Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Laura Costa FPS MED20 2021.2 Objetivos: − Conhecer os principais conceitos, classificações e a semiotécnica relacionado ao sistema nervoso. − Identificar os principais sinais e sintomas relacionados a motricidade. − Sistematizar a avaliação do trofismo e tônus muscular. − Demonstrar as técnicas de avaliação de força. − Demonstrar as técnicas para avaliação dos reflexos superficiais e profundos. − Descrever as principais características avaliadas no exame físico da motricidade. Resumo: EQUILÍBRIO E COORDENAÇÃO O cerebelo integra uma grande quantidade de informações sensoriais oriundas da medula espinhal e de várias regiões do encéfalo. Embora não possua conexões diretas com os neurônios motores, é capaz de exercer influência sobre os movimentos por meio de conexões com o córtex motor e com o tronco encefálico. O cerebelo participa refinando os movimentos. O vérmis inferior e os lobos floculonodulares controlam o equilíbrio e os movimentos oculares através de interações com a circuitaria do sistema vestibular. * Estudos têm demonstrado a participação do cerebelo em muitos outros domínios, incluindo cognição e afeto, ratificado pela síndrome astenocerebelar, vista em lesões dessa estrutura. O equilíbrio depende primordialmente da integridade da propriocepção (noção de posição segmentar), da visão e da função vestibular. Duas dessas funções estando preservadas o equilíbrio se mantém. Pacientes com doenças cerebelares frequentemente queixam-se de dificuldade de equilíbrio, de manter-se em pé ou caminhar, alterações da fala, perda da destreza manual e tremor. Sinais e sintomas: Ataxia (do grego “a”: sem, e “taxis”: ordem) designa a desorganização dos movimentos. Em neurologia, este termo costuma ser aplicado quando estão presentes incoordenação (incluindo a dificuldade de marcha), tremor e comprometimento das tarefas rápidas e alternadas (diadococinesia). Decomposição do movimento: Na disfunção cerebelar, a integração dos componentes individuais de um movimento é prejudicada, e o ato motor é decomposto, tornando-se lento, com pequenas pausas, errático e desajeitado. (dissinergia) Dismetria Dismetria é a perda da capacidade de controlar a velocidade, força e direção do movimento, de acordo com determinada distância para um alvo visual. Diadococinesia Diadococinesia se refere à capacidade de realizar movimentos rápidos e alternados e se encontra prejudicada no cerebelopata *Os pacientes têm dificuldade de realizar tarefas, como bater a palma e o dorso da mão nas coxas de forma alternada ou de bater alternadamente o dedo indicador e o médio contra o polegar: a tarefa é executada com erros de ritmo, alvo e movimentação de articulações secundárias ao movimento programado. o termo eudiadococinesia pode ser utilizado para indicar normalidade. Disdiadococinesia: anormalidade Laura Costa FPS MED20 2021.2 Tremor Frequente nos pacientes com doença cerebelar, que não se manifesta durante o repouso, mas se torna evidente durante movimentos voluntários. Quando um paciente tenta tocar um alvo com um dos membros, movimentos intrusivos, irregulares e de caráter espasmódico surgem Hipotonia A perda da função cerebelar resulta em uma diminuição dos estímulos cerebelares dirigidos ao córtex motor, dedicados à facilitação motora e à manutenção do tônus muscular. A hipotonia leva a posturas anormais e permite uma amplitude anormal de movimento em muitas articulações. Os reflexos tendinosos profundos estão normais ou diminuídos nas doenças cerebelares. A percussão do tendão patelar produz extensão da perna, e a energia cinética desse evento continua a mover a perna para a frente e para trás várias vezes, como o pêndulo de um relógio (reflexo pendular) Disartria A decomposição dos movimentos dos músculos envolvidos na fala produz um tipo particular de disartria. “fala escandida” A fala dos pacientes com afecções cerebelares pode ser lenta, arrastada, pastosa, espasmódica ou até mesmo explosiva (fenômeno em staccato). As palavras são pronunciadas com força e velocidade variáveis. Flutuações involuntárias na amplitude e na tonalidade do som produzido são comuns, assim como pausas que separam palavras e sílabas de forma errática. Distúrbios da movimentação ocular A dismetria também afeta os movimentos oculares e se manifesta durante as sacadas. Ao tentar fixar o olhar em um objeto: os pacientes podem ultrapassar o alvo (sacada hipermétrica) o movimento pode ser insuficiente para levar o ponto de fixação ao local pretendido (sácade hipométrica) seguidos de sácades corretivas, para o paciente conseguir olhar para onde desejava. Os movimentos de perseguição lenta são comprometidos em doenças cerebelar. Nistagmo que é grosseiro, lento e amplo ao olhar em direção ao lado atáxico e fino e rápido ao olhar para o lado oposto foi batizado de nistagmo de Bruns, relacionando-se com tumores do ângulo pontocerebelar. Skew deviation constitui uma anormalidade da movimentação ocular (deve ser pesquisada nos pacientes com suspeita de dano ao cerebelo). “desvio inclinado”. Os olhos assumem uma posição desalinhada, de modo que a linha traçada entre as pupilas está inclinada com relação ao normal. flutter é marcado por surtos intermitentes de intrusões sacádicas rápidas sem intervalos entre elas e restritas ao plano horizontal; opsoclônus as anormalidades ocorrem tanto no plano horizontal, quanto no vertical. Anormalidade da marcha Pacientes com doença cerebelar que afeta o vérmis tendem a desenvolver dificuldade de marcha pela perda da modulação da atividade dos músculos axiais. A hipotonia e dismetria contribuem secundariamente para alterar as fases de balanço e de apoio na marcha. *A marcha em Tandem (um pé na frente do outro seguindo uma linha no solo) torna-se impossível ou quase impossível, pois ocorre estreitamento da base, e o paciente apresenta alargamentos súbitos se desviando da linha em questão Exame da função cerebelar objetiva detectar principalmente dismetria, decomposição do movimento e disdiadococinesia Prova Índex-Nariz* É solicitado ao paciente que estenda o membro superior completamente e depois Laura Costa FPS MED20 2021.2 toque a ponta do nariz com a ponta do dedo indicador. *pode-se começar por um dos membros, lenta e depois rapidamente (alguns pacientes propositadamente lentificam o movimento para melhorar a acurácia), com os olhos abertos e depois fechados. O membro contralateral é testado na sequência Testar para ataxia, dependendo do nível pode ocorrer tremor e o examinador pode empurrar o braço do paciente na direção contraria para deixar mais claros os sinais. Prova índex-índex O paciente abduz os braços e os mantém bem afastados, antes de trazer a ponta dos seus dedos indicadores em direção à linha média e tentar tocá-los. *A manobra é realizada lenta e depois rapidamente, com os olhos abertos e depois fechados. **Na doença cerebelar unilateral, o dedo do lado normal pode ter que cruzar a linha média para alcançar o dedo do lado afetado. Além disso, o dedo do lado doente pode acabar situando-se acima ou abaixo do dedo do lado normal, como resultado da dismetria Prova do calcanhar joelho* Manobra equivalente as do índex para membros inferiores. Solicita-se ao paciente que toque o joelho com o calcanhar, deslize-o por cima da cristatibial até o hálux (dedão do pé) e, então, traga-o de volta em direção ao joelho. Prova Artelho-dedo O paciente deve tocar o dedo do examinador com o hálux. O joelho é mantido dobrado nessa manobra. Movimentos rápidos e alternados Movimentos opostos rapidamente sucessivos são úteis para flagrar a disdiadococinesia *Uma manobra comum é solicitar que o paciente bata a palma e o dorso das mãos sobre as coxas. *A posição de teste frequentemente é sentada, e os dois membros superioressão avaliados simultaneamente, à procura de assimetria. O paciente deve ser incentivado a realizar os movimentos com a maior velocidade possível, com os olhos abertos e depois fechados. **Outra alternativa popular é pedir que o paciente toque a ponta de cada dedo de uma das mãos com o polegar (da mesma mão). A sequência sugerida é do indicador ao dedo mínimo e depois de volta ao indicador. **Bater um dos pés no chão repetidamente permite avaliar os membros inferiores. Pode-se ainda pedir que o paciente bata a ponta do calcanhar na pele logo abaixo do joelho algumas vezes. **Até mesmo os movimentos da língua podem fornecer evidências de ataxia: o examinador solicita que o paciente mova a língua de um lado para o outro, e para dentro e para fora da boca. Provas de Parada e Fenómeno de Rebote Um músculo agonista que está se contraindo contra a resistência tende a mover uma extremidade, se a resistência cessar bruscamente. O teste de rebote de Stewart-Holmes se presta a avaliar esse aspecto da ataxia. Consiste em solicitar ao paciente que mantenha seu braço abduzido, e o antebraço em flexão e supinação, com o punho cerrado. Uma mesa pode ser usada como apoio ou o membro superior pode ser mantido junto ao corpo. O examinador traciona o antebraço do paciente como que tentando trazê-lo para a posição de extensão e subitamente remove toda a resistência aplicada. *Em circunstâncias normais, uma contração vigorosa dos extensores evita que o punho atinja o ombro ou a boca do paciente. Laura Costa FPS MED20 2021.2 *Em pacientes com doença cerebelar, o fenômeno de rebote está diminuído ou ausente e não há freio para o movimento do antebraço no teste de rebote de Holmes. Nos membros inferiores, o fenômeno de rebote pode ser pesquisado na extensão ou flexão do quadril, joelho ou tornozelo contra a resistência do examinador, que é retirada de forma súbita. A resposta é anormal, quando a extremidade continua a mover-se quando a resistência cessa. A assimetria é um achado importante. Prova da Parada dos Braços o examinador mantém seus braços em extensão e solicita ao paciente que tente manter as pontas de seus dedos no mesmo nível daqueles que o está avaliando. Em seguida, o examinador move seus braços para cima e para baixo, interrompendo bruscamente o movimento em várias posições. Quando disfunção cerebelar está presente, as mãos do paciente continuam a mover-se depois que as do examinador pararam. O paciente faz um movimento corretivo em direção contrária, trazendo as pontas dos dedos para o nível das do médico. *Quando a lesão se encontra no hemisfério cerebelar, a mão do mesmo lado ultrapassa o alvo, enquanto a mão do lado sadio consegue manter-se no mesmo nível da do examinador. (assimetria, achado importante) Teste da Ultrapassagem do Alvo Este teste se inicia com o examinador e o paciente um em frente do outro, com os braços estendidos e os dedos indicadores apontados um para o outro sem encostar. Em seguida, o paciente deve elevar os membros estendidos acima da cabeça, com a ponta do indicador apontando para o teto da sala e tentar trazê-los de volta à posição horizontal, ao nível dos dedos do médico. Algumas tentativas são realizadas com os olhos abertos e depois fechados. * Um paciente normal não tem dificuldade de realizar a tarefa, independente do auxílio visual *Na disfunção cerebelar, o indicador do paciente se desvia lateralmente, ultrapassando o alvo. O desvio ocorre em direção ao lado da lesão cerebelar, e sua amplitude aumenta com a repetição rápida do teste. As anormalidades estão mais evidentes com os olhos fechados. Prova dos Braços Estendidos (Mingazzini)* Nesta prova, o paciente é solicitado a fechar os olhos e tentar manter os membros superiores estendidos na horizontal, com os antebraços em supinação. *Tradicionalmente é empregue para flagrar fraqueza muscular discreta, resultante de uma disfunção do neurônio motor superior. O teste é positivo quando ocorre um desvio para baixo da extremidade parética, acompanhado de pronação (sinal de Barré). *Na doença cerebelar restrita a um dos hemisférios, o membro ipsolateral à lesão desvia-se para fora, às vezes para cima, e raramente para baixo. *Nas vestibulopatias, ocorre desvio dos dois membros para o lado do ouvido acometido Manutenção de posição nos membros Inferiores Pede-se ao paciente, na posição deitada, que eleve, gradualmente e de forma alternada, as extremidades inferiores. Pode haver oscilação, abdução, adução, rotação ou espasmos durante o movimento, bem como desvio lateral do membro que se encontra do mesmo lado de uma lesão cerebelar. Laura Costa FPS MED20 2021.2 Na posição sentada, a extensão da perna leva a um desvio para fora e em direção ipsolesional. *Manter os olhos do paciente fechados sensibiliza as manobras. Marcha Quando a lesão responsável se encontra no vérmis cerebelar, os pacientes têm arranques explosivos, cambaleiam, e o desvio lateral não tem direção preferencial. *Essas características remetem à marcha vista na intoxicação alcoólica aguda. *Disfunção de um dos hemisférios produz uma marcha com tendência de desvio e queda para o lado doente. **Outra manobra útil é solicitar que o paciente caminhe em torno de uma cadeira no sentido horário e depois anti-horário. Quando a cadeira está do lado da lesão, o paciente tende a cair em direção a ela, quando a cadeira está do lado contralesional, ele se afasta descrevendo uma espiral – sinal do compasso Outras Manifestações de Doença Cerebelar “Novas” atribuições do cerebelo incluem a integração sensório-motora, aprendizado motor e memória de trabalho. Uma síndrome cognitiva e afetiva, caracterizada por disfunção executiva, prejuízo da orientação e memória visuoespacial, alterações de personalidade e da linguagem, foi atribuída a lesões do cerebelo (síndrome astenocerebelar). Dissinergia Tronco-Membros (Prova de Babinski) Evidencia ataxia axial nos pacientes cerebelopatas Coloca-se o paciente em decúbito dorsal horizontal com os braços cruzados sobre o tórax e solicita-se que o mesmo assuma a posição sentada sem o auxílio das mãos. Pacientes normais conseguem prontamente sentar. Pacientes com lesões cerebelares, principalmente vermianas, apresentam dificuldade e incapacidade de assumir tal posição, evidenciada pela elevação dos membros inferiores, que, em situações normais, deveriam estar em contato constante com a maca. Escrita O paciente atáxico geralmente apresenta hipermetria, traduzida por macrografia (letras grandes e assimétricas). Síndromes cerebelares As manifestações vão depender da localização das lesões Duas síndromes principais existem: a síndrome hemisférica e a síndrome do vérmis. Os sinais e sintomas de cada uma dessas síndromes podem estar presentes de forma isolada ou combinada, em graus variáveis, a depender da morfologia da lesão cerebelar. Síndrome do Vérmis ou da Linha Média As lesões do vérmis e sua síndrome são caracterizadas por ataxia da marcha, sem lateralidade nos desvios e tendência à queda. O termo titubeação é empregue para descrever movimentos anteroposteriores da cabeça e do tronco, tipicamente observados na posição sentada e com frequência de 3 a 4 Hz. É incomum que o nistagmo seja grave na síndrome do vérmis, mas, às vezes, dismetria e anormalidades nos movimentos de perseguição lenta ocorrem. Abasia (dificuldade de marcha) e astasia (dificuldade de manter-se em pé) podem ocorrer a depender da gravidade. Laura Costa FPS MED20 2021.2 Síndrome Hemisférica As manifestações da síndrome hemisférica são apendiculares e unilaterais. A lesão é ipsolateral aos sinais de ataxia, que são mais marcados quanto mais distal a musculatura e quanto mais fino o movimento realizado. Dismetria, decomposição, disdiadococinesia e tremor ocorrem do lado da lesão. A postura e marchasão relativamente poupadas em comparação à síndrome do vérmis, mas não são normais. Pode ocorrer tendência à queda ou desvio da marcha para o lado da lesão. Nistagmo pode ser encontrado, sendo geralmente horizontal, e sua intensidade aumenta, quando o olhar é dirigido para o lado da lesão. *Causas comuns de síndrome hemisférica incluem acidente vascular cerebral, esclerose múltipla e gliomas dos hemisférios cerebelares. Síndrome Pancerebelar Certas doenças afetam difusamente o cerebelo e produzem uma síndrome que combina os achados da síndrome vermiana e da síndrome hemisférica. Os sinais de ataxia apendicular são bilaterais e relativamente simétricos e se associam à disartria, ataxia da marcha e anormalidades da movimentação ocular. A síndrome pancerebelar pode resultar de doenças genéticas, a exemplo das ataxias espinocerebelares, de intoxicações exógenas ou de fenômenos autoimunes paraneoplásicos. Outras Formas de Ataxia Julgar as dificuldades de coordenação e equilíbrio de um paciente como decorrentes de disfunção cerebelar pode ser prematuro em muitos casos. A presença de bradicinesia, fraqueza, espasticidade e de transtornos hipercinéticos pode prejudicar a coordenação de pacientes com um cerebelo intacto. O contexto global do paciente deve ser considerado para definir a verdadeira natureza do problema. Ataxia Sensitiva* A lesão responsável pode estar localizada em qualquer nível: nervos periféricos (fibras grossas), raízes, funículo posterior medular, núcleos do tronco cerebral, substância branca cerebral ou córtex parietal. A diferença mais marcante, para a doença cerebelar, é que, na ataxia sensitiva, os achados do exame se tornam muito mais evidentes, quando o paciente fecha os olhos, o que tem muito menos impacto na ataxia cerebelar. Outro achado importante é o sinal ou teste de Romberg positivo, que fala fortemente a favor de um componente sensitivo da ataxia. O sinal de Romberg ou de Brauch-Romberg caracteriza-se por uma diferença entre equilíbrio em pé com os olhos abertos e fechados. Laura Costa FPS MED20 2021.2 Em casos pouco expressivos, pode-se lançar mão do teste de Romberg sensibilizado, colocando-se um pé à frente do outro com o calcanhar encostado nos dedos, semelhante à marcha em Tandem (Romberg Tandem). Ataxia do lobo Frontal Danos ao lobo frontal ocasionalmente produzem um quadro clínico compatível com a síndrome cerebelar hemisférica. Nesses casos, entretanto, a lesão é contralateral ao lado afetado e se associam hiper-reflexia, espasticidade e reflexos patológicos, em contraste com a hipotonia e hipor-reflexia ipsolaterais vistas nas doenças cerebelares. A ataxia do lobo frontal decorre da interrupção de fibras frontopontocerebelares em seu caminho do córtex frontal aos núcleos pontinos. Sinais de liberação frontal podem ser vistos, como reflexo palmomentoniano, grasping, alterações comportamentais e reflexos axiais de face exaltados. Ataxia Talâmica Lesões vasculares ou expansivas do tálamo podem cursar com ataxia contralateral à lesão. É frequente a associação à paresia, alterações da sensibilidade e síndrome dolorosa (síndrome de Dejerine-Roussy) também contralaterais à lesão. EXAME DA MOTRICIDADE O exame do sistema motor compreende a avaliação do trofismo (volume e contorno dos músculos), do tônus muscular (estado de contração basal), movimentos voluntários e a determinação da força. o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP) participam da execução dos movimentos voluntários. Estes são mediados pela contração de músculos estriados que levam à movimentação de uma determinada articulação. Organização das Vias motoras Via motora direta é a principal responsável pela execução de movimentos voluntários. (constituída pelo trato corticospinhal e motoneurônios alfa, cujos corpos dos neurónios se localizam no corno anterior da medula) Trato piramidal pode ser empregue como sinonimo do trato corticospinhal lateral (TCEL) Conceitos importantes para a semiologia são: o do miótomo, ou seja, o conjunto de músculos inervados por uma raiz ventral e o de uma unidade motora, que é constituída pelo neurônio motor alfa na medula espinhal (ou nos núcleos motores dos nervos cranianos) e as fibras musculares por ele inervadas. Trofismo Muscular * O trofismo muscular é garantido pela inervação normal e pelas características do músculo esquelético. Técnica de exame Inspeção, palpação, percussão e, algumas vezes, medida dos músculos (determinando volume, contornos e excitabilidade). Observa-se, idealmente, com o paciente despido e de maneira sistemática, rostrocaudal, membros homólogos (buscando avaliar assimetrias e desproporções) A percussão muscular direta, em condições fisiológicas, desencadeia contração muscular discreta, focal abaixo do ponto de percussão (resposta idiomuscular). Alterações tróficas A palpação: visa determinar volume e consistência dos músculos; normal: consistência semielástica; em casos de substituição fibroadiposa, o músculo adquire consistência mais firme, enquanto músculos apenas atrofiados têm consistência amolecida A resposta idiomuscular pode, em condições de hiperexcitabilidade, revelar sinais, como fasciculações, miotonia, rippling entre outros. Fasciculações são contrações involuntárias de uma unidade motora, podendo ser percebidas pelo paciente (referido como “tremor” ou pulinhos na carne”), ou visualizadas pelo examinador, constituindo um sinal importante de disfunção neuronal. Laura Costa FPS MED20 2021.2 Tônus muscular * O tônus é definido pelo grau de resistência muscular à movimentação passiva e expressa dois importantes componentes funcionais, um neural e outro muscular Lesões do TCEL, cerebelo, núcleos da base, SNP e dos próprios músculos podem afetar o tônus. Técnica de exame Tem início com a observação da postura do paciente e obrigatoriamente pela movimentação passiva de suas articulações. Com o paciente relaxado, o examinador movimenta cada uma das articulações por toda a amplitude do movimento, primeiro de maneira lenta e, em seguida, de maneira rápida *A avaliação do tônus é mais interessante, quando os movimentos passivos são realizados em velocidade variável, obedecendo a um protocolo conhecido apenas pelo examinador, para que o paciente não preveja quais movimentos serão realizados, facilitando o seu relaxamento. Uma manobra interessante para observar o tônus dos membros superiores consiste em mover rápida e alternativamente cada ombro para trás e para frente algumas vezes e observar as oscilações dos braços, com o paciente em pé. (O amplo balanço dos braços sugere hipotonia) O teste de pêndulo de Wartemberg consiste em empurrar rapidamente para trás as pernas pendentes do paciente. Em condições fisiológicas, esta manobra desencadeia oscilações das pernas que diminuem progressivamente em amplitude e velocidade até a parada gradual do movimento. (espasticidade, aumento do tônus, por disfunção do TCEL, movimentos bruscos e irregulares; na hipotonia há a amplitude da resposta e a sua duração são aumentadas) Alterações Tonígenas A hipotonia sobrevém tanto em lesões da unidade motora, quanto em distúrbios sensitivos, cerebelares ou até em alguns casos de disfunção dos núcleos da base, como na coreia aguda. ocorre aumento da amplitude do movimento e diminuição da resistência à movimentação pode ser generalizada, em um hemicorpo ou segmentar. A hipertonia pode ser do tipo plástico ou elástico. A hipertonia plástica decorre de disfunção dos núcleos da base, sendo o aumento do tônus verificado ao longo de toda extensão do movimento, não variando a depender de sua velocidade ou direção. A hipertonia elástica, também chamada de espasticidade, ocorre em pacientes com lesão do primeiro neurônio motor no TCEL e, quase sempre, é acompanhada de um aumentopatológico da intensidade dos reflexos profundos. Neste caso, a hipertonia é mais evidente no início do movimento, tornando-se ainda mais intensa quando este é executado de maneira rápida *O sinal do canivete se refere à grande dificuldade de mobilizar um membro espástico no início do movimento, seguido por relativa facilidade, conforme o segmento corporal avaliado se aproxima de sua máxima amplitude. Manobras deficitárias (Provas paréticas) As manobras deficitárias são especialmente úteis quando há suspeita clínica de lesão do SNC, especialmente do sistema piramidal (composto predominantemente pelo TCE). Consistem na adoção de uma postura e em sua manutenção por dois minutos. Tais manobras podem evidenciar déficit motor sutil, que, embora não seja capaz de reduzir a força muscular, afeta a velocidade e destreza dos movimentos, em especial dos segmentos distais. *Déficits motores verdadeiros e graves são mostrados pela incapacidade de adotar a postura indicada. MEMBROS SUPERIORES Manobra dos Braços Estendidos (ou Mingazzini dos Membros superiores) *a pronação da mão torna a manobra mais sensível O paciente deve manter os braços estendidos horizontalmente à frente do corpo, mãos e olhos abertos, dedos Laura Costa FPS MED20 2021.2 abduzidos, preferencialmente sentado ou em pé Em caso de paresia mais significativa, o membro afetado desenvolve uma mudança lenta e gradual de posição na seguinte ordem: adução dos dedos, pronação da mão, queda do punho, flexão do cotovelo e queda do braço. *Quando a prova é realizada com os olhos fechados, estamos avaliando não só a motricidade, como também a propriocepção, acrescentando dificuldades na interpretação dos resultados, pois desvios posturais podem ocorrer exclusivamente por disfunção proprioceptiva. A abdução involuntária dos dedos indica disfunção do TCEL Manobra de Raimiste Esta manobra é executada em decúbito dorsal ou sentado (mais sensível executar em decúbito dorsal horizontal), com os braços ao longo do corpo e cotovelo fletido a 90°, posição neutra do punho (semipronada) e dedos maximamente abduzidos, como se as palmas das mãos estivessem em espelho. *Conforme Bordas, Clavey e Garcin observaram, durante esta manobra o polegar primeiro aduz e flete, resultando na “mão escavada parética”. É útil, portanto, durante a execução da manobra de Raimiste, dedicar especial atenção ao polegar. Manobra de Percussão do Polegar com o índice de M. Fisher Ao paciente é solicitado que percuta o mais rapidamente possível a face palmar do polegar, utilizando, para isto, a ponta ou a polpa do índice (dedo indicador). Em caso de déficit motor sutil, o movimento se encontra lentificado. Uma variante desta prova é o gesto de “contar dinheiro” com as duas mãos o mais rapidamente possível *Deve-se ter em mente que os movimentos da mão dominante podem apresentar maior velocidade e destreza. Em caso de parkinsonismo, os movimentos não são apenas lentos, como ocorre também redução progressiva da amplitude, configurando bradicinesia. Na ataxia cerebelar, o movimento apresenta amplitude normal, porém com evidente dismetria, a velocidade pode ou não estar alterada. Em extremos de idade, os movimentos podem ser algo lentos e imprecisos, o que não deve conferir valor patológico, exceto em casos de assimetria evidente. Manobra de Rolamento A execução de movimentos que requerem grande precisão e velocidade sensibiliza a identificação de lesões do TCE. No exame: o paciente é solicitado a cerrar os punhos e manter os antebraços à frente do corpo dispostos horizontalmente, de modo que a parte distal dos braços se sobreponha. O paciente deve, então, realizar movimentos circulares dos antebraços, hora no sentido horário e após no sentido anti-horário, ou vice-versa. lesão unilateral, o lado envolvido não se move com a mesma amplitude e velocidade que o contralateral. Variante desta manobra consiste no rolamento dos dedos índices um sobre o outro. MEMBROS INFERIORES Manobra de Mingazzini* Paciente permanece em decúbito dorsal, flexão do quadril sobre o tronco e flexão do joelho e tornozelo, todos a 90°. plegias, há incapacidade de adotar a posição de prova paresias, ocorrem oscilações e queda gradual do membro afetado, em geral do distal para o proximal. Laura Costa FPS MED20 2021.2 Manobra de Barre* Com o paciente em decúbito ventral, o examinador flexiona os joelhos do mesmo. Em sua descrição original, esta prova foi apresentada em 3 tempos: 1. O examinador posiciona a perna em um ângulo de 90°, e o paciente é solicitado a manter-se imóvel por dois minutos. 2. Caso o primeiro tempo não revele alterações, mas persista a hipótese de déficit motor, o examinador orienta o paciente a flexionar ao máximo os joelhos e tornozelos, buscando tocar os glúteos com os pés. O lado afetado não consegue manter a posição no tempo de dois minutos 3. O examinador estende as pernas do paciente, mantendo-as em um ângulo maior que 90°, havendo queda gradual do membro do lado parético. A manobra de Barré exige mais da musculatura flexora da coxa, isto a torna especialmente sensível, tendo em vista que a disfunção piramidal afeta predominantemente o compartimento posterior da coxa. Prova da Queda do Membro Inferior em Abdução Com o sujeito em decúbito dorsal, o examinador flete suas coxas e pernas, mantendo a região plantar apoiada sobre o leito e segurando o dorso dos pés do paciente. Em caso de déficit, quando o examinador solta as pernas do paciente, ocorre abdução da coxa seguida por extensão da perna. A queda gradual e simétrica dos membros inferiores é esperada em paciente incapaz de cooperar. Em caso de paresia, o membro afetado apresenta queda mais rápida e abdução mais significativa que o contralateral. Esta manobra também é útil para detectar assimetrias em casos de paraparesia de intensidade grave e em pacientes torporosos ou comatosos. Manobras de oposição de força * Pescoço Coluna Abdome Tórax Ombro e Escápula Laura Costa FPS MED20 2021.2 Movimentos do cotovelo Movimentos de Punho Mãos e dedos (2° ao 5°) Movimentos do Polegar Movimentos do Quadril Movimentos do joelho Laura Costa FPS MED20 2021.2 Movimentos do Tornozelo Movimentos do Pé e Artelhos Palpação de Nervos A pesquisa é feita por meio de palpação gentil do nervo em sentido transversal ao seu trajeto. Podemos palpar os nervos em suas porções mais superficiais: ulnar na fossa cubital, mediano medialmente e acima da inserção dos bíceps, fibular posteriormente à cabeça da fíbula e tibial na fossa poplítea. Em condições normais, essas estruturas são roliças, tenras e palpáveis, apenas em pequenas porções de seu trajeto. Quando anormal, o nervo apresenta aspecto cilindroide, consistência e espessura aumentadas, além de se tornarem palpáveis em maior extensão. Padrões de fraqueza O exame detalhado do sistema motor tem como objetivo fundamental a identificação de um padrão de fraqueza. Este é fundamental na elaboração de uma hipótese diagnóstica topográfica e possivelmente etiológica. A fraqueza pode ser generalizada ou aproximadamente focal. O acometimento completo do TCEL acima da decussação das pirâmides leva à hemiparesia ou hemiplegia contralateral. A hemiparesia/plegia é incompleta quando poupa um segmento do hemicorpo. Aquela em que todo o dimídio é afetado, incluindo face, é completa. O acometimento do TCEL também pode provocar monoparesia, como, por exemplo, no Acidente Vascular Cerebral que acomete a artéria cerebral anterior, com monoplegia/paresia do membro inferior contralateral. O comprometimento do TCEL abaixo da decussação das pirâmides se manifesta por fraqueza ipsolateral à lesão. A lesão do segundo neurônio pode gerar padrões de fraqueza muito diversos. A região acometida apresenta hipo ou arreflexiacom atrofia precoce. É importante examinar múltiplos músculos dos segmentos corporais, pois o padrão de fraqueza identificado pode respeitar o território de uma raiz, plexo (completo ou incompleto) ou nervo periférico (mono, multi ou polineuropatia). Movimentos associados e sincinesias Os movimentos associados são movimentos involuntários que ocorrem durante a execução de outro movimento, esforço ou estresse psíquico. Alguns ocorrem fisiologicamente, por exemplo: movimentos da cabeça que Laura Costa FPS MED20 2021.2 ocorrem no mesmo sentido do movimento dos olhos, movimentos da mímica facial ao realizar esforço físico intenso e balançar dos braços durante a marcha. Os movimentos associados fisiológicos (sinergias) são perdidos em síndromes parkinsonianas. Ao nascimento, pela imaturidade das vias motoras, um maior número de movimentos associados está presente, estes desaparecem gradualmente, podendo reaparecer em condições patológicas, particularmente na síndrome piramidal. Os movimentos associados considerados patológicos (sincinesias) podem ser classificados em três grupos: 1. Sincinesia global ou espasmódica: é a contração maciça de músculos do lado parético que leva à exacerbação da postura de decorticação (Wernicke-Mann) ou fragmentos dessa. Aparece quando o lado normal executa movimentos contra a resistência, ou ainda durante atos automático-reflexos, como bocejo, tosse ou choro. 2. Sincinesias de coordenação: são desencadeadas por movimentos específicos que podem ser pesquisados pelo examinador. [O sinal de Wartenberg é desencadeado pela flexão forçada das falanges distais do 2° ao 4° dedo. Na mão parética, ocorre adução e oponência do polegar, enquanto na mão sã, o polegar se mantém em abdução.] [O sinal tronco-coxa de Babinski é a elevação da perna parética, quando o paciente passa da posição supina para sentada. A flexão forçada do joelho e quadril quando acompanhada de dorsiflexão plantar involuntária constitui o sinal de Strumpell.] [O sinal da perna de Raimiste é evocado, quando o paciente aduz ou abduz o quadril do lado são de maneira vigorosa. A perna contralateral realiza involuntariamente o mesmo movimento.] 3. Sincinesia de imitação ou especular: é quando um membro executa involuntariamente o mesmo ato que o contralateral desempenhou voluntariamente. Os movimentos especulares são encontrados em crianças normais, sua manutenção na vida adulta ocorre, geralmente, em doenças das vias motoras. Sua presença, porém, deve ser valorizada apenas quando em conjunto com outros dados. Eles aparecem, por exemplo, durante a execução de movimentos alternados, como abrir/fechar, supinar/pronar (como na pesquisa de disdiadococinesia). SEMIOLOGIA DOS REFLEXOS A avaliação dos reflexos é fundamental no exame neurológico, proporcionando informações objetivas, significativas e rápidas para a composição do raciocínio sindrômico e topográfico das doenças dos sistemas nervoso central (SNC) e periférico (SNP). Grande vantagem é que os reflexos podem ser pesquisados com relativa facilidade em pacientes comatosos, crianças, naqueles menos colaborativos e pacientes psiquiátricos. Deve ter interpretação deve ser realizada dentro do contexto do exame neurológico. Semiotécnica Para a realização do exame é necessário seguir alguns pressupostos: A) Instrumental adequado, ou seja, use um dos vários tipos de martelo de reflexos disponíveis no mercado (Babinski, Taylor, McGill, Buck), com borracha macia, para não causar dor à percussão. B) A região corporal que será examinada deve estar descoberta. C) Observação da melhor posição de pesquisa para cada R. (Uma regra geral deve ser lembrada: a de manter o efetor do R em leve estado de tensão, favorecedor da resposta reflexa. Exemplo, ligeira dorsiflexão passiva do pé facilita a resposta do R do tríceps sural ou aquileu.) D) Relaxamento adequado do paciente, pois a contratura excessiva bloqueia o R. (conversar com o paciente durante o exame, pedir a ele que faça cálculos, desviar sua atenção, enfim, usar de circunstâncias que ajudem a relaxar). E) Conhecer as “manobras de facilitação ou métodos de reforço”. A facilitação consiste em uma contração sustentada de músculos distantes do efetor do R a ser pesquisado. O exemplo clássico é a manobra de Jendrassik (efeito de 1 a 6 segundos) Laura Costa FPS MED20 2021.2 Reflexos de estriamento muscular Reflexo de estiramento muscular (REM), R profundo, R proprioceptivo, R miotático fásico, R tendíneo, R osteotendíneo. Nomenclatura para o REM: o REM deve receber o nome do efetor do arco R, por exemplo, R do quadríceps, R do tríceps sural e R do tríceps braquial. Entretanto, aqueles autores que preferem R osteotendíneo, referindo-se ao local de percussão para desencadeá-lo, usam R patelar, R aquileu, R espôndilo-crural, por exemplo. Características do REM: deve-se analisar as seguintes características para melhor classificá-lo em normal ou anormal e, se anormal, em qual intensidade: Tempo de latência: tempo decorrido entre a percussão e o início da resposta. A mensuração desse tempo é impossível na prática clínica (Interessante anotar que quando o paciente já é conhecedor da possível resposta de um determinado R e, sendo ele “excessivamente colaborativo”, pode responder voluntariamente. Então, não ocorre o característico tempo de latência, e a resposta voluntária pode vir antes mesmo de o martelo tocar o ponto de percussão ou ser simultânea ao toque. Nesse caso, o examinador experiente alerta o paciente para relaxar, entabula uma conversação, faz perguntas para distraí-lo, por exemplo.) Amplitude de resposta: em condições normais, espera-se uma amplitude de resposta “normal” (RN) do efetor do arco R. É uma avaliação subjetiva na prática clínica, estando aumentada nos casos de hiper- reflexia e diminuída nos casos de hiporreflexia. A amplitude pode estar aumentada não só em condições de, como também em alguns casos de ataxia cerebelar. Área provocadora específica ou ampliada: cada R tem uma área de percussão específica. (Por exemplo: o R do quadríceps pode ser obtido por percussão infrapatelar ou suprapatelar. Caso seja obtida a resposta de contração do quadríceps por percussão ao longo da crista tibial, abaixo do tendão patelar, a área provocadora do R está ampliada.) A ampliação da área provocadora de um R ocorre na hiperexcitabilidade reflexa e é interpretada como parte dos sinais da síndrome do neurônio motor superior. Especificidade de resposta ou difusão da mesma: o R normal tem como resposta a contração específica do efetor do arco R em questão. Quando a resposta tem movimentos referentes a outros músculos, diz-se difusão de resposta, fenômeno compatível com aumento da excitabilidade reflexa. (Exemplo: R do bíceps braquial tem como RN a contração do bíceps. Caso haja também significativa pronação do antebraço e flexão dos dedos, pode-se interpretar como difusão de resposta.) Presença de reflexos ditos “patológicos” e clonus: Simetria do R no sentido laterolateral (direita X esquerda) e craniocaudal: nem todos os reflexos simétricos são normais. Exemplos: a) arreflexia global, em um paciente com hipótese clínica de neuropatia desmielinizante autoimune, mostra que simetria pode estar associada a R anormais; b) paciente com hiper-reflexia em membros inferiores, associada a reflexos patológicos, nesse caso a simetria deve ser entendida no contexto da síndrome do neurônio motor superior, na paraplegia/paresia espástica. A assimetria de determinado R com relação ao seu homólogo contralateral, isoladamente, é mais compatível com lesão do SNP. Então, neste caso, a assimetria se reveste de grande valor diagnóstico Laura Costa FPS MED20 2021.2 topográfico, a ser julgado pelos componentes do arco R anormal. Entretanto, doenças osteoarticulares, com bloqueio doloroso articular,por exemplo, devem ser consideradas no diagnóstico diferencial. A resposta pode variar de abolida, diminuída, viva até exaltada e ser avaliada em escalas. A escala mais usada internacionalmente é a escala do National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS) Quando o examinador pesquisa um R, deve vir à sua mente o arco do R em questão, ou seja, sua aferência (Af), o centro do R (CR), eferência (Ef), efetor (E) e a RN, para que ele possa formar um raciocínio de normalidade, anormalidade, intensidade do processo mórbido e localização da lesão ou disfunção REM do Grupo Axial da Face REM dos Membros Superiores Exame do R bíceps braquial: Apoiar o braço do paciente no braço do examinador (Direito do paciente e direito do examinador) -Colocar o dedo sobre o tendão do bíceps (na prega do cotovelo) -Braço em semiflexão e supinação. Normal: contração do bíceps, flexão do antebraço sobre o braço. Exame do R do tríceps braquial (R tricipital): - Cotovelo do paciente em 90º - Apoiar o braço do paciente para retirar tensões. - Percutir no tendão tricipital, acima do olecrano Normal: extensão do antebraço Avaliação do R supinador longo (R estilorradial; R braquiorradial): - Paciente com braço em flexão, 90º e posição neutra do punho. -Sustentar a posição com a mão do examinador embaixo do punho do paciente. -Percutir a apófise estiloide do radio. Normal: flexão do antebraço, leve desvio ulnar do punho. REM do Tronco REM dos Membros Inferiores Avaliação do R do quadríceps femoral: (R patelar, R rotuliano): -Paciente sentado, pernas pendentes. -Percutir sobre o tendão patelar, abaixo da rótula (patela) ou acima -O examinador pode colocar suas mãos sobre o quadríceps para captar contrações em algum reflexo diminuído Normal: Extensão da perna Laura Costa FPS MED20 2021.2 Avaliação do R. do Tríceps sural (Aquileu): -Paciente com os pés sem apoio, de preferencia sentado e com MMII pendulares -Examinador aplica leve dorso flexão -Percutir o tendão de aquiles Normal: Flexão plantar do pé. Reflexos cutâneos ou superficiais R cutâneos, superficiais ou exteroceptivos, que são provocados por estímulo na pele, do tipo picadas ou o roçar de um instrumento de ponta romba, uma ponta de lápis, cabo do martelo de reflexos, estímulo pelo frio ou pressão por exemplo. -R cutâneo-plantar: (n. tibial, L4-S2) *Paciente em decúbito dorsal *Estimulamos com o cabo do martelo, de medial e ou lateral da planta do pé, póstero- anteriormente, até a base do segundo dedo Normal: flexão dos artelhos Sinal de Babinski: inversão (extensão) dos dedos! Sinal clínico da uma expressão da síndrome piramidal -R cutâneo-palmar: (R cutâneo-hipotenar; C6-T1, nn. mediano e ulnar) -R cutâneo-abdominais: (superior – T6 a T9; médio – T9 a T11; inferior; T11 a T12; nn. Intercostais – superior e médio; nn. ilio- hipogástrio e ilioinguinal – inferior) *Paciente em posição supina *Roçar o cabo do martelo para dentro e para fora e em asterisco Normal: contração da parede abdominal e deslocamento do umbigo para o estímulo. -R palmomentoniano ou palmomentual: (R policomentoniano – Marinesco e Radovici) -R cremastérico: (L1, L2, nn. Ilioinguinal e genitofemoral) -R cremastérico: (L1, L2, nn. Ilioinguinal e genitofemoral) -Reflexo bulbocavernoso: (R bulboesponjoso; S2-S4, nn. Ilioinguinal e genitofemoral) -R anal superficial: (S4, S5, n. hemorroidário inferior)
Compartilhar