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Olímpio Costa 2020.2 Saúde periodontal, doenças e condições gengivais Periodontite Outras condições que afetam o periodonto Saúde periodontal e gengival Saúde periodontal plena Total ausência de inflamação clínica e vigilância imune fisiológica um periodonto com suporte normal, sem perdas ósseas ou de inserção conjuntiva. Não é observada clinicamente. Saúde periodontal clínica Ausência ou mínima inflamação clínica, o periodonto tem suporte normal, poucos ou nenhum ponto de sangramento. Estabilidade da doença periodontal Periodonto reduzido, inflamação mínima ou nenhuma, ótima resposta terapêutica e controle dos fatores modificadores. É o objetivo primordial da terapia. Controle ou remissão da doença periodontal Periodonto reduzido, diminuição significante da inflamação mínima, melhora dos parâmetros clínicos e estabilização da progressão da doença, mas sem controle dos fatores modificadores. Gengivite induzida por biofilme bacteriano Associada apenas ao biofilme bacteriano Classificada quanto a: Extensão: localizada (<30% dos dentes) ou generalizada (> ou = 30%). Severidade: leve (mudanças discretas de cor), moderada (área com eritema, edema, aumento gengival e sangramento à sondagem) ou severa (eritema e edema severos, sangramento ao toque ou espontâneo). Com fatores modificadores potenciais Condições sistêmicas: hormônios sexuais, hiperglicemia, leucemia, tabagismo, má nutrição etc. Outros fatores: apinhamento dental, sobrecontorno de restaurações, hiposalivação. Aumento gengival influenciado por drogas Drogas antiepiléticas: fenitoína, valproato sódico. Bloqueadores dos canais de cálcio: nifedipina, verapamil, amlodipina, ditilazem etc. Imunossupressores: ciclosporinas Contraceptivos orais em altas doses Classificação: Extensão: localizada (1 dente ou 1 grupo de dentes) ou generalizada (vários dentes ou grupos de dentes). Severidade: leve (aumento só nas papilas interdentais), moderada (aumento nas papilas e margem gengival) ou severa (aumento nas papilas, margens e gengiva inserida) Doenças gengivais não induzidas por biofilme bacteriano Desordens genéticas ou do desenvolvimento Fibromatose gengival hereditária: é rara, se trata de uma mutação genética, caracterizada por crescimento gengival fibroso e em graus variados Infecções específicas Origem bacteriana: DP necrosante (Td, Fn), Sífilis, Tuberculose, Gengivite estreptocócica Origem viral: herpes simples, HPV, Varicella- Zoster, Coxsackee vírus Origem fúngica: candidose e outras micoses Condições inflamatórias e imunes .Reações de hipersensibilidade: alergia por contato, eritema multiforme. Doenças autoimunes de pele e mucosa: Pênfigo vulgar, penfigóide, líquen plano e lúpus eritematoso Condições inflamatórias granulomatosas: Doença de Chron, sarcoidose. Processos reativos Epúlides: fibrosa ou granulomas (fibroblástico calcificante, piogênico, periférico ou central de células gigantes). Neoplasias Pré-malignas: leuco e eritroplasia Malignas: carcinoma de células escamosas, leucemia, linfoma. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas Deficiência vitamínica C: o sangramento não some com o controle do biofilme. Lesões traumáticas Injúrias físicas: queratose friccional, úlceras gengivais induzidas por escovação. Injúrias químicas (tóxicas): adesivos, clorexidina, peróxido de hidrogênio, ácido acetilsalicílico. Injúrias térmicas: queimadura da mucosa Pigmentação gengival Melanoplasia Melanose do fumante Induzida por drogas (antimalária, minociclina) Tatuagem por amálgama Olímpio Costa 2020.2 Saúde periodontal, doenças e condições gengivais Periodontite Outras condições que afetam o periodonto Doenças periodontais necrosantes Gengivite necrosante Características clínicas: necrose e úlcera da papila, sangramento gengival, pseudomembrana, halitose, dor, febre, sialorreia, linfoadenopatia. Periodontite necrosante Características clínicas: necrose e úlcera da papila, sangramento gengival, pseudomembrana, halitose, dor, febre, sialorreia, linfoadenopatia. Destruição óssea e perda de inserção rápidas, sequestro ósseo. Era conhecida como boca de trincheira (estresse da guerra – imunodepressão – juntamente à falta de cuidado). Estomatite necrosante Características clínicas: necrose e úlcera da papila, sangramento gengival, pseudomembrana, halitose, dor, febre, sialorreia, linfoadenopatia. Exposição óssea ao longo da mucosa alveolar em pacientes sistematicamente comprometidos. Periodontite Sinais clínicos Inflamação gengival, sangramento à sondagem ou espontâneo, profundidade de sondagem > 3mm, perda do NIC. Sinais clínicos variáveis Hiperplasia gengival, recessão gengival, lesão de furca, mobilidade dentária, migração patológica. Diagnóstico • NIC interdental > 3mm é detectável em 2 ou mais dentes não adjacentes • NIC > ou = a 3mm com bolsa periodontal > 3mm é detectável em 2 ou mais dentes, mesmo que não estejam na região interproximal NÃO é diagnóstico de periodontite quando: existe recessão gengival de origem traumática, cáries que se estendem à cervical do dente, NIC >3mm na distal do 2ºmolar após exodontia do 3º ou má posição, lesões endodônticas associadas ao periodonto marginal, fraturas radiculares verticais. CLASSIFICAÇÃO: ESTÁGIOS Estágio 1: Perda de inserção no sítio interdental mais grave (1- 2mm). Radiograficamente: perda óssea terço coronário da raiz (<15%), maioria dos defeitos são horizontais, PS < ou = a 4mm. Tratamento por terapia periodontal não- cirúrgica; não tem perda dental. Estágio 2: Perda de inserção no sítio interdental mais grave (3- 4mm). Radiograficamente: perda óssea terço coronário da raiz (15-33%), maioria dos defeitos são horizontais, PS < ou = a 5mm. Tratamento por terapia periodontal não- cirúrgica; não tem perda dental. Estágio 3: Perda de inserção no sítio interdental mais grave ( > ou = a 5mm). Radiograficamente: perda óssea até terço médio ou apical da raiz, perda óssea vertical > ou = a 3mm . Defeito de furca classe 2 ou 3, defeito de rebordo moderado. PS > ou = a 6mm. Perda dental < ou = a 4 dentes. Estágio 4: Perda de inserção no sítio interdental mais grave ( > ou = a 5mm). Radiograficamente: perda óssea até terço médio ou apical da raiz, perda óssea vertical > ou = a 3mm. Defeito de furca classe 2 ou 3, defeito de rebordo severo. PS > ou = a 6mm. Perda dental > ou = a 5 dentes. CLASSIFICAÇÃO: EXTENSÃO Localizada (<30% dos dentes tem perda de inserção) Generalizada (> ou = a 30% dos dentes tem perda de inserção) Perfil incisivo-molar: apenas incisivos e primeiros molares CLASSIFICAÇÃO: PROGRESSÃO Grau A – Progressão lenta • Critério primário: ✓ Evidência direta – sem perda de inserção; ✓ Evidência indireta: % de perda óssea / idade é < 0,25; fenótipo é de muito biofilme e pouca destruição; • Geralmente não tem fatores de risco; • CRP < 1mg/L Grau B – Progressão moderada • Critério primário: ✓ E. direta - Perda de inserção < 2mm em 5 anos; ✓ E. indireta: % de perda óssea / idade entre 0,25 e 1,0; Destruição compatível com biofilme; • Fumante < 10 cigarros/dia; • HbA1c < 7% em diabéticos • CRP 1 a 3mg/L. Grau C – Progressão rápida • Critério primário: ✓ E. direta - Perda de inserção > ou = a 2mm em 5 anos; ✓ E. indireta: % de perda óssea / idade entre > ou = a 1,0; Destruição excessiva; • Fumante = ou > 10 cigarros/dia; • HbA1c = ou > 7% em diabéticos • CRP > 3mg/L. Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas Neoplasias Carcinoma de células escamosas Tumores odontogênicos Neoplasias primárias e metastáticas primárias dos tecidos periodontais Outras doenças não neoplásicas Granulomatosecom poliangeíte Histiocitose de células de Langerhans Granuloma de células gigantes Doença de Gorham Olímpio Costa 2020.2 Saúde periodontal, doenças e condições gengivais Periodontite Outras condições que afetam o periodonto Doenças sistêmicas que afetam o tecido periodontal de suporte Desordens genéticas Associadas a desordens imunológicas Que afetam mucosa oral e tecido gengival Que afetam o tecido conjuntivo Desordens endócrinas e metabólicas (Diabetes mellitus e obesidade) Doenças de imunodeficiência adquirida Doenças inflamatórias Estresse emocional Hipertensão Arterial Abscessos periodontais e lesões endo-perio Abscessos periodontais agudos Representam o acúmulo de pus dentro das paredes gengivais da bolsa periodontal, com colapso periodontal ocorrendo em um período de tempo e sintomatologia facilmente detectável. Características clínicas: dor, edema, exsudato purulento Características clínicas secundárias: bolsa periodontal profunda, SS, mobilidade dentária, perda óssea Características clínicas extra-bucais: edema facial, febre, mal-estar, linfoadenopatia. Classificação: Paciente com periodontite: exacerbação aguda em pacientes com DP não tratada, periodontite não é responsiva à terapia, é necessário o tratamento periodontal de suporte (TPS). ✓ Após o tratamento (terapia não cirúrgica, cirúrgica e antibioticoterapia): surge selamento da bolsa por conta da fragmentação do cálculo. Paciente sem periodontite: surge a partir de impacção alimentar, hábitos deletérios, fatores ortodônticos, aumento gengival, alteração na superfície radicular. ✓ Alterações na superfície radicular: alterações anatômicas severas (dens in dente), pérolas de esmalte, iatrogenias (perfurações), dano severo à raiz (fratura ou fissura), reabsorção radicular externa. Lesões endo- periodontais São lesões que envolvem simultaneamente os tecidos pulpar e periodontal. Características clínicas: bolsas periodontais profundas próximas ou envolvendo o ápice radicular, resposta negativa ao teste de vitalidade pulpar. Características clínicas secundárias: reabsorção óssea na região de ápice ou furca, dor espontânea ou à palpação/percussão, exsudato purulento, mobilidade dentária e alterações na cor e consistência da gengiva. Classificação: Com dano radicular: condições que levam ao dano radicular e por consequência a lesões endo-perio – fratura radicular, perfuração e reabsorção radicular. Sem dano radicular: ✓ Pacientes com periodontite: ▪ Grau 1 – bolsa periodontal estreita e profunda em 1 lado da superfície radicular; ▪ Grau 2 – bolsa periodontal larga e profunda em 1 lado da superfície radicular; ▪ Grau 3 – bolsa periodontal profunda em mais de 1 lado superfície radicular. ✓ Pacientes sem periodontite: ▪ Grau 1 – bolsa periodontal estreita e profunda em 1 lado da superfície radicular; ▪ Grau 2 – bolsa periodontal larga e profunda em 1 lado da superfície radicular; ▪ Grau 3 – bolsa periodontal profunda em mais de 1 lado da superfície radicular. Olímpio Costa 2020.2 Forças oclusais traumáticas Trauma oclusal O trauma oclusal é o resultado da força oclusal excessiva, causa injúria ao ligamento periodontal cemento radicular e osso alveolar. A força oclusal excessiva não inicia doenças periodontais induzidas por placa ou a perda de inserção, também não parece haver evidência que prove que forças oclusais causam abfração ou recessão gengival. Diagnóstico do trauma oclusal (aspectos clínicos) Percebe-se: mobilidade progressiva do dente, frêmito, discrepâncias oclusais, facetas de desgaste (incisal, oclusal ou cervical), migração dentária, fratura dentária, sensibilidade térmica, reabsorção radicular, espessamento do espaço do ligamento periodontal ao exame radiográfico. Classificação do trauma oclusal Primário: : forças oclusais excessivas incidindo sobre um dente cujos tecidos periodontais de inserção são normais, sem perda de inserção, contudo existem danos como espessamento do ligamento periodontal. Secundário: forças oclusais excessivas incidindo sobre um dente que já tem perda de inserção. Pode ocorrer em pacientes com periodontite não tratada ou já tratada. Fatores relacionados a dentes e próteses Condições gengivais em torno dos dentes naturais que podem afetar o periodonto a longo prazo. Fenótipo gengival, recessão gengival ou dos tecidos moles, ausência de gengiva queratinizada, profundidade do vestíbulo diminuída, posição aberrante do freio linguais/labiais, excesso gengival, cor anormal, condição da superfície radicular exposta. Fatores relacionados a dentes, predispondo DP. Fatores anatômicos dos dentes, fraturas radiculares, reabsorção radicular cervical, proximidade radicular, erupção passiva alterada. Fatores relacionados a próteses Margem de restauração dentro dos tecidos de inserção supra-crestais, procedimentos clínicos relacionados a produção de restaurações indiretas, reações de hipersensibilidade/toxicidade dos materiais dentais.
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