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HIPERTENSÃO - PATOLOGIAS VASCULARES ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS VASOS • Os constituintes básicos das paredes dos vasos são as células endoteliais e as células musculares lisas, misturadas com matriz extracelular variada, incluindo elastina, colágeno e glicosaminoglicanos. A quantidade relativa e a configuração dos constituintes básicos diferem ao longo da vasculatura, em virtude das adaptações locais às necessidades mecânicas ou metabólicas. Nas artérias e veias, esses constituintes estão organizados em três camadas concêntricas, íntima, média e adventícia, que são mais distintas anatomicamente nas artérias. • A camada íntima consiste em uma única camada de células endoteliais repousando em uma membrana basal sustentada por uma fina camada de matriz extracelular; a íntima é demarcada da média pela lâmina elástica interna. • A média dos vasos no lado arterial da circulação tem a estrutura variável de acordo com as demandas funcionais. • As artérias têm várias camadas concêntricas bem organizadas de células musculares lisas, enquanto as células musculares lisas das veias são distribuídas de forma aleatória. • Todos os vasos, exceto os capilares, compartilham uma arquitetura de três camadas que consistem em uma íntima revestida de endotélio, uma camada muscular média em torno, e uma adventícia de suporte, misturadas com matriz extracelular. As células musculares lisas e o conteúdo da matriz arterial, venosa e capilar variam de acordo com a demanda hemodinâmica (pressão, pulsatilidade) e necessidades funcionais. A composição específica da parede dos vasos em qualquer lugar dentro da árvore vascular influencia a natureza e as consequências das lesões patológicas. ENDOTÉLIO • Constitui a superfície interna de todos os vasos. É revestido por um epitélio simples pavimentoso. FUNÇÕES DAS CÉLULAS ENDOTELIAIS • São chamados de VASOS DE TROCA; • A enzima conversora de angiotensina (ECA) está presente na membrana das células endoteliais de todos os vasos sanguíneos. Ela converte a angiotensina I à angiotensina II, um potente vasoconstritor, componente do sistema renina-angiotensina (SRA), uma via que atua na manutenção da pressão arterial – Captopril, Enalapril; • A ECA é expressa na membrana plasmática de células do pulmão, em células endoteliais do sistema cardiovascular e do sistema reprodutor, além das células dos ductos coletores renais. Produzem fatores vasoativos – endotelinas (agentes que promovem vasoconstrição) ou fatores de relaxamento (NO). Fatores de crescimento: VEGF (fator de crescimento do endotélio vascular); • Ação antitrombogênica; CAPILARES • Ao longo dos capilares há pericitos, que se assemelham às células musculares lisas, ficando tipicamente na profundidade do endotélio. Se ocorrer dano no tecido, os pericitos se diferenciam para formar novos vasos sanguíneos – REPARAÇÃO DOS TECIDOS; os pericitos apresentam actina, miosina e tropomiosina – FUNÇÃO CONTRÁTIL COMPARAÇÃO ENTRE UMA VEIA E UMA ARTÉRIA CAPILAR DOENÇA VASCULAR HIPERTENSIVA (HIPERTENSÃO) • A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um dos grandes problemas de saúde no mundo desenvolvido. É frequente e pode permanecer silenciosa durante anos. Além de aumentar o risco de acidente vascular cerebral e doença coronariana aterosclerótica, a hipertensão arterial pode levar a hipertrofia cardíaca, insuficiência cardíaca, dissecação aórtica e insuficiência renal. • Ela está relacionada com a força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular por todo o corpo. • O estreitamento das artérias aumenta a necessidade de o coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta. Como consequência, a hipertensão dilata o coração e danifica as artérias. ➔ 25% da população é acometida; responsável por metade das mortes relacionadas a derrames cerebrais e problemas cardíacos; CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EPIDEMIOLOGIA DA HIPERTENSÃO ➔ Maior prevalência em mulheres; REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL • A pressão arterial é uma função do débito cardíaco e da resistência vascular periférica, ambas influenciadas por múltiplos fatores genéticos e ambientais. A integração de vários estímulos garante a perfusão sistêmica adequada, apesar da diferença na demanda regional. • O débito cardíaco é uma função do volume sistólico e da frequência cardíaca. O determinante mais importante do volume sistólico é a pressão de enchimento, que é regulada pela homeostase do sódio e seu efeito no volume sanguíneo. A frequência cardíaca e a contratilidade miocárdica (um segundo fator que afeta o volume sistólico) são controladas pelos sistemas α- e β-adrenérgicos, que também tem efeitos importantes no tônus vascular. • A resistência periférica é regulada predominantemente no nível de arteríolas por estímulos neurais e hormonais. O tônus vascular reflete o equilíbrio entre vasoconstritores (incluindo angiotensina II, catecolaminas e endotelina) e vasodilatadores (incluindo cininas, prostaglandinas e óxido nítrico). Os vasos de resistência também exibem autorregulação, por meio da qual o aumento do fluxo sanguíneo induz vasoconstrição para proteger o tecido da hiperperfusão. Por último, a pressão arterial é ajustada pelo pH tecidual e pela hipóxia para acomodar as demandas metabólicas locais. Os fatores liberados pelos rins, suprarrenais e miocárdio interagem para modificar o tônus vascular e para regular o volume sanguíneo através do ajuste do equilíbrio de sódio. • Os rins e o coração contêm células que sentem alterações no volume ou pressão arterial. Como resposta, essas células liberam efetores circulatórios que agem em conjunto para manter a pressão arterial normal. Os rins influenciam a resistência periférica e a excreção/retenção de sódio primariamente através do sistema renina angiotensina e aldosterona. • A renina é uma enzima proteolítica produzida pelas células justaglomerulares renais, células mioepiteliais que envolvem as arteríolas aferentes glomerulares. A renina é liberada como resposta à baixa pressão arterial em arteríolas aferentes, a níveis elevados de catecolaminas da circulação ou a baixos níveis de sódio nos túbulos contorcidos renais. Estes últimos ocorrem quando a taxa de filtração glomerular cai (baixo débito cardíaco), levando ao aumento da reabsorção de sódio pelos túbulos proximais. • A renina cliva o angiotensinogênio plasmático em angiotensina I, que por sua vez é convertida em angiotensina II pela enzima conversora de angiotensina (ECA), produzida pelo endotélio vascular. A angiotensina II aumenta a pressão arterial por (1) induzir a contração vascular, (2) estimular a secreção de aldosterona pela glândula suprarrenal, e (3) aumentar a reabsorção tubular de sódio. A aldosterona da suprarrenal eleva a pressão arterial aumentando a reabsorção de sódio (e também de água) nos túbulos contorcidos distais, resultando no aumento do volume sanguíneo. • O rim também produz várias substâncias relaxantes vasculares (incluindo as prostaglandinas e o NO), que presumivelmente contrabalançam os efeitos vasopressores da angiotensina. Peptídeos natriuréticos miocárdicos são liberados do miocárdio atrial e ventricular em resposta à expansão do volume; isto inibe a reabsorção de sódio nos túbulos renais distais, resultando na excreção do sódio e diurese. Eles também produzem vasodilatação sistêmica. CAUSAS DA HIPERTENSÃO • É uma doença multifatorial. A causa na maioria dos indivíduos é desconhecida (90% a 95% idiopática, sendo denominada de hipertensão essencial). 5% dos pacientes: Hipertensão secundária, resultante de uma doença renal ou suprarrenal adjacente:aldosteronismo primário; síndrome de Cushing; feocromocitoma; estenose da artéria renal; PATOGENIA DA HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA - Há 3 vias que explicam 1. HIPERTENSÃO RENOVASCULAR Na hipertensão renovascular, a estenose da artéria renal causa diminuição do fluxo glomerular e da pressão na arteríola aferente. Isso induz a secreção de renina, que, aumenta o tônus vascular e o volume sanguíneo através da via angiotensina-aldosterona. (Essa poderia ser uma das possíveis vias da hipertensão secundaria). 2. DEFEITOS GENÉTICOS AFETANDO ENZIMAS ENVOLVIDAS NO METABOLISMO DA ALDOSTERONA (ALDOSTERONA SINTASE, 11Β-HIDROXILASE, 17Α - HIDROXILASE). Eles levam a um aumento na secreção de aldosterona, aumento da reabsorção de sal e água, expansão do volume plasmático e, finalmente, hipertensão. O hiperaldosteronismo primário é uma das causas mais comuns de hipertensão secundária 3. MUTAÇÕES AFETANDO PROTEÍNAS QUE INFLUENCIAM A REABSORÇÃO DE SÓDIO Por exemplo, a forma moderadamente grave de hipertensão sensível ao sal, chamada síndrome de Liddle, é causada por mutações tipo “ganho de função” numa proteína do canal epitelial de Na + que aumenta a reabsorção tubular distal de sódio induzida pela aldosterona. MECANISMOS DA HIPERTENSÃO ESSENCIAL • Redução da excreção renal de sódio, aumento da RVP, fatores genéticos e fatores ambientais. • Os fatores genéticos influenciam a regulação da pressão arterial, alterando a reabsorção final de sódio no rim. Suspeita-se também (sem comprovação) que as variações na pressão arterial possam resultar de efeitos cumulativos dos polimorfismos em vários genes que afetam a pressão arterial; por exemplo, variantes sequenciais nos genes receptores de angiotensinogênio e angiotensina foram associadas com a hipertensão em alguns estudos. • A redução da excreção de sódio na presença de pressão arterial normal pode ser um evento-chave iniciante na hipertensão essencial e, na verdade, uma via final comum para a patogenia da hipertensão. A diminuição da excreção de sódio pode levar sequencialmente a um aumento no volume de líquido, aumento do débito cardíaco e à vasoconstrição periférica, elevando assim a pressão arterial. Na pressão arterial mais alta, é excretado sódio adicional suficiente pelos rins para igualar o consumo e impedir maior retenção hídrica. Desse modo, um novo estado de equilíbrio de sódio seria atingido (“reajuste da natriurese de pressão”), porém à custa de um aumento da pressão arterial. • Influências vasoconstritoras, como fatores que induzem vasoconstrição ou estímulos que causam alterações estruturais na parede do vaso, podem levar a um aumento da resistência periférica e também podem desempenhar um papel na hipertensão primária. • Fatores ambientais, como estresse, obesidade, tabagismo, inatividade física e alto consumo de sal, estão implicados na hipertensão. PATOLOGIA VASCULAR NA HIPERTENSÃO A hipertensão não apenas acelera a aterogênese, mas também causa alterações degenerativas nas paredes das grandes e médias artérias, o que pode levar à dissecção da aorta e à hemorragia cerebrovascular. A hipertensão também está associada com duas formas de doenças em pequenos vasos: arteriosclerose hialina e arteriosclerose hiperplásica. ARTERIOESCLEROSE Arteriosclerose significa o “endurecimento das artérias”; é um termo genérico para o espessamento da parede arterial e perda de sua elasticidade. Espessamento da parede de pequenas artérias ou arteríolas, devido à proliferação fibromuscular ou endotelial, geralmente associadas à hipertensão arterial. Há três padrões gerais, com diferentes consequências clínicas e patológicas: - Arteriosclerose de Monckeberg; - Arteriosclerose Hialina; - Arteriosclerose Hiperplásica; • A diferença dentre os dois tipos é por avaliação histológica. Pode causar lesão isquêmica distal. As duas variantes anatômicas, hialina e hiperplásica. ARTERIOSCLEROSE HIALINA As arteríolas mostram espessamento hialino homogêneo e róseo com estreitamento da luz associado. Essas alterações refletem a deposição de material homogêneo subendotelial em arteríolas (células endoteliais lesadas). Ocorre pela filtração dessas proteínas do plasma através do endotélio. Não é exclusiva de nenhuma doença, sendo observada em arteríolas de indivíduos normais com o avanço da idade, especialmente nas arteríolas do baço, vasos do rim, mesentério, pâncreas, vesícula biliar e adrenais. Contudo ocorre de forma mais precoce e intensa na hipertensão arterial e no diabetes melito. (prova) – caracterização da arteriosclerose hialina ARTERIOSCLEROSE HIPERPLÁSICA Esta lesão ocorre na hipertensão grave; os vasos exibem o espessamento laminar e concêntrico (“lesões em casca de cebola”) das paredes e estreitamento da luz. As laminações consistem em células musculares lisas com membranas basais espessadas e reduplicadas; na hipertensão maligna, elas são acompanhadas por depósitos fibrinoides e necrose da parede dos vasos (arteriolite necrosante);
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