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UNIFACS - SALVADOR - CURSO: ENFERMAGEM DISCENTE: CELSIUS PALMEIRA TEMA: EXAME DO ABDOME NORMAL - INSPEÇÃO Inspeção Na inspeção observa-se a superfície da parede abdominal, contorno, presença de assimetrias, características da pele, presença de circulação colateral, forma do abdome e cicatrizes cirúrgicas Formas do abdome: o formato do abdome pode variar segundo idade, sexo, estado nutricional, estado muscular e gravidez, podendo variar segundo o tipo morfológico entre o tipo longilíneo, que é achatado no sentido anteroposterior e de pequeno diâmetro transversal e o do tipo brevilíneo, curto, com diâmetros anteroposteriores e transversos exagerados. Esta variação entre estes extremos não tem significado patológico. O formato adquire valor patológico quando houver alterações que se afastam destes limites, sendo que as alterações podem ser simétricas ou assimétricas. a - Alterações Simétricas Abdome retraído- muito achatado no diâmetro anteroposterior, com visibilidade dos bordos costocondrais, cristas ilíacas e sínfise púbica. Ocorre em indivíduos com caquexia, especialmente naqueles com desidratação importante. Abdome globoso- apresentando distensão uniforme e regular; encontrado em indivíduos obesos, portadores de ascites, em pacientes com grande meteorismo intestinal (obstrução intestinal) e em portadores de grandes tumores abdominais. Abdome de batráquio- caracterizada por dilatação exagerada de flanco, com aumento de diâmetro lateral, ocorrendo em indivíduos com ascite e obesos com diminuição da tonicidade da musculatura de parede abdominal. Abdome em avental- caracterizado pela queda do hipogástrio sobre a sínfise púbica, ocorre em grandes obesos, associada à fraqueza da parede muscular. b - Alterações Assimétricas Peristalse A peristalse visível pode ocorrer em pacientes emagrecidos e com musculatura abdominal pobre, sendo possível a identificação de peristalse de alças do intestino delgado. A observação de peristaltismo visível tem grande importância diagnóstica, indicando a existência de obstáculo ao trânsito intestinal; a peristalse sempre se processa no sentido do isoperistaltismo, servindo para identificar o segmento intestinal sede das contrações, indicando assim, a localização do obstáculo, ponto onde morrem as ondas peristálticas. O peristaltismo visível em estômago indica a existência de obstáculo em piloro ou em 1ª porção do duodeno; o sinal acústico é a patinhação e o sintoma associado é o vômito de estase. A causa mais comum de obstrução de antro gástrico são o câncer gástrico e úlceras pépticas estenosantes. A presença de contração em estômago e peristalse visível em duodeno permitem a identificação de obstáculo em ângulo duodeno-jejunal. A presença de ondas peristálticas visíveis em intestino delgado, denominada de agitação peristáltica de Kussmaul, são caracterizadas por movimentos rotatórios, acompanhados de fortes ruídos intestinais, denominados de borborigmos. Pode ocorrer um segundo tipo de ondas de peristalse, denominada de peristalse em degrau, as alças se contraem como em degraus de uma escada. O peristaltismo de intestino delgado é caracterizado por: sede em região central de abdome; grande intensidade e vivacidade das ondas; fenômenos acústicos intensos, com aspecto metálico, audível sem utilização do estetoscópio; associação de fortes dores que acompanham os movimentos peristálticos. As causas mais comuns são tumores, compressões extrínsecas, aderência, hérnias encarceradas, doença de Chron. O peristaltismo do intestino grosso, quando visível, é constituído por ondas lentas, sendo mais evidente o peristaltismo do cólon transverso, os sintomas associados são parada de eliminação de fezes e gases, ocorrendo na presença de megacólon e câncer de cólon. Retrações As retrações generalizadas ocorrem em indivíduos caquéticos, como nos casos de pacientes com estenose de esôfago ou piloro ou em desidratados graves. Importante apontar a retração generalizada que pode ocorrer na cólica saturnina, no tétano, meningite e nas crises tabéticas. Edema de Parede O edema quando restrito à região abdominal indica a existência de processo inflamatório intracavitário. Sistema Venoso A presença de vascularização visível em parede abdominal indica obstáculo na circulação venosa profunda. As veias que conduzem um caudal aumentado são caracterizadas pela sua tortuosidade e dilatação; deve-se definir o sentido da corrente sanguínea para identificar qual dos sistemas venosos está obstruído. Para isto utiliza- se a manobra de esvaziamento de um segmento venoso dilatado A seguir são discutidos os tipos de circulação colateral: - Circulação colateral tipo portal: ocorre quando há obstáculo ao fluxo venoso proveniente do tubo digestivo e baço em direção ao fígado. É o tipo de circulação colateral mais frequente, caracterizada por manter o sentido normal da circulação, sempre centrífuga em relação ao umbigo. Geralmente melhor percebidas acima da cicatriz umbilical, quando exuberantes em torno do umbigo confere o aspecto denominado cabeça de medusa. - Circulação colateral tipo cava inferior: observa-se ectasia venosa em andar inferior de abdome e regiões laterais, sentido da corrente é ascendente. Ocorre quando há trombose de cava inferior. - Circulação colateral tipo cava superior- observam-se ectasias de vasos em andar superior de abdome, sendo o sentido da corrente, descendente. - Circulação colateral do tipo misto - associa-se a circulação colateral tipo portal e de cava inferior, com sentido da corrente, ascendente. Outras alterações de parede abdominal Ainda na inspeção do abdome observar: presença de cicatrizes cirúrgicas, estrias, herniações. Em pacientes com hemorragias peritoniais, pode surgir, na região periumbilical, uma coloração azulada que é denominada de sinal de Cullen (exemplo: prenhez tubária rota). Em pacientes com pancreatite hemorrágica pode ocorrer sangramento retroperitoneal, conferindo uma coloração azulada em regiões lombares, sinal de Grey Turner. O umbigo geralmente é plano, quando se apresenta com protusão, pensar na possibilidade de ascite ou hérnia umbilical. Observar a presença de herniações, que podem ser umbilical, inguinal, crural ou em áreas onde houver debilidade de parede, por diástase de musculatura do reto abdominal ou cicatrizes cirúrgicas. Cicatrizes cirúrgicas do Abdome Inspeção na semiologia abdominal Deve ser realizada com o paciente em decúbito dorsal com pernas estendidas. São observadas, forma, volume e alterações cutâneas do abdome. Forma: avaliar se há presença de assimetria, como pode ocorrer na hepatoesplenomegalia, hérnias de parede abdominal, neoplasias e obstruções. Globoso (panículo adiposo ou líquido ascítico), escavado (emagrecimento ou síndrome consuptiva), pendular (gravidez). Abaulamentos: presença de massas abdominais, como neoplasias ou hérnia da parede abdominal. Retrações (depressões): bridas pós-cirúrgicas, caquexia. Circulação colateral: pode ser visível em caso de obstrução do sistema venoso porta (cabeça de medusa) ou veia cava. Ondas peristálticas: em geral não são observadas em indivíduos normais, mas pode estar presente quadros obstrutivos. Lesões cutâneas: sinal de Cullen e sinal de Turner, presentes na pancreatite aguda.
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