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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DIREITO TEORIA GERAL DO CRIME HADASSA REGINA MOREIRA MEDEIROS – MAT.: 01464694 RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO BAGATELA Trabalho apresentado a professor Paulo Vinicius, como requisito para composição da nota na disciplina de Teoria Geral do Crime, no curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau. MACEIÓ- AL 2021 RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO BAGATELA Apesar de tratar de situações sempre dramáticas, o filme mergulha de forma delicada nas intimidades de suas mulheres, compondo retratos tocantes e até engraçados. Vê-se uma Maria Aparecida apaixonada pela música da italiana Laura Pausini, a divertida Vânia e o amor que já lhe fez se cortar por seu ‘baixinho’ e a implicante Sueli, que se revolta até mesmo com a advogada voluntária que lhe atende. Sueli ficou presa por furtar um queijo branco; ao final da confusão, diz ela, de tanto ser levado de um lado a outro, o produto se esfarelou. Várias peças de picanha tiradas de supermercados levaram Vânia à cadeia. Maria Aparecida ficou cega de uma vista, após agressões sofridas durante sua custódia pelo furto de cosméticos. As histórias reais, ou quem sabe surreais, dessas três mulheres, foram reconstituídas em “Bagatela”, A partir dos casos que lhe foram trazidos pela advogada Sônia Drigo, Clara cria um interessante painel a respeito das mulheres presas por pequenos furtos, abrindo espaço para uma importante e atual discussão dentro do direito. O excesso de punição por atos assim singelos, diante da falta de vigilância e fiscalização de condutas mais nocivas, bem explicita o caráter de seletividade do sistema penal. Justifica ainda, em grande parte, a pecha de criminalização da pobreza que se faz ao Estado. Bagatela, para o direito penal, é o mesmo que insignificância. Para muitos doutrinadores e juízes, furtos irrisórios estão fora da proteção do direito penal. Embora a lei tutele o patrimônio, quando sua violação é ínfima, não há sentido em utilizar as normas penais que contêm as sanções mais invasivas. A tese está longe de ser unânime, todavia. Muitas prisões em flagrante ainda são feitas diariamente. Pessoas são processadas e, dependendo de seus antecedentes, condenadas à prisão por esses diminutos atos. acolhendo a insignificância para excluir a bagatela do direito penal, boa parte dos juízes ainda entende que a ausência de uma norma explícita impede a aplicação do princípio. A maioria dos crimes é cometida por mulheres e, por isso, o retrato que Clara Ramos traça é de uma pertinência perturbadora.