de 1990, A Licença de Instalação deverá ser requerida ao meio ambiental competente, ocasião em que o empreendedor deverá apresentar o Plano de Controle Ambiental – PCA, que conterá os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados na fase de LP. 11 Atividades técnicas do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental Segundo o artigo 6º da Resolução CONAMA nº 001/86, O Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA) desenvolverão as seguintes atividades técnicas: I. Diagnóstico ambiental da área de infl uência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: • O meio físico – O subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; • O meio biológico e os ecossistemas naturais – A fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; • O meio socioeconômico – O uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identifi cação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéfi cos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III. Defi nição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a efi ciência de cada uma delas. IV. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados). Juntamente à elaboração do EIA, o Relatório de Impacto Ambiental, mais conhecido como RIMA, complementa o estudo levantado pelo EIA, ou seja, ele refl etirá as conclusões do EIA. De acordo com a Resolução CONAMA 001/86, este deverá conter os seguintes itens: I. Os objetivos e justifi cativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II. A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especifi cando para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de infl uência, as matérias primas, e mão de obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efl uentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; 12 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental III. A síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de infl uência do projeto; IV. A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos, indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identifi cação, quantifi cação e interpretação; V. A caracterização da qualidade ambiental futura da área de infl uência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização; VI. A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII. O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII. Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). Existem algumas atividades que exigem a elaboração do EIA/RIMA, principalmente pelo alto grau de impacto ambiental. De acordo com o artigo 2° da Resolução CONAMA, a elaboração do EIA/RIMA, que são submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, deve ser realizada para o licenciamento de atividades modifi cadoras do meio ambiente, tais como: I. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II. Ferrovias; III. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV. Aeroportos, conforme defi nido pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; V. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; 13 VI. Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fi ns hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retifi cação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX. Extração de minério, inclusive os da classe II, defi nidas no Código de Mineração; X. Aterros sanitários, processamento e destino fi nal de resíduos tóxicos ou perigosos; XI. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII. Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII. Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; XIV. Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas signifi cativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV. Projetos urbanísticos,acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia; XVII. Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores; neste caso, quando se tratar de áreas signifi cativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental. Sabia que você pode ter acesso ao EIA/RIMA dos empreendimentos? No site da CETESB você pode encontrar algum deles: http://licenciamentoambiental.cetesb.sp.gov.br/eia-rima/ 14 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) Já falamos sobre o PRAD na unidade anterior e sabemos de sua importância. Nesse sentido, o artigo 1 da Instrução Normativa nº 4, de 13 de Abril de 2011, estabelecida pelo IBAMA, tem por objetivo . Estabelecer procedimentos para elaboração de Projeto de Recuperação de Área Degradada – PRAD ou Área Alterada, para fi ns de cumprimento da legislação ambiental, bem como dos Termos de Referência constantes dos Anexos I e II desta Instrução Normativa. Segundo o §2º do art. 1º, O PRAD deverá reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que permitam a avaliação da degradação ou alteração e a consequente definição de medidas adequadas à recuperação da área, em conformidade com as especificações dos Termos de Referência constantes nos Anexos desta Instrução Normativa. Essa normativa, então, traz as características de um PRAD, bem como as informações necessárias para a sua elaboração. Para ter acesso ao material completo da Normativa nº4/2011, acesse: http://www.ibama.gov.br/phocadownload/supes_go/in_04_11_prad.doc 15 A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) A Avaliação de Impacto Ambiental ou AIA pode ser defi nida como uma série de procedimentos legais, institucionais e técnico-científi cos que tem como objetivo caracterizar e identifi car os potenciais impactos na instalação de um empreendimento, e assim antecipar a magnitude e a importância desses impactos (BITAR; ORTEGA, 1998). A AIA deve ser elaborada para qualquer empreendimento que possa causar danos ou impactos ambientais futuros, e sua execução se dá antes da instalação do empreendimento, antes de serem obtidas as licenças ambientais. Com isso, sua aplicação tem ocorrido principalmente em empreendimentos de grandes dimensões e impactos ambientais, como minerações, hidrelétricas, rodovias, aterros sanitários, oleodutos, indústrias, estações de tratamento de esgoto e loteamentos (BITAR; ORTEGA, 1998). Esse instrumento de avaliação é bastante difundido no Brasil desde os anos 80, época em que se estabeleceram normas e regras ambientais, entre as quais a elaboração do EIA/RIMA, utilizados principalmente para determinar detalhadamente a signifi cância de uma alteração ambiental. Esses métodos de avaliação, então, são específi cos, e de modo geral apresentam de forma detalhada os impactos ambientais que um empreendimento pode gerar. Não vamos entrar em detalhes quanto às técnicas de cada método, no entanto os principais são: AD hoc, Check list, Matrizes de interação, Redes de interação, Superposição de cartas, Simulação e Combinação de métodos. Para saber mais sobre esses métodos, leia o artigo Metodologias para avaliação de impactos ambientais de aproveitamentos hidrelétricos, de Diego Lellis de Carvalho e Adriana Villarinho de Lima, que apresenta mais informações sobre esses métodos e sua aplicação. http://www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=2568 16 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental Monitoramento ambiental Consiste na realização de medições ou observações específi cas, a fi m de verifi car a ocorrência de impactos ambientais, determinando então a sua magnitude e assim avaliar se as medidas preventivas adotadas para a situação estão sendo efi cientes para diminuir os impactos ambientais (BITAR; ORTEGA, 1998). Segundo Machado (1995), a elaboração de um registro dos resultados do monitoramento é muito importante para realizar o acompanhamento do processo, que junta dados importantes para a empresa, para o Poder Público e para ações futuras, como a auditoria ambiental. Nesses casos, o monitoramento é essencial para a auditoria, pois sem o histórico de medições e observações de períodos anteriores, a auditoria se restringe apenas a uma avaliação da situação atual do empreendimento, e assim o material se torna incompleto e incapaz de tomar conclusões concretas. Auditoria ambiental A gestão ambiental tem como principal objetivo ajudar as empresas a alcançar um desempenho ambiental de alta qualidade. Para tanto, a inserção de questões ambientais passa a ter valor nas decisões, nas políticas, nas orientações e nos planos de ação, assim como possibilita a divulgação, junto ao mercado, do comprometimento efetivo da empresa com o tema (SILVA et al, 2009). Segundo a ISO 14001 (ABNT NBR ISO 14001/2004), o processo de auditoria ambiental compreende as seguintes etapas: a) planejamento da auditoria; b) preparação da auditoria ambiental; c) aplicação da auditoria ambiental no local; e d) elaboração do relatório de auditoria ambiental. Os resultados e as técnicas da auditoria ambiental podem ser utilizados de forma interna ou externa ao empreendimento, de forma que na primeira instância a auditoria fornece um embasamento para a melhoria do desempenho ambiental do empreendimento. Já a auditoria externa tem como objetivo averiguar o desempenho ambiental pelo órgão ambiental responsável, bem como pelos clientes, consumidores e sociedade, para que assim seja obtida a certifi cação ambiental. Em casos de auditoria externa, esta deve ser realizada por um profi ssional que não pertença ao quadro de funcionários do empreendimento, a fi m de evitar qualquer interferência nos resultados e garantir a veracidade dos documentos (FORNASARI FILHO et al, 1994). 17 Certifi cação ambiental A certificação ambiental é concedida a empresas que durante o processo produtivo buscam respeitar as normas e regras referentes às questões ambientais e aprimorar o desempenho ambiental, e apresentam procedimentos exigidos pelo órgão certificador. A certificação ocorre após o processo de auditoria ambiental, de acordo com os programas de padronização, como a ISO 14001. Essa certificação surgiu pela necessidade de diferenciar os produtos que apresentavam uma preocupação ambiental. Com o tempo, todo o processo de produção, que envolve etapas como a escolha da matéria prima até a destinação dos resíduos, começou a ser considerado como fator importante para a obtenção da certificação (BITAR; ORTEGA, 1998). Portanto, atualmente, o principal objetivo das empresas que pretendem obter a certificação ambiental é garantir a qualidade ambiental de todo seu processo produtivo, levando em conta todas as etapas, bem como o transporte e comercialização, do ponto de vista ambiental. Passivo ambiental O passivo ambiental é definido como um “conjunto de atividades voltado à identificação e avaliação de todos os problemas ambientais existentes em um empreendimento e que foram gerados no passado” (BITAR; ORTEGA, 1998). Uma empresa apresenta um passivo ambiental quando suas atividades agridem de alguma forma o meio ambiente e não apresentam nenhum projeto de recuperação. Portanto, esse instrumento define, do ponto de vista econômico, o custo ambiental de uma área ou empresa, devido à degradação efetuada durante o período de atividade. Normalmente, o surgimento dos passivos ambientais se dá pelo uso de uma área, lago, rio, mar e uma série de espaços que compõem nosso meio ambiente, inclusive o ar que respiramos, e de alguma forma estão sendo prejudicados, ou ainda pelo processo de geração de resíduos ou lixos industriais, de difícil eliminação (KRAEMER, 2007). Aindasegundo a autora supracitada, Pelo que se tem observado nas grandes reorganizações societárias, o montante das obrigações de reparação de danos ao meio ambiente tem efeito significativo sobre as negociações, causando sérios prejuízos ao comprador quando não detectadas no ato da negociação. Portanto, o passivo ambiental também é uma etapa do processo de Gestão, dado que é um dos problemas que deve ser identificado durante os estudos e relatório para garantir a melhor forma de recuperação dos danos ambientais. Para saber mais sobre passivo ambiental e sua importância, leia o artigo Passivo ambiental, de Maria Elisabeth Pereira Kraemer, disponível em: http://goo.gl/JDY58t 18 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) ou Sistema de Gestão Ambiental É um sistema estruturado capaz de integrar todas as atividades de gestão a fi m de atingir o desempenho ambiental desejado, através de mudanças para o cumprimento das exigências ambientais. Para isso, deve seguir os objetivos principais do SGA, como montar uma estrutura organizacional, estabelecer responsabilidades, defi nir procedimentos e alocar recursos. Todos esses objetivos direcionam as ações para a melhoria contínua da desenvoltura ambiental do empreendimento (BITAR; ORTEGA, 1998). Para que os objetivos do SGA sejam cumpridos, é necessário o engajamento de todas as partes interessadas, como funcionários, acionistas, seguradoras, clientes, consumidores, ambientalistas e público em geral. Considerações fi nais Com base no conteúdo desta unidade, devem ficar claras não só as inúmeras maneiras de monitorar e controlar todas as formas de degradação, para que assim se estabeleça como recuperar essas áreas, como também as formas de evitar que a degradação ocorra. Os estudos e documentos aqui levantados são muito importantes, no entanto existem outros que complementam essa gama de exigências. Esses documentos se complementam entre si e variam de acordo com o empreendimento, a magnitude, o tipo de impacto ambiental, a área em que o empreendimento será instalado, estado ou município, entre outros fatores que exigem do profissional conhecimento para identificar a melhor forma de desenvolvimento do projeto ambiental. Em vista do que foi exposto ao longo das unidades, esta disciplina teve como objetivo seguir uma linha de raciocínio que guiasse o aluno, partindo da situação atual de degradação ambiental, passando pelas características afetadas por esse processo, até chegar na forma legal de monitorar todo esse processo, a partir de normas e regras. Todo o conhecimento exposto até então permitiu que o aluno entrasse no universo relacionado à preservação ambiental e aos esforços feitos para que haja a reversão desse processo, trazendo casos atuais e situações que vivemos no nosso cotidiano. 19 O censo crítico foi despertado durante o curso, tornando o aluno capaz de compreender as etapas envolvidas durante a recuperação de áreas degradadas e agir diante de um problema. É claro que estamos lidando com um assunto de extrema complexidade, logo a participação e engajamento de diversos profissionais se tornam necessários para a efetivação de um projeto de tamanha grandeza. No entanto, os fundamentos, bem como a introdução aos tópicos envolvidos, são necessários para todos que se submetem à reversão dos estados de degradação ambiental que vimos na atualidade. O conhecimento sobre Gestão de Áreas Degradadas permite ao profissional administrar um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, que avança diversas etapas a fim de que haja a minimização dos impactos ambientais em uma determinada região. Para gerir todo um processo sobre uma área degradada, é preciso não só o conhecimento legal, que engloba as leis ambientais e suas exigências, mas também as formas de remediação do problema. Ou seja, para administrar é necessário conhecer, e essa disciplina permitiu conhecer cada etapa da realização desse projeto. Para o aprendizado completo, é importante que o aluno busque mais informações acerca do que foi apresentado, pois dada a complexidade do assunto, para aprofundá-lo é muito importante que o aluno se dedique ao máximo e vá além do que foi apresentado durante o curso. Uma abordagem complementar para proteger a diversidade biológica e melhorar a condição humana através da legislação rigorosa, incentivos, multas e monitoramento ambiental é mudar os valores fundamentais de nossa sociedade materialista. Se a preservação do ambiente natural e a manutenção da diversidade biológica se tornassem um valor fundamental em toda a sociedade, as consequências naturais seriam a redução do consumo de recursos e um crescimento limitado da população. Muitas culturas tradicionais têm coexistido com sucesso com seu ambiente há milhares de anos, devido à ética social que encoraja a responsabilidade e o uso eficiente de recursos. (PRIMACK; RODRIGUES, 2005) Assim terminamos essa disciplina, e como professora espero tê-lo(a) motivado a conhecer mais sobre o assunto, que este tenha gerado curiosidade e vontade de seguir com os estudos e que possa prepará-lo(a) para enfrentar os desafios da profissão. Espero que, além do conteúdo teórico, você tenha desenvolvido uma visão crítica sobre a realidade mundial, sobre a situação preocupante dos ambientes e como é urgente a ação de profissionais capacitados para reverter o atual quadro de degradação ambiental mundial. 20 Unidade: Gestão de Áreas Degradadas e a Legislação Ambiental Material Complementar Sites: Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. http://www.coalizaobr.com.br/. Acesso em: 30 jul. 2015. Acesso aos documentos da coalizão e suas propostas. http://www.coalizaobr.com.br/index.php/documentos-da-coalizao. Acesso em: 30 jul. 2015. Entrevista com Marina Grossi, Presidente do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. ÉPOCA. In: Blog do planeta. Marina Grossi: “União entre empresas e governo é crucial para o meio ambiente”. http://goo.gl/9OJ3IK. Acesso em: 30 jul. 2015. Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.CEBDS. http://cebds.org/. Acesso em: 30 jul. 2015. CONAMA. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html. Acesso em: 30 jul. 2015. 21 Referências ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. NBR 14001, 2004. BARROS, F. P., MONTICELLI, J. J. 1997. Aspectos legais. In: OLIVEIRA, A. M. S., BRITO, S. N. A. (Eds.). Geologia de engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), cap. 33, 509 - 515. BITAR, O. Y., ORTEGA, R. D. 1998. Gestão Ambiental. In: OLIVEIRA, A. M. S., BRITO, S. N. A. (Eds.). Geologia de engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), cap. 32, 499 - 508. CONAMA, 1986. Resolução nº 001, de 23 de Janeiro de 1986. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html. Acesso em 20/07/2015>. Acesso em: 30 jul. 2015. CONAMA. Resolução nº 009, de 06 de dezembro de 1990. 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