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Influenza: Diferenças e Tratamentos

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Influenza – Laís Trindade Rodrigues 
Influenza
 
O que está correto? 
1. O mesmo termo, gripe, pode ser utilizado para 
designar influenza e resfriado comum? Não, só 
a provocada pelo vírus influenza. 
2. Não existe tratamento etiológico para 
influenza. Existe. 
3. Não existe tratamento profilático para a 
influenza. Existe. 
4. A vacina da influenza contém vírus inativado. 
Sim. 
 
Introdução 
Influenza (gripe) x resfriado comum 
A influenza ou gripe é a infecção provocada 
especificamente pelo vírus influenza. Ela é uma 
doença relativamente grave especialmente em 
determinados grupos populacionais (idosos, 
imunossuprimidos, etc.), que evolui com febre elevada 
e contínua, comprometimento do estado geral, 
manifestações tanto das vias aéreas superiores (dor de 
garganta, coriza, obstrução nasal), quanto das 
inferiores (tosse, expectoração). Ocorre geralmente 
nos meses mais frios do ano. 
Enquanto isso, o resfriado comum é provocado por 
centenas de agentes etiológicos, por isso ele ocorre o 
ano todo. A evolução é bastante discreta, geralmente 
só ocorre sintomas nas vias aéreas superiores e o 
estado geral não fica comprometido. 
 
Etiologia 
Vírus Influenza 
- Família ortomixovírus 
- RNA 
- Tipos: 
* Tipo A: Homens e animais. 
* Tipo B: somente os homens. 
* Tipo C: casos leves. 
- Proteínas de superfícies: 
* Hemaglutinina: forma de bastonete. São muito 
variáveis. 
* Neuroaminidase: forma de guarda-chuva ou 
cogumelo. São mais estáveis, menos sujeitas a 
mudanças antigênicas. 
- Mudam frequentemente: epidemias sazonais 
(mudança pequena) e pandemias (mudanças grandes). 
- Quando o vírus entra numa célula, ele injeta apenas 
o ácido nucleico. O RNA vai usar o DNA da célula 
hospedeira para produzir um novo capsídeo. Provoca o 
rompimento da célula e depois entra em outra. Essa 
forma que entra na célula apenas com o ácido nucleico 
é chamada de forma suprimida, é a forma que está 
dentro da célula. Para passar pra outra célula ou 
pessoa, usa a forma com capsídeo, chamada de 
completa. 
 
Hemaglutinina: 
- Tem 19 tipos 
Neuroaminidase: 
- Tem 9 tipos 
Vírus A 
- Grande maioria dos casos de influenza 
- Subtipos de acordo com o tipo de hemaglutinina e 
neuroaminidase. 
Ex.: N1H1, N3H2 
Vírus B 
- Menos frequente 
- 2 subtipos: Yamagata e Victória (95% pelo Victória). 
 
O ciclo da Infecção 
Células hospedeiras vão produzir novos vírus, aí 
quando o vírus vai sair da célula, a hemaglutinina se 
prende a resíduos de ácido siálico na superfície da 
célula. A neuroaminidase rompe essa ligação, 
permitindo que esse vírus infecte outras células. 
 
Resfriado comum 
- Etiologia: Rinovírus (com mais de 100 sorotipos), 
Coronavírus 
Vírus Parainfluenzae (principalmente o tipo 3), 
Enterovírus e os Adenovírus 
- Por isso existe o ano inteiro 
 
Tipos de Influenza 
Animal 
- O homem e outras espécies animais podem ser 
reservatórios do vírus influenza: 
* Aves (influenza aviária) 
* Porcos (influenza suína) 
* Cavalos (influenza equina) 
- Transmissão geralmente dentro da mesma espécie. 
Exceção: gripe suína (H1N1) 
A infecção de seres humanos com vírus da influenza 
aviária é um evento raro. 
Influenza aviária: o vírus H5N1 pode ser transmitido 
por fezes sangue e secreções respiratórias das aves 
infectadas. 
 Influenza – Laís Trindade Rodrigues 
Sazonal 
Pequenas alterações na estrutura genética, 
anualmente nos meses mais frios, padrão de 
sazonalidade variável (geralmente fim do outono e 
começo do inverno). Em 2019, 98% dos casos 
registrados foi por influenzae A, 2/3 pelo H1N1. 
 
Pandêmica 
Circulação de uma cepa de um vírus da influenza 
humana com mutação completa na sua estrutura 
genética. Ocorreram 3 pandemias no século passado 
(Gripe Espanhola, Gripe Asiática H1N1, Gripe de Hong 
Kong). 
 
Epidemiologia 
Reservatório: homem portador da infecção, já que o 
vírus é pouco resistente fora do organismo. 
Transmissão direta por meio das vias respiratórias ou 
por objetos, 24 horas antes do início dos sinais e 
sintomas até 5 a 7 dias depois. Quanto mais no início, 
maior a possibilidade de transmitir. 
É mais grave em idosos e em gestantes. Não há 
predileção por raça e gênero. 
 
Quadro clínico 
Período de incubação de 1 a 4 dias, máximo de 7 a 10 
dias em crianças. 
É um quadro agudo, diferente do resfriado comum, 
com febre elevada e contínua (cerca de três dias), 
cefaleia, dores musculares, tosse, coriza e obstrução 
nasal, adinamia, anorexia, odinofagia e convalescença 
lenta. 
Diagnóstico diferencial com arboviroses (dengue, zika 
e Chikungunya): prestar atenção se há odinofagia, 
tosse, coriza e obstrução nasal. 
 
Apresentação INFLUENZA RESFRIADO 
COMUM 
Quadro clínico Sistêmico Local – 
VAS/Garganta 
Início Repentino Gradual 
Febre Usualmente alta Geralmente 
baixa 
Apresentação Calafrios, 
mialgia, mal-
estar, tosse, 
dor de garganta 
Coriza, dor de 
garganta, 
congestão 
nasal 
Grau de 
exaustão 
Acentuado Médio 
 
Evolução 
Evolução de 1-2 
semanas, mal-
estar pode 
evoluir por mais 
tempo 
Recuperação 
rápida 
Complicações Grave ex.: 
Pneumonia, 
exacerbação de 
asma, sinusite, 
otite média 
Médias. Mais 
comum é a 
sinusite 
Ocorrência Sazonal Durante o ano 
 
Onde o vírus replica e invade as células, deixando uma 
inflamação local? Vias aéreas superiores, o que pode 
causar sinusite e otite média. Já nas vias inferiores 
essa ação pode provocar complicações como bronquite 
e exacerbação de asma. No caso de replicação 
sistêmica (mais rara), pode provocar miosite 
(músculo), miocardite (músculo cardíaco) e encefalite 
(encéfalo). 
 
Diagnóstico laboratorial 
Início da doença – pesquisa do vírus 
- Material Swab ou aspirado nasofaríngeo ou 
aspirado nasal 
- Exame R-T PCR RNA do vírus por meio da 
amplificação do ácido nucleico pela relação em 
cadeia. 
 
Após 12 dias do início da doença – detecção de 
anticorpos 
- Material: sangue 
- Exames sorológicos 
 
Tratamento específico 
Bloqueadores do canal de M2 do envelope viral 
(amantadina e rimantadina) 
- Atuam apenas na influenza A 
- Induz a rápida resisência viral, inclusive com 
resistência cruzada. 
Inibidores de neuroaminidase (oseltamivir e zanimivir) 
- Atuam contra a influenza A e B 
- Fenômenos de resistência viral foram pouco 
observados até o momento. 
- O zanimivir pode desencadear broncoespasmo em 
pessoas asmáticas. 
- Oseltamivir: sensibilidade 99,2%. É o medicamento 
de escolha. Caso seja usado nas primeiras 36 horas de 
doença, reduz a duração em 25% e a gravidade em 40%. 
A dose recomendada é de 75 mg de 12 em 12 horas. 
Obs.: O medicamento inibe a neuroaminidase porque 
ela é mais estável 
Casos de influenza não complicada – apenas 
sintomáticos 
 
Profilaxia 
- Oseltamivir: eficácia de 60 a 90%, 75 mg por dia 
durante 1 a 2 semanas. Casos específicos de grupos de 
risco. 
- Isolamento: pelo menos 14 dias. 
- Vacina: tetravalente e inclui os vírus influenza A 
(H1N1 e H3N2) e influenza B (Victória e Yamagata). 
Eficácia de 70 a 80%, menor em idosos. Mesmo com 
baixa eficácia para proteger da doença, reduz a 
frequência e a gravidade das complicações.

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