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Universidade Nove de Julho Maria Lívia Herança Autossômica Dominante Principais Características: • Transmissão vertical do fenótipo da doença; • Ausência de salto de gerações; • Números aproximadamente iguais de homens e mulheres afetados; • Transmissão pai-filho pode ser observada; • Risco de recorrências - 50% (risco de qualquer filho de genitor afetado herdar o fenótipo); • O fenótipo alterado aparece em todas as gerações, ao que chamamos de transmissão vertical do gene afetado; • Exemplos Clínicos: ‣ Polidactilia: 6 ou + dedos nas mãos/pés (penetrância incompleta e expressividade variável); ‣ Acondroplasia; ‣ Neurofibromatose; ‣ Síndrome de Marfan; ‣ Retinoblastoma; ‣ Doença de Huntington. • Fatores que afetam a expressão de gene causadores de doença autossômica: ‣ A maioria das doença genéticas varia no seu grau de expressão, e as vezes uma pessoa tem o genotipo causador da doença, mas nunca manifesta o fenótipo; ‣ Ocasionalmente, doenças genéticas são observadas na ausência de qualquer histórico familiar prévio; ‣ Mutação nova; ‣ Penetrância reduzida; ‣ Penetrância dependente da idade; ‣ Expressividade variável. Penetrância e Expressividade: • Quantificam a modificação da expressão gênica em função da variação ambiental e genotípica; • Elas medem respectivamente a porcentagem de casos nos quais o gene é expresso e o nível de expressão; • Penetrância: porcentagem de indivíduos de uma população com um determinado genótipo que exibem o fenótipo associado a esse genótipo ‣ Completa: quando o gene produz o fenótipo correspondente sempre que estiver presente em condições de se expressar; ‣ Incompleta: quando apenas uma parcela dos indivíduos com o mesmo genótipo expressa o fenótipo correspondente. • Expressividade: corresponde ao modo de expressão do alelo, que pode ser uniforme ou variável ‣ Uniforme: ocorre quando um alelo expressa sempre um único tipo de fenótipo, de fácil reconhecimento; ‣ Variável: quando a expressão do alelo resulta no aparecimento de vários padrões de fenótipos ou vários graus de expressão. Universidade Nove de Julho Maria Lívia Síndrome de Marfan: • Caracterizada por uma desordem do tecido conjuntivo (excessivamente elástico), nota-se membros anormalmente longos (aracnodactilia); • A maioria destes indivíduos são altos (56% tem estatura maior que 90% das pessoas de sua idade) e 88% tem dedos muito longos e finos; • Seu nome vem de Antoine Marfan, o pediatra francês que primeiro a descreveu, em 1896. • Manifestações Clínicas: ‣ Esquelético: caracterizado por estatura elevada, escoliose, braços e mãos alongados e deformidade torácica - pectus excavatum; ‣ Cardiovascular: caracterizado por alterações da valva mitral e dilatação da artéria aorta; ‣ Ocular: caracterizado por miopia e luxação do cristalino; ‣ Pleiotropia: capacidade de atingir órgãos tão diferentes. • Genética da Síndrome: ‣ Gene FBN1; ‣ Localização: cromossomo 15 (braço longo); ‣ Proteína: fibrilina-1 (importante componente na formação das fibras elásticas): - Sua produção anormal resulta em fibras elásticas anormais produzindo as alterações que caracterizam a síndrome. • Fibrilina: proteína do tecido conjuntivo ‣ Encontrada na aorta, no periósteo e no ligamento suspensório do cristalino; ‣ Papel no tecido conjuntivo: explicam o papel pleiotrófico; ‣ Periósteo: tecido conjuntivo que reveste os ossos e proporciona uma força de oposição no crescimento normal do osso - Periósteo mais elástico: supercrescimento dos ossos, resultando em defeitos do esqueleto. ‣ Lesão aórtica (principal manifestação cardíaca): a aorta é rica em fibras elásticas - circunferência da aorta está entremeada por grande no de fibras musculares e discreta matriz de sustentação - 95% morrem por alterações cardíacas. • Padrão de Herança: ‣ Incidência de 1:10.000 nascidos vivos, sendo igualmente frequente em homens e mulheres; ‣ Em 75% dos casos é por hereteridade autossômica dominante (um dos pais ou ambos é afetado), no entanto 25% dos casos são mutações novas (nenhum dos pais afetados); ‣ Penetrância completa; ‣ Expressividade variável. • Diagnóstico: ‣ Sinais de Marfan: teste do tamanho do polegar com a flexão dos dedos; ‣ Requisitos principais: - Nos casos esporádicos; - Nos casos familiares. ‣ Sequenciamento genético do gene FBN1; ‣ Cabe ao geneticista clínico a investigação da família para aconselhamento genético dos afetados. • Tratamento: não existe cura (paliativo) ‣ Acompanhamento cardiologista; ‣ Fisioterapia; ‣ Acompanhamento psicológico; ‣ Cinta ortopédica - correção da escoliose. Universidade Nove de Julho Maria Lívia Doença de Huntington: • Doença neurológica degenerativa genética, causa degeneração dos núcleos lenticulares, responsável entre outras funções pelo controle de movimentos voluntários; • Caracterizada por alterações psiquiátricas, cognitivas e motoras progressivas; • Deve seu nome ao médico norte-americano George Huntington, de Ohio, descrita em 1872; • Manifestações Clínicas: ‣ Coréia: movimentos involuntários, rápidos, irregulares e sem finalidade, associados à diminuição da força muscular; ‣ Ocorrem especialmente nas extremidades (mãos e antebraços) e na face; ‣ Decadência mental progressiva; ‣ Problemas psiquiátricos: demência e distúrbio afetivo; ‣ Perda da visão periférica; ‣ Perda substancial de neurônios no cérebro; ‣ Em alguns casos - perda de 25% do peso total do cérebro. • Marcador Genético: ‣ Gene HTT ou HD; ‣ Localização: cromossomo 4 (braço curto); ‣ Proteína: huntingtina; ‣ Penetrância completa; ‣ Expressividade variável. • Huntingtina: ‣ Várias repetições do tripleto CAG neste gene -> poliglutamina; ‣ Excesso de repetições -> huntingtina mutante; ‣ Normal: 10 a 26 repetições; ‣ Afetado: acima de 36 cópias; ‣ Quanto maior o nº de repetições, início mais precoce do distúrbio; ‣ Presente em vários tecidos do corpo; ‣ Cérebro (axônios, dendritos e corpo celular): quase exclusiva do citoplasma neuronal; ‣ Possíveis funções na célula: - Migração vesicular (neurotransmissores e enzimas) e de exocitose de substâncias; - Ex: GABA secretado por neurônios (aumento na sequência de glutamina -> apoptose -> morte dos neurônios -> diminuição de GABA -> mais ativ. excitatória no córtex motor -> coréia e contrações musculares). - Mecanismos anti-apoptóticos. Universidade Nove de Julho Maria Lívia • Epidemiologias: ‣ 1:20.000 (Europa); ‣ Mais frequente em brancos; ‣ Sintomas aparecem dos 30 aos 50 anos - antecipação (2 anos - raro) - Penetrância relacionada a idade; ‣ Desenvolvimento lento, provocando uma degeneração progressiva do cérebro; ‣ Na fase final leva à morte (após diagnóstico inicial: 10-15 anos). • Diagnóstico: ‣ Clínico: observação dos sintomas ‣ Teste genetico: mutação no gene HTT (histórico familiar); ‣ Laboratorial: exames de liquor (dosagem do GABA (corpos celulares dos neurônios) bastante reduzida), sangue, urina e Raio-X normal; ‣ Exame de neuroimagem: atrofia do núcleo caudado, sendo observados nos estágios tardios e intermediários da doença; ‣ Na doença avançada pôde-se encontrar atrofia cortical mais difusa. • Prognóstico: ‣ A sobrevida varia muito de indivíduo para indivíduo, mas geralmente é de cerca de 10-20 anos após o aparecimento do 1º sintoma; ‣ A morte não é pela doença, mas sim, como consequência de problemas: - Respiratórios (30%); - Cardíacos (25%) causado pelo movimento ineficiente da musculatura; - Suicídio (7%) que tem um risco aumentado pelo quadro depressivo; - Lesões de quedas frequentes por má nutrição. • Tratamento: se restringe a amenizar os sintomas motores, e os psiquiátricos, com fármacos e outros eventuais tratamentos que o paciente posso buscar para melhorar o quadro específico. Doença Renal Pol i c í s t i ca A u t o s s ô m i c a D o m i n a t e (DRPAD): • Doença renalpolicística; • Diferente doenças renais císticas; • Autossômica: cromossomos não sexuais; • Dominante: a doença é causada por variantes patogênicas em heterozigose. • Doença renal monogênica mais comum; • Prevalência de 1:400 a 1:1000; • Doença mono x poligênica: ‣ Monogênica: variantes patogênicas em um gene é suficiente pra levar à doença; - Ex: fibrose cística, anemia falciforme. ‣ Poligênica: é necessária variantes potenciais patogênicas em mais de um gene para levar à doença. - Ex: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2. • Genética da doença: ‣ Gene: PKD1 e PKD2; ‣ Localização: cromossomo 16 (braço curto, PKD1) e cromossomo 4 (braço longo, PKD2) ‣ Proteína: policistina 1 e 2. Universidade Nove de Julho Maria Lívia • Os cistos se formam nos túbulos renais e saem na urina; • Mecanismo de Formação Focal dos Cistos: o Modelo de “Dois Eventos” ‣ Em heterozigose a doença pode acontecer, mas não é suficiente para a formação de cistos; ‣ É preciso que além da mutação germinativa (gametogênese, meiose) no PKD1 ou PKD2 ocorra uma mutação somática (mitose) no alelo previamente normal; ‣ Inevitavelmente, alguma célula vai apresentar alteração somática (por isso o caráter dominante); • O aporte de cálcio é importante para o controle proliferativo celular, em indivíduos portadores de DRPAD há redução nesse aporte, o que afeta a dinâmica celular. • Por se tratar de uma doença crônica, a função renal “dá conta” até um certo ponto, mas depois vai abruptamente. • Orientações Gerais: ‣ Estimular atividade física, mas evitar esportes de contato; ‣ Manter peso adequado; ‣ Ingestão proteica entre 0,8-1,0/kg/dia; ‣ Evitar drogas nefrotóxicas; ‣ Cessar tabagismo e etilismo; ‣ Aumentar ingestão hídrica e restringir sal na dieta (5,5g/dia); ‣ Evitar ingestão de cafeína e derivados; ‣ Evitar exposição desnecessária a estrógenos em mulheres. • Aumento na ingestão de água: ‣ ADH: ação pró-cistogênica ao se ligar aos receptores V2; ‣ A diminuição de seu nível sérico poderia resultar em efeito protetor; ‣ Estudos randomizados com água estão em andamento; ‣ Alvo: 250-280 mOsm/kg/dia.
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