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Daniel V. Rodrigues-M33 1- Explicar a sexualidade na terceira idade A sexualidade está relacionada com variáveis biopsicossociais, históricas, culturais, educacionais e religiosas. É vivida e expressada por pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, papéis, comportamentos e relacionamentos. Excede o ato sexual. As necessidades sexuais não terminam na velhice, mesmo diante das limitações físicas que progridem com o aumento da idade. Na pesquisa realizada por Galinsky e Waite (2014) com uma amostra de 732 casais idosos participantes da segunda onda (2010-2011) do National Social Life Health and Aging Project, foi detectado que as díades (avaliadas por meio de questionário) que não eram sexualmente ativas apresentavam níveis mais baixos de felicidade conjugal, níveis mais altos níveis de insatisfação conjugal e de interações negativas do que casais que mantiveram seu envolvimento sexual, à medida em que envelheciam. Estudar como a sexualidade se associa às características das relações conjugais das pessoas idosas é importante por, pelo menos, três razões: (a) até recentemente, a maioria dos estudos sobre sexo nessa idade focalizava-se em disfunção sexual, em vez de bem-estar sexual; (b) a história conjugal e a prática de atividade sexual vêm sendo percebidas como fonte protetora contra mortalidade e problemas de saúde; (c) estudar o vínculo que existe entre casamento e sexualidade favorece a compreensão e a promoção da saúde conjugal ao longo da vida. Na velhice, elementos que contribuem para a diminuição do interesse e da frequência de atividade sexual são: • A falta de um (a) parceiro (a); • Estereótipos relacionados com a idade; • Crenças sobre impotência em homens mais velhos e falta de atratividade sexual nas mulheres mais velhas; • Monotonia na rotina sexual; • Efeitos colaterais de remédios e de doenças crônicas; • Problemas de saúde; • Falta de desejo das mulheres e disfunção sexual nos homens; • Demora para buscar ajuda profissional. • O envelhecimento normativo de fato acarreta declínio na intensidade, na frequência e na qualidade da resposta sexual, mas uma boa comunicação e um relacionamento satisfatório com o cônjuge podem servir para definir o significado do sexo para o casal, com reflexos positivos na satisfação conjugal 2- Definir disfunção erétil Ela é definida como a persistente incapacidade de manter uma ereção suficiente para uma relação sexual satisfatória. No recém-publicado Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (APA, 2013), os critérios diagnósticos para transtorno erétil (302.72) são os seguintes: A. Pelo menos um dos três sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos): • Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual Daniel V. Rodrigues-M33 • Dificuldade acentuada em manter uma ereção até o fim da atividade sexual • Diminuição acentuada na rigidez erétil B. Os sintomas do critério A persistem por um período mínimo de 6 meses C. Os sintomas do critério A causam sofrimento clinicamente significativo D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de uma substância/medicamento, ou de uma condição médica geral. Mudanças do comportamento sexual masculino com a idade As alterações relacionadas com o envelhecimento que ocorrem no ciclo sexual masculino são: • Retardo da ereção durante a fase de excitação; • Redução da congestão vascular e da tensão muscular do saco • Escrotal; • Prolongamento da fase de plateau; • Diminuição do volume de secreção pré-ejaculatória; O orgasmo pode ser mais curto, as contrações prostáticas e uretrais mais fracas, e a força do jato ejaculatório diminuída. A fase de resolução é mais curta, com perda mais rápida da ereção e descida mais precoce do testículo. OBS: A testosterona é considerada um dos hormônios anabólicos mais importantes do corpo e está relacionada à força física, resistência e desempenho. Por isso, está diretamente ligada ao desenvolvimento muscular. O musculo participa na produção de testosterona, sendo assim, exercício físico é importante, pois causando hipertrofia, causa aumento de testosterona. Lembrando que a maior quantidade de músculo que o indivíduo possui, é na perna. Dessa forma, na terceira idade, ocorre hipotrofia e redução de testosterona. Fisiopatologia da disfunção erétil Os corpos cavernosos contêm os chamados espaços lacunares onde o sangue se acumula após o relaxamento da sua musculatura lisa. O fluxo sanguíneo para os corpos cavernosos é trazido pelas artérias peniana e cavernosa. A própria tumescência peniana comprime as vias de drenagem venosa, o que impede o escoamento do sangue e ajuda na manutenção da ereção (Dean e Lue, 2005). A inervação parassimpática, que vem dos plexos sacrais, é responsável pelo processo de ereção, enquanto os nervos da cadeia simpática, ao liberarem norepinefrina, levam à vasoconstrição e à perda da ereção. O relaxamento da musculatura lisa é regulado pelo aumento da concentração intracelular de GMP cíclico (GMPc). A produção desse mensageiro químico, por sua vez, é estimulada pelo óxido nítrico (NO), que é liberado principalmente pelas terminações nervosas parassimpáticas. O GMPc é metabolizado e inativado pela fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), que o transforma em GMP. Com isso as células musculares lisas dos corpos cavernosos se contraem e o fluxo de sangue é reduzido, o que leva à perda da ereção. Recentemente o papel do cálcio, cujo aumento de concentração intracelular dispara a reação da miosina com a actina, causando a contração do músculo liso, tem sido muito estudado, assim como os papéis dos canais da membrana celular que regulam os fluxos de entrada e saída desse íon e de vias enzimáticas (RhoA, Rho quinase) que potencializam seus efeitos sobre a contração celular. O potássio, por sua vez, é um importante regulador dos níveis de cálcio intracelular. A Daniel V. Rodrigues-M33 compreensão desses processos já nos possibilita antever novas alternativas terapêuticas para a DE. Todo esse mecanismo depende do funcionamento adequado da inervação peniana, das artérias e veias, e de uma anatomia peniana intacta. Danos a qualquer uma dessas estruturas podem causar DE. Os nervos podem ser afetados por trauma (p. ex., na prática de ciclismo), ou irradiação (tratamento de tumores na região pélvica), ou patologia sistêmica (diabetes melito). Uma obstrução do fluxo arterial por doença aterosclerótica pode impedir a ereção. Anormalidades anatômicas e estruturais do pênis e dos corpos cavernosos, por patologias como a doença de Peyronie, ou como consequência de traumas físicos, também podem interferir nesse mecanismo. Modificações estruturais das moléculas de colágeno relacionadas com o processo de envelhecimento podem aumentar a vulnerabilidade da anatomia peniana a essas doenças. Referência Tratado de Geriatria e Gerontologia. Freitas, E.V.; Py, L.; Neri, A. L.; Cançado, F. A. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 4ª. Edição. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2016.
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