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capitalista. Com a cooperação de muitos trabalhadores assalariados, o
comando do capital converte-se numa exigência para a execução do
próprio processo de trabalho, numa verdadeira condição da produção.
As ordens do capitalista no campo de produção tornam-se agora tão
indispensáveis quanto as ordens do general no campo de batalha.
Todo trabalho diretamente social ou coletivo executado em maior
escala requer em maior ou menor medida uma direção, que estabelece
a harmonia entre as atividades individuais e executa as funções gerais
que decorrem do movimento do corpo produtivo total, em contraste
com o movimento de seus órgãos autônomos. Um violinista isolado
dirige a si mesmo, uma orquestra exige um maestro. Essa função de
dirigir, superintender e mediar torna-se função do capital, tão logo o
trabalho a ele subordinado torna-se cooperativo. Como função específica
do capital, a função de dirigir assume características específicas.
Em primeiro lugar, o motivo que impulsiona e o objetivo que
determina o processo de produção capitalista é a maior autovalorização
possível do capital,607 isto é, a maior produção possível de mais-valia,
portanto, a maior exploração possível da força de trabalho pelo capi-
talista. Com a massa dos trabalhadores ocupados ao mesmo tempo
cresce também sua resistência e com isso necessariamente a pressão
do capital para superar essa resistência. A direção do capitalista não
é só uma função específica surgida da natureza do processo social de
trabalho e pertencente a ele, ela é ao mesmo tempo uma função de
exploração de um processo social de trabalho e, portanto, condicionada
pelo inevitável antagonismo entre o explorador e a matéria-prima de
sua exploração. Do mesmo modo, com o volume dos meios de produção,
que se colocam em face do assalariado como propriedade alheia, cresce
a necessidade do controle sobre sua adequada utilização.608 Além disso,
MARX
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607 "Lucros (...) são o único objetivo do negócio." (VANDERLINT, J. Op. cit., p. 11.)
608 Um jornal filisteu inglês, o Spectator, de 26 de maio de 1866, noticiou que, depois da
introdução de uma espécie de associação entre capitalista e trabalhadores, na wirework
company of Manchester: “o primeiro resultado foi uma súbita redução do desperdício de
material, pois que os trabalhadores não compreendiam por que deveriam desperdiçar sua
propriedade mais que a dos capitalistas, e desperdício de material é, ao lado de más dívidas
a receber, talvez a maior fonte de prejuízos nas fábricas”. O mesmo jornal descobriu como
erro básico da experiência cooperativista de Rochdale:* “They showed that associations of
workmen could manage shops, mills, and almost all forms of industry with success, and
they immensely improved the condition of the men, but then they did not leave a clear place
for masters”. ("Elas comprovaram que associações de trabalhadores podem gerir com sucesso
lojas, fábricas e quase toda forma de indústria, e elas melhoraram extraordinariamente a
situação dos operários, porém (!), não deixaram nenhum lugar visível para capitalistas."
Quelle horreur!**
* Rochdale cooperative experiments. — Sob a influência das idéias dos socialistas utópicos,
reuniram-se trabalhadores de Rochdale (norte de Manchester) em 1844 na Society of Equi-
table Pioneers (Sociedade dos Pioneiros Justos.) Originalmente, foi uma cooperativa de
consumo; logo ampliou-se e deu vida a organizações cooperativas de produção. Com os
pioneiros de Rochdale começou um novo período do movimento cooperativo na Inglaterra
e em outros países. (N. da Ed. Alemã.)
** Que horror! (N. dos T.)

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